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Rubens Cavallari
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Revista
Domingo, 1º de
dezembro de 2013
A cadela Chloé
deu novo ânimo a
Amanda, 4 anos,
internada no
hospital Sabará,
e à sua mãe
Cães salvam
vidas
Hospitais abrem suas portas para receber
animais de estimação que ajudam na
recuperação dos pacientes
Amor que
Animaisdeestimaçãosãousadosemtratamentosterapêuticose
ajudamnarecuperaçãodepacientesemhospitais;acompanhia
dosbichostambéméindicadaparaquemsofrededepressãoou
passamuitotemposozinho.Entendaosbenefíciosdeteranimais
Dizem que o cachorro é o melhor
amigo do homem. No entanto, para
muitos, gatos, pássaros, peixes e até ratos ocupam esse posto. Os bichos de estimação são aqueles que estão sempre
lá: na alegria e na tristeza, na saúde e
na doença. E é esse amor incondicional
que faz com que eles se tornem essenciais na vida das pessoas.
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“Ter um animal traz benefícios à formação da personalidade, pois ensina o
valor da responsabilidade e a interagir
com o outro”, explica Priscila Gasparini,
doutora em psicanálise pela USP (Universidade de São Paulo).
Há 13 anos, a veterinária e doutora
em psicologia Ceres Berger Faraco lidera um grupo de pesquisa sobre o vín-
cura
capa
Rubens Cavallari/Folhapress
A pediatra e diretora técnica do
Hospital Infantil Sabará, Paulina Basch,
com os golden retrievers
Apolo (à esq.) e Chloé
culo entre animais e humanos. Além de
histórias emocionantes, os resultados
das terapias surpreendem. “Os animais
ampliam o estimulo à vida social, além
de trazerem benefícios à saúde cardiovascular. Observamos que a interação
com eles reduz a pressão e, por consequência, o colesterol e os triglicérides.
Pacientes com problemas no coração
têm uma sobrevida de até um ano se
comparados aos que não possuem contato com os bichinhos”, revela.
Pensando nisso, diversos projetos de
voluntariado decidiram inovar nas visitas a hospitais, asilos e orfanatos. Ago-
ra, Chloé e Apolo, ambos de três anos,
são exemplos dos visitantes mais esperados no Hospital Infantil Sabará, localizado em Higienópolis (região central).
Os cães da raça golden retriever fazem
parte da ONG Cão Terapeuta, que, semanalmente, passa pelo quarto dos pequenos pacientes.
A iniciativa foi implantada em abril
deste ano e é coordenada por Paulina
Basch, pediatra e diretora técnica do
Sabará. “O resultado é impressionante.
Na primeira visita que fizemos, uma garotinha que não saía da cama nem falava direito passou a tarde toda com o
Agora Revista da Hora Domingo, 1º/12/2013 7

Fotos Rubens Cavallari
Chloé e Apolo visitam
as crianças no Hospital
Infantil Sabará
cão, mexeu-se. É o afeto que impulsiona”, analisa Paulina.
Lá, a visita dos bichos é tão aguardada pelas crianças que pode até ser negociada em troca de um bom comportamento. A professora aposentada Ana
Marisa Teodoro de Souza, 67 anos, usou
a tática para fazer com que a neta Ana
Luisa Teodoro, três anos, que estava internada com asma, comesse o almoço
sem fazer birra. “Eu falei que, se ela não
se alimentasse, o cão ia ficar com fome
também. Ela almoçou direitinho, ao
contrário dos dias em que ele não veio.
É positivo ter esse tratamento diferenciado, que estimula e alegra o doente. A
vida no hospital já é triste para os adultos, imagina para as crianças.”
A entrada de um animal no hospital,
no entanto, exige cuidados. “Ele anda
apenas pela internação e tem contato
somente com pacientes que não estão
em isolamento. O bicho passa, também,
por um sistema de controle de saúde,
deve estar com as vacinas em dia e tomar banho na data da visita ou, no máximo, um dia antes. Fora isso, antes de
chegar aos quartos, deve higienizar as
patas e o focinho”, explica Paulina.
