ANO XL • Nº 167 • julho/agosto de 2013 uma viagem pelas três américas ciências As descobertas arqueológicas na área da Usina Santo Antônio inovação as pessoas que inventam e reinventam a braskem todos os dias E D I T O R I A L A necessária viagem da renovação O debrecht Informa estreia neste número seu novo projeto editorial e gráfico. A revista está mudando, mais uma vez, porque a Odebrecht está mudando, como sempre. Na esfera editorial, a principal novidade é a presença de uma grande reportagem especial de abertura. A ideia é de que o assunto dessa reportagem – obras de engenharia, operações industriais, negócios e programas da Organização – possibilite a você, leitor, conhecer o que de mais encantador existe na área de abrangência do trabalho das equipes da Odebrecht. Uma história que emocione e inspire. Nesta edição de partida do novo projeto de Odebrecht Informa, a reportagem especial trata do tema rodovias. Nossos repórteres e fotógrafos percorreram estradas do Brasil, do Peru, da Colômbia, do Panamá, da República Dominicana e dos Estados Unidos. O relato do que eles viram, ouviram e sentiram está na matéria Caminhos da América, uma viagem de 38 páginas, para a qual você está sendo convidado agora. À sua espera está tudo aquilo 2 que emocionou e inspirou nossos repórteres e fotógrafos e que, antes disso, proporcionou a integrantes da Organização Odebrecht experiências transformadoras. Outras novidades são a publicação de anúncios institucionais de empresas e projetos da Organização Odebrecht, que conferem à revista uma nova dinâmica editorial, e a seção “Click”, que permeia a edição com imagens especiais captadas por nossos fotógrafos. A revista traz também seções e reportagens gerais, com notícias e análises relevantes para os integrantes da Odebrecht e para todos os que, de uma ou outra forma, se relacionam com a Organização. Envolvendo tudo isso, um novo e atraente projeto visual confere à revista uma apresentação alinhada às tendências do design contemporâneo e proporciona ao leitor melhor legibilidade e mais prazer em percorrê-la. Enfim, esta é a nova Odebrecht Informa, que completa 40 anos de existência em outubro próximo. Como você poderá ver nas páginas a seguir, ela está cada vez mais jovem. ] Fernando Vivas Odebrecht informa 3 d e s t a q u e s capa ciência Rodovia Interoceânica Sul, no Peru. Foto de Márcio Lima. 56 06 Caminhos da América: acompanhe nossas equipes em uma viagem por rodovias do Brasil, Peru, Colômbia, República Dominicana, Panamá e Estados Unidos Na área de execução da Usina Hidrelétrica Santo Antônio, em Rondônia, está em andamento um amplo e referencial trabalho de pesquisa arqueológica logística 64 vida no canteiro 60 Canteiro de obras da Usina Teles Pires, na divisa de Mato Grosso com Pará, inova em ações voltadas a proporcionar qualidade de vida aos trabalhadores cidades Dos canaviais aos postos de serviços, um longo caminho é percorrido para que o produto final da Odebrecht Agroindustrial chegue ao consumidor 4 76 Veja de que forma uma solução de transporte transformou-se em elemento de integração de uma comunidade à sua cidade gente entrevista 52 72 O pensamento e o cotidiano de José Cláudio Daltro, Saionara Lewandovski, Luiz Gordilho e Antônio Pinto inventores 47 Saiba quem são os responsáveis pela criação de produtos e processos na Braskem e como é seu sempre surpreendente dia a dia Roberto Ramos, Líder Empresarial da Odebrecht Óleo e Gás, fala do momento da indústria petrolífera no Brasil e sobre a contribuição da empresa nesse contexto petroquímica 74 meio ambiente Uma reflexão sobre as ações necessárias para preservar o mais essencial dos recursos naturais 68 protagonismo juvenil 84 Há 25 anos, o jovem tornava-se o centro da atuação da