UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA Bipolaris sorokiniana (Cochliobolus sativus) EM SEMENTES DE CEVADA: DETECÇÃO, TRANSMISSÃO E CONTROLE JAVIER TOLEDO BARBA ORIENTADOR: Prof. PhD. ERLEI MELO REIS CO-ORIENTADOR: Prof. PhD. CARLOS A. FORCELINI Dissertação apresentada à Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da UPF, para obtenção do título de Mestre em Agronomia – área de Concentração Fitopatologia. Passo Fundo, outubro de 2001 III BIOGRAFIA DO AUTOR JAVIER TOLEDO BARBA, nascido em 12 de abril de 1968, natural de Santa Cruz de la Sierra, Bolívia. Engenheiro agrônomo, graduado em 1992 junto à Faculdade de Agronomia da Universidade Autônoma “Gabriel René Moreno” (UAGRM), da cidade de Santa Cruz de la Sierra, Bolívia. Durante três anos (1990 – 1993), trabalhou como auxiliar de cátedra da disciplina de Fitopatologia Geral e Fitopatologia Agrícola na UAGRM. Em 1993, ingressou no Centro de Investigación Agrícola Tropical – CIAT (Santa Cruz de la Sierra, Bolívia), onde atuou, inicialmente, como pesquisador em Entomologia e, posteriormente, como pesquisador em Fitopatologia na cultura do trigo e da soja, até fevereiro de 1999. Em março de 1999, e com a licença do CIAT, iniciou o curso de pós-graduação em Agronomia na área de concentração em Fitopatologia, em nível de mestrado, na Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, da Universidade de Passo Fundo. IV À memória eterna da minha adorada mãe: Hilda, .........e de meus avós: Nené e Esteban DEDICO A meu pai: Ovidio ..........e irmãos: Ovidio, Jorge, Diana e Angela OFEREÇO V AGRADECIMENTOS À Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Passo Fundo, pela oportunidade de ter realizado o curso e pelo aprimoramento profissional alcançado. Ao CIAT de Santa Cruz de la Sierra, Bolívia, pela licença e apoio logístico outorgado durante o tempo que durou o curso. Ao governo inglês, através do Projeto FOR-CIAT, pela concessão da bolsa de estudos sem a qual a realização do curso teria sido inviável. Ao professor orientador, Dr. Erlei Melo Reis, pela acolhida, amizade e incentivo para continuar no caminho da pesquisa. Pela sua orientação segura e atenciosa em todos os momentos do curso, demonstrando sempre grande experiência profissional e dedicação. Ao professor co-orientador, Dr. Carlos A. Forcelini, pela amizade e apoio incondicional durante os trabalhos, principalmente nos momentos de maior dificuldade. Pela orientação criteriosa e oportuna. A toda minha família, que, mesmo distante, não poupou esforços em me estimular para a realização do curso. À professora Dra. Jurema Schons, pela eficiente e constante colaboração como coordenadora do curso e, especialmente, pela amizade brindada. À professora e amiga Dra. Norimar Denardin, exemplo de integridade e bondade, pelo carinho, compreensão, incentivo e amizade incondicional brindados em tudo momento. VI À professora Dileta, pela amizade e orientação oportuna na estatística. Aos professores e funcionários da FAMV/UPF, pelo auxílio e dedicação dispensados durante o curso. Aos colegas, pela amizade brindada. À Regina, Graça e Rosana, funcionárias da Biblioteca da Embrapa-Trigo, pela amizade, colaboração e auxílio na disponibilização do material bibliográfico. A todos que, direta ou indiretamente, tornaram possível a execução deste curso. VII SUMÁRIO Página RESUMO..................................................................................... 1 ABSTRACT................................................................................. 3 CAPÍTULO I 1. INTRODUÇÃO..................................................................... 4 2. REVISÃO DE LITERATURA............................................. 6 2.1 Importância econômica de Bipolaris sorokiniana na cultura da cevada............................................................. 6 2.1.1 Podridão comum de raízes (PCR).......................... 6 2.1.2 Mancha marrom ou helmintosporiose e ponta preta........................................................................ 7 2.2 Distribuição geográfica de Bipolaris sorokiniana no mundo.............................................................................. 8 2.3 Etiologia............................................................................ 9 2.3.1 Antecedentes.......................................................... 9 2.3.2 Sinônimos............................................................... 10 2.3.3 Características morfológicas................................... 11 2.3.4 Taxonomia.............................................................. 12 2.4 Sintomatologia causada por Bipolaris sorokiniana na cevada.............................................................................. 13 2.4.1 Podridão comum de raízes..................................... 13 2.4.2 Mancha marrom ou helmintosporiose................... 13 2.5 Epidemiologia: ambiente e doença................................... 14 2.5.1 Esporulação e germinação...................................... 15 2.6 Ciclo da doença................................................................. 15 2.6.1 Fontes de inóculo................................................... 15 VIII 2.6.2 Disseminação......................................................... 17 2.6.3 Transmissão.......................................................... 18 2.6.4 Germinação, penetração e colonização................ 20 2.6.5 Esporulação........................................................... 21 2.6.6 Sobrevivência........................................................ 21 2.8 Detecção de Bipolaris sorokiniana em sementes............ 26 2.8.1 Métodos sem incubação........................................ 27 2.8.1.1 Detecção por observação direta da semente seca............................................. 27 2.8.2 Métodos com incubação......................................... 28 2.8.2.1 Método do papel-filtro............................... 28 2.8.2.2 Detecção através de meios de cultura......... 30 2.8.3 Detecção através da análise de pigmentos.............. 31 2.8.4 Detecção por técnicas imunológicas....................... 31 2.8.5 Detecção através de técnicas moleculares.............. 32 2.9 Controle de Bipolaris sorokiniana: tratamento de sementes....................................................................... 33 2.9.1 Tratamento físico (termoterapia).......................... 33 2.9.2 Tratamento biológico............................................. 34 2.9.3 Tratamento químico............................................... 35 2.9.3.1 Uso de solventes orgânicos como veículo de fungicidas............................................ 36 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................ 38 CAPÍTULO II EFEITO DO SUBSTRATO NA MORFOLOGIA DE CONÍDIOS DE Bipolaris sorokiniana E DA DENSIDADE DE INÓCULO NA INTENSIDADE DA MANCHA MARROM EM CEVADA........................................................ 54 IX CAPÍTULO III COMPARAÇÃO DE MÉTODOS PARA DETECÇÃO DE Bipolaris sorokiniana EM SEMENTES DE CEVADA.......... 71 CAPÍTULO IV EFEITO DA TEMPERATURA NA TRANSMISSÃO DE Bipolaris sorokiniana DA SEMENTE PARA PLÂNTULAS DE CEVADA............................................................................. 90 CAPÍTULO V EFEITO DE SOLVENTES ORGÂNICOS USADOS COMO VEÍCULOS DE FUNGICIDAS NO CONTROLE IN VITRO E IN VIVO DE Bipolaris sorokiniana EM SEMENTES DE CEVADA....................................................... 110 CAPÍTULO VI CONCLUSÕES......................................................................... 130 Bipolaris sorokiniana (Cochliobolus sativus) EM SEMENTES DE CEVADA: DETECÇÃO, TRANSMISSÃO E CONTROLE. Passo Fundo, 2001. Dissertação (Mestrado em Agronomia / Fitopatologia) – Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária. Universidade de Passo Fundo. Autor: JAVIER TOLEDO BARBA Orientador: ERLEI MELO REIS Co-Orientador: CARLOS ALBERTO FORCELINI RESUMO O fungo Bipolaris sorokiniana (Cochliobolus sativus), agente causal da mancha marrom da cevada, tem a capacidade de infectar e ser transmitido eficientemente pela semente, podendo atingir níveis de incidência próximos a 100%, o que torna os fungicidas existentes no mercado incapazes de erradicá-lo nesses níveis. O presente trabalho objetivou estudar a associação patógeno-semente, englobando a detecção, transmissão e controle do fungo na semente. O tamanho, septação e morfologia de conídios do fungo foram afetados significativamente conforme o tipo de substrato. Os esporos formados em meios de cultura e sementes foram mais curtos, largos e com menor número de septos, comparados aos recuperados de tecidos verdes. Por outro lado, obteve-se uma relação de tendência polinomial quadrática entre a densidade de inóculo e a intensidade da mancha marrom. Em experimentos conduzidos em laboratório, compararam-se sete métodos de detecção de B. sorokiniana na semente, testados com e sem congelamento das mesmas. Sem congelamento, os meios seletivos foram mais sensíveis na detecção de B. sorokiniana. Sob congelamento (– 20 oC), o tratamento térmico anulou o efeito dos substratos na detecção do fungo, não afetando significativamente na detecção do fungo. Em geral, o meio de Reis foi mais sensível que o de papel-filtro + congelamento na detecção de B. sorokiniana em sementes de cevada com diferentes níveis de incidência. Em experimentos conduzidos em câmaras climatizadas, determinou-se que a transmissão foi mais eficiente na faixa térmica de 18 a 25 oC. Estatisticamente, os pontos máximos de transmissão oscilaram entre 2 18,1 e 21,3 oC, sendo que as relações estudadas seguiram tendências polinomiais quadráticas. Coleóptilos infectados por B. sorokiniana tornaram-se evidentes na primeira e segunda semanas após semeadura. Por mais de 28 dias, o incremento de coleóptilos infectados e da esporulação seguiu uma tendência ascendente. Finalmente, avaliou-se in vitro e in vivo o efeito de solventes orgânicos utilizados como veículos de fungicidas na erradicação do fungo em sementes de cevada. Os resultados permitiram deduzir que os solventes orgânicos mostraram potencialidade para melhorar a eficiência da maioria dos fungicidas testados in vitro, aspecto que não foi corroborado in vivo. Os fungicidas iminoctadina e difenoconazole foram 100% efetivos em evitar a transmissão do fungo das sementes para os coleóptilos, sendo que a testemunha registrou níveis de transmissão de 89,7% para os coleóptilos. Concluiu-se que a erradicação in vitro de B. sorokiniana da semente de cevada é difícil de ser alcançada, e nem sempre necessária, uma vez que a simples presença do fungo na semente (especialmente quando tratada com fungicida) não garante a sua transmissão para os órgãos aéreos de plântulas de cevada. Recomendou-se priorizar trabalhos que objetivem determinar o limiar numérico de transmissão, considerando semente com e sem fungicida, assim como a inclução de testes in vivo rotineiros em provas de eficiência de fungicidas, com a finalidade de se estabelecer o verdadeiro potencial de controle dos mesmos, sob condições favoráveis, e, dessa maneira economizar esforços na procura de métodos químicos eficientes na erradicação in vitro do fungo. Palavras-chave: Hordeum vulgare, patologia de sementes, fungicida. Bipolaris sorokiniana (Cochliobolus sativus) IN BARLEY SEEDS: DETECTION, TRANSMISSION AND CONTROL. Passo Fundo, 2001. Dissertation (Mestrado em Agronomia / Fitopatologia) – Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária. Universidade de Passo Fundo. Author: JAVIER TOLEDO BARBA Adviser: ERLEI MELO REIS Co-Adviser: CARLOS ALBERTO FORCELINI ABSTRACT The fungus Bipolaris sorokiniana (Cochliobolus sativus), the causal agent of barley brown spot, is efficiently transmitted trhough barley seeds, which makes its control very difficult with the currrent available fungicides. The present work aimed to study the fungus detection, transmission, and control in barley seeds. The size, septation, and morphology of the conidia were influenced by the substrate used for seed testing. The conidia formed on leaf lesions were longer, narrower, less dark, and with more septa than those in culture media. The relationship of inoculun density to brown spot intensity was represented by a quadratic model equation. Among seven methods tested for seed testing in laboratory, the selective media were more sensitive regarding the fungus detection, especially when the seeds were not frozen at – 20 oC. Overall, the seed freezing did not influence the fungus detection significantly. The Reis selective medium was more efficient to detect the fungus in low infected seeds. The observed and estimated seed-to-plant transmission were higher at 18 – 25 oC and 18,7 – 21,8 oC, respectively. The fungus sporulation was also influenced by the temperature, being maximum at 19,7 oC. Although the infection of coleoptiles by B. sorokiniana was early detected at the first and second week after sowing, both the fungus infection and sporulation increased for more than 28 days. Organic solvents added to fungicides used for seed dressing improved the in vitro but not the in vivo control of B. sorokiniana. The fungus transmission from non-treated seeds was 89,7% to coleoptile and 12,3% to plumule. Such transmission was completely avoided by the 4 fungicides iminoctadina and difenoconazole. In conclusion, its very difficult to erradicate the seed-borne inoculum of B. sorokiniana, which is due to several factors including the seed morphology. Instead, it could be possible to establish transmission thresholds based on levels of seed infection, which requires further studies. Key words: Hordeum vulgare, seed pathology, fungicide CAPÍTULO I 1. INTRODUÇÃO A cevada (Hordeum vulgare L.) ocupa o quarto lugar em importância entre os cereais, depois do trigo, do milho e do arroz. Acredita-se que tenha sido uma das primeiras plantas domesticadas pelo homem. A razão pela qual a cevada continua sendo um cereal importante após tantos séculos de cultivo é a sua ampla adaptação ecológica, a sua utilização tanto para a alimentação animal como para a humana e a alta qualidade do malte para a fabricação de cerveja (Lopez Bellido, 1991). Nas últimas décadas, a área cultivada com cevada no mundo tem se incrementado mais rapidamente que a do trigo, alcançando uma superfície aproximada de 91 milhões de hectares; as regiões temperadas são as que apresentam a maior área cultivada com este cereal (Mathre, 1997). No Brasil, a produção de cevada está concentrada nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, para fins exclusivamente cervejeiros. Atualmente, é uma cultura técnica e economicamente consolidada, ocupando o segundo lugar em importância entre as culturas de inverno depois do trigo. Esse 6 progresso foi obtido, sobretudo, graças ao incentivo e ao fomento dado pela indústria cervejeira, que em alguns lugares passou a ser uma opção tão importante quanto o trigo, chegando a superar a área de 130.000 ha nos últimos anos (Minella, 1999; Minella, 2000). As regiões produtoras de cevada caracterizam-se por apresentar condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento de doenças de importância econômica para a cultura, das quais as principais são: a mancha reticular [Pyrenophora teres (Died.) Drech., anamorfo Drechslera teres (Sacc.) Shoem.], a mancha marrom [Cochliobolus sativus (Ito & Kurib.) Drech. ex Dastur, anamorfo Bipolaris sorokiniana (Sacc.) Shoem], o oídio [Blumeria graminis (DC) Speer f.sp. hordei E. Marchal, anamorfo Oidium monilioides (Ness.) Limk.], a giberela [Gibberella zeae (Schw.) Petch, anamorfo Fusarium graminearum Schwabe], o vírus do nanismo amarelo da cevada ou VNAC (Barley Yellow Dwarf Virus – BYDV), a ferrugem da folha (Puccinia hordei Otth) e as podridões radiculares (B. sorokiniana e F. graminearum) (Luz, 1982; Forcelini & Reis, 1997; Anônimo, 1999; Casa et al., 2000); além de um complexo de fungos patogênicos presentes nas sementes, sendo D. teres e B. sorokiniana os patógenos mais freqüentes (Luz, 1982; Anônimo, 1999). A mancha marrom ou helmintosporiose é considerada uma doença potencialmente importante para a cultura da cevada no sul do Brasil, sobretudo em condições de primaveras quentes e úmidas, nas que pode causar prejuízos significativos nos rendimentos e na qualidade da semente e do malte (Vieira, 1985; Forcelini & Reis, 1997). Outro aspecto que torna B. sorokiniana um fungo de importância para a cevada é a capacidade que tem de ser transmitido pela semente. Sementes infectadas por este fungo chegam a atingir 7 níveis de incidência próximos a 100%, de tal modo que os fungicidas existentes no mercado se tornam incapazes de erradicar o patógeno com níveis de incidência tão elevados e de impedir a passagem do fungo para a parte aérea da planta. Esse problema onera o custo de produção da cultura pela necessidade de aplicação antecipada de fungicidas foliares. Considerando que as sementes constituem a principal fonte de inóculo primário em lavouras com rotação de culturas, tornam-se necessários e imprescindíveis estudos detalhados de transmissão e de métodos de controle de B. sorokiniana, visando a sua erradicação da semente de cevada. Para isso, é preciso contar com métodos de detecção mais sensíveis e que permitam quantificar com maior precisão a incidência do fungo veiculado pela semente. Em tal sentido, o presente trabalho teve como objetivos: a) estudar o efeito de diferentes substratos no tamanho e na morfologia de conídios do fungo B. sorokiniana; b) estudar o efeito da densidade de inóculo na intensidade da mancha marrom em plântulas de cevada; c) comparar e avaliar diferentes meios de cultura e métodos usados em laboratório, com a finalidade de selecionar o mais sensível na detecção de B. sorokiniana associado a sementes de cevada; d) avaliar o efeito da temperatura na transmissão de B. sorokiniana das sementes para os órgãos aéreos e radiculares de plântulas de cevada; e) avaliar e quantificar a evolução da transmissão do fungo em função do tempo e o potencial de esporulação nas extremidades apicais dos coleóptilos; f) avaliar in vitro e in vivo o efeito de solventes orgânicos utilizados como veículos de fungicidas na erradicação de B. sorokiniana em sementes de cevada. 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Importância econômica de Bipolaris sorokiniana na cultura da cevada O fungo B. sorokiniana caracteriza-se por infectar os tecidos vegetais em qualquer estádio de desenvolvimento, assim como por causar um complexo quadro sintomatológico na cevada, o qual pode ser agrupado em três fases principais: a) podridão comum de raízes e crestamento de plántulas, b) mancha marrom ou “helmintosporiose” e c) ponta preta do grão (Luz, 1982; Kiesling, 1985; Mathre, 1997). 2.1.1 Podridão comum de raízes (PCR) Os danos provocados pela PCR devem-se principalmente à redução do poder germinativo da semente, tombamento de plântulas, presença de plantas com moderadas a severas lesões subcoronais e podridões de raízes, que causam redução no número de perfilhos e folhas, na altura da planta e, em alguns casos, provocam o desenvolvimento de espigas mais pequenas e grãos enrugados (Ghobrial, 1975; Duczek & Jones-Flory, 1993; Piening, 1997). Danos no rendimento causados pela PCR, incluindo crestamento de plântulas, têm sido determinados em alguns países da Europa e da América do Norte, onde o fungo atinge significativamente o rendimento da cevada (Piening, 1997). Nos Estados Unidos, em experimentos conduzidos no estado de Montana, demonstrou-se que B. sorokiniana pode reduzir o número de perfilhos e o peso dos grãos. Nos anos 80, estudos 9 realizados nas Grandes Planícies do norte dos Estados Unidos revelaram danos significativos no rendimento, de até 9,5% em solos naturalmente infectados (Piening, 1997). Frank (1985), na Pennsylvania, sob condições de solo artificialmente infestado, observou reduções de até 20% no rendimento de grãos e de 27 a 62% na população de plantas estabelecidas na lavoura. No Canadá, Piening et al. (1976) estimaram danos médios de 10,3% por ano (condições de solos naturalmente infestados), os quais oscilaram entre 5 e 42%. Tinline & Ledingham (1979) relataram reduções no rendimento que oscilaram entre 1,7 e 32,3%, dependendo da cultivar estudada. Durante os anos de 1977 e 1978, os danos produzidos pela PCR foram de 39% e 33%, respectivamente (Pua et al., 1985). Entre 1978 e 1980, as reduções no peso dos grãos oscilaram entre 36 a 46%, não existindo diminuições significativas em 1981 e 1982 (Kidambi et al., 1985). Recentemente, Bailey et al. (1997) relataram danos de até 11% em diferentes cultivares. Na Escócia, infecções severas por B. sorokiniana resultaram em danos médios de 15% devido à redução do rendimento por espigas e da densidade de plántulas no estabelecimento da lavoura (Whittle & Richardson, 1978). Na Finlândia, foram estimados danos que oscilaram entre 7,2 e 38,5% em casa-de-vegetação, sendo que, no campo, variou de 5 a 11% (Kurppa, 1985a) e de 3 a 33% (Kurppa, 1985b). Na Polônia, Lacicowa & Pieta (1994a) relataram reduções de até 50% no rendimento em cultivares de cevada em condições de solos naturalmente infestados com B. sorokiniana, Fusarium avenaceum e F. culmorum. Na Rússia, existem relatos de danos causados pela PCR de até 30% (Randalu apud Richardson, 1979). 10 No Brasil, não existem informações sobre os danos que a PCR causa na cultura da cevada. No trigo, a doença pode ocasionar danos elevados, sendo 19% a média estimada (Diehl, 1980; Diehl, 1982; Diehl et al., 1983). 2.1.2 Mancha marrom ou helmintosporiose e ponta preta do grão A helmintosporiose causa danos significativos em áreas com clima quente e úmido, mas raramente é um problema em cevada cultivada sob condições semi-áridas. A severidade desta doença em cevada pode variar de ano para ano porque o patógeno é sensível a condições ambientais. Steffenson (1997) relata que danos entre 1030% podem ocorrer quando as condições ambientais são favoráveis após o espigamento. Diminuições no rendimento de até 37% têm sido relatadas em cultivares suscetíveis no Canadá, podendo também reduzir o peso dos grãos em até 10% (Clark, 1979). Na Finlândia, sob condições de casa-de-vegetação, danos de até 43% são relatados, sendo inferiores no campo (28%) (Kurppa, 1985c). Na América Latina, danos em nível experimental de até 36% foram relatados no Uruguai (Servicio de Protección Agrícola, 1992). No Brasil, estudos sob condições de inoculação artificial em casa-de-vegetação demonstraram que o rendimento da cevada pode ser severamente diminuído pela helmintosporiose, em níveis que oscilaram entre 11 a 68%, dependendo da cultivar (Luz, 1976). Picinini & Fernandes (1996), em trabalhos de controle químico de doenças da cevada, entre as quais a mancha marrom prevaleceu, estimaram reduções de até 22% no rendimento sob condições de 11 ocorrência tardia da doença. Segundo esses autores, os danos podem ser maiores se a presença de B. sorokiniana ocorrer nos estádios iniciais de desenvolvimento da cultura. A importância de B. sorokiniana não se deve apenas às reduções no rendimento de grãos que provoca, mas também à sua capacidade de reduzir a qualidade das sementes, comprometendo seriamente, em muitos casos, a germinação ou originando plantas doentes, que servem de fontes de inóculo primário dentro da lavoura (Reis, 1987). Reduções na germinação, na emergência e decréscimo da viabilidade em sementes de trigo foram relatados por Rana & Sen Gupta (1982); Kaur & Aulakh (1988); Zhang et al. (1990); Diao-Guo & Su-Mei (1995); Rashid (1998). Quanto que na cevada, a presença de sementes com sintomas de ponta preta (D. teres, B. sorokiniana e Alternaria spp.) pode também ocasionar reduções no índice da germinação e consequentemente, reduções na qualidade do malte (Vieira, 1985). 2.2 Distribuição geográfica de Bipolaris sorokiniana no mundo O fungo B. sorokiniana, agente causal da podridão comum de raízes e da helmintosporiose dos cereais, encontra-se amplamente distribuído no mundo, particularmente nas regiões temperadas e tropicais da América, Europa, Ásia, Austrália e África (Dickson, 1963; Stubbs et al., 1986; Zillinsky, 1984; Sivanesan, 1987; Agrios, 1997). É comum em todas as regiões onde o trigo e a cevada são cultivados (Piening, 1997; Sttefenson, 1997). Por outro lado, Dickson (1963) informa que os danos produzidos em plântulas e as podridões de raízes são comuns em áreas 12 relativamente secas e temperadas, como nas pradarias do Canadá, nas Grandes Planícies dos Estados Unidos, na Federação Russa (Piening, 1997) e no sul da Austrália (Fedel-Moen & Harris, 1987); já, nas regiões temperadas e tropicais úmidas, são mais freqüentes as lesões nos órgãos aéreos (Dickson, 1963). Hetzler (1991) relata que B. sorokiniana é considerado um patógeno de importância para o trigo nas regiões quentes onde este cereal não é uma cultura tradicional, como no Paraguai, em algumas regiões do Brasil, em Bangladesh, Índia, Nepal e noutros países tropicais, como a Bolívia (Toledo & Guzman, 1998); Marrocos, Tanzânia, Zâmbia, África do Sul e Madagascar, na África; Tailândia, Filipinas, Indonésia, Vietnã e China, na Ásia (Maraite, 1998; Van Ginkel & Rajaram, 1998). Outros países da América Latina onde o fungo foi assinalado são México, Argentina (Maraite, 1998) e Chile (Mehta, 1993), nos quais o fungo é considerado de importância relativa. 2.3 Etiologia O agente causal da mancha marrom ou helmintosporiose da cevada é o fungo Bipolaris sorokiniana (Sacc.) Shoem., anamorfo de Cochliobolus sativus (Ito & Kurib.) Drechsler ex Dastur. 2.3.1 Antecedentes Fase anamórfica: Bipolaris sorokiniana O nome Helminthosporium sorokinianum foi mencionado pela primeira vez por Sorokin, em 1890, para designar o fungo que 13 detectara em espigas de trigo e centeio na região sul da Ussuria, Rússia. Em 1892, Saccardo voltou a descrever o fungo com o mesmo binômio. Mais tarde, em 1909, Pammel, King e Bakke descreveram a espécie H. sativum, parasita desses mesmos hospedeiros (Drechsler, 1923; Luttrell, 1955; Dickson, 1963). Em 1918, Lindfors descreveu um fungo encontrado na Suécia como H. acrothecioides, presente sobre sementes de cevada que tinham sido germinadas sobre papel-filtro (Drechsler, 1923). Drechsler (1923) discutiu a possível sinonímia dos binômios de Sorokin e Pammel, King e Bakke, mas sem comparação dos tipos originais, razão pela qual não os colocou na categoria de sinônimos. Em 1924, Mouranshkinski considerou pela primeira vez a H. sativum como um sinônimo do fungo descrito na Ussuria (Luttrell, 1955; Dickson, 1963). Mackie e Paxton, em 1924, diferenciaram H. californicum de H. sativum pela largura e morfologia reta dos conídios, considerando-o uma nova espécie. Em 1950, Sprague considerou H. californicum um sinônimo de H. sativum (Luttrell, 1955). Luttrell (1955) examinou os espécimes tipo de H. sativum, H. acrothecioides e H. californicum e concluiu que todos eram sinônimos de H. sorokinianum. Shoemaker (1959), ao propor a substituição do nome genérico Helminthosporium por Bipolaris, mudou o binômio do agente causal da helmintosporiose, sugerindo a nova denominação de B. sorokiniana (Mehta, 1993; Maraite, 1998). Esta denominação é a mais amplamente adotada na atualidade (Maraite, 1998). 14 Fase teleomórfica: Cochliobolus sativus Drechsler, em 1925, descreveu pela primeira vez um teleomorfo para um Helminthosporium sp. (Bipolaris sp.), que causava mancha foliar em milho, e provisoriamente o denominou como uma nova espécie de Ophiobolus (gênero criado por Riess em 1854, segundo Drechsler, 1934), O. heterostrophus (Sivanesan, 1987). Ito e Kuribayashi, em 1929, descreveram um fungo ascógeno obtido artificialmente como o estado perfeito de H. sativum e o denominaram com o binômio Ophiobolus sativus (Tinline, 1951; Maraite, 1998). Drechsler, em 1929, comparou O. heterostrophus com O. graminis (sinônimo de Gaeumannomyces graminis) e O. herpotrichus, encontrando diferenças entre eles e seus anamorfos (Sivanesan, 1987). Em 1934, Drechsler criou o novo gênero Cochliobolus para incluir as espécies ascógenas com esporos helicoidais e com anamorfos pertencentes ao gênero Helminthosporium, que previamente haviam sido referidos no gênero Ophiobolus (Drechsler, 1934; Tinline, 1951), porém não transferiu O. sativus para o novo gênero (Tinline, 1951). Em 1942, Dastur transferiu a referida espécie para o novo gênero, usando o binômio Cochliobolus sativus (Tinline, 1951; Maraite, 1998). Em 1946, o periódico Review of Applied Mycology publicou oficialmente a nomenclatura do binômio como Cochliobolus sativus (Ito & Kurib.) Drechsler ex Dastur (Tinline, 1951). No Canadá, Tinline (1951) obteve o estado perfeito mediante a conjugação de isolados compatíveis do fungo, estudando o seu ciclo biológico completo no hospedeiro. O autor usou o binômio 15 C. sativus e confirmou a descrição dada por Kuribayashi em 1929 e Ito & Kuribayashi em 1931. 