A assistente financeira Carolina Rodrigues da Silva, 32 anos, internou a filha, Amanda Rodrigues Fernandes da
Silva, quatro anos, por problemas respiratórios. Triste, a garota mudou da
água para o vinho ao ver Chloé. “Tudo o
que a tira dessa rotina de hospital agrada. Ela ficou eufórica”, conta a mãe.
O securitário Marcos Roberto Esteves, 44 anos, acompanhava o filho, Matheus Santos Esteves, quatro anos, por
causa de uma pneumonia. E viu o garoto se alegrar pela primeira vez depois
da doença. “Acho que um animal de estimação desenvolve ânimo na criança.
O problema é que dá muito trabalho ter
um em casa”, lamenta.
Um membro da família
Em casa, muitos pais enfrentam o di-
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Rubens Cavallari/Folhapress
lema de dar ou
não um animal
aos filhos. Para
Priscila Gasparini,
doutora em psicanálise pela USP
(Universidade de
São Paulo), os benefícios de adicionar mais um
membro à família
são incontáveis.
“Autonomia, responsabilidade,
maturidade, generosidade. A
criança é egoísta
por natureza e,
quando tem alguém para cuidar,
percebe que não
existe só ela no
mundo. O animal
proporciona a troca de sentimentos”, diz.
Desde 2009, o
Hospital Israelita
Albert Einstein
permite que animais de estimação visitem seus
 Pedro Guilherme, 9 anos, que trata de um câncer no Graac,
donos. Pelos
diverte-se com um dos cachorros da ONG Patas Therapeutas
quartos da internação, já passaram cerca de 60 bichos,
Essa tranquilidade tem efeito na presentre coelhos, papagaios, tartarugas,
são e no ânimo da pessoa. Costumamos
gatos, cães e calopsitas. “Não há restridizer que o doente vive em dois tempos:
ção ao tipo de animal. Ele só precisa es- lembrando o passado ou almejando o
tar com as vacinas em dia, com o atesfuturo. O animal o transporta ao pretado de um veterinário e, claro, ser calsente e faz com que ele perceba que tem
mo”, explica Rita de Cássia Grotto da
de lutar pela vida”, analisa Paulo de
Fonseca, gerente de atendimento ao
Tarso, médico responsável pelo grupo
cliente do hospital.
de medicina integrativa do Einstein.
Pacientes com problemas de imuniPessoas que sofrem com instabilidadade, com transtornos psicológicos ou
de de humor, autismo, síndrome de
Down e transtornos de ansiedade tamque estejam internados em Unidades
bém são extremamente beneficiadas.
de Terapia Intensiva podem recebê-los
“Os resultados comprovam desenvolviconforme o caso. “A presença do bicho
relaxa como uma sessão de massagem. mento de empatia, estabilidade de hu-
capa
mor e motivação para as tarefas do dia
a dia”, analisa a doutora em psicologia
Ceres Berger Faraco.
Inúmeras possibilidades
A ONG Patas Therapeutas atua em
diversos locais (veja mais no quadro ao
lado) e, na semana passada, em parceria com o Itaci (Instituto de Tratamento
do Câncer Infantil), realizou um encontro para promover a conscientização
sobre a doação de sangue. Pedro Guilherme, nove anos, que trata de um
câncer no Graac (Grupo de Apoio ao
Adolescente e à Criança com Câncer),
aproveitou a oportunidade para matar
a saudade de ter um cachorro. Denise
Lopes, 35 anos, mãe do garoto, conta
que o cão foi a grande atração para o filho. “É muito gostoso, pois o animal traz
alegria e felicidade às crianças, e isso
não tem preço. Ele sente muito a falta
do cãozinho dele”, diz.
Para Silvana Fedeli Prado, 57 anos,
psicanalista e superintendente técnica
em terapias assistidas por animais da
ONG, o mundo precisa de mais amor.
“Internada, a pessoa deixa a vida lá fora,
só vê televisão, equipe médica e alguns
familiares. Quando chegamos com os
animais, todos se animam e brincam. O
bicho é um acumulador de emoções
positivas, libera dopamina, endorfina e
ajuda a acalmar os ânimos do paciente.