Fundação Odebrecht, decidida a fazer com que ele deixasse de ser visto como “problema” e passasse a ser tratado como solução Em Paulínia e Mauá, no interior de São Paulo, duas plantas que ajudaram a construir a história da Braskem (e do setor petroquímico brasileiro) fazem aniversário Odebrecht informa 5 C A P A ππHouston, no Texas: a quarta cidade mais populosa dos Estados Unidos 6 caminhos da américa acompanhe nossas equipes em uma viagem por estradas de seis países do continente Odebrecht informa 7 C a m i n h o s d a A m é r i c a Nem todos eles leram Pé na Estrada, EUA obra mais celebrada do lendário escritor norte-americano Jack Kerouac, mas tiveram que incorporar um pouco do espírito REPÚBLICA DOMINICANA beatnik para produzir os textos e as fotos da reportagem especial que abre esta edição de Odebrecht Informa. Nesta estreia do novo projeto gráfico e editorial da PANAMÁ COLÔMBIA revista, queremos convidá-lo para juntar-se a nossos repórteres e fotógrafos em uma aventura chamada Caminhos da América. Ao longo de 38 páginas, você viajará por estradas do Brasil, da Colômbia, do Peru, do Panamá, da República Dominicana e dos Estados Unidos. O que você encontrará pelo caminho é a vida (toda a vida) que pulsa em comunidades situadas no raio de abrangência de sete rodovias construídas, ou em execução, com a participação de equipes da Odebrecht. Aproveite a viagem. Esperamos que ela seja capaz de emocionar e inspirar. A partir de agora, você está on the road, en el camino, com o pé na estrada. 8 PERU BRASIL ππPraia do Forte: pérola de uma região paradisíaca, o Litoral Norte da Bahia estrada do coco Texto Ricardo Sangiovanni | Fotos Geraldo Pestalozzi Escapar da agitação urbana de Salvador na hora do almoço para ir a um bom restaurante na Praia do Forte e, em seguida, voltar para retomar o expediente, virou coisa corriqueira. Os cerca de 55 km que separam a capital e a praia mais famosa do Litoral Norte baiano já não são obstáculo: a viagem pela Estrada do Coco, hoje, chega a ser mais rápida que o deslocamento entre os bairros centrais da engarrafada Salvador. Famoso destino turístico do paradisíaco Litoral Norte, a vila de Praia do Forte transformou-se também em polo gastronômico. A maior procura é pelas receitas tradicionais da Bahia, herança ancestral das culturas indígena e africana. Segredos que sobreviveram por gerações e gerações de legítimos habitantes da região - como a cozinheira, ou melhor, a chef, Maria da Natividade Teles do Nascimento, 57 anos. Nati, como é conhecida, é a dona do restaurante Casa da Nati, um dos mais tradicionais da Praia do Forte. Sua "comidinha simples, caseira" conta com fregueses cativos há 18 anos, desde os tempos em que o local ainda se parecia mais com a antiga vilinha de pescadores que com o complexo turístico de resorts e pousadas, serviços, cultura e lazer que é hoje. Nati não é um ícone da cultura do Litoral Norte apenas por saber preparar moquecas à base de azeite Odebrecht informa 9 C a m i n h o s d a A m é r i c a de São João (do qual a Praia do Forte é um distrito) e Jandaíra, próximo à divisa com Sergipe, completando o eixo que transformou as praias do Litoral Norte em destino turístico. A segunda foi a recuperação e duplicação, pela CLN (Concessionária Litoral Norte, empresa da qual a Odebrecht TransPort é acionista), em 2000, dos 46,3 km da Estrada do Coco entre Salvador e a Praia do Forte. Em 13 anos de concessão, o fluxo de veículos pela Estrada do Coco/Linha Verde dobrou, saltando de 360 mil/mês, em janeiro de 2001, para 721 mil/mês, em janeiro de 2013. "Antigamente, ir a Salvador era uma dificuldade danada", conta Nati, que se lembra de, quando criança, ter feito a viagem de caminhão, em meio a uma carga de carvão. "Cheguei