2.3.2 Sinônimos Sivanesan (1987) relaciona os seguintes sinônimos para o agente causal da mancha marrom ou helmintosporiose: a. Fase teleomórfica, sexual ou perfeita: Ophiobolus sativus Ito & Kuribayashi, 1929 Cochliobolus sativus (Ito & Kurib.) Drechsler ex Dastur, 1942 b. Fase anamórfica, assexual ou imperfeita: Helminthosporium sorokinianum Saccardo in Sorokin, 1890 Helminthosporium sativum Pammel, King & Bakke, 1910 Helminthosporium acrothecioides Lindfors, 1918 Helminthosporium californicum Mackie & Paxton, 1923 Bipolaris sorokiniana (Sacc.) Shoemaker, 1959 Drechslera sorokiniana (Sacc.) Subramanian & Jain, 1966 2.3.3 Características morfológicas Fase anamórfica: Bipolais sorokiniana O micélio é septado e geralmente de cor marrom-olivaescura. Apresenta conidióforos septados, solitários ou em pequenos grupos, retos a flexuosos, algumas vezes geniculados, pálidos a medianamente marrom-escuros, com dimensões de 110 – 220 × 6 – 10 m, contendo conídios normalmente em grupos de três (1 – 6), 16 desenvolvidos lateralmente a partir de um poro em cada septo do conidióforo (inserção acropleurógena) (Ellis, 1971; Sivanesan, 1987). Apresenta células conidiógenas, politrética, terminal, simpodial, cilíndrica e cicatrizada (Sivanesan, 1987). Os conídios são produzidos em sucessão acropetal, formados na parte terminal e deslocados lateralmente por elongação do conidióforo (Malone & Muskett, 1964); são de cor marrom-oliva-escura, curvados e geralmente retos quando cultivados artificialmente, fusóides a largamente elipsoidais, com paredes espessas no centro e mais delgadas em direção aos ápices, mais largos no centro, ápices arredondados e com cicatriz proeminente na célula basal, lisos, 3 – 12 (geralmente 6 – 10) distoseptos e dimensões de 40 – 134 m (geralmente 60 – 100) de comprimento e 15 – 30 m (geralmente 18 – 23) de largura na parte mais larga do conídio (Ellis, 1971; Sivanesan, 1987). O tubo germinativo é do tipo semi-axial e origina-se a partir de uma ou de ambas as células polares do conídio (Muchovej et al., 1988; Barnett & Hunter, 1998). Fase teleomórfica: Cochliobolus sativus Apresenta ascoma unilocular, pseudotécios peritecióides, pardo-escuros, globosos a elipsoidais, 340 – 470 m de altura e 370 – 530 m de largura; com bico ostiolar parabolóide a cilíndrico (90 – 150 × 80 – 110 m), presença de setas curtas na superfície superior; pseudoparáfises filiformes, hialinas, septadas e ramificadas. Ascas cilíndricas a cilíndrico-clavadas, curtamente pedunculadas, um a oito ascósporos, vestígios bitunicados, retos a ligeiramente curvados, arredondados no ápice, 110 – 225 × 32 – 45 m. Ascósporos hialinos, filiformes ou flageliformes, pontiagudos ou mais finos nos extremos, 17 6 a 14 septos, estreitos nos septos (constrição), dispostos apertadamente em espiral (helicoidalmente) dentro da asca, 16 – 360 × 6 – 10 m, geralmente rodeados por uma cobertura musilaginosa fina e hialina (Sivanesan, 1987; Hanlin, 1997). A fase teleomórfica, C. sativus, raramente ocorre na natureza, existindo somente dois relatos na literatura sobre a presença de pseudotécios em tecidos vegetais de trigo na Zâmbia (Javaid & Ashraf, 1977; Raemaekers, apud Maraite, 1998), onde a cultura se desenvolve sob condições de estações chuvosas e úmidas. 2.3.4 Taxonomia O fungo B. sorokiniana (fase assexuada, imperfeita ou anamórfica) pertence à divisão Deuteromycota, classe Hyphomycetes, ordem Moniliales, e à família Dematiaceae. A fase sexuada, perfeita ou teleomórfica, C. sativus, pertence à divisão Ascomycota, classe Loculoascomycetes, ordem Pleosporales, e à família Pleosporaceae (Noyd, 2000). Uma outra classificação bastante aceita pelos fitopatologistas é a proposta por Alexopoulos & Mims (1985) e Menezes & Oliveira (1993). Esses autores classificam o gênero Cochliobolus na família Pleosporaceae, ordem Pleosporales, subclasse Loculoascomicetidae, classe Ascomycetes e divisão Amastigomycota. Já o gênero Bipolaris é classificado dentro da família (família-forma) Dematiaceae, ordem (ordem-forma) Moniliales, subclasse (subclasseforma) Hyphomycetidae, classe (classe-forma) Deuteromycetes, subdivisão Deuteromycotina e divisão Amastigomycota. 18 2.4 Sintomatologia causada por Bipolaris sorokiniana na cevada 2.4.1 Podridão comum de raízes Os sintomas manifestam-se como lesões pequenas, ovais e de coloração marrom-escura, que, sob condições favoráveis, se estendem por todo o sistema radicular e base do colmo, atingindo vários centímetros acima da linha da coroa, podendo chegar à bainha da primeira folha causando clorose. As lesões nas raízes podem aumentar de tamanho e coalescer, necrosando parcial ou totalmente o mesocótilo (coloração marrom a quase-preta). Quando o inóculo é proveniente de sementes infectadas, os primeiros sintomas geralmente ocorrem no mesocótilo e em raízes primárias, estendendo-se, após, para as outras partes da raiz. O ataque da doença em estádios iniciais de desenvolvimento das plântulas pode causar a sua morte, reduzindo a densidade de plantas na lavoura (Diehl, 1980; Diehl, 1982; Piening, 1997). Os sintomas secundários na parte aérea das plantas são pouco visíveis, caracterizando-se principalmente pela redução do vigor das plantas e pela conseqüente redução do seu tamanho, pelo menor tamanho das espigas e pela morte de perfilhos. Lavouras severamente infectadas são menos densas que as sadias em virtude da morte de plântulas logo após o plantio e da morte dos perfilhos secundários, resultando um menor número de espigas. As plantas infectadas apresentam um aspeto de deficiência nutricional, menor porte e colmos finos, com facilidade de se acamar (Diehl, 1980; Diehl, 1982). 19 2.4.2 Mancha marrom ou helmintosporiose Os sintomas manifestam-se, primeiramente, nas plântulas originadas de sementes infectadas. O fungo cresce a partir da semente e coloniza o coleóptilo, no qual aparecem lesões castanho-escuras. Se o micélio penetrar e se desenvolver no interior do coleóptilo, as manchas poderão ser observadas sobre a plúmula (Wiese, 1977; Reis, 1988). Em planta adulta, as manchas podem se desenvolver sobre folhas, bainhas, nós (lesões castanhas) e, às vezes, nos entrenós. Os sintomas, nas folhas, apresentam-se tipicamente na forma de pequenas manchas foliares arredondadas a oblongas ou fusiformes, chegando a medir até um pouco mais de 2 × 20 mm, de coloração marrom a marrom-escura e presença de margens cloróticos. As manchas geralmente estão restritas às nervuras das folhas, porém, em alguns casos, podem continuar crescendo e coalescer, formando grandes lesões que cobrem grandes áreas da folha. Alta infecção provoca a senescência prematura das folhas. Manchas velhas apresentam, geralmente, aparência de cor preto-olivácea no centro da lesão, que corresponde à esporulação do fungo. Em plântulas, as lesões são similares às encontradas em planta adulta, mas geralmente são mais arredondadas. Em genótipos de cevada altamente suscetíveis, as plântulas podem desenvolver manchas de até 2 × 10 mm, com grandes halos amarelos (Reis & Forcelini, 1993; Steffenson, 1997). Nas espigas, as espiguetas infectadas apresentam cor palha, tornando-se pretas quando há frutificação do fungo. Escurecimento parcial ou total dos grãos (ponta preta) também pode ser visualizado no caso de infecções mais intensas (Mehta, 1978; 20 Zillinsky, 1984; Reis & Forcelini, 1993), o qual pode rodear o grão e estender-se até a base da lema (Johnston, 1997). 2.5 Epidemiologia: ambiente e doença Dentre os fatores ambientais que podem afetar as relações patógeno-hospedeiro, a umidade e a temperatura são os mais importantes (Reis et al., 1988). A umidade é o fator determinante e essencial à ocorrência das doenças, ao passo que a temperatura age como um catalisador, retardando ou acelerando o processo infeccioso e de reprodução do patógeno (Reis et al., 1988). O fungo B. sorokiniana requer entre 9 a 24 horas de molhamento foliar para produzir infeção dos órgãos foliares (Couture & Sutton, 1978a) e com um ótimo de 20 a 24 horas (Filippova & Kashemirova, 1991). O desenvolvimento da doença é acelerado sob condições de alta umidade relativa e precipitações pluviais freqüentes (Zillinsky, 1984; Dehne & Oerke, 1985). A velocidade do processo de germinação, de penetração e de estabelecimento parasitário é função da temperatura, havendo um requerimento térmico mínimo, um ótimo e um máximo. É assim que B. sorokiniana requer temperaturas superiores a 18 oC (Couture & Sutton, 1978a) para produzir infeção nos órgãos verdes; evolui mais rapidamente com temperaturas acima de 20 C (Zillinsky, 1984; Dehne & Oerke, 1985) e atinge o ótimo com 22 a 30 oC (Filippova & Kashemirova, 1991 e Khanna & Shukla, 1981). Clark & Dickson (1957) observaram crestamento de plântulas e podridão radicular severa em uma faixa térmica de 8 a 28 o C; em planta adulta, o desenvolvimento de lesões foliares é lento 21 quando as temperaturas são inferiores a 20 e 16 oC, acelerando-se com 24 oC e com um ótimo de 28 oC (máximo desenvolvimento de lesões necróticas). De igual forma, Luz & Bergstrom (1986) observaram que os períodos de incubação da helmintosporiose foram mais curtos em temperaturas superiores a 18 oC, sendo que, entre 24 e 28 oC, mostraram-se similares. Por outro lado, Dehne & Oerke (1985) observaram que a alta intensidade de luz favorece a formação de manchas nas folhas, ao passo que, sob condições de incubação com baixa intensidade de luz, os tecidos inoculados com C. sativus não sofrem necrose, mas, sim, clorose e rápida senescência das folhas. 2.5.1 Esporulação e germinação Segundo Andersen (1952) e Clark & Dickson (1958), a temperatura ótima para a germinação de conídios, crescimento micelial e esporulação de H. sativum encontra-se na faixa de 24 a 28 o C. De igual forma, Patil et al. (1987) informam que o máximo ponto de esporulação ocorre com 25 oC, sendo nula a 7 ou 45 oC. Já, para Kararah et al. (1981), a temperatura ótima para o crescimento micelial e germinação dos conídios seria de 25 oC, sendo que a esporulação ocorre com temperaturas menores, em torno de 20 oC. Por outro lado, Khan et al. (1992), utilizando como substrato o meio ágar-água, observaram que a germinação dos esporos é mais rápida quando incubados sob temperaturas de 15 e 20 oC (> 12 h) do que a 25 oC (> 16 h). Estudos feitos por Couture & Sutton (1978b), sobre a relação de fatores ambientais e a incidência de esporos de B. sorokiniana no hospedeiro, demonstraram que a produção de esporos 22 está relacionada com a presença de água líquida na superfície das folhas, alta umidade relativa do ambiente e temperaturas superiores a 15 oC. 2.6 Ciclo da doença 2.6.1 Fontes de inóculo As principais fontes de inóculo de B. sorokiniana são sementes infectadas (Shaner, 1981), restos culturais infectados (Shaner, 1981), plantas voluntárias (Reis, 1982b), hospedeiros secundários (Reis, 1982b; Reis et al., 1985a) e conídios dormentes livres no solo (Chinn & Tinline, 1964), a partir das quais o fungo é disseminado aos órgãos verdes da planta. a. Sementes A semente infectada por B. sorokiniana é uma das mais importantes fontes de inóculo deste patógeno, constituindo fonte de inóculo primário para podridões radiculares seminais, mesocótilos, raízes secundárias ou coronais, coleóptilos (Reis, 1981; Reis, 1982a) e para lesões nas primeiras folhas (Reis, 1988). Levantamentos de sanidade de sementes de trigo e cevada comercializadas no Brasil têm demonstrado a presença constante de B. sorokiniana em percentual variável de infecção de acordo com os anos, cultivares e locais e, em alguns casos, apresentando níveis de infecção entre 90 e 100% (Goulart & Paiva, 1992; Goulart, 1996a; Lima et al., 1999). 23 b. Resíduos culturais Uma vez introduzido numa nova área através da semente, o fungo parasitará a cultura para, posteriormente, após a colheita, permanecer nutrindo-se dos restos culturais de cereais de inverno suscetíveis (Reis & Baier, 1983; Reis & Santos, 1987), onde produzirá abundante inóculo. Assim, constituirá a fonte de inóculo mais abundante do patógeno na cultura recém-estabelecida, nas áreas onde é praticada a monocultura e, sobretudo, sob plantio direto. Os restos culturais de plantas voluntárias constituem também fonte importante de inóculo (Reis, 1988). Nos anos de 1983 e 1984, detectou-se a presença de propágulos de B. sorokiniana em restos culturais de soja, que foram relacionados com a presença de resíduos culturais infectados de trigo a partir dos quais o fungo foi levado aos tecidos da soja, principalmente pelo vento e/ou respingos de chuva, onde conseguiu se multiplicar (Reis, 1984a; Reis et al., 1985a; Reis et al., 1985b). Outros relatos sobre a presença de esporos de B. sorokiniana em restos culturais de soja são feitos por Fernandez & Fernandes (1990) e Fernandez et al. (1993), que também relatam a presença desses propágulos em restos culturais do milho. Contudo, é importante salientar que a densidade de inóculo e a capacidade de multiplicação de B. sorokiniana são maiores nos restos culturais de gramíneas, principalmente de trigo e cevada, do que nas espécies de folhas largas (Reis & Wünsche, 1984; Fernandez & Fernandes, 1990). c. Hospedeiros secundários O fungo B. sorokiniana tem sido isolado de manchas foliares e detectado em tecidos senescentes de algumas gramíneas 24 invasoras de verão (Reis, 1982a; Diehl, 1983). Provavelmente, de tais resíduos, o inóculo do fungo, que não deve ser muito numeroso, possa também ser levado às novas plântulas e ao solo (Reis, 1988). d. Conídios dormentes no solo Outra fonte de inóculo de B. sorokiniana é o solo contendo conídios dormentes de forma livre, originados principalmente dos restos culturais deixados na superfície do solo (Chinn, 1976; Reis & Abrão, 1983; Reis, 1984b; Reis & Wünsche, 1984). Existem relatos que relacionam esse tipo de inóculo como a principal causa da PCR (Chinn, 1976; Piening, 1997). Os esporos sobre o solo podem ser disseminados às plântulas do novo plantio, especialmente às bainhas e às folhas basais próximas ou que entram em contato com o solo. A doença, posteriormente, desenvolve-se das folhas basais às superiores. Para Reis (1988), os conídios dormentes sob a fungistase do solo também podem ser uma importante fonte de inóculo para as infestações de órgãos aéreos. Um aspecto importante a salientar é a distribuição dos conídios no perfil do solo. Segundo Duczek (1981) e Reis & Abrão (1983), 90% dos propágulos viáveis foram encontrados nos primeiros 10 cm de profundidade e somente 1%, entre 20 e 30 cm (Duczek, 1981). 2.6.2 Disseminação O fungo B. sorokiniana pode ser disseminado passivamente por propágulos aderidos externamente, “infestando” a superfície da semente, ou levados internamente, “infectando” os tecidos da semente, através do micélio dormente no pericarpo, no 25 endosperma e/ou no embrião (Reis, 1987; Rashid et al., 1997), razão pela qual é considerado o mais importante e eficiente veículo de transmissão e disseminação passiva direta dos patógenos (Reis, 1988; Machado, 1982). Através desse veículo, o patógeno é transportado a longas distâncias, entre países, estados, regiões ou campos (Carmona et al., 1999) e, conseqüentemente, introduzido em lavouras livres do patógeno ou de raças mais virulentas ainda não existentes (Reis, 1988; Tanaka & Machado, 1985). Na lavoura, o principal agente de disseminação passiva indireta é o vento (Reis, 1984a; Reis, 1988), porém, como os esporos são relativamente pesados, o transporte ocorre a distâncias curtas, que oscilam entre 50 e 200 m (Reis, 1994). Para Mehta (1993), a disseminação de B. sorokiniana através do vento a distâncias relativamente grandes é possível porque seus conídios são normalmente secos. Em condições de ambiente úmido, os respingos de chuva constituem-se em importantes agentes de disseminação, que, juntamente com o vento, são os responsáveis pelo transporte dos conídios das lesões iniciais para outras folhas, plantas e o solo. A água de enxurradas e os implementos agrícolas podem também contribuir para a disseminação do patógeno na superfície do solo da lavoura (Reis, 1988). 2.6.3 Transmissão Uma vez introduzido o patógeno numa determinada área, imediatamente após o plantio a semente hidrata-se, dando início aos processos de germinação e emergência das plântulas. Ao mesmo tempo, o patógeno, que se encontrava no pericarpo, no embrião (Rashid et al., 1997) e/ou no endosperma da semente (Reis, 1988; 26 Rashid et al., 1997), passa do estádio de dormência ao de crescimento vegetativo, exteriorizando-se na superfície da cariopse (Reis, 1988; Reis & Casa, 1998). O micélio atinge o coleóptilo, crescendo em sua superfície até alcançar a extremidade localizada fora do solo. A plúmula pode ser infectada pela penetração do micélio no coleóptilo. Quando a plúmula é infectada, lesões características são observadas em seu limbo, podendo ocorrer, às vezes, deformações ou anomalias das plântulas emergidas oriundas de sementes infectadas (Reis, 1988; Rashid et al., 1997; Rashid, 1998). Dessa forma, o patógeno é introduzido e estabelecido numa nova área. Na parte subterrânea, durante a germinação e emergência, o micélio do fungo cresce na superfície da semente até atingir as raízes seminais, que são colonizadas, e também o coleóptilo, no qual produz lesões (Reis, 1981; Reis, 1982b). Quando o coleóptilo é destacado, podem-se facilmente observar lesões no mesocótilo ou no entrenó subcoronal. À medida que as plantas se desenvolvem e sob condições de alta umidade e temperatura (18-30 oC, segundo Piening, 1997), a colonização prossegue, havendo infecção das coroas até atingir as bainhas das folhas basais, as quais morrem prematuramente. Na literatura, existem poucos relatos sobre a eficiência de transmissão de B. sorokiniana das sementes aos órgãos foliares e/ou radiculares da cevada, visto que todos se referem ao trigo (Tabela 1). Nessa cultura, é possível observar a importância do patógeno como fonte primária de inóculo no estabelecimento de focos de infecção (Reis & Forcelini, 1993), que, sob condições ambientais favoráveis (períodos críticos), poderão desencadear epidemias no início do desenvolvimento do trigo. 27 Tabela 1. Eficiência de transmissão de Bipolaris sorokiniana de sementes para órgãos radiculares e aéreos do trigo Órgão Coleóptilo Eficiência (%) 71,5 87,8 83,0 66,0 65,0 Plúmula Raízes seminais Mesocótilo A 61,0 66,0 20,1 9,2 38,0 32,9 68,7 simples Autor (s) Forcelini (1992) Reis & Forcelini (1993) Utiamada & Yorinori (1995) Goulart (1996b) Forcelini & Menten, citado por Menten (1996) Pessoa et al. (1991) Toledo et al. (1996) Forcelini (1992) Reis & Forcelini (1993) Toledo et al. (1996) Reis & Forcelini (1993) Forcelini (1992) constatação da presença de um microorganismo, mesmo que patogênico, em determinada semente não é suficiente para garantir a passagem do patógeno para a plântula proveniente da semente infectada (Menten & Bueno, 1987). Entretanto, a associação patógeno-semente indica o potencial de transmissão e conseqüente estabelecimento da doença por ocasião da semeadura no campo. Segundo Neergaard (1983) e Agarwal & Sinclair (1997), a transmissão de um patógeno pela semente pode ser influenciada por uma série de fatores, como espécie cultivada (resistência do cultivar), condições ambientais (umidade ambiental e do solo, temperatura, vento, chuva e luz), inóculo (viabilidade, localização na semente, tipo), práticas culturais (tipo de solo, pH, densidade, profundidade e época de plantio, fertilização, etc.), sobrevivência do inóculo, vigor da semente, microflora do solo e da semente, e outros. Tais fatores podem reduzir ou incrementar significativamente a passagem do patógeno para os órgãos foliares e/ou radiculares da planta hospedeira, refletindo na epidemiologia da 28 doença. Entretanto, Menten & Bueno (1987) salientam que uma plântula com sintomas proveniente de uma semente infectada constitui-se apenas na fonte de inóculo responsável pelo início de uma epidemia, que terá uma determinada taxa de desenvolvimento sob condições de campo, causando certa quantidade de doença nas fases críticas da cultura, com a conseqüente perda na quantidade e na qualidade da produção. Forcelini (1992), em estudos sobre a influência de alguns desses fatores na transmissão de B. sorokiniana em sementes de trigo, concluiu que a temperatura apresenta efeito marcante na passagem do fungo para as raízes ou órgãos aéreos da planta; observou que a transmissão ao coleóptilo foi mais acentuada entre 20 e 25 oC, ao passo que, abaixo, a passagem foi maior ao sistema radicular. Outros fatores estudados, tais como a profundidade de semeadura, o tempo de armazenamento e a microflora do solo, tiveram pouca ou nenhuma influência. Por outro lado, o autor salienta que a passagem do patógeno da semente à plântula ocorreu a partir do inóculo presente no interior da semente. 2.6.4 Germinação, penetração e colonização O processo de infecção inicia-se com a germinação bipolar do conídio, seguida pelo alongamento do tubo germinativo e pela formação do apressório (Carmona et al., 1999). Segundo Bisen & Channy (1983), a germinação do esporo é completada num período de tempo de quatro horas, sob condições controladas de umidade, ao passo que o apressório é formado após de oito horas, freqüentemente acima da juntura das células epidérmicas. Para Khan et al. (1992), o processo de germinação, emissão do tubo germinativo e penetração 29 pode levar mais tempo (> 36, > 48 e > 96 h, respectivamente), dependendo da resistência genética do cultivar. Ao mesmo tempo, os autores sugerem que, além da penetração direta via apressórios (Mumfor, 1966), o fungo pode também utilizar as aberturas estomáticas na penetração. O fungo geralmente penetra nas células a partir do apressório, mediante um fino tubo de penetração, o qual, internamente, produz uma vesícula. A partir desta vesícula, formam-se hifas secundárias que invadem o mesófilo intercelular (Larenz et al., 1986; Piening, 1997). Segundo Bisen & Channy (1983), o citoplasma da célula torna-se granular 24 horas após a patogênese. Durante a colonização, o micélio invade as células extraindo nutrientes e provocando a morte pela ação parasitária e pela produção de toxinas (Carmona et al., 1999). Em conseqüência, sobre os órgãos infectados observam-se os sintomas da doença. 2.6.5 Esporulação O fungo B. sorokiniana é um patógeno necrotrófico, isto é, utiliza-se de tecidos mortos como fonte de nutrientes e, por isso, somente esporula em tais tecidos (Reis, 1987; Reis et al., 1988; Reis & Casa, 1998; Reis et al., 1998). Nesse sentido, a esporulação em órgãos aéreos é inexistente nos estádios iniciais de desenvolvimento da cultura, quando não ocorrem ainda tecidos necrosados. Porém, à medida que surgem, devido à ação do patógeno, inicia-se a multiplicação do fungo. Segundo Mehta (1981), a máxima produção de conídios acontece 22 a 32 dias após a inoculação sob condições climáticas favoráveis, sendo que, na fase de maturação, o inóculo no ar torna-se 30 abundante (Reis & Santos, 1985), o que leva a infecção das folhas superiores, glumas e sementes em desenvolvimento (Reis, 1988). O pico máximo de esporulação é atingido durante e após a colheita (Reis & Santos, 1987); completado o ciclo da planta, o patógeno reencontra novamente as sementes. As sementes infectadas, após a colheita, são armazenadas, garantindo a sobrevivência segura do patógeno junto aos órgãos do hospedeiro (Reis, 1988). A esporulação continuará sobre os restos culturais, declinando posteriormente em conseqüência da baixa habilidade de competição saprofítica que apresenta B. sorokiniana no solo (Reis, 1988; Reis & Medeiros, 1995). 2.6.6 Sobrevivência Os patógenos necrotróficos de culturas anuais, incluindo B. sorokiniana, para garantir sua sobrevivência na ausência de tecido suscetível do hospedeiro, desenvolveram várias estratégias de sobrevivência. a. Sementes A associação patógeno-semente representa a maneira mais evoluída e, portanto, o abrigo mais seguro e eficiente para garantir a sobrevivência dos fitopatógenos (Reis, 1987; Reis & Casa, 1998). O fungo B. sorokiniana sobrevive no período entressafras em sementes infectadas armazenadas, onde permanece em estado de dormência devido ao baixo conteúdo de água na semente (12 a 13%); durante esse período, que dura aproximadamente seis meses, o patógeno perde parcialmente sua viabilidade (Vechiato et al., 1987; Reis, 1988). 31 Estudos do efeito do armazenamento de sementes de trigo sobre a viabilidade do inóculo (incidência) de B. sorokiniana demonstraram que o armazenamento à temperatura ambiente (25 oC) pode provocar uma redução significativa na viabilidade do inóculo do fungo após o oitavo mês de armazenamento (Vechiato et al., 1987; Forcelini, 1992); já, sob condições mais frias de armazenamento (5 o C), a viabilidade do fungo pode se manter estável por mais de 27 meses (Vechiato et al., 1987), podendo diminuir significativamente a partir do oitavo mês quando as sementes são armazenadas a 10 oC (Forcelini, 1992). Em sementes de cevada, Christensen (1963) observou queda na percentagem de infecção por B. sorokiniana em sementes armazenadas à temperatura ambiente somente após de trinta meses de armazenamento, sendo que, a partir de quatro anos, a queda foi considerável. Lutey & Christensen (1963) mostraram que a longevidade de B. sorokiniana é altamente dependente das condições de umidade da semente e da temperatura ambiente. Sementes de cevada armazenadas com 14% de umidade a 20 e 30 oC sofreram uma queda total da viabilidade do fungo em 24 e 16 semanas, respectivamente, ao passo que, com 12% de umidade a 30 oC, o fungo sobreviveu por 53 semanas. Valores extremos de longevidade de B. sorokiniana na semente, na forma de micélio dormente, são mencionados por Machacek & Wallace (1952) e Russell (1958), com 9 e 15 anos, respectivamente. Além da aveia, centeio, cevada, trigo e triticale, B. sorokiniana tem sido recuperado em sementes de outras espécies graminícolas (Richardson, 1979). De igual forma, B. sorokiniana tem sido recuperado de sementes de outras espécies não graminícolas de 32 importância agrícola, tais como beterraba, cenoura, soja, girassol, alface, feijão, rabanete, etc. (Neergaard, 1983); outras espécies citadas são Allium spp., (Richardson, 1979) e alfafa (ChunJie & ZhiBiao, 2000). b. Restos culturais O fungo B. sorokiniana é um parasita necrotrófico e, portanto, esporula somente sobre tecidos mortos, isto é, sobre os restos culturais infectados, onde ocorre abundante produção de inóculo. Com o transcorrer do tempo, a esporulação declina em conseqüência da baixa (Garrett apud Sussman, 1968) ou “parcial” habilidade de competição saprofítica do fungo no solo (Ghurde, 1966). Referência é feita de que a colonização pelo fungo é mais bem sucedida sobre tecidos verdes do hospedeiro que sobre tecidos necrosados (Khatskevich & Benken, 1987). A sobrevivência do fungo nos restos culturais é garantida em lavouras onde é praticada a monocultura, especialmente em semeadura direta, sistema no qual a totalidade dos resíduos permanece na superfície do solo por mais tempo até a completa mineralização, favorecendo a ocorrência e a intensidade deste parasita necrotrófico (Kohli & Reis apud Reis et al., 1998). Segundo Khatskevich & Benken (1987), a intensidade da esporulação de B. sorokiniana sobre os restos culturais depende da temperatura, da umidade relativa, da aeração e de fatores bióticos do solo. Nas condições do Rio Grande do Sul, estudos sobre a sobrevivência saprofítica de B. sorokiniana em restos culturais do trigo mantidos na superfície do solo evidenciaram que a sua esporulação acompanhou a curva de decomposição dos restos 33 culturais, mostrando a dependência nutricional do fungo do substrato. A descomposição dos restos culturais completou-se em vinte meses, ao passo que a presença de conídios do fungo no substrato foi detectada até 17 meses após o início do experimento (Reis et al., 1998). No Canadá, estudos com objetivos semelhantes, demonstraram que o fungo pode sobreviver nos restos culturais de trigo e cevada por até dois invernos consecutivos (Duczek et al., 1999). Na Austrália, existem relatos de sobrevivência do fungo por um período de, pelo menos, 24 meses (Buttler apud Whittle, 1977). Por outro lado, B. sorokiniana tem a capacidade de sobreviver sobre restos culturais de outras espécies vegetais de importância econômica utilizadas em rotação de culturas com cereais de inverno, tais como a soja (Reis et al., 1985a; Reis et al., 1985b; Fernandez & Fernandes, 1990; Fernandez et al., 1993) e o milho (Francis & Burgess, 1975; Fernandez et al., 1993), assim como em resíduos culturais de linho e canola (Sturz & Bernier, 1987). Contudo, segundo Sturz & Bernier (1987) e Fernandez et al. (1993), o tempo de sobrevivência do fungo sobre os restos culturais de cereais de inverno é maior que sobre os resíduos das outras espécies (< 14 meses). c. Hospedeiros secundários Além dos principais cereais de inverno cultivados (aveia, centeio, cevada, trigo e triticale), dos quais B. sorokiniana tem sido isolado de órgãos foliares e radiculares (Sivanesan, 1984; Reis, 1988), o fungo pode ser também encontrado produzindo lesões em órgãos radiculares e tecidos foliares senescentes de algumas gramíneas forrageiras, invasoras e nativas onde os cereais de inverno são cultivados (Reis 1982b; Diehl, 1983; Reis et al., 1985a). 