581 Estudo Comparativo de Extratos Voláteis de Eucaliptos Geneticamente Modificados e não Geneticamente Modificados V Mostra de Pesquisa da PósGraduação Aline Machado Lucas1, Leandro Astarita2, Eduardo Cassel1 (orientadores) Faculdade de Engenharia – Prog. Pós-graduação em Engenharia e Tecnologia de Materiais, PUCRS Faculdade de Biociênciais –Programa de Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular, PUCRS 1 2 Resumo O gênero Eucalyptus possui mais de 800 espécies diferentes (Coppen, 2002), fazendo desse gênero um dos mais valiosos e amplamente utilizados no mundo. O melhoramento genético dessas plantas vem sendo estudado, principalmente pela indústria papeleira, com o intuito de se obter árvores com crescimento mais rápido, maior quantidade de celulose, menor teor de lignina e resistência a doenças e intempéries. O presente trabalho tem por objetivo estudar o processo de extração de óleo essencial por arraste a vapor e observar a variação de rendimento e de composição química dos óleos essenciais de eucaliptos geneticamente modificados e não geneticamente modificados da espécie Eucalyptus urograndis utilizados na produção de papel. Introdução O óleo essencial de eucalipto é muito utilizado na perfumaria, desde cosméticos até aromatizantes em produtos de limpeza (Castro et al, 2008), e na indústria farmacêutica, muito empregados em medicamentos para problemas respiratórios (Lorenzi et al., 2008). Cada espécie possui um componente majoritário na composição química de seu óleo essencial, o que determina o uso final deste óleo. Na indústria papeleira o eucalipto é utilizado para a extração de celulose. Nos últimos anos, este ramo industrial tem investido em modificações genéticas para o melhoramento da qualidade das plantas. Os principais objetivos dessas modificações para a produção de papel são obter árvores que cresçam mais rapidamente, contenham mais celulose e menos lignina, sejam resistentes a herbicidas, ao ataque de insetos e fungos, a seca e as baixas temperaturas (Lerayer, 2010). V Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2010 582 Neste trabalho será realizado um estudo dos constituintes dos óleos essenciais extraídos de espécies de eucaliptos voltadas para o uso na indústria de papel, mais especificamente o E. urograndis. Pretendeu-se comparar a composição química de óleos de eucaliptos geneticamente modificados e não geneticamente modificados visando gerar subsídios para a análise da biossegurança destes transgênicos. Metodologia O material vegetal utilizado neste estudo foram folhas de eucaliptos da espécie E. urograndis, um híbrido do E. urophylla com o E. grandis, As plantas foram geradas pela transformação genética contendo construções transgênicas incluindo os genes de resistência à neomicina (neomicina-fosfotransferase, nptII), e genes capazes de modificar a velocidade de crescimento das plantas. Ao total foram 08 diferentes modificações, chamados eventos. De cada evento foram gerados 03 indivíduos clones de onde foram retiradas as amostras. A extração do óleo essencial foi feita por arraste a vapor (Cassel and Vargas, 2006). A análise da composição química dos óleos foi realizada através de cromatografia gasosa (CG) e cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massa (CG/EM) e para a análise estatística foi utilizada a técnica de Análise dos Componentes Principais. Resultados Considerando a confidencialidade das construções gênicas desenvolvidas e utilizadas nas plantas de Eucalyptus pela empresa Suzano Papel e Celulose SA, bem como o cronograma de acesso as informações confidenciais do projeto, ainda não se tem a informação genética de cada planta. Contudo, sabe-se que três amostras analisadas correspondem ao controle, ou seja, plantas da espécie E. urograndis que não sofreram nenhuma modificação genética. As análises preliminares da composição química do óleo essencial dos eucaliptos já extraídos são mostradas na Figura 1. Composto IA teórico para-cymene 1020 limonene 1024 1,8-cineole 1026 gamma-terpinene 1054 terpinen-4-ol 1174 alpha-terpenyl acetate 1346 E-caryophyllene 1417 spathulenol 1577 971.863 22,23% 29,47% 13,34% 2,18% 1,15% 6,20% 2,19% 5,52% 263.885 379.669 731.689 250.397 333.984 906.097 909.638 827.515 816.620 79.437 186.676 391.205 161.377 22,08% 24,08% 24,50% 19,74% 24,357% 21,80% 21,91% 21,71% 19,12% 22,51% 15,43% 16,56% 19,153% 34,08% 26,32% 30,17% 28,96% 29,888% 29,38% 28,57% 36,73% 30,80% 20,12% 21,92% 32,580% 47,64% 11,25% 7,87% 9,97% 10,41% 12,760% 6,67% 8,31% 12,96% 11,39% 8,55% 10,26% 13,815% 4,45% 2,90% 2,42% 3,14% 2,228% 3,28% 2,32% 2,34% 2,76% 2,93% 1,66% 2,40% 2,396% 1,16% 1,23% 1,11% 1,27% 1,036% 1,36% 1,16% 1,09% 1,01% 1,33% 1,07% 1,51% 1,241% 6,83% 7,87% 6,76% 7,54% 6,610% 7,39% 6,79% 6,01% 5,54% 6,59% 7,77% 9,79% 7,549% 1,89% 2,64% 1,59% 2,45% 1,884% 1,80% 2,22% 2,37% 1,65% 2,26% 4,06% 3,10% 2,284% 5,20% 6,99% 5,67% 7,12% 5,043% 7,19% 6,02% 5,34% 4,78% 5,74% 10,86% 7,88% 4,785% Figura 1 – Resultado das análises preliminares da composição química dos óleos essenciais V Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2010 583 A análise estatística corrobora com os resultados obtidos nas análises cromatográficas. Os componentes majoritários e minoritários apresentam variância similar em todos os eventos analisados. Conclusão Os resultados mostraram que a variação da composição química entre as plantas não é significativa. Tomando isso como base, pode-se afirmar que as plantas geneticamente modificadas avaliadas neste estudo não apresentam diferenças significativas da composição química do óleo essencial em relação à planta controle. Considerando a ausência de diferenças, pode-se afirmar que as modificações genéticas introduzidas pela empresa não alterou de forma significativa a composição das plantas, minimizando o risco a biossegurança humana, animal e ambiental do óleo produzido por estes eventos transgênicos. Referências CASSEL, E.; VARGAS, R.M.F. Experiments and modeling of the Cymbopogon winterianus essential oil extraction by steam distillation. J. Mex. Soc., v. 55, p. 57-60. 2006. CASTRO, N.E.A.; CARVALHO, M.G. ; PIMENTEL, F.A. ; CORREA, R.M. ; GUIMARÃES, L.G.L. Avaliação de rendimento e dos constituintes químicos do óleo essencial de folhas de Eucalyptus citriodora Hook. colhidas em diferentes épocas do ano em municípios de Minas Gerais. Rev. Bras. Pl. Méd., v. 10, n. 1, p. 70-75. 2008. COPPEN, J.J.W. Eucalyptus – The genus Eucalyptus. 1º edição, Londres: Taylor & Francis, 2002. 450p. LERAYER, A. Guia do eucalipto 2009. Disponível em: www.cib.org.br. Acesso em: janeiro de 2010. LORENZI, H.; MATOS, F.J.A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2º edição. São Paulo: Instituto Plantarum, 2008. 544p. V Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2010