Dia Mundial do Meio Ambiente
De olho no Cerrado
Mudanças climáticas, expansão urbana e desmatamento são graves ameaças contra a biodiversidade e riqueza da
região que abriga mais de 10 mil espécies catalogadas
Num momento em que a comunidade científica mundial dispara sinais de alerta sobre os riscos do aquecimento
global, e suas devastadoras conseqüências no meio ambiente, um assunto ganha destaque entre pesquisadores e
ambientalistas do Distrito Federal: a preservação da rica biodiversidade do cerrado.
Além da ameaça direta à manutenção das espécies, deflagrada pelas mudanças no clima, Paulo de
a expansão das áreas urbanas se torna uma preocupação cada vez maior. Especialmente Araújo/CB no contexto do DF, onde atualmente se discute o processo de regularização de
29/3/06
condomínios e parcelamentos em áreas de proteção ambiental, e a proposição de uma
O ecossistema da
nova configuração urbana.
nossa região é o
O grande desafio nesse cenário é a manutenção das unidades de conservação criadas para bioma mais rico
preservar as áreas de cerrado e sua fauna e flora. De acordo com o Ministério do Meio
do planeta...
Ambiente (MMA), existem no DF seis áreas consideradas prioritárias para a conservação
da biodiversidade brasileira, devido à grande quantidade de espécies diferentes e de
recursos naturais. As unidades que constam no último levantamento feito pelo ministério, Ronaldo de
divulgado em março deste ano, são a Estação Ecológica do Jardim Botânico de Brasília, o Oliveira/CB Parque Nacional e a Floresta Nacional de Brasília, a Reserva Ecológica do Guará, além
de duas áreas florestais que integram o Entorno: o Descoberto e a zona entre Planaltina e 28/5/04
Padre Bernardo (GO), que inclui a estação ecológica de Águas Emendadas.
Para o programa de biodiversidade brasileiro, essas áreas são importantes não só pela
ocorrência de espécies próprias do cerrado, mas também por se comportarem como
corredores ecológicos. Além disso, ajudam na manutenção da qualidade da água que
abastece as cidades, e propiciam atividades de visitação, lazer, turismo sustentável e
educação ambiental.
Hoje, cerca de 93% das terras do DF estão em áreas de conservação ou preservação.
...com plantas
próprias, berço de
águas...
Zuleika de
Souza/CB 21/8/04
...e exuberância
O cerrado é a savana com maior biodiversidade no planeta. O ecossistema abriga mais de de flora
10 mil espécies catalogadas de plantas, sendo que pelo menos 4 mil delas só existem aqui.
A fauna é composta por mais de 1,5 mil espécies diferentes, e cerca de um terço são
endêmicas. O governo admite a importância da preservação. “As unidades de conservação são relevantes não só
para a biodiversidade, mas também para a qualidade de vida no Distrito Federal, já que a água, a manutenção
do clima e outras questões estão diretamente relacionadas a elas”, explica o presidente do Instituto Brasília
Ambiental, Gustavo Souto Maior.
Paraísos ameaçados
As seis áreas do Distrito Federal definidas como prioritárias para a conservação, uso sustentável e
repartição dos benefícios da biodiversidade são locais onde o ecossistema cerrado se encontra em
maior grau de preservação. Todas possuem rica diversidade de espécies animais e vegetais, além de
oferecerem proteção para os mananciais de água que abastecem o DF e ajudam a manter o clima
ameno, função exercida, também, pelo Lago Paranoá. No entanto, essas áreas são ameaçadas por
diversos fatores, como a ocupação urbana, as queimadas, a captação irregular de água, a produção
de lixo, a poluição e a pesca e caças predatórias. Veja as ameaças que as afetam.
Parque Nacional
A maior unidade de conservação de Brasília é o Parque Nacional. Tem 30 mil hectares de área e
aguarda a unificação a mais 13 mil hectares, determinados pela justiça. Abriga todas as
configurações vegetais do ecossistema cerrado, desde a mata mais densa à savana e às matas
ciliares. Lá são encontradas centenas de plantas, como os ipês, jatobas, sucupiras e outras espécies
nativas, muitas delas medicinais. Um dos símbolos da fauna local é o lobo-guará. Contudo, o
parque sofre constantes pressões do entorno, especialmente o que diz respeito à ocupação humana.
Outro perigo é a proximidade do aterro sanitário da Estrutural. A área de conservação enfrenta,
ainda, problemas como a invasão de animais domésticos e de dezenas de espécies de plantas
invasoras, que ameaçam a flora típica do cerrado.
Floresta Nacional (Flona)
Com mais de 9 mil hectares, a Flona se inicia próxima às cidades de Taguatinga e Ceilândia e se
estende até a barragem do Descoberto. A unidade foi criada há oito anos, para coibir a invasão e
ocupação irregular de terras públicas. Além de centenas de espécies vegetais, abriga um centro de
estudos da fauna silvestre, que já catalogou dezenas de espécies de animais. Na floresta será
implantado um plano de manejo para a preservação do cerrado. O Ibama estuda projetos de
visitação e educação ambiental.
Reserva do Guará e Estação Ecológica do Jardim Botânico
A Reserva Ecológica do Guará é uma das menores e mais frágeis unidades de conservação do DF.
Tem apenas 200 hectares de área, espremida entre a cidade e o Setor de Indústria e Abastecimento
(SIA). Lá, já foram catalogadas mais de 100 espécies de orquídeas diferentes. Parte da área é
inundada, o que permite a existência de fauna e vegetação aquática. A Estação Ecológica do Jardim
Botânico tem 450 hectares destinados exclusivamente à preservação e outros 50 hectares para
visitação. Apos o incêndio que destruiu quase 60% da mata há dois anos, o cerrado já dá sinais de
recuperação. Diversas espécies de aves e mamíferos vivem na área, a exemplo do veado-campeiro e
do lobo-guará.
Descoberto e Planaltina/Padre Bernardo
Situada entre o DF e o estado vizinho, Goiás, a Área de Preservação Ambiental (APA) do
Descoberto é uma região com quase 30 mil hectares administrada pela união. Na região, ainda não
se definiu nenhuma unidade de conservação, como parques ou florestas nacionais. Mas ela é de
extrema importância devido ao alto índice de plantas diferentes e das abundante reservas de água
potável. Entre Planaltina e Padre Bernardo, se estende uma intensa mata de Cerrado. Próxima à
região, se encontra a Estação Ecológica de Águas Emendadas.
Home page Correio Braziliense, 05.06.2007.
ERRATA: o boletim publicado ontem, 04.06.2007, foi enviado à Secom antes da última revisão. Além da versão
encaminhada não constar o nome do autor, no texto retirado da internet havia alguns erros de português e
digitação. Então, enviamos as correções: Onde havia vhateia-se, troca-se por chateia-se; Difísil por dificílima;
col-onizar por colo-nizar.
A poesia é de Carlos Drummond de Andrade
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Boletim de 6 junho 07