34 Sampson & Watson (1985), Sivanesan (1987) e Smiley et al. (1996) relacionam gêneros de gramíneas como hospedeiros secundários de B. sorokiniana. O fungo também tem sido encontrado parasitando tecidos foliares em outros cereais de importância econômica, como o arroz (Kodama et al., 1979), o milho (Mensah & Zwatz, 1975; Ivanovic & Pencic, 1987; Leonard et al., 1988) e o sorgo (Frezzi, 1978). O fungo B. sorokiniana não é um parasita exclusivo das gramíneas, tendo a possibilidade de parasitar outras espécies não graminícolas, como é o caso das dicotiledóneas, entre elas, a cenoura (Nowicki, 1995), a salsa (Nowicki, 1997), o feijoeiro (Lacicowa & Machowicz, 1974), a alfafa e espécies de trevo (Renfro apud Tinline, 1988). Na Índia, um caso raro foi reportado pela primeira vez por Kamanna e Ponnappa (1991), sobre o isolamento de B. sorokiniana de manchas foliares em uma espécie de samambaia ou pteridófita (Nephrolepis biserrata). d. Conídios dormentes no solo Os conídios no solo constituem-se nas principais estruturas de sobrevivência de B. sorokiniana (Chinn & Tinline, 1964). A baixa habilidade de competição saprofítica impede sua sobrevivência como micélio, colonizando saprofiticamente, com sucesso, os restos culturais (Garrett apud Sussman, 1968; Reis, 1988). A maioria dos esporos que caem no solo tornam-se dormentes devido à micostase do solo (Chinn & Tinline, 1964; Old, 1967), fenômeno que evita a germinação dos conídios na ausência do hospedeiro. 35 Experimentos visando estabelecer a duração da sobrevivência intrínseca de esporos de B. sorokiniana no solo demonstraram que eles podem permanecer dormentes (viáveis) por até 37 meses nas condições do sul do Brasil (Reis, 1989). Chinn & Ledingham (1958) observaram que o período de dormência pode ser longo, chegando a superar os vinte meses; já, para Boosalis (1962), o período é mais curto, oscilando entre 300 e 490 dias. Duczek (1994), em estudos de laboratório, observou que períodos secos no solo induzem à dormência em alguns conídios de B. sorokiniana, concluindo que a dormência pode ser um mecanismo que favorece o incremento do tempo de sobrevivência do fungo durante períodos secos. Tal fenômeno já tinha sido reportado por Khatskevich & Benken (1987) na Rússia, os quais observaram que a duração da sobrevivência dos conídios no solo é determinada pela duração dos períodos úmidos e secos que acontecem. Esses podem sobreviver por mais de nove meses sob condições de solos com 18% de capacidade de retenção de água, ou por um tempo menor quando o teor de água no solo é de 88% (Chinn & Ledingham, 1958). Na China, Wu & Le (1983) observaram que os conídios de B. sorokiniana permaneceram viáveis por mais de 281 dias em solo seco e até 80 dias em solos encharcados, razão pela qual, em regiões onde a seqüência de culturas é trigo-arroz-arroz, os solos não apresentam infestação. Em geral, a longevidade dos conídios dormentes no solo depende de fatores ambientais (Old, 1967; Khatskevich & Benken, 1987), fatores edáficos (Old & Robertson, 1970; Durynina et al., 1980; Fradkin & Patrick, 1985) e fatores bióticos inerentes ao solo (Old, 1967; Anderson & Patrick, 1980; Chakraborty & Old, 1982; 36 Duczek, 1983; Fradkin & Patrick, 1985; Duczek & Wildermuth, 1991; Pakzad & Schlosser, 1998). e. Plantas voluntárias As plantas de espécies cultivadas originadas de sementes deixadas na lavoura durante a colheita e que vegetam espontaneamente, sem o controle humano direto, recebem várias denominações, como extemporâneas, guachas ou voluntárias (Reis, 1988). As plantas de trigo voluntárias alcançam populações variáveis, porém são mais numerosas em lavouras nas quais se precede a semeadura direta da soja sobre a resteva de trigo, chegando, algumas vezes, quase ao nível de plantas daninhas, o que requer a sua eliminação mecânica ou química (Reis, 1988). Estas plantas desempenham papel fundamental na biologia dos fitopatógenos do trigo visto que, para os necrotróficos (ex. B. sorokiniana), constituemse numa opção a mais, porém preferencial, pois, na presença dessas plantas e sob condições ambientais favoráveis, os necrotróficos não precisam passar à fase saprofítica ou de esporos de descanso no solo. A eliminação completa das plantas voluntárias priva os patógenos necrotróficos do substrato alimentício e os expõe à competição saprofítica, na qual, geralmente, levam desvantagem em virtude da forte competição microbiana do solo (Reis, 1988). f. Estruturas de resistência: clamidosporos Os clamidosporos são esporos produzidos assexuadamente como resultado de modificações estruturais de segmentos hifálicos vegetativos ou de células conidiais, possuindo parede celular espessa, 37 constituída principalmente de parede celular com material ressintetizado; sua função, a sobrevivência no solo (Reis, 1987). Meronuck & Pepper (1968) reportaram a formação de clamidosporos nas células internas de alguns conídios de B. sorokiniana quando são depositados no solo. Observaram também que essas estruturas têm a capacidade de germinar (emissão de tubo germinativo) depois de alguns meses (três a cinco meses) de terem permanecido no solo. Recentemente, Valim-Labres et al. (1998), em condições de laboratório, relataram pela primeira vez a formação de clamidosporos em hifas de B. sorokiniana, quando o fungo foi cultivado em meios pouco nutritivos. Em ambas as situações, os autores sugerem que a formação de clamidosporos poderia ser um mecanismo de sobrevivência do fungo sob condições desfavoráveis ou na ausência de um hospedeiro suscetível. Contudo, é importante salientar que a formação de estruturas de resistência por B. sorokiniana é, ainda, um fenômeno pouco esclarecido e, até hoje, não reportado sob condições naturais. 2.8 Detecção de Bipolaris sorokiniana em sementes Os testes de sanidade de sementes têm como fundamento fazer com que os patógenos, uma vez associados a essas estruturas, sejam direta ou indiretamente detectados, permitindo a sua identificação rápida e segura (Machado, 1988). O objetivo central de um teste de sanidade de sementes é informar os tipos, a freqüência e o potencial de ocorrência de agentes fitopatogênicos em uma determinada amostra de sementes. De maneira geral, os testes são de extremo valor em inúmeras atividades dentro da proteção de plantas, entre as quais se podem citar: quarentena, programas de certificação, 38 avaliações de eficiência de fungicidas, conveniência do tratamento de sementes, etc. (Machado, 1988). A análise patológica das sementes pode ser feita mediante: a) métodos sem incubação, b) métodos com incubação (Lucca Filho, 1987; Machado, 1988; Henning, 1997), c) imunologia (Richardson, 1985) e d) técnicas moleculares (Carvalho et al., 2000). Por outro lado, Ball & Reeves (1992) listam seis requerimentos principais para um teste de sanidade de sementes: ser específico, sensível, rápido, simples, econômico e confiável. 2.8.1 Métodos sem incubação 2.8.1.1 Detecção por observação direta (semente seca) A observação direta é pouco útil quando se objetiva obter informação quantitativa e resultados reproduzíveis sobre a incidência existentes em um lote de sementes, assim como a viabilidade do agente causal. Porém, é uma alternativa recomendável em determinações preliminares para detectar lotes altamente infectados (Richardson, 1985; Lucca Filho, 1987). No caso de sementes com “ponta preta”, geralmente só as mais infectadas mostram sinais de infecção (descoloração e/ou manchas necróticas), podendo-se encontrar sementes sem sintomas, mas com diferentes níveis de infecção e que não serão detectadas (Richardson, 1985; Lucca Filho, 1987). Por outro lado, é válido ressaltar também que, em algumas circunstâncias, determinados fatores, incluindo outros microrganismos, podem causar sintomas semelhantes, o que pode levar a subrestimar o verdadeiro nível de infecção de um lote de sementes (Machado, 1988). A esse respeito, 39 Lucca Filho (1987) afirma que um complexo de fungos, entre eles patógenos e saprófitas, é o responsável pelo dano conhecido por “ponta preta”, destacando espécies dos gêneros Curvularia, Alternaria, Helminthosporium (Drechslera e Bipolaris) e Fusarium como os agentes mais comuns. Entretanto, os resultados obtidos nesse tipo de análise só devem ser empregados como um indicador da presença de um determinado patógeno, nunca como índice de sanidade (Richardson, 1985), visto que é necessária a condução de outros métodos mais elaborados para a obtenção de dados precisos sobre o verdadeiro estado sanitário da semente. 2.8.2 Métodos com incubação 2.8.2.1 Método do papel-filtro O interesse por técnicas para a detecção de fungos associados às sementes data de 1929, na Irlanda do Norte, onde foram feitas investigações sobre o uso de fungicidas organo-mercuriais como desinfectantes contra fungos presentes nas sementes de aveia (Malone & Muskett, 1964). Em 1938, Muskett desenvolveu o primeiro método de detecção de fungos para Pyrenophora avenae Ito & Kurib., que consistia na incubação de sementes de aveia à temperatura de 22 oC, em placas de petri com papel-filtro umedecido, para posteriormente examiná-las sob microscópio, mediante a identificação do fungo em função da produção de conídios típicos (Malone & Muskett, 1964). No mesmo ano, Doyer descreveu um método de papel absorvente mediante o qual espécies patogênicas de Fusarium presentes sobre 40 sementes de cereais de inverno poderiam ser evidenciadas causando descoloração nas radículas de plântulas. Mais tarde, em 1958, Tempe demonstrou que B. sorokiniana também pode ocasionar descoloração de raízes (Jørgensen, 1983). Por muito tempo, a incubação de sementes em papel umedecido teve como princípio básico estimular o patógeno a produzir sintomas típicos na plântula por ocasião da germinação (método tipicamente patogênico). Uma vez constatado que um grande número de patógenos nem sempre é capaz de produzir sintomas na fase inicial de desenvolvimento do hospedeiro, o método teve de sofrer algumas modificações, de tal forma que a avaliação passou a se basear sobretudo na presença de estruturas típicas do patógeno sobre as sementes, sendo necessário o uso de microscópio estereoscópico (Tempe, 1979; Neergaard, 1983). Segundo Richardson (1985), as sementes podem ou não ser previamente desinfestadas, dependendo do seu lugar de origem. De modo geral, as sementes procedentes de regiões tropicais são muito contaminadas, devendo, portanto, ser tratadas com uma solução de hipoclorito de sódio (NaClO) antes da incubação. Por outro lado, quando a germinação resulta desnecessária e o desenvolvimento de plúmula e raízes pode inibir ou dificultar a observação do patógeno, o método do papel-filtro pode sofrer algumas variantes com a finalidade de evitar esse processo. Para isso, dispõe-se dos recursos da aplicação de 2,4-D (em solução aquosa) e do congelamento da semente (Neergaard, 1983; Richardson, 1985; Lucca Filho, 1987). Desses, o método do congelamento, desenvolvido por Limonard em 1966, é o mais amplamente usado nos testes de sanidade (Neergaard, 1983; Richardson, 1985). Segundo Lucca Filho (1987), a 41 percentagem de infecção obtida com essa modificação é bastante próxima à observada em meios de cultura. O autor salienta que a técnica é bastante útil, especialmente para semente de cereais, pois, além de facilitar a avaliação do teste, favorece o surgimento de certos fungos, tais como Drechslera, Bipolaris, Fusarium, Septoria, Phoma e outros. Segundo Neergaard (1973) e Neergaard (1983), vários fatores devem ser considerados nos testes de sanidade durante a incubação das sementes, dos quais os mais importantes são o meio de cultura ou substrato de crescimento, a temperatura, a umidade, a luz e o período de incubação, além dos fatores bióticos, como a presença de organismos antagonistas e sinergistas na microflora das sementes, que podem influenciar significativamente na detecção de patógenos. Em relação à umidade, Kolk & Karlberg (apud Neergaard, 1973) salientam a importância do volume de água disponível durante o período de incubação, de modo a propiciar um ambiente favorável à esporulação. Esses autores, mediante estudos de comparação com diferentes volumes de água (15 a 35 mL) adicionados ao papel absorvente (400 g/m2), demonstraram que a quantidade ótima varia em função do fungo alvo do estudo, sendo que, para B. sorokiniana, F. avenaceum e D. teres (todos em cevada), o ótimo foi de 25 mL por disco de papel-filtro, acondicionados em placas de petri de 17 cm de diâmetro e 4 cm de altura. Contrariamente, Limonard, em 1966, observou que o excesso de umidade no substrato pode reduzir a incidência de alguns patógenos, efeito inicialmente relacionado ao antagonismo provocado por bactérias (Neergaard, 1973). Esse inconveniente também foi reportado por Tempe (1970) em testes de rotina no método de papel-filtro com congelamento, evidenciando 42 que, além das bactérias, os fungos contaminantes também interferem na detecção de fungos patogênicos, não permitindo a frutificação e dificultando a quantificação dos mesmos. Segundo Reis et al. (1999), isso ocorre porque os organismos contaminantes crescem mais rapidamente que os patogênicos. Wilson & Murphy (1964) relatam que temperaturas próximas a 25 oC são consideradas ótimas para o crescimento de B. sorokiniana em meios de cultura, discordando de Tempe (1964), o qual recomenda que, para a detecção do fungo em sementes de cevada, a incubação deve ser feita a 20 oC. Por outro lado, segundo Leach (1962), a esporulação máxima é obtida tanto em condições de escuro como com luz próxima a ultravioleta (UV de 3200 a 4000 Ao), ao passo que o processo de incubação deve ser feito, preferencialmente, em um ciclo alternado de 12 horas luz e 12 horas de escuridão (Leach apud Tempe, 1970). 2.8.2.2 Detecção através de meios de cultura O fundamento da incubação de sementes em meio ágar enriquecido consiste no estímulo à formação de colônias típicas por parte dos fungos a partir de sementes (Machado, 1988), empregando, para sua identificação, características macroscópicas das colônias e, em alguns casos, sem a necessidade de observações microscópicas (Neergaard, 1983; Richardson, 1985). Para Richardson (1985), o método de plaqueamento em meios de cultura é, provavelmente, o mais confiável para a detecção da maioria dos fungos transmitidos pela semente. Apesar de ser mais custoso e demorado que o teste do papel-filtro, a rapidez com que se pode avaliar uma amostra recompensa essa desvantagem. 43 O uso de substrato nutritivo exige cuidados de assepsia uma vez que a preparação e a manipulação indevidas de meios microbiológicos como BDA (extrato de batata + dextrose + ágar) e MA (extrato de malta + ágar), que são apropriados para o cultivo de um grande número de fungos, podem comprometer a validade do teste pela interferência de contaminações indesejáveis (Neergaard, 1983; Machado, 1988). O pré-tratamento ou desinfestação das sementes antes do plaqueamento pode ser realizado para prevenir o profuso desenvolvimento de saprófitas, sendo, em alguns casos, necessariamente requerido (Neergaard, 1983). Segundo Machado (1988), os resultados do pré-tratamento indicam uma associação mais íntima dos patógenos com as sementes. O pré-tratamento das sementes veio “melhorar” o método pioneiro de Ulster, usado rotineiramente em testes de sanidade de sementes de linho (Muskett & Malone, 1941). À semelhança do método do papel-filtro, quando a germinação se faz desnecessária, podendo inibir ou dificultar a observação do patógeno, o emprego de técnicas como o congelamento da semente ou a utilização de 2,4-D em solução aquosa são também recomendáveis (Neergaard, 1983; Lucca Filho, 1987). Segundo Richardson (1985), quando a análise patológica das sementes objetiva detectar a presença de patógenos específicos, o emprego de meios seletivos ou semi-seletivos torna-se uma ferramenta de extremo valor para o fitopatologista, pois evita o desenvolvimento de contaminantes, favorecendo eficientemente a detecção e identificação do patógeno-alvo. Os meios seletivos ou semi-seletivos são obtidos a partir da adição de substâncias químicas específicas, antibióticos ou fungicidas (Maude, 1996). 44 O desenvolvimento de diferentes meios seletivos ou semiseletivos para a detecção de conídios dormentes de B. sorokiniana no solo (Stack, 1977; Kulkarni et al., 1978a; Kulkarni et al., 1978b; Dodman & Reinke, 1982; Reis, 1983; Filippova & Kashemirova, 1990) tem aberto a possibilidade de serem utilizados na detecção do fungo em análises rotineiras de patologia de sementes. Estudos pioneiros de comparação entre meios recomendados (empregados rotineiramente em testes de sanidade de sementes) e meios seletivos, executados por Reis et al. em 1994 (Reis & Reis, 1994; Reis et al., 1999), demonstraram que os meios seletivos [no caso, meio seletivo de Reis (Reis, 1983)] se comportam estatisticamente igual ou mais eficientemente que os métodos comumente usados na detecção de B. sorokiniana em sementes de trigo. 2.8.3 Detecção através da análise de pigmentos Algumas espécies de Bipolaris e de Drechslera produzem pigmentos no ágar ou no papel-filtro denominados de “antraquinonas”, que variam de cor de acordo com o isolado e o substrato utilizado (Ellis, 1971; Kulik, 1973; Sivanesan, 1987; Brishammar, 1993; Engstrom et al., 1993). Em função da produção desses metabolitos, Knudsen (1982) testou isolados monospóricos de P. graminea e P. teres, tendo observado diferenças quanto à produção de pigmentos, porém não conseguiu distinguir as duas espécies com base nessas características. De modo semelhante, Brodal (apud Lângaro, 1998) concluiu não ser possível distinguir entre os pigmentos produzidos por D. graminea e os produzidos por D. teres. 45 2.8.4 Detecção por técnicas imunológicas Os testes imunológicos constituem métodos práticos e precisos de detecção e de diagnose de grande número de patógenos vegetais, incluindo bactérias, fungos e vírus. Segundo van Wuurde et al. (1983), muitos organismos patogênicos podem ser detectados diretamente em extratos de sementes, por meio de microscopia imunofluorescente (IF) e Elisa. Estudos feitos por Guimarães et al. (1997), objetivando verificar a eficácia do uso de extrato de sementes na imunodetecção de B. sorokiniana em trigo e a viabilidade do mesmo como antígeno, observaram grandes pontos de fluorescência na superfície das hifas, especialmente nas extremidades, evidenciando a presença de antígenos de superfície. Os autores concluíram que é possível a detecção de B. sorokiniana em trigo por imunofluorescência, utilizando como antígeno reagente o extrato de sementes. Outros estudos inumológicos desenvolvidos recentemente relatam a possibilidade de se usar as técnicas de DOT-Elisa (Lopes et al., 1998) e DAS-Elisa (Lopes et al., 1999) na detecção de B. sorokiniana em sementes de trigo, através do emprego de anti-soro policlonal e anti-soro monoclonal, respectivamente. Os autores salientam que a detecção do patógeno em extratos de sementes através de DAS-Elisa foi mais sensível, tendo sido possível detectar níveis de incidência de até 0,03%. 2.8.5 Detecção através de técnicas moleculares Técnicas moleculares baseadas na análise de ácidos nucléicos têm sido aplicadas em diversas áreas da micologia, o que 46 tem gerado grandes perspectivas para o desenvolvimento de métodos rápidos, sensíveis e específicos nos diagnósticos de patógenos de plantas, comumente transmitidos por sementes. Segundo Carvalho et al. (2000), as isoenzimas e proteínas foram os marcadores moleculares mais utilizados nos últimos anos. Recentemente, com o advento cada vez mais rápido do conhecimento científico, outras técnicas baseadas nas moléculas de DNA e RNA foram disponibilizadas. Estudos preliminares utilizando técnicas moleculares, como o RAPD (Random Amplified Polymorphic DNA) e a PCR (Polymerase Chain Reaction), têm permitido diferenciar isolados de D. teres, D. graminea e B. sorokiniana (Peltonen et al., 1996), assim como isolados de B. sorokiniana, procedentes de diferentes hospedeiros (Bulat & Mironenko, 1993). No Brasil, Santos et al. (1999), mediante a técnica de PCR-RFLP (Restriction Fragment Length Polymorphism), observaram similaridade genômica (“banda comum”) entre diferentes isolados de B. sorokiniana, sugerindo que a “banda” obtida possa servir como característica da espécie. 2.9 Controle de Bipolaris sorokiniana: tratamento de sementes O conhecimento da eficiência de transmissão ou da passagem dos patógenos das sementes aos órgão radiculares ou aéreos leva à necessidade de controlá-los sob um novo enfoque: a erradicação mediante tratamento direto a fim de reduzir o inóculo primário na lavoura (Reis, 1987). O sucesso do tratamento de sementes depende de inúmeros fatores, dos quais o tipo e a localização do patógeno nas 47 sementes e o vigor dessas por ocasião do tratamento são de suma importância (Machado, 1988). Nesse sentido, segundo Maude (1983), através do micélio, alguns fungos podem penetrar profundamente nos tecidos da semente, nas quais causam danos e reduzem a germinação, tornando mais difícil o seu controle. A eliminação ou a redução de inóculo em sementes pode ser eficientemente alcançada através de métodos físicos, biológicos e químicos. 2.9.1 Tratamento físico (termoterapia) O princípio básico da termoterapia (uso controlado de calor) fundamenta-se na sensibilidade diferencial entre patógeno e hospedeiro em relação ao tipo e à intensidade de calor; neste caso, quanto maior for a diferença entre a sensibilidade térmica do hospedeiro e do patógeno, maiores serão as chances de sucesso da termoterapia (Ghini & Bettiol, 1995). Três modalidades de calor podem ser utilizadas no tratamento de sementes: a) água quente; b) calor seco e c) vapor arejado (Dhingra et al., 1980; Machado, 1988). Além dessas modalidades, Menten (1996) menciona outras possibilidades de se utilizar agentes físicos, como energia solar, microondas e ultra-som. Na literatura, poucos trabalhos relatam a utilização da termoterapia no controle de B. sorokiniana em sementes de cereais de inverno. Em 1920, Atanasoff & Johson reportaram um bom controle deste patógeno através da exposição das sementes (cevada) a temperaturas de 100 oC e por períodos de 15 a 30 horas, sem uma redução drástica da germinação (73 e 89%) (Couture & Sutton, 1980). Em contraposição, Couture & Sutton (1980) observaram que a 48 termoterapia pode afetar significativamente a viabilidade da semente quando o objetivo é erradicar o patógeno da semente. Esses autores relatam que, quando as sementes são mantidas a 90 oC por espaço de 60 horas, o fungo é erradicado, porém há uma forte redução na germinação, que pode chegar a até 68%. Para Winter et al. (1996) e Winter et al. (1997), o controle de B. sorokiniana através da termoterapia pode ser difícil ou parcialmente efetivo quando se intenta evitar danos significativos à germinação das sementes. Segundo Harman & Nash (apud Lângaro, 1998), o tratamento de sementes com água quente apresenta desvantagens porque a temperatura deve ser aumentada rapidamente; por isso, somente quantidades pequenas de sementes podem ser tratadas ao mesmo tempo, de forma que a germinação não seja afetada. Métodos modernos de controle físico, como o uso de raios laser, podem também ser utilizados no controle de B. sorokiniana, no tratamento de sementes de cevada (Bel’skii & Mazulenko, 1985). 2.9.2 Tratamento biológico Tratamento biológico é a incorporação artificial de agentes de controle biológico às sementes. O seu princípio básico é a ação de “controle biológico” exercida por determinados microrganismos, que eliminam, impedem ou reduzem o desenvolvimento de patógenos transportados microrganismos pela semente atuam ou basicamente presentes no solo. Esses através de antagonismo, hiperparasitismo e competição (Menten, 1996). A técnica da utilização de antagonistas isolados da filosfera, da rizosfera e da espermosfera de trigo tem se mostrado promissora na inibição in vitro de patógenos economicamente 49 importantes dessa cultura (Luz, 1989; Alves et al., 1990; Luz, 1990a; Luz, 1990b). Em trabalhos pioneiros de microbiolização de sementes de trigo desenvolvidos no Brasil por Luz (1989), foi possível observar que, além do controle eficiente dos patógenos veiculados pela semente (in vitro), outras vantagens em nível de casa-de-vegetação e de campo foram constatadas. Entre os microrganismos com potencial antagônico, Bacillus subtilis tem mostrado eficiência igual ou superior ao tratamento in vitro com os mais eficientes fungicidas usados em sementes de trigo infectadas por B. sorokiniana (Luz, 1989; Luz, 1994; Lazzaretti et al., 1994; Lazzaretti et al., 1995; Luz, 1998), demonstrando que o tratamento biológico é promissor no controle desse fungo. Outros microrganismos potencialmente antagônicos a B. sorokiniana na semente são: Rhodotorula sp., Sporobolomyces roseus, Pseudomonas fluorescens, Bacillus sp. (Luz, 1994), Streptomyces griseoviridis (Tahvonen et al., 1995), Trichoderma harzianum (Vannacci & Pecchia, 1986; Fernandez, 1992) e Chaetomium globosum (Vannacci & Pecchia, 1986). Segundo Menten (1996), a grande vantagem deste método é que, além de não ser poluente, pode contribuir para um controle mais estável das doenças, já que organismos desejáveis estarão sendo constantemente adicionados ao agroecossistema, alterando seu equilíbrio em favor do homem e sem grande impacto no ambiente. 