Isso não acontece só com doentes e
hospitalizados, mas com todos nós.”
Outra opção bastante positiva de terapia com animais é o cavalo —que, por
seu tamanho, não costuma ser a primeira escolha de quem busca tratamento. No entanto, a equoterapia é
muito benéfica para portadores de deficiência ou pessoas com atrofia muscular. “O cavalo ajuda a mostrar qual é a
forma correta de andar. Fora isso, montar trabalha todos os músculos do corpo e o equilíbrio”, explica Priscila Gasparini, doutora em psicanálise pela
USP.
(Gabriela Simionato)
Como ajudar
Patas Therapeutas
Os voluntários podem ter ou não animais.
Basta preencher a ficha cadastral,
disponível no site da ONG, e esperar
Site: www.patastherapeutas.org
Locais atendidos:
Abecal - Associação Beneficente Caminho
de Luz
R. das Joias, 187, Jabaquara,
tel. (0/xx/11) 5588-3469
Hospital Infantil Darcy Vargas
R. Dr. Seráfico de Assis Carvalho, 34,
Morumbi, tel. (0/xx/11) 3723-3700
AACD Lar Escola
R. dos Açores, 310, Moema,
tel. (0/xx/11) 5904-8000
Residencial Israelita Albert Einstein
R. Coronel Lisboa, 209, Vila Mariana,
tel. (0/xx/11) 2151-1233
Afai - Associação dos Familiares e Amigos
dos Idosos
R. Samuel Porto, 299, Saúde,
tel. (0/xx/11) 5072-0261
Cão Terapeuta
Instituições que queiram receber as
visitas ou pessoas que queiram integrar
o grupo de voluntários devem escrever
para o e-mail [email protected]
terapeuta.com
Site: www.caoterapeuta.com
Locais atendidos:
Fraternidade Irmã Clara
R. do Bosque, 855, Barra Funda,
unda,
tel. (0/xx/11) 3393-7680
Morada São João
Av. São João, 1.214, República,
ca,
tel. (0/xx11) 3331-7372
Casa da Criança Santo Amaro
R. Padre Chico, 308/320, Santo Amaro,
tel. (0/xx/11) 5686-3288
Sabará Hospital Infantil
Av. Angélica, 1.987, Higienópolis,
tel. (0/xx/11) 3155-2800
Instituto da Criança - HCFMUSP
Av. Dr. Enéas Carvalho de Aguiar, 647,
Jd. América, tel. (0/xx/11) 2661- 8500
Agora Revista da Hora Domingo, 1º/12/2013 11

Filmes para se inspirar
“Meu Cachorro Skip”
“O Outro Lado da Rua”
BRA, 2004. Dir. Marcos
Bernstein. Com Fernanda Montenegro,
Raul Cortez e Laura Cardoso
Regina é uma senhora de 65 anos
que vive somente com sua cadela.
Solitária, ela decide se distrair
participando de um serviço de
denúncias anônimas à polícia
Fotos Divulgação
EUA, 2000. Dir. Jay Russell.
Com Frankie Muniz, Kevin Bacon e
Diane Lane
Willie é um garoto extremamente tímido.
Em seu aniversário de nove anos, sua
mãe decide presenteá-lo com um cão,
que recebe o nome de Skip. Em pouco
tempo, a amizade entre o garoto e o
animal cresce, fazendo com que eles se
tornem queridos por toda a vizinhança
“Eu Sou a Lenda”
“Sonhadora”
EUA, 2005. Dir. John
Gatins. Com Kurt Russell,
Dakota Fanning e Oded Fehr
Ben é um treinador que, ao lado de
sua filha, Cale, passa a cuidar de
um cavalo ferido. Apegados, eles se
esforçam para que ele se recupere
logo e, dessa forma, possa participar
de uma importante competição
12
EUA, 2007. Dir. Francis
Lawrence. Com Will Smith,
Alice Braga e Charlie
Tahan
Robert Neville é um
cientista que sobreviveu
a uma epidemia de um
terrível vírus. Há três
anos, ele percorre
Nova York em busca de
outros sobreviventes,
sempre
acompanhado
de sua
amiga,
a cadela
Samantha
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