50 2.9.3 Tratamento químico Entende-se por tratamento químico a aplicação de fungicidas, antibióticos e nematicidas às sementes. É o método mais comum de se tratar sementes, sendo de grande valor prático. O príncipio do tratamento químico é bastante simples e baseia-se na existência de produtos eficientes contra o(s) patógeno(s), que apresentem baixa fitotoxicidade e sejam pouco tóxicos ao homem e ao ambiente (Menten, 1996). Segundo Picinini & Fernandes (1999), em cevada, o tratamento químico de sementes visa, sobretudo, impedir a passagem de fungos para o sistema radicular e para a parte aérea das plantas, como B. sorokiniana e D. teres, evitando, com isso, a dispersão da doença. É assim que, para Maude (1983), a eliminação completa ou a erradicação do patógeno é difícil e, às vezes, nem sempre é necessária, pois, em muitos casos, a redução do número de sementes infectadas até um nível extremadamente baixo, ou abaixo do qual a doença não cause perdas econômicas, já seria suficiente. O controle de B. sorokiniana em sementes de cevada tem sido bem sucedido, principalmente pelo tratamento com fungicidas sistêmicos em detrimento dos protetores (Luz & Linhares, 1983). É assim que trabalhos realizados por Luz & Vieira (1982) e Luz & Linhares (1983) concluíram que os fungicidas mais eficientes no controle de B. sorokiniana foram nuarimol e fenapanil, que erradicaram o fungo das sementes, ao passo que o imazalil, a mistura carbendazin + manebe e o triadimenol apresentaram efeito razoável no controle do organismo. Por outro lado, os produtos com ação protetora, por exemplo o tiram, embora sejam efetivos no controle do fungo, matando os esporos superficiais e retardando o crescimento ou 51 erradicando o micélio (in vitro), às vezes não são efetivos quando este se localiza internamente na semente (Luz & Linhares, 1983). No entanto, para Maude (1983), o tratamento químico, sobretudo com fungicidas protetores, é largamente utilizado no controle de patógenos associados às sementes. Fungicidas protetores, como iprodiona (em mistura com o carbendazim), mancozebe, manebe, captam e tiram, são reportados na literatura como “efetivos” ou de “bom controle” (Lim & Tamang, 1985; Benada, 1985), porém não como “erradicantes”. Em experimentos de laboratório e campo, Lacicowa & Pieta (1994b), usando fungicidas em mescla e individuais (sistêmicos e protetores), observaram que triadimenol + imazalil e tebuconazole + imazalil foram as combinações que apresentaram o melhor controle de B. sorokiniana, resultados que corroboram os obtidos por Lacicowa et al. (1993), principalmente no relacionado com triadimenol + imazalil e triadimenol. É importante, contudo, salientar que em nenhum dos trabalhos anteriormente citados foi possível erradicar o fungo da semente. Reis & Casa (1998) e Reis et al. (1999) afirmam que a erradicação de patógenos em sementes é uma tarefa difícil, pois, para que o tratamento seja efetivo, o fungicida deve ser capaz de eliminar a infecção interna da semente sem injuriar os seus tecidos e, adversamente, afetar a germinação. Os autores acrescentam que a sutura longitudinal da semente de trigo, centeio e cevada é um empecilho físico-morfológico à ação fungicida erradicante da maioria dos produtos. Recentes Fernandes trabalhos desenvolvidos (1999), sob condições por de laboratório Picinini (in & vitro), demonstraram que os fungicidas difenoconazole, difenoconazole + 52 iprodiona e triadimenol + iprodiona foram eficientes em reduzir ou erradicar o fungo B. sorokiniana de sementes de cevada (96 a 100% de controle), ao passo que o fungicida triadimenol mostrou um comportamento variável na sua eficiência, oscilando entre 40 e 80%. 2.9.3.1 Uso de solventes orgânicos como veículo de fungicidas Uns dos avanços no tratamento químico de sementes refere-se às possibilidades de se utilizar solventes orgânicos para tratar a semente, aumentando a penetração do fungicida (tanto sistêmico como protetor) e diminuindo os problemas devidos à cobertura inadequada da semente (Menten, 1996). O tratamento de sementes com solventes orgânicos tem sido recomendado para sementes de oleaginosas (Dhingra & Muchovej, 1980; Dhingra & Muchovej, 1982; Muchovej, 1987; Muchovej & Dhingra, 1979; Muchovej & Dhingra, 1980), como também para sementes de hortaliças (Muchovej et al., 1980). Segundo Dhingra & Acuña (1997), o uso de solventes orgânicos apresenta várias vantagens sobre os métodos convencionais: as sementes permanecem secas, não necessitando de nova secagem; por não serem aquosos, os solventes não estimulam o processo da germinação; evitam a imbibição e o aumento de volume das sementes, e, o mais importante, favorecem a penetração do fungicida na semente, o que evita a remoção por manipulação e a sua diluição em solos muito úmidos. Como desvantagens, os autores citam o custo elevado dos solventes e a toxicidade dos mesmos. Hepperley & Sinclair (1977) usaram solução aquosa de polietileno glicol (PEG – 6000) para introduzir antibióticos nas sementes de soja, cuja grande 53 vantagem é não ser tóxico nem inflamável. Outros solventes orgânicos reportados na literatura para o tratamento de sementes são acetona, benzeno, tetracloreto de carbono, clorofórmio, diclorometano, etanol (Ellis et al. apud Muchovej & Dhingra, 1979; Dhingra & Maffia, 1978; Muchovej & Dhingra, 1979; Muchovej & Dhingra, 1980; Dhingra & Muchovej, 1980). Porém, segundo Menten (1996), as substâncias mais promissoras são diclorometano, clorofórmio e tetracloreto de carbono, acetona, benzeno e etanol não são eficientes. O controle de fungos de sementes de cereais através do uso de fungicidas veiculados por solventes orgânicos tem sido pouco ou escassamente investigado no mundo. Vidhyasekaran (1980), em trabalhos de controle químico de Drechslera oryzae (Breda de Haan) Subram. & Jain. em sementes de arroz, chegou a concluir que o fungicida guazatina misturado com diclorometano erradicou o patógeno de todas as partes da semente quando essas foram imersas na mistura pelo espaço de uma hora. No Brasil, Purchio & Muchovej (1990) relataram que a viabilidade de sementes de trigo sadias não foi reduzida quando tratadas por 1,5 horas ou menos em acetona, benzeno, diclorometano ou tetracloreto de carbono. Quando sementes infectadas foram tratadas com captam, triadimenol, benomil, ou tiofanato metílico, com ou sem solventes, todos os fungicidas permitiram algum controle, exceto quando tratados em combinação com etanol, o qual reduziu severamente a germinação. As misturas captam + benzeno e triadimenol + acetona reduziram significativamente a percentagem de B. sorokiniana sem terem efeito negativo sobre a germinação. Neste 54 trabalho, contudo, nenhuma das combinações (fungicida + solvente) logrou erradicar o fungo alvo de controle. 55 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGRIOS, G. N. Plant pathology. 4th ed. New York. Academic Press. 1997. 635 p. AGARWAL, V.K. & SINCLAIR, J.B. Principles of seed pathology. 2da ed. CRC Press. Lewis Publishers. Boca Raton, Florida. 1997. 539 p. ALEXOPOULOS, C.J. & MIMS, C.W. Introducción a la micología. Barcelona, España. Ed. Omega. 1985. 638 p. ALVES, M.L.B.; TANAKA, M.A.S.; MENTEN, J.O.M. & NUNES, M.E.T. Inibição do crescimento micelial de Pyricularia oryzae de trigo e arroz por Bacillus spp. Fitopatologia Brasileira 15: 2831. 1990. ANDERSEN, N.A.L. Development of wheat head-bligth incited by Helminthosporium sativum. Phytopathology 42: 453-456. 1952. ANDERSON, T.R. & PATRICK, Z.A. Soil vampyrellid amoebae that cause small perforations in conidia of Cochliobolus sativus. Soil Biology and Biochemistry 12: 159-167. 1980. ANÔNIMO. 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CIMMYT. El Batán, México. 1984. 141 p. CAPÍTULO II EFEITO DO SUBSTRATO NA MORFOLOGIA DE CONÍDIOS DE Bipolaris sorokiniana E DA DENSIDADE DE INÓCULO NA INTENSIDADE DA MANCHA MARROM EM CEVADA Javier Toledo Barba, Erlei Melo Reis & Carlos A. Forcelini Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária Universidade de Passo Fundo C. P. 611, 99001-970 Passo Fundo, RS RESUMO ________________________________________________________ TOLEDO, J.; REIS, E.M. & FORCELINI, C.A. Efeito do substrato na morfologia de conídios de Bipolaris sorokiniana e da densidade de inóculo na intensidade da mancha marrom em cevada. O fungo Bipolaris sorokiniana causa a mancha marrom da cevada, doença foliar amplamente distribuída no mundo. A sua identificação ou diferenciação de outras espécies baseia-se principalmente na variação morfológica dos esporos. Porém, muitos fatores podem alterar o tamanho e a septação dos conídios dentro da espécie. O presente trabalho objetivou estudar o efeito de diferentes substratos no tamanho, septação e morfologia de conídios de B. sorokiniana, assim como o efeito da densidade de inóculo na intensidade da mancha marrom em plantas de cevada. Os substratos 81 constaram de seis meios de cultura diferentes, de sementes e folhas verdes de cevada, trigo, centeio e triticale. O tipo de substrato afetou significativamente o comprimento, a largura e o número de pseudoseptos de B. sorokiniana. Os esporos desenvolvidos em meios de cultura (68,2 × 21,9 m; 5,7 pseudoseptos) e em sementes sementes (78,3 × 20,4 m e 7,2 pseudoseptos) foram mais curtos, largos e com menor número de pseudoseptos, além de serem mais escuros e retos, com relação aos recuperados de tecidos verdes(92,9 × 18,2 m e 7,7 pseudoseptos). O efeito da densidade de inóculo foi testado através da aplicação de suspensões de esporos contendo 2.500, 5.000, 10.000, 15.000 e 20.000 conídios/mL a plantas de cevada do cultivar BR-2. A relação com a intensidade da mancha marrom seguiu uma tendência polinomial quadrática, na qual os pontos máximos corresponderam a 183 manchas/folha (16.500 esporos/mL) e 79% de severidade (14.000 esporos/mL). Finalmente, estimou-se que 50 a 90 esporos foram necessários para produzir uma lesão. Palavras-chave: Hordeum vulgare, concentração de esporos, nutrição. ABSTRACT ________________________________________________________ TOLEDO, J.; REIS, E.M. & FORCELINI, C.A. Effect of growing substrates on the morphology of Bipolaris sorokiniana conidia and the relationship of inoculum density to disease intensity for brown spot of barley. The fungus Bipolaris sorokiniana causes the brown spot, a barley disease worldwide. The fungus identification is based mainly on the morphology of its conidia, which may have their size and septation altered by many factors. In this research, the effect of growing substrates on the size, septation, and morphology of conidia, as well as the relationship of inoculum density to disease intensity were studied. The varius substrates included six culture media, seeds, and fresh leaves of barley, wheat, rye, and triticale. In addition to their less dark color and higher number of septa (7.7), conidia formed on fresh tissues were longer and narrower (92.9 × 18.2 m) than those found on seeds (78.3 × 20.4 m; 7.2 pseudosepta) or in culture media (68.2 × 21.9 m; 5.7 pseudosepta). The effect of inoculum density 82 (ID) on disease intensity (DI) was tested by applying spore suspensions (2,500, 5,000, 10,000, 15,000, and 20,000 conidia/mL) to plants of the barley cultivar BR-2. The ID/DI relationship was represented by a quadratic model equation, in which the maximum values of 183 lesion/leaf and 79 % disease severity were obtained with 16,500 and 14,000 conidia/mL, respectively. The number of conidia required for one leaf lesion was estimated in 50 to 90. Key words: Hordeum vulgare, inoculum density, nutrition. INTRODUÇÃO A mancha marrom, mancha foliar ou helmintosporiose da cevada, causada pelo fungo Bipolaris sorokiniana (Sacc.) Shoem. [sinônimos: Helminthosporium sativum Pammel, King & Bakke; Drechslera sorokiniana (Sacc.) Subram. & Jain, H. californicum Mackie & Paxton e H. sorokinianum Saccardo in Sorokin], anamorfo de Cochliobolus sativus (Ito & Kurib.) Drechs. ex Dastur, é uma doença amplamente distribuída no mundo, sendo encontrada em todas as regiões onde o cereal é cultivado (Sivanesan, 1987; Steffenson, 1997). Segundo Lutrell (1955), uma das causas pelas quais o fungo B. sorokiniana apresentou diferentes denominações ou sinônimos durante os primeiros 25 anos após a sua primeira descrição, em 1890, foi principalmente por causa das variações morfológicas dos conídios, originados de diferentes regiões geográficas e substratos. Estudos feitos por Dosdall (1923) revelaram que os conídios de B. sorokiniana apresentam variações morfológicas no tamanho e forma quando são produzidos em diferentes substratos, observações também 83 relatadas por Ellis (1971) e Sivanesan (1987). Em geral, o fungo caracteriza-se por apresentar grande variabilidade, tanto morfológica quanto fisiológica (Tinline, 1988; Matsumura, citado por Oliveira et al., 1998). Nesse sentido, Ruppel (1974) indica que a identificação ou diferenciação de espécies da maioria dos fungos baseia-se sobretudo na variação do tamanho das estruturas que eles produzem. Porém, muitos fatores podem alterar o tamanho dos conídios dentro da mesma espécie, dos quais os mais comuns são o meio de cultura sobre o qual o fungo é cultivado, a idade da cultura e a temperatura. Durante o processo de identificação de uma doença, a inoculação artificial é efetuada como parte dos postulados de Koch. Segundo FAO (1985), a inoculação pode ser utilizada em diversos estudos fitopatológicos, dependendo do objetivo do trabalho. Em alguns casos, é necessário determinar a densidade, ou concentração ideal, e o potencial do inóculo (Baker apud FAO, 1985), isso com a finalidade de conseguir resultados satisfatórios e reproduzíveis (padronização), assim como para conhecer aspectos biológicos do patógeno e epidemiológicos da doença (Fernandes et al., 1991). Nesse sentido, o presente trabalho objetivou estudar o efeito de diferentes substratos no tamanho e morfologia de conídios do fungo B. sorokiniana, bem como o efeito da densidade de inóculo na intensidade da mancha marrom em plântulas de cevada. MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho foi conduzido na Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Passo Fundo – RS no período de setembro/1999 a fevereiro/2000. 84 Substratos vs. morfologia de conídios Substratos. Conídios de B. sorokiniana foram obtidos de três diferentes tipos de substratos: a) meios de cultura: batatadextrosa-ágar (BDA), V-8 ágar (V-8), ágar-água (AA), extrato de tomate-ágar (ETA), papel-filtro (PF) e meio seletivo de Reis (MSR); b) sementes: cevada (SCv), trigo (STg), centeio (SCt) e triticale (STt), e c) folhas: cevada (FCv), trigo (FTg), centeio (FCt) e triticale (FTt). Para o desenvolvimento do fungo, as sementes foram acondicionadas em placas de petri com três discos de papel filtro umedecido (3,5 mL de água destilada esterilizada/disco), utilizando-se dez sementes com sintomas de ponta preta, incubadas por um período de sete dias. No caso dos conídios provenientes de tecidos verdes, folhas com sintomas avançados (lesões velhas com aparente esporulação natural) de mancha marrom ou helmintosporiose, das espécies especificadas, foram coletadas diretamente no campo. Mensuração dos conídios. Foi realizada a partir de suspensão de esporos do fungo em água destilada esterilizada (2 mL), da qual se pipetou uma amostra de 30 L sobre lâmina de microscopia. A medição foi feita em microscópio ótico, com régua graduada acoplada, na magnitude de 40×. Características avaliadas e análise estatística. Foram determinados o comprimento, a largura (região mais larga do conídio) e o número de pseudoseptos de 25 conídios, aleatoriamente, em cada uma das quatro repetições (total de cem conídios). Posteriormente, o comprimento e a largura foram transformados em função da equação: y = 2,5 (x), para se obter os valores reais das características medidas. O delineamento experimental foi completamente casualizado. As variáveis comprimento, largura e número de pseudoseptos foram 85 submetidas à análise de variância (P < 0,05), comparando-se as médias pelo teste de Scott & Knott (5%) e contrastes ortogonais (5%). Previamente à análise de variância, os valores foram submetidos ao teste de Kolmogorov & Smirnov para testar a sua normalidade. Densidade de inóculo vs. intensidade de doença Cultivo das plantas. Sementes de cevada do cultivar BR 2 foram distribuídas em vinte vasos de plástico (cinco sementes por vaso), correspondentes a quatro repetições por densidade de inóculo, com capacidade de 1 a 2 kg de substrato, contendo solo de horta peneirado e pH corrigido a 6. O solo foi umedecido com água + adubo para fertirrigação (Niphokan 1 mL/L de água). A semeadura foi feita a 2 cm de profundidade. Cinco dias após a emergência, as plântulas foram raleadas, deixando-se cinco por vaso. Os vasos permaneceram em casa-de-vegetação por quinze dias, sendo, então, transferidos para uma câmara climatizada (20 1 oC e fotoperíodo de 12 horas) por mais 12 dias. No estádio de 2 – 3 folhas verdadeiras (além da plúmula), as plantas foram inoculadas com B. sorokiniana. Obtenção do inóculo. O inóculo foi obtido a partir de colônias monospóricas com 14 dias, desenvolvidas em meio de batatasacarose-ágar + antibiótico (BSA + A). O fungo B. sorokiniana foi isolado de sementes de cevada (cultivar BR–2) naturalmente infectadas, as quais foram desinfestadas em solução aquosa de hipoclorito de sódio a 0,5%, durante cinco minutos, e após enxaguadas com água destilada esterilizada. Dez sementes foram dispostas em cada placa de petri contendo meio seletivo de Reis (Reis, 1983), em um total de cinco placas. A seguir, as placas foram incubadas em sala de crescimento com fotoperíodo de 12 horas e 86 temperatura de 25 sementes foram 2 oC, durante sete dias. Após a incubação, as examinadas sob microscópio estereoscópico (magnitude de 50×) quanto à formação de conídios de B. sorokiniana. Com a ajuda de uma agulha histológica flambada (esterilizada), micélio e conídios (na superfície da cariopse) foram transferidos para uma placa de petri contendo meio ágar-água e distribuí em sua superfície. Conídios individuais foram, então, transferidos para o meio de cultura definitivo (BSA), sendo um esporo por placa e cinco repetições. A incubação ocorreu por dez dias, nas mesmas condições descritas anteriormente. Após a incubação, procedeu-se à escolha de uma das colônias desenvolvidas (com características representativas do fungo), com a qual se trabalhou no transcurso do experimento. Decorridos dez dias, pequenas porções da colônia foram transferidas para tubos de ensaio contendo BSA, incubadas nas mesmas condições durante sete dias e armazenadas em refrigerador (10 1 oC). Outra parte da cultura pura foi colocada em placas de petri com BSA e incubada nas mesmas condições durante sete dias para o aumento de inóculo. Preparo da suspensão de inóculo: A partir das culturas produzidas, preparou-se uma suspensão de esporos em água estéril + tween 20 (2 gotas/L), cuja densidade de inóculo foi determinada contando-se o número de esporos contidos em uma gota de volume conhecido por varredura ao microscópio (lamínula de 24 × 32 mm). A concentração final foi ajustada para 2 × 104 conídios/mL, conforme utilizado por Frank & Christ (1988). A partir dessa concentração, e por diluição, obtiveram-se concentrações de 1,5 × 104, 1 × 104, 5 × 103 e 2,5 × 103. As diferentes suspensões foram armazenadas por algumas 87 horas (2 – 8 horas) em refrigerador (10 1 oC), prévio à inoculação, para evitar a germinação dos esporos. Inoculação e incubação das plantas. Plantas com 27 dias de idade foram inoculadas com as cinco concentrações de inóculo (descritas no parágrafo anterior). Para isso, preparou-se um volume de 300 mL de suspensão de conídios em água para cada uma das concentrações. O volume final utilizado variou de 200 a 230 mL por tratamento (cinco repetições ou vasos com 4 – 5 plantas), sendo aplicado através de um atomizador manual comum (plástico). Plantas de cinco vasos foram inoculadas com água destilada estéril como testemunha. A inoculação foi iniciada com a testemunha e, na seqüência, da menor para a maior concentração (2 × 104). As plantas inoculadas foram protegidas com câmaras plásticas (armações de madeira cobertas com plástico transparente) previamente atomizadas com água nas suas paredes internas, para assegurar alta percentagem de umidade relativa (aproximadamente > 95%) e manter o molhamento foliar das plantas. O solo dos vasos foi umedecido pela adição de 500 mL de água nas bandejas. As câmaras plásticas foram vedadas com fita adesiva. As plantas foram mantidas nessas condições por 48 horas, à temperatura de 25 1 oC. Após da remoção da proteção, as plantas foram mantidas na câmara climatizada até a manifestação dos sintomas da doença. Características avaliadas e análise estatística. Quando do aparecimento dos sintomas e antes das manchas coalescerem (lesões de 0,2 a 0,5 mm), procedeu-se à contagem do número de lesões por folha (4 dias após da inoculação) e à avaliação da severidade por folha ou percentagem da área foliar afetada (% AFA) (7 dias após da inoculação). As avaliações foram feitas na primeira e segunda folhas 88 desenvolvidas após a plúmula. O delineamento experimental empregado foi completamente casualizado. Os valores obtidos foram submetidos à análise de distribuição normal, análise de variância e à regressão polinomial. RESULTADOS Substratos vs. morfologia de conídios. As características conidiais de B. sorokiniana, relativas ao comprimento, largura e número de pseudoseptos, além de outros aspectos importantes não mensuráveis, como a forma e a coloração dos conídios, foram afetadas significativamente pelos diferentes substratos utilizados. Na Tabela 1, pode-se observar que, entre os meios de cultura utilizados, os conídios desenvolvidos no MSR apresentaram os maiores valores médios de comprimento (76,6 m), enquanto que os esporos mais largos foram encontrados nos meios BDA, PF, AA e MSR (22,1 a 22,8 m), característica que evidenciou a menor variabilidade entre os meios de cultura. Em relação ao número de pseudoseptos, o meio ETA evidenciou o valor mais alto (6,8). Em relação aos conídios desenvolvidos em sementes, os provenientes de SCt e STg foram os mais compridos (82,6 e 81,3 m), ao passo que os desenvolvidos em SCv e SCt, os mais largos (21,6 e 21,8 m, respectivamente). O maior número de pseudoseptos foi encontrado nos conídios recuperados de STg (7,7). Quanto aos conídios desenvolvidos em folhas verdes, as diferenças estatísticas são menores, principalmente quando se referem a comprimento (92,8 – 95,7 m), no qual apenas os conídios 89 provenientes de FTt apresentaram o menor valor médio (88,5 m), estatisticamente diferente aos demais. Os conídios mais largos foram os desenvolvidos em FCt (19,5 m), sendo que os provenientes das folhas dos outros cereais, foram mais uniformes. O maior número de pseudoseptos ocorreu nos conídios recuperados de FCt (8,2) e FCv (8,0). Tabela 1. Comprimento, largura e número de pseudoseptos de conídios de Bipolaris sorokiniana desenvolvidos em diferentes substratos Substrato1 Meios de cultura BDA2 V-82 AA2 ETA2 PF MSR Sementes SCv STg SCt STt Folhas FCv FTg FCt FTt Média Comprimento ( m) Largura ( m) Número de pseudoseptos 65,28 f 3 59,98 g 65,93 f 70,10 e 71,08 e 76,60 d 22,78 a 21,03 b 22,33 a 20,73 b 22,53 a 22,15 a 4,83 d 5,30 d 5,83 c 6,80 b 5,93 c 5,73 c 73,95 d 81,30 c 82,63 c 75,65 d 21,65 b 19,33 c 20,83 b 19,85 c 6,40 c 7,75 a 7,40 b 7,25 b 94,70 a 92,78 a 95,73 a 88,53 b 78,16 17,75 d 17,70 d 19,48 c 18,05 d 20,44 8,03 a 7,18 b 8,25 a 7,45 b 6,72 13,51 0,45 0,17 QME 39,19 ** 28,43 ** 26,49 ** FC 4,70 3,27 6,15 C.V. (%) 5,25 0,95 0,59 D.M.S. (5%) (1) Meios de cultura: batata-dextrosa-ágar (BDA), V-8 ágar (V-8), ágar-água (AA), extrato de tomate ágar (ETA), papel-filtro (PF) e meio seletivo de Reis (MSR). Sementes: cevada (SCv), trigo (STg), centeio (SCt) e triticale (STt). Folhas: cevada (FCv), trigo (FTg), centeio (FCt) e triticale (FTt). (2) Meios de cultura + 0,2 g de estreptomicina por litro de água (3) Médias seguidas por letras distintas na vertical diferem entre si pelo teste de Scott & Knott (5%) 90 Na Tabela 2, apresentam-se os valores extremos de comprimento, de largura e do número de pseudoseptos encontrados em conídios de B. sorokiniana recuperados de diferentes substratos, na qual é possível observar que os valores máximos oscilaram entre 88 e 128 m de comprimento, 21 a 33 m de largura e um número de 8 a 12 pseudoseptos; os valores mínimos tiveram uma variação de 25 a 71 m no comprimento, 14 a 18 m na largura e 1 a 5 pseudoseptos. Por outro lado é possível notar que os conídios desenvolvidos sobre folhas verdes, independentemente da espécie de cereal de onde foram recuperados, apresentaram os maiores valores extremos de comprimento (máximo e mínimo), sendo marcadamente superiores aos demais. Em função da diferença acentuada no comprimento dos conídios produzidos em folhas verdes, realizaram-se comparações através de contrastes ortogonais, com a finalidade de estabelecer diferenças estatísticas gerais nas características avaliadas entre os esporos desenvolvidos nos três tipos de substratos (Tabela 2). O resultado da análise de contrastes ortogonais dos valores médios, evidenciou uma marcada diferença significativa em tamanho (comprimento e largura) e número de pseudoseptos, entre os conídios desenvolvidos em meios de cultura, sementes e tecidos verdes (folhas). Em geral, é possível deduzir que os esporos desenvolvidos em folhas verdes foram estatisticamente os mais compridos e, ao mesmo tempo, os mais estreitos (92,9 × 18,2 m), situação oposta à que ocorreu com os conídios desenvolvidos em meios de cultura (68,2 91 × 21,9 m). Por outro lado, os esporos desenvolvidos sobre sementes ocuparam uma posição intermediária (78,3 × 20,4 m). Tabela 2. Valores extremos de comprimento × largura (em m) e número de pseudoseptos encontrados em conídios de Bipolaris sorokiniana desenvolvidos em diferentes substratos Substrato1 Valores Máximos Valores Mínimos Valores Médios 100 × 28 (8) 88 × 25 (8) 95 × 28 (8) 91 × 25 (9) 98 × 30 (10) 108 × 33 (9) 96,7 × 28,2 (8,7) 29 × 15 (1) 25 × 14 (1) 28 × 15 (1) 38 × 14 (2) 35 × 15 (2) 35 × 18 (1) 31,7 × 15,2 (1,3) 65,3 × 22,8 (4,8) 60,0 × 21,0 (5,3) 65,9 × 22,3 (5,8) 70,1 × 20,7 (6,8) 71,1 × 22,5 (5,9) 76,6 × 22,1 (5,7) 68,2 × 21,9 (5,7) 100 × 31 (11) 38 × 18 (1) 106 × 23 (11) 43 × 15 (4) 120 × 28 (12) 33 × 15 (2) 108 × 23 (11) 39 × 15 (4) 108,5 × 26,2 (11,2) 38,2 × 15,8 (2,8) 73,9 × 21,6 (6,4) 81,3 × 19,3 (7,7) 82,6 × 20,8 (7,4) 75,6 × 19,8 (7,2) 78,3 × 20,4 (7,2) 125 × 20 (11) 66 × 15 (4) 123 × 21 (11) 53 × 15 (4) 125 × 21 (10) 53 × 15 (3) 128 × 30 (12) 71 × 15 (5) 125,2 × 23,0 (11,0) 60,7 × 15,0 (4,0) 94,7 × 17,7 (8,0) 92,8 × 17,7 (7,2) 95,7 × 19,5 (8,2) 88,5 × 18,0 (7,4) 92,9 × 18,2 (7,7) Média Geral 108,2 × 26,1 (10,1) 41,8 × 15,3 (2,5) 78,1 × 20,4 (6,7) Meios BDA2 V-82 AA2 ETA2 PF MSR Média Sementes SCv STg SCt STt Média Folhas FCv FTg FCt FTt Média Contrastes ortogonais Comprimento: (Meios de cultura + Sementes) vs. Folhas Meios de cultura vs. Sementes Largura: (Meios de cultura + Sementes) vs. Folhas Meios de cultura vs. Sementes Número de pseudoseptos (Meios de cultura + Sementes) vs. Folhas Meios de cultura vs. Sementes 3 Error F 0,155 1,237 361,83** 74,25** 0,028 0,043 241,61** 48,87** 0,017 0,027 131,88** 120,71** (1) Meios de cultura: batata-dextrosa-ágar (BDA), V-8 ágar (V-8), ágar-água (AA), extrato de tomate ágar (ETA), papel-filtro (PF) e meio seletivo de Reis (MSR). Sementes: cevada (SCv), trigo (STg), centeio (SCt) e triticale (STt). Folhas: cevada (FCv), trigo (FTg), centeio (FCt) e triticale (FTt). (2) Meios de cultura + 0,2 g de estreptomicina por litro de água. (3) Análise de contraste ortogonal dos volores médios. 92 No relacionado com o número de pseudoseptos, a análise de contrates ortogonais demonstrou que os esporos provenientes de tecidos verdes (folhas) foram estatisticamente superiores (7,7) aos desenvolvidos sobre sementes (7,2) e em meios de cultura (5,7). Também foi possível observar que os conídios desenvolvidos em tecidos verdes (folhas) apresentam uma coloração marrom-oliva-clara e são ligeiramente curvados, ao passo que os esporos desenvolvidos em sementes ou meios de cultura mostram-se mais escuros (marrom-oliva-escuros) e retos. Densidade de inóculo vs. intensidade de doença. Decorridas 36 a 48 horas da inoculação, as folhas de cevada, cultivar BR-2, passaram a evidenciar os primeiros sintomas: pequenas lesões cloróticas arredondadas, que evoluíram para pequenos pontos castanho escuros no centro da lesão, rodeados por um extenso halo amarelo. Posteriormente, essas lesões pequenas se desenvolveram formando manchas alongadas ovaladas, de cor castanho-clara (no centro com um ponto escuro) com bordos difusos e halo amarelo proeminente (96 horas após a inoculação); nesse momento, as manchas mediam de 0,5 a 3 mm. Algumas manchas apresentaram, na parte central, uma área esbranquiçada rodeada por um halo castanhoescuro. As relações entre a densidade de inóculo e a intensidade de doença, número de manchas/folha e severidade foram representadas por equações polinomiais quadráticas (Figura 1). Os dados demonstram um aumento crescente da intensidade da mancha marrom com o aumento da concentração de inóculo de B. sorokiniana atingindo o nível mais alto (ponto máximo) do número de manchas 93 por folha e de severidade da doença %AFA, com 1,65 × 104 e 1,4 × 104 conídios/mL, respectivamente, para, posteriormente, diminuir. Os pontos máximos corresponderam a 182 manchas/folha e 79% de severidade (AFI), valores equivalentes à média de duas folhas (folhas primárias emergidas após da plúmula). Em função desses resultados, é possível estimar que uma quantidade de 50 a 90 esporos sejam necessários para produzir uma lesão. Número de manchas Severidade (%AFA) 200 175 y = -7E-07x2 + 0.023x - 7.8541 R2 = 0.974 P = 0.000** Intensidade 150 125 100 75 y = -4E-07x2 + 0.0112x + 0.2699 R2 = 0.9054 P = 0.000** 50 25 0 0 5000 10000 15000 20000 25000 Densidade de inóculo (conídios/mL) Figura 1. Efeito da densidade de inóculo de Bipolaris sorokiniana no número de lesões por folha e na severidade da mancha marrom em folhas de plântulas de cevada. 94 DISCUSSÃO Substratos vs. morfologia de conídios. Os gêneros e as espécies dos fungos imperfeitos são diferenciados através de características morfológicas como cor, tamanho e septação de conídios e conidióforos, com considerações adicionais sobre a classe de hospedeiros (Kafi & Tarr, 1966). Dentro do grupo dos fungos dematiáceos hyphomycetes (como Bipolaris, Drechslera e Exserohilum), o tamanho dos conídios e o número de septos por conídios constituem-se num critério importante para a separação de espécies (Harding, 1975a). Porém, segundo Harding (1975a), essas características podem ser afetadas pelo meio de cultura utilizado na produção dos esporos. Os resultados obtidos neste trabalho (Tabela 1) corroboram o proposto por Harding (1975a), pois foram encontradas diferenças estatisticamente significativas (P < 0,01) não só entre os quatorze substratos comparados, mas também quando eles foram agrupados em três tipos (Tabela 3). O agrupamento permitiu definir diferenças marcantes entre os conídios desenvolvidos em meios de cultura: 68,2 × 21,9 m (5,7), como os mais pequenos, largos e com menor septação; sementes: 78,3 × 20,4 m (7,2), intermediários; e folhas verdes: 92,9 × 18,2 m (7,7), os mais compridos, estreitos e com maior septação. Já em 1923, Dosdall reportou diferenças no comprimento entre esporos produzidos sobre diferentes substratos, dos quais aqueles produzidos sobre folhas verdes de cevada foram 23 a 26% maiores aos produzidos no meio batata-dextrose-ágar e em espigas maduras de cevada (autoclavadas). Por outro lado, o autor 95 observou que temperaturas altas (28 oC) induzem a formação de conídios pequenos, ao passo que temperaturas baixas (14 oC) são responsáveis pela produção de conídios mais longos, variações que também foram reportadas por Ruppel (1974). Segundo Elliott (1949), o comprimento e o número de septos dos conídios podem variar com a concentração de glicose adicionada ao meio de cultura, exercendo um marcado efeito sobre essas características. As fontes de carbono constituem-se num fator que afeta as dimensões conidiais, porém menos significativo que o efeito da glicose (Kafi & Tarr, 1966). Outros fatores, como o pH inicial do meio (Tarr & Kafi, 1968; Harding, 1975a), as fontes de nitrogênio (Harding, 1975b) e a idade do meio de cultura (Ruppel, 1974), podem também afetar tais características. Em relação a esses fatos, é possível afirmar que os conídios desenvolvidos em tecidos verdes apresentam o maior comprimento em virtude à interação do substrato e do ambiente (temperatura e, possivelmente, da luminosidade). Com relação aos valores extremos máximos, mínimos e médios (Tabela 2), as características conidiais estudadas, em geral, encontram-se dentro da descrição morfológica reportada por Ellis (1971), Sivanesan (1987) e Mehta (1993), que são: comprimento de 40-134 m (geralmente 60-100), largura de 15-30 m (geralmente 1823), na parte mais larga do conídio, e 3 a 12 (geralmente 6 a 10) distoseptos ou pseudoseptos. Os poucos esporos encontrados com um só septo possivelmente são imaturos. Portanto, em razão dessas variações na morfologia dos conídios e de outras características culturais e fisiológicas, o fungo B. sorokiniana é considerado um patógeno que apresenta grande 96 variabilidade, tanto morfológica quanto fisiológica (Tinline, 1988; Valim-Labres et al., 1997; Matsumura apud Oliveira et al., 1998). Por essa razão, em trabalhos de identificação ou reconhecimento do patógeno, devem-se padronizar as características conidiais em função do substrato onde o fungo foi cultivado ou recuperado para, assim, evitar possíveis erros na sua identificação. Sempre que possível, as dimensões padrões deveríam ser tomadas a partir de conídios formados sobre o substrato natural do hospedeiro. Densidade de inóculo vs. intensidade de doença. As condições ambientais altamente favoráveis à mancha marrom (25 1 o C e 95 a 100% de UR por 48 horas) propiciaram a manifestação precoce dos sintomas da doença entre 36 e 48 horas após a inoculação. Neste particular, Couture & Sutton (1978) relatam que o fungo B. sorokiniana requer entre 9 a 24 horas de molhamento foliar para produzir infeção dos órgãos foliares, sendo o ótimo de 20 a 24 horas (Filippova & Kashemirova, 1991). Por outro lado, o desenvolvimento da doença é acelerado sob condições de alta umidade relativa e períodos longos de molhamento (Zillinsky, 1984; Dehne & Oerke, 1985), situação que vem corroborar a pronta manifestação e caracterização dos sintomas observados no presente experimento. Num período de dois a sete dias, os sintomas manifestaram-se em sua plenitude, ocasionando, em alguns casos (densidades de 1,5 × 104 e 2 × 104), necrose completa das folhas (95 a 100% de severidade), por causa do elevado número de lesões por folha e do seu desenvolvimento rápido, coalescendo e ocasionando a morte prematura das mesmas. Quanto à temperatura, Filippova & Kashemirova (1991) e Khanna & Shukla (1981) mencionam que o ótimo para o 97 desenvolvimento da doença oscila entre 22 e 30 oC, acelerando-se com 24 oC e produzindo maior número de lesões necróticas a 28 oC (Clark & Dickson, 1957; Luz & Bergstrom, 1986). A determinação da concentração ótima de inóculo, assim como do seu potencial, é necessária quando se objetiva obter dados reproduzíveis e, portanto, padronizados, assim como para elucidar aspectos biológicos do patógeno-alvo do estudo ou epidemiológicos da doença (Fernandes et al., 1991). Em função da tendência da curva quadrática representada na Figura 1, verificou-se um incremento significativo da intensidade da doença até atingir 1,65 × 104 (número de manchas por folha) e 1,4 × 104 conídios/mL (severidade da doença), quando tendeu a diminuir. Isso pode ser atribuído ao fato de que altas densidades de inóculo podem produzir um efeito antagônico na germinação dos esporos e/ou vários esporos podem participar de uma única infecção (Van Der Plank, 1963; Van Der Plank, 1975). Segundo Van Der Plank (1975), a severidade de doenças pode aumentar proporcionalmente com a concentração de esporos do patógeno até uma determinada concentração, acima da qual, dependendo do patossistema, pode ocorrer uma redução na intensidade da doença, causada, provavelmente, pela auto-inibição da germinação dos esporos, assim como, pela existência de um número limitado de sítios de infecção Não se encontrou, na literatura pesquisada, qualquer informação específica sobre esses fenômenos para B. sorokiniana, sendo, portanto, necessária a confirmação desta hipótese. Quanto à quantidade de esporos necessários para produzir uma lesão (50 a 90 conídios), o desconhecimento da viabilidade dos mesmos (% germinação), não permite precisar com exatidão o número ótimo. 98 Por outro lado, em fitomelhoramento, a definição da densidade ótima e do potencial do inóculo para uso em trabalhos de seleção é de vital importância. Como indicam Carvalho et al. (1981), quando se trata da verificação de níveis de resistência ou seleção de plantas resistentes à enfermidade, altas ou baixas concentrações poderiam comprometer a reação do material testado. Neste sentido, em trabalhos rotineiros de melhoramento de cevada desenvolvidos em Minnesota nos Estados Unidos, concentrações de esporos que oscilam entre 5 × 104 e 1 × 105 são utilizadas (Miles et al., 1987; Miles et al., 1989; Wilcoxson et al., 1990). Essas concentrações superam em 300 a 600% as determinadas neste trabalho, o que, conseqüentemente, pode determinar a eliminação de materiais em programas de melhoramento, a necessidade de muita mão-de-obra na multiplicação de inóculo, especialmente quando se trata de programas de melhoramento em grande escala. CONCLUSÕES O substrato afetou significativamente o comprimento, a largura e o número de pseudoseptos de conídios do fungo B. sorokiniana. Os esporos desenvolvidos em meios de cultura e em sementes foram mais curtos, largos e com menor número de pseudoseptos, além de serem mais escuros e retos, com relação aos recuperados de tecidos verdes. Quanto ao efeito da densidade de inóculo na intensidade da mancha marrom, o modelo de regressão seguiu uma tendência polinomial quadrática. 99 Em trabalhos de identificação ou reconhecimento do patógeno, sempre que possível, as dimensões padrões deveríam ser tomadas a partir de conídios formados sobre o substrato natural do hospedeiro. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARVALHO, L.P.; CARVALHO, J.M.F.C.; LIMA, E.F. & CAVALCANTE, F.B. Influência da concentração de esporos da patogenicidade de Colletotrichum gossypii South var. cephalosporioides A.S. Costa e avaliação da resistência de cultivares e linhagens de algodoeiro herbáceo à ramulose. Fitopatologia Brasileira 6: 395-402. 1981. CLARK, R.V. & DICKSON, J.G. The relation of temperature on disease development by Helminthosporium sativum on barley. Phytopathology 47: 6. 1957. COUTURE, L. & SUTTON, J.C. Relation of weather variables and host factors to incidence of airborne spores of Bipolaris sorokiniana. Canadian Journal of Botany 56: 2162-2170. 1978. DEHNE, H. W. & OERKE, E. C. Investigations on the occurrence of Cochliobolus sativus on barley and wheat. I. Influence of pathogen, host plant and environment on infection and damage. Zeitschrift für Pflanzenkrankheiten u nd Pflanzenschutz 92: 270-280. 1985. DOSDALL, L. 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O fungo Bipolaris sorokiniana, agente causal da helmintosporiose da cevada, sobrevive como micélio em sementes infectadas e saprofiticamente nos restos culturais de seus hospedeiros. Em experimentos conduzidos em laboratório, diferentes métodos [papel filtro, papel filtro + componentes líquidos do meio seletivo de Reis (MSR), batata dextrose ágar (BDA), extrato de tomate, V-8, meio seletivo de Reis (MSR) e meio seletivo de Dodman & Reinke] foram comparados visando selecionar o mais sensível para detecção de B. sorokiniana em sementes de cevada. Os meios foram testados com e sem congelamento das sementes. Sem congelamento, os meios seletivos foram mais sensíveis na detecção de B. sorokiniana, 104 seguidos pelo meio de BDA. O método de papel-filtro padrão ocupou uma posição intermediária, estatisticamente inferior aos demais. Sob congelamento a – 20 oC (durante 16 horas), o tratamento térmico anulou o efeito dos substratos na detecção do fungo, de tal modo que todos apresentaram comportamento estatisticamente semelhante. Esse procedimento não afeta positivamente a detecção do fungo-alvo deste estudo. Por outro lado, o meio de Reis foi mais sensível que o de papel-filtro + congelamento na detecção de B. sorokiniana em sementes com diferentes níveis de incidência. Palavras-chave: Hordeum vulgare, patologia sementes, análise, helmintosporiose. ABSTRACT ________________________________________________________ TOLEDO, J.; REIS, E.M. & FORCELINI, C.A. Comparison of methods for the detection of Bipolaris sorokiniana in barley seeds. The fungus Bipolaris sorokiniana, the causal agent of the brown spot of barley, survives as micelium in infected seeds or saprofiticaly on host plant debris. In lab experiments, various methods for seed testing [blotter test; blotter test + liquid components of the Reis selective medium; PDA medium; tomato paste medium; V-8 medium; Reis selective medium, and the Dodman & Reinke selective medium] were compared regarding the detection of B. sorokiniana in barley seeds. The selective media (especially the Reis medium) were more sensitive than the PDA and the blotter tests. Seed freezing (-20 C for 16 hours) prior to incubation did not improve the fungus detection and determined similar results for all methods. Key words: Hodeum vulgare, seed pathology, seed testing, spot blotch. 105 INTRODUÇÃO Sementes de cevada, freqüentemente, encontram-se infectadas por fungos patogênicos como Bipolaris sorokiniana (Sacc.) Shoem., Drechslera teres (Sacc.) Shoem. e Fusarium graminearum Schwabe, agentes causais de doenças que limitam a produtividade dessa cultura no sul do Brasil, especialmente nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Através das sementes infectadas, fungos como B. sorokiniana são introduzidos em áreas novas de cultivo ou em lavouras sob rotação de culturas, sendo posteriormente transmitidos para os órgãos radiculares (mesocótilo e raízes seminais) e aéreos (coleóptilo e plúmula). No trigo, estudos sobre a eficiência de transmissão desse fungo relatam valores de até 88% ao coleóptilo (Reis & Forcelini, 1993), 68% ao mesocótilo (Forcelini, 1992) e 38% à plúmula (Toledo et al., 1996). Por causa da elevada transmissão que B. sorokiniana apresenta, Reis (1987) considera que o controle desse fungo deve ser orientado à erradicação na semente a fim de reduzir o inóculo primário na lavoura. Para isso, torna-se necessário contar com métodos de detecção mais sensíveis que permitam revelar o máximo de incidência do patógeno, proporcionando maior precisão na quantificação do fungo veiculado pela semente, sobretudo quando se trata de testes de eficácia de fungicidas ou outros métodos de erradicação. Entre os vários métodos disponíveis para detecção de fungos em sementes, os testes com papel-filtro são os mais conhecidos e utilizados, dentre os quais se destaca o de congelamento desenvolvido por Limonard (1966). Esse método é o mais amplamente 106 usado nos testes rotineiros de sanidade de sementes (Mathur, 1983; Neergaard, 1983), embora a incidência de muitos fungos e bactérias contaminantes, que crescem rapidamente neste substrato, possa impedir a frutificação dos fungos-alvo, dificultando a sua identificação e quantificação, sobretudo os de crescimento lento. Nesse último caso, a incidência pode ser subestimada (Tempe, 1970; Neergaard, 1973; Reis et al., 1999). O desenvolvimento de meios seletivos ou semi-seletivos para a detecção de conídios dormentes de B. sorokiniana no solo (Stack, 1977; Kulkarni et al., 1978; Dodman & Reinke, 1982; Reis, 1983; Filippova & Kashemirova, 1990) tem aberto a possibilidade de seu uso na detecção desse fungo em análises rotineiras de patologia de sementes, como concluem e recomendam Reis et al. (1999). O presente trabalho teve por objetivo comparar e avaliar diferentes meios de cultura e métodos usados em laboratório, com a finalidade de selecionar o mais sensível na detecção de B. sorokiniana associado a sementes de cevada. MATERIAL E MÉTODOS Os trabalhos foram conduzidos no Laboratório de Fitopatologia da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Passo Fundo - RS, no período de dezembro/2000 a fevereiro/2001. Considerando-se o número de tratamentos e o tempo requerido nas avaliações, optou-se por conduzir o trabalho em dois grupos de experimentos: a) semente sem congelamento e b) semente com congelamento. Cada experimento foi desenvolvido com lotes de sementes diferentes. 107 Em cada experimento foram testados sete métodos de detecção, empregando-se sementes de cevada do cultivar BR-2, naturalmente infectadas com B. sorokiniana. Os métodos comparados foram: 1) papel-filtro (Tempe, 1970); 2) papel-filtro + componentes líquidos do meio seletivo de Reis; 3) meio batata-dextrose-ágar (BDA) (preparado de acordo com Fernandez, 1993); 4) meio extratotomate-ágar (Fernandez, 1993); 5) meio V-8 ágar (Fernandez, 1993); 6) meio seletivo de Reis (Reis, 1983); e 7) meio seletivo de Dodman & Reinke modificado (Dodman & Reinke, 1982). O método 2 (papel-filtro + MSR) utilizou uma solução composta por estreptomicina (0,5 g) dissolvida em 50 mL de água destilada esterilizada (ADE), neomicina (0,3 g) em 50 ml de ADE, benomil (0,06 g) em 32 mL de ADE, botram (5 mL de suspensão estoque) e captam (3 mL de suspensão estoque), em um volume total de 140 mL. Desta suspensão final, pipetou-se uma alíquota de 3,5 mL por placa de petri contendo três discos de papel filtro (total de placas: 40). O mesmo volume foi empregado no método 1 (3,5 mL de água destilada esterilizada/placa). Os meios seletivos sofreram algumas modificações. O meio de Reis teve sua quantidade de benomil incrementada de 0,05 para 0,06 g. No meio de Dodman & Reinke, o hidrocloreto de clorotetraciclina e o captafol foram substituídos por hidrocloreto de tetraciclina e por captam. Para os outros meios (métodos 3, 4 e 5), empregou-se 0,2 g de sulfato de estreptomicina por litro de meio. No experimento 1 (semente sem congelamento), as sementes foram plaqueadas de forma eqüidistante, mediante o uso de pinça esterilizada. Previamente, as sementes foram desinfestadas com hipoclorito de sódio 0,5% durante três minutos. Os trabalhos foram 108 realizados em câmara de isolamento de fluxo laminar, principalmente para os métodos 3, 4 e 5. Utilizaram-se dez sementes por placa. Após o plaqueamento das sementes, as placas de petri (9 cm de diâmetro) foram vedadas com papel parafinado (“parafilm”) para evitar a perda de umidade durante a incubação. Cada tratamento contou com quatro repetições. A seguir, as sementes foram incubadas em câmara de crescimento com fotoperíodo de 12 horas e temperatura de 25 2 oC. No experimento 2 (semente com congelamento), as sementes foram desinfestadas com hipoclorito de sódio a 0,5%, por três minutos, e plaqueadas de forma eqüidistante em caixas Gerbox contendo três folhas de papel-filtro esterilizadas, umedecidas com 7 mL de água destilada esterilizada, onde foram acondicionadas 100 a 120 sementes. Nessas condições, as sementes foram mantidas em câmara de crescimento com fotoperíodo de 12 horas e temperatura de 25 2 oC durante 24 horas, para induzir a germinação; após esse período, as sementes foram congeladas a – 20 1 oC, por 16 horas, para interromper a germinação, segundo a metodologia empregada por Pryor et al. (1994). Finalmente, transcorrido esse período, as sementes foram plaqueadas com ajuda de uma pinça esterilizada (flambada cada vez que se tomava uma semente), para os diferentes métodos de detecção testados, sendo as placas vedadas com “parafilm”. Em cada placa foram colocadas dez sementes. Cada tratamento contou com quatro repetições. Em ambos os experimentos, o tempo de incubação variou em função do método usado: cinco dias para os métodos de extrato de tomate e V-8-ágar; sete dias para batata-dextrose-ágar; oito dias para papel-filtro e papel-filtro + MSR; onze dias para os meios seletivos. Finalizado o período de incubação, as sementes e/ou as colônias 109 desenvolvidas foram examinadas sob microscópio estereoscópio (lupa binocular Zeiss 50×) para a identificação do fungo através da observação das suas estruturas reprodutivas. Foram consideradas infectadas as sementes com conidióforos e conídios de B. sorokiniana, conforme descrição por Ellis (1971) e Sivanesan (1987). Em função dos resultados obtidos nos dois experimentos anteriores, e com a finalidade de estudar o possível efeito do congelamento (– 20 oC) na detecção de B. sorokiniana na semente, planejou-se um terceiro experimento, no qual se compararam quatro métodos ou tratamentos: 1) papel-filtro; 2) meio seletivo de Reis; 3) papel-filtro + congelamento; e 4) meio seletivo de Reis + congelamento. Neste experimento, foram conduzidos dois ensaios: o primeiro com sementes de cevada (cultivar BR-2), com incidência inferior a 20%; o segundo com sementes de trigo (cultivar Sonalika), com incidência superior a 70%. O período de incubação foi de dez dias para todos os tratamentos. Cada tratamento constou com cinco repetições. Nos três experimentos, o delineamento experimental empregado foi de tratamentos completamente casualizados. Para cada método, empregaram-se cem sementes por repetição, distribuídas em dez placas. Os dados obtidos foram expressos em percentagem de sementes infectadas com B. sorokiniana ou incidência do fungo, sendo submetidos à análise de variância (P < 0,05), comparando-se as médias pelo teste de Tukey (5%) e por contrastes ortogonais a 5% de probabilidade (experimento 3). Antes de se proceder à análise de variância, os dados foram submetidos ao teste de Kolmogorov & Smirnov para testar a sua normalidade. 110 RESULTADOS A incidência de B. sorokiniana em sementes de cevada foi afetada significativamente (P < 0,01) pelos diferentes métodos de detecção que não envolveram congelamento das sementes (Experimento 1). Por outro lado, nas sementes submetidas ao congelamento (Experimento 2), os métodos comparados não evidenciaram diferenças estatísticas entre si (Tabela 1). Tabela 1. Incidência média de Bipolaris sorokiniana em sementes de cevada analisadas por diferentes métodos de sanidade, sem ou com congelamento Métodos 1. Papel-filtro 2. Papel-filtro + MSR (2) 3. Batata-dextrose-ágar (3) 4. Extrato tomate-ágar (3) 5. V-8-ágar (3) 6. M.S. de Reis (4) 7. M.S. de Dodman & Reinke (4) Incidência (%) Sem Com congelamento congelamento (experimento 1)1 (experimento 2)1 5 28,25 c 15,25 13,75 d 12,25 38,50 ab 15,25 30,50 bc 15,50 32,25 bc 16,75 43,00 a 16,50 42,75 a 18,00 16,20 7,38 Q.M.E. 25,06** 1,75 n.s. FC 12,46 17,37 C.V. (%) 5,99 3,99 D.M.S. (5%) (1) Experimentos desenvolvidos com lotes de sementes diferentes (cv. BR –2). (2) Papel-filtro + componentes líquidos do meio seletivo de Reis. (3) Meio de cultura + 0,2 g de sulfato de estreptomicina. (4) M.S. = meios seletivos para recuperar B. sorokiniana do solo. (5) Médias seguidas por letras distintas na vertical diferem entre si pelo teste de Tukey (5%) Em função dos resultados expressos na Tabela 1, é possível deduzir que os métodos de incubação que utilizaram meios seletivos (métodos 6 e 7) foram os mais sensíveis na detecção de B. 111 sorokiniana (43 e 42,8% de incidência), sem diferenças estatísticas entre si. O meio BDA (incidência de 38,5%) evidenciou um comportamento estatisticamente similar aos meios seletivos, ao passo que os métodos V-8-ágar, extrato de tomate-ágar e papel-filtro foram menos eficazes. O método de papel-filtro + MSR (método 2) demonstrou ser o menos sensível, pois nele se detectou a menor incidência do fungo. Tabela 2. Incidência média de Bipolaris sorokiniana a partir de sementes de cevada e trigo analisadas por diferentes métodos de sanidade Métodos 1. Papel-filtro sem congelamento 2. Meio seletivo de Reis sem congelamento 3. Papel-filtro com congelamento 4. Meio seletivo de Reis com congelamento Incidência (%) Cevada1 Trigo2 9,2 72,2 14,4 75,2 9,6 78,0 12,0 78,2 Q.M.E. FC C.V. (%) D.M.S. (5%) 6,70 4,33 * 22,91 3,47 Contrastes ortogonais Cevada 1 + 3 vs. 2 + 4 1 vs. 3 2 vs. 4 Trigo 1 + 3 vs. 2 + 4 1 vs. 3 2 vs. 4 Erro 15,90 2,50 n.s. 5,25 5,34 F 0,579 0,819 0,819 10,78 ** 0,06 n.s. 2,15 n.s. 0,892 1,261 1,261 0,81 n.s. 5,29 * 1,42 n.s. (1) Cultivar BR-2 (2) Cultivar Sonalika No Experimento 3, no qual se objetivou estudar o efeito do congelamento (–20 o C) na detecção de B. sorokiniana em sementes, os resultados apresentados na Tabela 2 mostram diferença 112 estatística (P < 0,05) apenas no ensaio com sementes que apresentaram incidência baixa do fungo (semente de cevada). Neste ensaio, segundo a análise de contrastes ortogonais, os métodos com papel-filtro (com e sem congelamento) mostraram-se estatisticamente inferiores aos métodos com meio de Reis (com e sem congelamento). Por outro lado, entre os tratamentos com e sem congelamento do papel-filtro e do meio de Reis em separado, não foi possível encontrar diferenças estatísticas para nenhuma das comparações. No caso do ensaio com sementes de trigo (incidência alta do fungo), a análise de contrastes ortogonais, evidenciou que os métodos com papel-filtro (com e sem congelamento) não diferiram do meio de Reis (com e sem congelamento). O efeito do congelamento foi significativo apenas no método do papel-filtro, resultando em maior detecção do fungo. DISCUSSÃO Métodos sem congelamento. Quando em análise patológica das sementes objetiva-se detectar a presença de patógenos específicos, o emprego de meios seletivos ou semi-seletivos torna-se uma ferramenta de grande valor para o fitopatologista, pois evita o desenvolvimento de contaminantes, favorecendo a detecção e identificação do patógeno-alvo (Richardson, 1985). Essa eficiência foi refletida nos resultados do experimento sem congelamento (Tabela 1), no qual os meios seletivos de Reis e de Dodman & Reinke foram os mais sensíveis na detecção de B. sorokiniana. Em trabalhos de similar envergadura, Reis & Reis (1994) e Reis et al. (1999) não encontraram diferencia estatisticamente significativa entre o método do papel-filtro 113 tradicional recomendado pelo ISTA (Neergaard, 1973), e o meio seletivo de Reis (Reis, 1983), na detecção do fungo em sementes de trigo, sendo, segundo esses autores, os métodos mais sensíveis na detecção de B. sorokiniana. Quanto ao meio BDA, que manifestou um comportamento estaticamente similar aos meios seletivos, é importante salientar que esse desempenho pode ser inferior quando ocorrer a presença de contaminantes de crescimento rápido, como Trichoderma spp., Rhizopus spp., Mucor spp. e Fusarium spp. Esses fungos podem, em pouco tempo, cobrir completamente a placa de petri (cinco a seis dias), dificultando a identificação e detecção do fungo-alvo, principalmente quando a semente não for desinfestada. Esses inconvenientes podem ser ainda mais acentuados quando são empregados substratos mais nutritivos, como os meios de extrato de tomate-ágar e V-8-ágar, onde os fungos oportunistas mostram uma maior taxa de crescimento, como foi observado no presente trabalho. No caso dos métodos em que foi empregado o papel-filtro como substrato (métodos 1 e 2), observou-se um baixo nível de esporulação na semente. Esse fato dificultou e retardou a avaliação, situação que foi ainda mais acentuada no método em que se combinou o papel-filtro com os componentes líquidos do meio seletivo de Reis. Além do inconveniente anteriormente citado, acrescenta-se o problema da formação de conídios com morfologia diferente (mais fusiformes) e coloração menos escura (ligeiramente hialinos). Essas alterações morfológicas dificultam a identificação do fungo e, possivelmente, a sua quantificação. As alterações podem ter sido causadas pelos fungicidas e, talvez, pelos antibióticos usados, que, ao 114 entrarem em contato com a semente, podem ser fungitóxicos a B. sorokiniana. Em função do exposto anteriormente, é possível deduzir que tanto os meios seletivos (especialmente o meio de Reis) como o meio BDA poderiam ser usados rotineiramente nos testes de patologia de sementes de cevada, porém, considerando que o preparo dos meios seletivos toma muito tempo e demanda de reagentes não sempre disponíveis, é que o meio BDA seria o mais adequado para dita finalidade; não sem antes salientar que o emprego dos meios seletivos desempenharia um papel importante em trabalhos de controle químico, especialmente quando se objetiva erradicar o patógeno da semente, situação na que a sua sensibilidade e seletividade teria um papel preponderante, ao considerar-se que se trabalha com níveis de incidência muito baixas. Métodos + congelamento. No experimento em que a semente foi submetida ao congelamento (Tabela 1), não se detectou diferença estatística entre os métodos. Essa situação que pode ser atribuída à inibição da germinação da semente, pois, mediante esse procedimento, foi possível obter um maior contato da semente com o substrato, ao evitar o desenvolvimento da plúmula e de raízes que, de uma ou outra maneira, podem inibir ou dificultar o desenvolvimento e observação do patógeno. Esse melhor contato entre a semente e o substrato pode ter criado condições mais favoráveis, especialmente de umidade (presença de água líquida na superfície da semente), para estimular a esporulação do fungo, facilitando desse modo, a sua rápida detecção e quantificação, como mencionam Neergaard (1983) e Machado (1988). 115 Um aspecto negativo observado em todos os métodos com congelamento foi a proliferação de bactérias, aspecto também reportado por Tempe (1970). Limonard (1966) e Tempe & Limonard (1973) mencionam que o excesso de água no substrato (papel filtro) pode reduzir a incidência de alguns patógenos, efeito inicialmente relacionado ao antagonismo provocado por bactérias. Esse aspecto não se encontra diretamente relacionado com o observado neste trabalho, pois a proliferação de bactérias foi detectada em todos os métodos testados. Com relação ao volume de água empregado por placa de petri (3,5 mL/placa), nos métodos com papel-filtro (métodos 1 e 2), diferiu daquele determinado por Kolk & Karlberg (apud Neergaard, 1973), os quais determinaram que, para B. sorokiniana, o volume ótimo é de 25 mL por disco de papel-filtro, acondicionados em placas de petri de 17 cm de diâmetro e 4 cm de altura. Porém, o volume empregado mostra mais relação com o volume de água (5,25 a 5,75 mL) estabelecido por Jørgensen (1982a) para trabalhos de quantificação de Pyrenophora graminea Ito & Kurib. e P. teres (Sacc.) Shoem. Um aspecto positivo que deve ser salientado no processo do congelamento foi a formação de colônias características e facilmente diferenciáveis do fungo, que permitiram maior eficiência na sua detecção e quantificação. Por outro lado, os meios que favoreceram um rápido desenvolvimento de colônias típicas foram os mais nutritivos, como o extrato de tomate e o V-8 (Figuras 1a e 1b), que apresentaram colônias maiores (2 – 4 cm de diâmetro em cinco dias de incubação) e uma maior taxa de crescimento (> 9 mm/dia). 116 Figura 1. Colônias de Bipolaris sorokiniana desenvolvidas a partir de sementes infectadas, em: a) meio extrato de tomate; b) meio V-8; c) papel-filtro padrão; d) papel-filtro + MSR. 117 Quanto à coloração nesses substratos, as colônias apresentaram centro de cor preto-cinza, com anéis concêntricos difusos (abundante esporulação) e bordas esbranquiçadas, sendo mais proeminente no meio V-8. No caso do BDA, as colônias desenvolvidas mostraram características visuais semelhantes às descritas anteriormente, mas diferenciaram-se por apresentar taxas de crescimento inferiores a 9 mm/dia, o que permitiu manter o processo de incubação por mais tempo (sete dias). Os meios em que foi empregado o papel-filtro como substrato, as sementes desenvolveram colônias pretas ou ligeiramente cinzas e com anéis concêntricos sobre o papel (abundante esporulação), sobretudo no papel-filtro + água (Figura 1c), corroborando o reportado por Garrett (1980). Algo singular foi observado na combinação papel filtro + MSR, na qual as colônias apresentaram-se mais claras que no papel-filtro + água, com formação de colônias de cor rosa em alguns casos (Figura 1d). Nos meios seletivos de Reis e de Dodman & Reinke, o desenvolvimento das colônias foi lento, com taxa de crescimento inferior a 1 mm/dia. Porém, isso não representou nenhum inconveniente, pois a seletividade que os meios evidenciaram não permitiu o desenvolvimento de outros fungos que pudessem interferir na identificação e quantificação de B. sorokiniana, excetuando-se Alternaria spp., Bipolaris spp., Curvularia spp. e Drechslera spp. Para caracterizar as colônias desenvolvidas nos meios seletivos, foi necessário incubá-las por períodos de tempo superiores a 20 – 30 dias. No caso do meio de Dodman & Reinke, as colônias apresentaram anéis marcadamente diferenciáveis, de coloração 118 completamente preta (abundante esporulação) e pouco (na parte central) ou nenhum crescimento vegetativo superficial, mas, sim, internamente no substrato (Figura 2), contrastando com a cor do meio. Colônias no meio de Reis mostraram uma coloração pretoavermelhada com a presença de tufos branco-rosa na parte central da colônia (Figura 3a). No presente trabalho, não foi testado o herbicida 2,4-D para inibir a germinação das sementes como sugerido por alguns autores (Neergaard, 1983; Lucca Filho, 1987; Reis, 1987; Machado, 1988; Reis & Casa, 1998), pelo fato que outros investigadores, como Kharchenko & Shklyar (1976), apontarem que o produto apresenta atividade altamente antifúngica sobre B. sorokiniana. Efeito do congelamento sobre B. sorokiniana. Em vista dos resultados obtidos em ambos os ensaios do Experimento 3, deduzse que o processo de congelamento a – 20 o C não afetou significativamente a detecção do fungo na semente. Estudos feitos por Duczek & Wildermuth (1992) sobre o efeito do período de congelamento na esporulação de C. sativus em colmos maduros de trigo demonstraram que a esporulação do fungo pode ser reduzida quando os órgãos infectados são submetidos a temperaturas menores do que 1 oC, não importando o período de congelamento. De igual modo, Duczek (1995) concluiu que o congelamento (– 18 oC) não afeta a sobrevivência do fungo em colmos de trigo naturalmente infectados, mas pode reduzir sua esporulação. 119 Figura 2. Colônias de Bipolaris sorokiniana desenvolvidas a partir de sementes infectadas, em meio seletivo de Dodman & Reinke modificado (1982). 120 O meio de Reis demostrou ser sensível e eficiente na detecção de B. sorokiniana, tanto em níveis altos como em níveis relativamente baixos de incidência do fungo na semente, ao passo que o comportamento do papel-filtro tende a ser variável. É importante salientar que o fato de se ter trabalhado com um número reduzido de amostras e, sobretudo, com sementes de diferentes espécies (cevada e trigo) pode ter influenciado os resultados, segundo o relato de Jørgensen (1982b). Contudo, trabalhos desenvolvidos por Reis & Reis (1994), Da Silva (1998), Lângaro (1998) e Reis et al. (1999) corroboram os resultados obtidos no presente trabalho. Por outro lado, quanto ao papel-filtro + congelamento, diversos estudos reportam a sua maior eficiência na detecção de B. sorokiniana e de outros fungos com relação ao papel filtro-padrão (Lasca et al., 1987; Diekmann & Assad, 1989; Shaarawy et al., 1991) Em geral, tanto o meio seletivo de Reis como o papelfiltro + congelamento apresentaram-se vantajosos quanto à eficiência de detecção e quantificação de B. sorokiniana em sementes, pois facilitaram a visualização das estruturas do fungo. No caso do meio de Reis, a presença de abundante esporulação preta na superfície da semente e nas raízes seminais, ou a presença de micélio marromavermelhado na parte inferior da semente (parte que entra em contato com o meio) ou nos extremos das raízes que estão em contato com o meio (Figura 3b), facilitaram a detecção rápida do fungo. A vantagem do papel-filtro + congelamento foi a esporulação preta abundante tanto na superfície da semente como no papel (colônias pretas com anéis concêntricos). Porém, devido a esse substrato não ser seletivo, o crescimento rápido de fungos como Fusarium spp. pode cobrir completamente a semente, formando colônias sobre o papel e 121 Figura 3. Colônias de Bipolaris sorokiniana desenvolvidas a partir de sementes infectadas, em meio seletivo de Reis (1983): a) semente com congelamento; b) semente sem congelamento. 122 interferindo na detecção de B. sorokiniana. Nesse caso, é necessário virar completamente a semente para examiná-la, especialmente quando a sutura fica em contato com o papel, para se ter certeza de que não ocorre nenhuma esporulação do fungo, como foi observado no experimento com sementes de trigo. Por último, é importante salientar que a existência de outros meios seletivos reportados na literatura (Stack, 1977; Kulkarni et al., 1978; Filippova & Kashemirova, 1990), além dos comparados no presente experimento, poderiam proporcionar uma base científica para futuros trabalhos na área da sanidade de sementes de cereais, cujo objetivo principal seja a detecção de fungos dematiáceos como Bipolaris, Drechslera, Exserohilum, Alternaria e Curvularia, abrindo a possibilidade de serem utilizados com vantagem na detecção desses fungos em análise rotineira de patologia de sementes. CONCLUSÕES Os meios seletivos mostraram-se mais sensíveis e consistentes do que os métodos empregados rotineiramente na detecção de B. sorokiniana. O congelamento das sementes não afetou a detecção do fungo nem influenciou a performance dos métodos, os quais apresentaram resultados semelhantes. Em função de sua sensibilidade e simplicidade, recomenda-se o meio BDA (sem congelamento) para exames rotineiros em patologia de sementes de cevada. 123 O meio de Reis (sem congelamento) mostra-se mais apropriado para trabalhos em controle químico, onde a sensibilidade e seletividade desempenham papel preponderante. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COUTURE, L. & SUTTON, J.C. Relation of weather variables and host factors to incidence of airborne spores of Bipolaris sorokiniana. Canadian Journal of Botany 56: 2162-2170. 1978. DA SILVA, C.A.L. Detecção, transmissão e erradicação de Bipolaris sorokiniana, agente causal da helmintosporiose, em sementes de trigo (Tese de Mestrado). Passo Fundo, RS. Universidade de Passo Fundo. 1998. 79 p. DIEKMANN, M. & ASSAD, S. Comparison of agar and freezing blotter test for detection of Fusarium spp. in seeds of lentil, chickpea and barley. Zeitschrift für Pflanzenkrankheiten und Pflanzenschutz 96: 134-139. 1989. In: Review of Plant Pathology 68: 558. 1989. 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Comparação de métodos para a recuperação de fungos fitopatogénicos, agentes causais de manchas foliares, associados à sementes de cereais de inverno. 126 Fitopatologia Brasileira 19 (suplemento): 335. 1994 (Resumo 421). REIS, E.M.; REIS, A.C.; CASA, R.T. & BLUM, M.M.C. Comparison of methods to detect leaf and head blighting fungi in small grain seeds. Summa Phytopathologica 25: 364-367. 1999. RICHARDSON, M.J. Análisis patológicos de semillas. In: FAO (Santiago de Chile). Manual para patólogos vegetales. 2da ed. Santiago de Chile. 1985. pp. 366-375. SHAARAWY, M.A.; ABDEL MONEM, A.A.; SOLEMAN, N.K. & SHERIF, S. Evaluation methods for detecting Drechslera sp. and Fusarium moniliforme from wheat seeds. Assiut Journal of Agricultural Sciences 22: 117-128. 1991. SIVANESAN, A. Graminicolous species of Bipolaris, Curvularia, Drechslera, Exserohilum and their teleomorphs. Wallingford, UK. CAB International Mycological Institute. 1987. 261 p. STACK, R.W. 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P. 611, 99001-970 Passo Fundo, RS RESUMO ________________________________________________________ TOLEDO, J.; REIS, E.M. & FORCELINI, C.A. Efeito da temperatura na transmissão de Bipolaris sorokiniana das sementes para plântulas de cevada. A transmissão de patógenos a partir de sementes e seu estabelecimento e desenvolvimento no hospedeiro são influenciados pelas condições ambientais, sendo a temperatura e a umidade do solo os fatores mais importantes. No presente trabalho, avaliou-se o efeito da temperatura na transmissão de Bipolaris sorokiniana de sementes para os órgãos aéreos e radiculares de plântulas de cevada. Também foram quantificadas a transmissão do fungo em função do tempo e o potencial de esporulação nas extremidades apicais dos coleóptilos. Compararam-se dois tratamentos: sementes sem e com fungicida 128 (iminoctadina 70 g i.a./100 kg semente), semeadas em solo natural não esterilizado e mantidas sob diferentes temperaturas (10, 15, 20, 25 e 30 oC). Um trabalho complementar sobre a evolução da transmissão para coleóptilos (35 dias), em função do tempo, foi conduzido sob temperatura de 25 oC e substrato de areia. A transmissão foi mais eficiente na faixa térmica de 18 a 25 oC. A relação temperaturatransmissão foi representada por equações quadráticas com transmissão máxima entre 18,1 e 21,3 oC, onde as relações estudadas seguiram tendências polinomiais quadráticas. A esporulação foi máxima a 19,3 oC. Coleóptilos infectados por B. sorokiniana tornaram-se evidentes aos dez dias após a semeadura. Por mais de 28 dias, o número de coleóptilos infectados e a esporulação foram crescentes. Palavras-chave: Hordeum helmintosporiose. vulgare, patologia de sementes, ABSTRACT ________________________________________________________ TOLEDO, J.; REIS, E.M. & FORCELINI, C.A. Effect of temperature on the transmission of Bipolaris sorokiniana from seeds to barley plants. The transmission of seed-borne pathogens and the infection of the host plants are influenced by ambient conditions, mainly temperature and soil moisture. In this research, the effect of the temperature on the transmission of Bipolaris sorokiniana from seeds to above and below ground plant parts was studied. The rate of transmission and the potential for fungus sporulation on the apice of coleoptiles were also quantified. These studies involved two seed samples (treated or not treated with the fungicide iminoctadine at 70 g a.i./100 kg seed) sown in non-sterilized field soil and five temperatures (10, 15, 20, 25, and 30 oC), with four replications. An additional trial was conducted in sand soil, at 25 C, to follow the fungus transmission over a period of 35 days. The relationships of temperature to transmission were represented by quadratic model equations. The observed and estimated fungus transmissions were higher at 18 – 25 oC and 18,1 – 21,3 oC, respectively. The fungus sporulation was also influenced by temperature and reached its 129 maximum at 19,3 oC. The infection of barley coleoptiles initiated 10 days after planting and increased steadily for more than 28 days. Key words: Hordeum vulgare, seed pathology, spot blotch. INTRODUÇÃO Os parasitas necrotróficos, em sua maioria, servem-se da semente como veículo de disseminação e como abrigo e meio de sobrevivência. Por conseguinte, as sementes são importantes fontes de inóculo primário desses patógenos (Reis, 1987; Reis & Forcelini, 1993). No Brasil, os fungos mais importantes associados às sementes de cevada, são Bipolaris sorokiniana (Sacc.) Shoem. [Cochliobolus sativus (Ito & Kurib) Drech. ex Dastur] e Drechslera teres (Sacc.) Shoem. [Pyrenophora teres (Died.) Drech.] (Luz, 1982; Luz & Minella, 1982; Diehl & Minella, 1985). Em algumas situações, a incidência da infecção em sementes pode alcançar valores próximos a 100% (Picinini & Fernandes, 1999; Lima et al., 1999). Os danos causados por B. sorokiniana nas sementes de cevada são devidos a diminuição da germinação, à redução de rendimento e de qualidade dos grãos e do malte. Além disso, o fato de o parasita ter a capacidade de infectar e ser transmitido pela semente torna o fungo de importância potencial para a cultura da cevada, sobretudo quando as condições ambientais se apresentam favoráveis ao desenvolvimento da doença. Estudos realizados sobre a eficiência de transmissão de B. sorokiniana a partir de sementes de trigo relatam que a passagem do fungo para os órgãos da planta é altamente eficiente, sendo de até 88% para o coleóptilo (Reis & Forcelini, 1993), 130 de 68% para o mesocótilo (Forcelini, 1992) e de 38% para a plúmula (Toledo et al., 1996). A transmissão de um patógeno pela semente pode ser influenciada por uma série de fatores, como: espécie cultivada (resistência varietal), condições ambientais (umidade ambiental e do solo, temperatura, vento, chuva e luz), inóculo (viabilidade, localização na semente, tipo), práticas culturais (tipo de solo, pH, população de plantas, profundidade de semeadura e época de plantio, fertilização, etc.), sobrevivência do inóculo, vigor da semente, microflora do solo e da semente, entre outros. Tais fatores podem reduzir ou incrementar significativamente a passagem do patógeno para os órgãos foliares e/ou radiculares da planta hospedeira, refletindo no desenvolvimento da doença na lavoura (Neergaard, 1983; Agarwal & Sinclair, 1997). Forcelini (1992), em estudos sobre a influência de alguns desses fatores na transmissão de B. sorokiniana em sementes de trigo, concluiu que a temperatura tem efeito na passagem do fungo para as raízes ou órgãos aéreos da planta, tendo quantificado que a transmissão ao coleóptilo foi mais acentuada entre 20 e 25 oC, ao passo que, a temperaturas inferiores, a passagem do fungo foi maior para o sistema radicular. Outros fatores estudados, tais como a profundidade de semeadura, o tempo de armazenamento e a microflora do solo, tiveram pouco ou nenhum efeito na transmissão. Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da temperatura na transmissão de B. sorokiniana das sementes para os órgãos aéreos e radiculares de plântulas de cevada, além de quantificar a evolução da transmissão do fungo em função do tempo e o potencial de esporulação nas extremidades apicais dos coleóptilos. 131 MATERIAL E MÉTODOS As ações de pesquisa deste trabalho foram conduzidas em câmaras climatizadas na Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Passo Fundo – RS, no período de abril/2000 a novembro/2000. Temperatura vs. transmissão Utilizaram-se sementes de cevada da cultivar BR 2, com aproximadamente 54% de incidência por B. sorokiniana (com uma variação de 30 a 66%). Dois tratamentos foram avaliados: 1) semente sem fungicida (testemunha) e, 2) semente com fungicida, empregando-se a iminoctadina 20% EC (70 g i.a./100 kg de sementes), misturado via úmida às sementes com 2% de água. Para o tratamento, foram pesadas100 g de sementes em frascos de Erlenmeyer de 500 mL de volume. Em seguida, acrescentou-se o fungicida + água (previamente misturados num vortex por espaço de 30 a 60 segundos) e agitou-se a mistura durante 5 minutos até se obter cobertura homogênea das sementes. Previamente à semeadura, e com a finalidade de determinar a infecção do fungo na amostra, foram distribuídas duzentas sementes (em quatro repetições) em meio seletivo de Reis (Reis, 1983). As sementes foram incubadas em sala de crescimento sob fotoperíodo de 12 horas à temperatura de 25 ± 2 o C, durante dez dias. Decorrido o tempo de incubação, onze dias após do plaqueamento as sementes foram examinadas sob microscópio estereoscópico, com magnitude de 50 ×, para se determinar a percentagem de infecção, mediante a observação da frutificação de B. 132 sorokiniana. Considerou-se infectada a semente sobre a qual o fungo produziu, no mínimo, um conidióforo com um conídio. Esse mesmo procedimento foi observado para cada ensaio. Nos anteriormente ensaios foram in vivo, submetidos os a tratamentos diferentes descritos condições de temperatura, com 10 ± 2; 15 ± 0,5; 20 ± 0,5; 25 ± 2 e 30 ± 2 oC, perfazendo cinco ensaios. A unidade experimental foi constituída de uma moldura de madeira de 41 × 28 × 10 cm de altura, encaixada numa bandeja de alumínio de 43 × 30 × 5 cm de altura, contendo solo sem esterilizar e com pH corrigido para 6,0. Empregou-se solo de horta, sem o cultivo de cereais de inverno, para evitar a presença de conídios dormentes no solo (segundo Reis, 1983), de modo que a semente fosse a única fonte de inóculo. O substrato foi umedecido 24 horas antes da semeadura, com água de torneira + adubo foliar (Niphokan 1 mL/L de água). Em cada caixa, perfuraram-se cem orifícios de 2,5 cm de profundidade e 0,7 cm de diâmetro com um bastão de vidro. Cada orifício recebeu uma semente. No caso do ensaio com temperatura de 30 o C, com a finalidade de evitar problemas de tombamento produzidos por Sclerotium rolfsii Sacc., o que foi constatado no experimento a 25 oC, logo após a semeadura e cobertura da semente com solo, colocou-se uma camada de areia de rio lavada e peneirada, de aproximadamente 0,5 cm, para evitar o crescimento rápido do fungo indesejável. As caixas foram mantidas em câmara climatizada, com temperatura e luminosidade (fotoperíodo de 12 horas) controladas, mas com a umidade relativa do ar parcialmente controlada (70 – 100%) e medida através de um termo-higrógrafo. A umidade do solo foi mantida a capacidade de campo mediante irrigações periódicas. A 133 irrigação foi feita por absorção de água pelo substrato através do fundo da bandeja. Cada tratamento foi repetido três vezes. Na avaliação da transmissão após a emergência das plântulas, os coleóptilos, bainhas e plúmulas foram examinados cuidadosamente a cada cinco dias, tendo sido marcadas com um palito de dente pintado com cores diferenciadas aquelas que apresentaram sintomas de descoloração ou de lesões pardas, assim como as plântulas que morreram prematuramente. Das plântulas mortas foram feitos isolamentos em meio de cultura para determinar o agente causal. Finalmente, aos 35 dias após a semeadura, as extremidades apicais e regiões subterrâneas dos coleóptilos (50% da população de plântulas), assim como os mesocótilos (os outros 50% da população de plântulas), bainhas e plúmulas de cada uma das plântulas (100% da população de plântulas) foram removidos e cortados. As extremidades apicais dos coleóptilos, bainhas e plúmulas, foram plaqueados imediatamente e sem desinfestação em meio seletivo de Reis (Reis, 1983). Entre cada operação de remoção de um coleóptilo desinfestavam-se a pinça e a tesoura em chama de álcool. As partes subterrâneas dos coleóptilos e mesocótilos foram arrancadas cuidadosamente, lavadas com água esterilizada e desinfestadas com hipoclorito de sódio (0,5%), para, finalmente, serem plaqueadas em placas de petri contendo meio seletivo de Reis. Os coleóptilos (extremidades apicais e regiões subterrâneas) e mesocótilos removidos foram classificados em sintomáticos e assintomáticos. As placas foram mantidas por dez dias em sala de crescimento, com fotoperíodo de 12 horas. Considerou-se infectado o órgão ou região sobre a qual ocorreu a esporulação do fungo em exame sob microscópio estereoscópico (lupa binocular Zeiss 50×). Os dados obtidos foram 134 expressos em percentagem de transmissão, segundo Goulart & Paiva (1990). Aproveitando-se uma parte (50%) das plântulas das unidades experimentais, procedeu-se à quantificação do número de esporos produzidos na extremidade apical por coleóptilo e a incidência de coleóptilos com esporulação (%) sobre o número total de coleóptilos removidos. Os valores obtidos foram submetidos à análise de distribuição normal, análise de variância e à regressão polinomial. Evolução da transmissão e potencial de esporulação Neste experimento, empregaram-se sementes da cultivar BR-2, com 30% de infecção por B. sorokiniana. As sementes foram semeadas individualmente nos mesmos recipientes do Experimento 1. O substrato empregado foi areia de rio lavada e peneirada sem esterilizar. Um total de trezentas sementes, distribuídas em três repetições, foi semeado, de modo a se viabilizar as avaliações a cada sete dias e por um período de seis semanas. Este experimento foi conduzido em câmara climatizada, com temperatura (25 2 oC) e luminosidade (fotoperíodo de 12 horas) controladas e, umidade relativa parcialmente controlada (80 – 95%). A umidade do substrato foi mantida mediante irrigação semanal. A irrigação foi feita por absorção de água pelo substrato através do fundo da bandeja. Semanalmente, removeram-se, individual e assepticamente, as extremidades apicais de coleóptilos (50% da população de plântulas), aproximadamente 1 a 1,5 cm de comprimento acima do nível do solo, plaqueando-se, imediatamente e sem desinfestação, em meio seletivo de Reis, do mesmo modo que foi exposto no Experimento 1. 135 Previamente ao plaqueamento, os coleóptilos foram classificados em assintomáticos e sintomáticos. Os dados foram expressos em percentagem de coleóptilos colonizados e percentagem de transmissão. Os valores de transmissão (%) foram ajustados ao modelo monomolecular (Bergamin Filho & Amorin, 1996), uma vez que a doença só apresentou ciclo primário com inóculo inicial proveniente da semente. Com o restante da amostra de plântulas (50%) de cada unidade experimental, procedeu-se à remoção dos coleóptilos, que foram transferidos para tubos de ensaio contendo 5 mL de água esterilizada (+ 2 gotas de Tween/L), previamente classificados em: completamente sintomáticos, parcialmente sintomáticos e assintomáticos. Antes de serem colocados nos tubos, as extremidades dos coleóptilos foram examinadas individualmente, com auxílio de uma lupa binocular (50 ×), com a finalidade de quantificar o número de coleóptilos com esporulação e, assim, poder estabelecer, com maior aproximação, o número de esporos por coleóptilo, bem como a incidência de coleóptilos com esporulação sobre o total de coleóptilos removidos. Os coleóptilos nos quais foi constatada a presença de esporos, separadamente segundo a classificação mencionada, foram levados ao laboratório, onde se procedeu à agitação com ajuda de um vortex, por 60 segundos, para, em seguida, realizar a contagem do número de conídios presentes, em cinco gotas da suspensão de volume conhecido (30 µL), mediante varredura ao microscópio (lamínula de 24 × 32 mm). Procurou-se, dessa maneira, quantificar a esporulação nos ápices dos coleóptilos expostos à luz, em função do tempo, após a semeadura. Os dados foram expressos em número de esporos por coleóptilo e incidência de coleóptilos com esporulação (%). 136 Finalmente, esse dados foram submetidos à análise de distribuição normal, análise de variância e à regressão linear simples. RESULTADOS Temperatura vs. transmissão. Os resultados obtidos nos diferentes ensaios são apresentados na Tabela 1. Os dados de transmissão foram calculados em função da incidência de B. sorokiniana na semente, obtidos em condições de laboratório (Tabela 1). Os dados obtidos nas parcelas com fungicidas, independentemente do órgão afetado, apresentaram níveis de incidência e transmissão de zero em todas as condições de temperatura, demonstrando o elevado grau de fungitoxicidade que o fungicida iminoctadina (70 g i.a./100 kg sementes) apresenta contra B. sorokiniana, independentemente das variações de temperatura. In vitro, a incidência do fungo na semente tratada oscilou entre 0 e 0,3%. Em função desse fato, todos os dados expostos a seguir correspondem às parcelas testemunhas. Os dados de transmissão, tanto ao coleóptilo (extremo apical e região subterrânea) como ao mesocótilo, evidenciam a supremacia da transmissão sintomática sobre a assintomática em todas as condições de temperatura (Tabela 1). Ao mesmo tempo, todos os dados de transmissão obtidos nos diferentes órgãos da plântula (coleóptilo, mesocótilo, bainha e plúmula) demonstram que a mesma 137 138 seguiu um padrão semelhante, incrementando-se progressivamente à medida que a temperatura aumentou até 25 oC para, posteriormente, diminuir à medida que a temperatura se aproximou de 30 oC (Tabela 1). Os maiores níveis de transmissão foram obtidos com 25 oC, sendo o nível mais alto para coleóptilos (40%), intermediário para bainhas (32%) e relativamente baixo para plúmulas (8%). Em relação aos órgãos subterrâneos, registrou-se 28% de transmissão para os mesocótilos. No caso da porção subterrânea dos coleóptilos, o maior nível foi registrado sob condições de 20 oC de temperatura, com 65% de transmissão. Em geral, os valores de transmissão registrados na região subterrânea dos coleóptilos foram maiores do que os registrados para as extremidades apicais em todas as temperaturas testadas (Tabela 1). Em função do comportamento observado entre a temperatura e a transmissão nos diferentes órgãos da plântula (aéreos e subterrâneos), as variáveis avaliadas foram submetidas à análise de regressão, com a finalidade de estabelecer relações estatisticamente significativas entre elas. Nos órgãos aéreos (Figura 1), as relações entre temperatura vs. coleóptilos extremo apical e temperatura vs. bainhas, foram representadas por equações polinomiais quadráticas significativas (P < 0,05). Na primeira relação, os dados demonstram um aumento crescente da transmissão de B. sorokiniana ao coleóptilo com o incremento da temperatura, atingindo o nível mais alto de transmissão a 20,5 oC. Quanto que na segunda relação, a transmissão do fungo às bainhas alcançou o ponto máximo de transmissão com 21,3 oC. 139 y = -0.2464x 2 + 10.118x - 69.702 R2 = 0.480 P = 0.020 60 Transmissão (%) 45 30 15 0 0 5 10 15 20 25 30 35 25 30 35 o Temperatura ( C) 50 y = -0.2024x 2 + 8.6076x - 63.054 R2 = 0.633 P = 0.002 Transmissão (%) 40 30 20 10 0 0 5 10 15 20 Te mpe ratura ( o C) Figura 1. Transmissão de Bipolaris sorokiniana, a partir de sementes naturalmente infectadas, para ápices de coleóptilos (acima) e bainhas (abaixo) [dados transformados a arc sen ((x + 1)/100)] de plântulas de cevada, em função da temperatura. 140 80 Transmissão (%) 60 40 20 y = -0.3206x 2 + 11.606x - 44 R2 = 0.701 P = 0.001 0 0 5 10 15 20 25 30 35 Te mpe ratura ( o C) 50 y = -0.1916x 2 + 8.1441x - 59.485 R2 = 0.593 P = 0.005 Transmissão (%) 40 30 20 10 0 0 5 10 15 20 25 30 35 o Te mpe ratura ( C) Figura 2. Transmissão de Bipolaris sorokiniana, a partir de sementes naturalmente infectadas, para a região suterrânea de coleóptilos (acima) e mesocótilos (abaixo) de plântulas de cevada, em função da temperatura. 141 De igual modo, nos órgãos radiculares (Figura 2), as relações temperatura vs. coleóptilo região subterrânea e temperatura vs. mesocótilos, foram representadas por equações de tipo polinomial quadrática, revelando pontos máximos na eficiência de transmissão, correspondentes a 18,1 oC para os coleóptilos e 21,3 oC para os mesocótilos, corroborando as margens de temperatura que foram encontrados nos órgãos aéreos da plântula. Por outro lado, as Figuras 1 e 2 permitem observar que as maiores variações entre os dados (três repetições) aconteceram a 25 oC isto, ao parecer, como conseqüência da presença indesejável de S. rolfsii, que ao ocasionar a morte prematura de plântulas, influenciou negativamente na uniformidade dos mesmos. O número médio de esporos por coleóptilo evidenciou variações de acordo à temperatura, incrementando-se de 171 esporos, a 10 oC, até 1046 esporos, a 20 oC, com 1046 esporos, para posteriormente diminuir pregressivamente, sendo que a menor quantidade de esporos foi registrada a 30 oC (36 esporos). O número de esporos registrados a 15 oC (847 esporos) foi maior do que a 25 oC (485 esporos). Ao analisar estatisticamente o efeito da temperatura sobre a esporulação do fungo nos coleóptilos, os dados adaptaram-se a uma relação de tipo polinomial quadrática significativa (P < 0,01) (Figura 3). Segundo a qual os dados demonstraram um aumento crescente do número de esporos de B. sorokiniana nas extremidades apicais do coleóptilo, com o incremento da temperatura, atingindo o nível máximo (ponto máximo) de esporulação a 19,3 oC, com 952 esporos. No caso dos coleóptilos procedentes das parcelas com fungicida, constatou-se a presença de descolorações, porém sem esporulação. 142 1400 y = -8.5948x 2 + 331.15x - 2238.2 R2 = 0.738 P < 0.001 Esporos/cpleóptilo (n o ) 1200 1000 800 600 400 200 0 0 5 10 15 20 25 30 35 Temperatura ( o C) Figura 3. Esporulação de Bipolaris sorokiniana em extremidades apicais de coleóptilos, a partir de sementes de cevada naturalmente infectadas, em função da temperatura. A incidência de esporulação nos coleóptilos com descoloração (Tabela 2) sobre o total de coleóptilos removidos (%) apresentou um comportamento ascendente até os 20 oC, temperatura na qual ocorreu a maior percentagem de coleóptilos com descoloração parda e com a presença de frutificação do fungo. Entre as temperaturas de 20 e 25 o C, a incidência foi decrescendo moderadamente para, posteriormente, diminuir de forma drástica à medida que a temperatura foi se incrementando para 30 oC. Os ensaios conduzidos permitiram obter informações adicionais sobre o efeito da temperatura sobre a variabilidade no tempo requerido para a emergência das plântulas e para o surgimento dos primeiros coleóptilos com descoloração após da semeadura 143 (Tabela 2). Os dados mostraram uma tendência decrescente à medida que a temperatura foi incrementada para ambos os casos. Tabela 2. Efeito da temperatura sobre outras características avaliadas Temperatura Emergência (o C) (DAS1) Surgimento primeiros coleóptilos manchados (DAS1) 20 – 22 Incidência de esporulação em coleóptilos (%)2 0,6 10 11 – 12 15 7–8 11 – 13 1,9 20 4–5 8 – 10 9,6 25 3–4 9 – 11 8,7 30 2–3 4–5 1,4 (1) DAS = dias após a semeadura. (2) Percentagem calculada em função do total de coleóptilos removidos. Evolução da transmissão em função do tempo e potencial de esporulação. A presença do patógeno, na extremidade apical do coleóptilo foi detectada aos dez dias após a semeadura (DAS) (a emergência ocorreu três a quatro DAS) (Figura 4), sendo que, entre os 10 a 17 DAS, os valores de transmissão aumentaram significativamente em aproximadamente 414%, e 36% entre os 17 a 24 DAS. Para nas últimas duas semanas (24 a 38 DAS) registrar incrementos inferiores a 18%; quando se registrou uma eficiência de transmissão próxima a 60% (38 DAS). A evolução da transmissão do fungo aos extremos apicais dos coleóptilos, quando ajustada ao modelo monomolecular (Figura 4), evidenciou uma taxa de rm = 0,029. Por outro lado, a classificação dos coleóptilos em três categorias permitiu observar que o maior número de coleóptilos 144 infectados por B. sorokiniana situou-se dentro do grupo dos fortemente manchados, nos cinco períodos avaliados (Tabela 3). O número de coleóptilos assintomáticos foi muito reduzido (< 1 coleóptilo/período). Es tim a do (m o de lo m o no m o le c ula r) Real 70 y = 1 - (1.162*Exp (-0.029*T ) R2 = 0.86 P < 0.01 Transmissão ao coleóptilo (%) 60 49 58 50 47 36 40 30 20 10 7 0 0 5 10 15 20 25 30 35 40 Dias após a semeadura Figura 4. Evolução no tempo da transmissão de Bipolaris sorokiniana da semente à extremidade apical de coleóptilos. No decorrer das avaliações, observou-se que o número de plantas mortas foi se incrementando com o transcorrer do tempo (Tabela 3), mas os estudos feitos in vitro demonstraram que aproximadamente 100 a 82% (dependendo do período avaliado) foram ocasionadas por Fusarium spp. Na última semana, apenas 18% das plântulas mortas foram causadas por B. sorokiniana. Nas avaliações anteriores, o fungo predominante foi Fusarium spp. 145 Tabela 3. Evolução da presença de descolorações em coleóptilos em função do tempo Dias1 7 Incidência de coleóptilos com Incidência B. sorokiniana (%) plantas Fortemente Parcialmente Assintomáticos Total mortas manchados manchados (%)2 2,0 0,0 0,0 3,6 2,0 14 6,7 3,3 0,7 10,7 4,2 21 12,7 2,0 0,0 14,7 1,7 28 10,7 2,7 0,7 14,1 6,8 35 16,7 0,7 0,0 17,4 16,0 (1) Após a emergência. Emergência ocorreu três dias após da semeadura. (2) Percentagem calculada em função do total de plântulas. A esporulação do fungo iniciou-se a partir dos 17 DAS e, após, incrementou-se continuamente até a última semana (Figura 5a). Entre a segunda e terceira semana, ocorreu o maior incremento dentro do período de avaliação, com mais de 1000%. Na última semana, o número médio de conídios por coleóptilo foi maior do que 1100. A incidência de coleóptilos com esporulação do fungo mostrou tendência similar (Figura 5b). Ao relacionar o número de conídios por coleóptilo vs. tempo (Figura 5a) e a incidência de colóptilos com esporulação (Figura 5b) vs. tempo, observou-se que, no primeiro caso, a esporulação nos coleóptilos incrementa-se em aproximadamente 43 conídios por dia; enquanto que na segunda relação, a presença de coléoptilos com esporulação (incidência), aumenta a cada três dias, aproximadamente. 146 1400 y = 43.314x - 503.14 R2 = 0.940 P = 0.006 Número de conídios/coleóptilo 1200 1157 1000 800 681 781 600 400 200 0 0 5 a 63 0 10 15 20 25 30 35 40 Dias após a semeadura 14 y = 0.3857x - 3.8571 R2 = 0.921 P = 0.009 Coleóptilos com esporulação (%) 12 12 10 8 6 6 6 4 2 3 b 0 0 0 5 10 15 20 25 30 35 40 Dias após a semeadura Figura 5. Esporulação de Bipolaris sorokiniana em extremidades apicais de coleóptilos infectados a partir de sementes de cevada naturalmente infectadas. 147 DISCUSSÃO Temperatura vs. transmissão. A transmissão dos patógenos a partir de sementes e seu estabelecimento e desenvolvimento no hospedeiro são influenciados pelas condições ambientais, sendo a temperatura e a umidade os fatores mais importantes (Gabrielson, 1987; Agarwal & Sinclair, 1997). Os resultados obtidos relativos à temperatura nas quais o fungo B. sorokiniana passa eficientemente da semente para os órgãos aéreos e radiculares de plântulas de cevada mostraram uma estreita margem térmica, que oscilou entre 18,7 e 21,8 oC, sendo a média de 19,7 oC ( 20 oC). Clark & Dickson (1957) reportam que o desenvolvimento de plântulas com sintomas de crestamento por B. sorokiniana e podridão de raízes pode se desenvolver severamente numa ampla faixa de temperatura (8 a 28 o C); porém, segundo esses autores, o desenvolvimento máximo geralmente ocorre com 20 oC. Contudo, a literatura mostra com bastante freqüência que a temperatura ótima para que B. sorokiniana infecte os órgãos verdes situa-se na faixa de 22 e 30 oC (Khanna & Shukla, 1981; Luz & Bergstrom, 1986; Filippova & Kashemirova, 1991, entre outros). Essa faixa corrobora parcialmente os resultados obtidos no presente trabalho, pois, ao se observar diretamente esses dados, evidencia-se que, na maioria dos casos, o maior nível de transmissão foi alcançado com 25 oC, diminuindo rapidamente à medida que a temperatura aproximou-se de 30 oC. Nesse sentido, é possível deduzir que, para que o processo de transmissão seja bem sucedido, as condições de temperatura não necessariamente devem ser as mesmas especificadas para a infecção dos órgãos aéreos, sendo provavelmente restritas a uma faixa térmica 148 ligeiramente mais estreita e inferior, que poderia situar-se entre 18 e 25 oC. Por outro lado, os resultados alcançados, não permitiram detectar influência alguma da temperatura na preferência de transmissão do fungo aos órgãos aéreos e/ou radiculares, como foi relatado por Forcelini (1992). Em relação aos níveis máximos de transmissão alcançados nos diferentes órgãos (8,1 – 65,4%), nenhum valor superou a taxa encontrada em outros estudos executados por Toledo et al. (no prelo), nos quais a eficiência da transmissão de B. sorokiniana alcançou níveis próximos a 90%. As razões que explicariam essa diferença, considerando que se trabalhou com a mesma semente, poderiam resumir-se a um aspeto fundamental, o substrato empregado (solo natural não esterilizado). Conseqüentemente, a microflora natural (antagonismo e supressão) presente no solo, como manifestam Ledingham (1949), Baker & Smith (1966), Kamyshko et al. (1976), Dhingra et al., (1980), Tanaka & Machado (1985), Turhan & Grossmann (1988), Agarwal & Sinclair (1997), pode reduzir a passagem do patógeno das sementes para os órgãos da planta. Esses autores afirmam que a microflora do solo pode inibir ou ser antagônica aos patógenos veiculados por sementes, quando essas são semeadas no solo, pois entram em competição direta com os microorganismos presentes na microflora natural do solo, onde nem sempre são bem sucedidos, podendo ocorrer uma inibição ou eliminação deles. Resultados de pesquisa nessa área têm mostrado claramente que, quando sementes infectadas são semeadas em solo esterilizado, a incidência de doença é maior do que quando a semeadura é feita em solo não esterilizado (Tanaka & Machado, 1985). Relatos de antagonismo, por exemplo, entre Fusarium spp. e B. 149 sorokiniana, são reportados por Scardaci & Webster (1981) e Gutiérrez (1975). Um aspecto particular que merece consideração foi a presença de S. rolfsii no ensaio conduzido a 25 oC, onde esse fungo infectou um número de plântulas de até 10%, ocasionando a morte prematura e, conseqüentemente, interferindo no processo de transmissão de B. sorokiniana. Provavelmente, essa seja a causa pela qual a eficiência da transmissão alcançada nesse ensaio, principalmente na parte subterrânea dos coleóptilos, foi inferior à quantificada a 20 oC. Com relação à influência da temperatura sobre a esporulação de B. sorokiniana nos coleóptilos, os resultados mostraram que o ponto ótimo situou-se em torno de 20 oC, quando foi alcançado o maior número de esporos por coleóptilos (> 1000 conídios), assim como a maior incidência de coleóptilos com esporulação (10%). Esses resultados são confirmados pelo trabalho feito por Kararah et al. (1981), os quais observaram que a esporulação ocorre com temperaturas que se encontram em torno de 20 oC. Por outro lado, sob condições de 25 oC, foi possível observar a presença de alguns coleóptilos com alta incidência de conidióforos, mas sem ou com poucos conídios, situação que provavelmente seja atribuída à temperatura. Evolução da transmissão em função do tempo e potencial de esporulação. A presença de B. sorokiniana na extremidade apical dos coleóptilos, registrada a partir da primeira semana após da emergência das plântulas (10 DAS), demonstra que, sob condições ambientais favoráveis (25 o C e UR > 80%), a transmissão do fungo pode se efetuar eficientemente nos primeiros 150 estádios de desenvolvimento das plântulas de cevada, assegurando, desde muito cedo, a presença do fungo na lavoura. Em estudos semelhantes, Reis & Forcelini (1993) relatam que o fungo foi detectado em coleóptilos de plântulas de trigo, a partir da segunda semana após da semeadura diferença que provavelmente pode ser atribuída ao fato de que esse trabalho foi desenvolvido sob condições semicontroladas, sobretudo de temperatura (casa de vegetação), que provavelmente contribuíram para o retardamento do surgimento dos primeiros coleóptilos infectados. Em relação ao incremento ou evolução da transmissão, a tendência observada no presente experimento mostra similaridade com os resultados encontrados por esses autores, nos que o incremento contínuo da transmissão foi evidente até os 28 dias (quarta semana) após a semeadura para, depois, manter-se estável entre os 28 e 42 dias e, finalmente, declinar na última semana (sétima). Quanto à eficiência máxima de transmissão (58%) ocorrida aos 35 dias após da emergência, no segundo experimento (substrato areia), diferiu significativamente do obtido por Toledo et al. (no prelo) em trabalhos de controle de B. sorokiniana na semente, através do uso de solventes orgânicos como veículos de fungicida, nos quais a eficiência da transmissão alcançou níveis próximos a 90%. A constatação da presença do fungo Fusarium spp. (predominantemente F. graminearum, teleomorfo Giberella zeae), tanto em plântulas mortas (incidência > 80%) como em coleóptilos com sintomas pronunciados de descoloração (em ambos os casos transmitidos pela semente), parece indicar a razão pela qual o nível de transmissão não atingiu valores mais elevados. Scardaci & Webster (1981) reportam a ocorrência de antagonismo entre F. graminearum e B. sorokiniana, 151 quando ambos infectam simultaneamente os tecidos da cevada, resultando em baixos níveis de crestamento de plântulas e podridões de raízes. Segundo esses autores, ambos os patógenos competem com igual eficiência pelo substrato quando conseguem infectar juntamente os tecidos. Porém, quando um deles infecta primeiro, o seu isolamento resulta mais freqüente, demonstrando a importância da colonização e possessão inicial do substrato. Relatos de antagonismo entre F. culmorum e B. sorokiniana já tinham sido observados por Ledingham em 1942 (Scardaci & Webster, 1981). Gutiérrez (1975) reporta a existência de antagonismo entre Fusarium sp. e H. sativum sob condições de laboratório (in vitro). Por outro lado, a literatura relata a possibilidade da existência de um tipo de "sinergismo" entre B. sorokiniana e F. acuminatum, onde o primeiro pode se tornar ainda mais agressivo na presença do outro (Fernandez et al., 1985). A presença de esporos do fungo a partir da segunda semana após a emergência (> 17 DAS), da mesma forma que a manifestação dos primeiros coleóptilos infectados, parece ter sido fortemente influenciada principalmente pela temperatura na que se desenvolveu o ensaio. Segundo Andersen (1952) e Clark & Dickson (1958), a temperatura ótima para a germinação de conídios, crescimento micelial e esporulação de H. sativum encontra-se na faixa de 24 a 28 oC, sendo que o ponto máximo de esporulação a 25 oC (Patil et al., 1987). Reis & Forcelini (1993) observaram os primeiros sinais de esporulação a partir da terceira semana após da semeadura. Segundo esses autores, o ponto máximo foi alcançado na quarta semana, quando foram quantificados 1509 conídios por coleóptilo, tendo posteriormente declinado. Tal redução, segundo esses autores, provavelmente seja conseqüência do avançado estado de 152 decomposição e de exaustão nutricional dos tecidos do coleóptilo. Em contraste, a tendência observada no presente ensaio foi sempre ascendente até a última semana de avaliação (quinta), na qual foram contabilizados aproximadamente 1100 conídios por coleóptilo. O número de avaliações semanais não permitiu estabelecer o momento em que a produção de esporos começa a diminuir. Em geral, Reis & Forcelini (1993) salientam que a importância da semente como fonte de inóculo primário decorre da eficiência da transmissão e do potencial de esporulação do parasita, a partir do momento em que a plântula atinje a superfície do solo. Finalmente, deve ser mencionado que a transmissão de B. sorokiniana é tão eficiente que, muitas vezes, supõe-se que o inóculo venha de fontes de inóculo externas e trazido pelo vento, quando, na verdade, vem da própria semente. CONCLUSÕES A temperatura afetou significativamente a passagem do fungo das sementes para os órgãos aéreos e radiculares de plântulas de cevada. A maior eficiência da transmissão ocorreu na faixa térmica o de 18 – 25 C, sendo que os pontos máximos de transmissão oscilaram entre 18,1 e 21,3 oC, seguindo tendências polinomiais quadráticas. A esporulação máxima em coleóptilos ocorreu a 19,3 oC. Sob condições ambientais favoráveis, a presença de coleóptilos infectados com B. sorokiniana foi evidente a partir de dez dias após a semeadura, quanto a evolução da transmissão foi representada matematicamente pelo modelo monomolecular. 153 A infecção e a esporulação em coleóptilos seguiram uma tendência linear ascendente nos primeiros trinta e oito dias após a semeadura. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGARWAL, V.K. & SINCLAIR, J.B. Principles of seed pathology. 2da Ed. CRC Press. Lewis Publishers. Boca Raton, Florida. 1997. 539 p. ANDERSEN, N.A.L. Development of wheat head-bligth incited by Helminthosporium sativum. Phytopathology 42: 453-456. 1952. BAKER , K.F. & SMITH, S.H. Dynamics of seed transmission of plant pathogens. 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CAPÍTULO V EFEITO DE SOLVENTES ORGÂNICOS USADOS COMO VEÍCULOS DE FUNGICIDAS NO CONTROLE IN VITRO E IN VIVO DE Bipolaris sorokiniana EM SEMENTES DE CEVADA Javier Toledo Barba, Erlei Melo Reis & Carlos A. Forcelini Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária Universidade de Passo Fundo C. P. 611, 99001-970 Passo Fundo, RS RESUMO ________________________________________________________ TOLEDO, J.; REIS, E.M. & FORCELINI, C.A. Efeito de solventes orgânicos usados como veículos de fungicidas no controle in vitro e in vivo de Bipolaris sorokiniana em sementes de cevada. Uma característica que torna B. sorokiniana um importante patógeno na cultura da cevada é a sua capacidade de infectar e ser transmitido pela semente, podendo atingir níveis de incidência próximos a 100%, o que torna os fungicidas existentes no mercado incapazes de erradicar ao fungo. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi comparar e avaliar, in vitro e in vivo, o efeito de solventes orgânicos,utilizados como veículos de fungicidas na erradicação do fungo em sementes de cevada. Foram empregados o monoetilenoglicol (MEG) e o propilenoglicol (PPG), ambos a 0,5, 1 e 158 2%. Os fungicidas testados foram a iminoctadina, a iprodiona, o triadimenol, o triticonazole, o flutriafol e o difenoconazole. A incidência do fungo foi determinada pelo plaquamento das sementes em meio seletivo de Reis. A erradicação do fungo da semente foi obtida nos tratamentos com iminoctadina + MEG; iminoctadina + PPG (a 1 e 2%) e iprodiona + PPG (2%). A eficiência dos demais fungicidas foi melhorada substancialmente com o emprego dos solventes orgânicos, mas sem alcançar a erradicação do fungo. In vivo (em câmara climatizada a 25 2 oC e 80 a 95% de UR), a testemunha registrou níveis de transmissão de 89,7% para o coleóptilo e de 12,3% para a plúmula. Diferentemente dos dados obtidos in vitro, o emprego do PPG influenciou muito pouco no controle da transmissão, pois os fungicidas comportaram-se satisfatoriamente (> 90% de controle) quando misturados com água. Os fungicidas iminoctadina e difenoconazole foram 100% efetivos em evitar a transmissão do fungo das sementes para os coleóptilos. Os solventes orgânicos mostraram potencialidade para melhorar a eficiência da maioria dos fungicidas testados in vitro, aspecto que não foi corroborado in vivo. Palavras-chave: Hordeum vulgare, propilenoglicol, patologia de sementes. monoetilenoglicol, ABSTRACT ________________________________________________________ TOLEDO, J.; REIS, E.M. & FORCELINI, C.A. Effect of organic solvents used as vehicles for fungicides on the in vitro and in vivo control of Bipolaris sorokiniana through seed treatment. An important pathogenic feature of the fungus Bipolaris sorokiniana is its capacity to infect and to be transmitted through barley seeds, sometimes in levels up to 100%, which turns fungus eradication very difficult with the available fungicides. As an attempt to improve the control of the seed-borne fungus inoculum, two organic solvents (monoethyleneglycol – MEG and propyleneglycol – PPG, both at 0.5, 1, and 2%) were tested as vehicle for fungicides (iminoctadine, iprodione, triadimenol, triticonazol, flutriafol, and difenoconazol) used for seed dressing. The in vitro (in Reis selective medium) fungus eradication was obtained with iminoctadine + MEG, iminoctadine + PPG (at 1 and 2%), and iprodione + PPG (2%). The 159 other fungicides had their efficacy improved by the organic solvents but they did not reach 100% control. The fungus in vivo (growth chamber adjusted to 25 2 oC and 80-95% RU) transmission was 89.7% to coleoptiles and 12.3% to plumules. All fungicides reduced the fungus transmission by more than 90% and the use of PPG did not improve fungicide performance significantly. Iminoctadine and difenoconazol completely inhibited the fungus transmission to coleoptiles. In conclusion, the positive in vitro effects of the organic were not confirmed in vivo. Key words: Hordeum vulgare, monoethyleneglycol, propyleneglycol, seed pathology. INTRODUÇÃO A transmissão de patógenos por sementes é um mecanismo eficiente pelo qual os fitopatógenos são introduzidos em novas áreas de cultivo, disseminados a longas distâncias, selecionados e disseminados como raças específicas a determinados hospedeiros e distribuídos através da população de plantas como focos de inóculo primário (Baker & Smith, 1966; Tanaka & Machado, 1985; Maffia et al., 1988). Associados a sementes de cevada, cerca de 48 patógenos já foram relatados no mundo, incluindo não apenas fungos, mas também bactérias e vírus (Richadrson, 1979; Luz, 1982; Luz & Minella, 1982). No Brasil, existe uma grande flutuação na prevalência dos patógenos nas sementes de cevada, de acordo com as regiões e as safras agrícolas. De modo geral, Cochliobolus sativus (Ito & Kurib.) Drechs. & Dastur [Bipolaris sorokiniana (Sacc.) Shoem.] e Pyrenophora teres (Died.) Drech. [Drechslera teres (Sacc.) Shoem.] 160 são os organismos de maior ocorrência nos grãos de cevada (Luz, 1982; Luz & Minella, 1982; Diehl & Minella, 1985). Em geral, os danos produzidos por B. sorokiniana nas sementes de cevada se traduzem na diminuição da germinação, redução no rendimento e na qualidade dos grãos e do malte; além disso, o fato de ter a capacidade de infectar e ser transmitido pela semente torna-o um fungo de importância potencial para a cultura da cevada, sobretudo quando as condições ambientais se apresentam favoráveis ao desenvolvimento da doença. No trigo, estudos feitos sobre a eficiência de transmissão desse fungo relatam níveis de até 88% ao coleóptilo (Reis & Forcelini, 1993) e 38% à plúmula (Toledo et al., 1996). Em conseqüência, devido à elevada taxa de transmissão que B. sorokiniana apresenta, Reis (1987) considera que o controle desse fungo deve ser orientado à erradicação na semente, a fim de reduzir o inóculo primário na lavoura. Porém, a constatação de lotes de sementes de cevada altamente infectadas por este fungo, com níveis de incidência próximos a 100%, tornam os fungicidas existentes no mercado incapazes de erradicar esses altos níveis de infeção e impedir a passagem do fungo para a parte aérea da planta. Uns dos avanços no tratamento químico de sementes refere-se às possibilidades de se utilizar solventes orgânicos (Menten, 1996). Segundo Dhingra & Acuña (1997), o seu uso apresenta várias vantagens sobre os métodos convencionais, tais como: a) as sementes permanecem secas, não necessitando de nova secagem; b) não estimula o processo da germinação; c) evita a imbibição e o aumento de volume das sementes (inchaço) e, o mais importante, d) favorece a 161 penetração de fungicidas na semente, o que evita a remoção por manipulação e a sua diluição em solos muito úmidos. O tratamento de sementes com solventes orgânicos tem sido recomendado para sementes de oleaginosas (Dhingra & Muchovej, 1980; Dhingra & Muvhovej, 1982; Muchovej, 1987; Muchovej & Dhingra, 1979; Muchovej & Dhingra, 1980), assim como para sementes de hortaliças (Muchovej et al., 1980). O controle de fungos de sementes de cereais, através do uso de fungicidas veiculados por solventes orgânicos, tem sido pouco ou escassamente investigado no mundo. Vidhyasekaran (1980), em trabalhos de controle químico de Drechslera oryzae (Breda de Haan) Subram. & Jain., em sementes de arroz, conseguiu erradicar o fungo de todas as partes da semente, através da guazatina + diclorometano, quando essas foram imersas na mistura pelo tempo de uma hora. No Brasil, Purchio & Muchovej (1990) relatam que as misturas de captam + benzeno e triadimenol + acetona podem reduzir significativamente a percentagem de B. sorokiniana em sementes de trigo, porém nenhuma das combinações testadas (fungicida + solvente) por esses autores logrou a erradicação do fungo-alvo de controle. Nesse sentido, o presente trabalho objetivou avaliar in vitro e in vivo o efeito de solventes orgânicos utilizados como veículos de fungicidas na erradicação de B. sorokiniana em sementes de cevada. 162 MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho foi conduzido nas dependências da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade de Passo Fundo - RS no período de junho/2000 a fevereiro/2001. Teste em laboratório (in vitro) Os fungicidas testados foram: iminoctadina 20% (70 g i.a./100 kg sementes), iprodiona 50% (50 g i.a./100 kg), triadimenol 15% (40 g i.a./100 kg), triticonazole 20% (45 g i.a./100 kg), flutriafol 2,5% (7,5 g i.a./100 kg) e difenoconazole 15% (30 g i.a./100 kg). Os solventes orgânicos utilizados foram: monoetilenoglicol (MEG) e propilenoglicol (PPG), ambos nos volumes de 500, 1000 e 2000 mL/100 kg sementes (0,5, 1 e 2%), comparados com água (2000 mL/100 kg sementes) e uma testemunha (semente misturada com água). Foram utilizadas sementes do cultivar BR 2, com incidência aproximada de B. sorokiniana de 58%. Cada fungicida constituiu um ensaio com oito tratamentos (ver Tabela 1). Para cada tratamento, 100 g de sementes foram pesadas, acondicionadas em frascos de Erlenmeyer de 500 mL de volume, acrescidas do fungicida + solvente (previamente misturados num vortex por espaço de 30 a 60 segundos) e agitadas durante cinco minutos, até conseguir uma boa cobertura da semente. A seguir, foram distribuídas quatrocentas sementes (unidade experimental constituída por dez placas de Petri com dez sementes cada uma e quatro repetições) em meio seletivo de Reis (Reis, 1983). As sementes foram incubadas em sala de crescimento sob fotoperíodo de 12 horas à temperatura de 25 ± 2 oC, durante dez dias. Decorridos 11 dias após 163 do plaqueamento, as sementes foram examinadas sob microscópio esteroscópico, com magnitude de 40×, para a observação da frutificação de B. sorokiniana. Considerou-se infectada a semente sobre a qual o fungo produziu, no mínimo, um conidióforo com um conídio. Tabela 1. Relação dos tratamentos Misturas 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. Dose do solvente (mL/100 kg sementes) ----2000 500 1000 2000 500 1000 2000 Testemunha Fungicida + água Fungicida + monoetilenoglicol Fungicida + monoetilenoglicol Fungicida + monoetilenoglicol Fungicida + propilenoglicol Fungicida + propilenoglicol Fungicida + propilenoglicol O delineamento experimental foi de parcelas completamente casualizadas. Os valores obtidos (percentagem de incidência do fungo) foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e as médias foram comparadas mediante o teste de Tukey (P > 0.05). Previamente à análise de variância, os valores foram submetidos à análise de normalidade. Teste em câmara climatizada (in vivo) Efeito dos solventes orgânicos na germinação. Com a finalidade de detectar provável efeito fitotóxico dos solventes orgânicos na germinação e emergência das plântulas, executou-se um ensaio no qual foram comparados três tratamentos: semente + água, semente + MEG e semente + PPG. Cada solvente foi utilizado no 164 volume de 2000 mL por 100 kg de sementes. Em cada unidade experimental foram semeadas cinqüenta sementes. O delineamento experimental foi de tratamentos completamente casualizados, com oito repetições. A avaliação do número de plântulas emergidas foi realizada aos 15 dias após da semeadura. A metodologia empregada foi a mesma detalhada nos testes de transmissão e controle. Os dados obtidos foram expressos em percentagem de plantas emersas e submetidos à análise de variância (P < 0,05), comparando-se as médias pelo teste de Tukey (5%). Previamente à análise de variância, os valores foram submetidos à análise de normalidade. Transmissão e controle. O ensaio foi conduzido em função dos resultados obtidos no Experimento 1, no qual foram comparados treze tratamentos, constituídos pelos seis fungicidas testados, cada um deles misturados com água e com PPG, mais uma testemunha (Tabela 2). Utilizaram-se sementes de cevada, cultivar BR-2, naturalmente infectadas com B. sorokiniana (aproximadamente 41%). Antes do ensaio in vivo, os tratamentos foram avaliados em laboratório (teste in vitro), com a finalidade de comprovar os resultados do primeiro ensaio e determinar a incidência de B. sorokiniana nas sementes. A metodologia empregada foi a mesma do experimento 1, com cem sementes por unidade experimental, distribuídas ao acaso, em três repetições. No ensaio in vivo, a unidade experimental foi constituída de uma moldura de madeira (caixa) de 41 encaixada numa bandeja de alumínio de 46 28 31 10 cm de altura, 5 cm de altura, contendo areia + solo de horta (3:1), com pH corrigido (6,0). A areia empregada possuía uma concentração de 6 ppm de manganês. O 165 substrato foi esterilizado em duas oportunidades, em autoclave a 121 o C e 1,5 atmosferas, por um período de 45 minutos. O substrato foi irrigado 24 horas antes da semeadura com água de torneira + adubo foliar (1 mL/L de água). Em cada caixa, perfuraram-se cem orifícios de 2,5 cm de profundidade e 0,7 cm de diâmetro (com ajuda de um bastão de vidro), cada qual recebendo uma semente. Tabela 2. Misturas (fungicida + solvente) e doses utilizadas no tratamento de sementes de cevada Misturas 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. Testemunha (semente s/fungicida) Iminoctadina + água Iprodiona + água Triadimenol + água Triticonazole + água Flutriafol + água Difenoconazole + água Iminoctadina + PPG Iprodiona + PPG Triadimenol + PPG Triticonazole + PPG Flutriafol + PPG Difenoconazole + PPG Dose do fungicida1 --70 50 40 45 2,5 30 70 50 40 45 2,5 30 Dose do solvente2 ----2000 2000 2000 2000 2000 2000 2000 2000 2000 2000 2000 2000 (1) g de i.a./100 kg de sementes (2) mL/100 kg de sementes As caixas foram mantidas sob condições de câmara climatizada, com temperatura (25 2 oC) e luminosidade (fotoperíodo de 12 horas) controladas. A umidade relativa (80 – 95%) foi monitorada através de termo-higrógrafo. A umidade do solo foi mantida mediante irrigação periódica para manutenção da capacidade de campo. A irrigação foi feita pela deposição da água no fundo da bandeja. Empregou-se o delineamento experimental de tratamentos completamente casualizados com quatro repetições. 166 Na avaliação da transmissão sintomática após a emergência das plântulas (três a quatro dias após a semeadura), os coleóptilos e plúmulas foram examinados cuidadosamente a cada cinco dias, sendo marcados com um palito de dente aqueles que apresentaram lesões pardas em plúmulas, assim como as plântulas que morreram prematuramente. Em alguns casos, foram feitos isolamentos das plântulas mortas no aparecimento desses sintomas para se determinar o agente causal. Finalmente, aos 35 dias após a semeadura, as extremidades apicais dos coleóptilos de cada uma das plântulas, foram removidos e cortados a 1-1,5 cm acima do nível do solo. Os segmentos cortados foram plaqueados imediatamente e sem desinfestação, em meio de cultura seletivo (Reis, 1983). Entre cada operação de remoção dos coleóptilo, a pinça e a tesoura foram desinfestadas em álcool e flambadas. Os coléoptilos isolados foram classificados e separados em sintomáticos e assintomáticos. As placas contendo o meio e os coleóptilos foram mantidas por dez dias em sala de crescimento, com fotoperíodo de 12 horas. Considerou-se infectado o coleóptilo sobre o qual ocorreu a esporulação do fungo, em exame sob microscópio estereoscópico (lupa binocular Zeiss 50 ). De igual modo, foram feitos isolamentos a partir das lesões em plúmulas pelo seu plaqueamento em meio seletivo para confirmar a presença do fungo-alvo desse estudo. Os dados obtidos foram expressos em percentagem de coleóptilos infectados (sintomáticos + assintomáticos). A transmissão (%) foi calculada de acordo com Goulart & Paiva (1990). Com os dados gerados, calculou-se o controle com base na redução da transmissão (%) proporcionada pelos fungicidas em relação à testemunha não tratada. 167 Finalmente, os valores obtidos (in vitro e in vivo) foram submetidos à análise de variância (P < 0,05), comparando-se as médias pelo teste de Scott & Knott (5%). Previamente à análise de variância, os dados foram transformados para arco seno [ (x + 1)/100]. Outros dados obtidos aos 35 dias após da semeadura foram: plântulas emergidas (%) e plântulas mortas (%). Dessas avaliações, apenas a primeira foi analisada estatisticamente, sem necessidade de transformação. RESULTADOS Teste em laboratório (in vitro) Nas Tabelas 3 e 4, é mostrado o efeito significativo (P < 0,05) do tratamento de sementes de cevada com as diferentes combinações fungicida + solvente na incidência e na eficiência no controle de B. sorokiniana. Em geral, a dose alta (2 L/100 kg sementes) dos solventes testados melhorou substancialmente a eficiência de controle da maioria dos fungicidas. Os resultados mostraram haver um efeito mínimo ou quase nulo dos solventes orgânicos na melhora da eficiência de controle do fungicida iminoctadina, que, em mistura com água, evidenciou controle próximo a 100%. Porém, quando o fungicida foi misturado com as doses superiores dos solventes testados (1 e 2 L), o fungo foi erradicado das sementes. Com os demais fungicidas, o efeito dos solventes orgânicos foi variável (dependendo do fungicida), mas sempre com a tendência de melhorar a sua eficiência, sobretudo quando foram usadas as doses mais altas do solvente. Em média, a dose de 1 L 168 proporcionou melhor eficiência do que quando misturados à água, 97 e 133%, quando misturados com MEG e PPG; já a dose mais alta (2 L), melhorou ainda mais a eficiência dos mesmos, em 192 e 201%, respectivamente. Tabela 3. Incidência (in vitro) de Bipolaris sorokiniana em sementes de cevada tratadas com fungicidas + solventes orgânicos Solvente Dose1 ou veículo Água 2,0 5 Fungicidas2 13 2 3 4 INCIDÊNCIA (%) 0,3 14,5 bc4 50,5 ab 50,5 bc 16,5 bc 38,5 b 16,5 bc 29,8 c 11,3 c 19,0 d 6 MEG 0,5 0,3 18,5 b 48,8 ab MEG 1,0 0,0 4,3 d 36,8 bcd 39,8 cd MEG 2,0 0,0 0,3 d 21,0 d 3,8 d 6,8 ef 5 PPG 0,5 0,3 11,3 c 47,3 abc 52,0 abc 19,8 b 36,5 bc PPG 1,0 0,0 4,3 d 32,0 cd 30,3 de 12,3 c 13,8 de PPG 2,0 0,0 0,0 d 21,3 d 20,5 e 3,0 d 2,5 f 57,3 53,0 a 60,5 a 63,8 a 61,3 a 47,0 a Testemunha ---- 54,0 ab 5 20,3 e ---18,03 17,80 13,12 15,26 13,25 CV (%) ---212,2** 16,9** 36,2** 179,9** 100,8** FC (1) L/100 kg de sementes (2) 1. iminoctadina; 2. iprodiona; 3. triadimenol; 4. triticonazole; 5. flutriafol; 6. difenoconazole. (3) Cada fungicida representa um ensaio com 8 tratamentos, médias comparadas na vertical. (4) Médias seguidas pela mesma letra, na vertical, não diferem estatisticamente entre se pelo teste de Tukey à 5% de probabilidade. (5) MEG = monoetilenoglicol; PPG = propilenoglicol Nota: O ensaio do fungicida iminoctadina não foi analisado estatisticamente por não apresentar distribuição normal. Em relação ao desempenho dos fungicidas (excetuando a iminoctadina), é importante salientar que o único produto que erradicou B. sorokiniana das sementes de cevada foi a iprodiona quando misturado com 2 L de PPG; mesmo que junto ao flutriafol, 169 foram os fungicidas que evidenciaram os menores incrementos na eficiência de controle ao serem misturados com os solventes orgânicos testados, pois, na mistura com água, já apresentavam níveis de controle superiores a 70%. Controle superior a 90% foi obtido com os fungicidas flutriafol e difenoconazole quando misturados a dose alta de PPG, principalmente. Um outro aspecto que deve ser salientado é o fato da combinação fungicida + água, nos produtos triadimenol, triticonazole e difenoconazole, ter determinado os níveis de controle mais baixos (< 21%). Por outro lado, a eficiência foi melhorada substancialmente com o uso da dose alta dos solventes (média: 298% para MEG e 312% para PPG), sendo que a melhor resposta foi obtida com o difenoconazole, com incrementos de 372 (+ MEG) e 417% (+ PPG). Tabela 4. Controle de Bipolaris sorokiniana (in vitro) pelo tratamento de sementes de cevada com fungicida + solvente orgânico 5 6 99,5 Fungicidas2 2 3 4 CONTROLE (%) 72,6 16,5 20,9 73,1 18,1 0,5 99,5 66,1 19,3 15,4 73,1 36,6 MEG 1,0 100,0 91,9 39,2 37,6 81,6 59,6 MEG 2,0 100,0 99,4 65,3 68,2 93,8 85,5 4 PPG 0,5 99,5 78,7 21,8 18,5 67,7 22,3 PPG 1,0 100,0 91,9 47,1 52,5 79,9 70,6 PPG 2,0 100,0 100,0 64,8 67,9 95,1 93,6 Solvente ou Dose1 veículo Água 2,0 MEG4 3 1 (1) L/100 kg de sementes (2) 1. iminoctadina; 2. iprodiona; 3. triadimenol; 4. triticonazole; 5. flutriafol; 6. difenoconazole. (3) Cada fungicida representa um ensaio com 8 tratamentos, médias comparadas na vertical. (4) MEG = monoetilenoglicol; PPG = propilenoglicol 170 Teste em câmara climatizada (in vivo) Ensaio preliminar in vitro. O efeito do tratamento de sementes com fungicida + água e fungicida + PPG é apresentado na Tabela 5. Estatisticamente, os tratamentos testados mostraram diferença significativa (P < 0,05) entre si. Dentre a combinação fungicida + água, destacou-se o fungicida iminoctadina, sendo o único que erradicou a B. sorokiniana das sementes. Os fungicidas iprodiona e flutriafol ocuparam um segundo grupo, com controles de 83,5 e 87,0%, respectivamente, ao passo que o triadimenol, o triticonazole e o difenoconazole evidenciaram o mais baixo nível de controle (< 50%). Dentro das combinações fungicida + PPG, todas se mostraram estatisticamente similares, sendo que iminoctadina, iprodiona e flutriafol foram as que conseguiram erradicar o fungo da semente. O restante dos tratamentos apresentou controle superior a 95%. Em média, o uso do PPG melhorou significativamente a eficiência dos fungicidas testados, em 84,2%, sem considerar a iminoctadina. Esses níveis de controle são confirmados pelos dados obtidos no primeiro ensaio, no qual os fungicidas triadimenol (126%), triticonazole (100%) e, principalmente, difenoconazole (160%) foram os mais favorecidos pela mistura com o solvente. Solventes orgânicos vs. emergência. A análise de variância evidenciou não existir diferença significativa (P < 0,05) entre os tratamentos testados. No Tratamento 1 (semente + água), obteve-se o valor mais alto, com 87,8%; seguido pelo Tratamento 3 (semente + PPG), com 83,3%, e ocupando o último lugar o tratamento 2 (semente + MEG), com 81,3%. 171 172 Transmissão e controle (in vivo). Na Tabela 5, são apresentados os dados de percentagem de emergência, infecção, transmissão e eficiência de controle. Para cada uma dessas características, registraram-se diferenças estatisticamente significativas (P < 0,05) entre os tratamentos testados. Em relação à emergência de plântulas, quase todos os tratamentos mostraram um comportamento similar, sendo o tratamento 10 (triadimenol + PPG), o único estatisticamente inferior aos restantes. Trinta e cinco dias após a semeadura, os tratamentos mostraram comportamento variável, registrando-se na testemunha uma taxa de transmissão próxima a 90%. Dentre as combinações, o tratamento 3 (triadimenol + água) situou-se num segundo grupo, depois da testemunha, com 28,3% de transmissão, situação que foi reduzida até 4,91% com o emprego do PPG. Num terceiro grupo, situaram-se os tratamentos 4 (triticonazole + água) e 5 (flutriafol + água), sendo que só o flutriafol não sofreu nenhuma melhora quando misturado ao PPG. Por último, os tratamentos 1 (iminoctadina. + água), 2 (iprodiona + água), 6 (difenoconazole. + água), 8 (iminoctadina. + PPG), 9 (iprodiona + PPG), 11 (triticonazole + PPG) e 13 (difenoconazole. + PPG) evidenciaram o melhor comportamento (estatisticamente semelhantes), com níveis de transmissão que oscilaram entre zero e 1,23%. Entre eles, os fungicidas iminoctadina e difenoconazole, em combinação com água ou com PPG, foram os que impediram totalmente a transmissão do fungo aos coleóptilos (100% de controle). Em geral, os resultados obtidos in vivo mostram que o emprego do PPG melhorou pouco a eficiência de controle dos fungicidas (média 9%, sem levar em conta a iminoctadina), pois, por 173 si só, em mistura com água, foram capazes de reduzir a eficiência da passagem do fungo para os órgãos aéreos. Porém, é evidente que o fungicida triadimenol foi o mais favorecido, com 38% de incremento na sua eficiência. Em detrimento, sua mistura ao PPG reduziu significativamente a germinação das sementes. A metodologia permitiu quantificar o potencial de transmissão de B. sorokiniana das sementes às plúmulas e folhas primárias, sendo a eficiência da transmissão, na testemunha, de até 20% (média: 12%). O único tratamento com fungicida no qual ainda houve a transmissão do fungo a esses órgãos foi o triadimenol com 3,7 (+ água) e 2,5% (+ PPG). DISCUSSÃO Teste em laboratório (in vitro) Segundo Reis & Forcelini (1993), a presença dos patógenos necrotróficos na semente de cereais de inverno tem assegurado uma convivência indefinida daqueles com o hospedeiro, o que ocorre porque a maioria dos métodos de controle recomendados não é eficiente na sua erradicação. Por isso, existe a necessidade de se selecionar ou desenvolver métodos eficientes na erradicação desses patógenos, tarefa que não é fácil, segundo os autores. Os resultados obtidos nos testes de laboratório (in vitro) confirmam essa afirmação, pois, apesar de ter-se melhorado a eficiência da maioria dos fungicidas testados mediante o emprego de solventes orgânicos, em substituição à água, a erradicação de B. sorokiniana das sementes de cevada só foi possível com os fungicidas iminoctadina e iprodiona. Estudos realizados por Vidhyasekaran (1980), nos que se objetivou melhorar a 174 eficiência dos fungicidas na erradicação de D. oryzae em sementes de arroz, demonstraram que o único fungicida que conseguiu atingir esse objetivo foi a guazatina em combinação com o diclorometano e quando as sementes foram imersas na solução por uma hora. Por outro lado, Purchio & Muchovej (1990) reportaram que a eficiência de alguns fungicidas no controle de B. sorokiniana em sementes de trigo foi incrementada com o emprego de solventes orgânicos. Em relação ao flutriafol + PPG, o fungo foi erradicado quando o nível de incidência foi próximo a 40%, pois, com 61%, o controle foi inferior a 96%. Algo semelhante ocorreu com os fungicidas difenoconazole e, sobretudo, com triadimenol e triticonazole (os três + PPG), em relação à eficiência, que melhorou significativamente (95 a 98%) quando a incidência do fungo na semente diminuiu. Resultados obtidos por Forcelini (1991), Forcelini (1992), Goulart (1988) e Goulart (1996) demonstram que o controle de B. sorokiniana em sementes de trigo é mais efetivo em lotes com infecções menores a 43%, sendo menos eficaz em lotes com infecções superiores. Essa raciocínio também é válido para o triticale, pois, segundo Reis & Forcelini (1992), o controle de 100% só é possível em lotes com incidência de até 33%, quando tratados via úmida (suspensão em água a 3%), com o fungicida iminoctadina. Nesse contexto, deduz-se que o ideal, do ponto de vista epidemiológico, seria fazer o tratamento químico com fungicidas em sementes com baixos níveis de infecção, pois nelas o controle é mais efetivo e, portanto, os lotes de sementes muito infectados, acima de 40%, deveriam ser descartados. Por outro lado, de acordo com os padrões de tolerância estabelecidos pelo Comitê de Patologia de Sementes (Copasem), da Associação Brasileira de Sementes (Abrates) no caso 175 do trigo e, especialmente, para B. sorokiniana, a tolerância é de 40% de incidência para sementes certificadas e fiscalizadas. Nesse caso, a erradicação não seria facilmente atingida, pois a incidência de 40% pode ser considerada elevada. Pode-se deduzir que o objetivo do emprego de solventes orgânicos como veículos de fungicidas, no presente trabalho, de melhorar a eficiência dos mesmos através de uma melhor cobertura da semente, foi alcançado. Os resultados obtidos demonstram que os solventes testados apresentam potencialidade, principalmente o PPG, para incrementar a eficiência dos produtos no controle de B. sorokinian; incremento que, provavelmente, pode ser atribuído à qualidade da cobertura das sementes, mesmo a sutura do grão, região difícil de ser coberta com a combinação fungicida + água (problemas com a tenção superficial). Como indicado por Reis & Casa (1998), a tarefa de se alcançar a erradicação de fungos veiculados a sementes é uma tarefa difícil, porém o uso de solvente possa trazer uma grande contribuição para melhorar a fungitoxicidade dos fungicidas hoje disponíveis no mercado. Teste em câmara climatizada (in vivo) Solventes orgânicos vs. emergência. Como foi exposto nos resultados, nenhum dos solventes orgânicos empregados (dose: 2 L/100 kg sementes) afetou significativamente a germinação e a emergência das plântulas. Estudos desenvolvidos por Purchio & Muchovej (1990) concluíram, de igual modo, que os solventes benzeno, diclorometano e tetracloreto de carbono não exerceram nenhum efeito negativo sobre a germinação das sementes de trigo, ao passo que, quando foram imersas em acetona ou etanol, os efeitos 176 detrimentais na germinação foram evidentes, sobretudo quando foi empregado o etanol. Por outro lado, Braccini et al. (1996), em estudos em que objetivaram avaliar o efeito do estresse hídrico induzido por soluções de cloreto de sódio, manitol e polietilenoglicol sobre a germinação e vigor de sementes de soja, determinaram que as características avaliadas podem ser severamente afetadas à medida que a concentração das soluções osmóticas aumenta, sendo mais adversas com o polietilenoglicol. Em vista dessa conclusão, é importante salientar que, em estudos preliminares, mas sem desenho estatístico, foi possível observar reduções de até 50% na emergência de plântulas de cevada quando a semente foi misturada com MEG a 2% e armazenada por mais de dez dias antes da semeadura, situação que não se evidenciou com o PPG, razão pela qual esse último foi escolhido para realizar o ensaio de transmissão e de controle. Além disso, em observações realizadas nos ensaios de laboratório (in vitro), o efeito sobre a germinação das sementes foi também constatado, principalmente quando a semente foi armazenada por alguns dias (5 a 14 dias). Os resultados obtidos no presente ensaio não refletem o exposto anteriormente talvez porque a semente empregada foi semeada 24 a 30 horas após de ser tratada com o MEG. Transmissão e controle (in vivo). Os resultados de transmissão obtidos na testemunha (89,7%) demonstram a elevada capacidade que tem B. sorokiniana de se transmitir da semente para o coleóptilo de plántulas de cevada, aspecto que já tinha sido reportado em trigo por Forcelini (1992), Reis & Forcelini (1993), Utiamada & Yorinori (1993), Goulart (1996), Toledo et al. (1996), entre outros. Tal aapacidade foi favorecida pelas condições proporcionadas, 25 2 177 o C e 80 a 95% de UR, como afirmam Couture & Sutton (1978), Khanna & Shukla (1981), Zillinsky (1984), Dehne & Oerke (1985), Luz & Bergstrom (1986) e Filippova & Kashemirova (1991). Quanto à incidência e eficiência de controle registradas in vitro, nas que as combinações fungicidas + PPG melhoraram significativamente a eficiência dos produtos, essas vantagens não se manifestaram in vivo, à exceção do triadimenol que foi o grande beneficiado. Os resultados obtidos mostram que, em alguns casos, não é preciso erradicar o fungo da semente para evitar a sua passagem para os órgãos aéreos da planta, como aconteceu com o difenoconazole, o qual, ao que parece, graças a sua condição sistêmica e a sua fungitoxicidade não necessitou do emprego do PPG para impedir a transmissão de B. sorokiniana, ainda com níveis aparentes de infecção relativamente altos (in vitro). Comportamento semelhante manifestaram os demais fungicidas sistêmicos, situação que também foi observada por Forcelini (1992). Em geral, os fungicidas testados (exceto o triadimenol) apresentaram baixos níveis de transmissão do fungo (controle > 90%) ainda em condições normais (+ água), contrastando com os níveis de infecção alcançados in vitro. No caso da iminoctadina, a sua elevada eficiência registrada in vitro foi fortemente corroborada in vivo. O fungicida ipodriona não evitou completamente a passagem do fungo aos órgãos aéreos (98,6% de controle), ao que parece devido à condição de fungicida protetor, apesar de a sua atividade sistêmica (basipetal e acropetal) ter sido reportada em plantas de Poa annua (Danneberger & Vargas, 1982). No caso particular do flutriafol, a capacidade de erradicação registrada in vitro não foi refletida in vivo, situação que também foi reportada por Forcelini (1992) em lotes de sementes com níveis de incidência superiores a 40%. 178 Sobre a necessidade de erradicação dos patógenos das sementes, Menten & Bueno (1987) manifestam que a simples constatação da presença de um microorganismo, mesmo que patogênico, em determinada semente não é suficiente para garantir a passagem do patógeno para a plântula proveniente da semente infectada. Entretanto, para esses autores, a associação patógenosemente indica o potencial de transmissão e o conseqüente estabelecimento da doença por ocasião da semeadura no campo. Tratando-se de um patógeno que afeta a germinação das sementes, o controle de B. sorokiniana através do uso de fungicidas pode resultar em incrementos no percentual de emergência das plântulas no campo (Barros & Salgado, 1983; Barros et al., 1983; Lasca et al., 1986). Nesse sentido, em função dos resultados obtidos neste ensaio, é possível deduzir que o tratamento de sementes com o emprego de solventes orgânicos permite diminuir significativamente a incidência do fungo nas sementes (in vitro), mas não afeta significativamente a percentagem de emergência das plántulas. Forcelini (1992) observou que a emergência de plântulas de trigo foi influenciada positivamente a medida que a semente apresentava menor incidência do fungo (< 50%), aspecto que, na maioria dos casos, foi melhorado com o tratamento das sementes através do uso de fungicidas. Outros trabalhos realizados por Barros & Salgado (1983), Barros et al. (1983) e Lasca et al. (1985) destacam o benefício do tratamento de sementes sobre a emergência de plântulas de trigo. Comtudo, Forcelini (1992) manifesta que os incrementos na emergência são, geralmente, significativos nos lotes com menor incidência do fungo, pois sementes já debilitadas pelo patógeno não são recuperadas pelo tratamento. Em tal sentido, considerando o nível 179 de incidência da semente empregada neste experimento (menor a 50%), deduz-se que esse foi o motivo para a ausência de diferenças entre os tratamentos. A combinação triadimenol + PPG foi o único tratamento estatisticamente inferior aos demais. Reis (1987) relata que o fungicida triadimenol pode retardar a velocidade de emergência, reduzir o crescimento inicial das plântulas e provocar o encurtamento do entrenó subcoronal, efeitos fitotóxicos que, possivelmente, foram acentuados pela mescla, reduzindo, dessa maneira, o número de plántulas emergidas. Segundo Forcelini (1992), se o objetivo do tratamento de sementes fosse simplesmente elevar a germinação, todas as sementes com incidência inferior a 50% não necessitariam ser tratadas. O autor, ao analisar o papel epidemiológico da semente na formação de focos primários de infecção na lavoura, concluiu que de objetivar o tratamento de semente só o incremento da emergência, e não a redução do nível de incidência do patógeno, um imenso inóculo inicial na lavoura não seria alvo do tratamento. Por essa razão, Reis et al. (1988) salientam que a melhoria das qualidades fisiológicas da semente poderá ser conseqüência, mas não o objetivo do tratamento de sementes. Contudo, o estabelecimento de padrões para o tratamento de sementes não deveria considerar o efeito do patógeno sobre a emergência, mas, sim, o papel epidemiológico do inóculo presente na semente (Forcelini, 1992). 180 CONCLUSÕES Os solventes orgânicos utilizados melhoraram a eficiência in vitro dos fungicidas, porém pouco influenciaram o seu desempenho in vivo. Os fungicidas difenoconazole e iminoctadina evitaram a transmissão do patógeno, independentemente do uso dos solventes orgânicos. A erradicação in vitro de B. sorokiniana da semente de cevada é difícil de ser alcançada, e nem sempre necessária, uma vez que a simples presença do fungo na semente (especialmente quando tratada com fungicida) não garante a sua transmissão para os órgãos aéreos de plântulas de cevada. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAKER, K.F. & SMITH, S.H. Dynamics of seed transmission of plant pathogens. Annual Review of Phytopathology 3: 311-334. 1966. BARROS, B.C. & SALGADO, C.L. 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CAPÍTULO VI CONCLUSÕES Capítulo II O substrato afetou o comprimento, a largura e o número de pseudoseptos de conídios do fungo B. sorokiniana. Os esporos desenvolvidos em meios de cultura e em sementes foram os mais curtos, largos e com menor número de pseudoseptos, além de serem mais escuros e retos, com relação aos produzidos em tecidos verdes. Em trabalhos de identificação ou reconhecimento do patógeno, sempre que possível, as dimensões padrões deveríam ser tomadas a partir de conídios formados sobre o substrato natural do hospedeiro. Quanto ao efeito da densidade de inóculo na intensidade da mancha marrom, o modelo de regressão seguiu uma tendência polinomial quadrática. Capítulo III Os meios seletivos mostraram-se mais sensíveis e consistentes do que os métodos empregados rotineiramente na detecção do fungo. 186 O congelamento das sementes não afetou a detecção do fungo nem influenciou a performance dos métodos, os quais apresentaram resultados semelhantes. Em função de sua sensibilidade e simplicidade, recomenda-se o meio BDA (sem congelamento) para exames rotineiros em patologia de sementes de cevada. O meio de Reis (sem congelamento) mostra-se mais apropriado para trabalhos em controle químico, onde a sensibilidade e seletividade desempenham papel preponderante. Capítulo IV A temperatura afetou significativamente a passagem do fungo das sementes para os órgãos aéreos e radiculares de plântulas de cevada. A maior eficiência da transmissão ocorreu na faixa térmica de 18 – 25 oC, sendo que os pontos máximos de transmissão oscilaram entre 18,1 e 21,3 oC, seguindo tendências polinomiais quadráticas. A esporulação máxima em coleóptilos ocorreu a 19,3 oC. A presença de coleóptilos infectados com B. sorokiniana foi evidente a partir de dez dias após a semeadura; quanto a evolução da transmissão foi representada matematicamente pelo modelo monomolecular. A infecção e a esporulação em coleóptilos seguiram uma tendência linear ascendente nos primeiros trinta e oito dias após a semeadura. 187 Capítulo V Os solventes orgânicos utilizados melhoraram a eficiência in vitro dos fungicidas, porém pouco influenciaram o seu desempenho in vivo. Os fungicidas difenoconazole e iminoctadina evitaram a transmissão do patógeno, independentemente do uso dos solventes orgânicos. A erradicação in vitro de B. sorokiniana da semente de cevada é difícil de ser alcançada, e nem sempre necessária, uma vez que a simples presença do fungo na semente (especialmente quando tratada com fungicida) não garante a sua transmissão para os órgãos aéreos de plântulas de cevada. Em função dos resultados e conclusões obtidas, recomenda-se dar continuidade aos estudos de transmissão do fungo da semente para os órgãos aéreos de plântulas de cevada. Devendo-se priorizar trabalhos que objetivem determinar o limiar numérico de transmissão, considerando semente com e sem fungicida. De igual modo, é recomendável que nos trabalhos relativos ao controle do fungo, deveriam ser incluídos testes in vivo rotineiramente em provas de eficiência de fungicidas, com a finalidade de se estabelecer o verdadeiro potencial de controle dos mesmos, sob condições favoráveis, e, dessa maneira economizar esforços na procura de métodos químicos eficientes na erradicação in vitro do fungo. Por outro lado, a necessidade de controlar doenças que se desenvolvem no início da cultura da cevada, através do tratamento de sementes, torna necessária a continuação e a ampliação de pesquisas com misturas de fungicidas.