imunda!", diverte-se ao recordar. Atualmente, duas vezes por semana, ela dá "um pulinho" na cidade, para comprar camarão e dendê. A viagem de carro, que antes da duplicação durava mais de uma hora, hoje leva 25 minutos. de dendê. Nem somente pelos deliciosos pratos especiais, como o peixe à moda da Nati, à base de leite de coco, tomate e camarão. Nascida e criada na Praia do Forte, ela serve de exemplo à comunidade, por mostrar que o empreendimento de um "nativo" também pode ser muito bem-sucedido. O restaurante leva esse nome porque surgiu e funciona até hoje na casa onde Nati morou até os anos 1990, a mesma casa onde ela viveu quando pequena. Tudo começou em 1995, quando ali, na porta da casa, servia-se comida caseira a surfistas. O movimento foi crescendo, o espaço foi reformado, a casa passou para o andar de cima, e o restaurante seguiu funcionando no térreo. Hoje a Casa da Nati serve cerca de 150 refeições por dia, a uma clientela conquistada graças às parcerias com hotéis e locais de visitação turística do Litoral Norte. Um catalisador para o sucesso do empreendimento também foi, conta Nati, a melhoria das condições de acesso à Praia do Forte, tanto para quem vem por Salvador, quanto pelo Litoral Norte, proporcionada por duas obras da Odebrecht. A primeira foi a construção, em 1993, dos 137,6 km da Linha Verde, ligando os municípios de Mata Turismo histórico Antes de montar seu restaurante, Nati trabalhou com o empresário paulista Klaus Peters, pioneiro ESTRADA DO COCO/ LINHA VERDE SE Rio Real R Praia do Forte Mangue Seco Esplanada n Siribinha Sítio do Conde É a principal praia do Lito ral Norte da Bahia. Os destaques são o cast elo Garcia D'Ávila, construído no século 16, e a visita às tartarugas marinhas, nas instalações do Projeto Tamar. Além, é clar o, das praias. Imbassaí Lin ha Ve rde A antiga vila de pescadores também tornou-se um agradável polo turístico . Destaque para o encontro do Rio Imbassa í com o mar, que proporciona um cenário para disíaco. Alagoinhas Subaúma BAHIA Sauípe Catu Diogo Mata de São João do Camaçari Es tra da Candeias Co co Santo Amaro Itacimirim t Guarajuba ar Arembepe be b Abrantes Lauro de Freitas L a Praia do Forte A vila (cujo nome homena geia o navegador português Diogo Álvares Correia, o Caramuru) ainda mantém um aspecto rústico, ideal para quem gosta de acampar e caminhar pelas dunas. Sauípe O Parque Sauípe, reserva ecológica que abriga um museu de hist ória natural no qual é contada a história da regi parada obrigatória. Destaqu ão, é e também para o complexo de hoté is da Costa do Sauípe. Mangue Seco Salvador Oceano Atlântico 10 Imbassaí Diogo As dunas e a vila de pescado res são famosas por terem sido cenário das filmagens da novela “Tieta”, baseado na obra de Jorge Amado, em 1989. Chegar lá é uma aven tura, que começa quando se cruza o Rio Rea l de balsa. ππNati: início servindo comida a surfistas na porta de casa do turismo no Litoral Norte. Em 1971, Peters comprou os cerca de 30 mil hectares da Fazenda Praia do Forte, que incluía a vila de pescadores e o castelo de Garcia D'Ávila, antiga sede da fazenda. Seu projeto era erguer um grande hotel – o Ecoresort Praia do Forte, inaugurado nos anos 1980 – e começar a explorar a potencialidade turística da região. Além das belezas naturais, Peters enxergou potencial para o turismo histórico – afinal, o castelo Garcia D'Ávila (ou Casa da Torre), construído em 1551, é um raro exemplar brasileiro de arquitetura medieval, tombado como patrimônio histórico nacional. A história do castelo é cercada de mistérios, o que atrai turistas e pesquisadores. Para alguns historiadores, Garcia D'Ávila teria sido um filho bastardo do primeiro governador-geral do Brasil, Tomé de Sousa. Dele, recebeu doações de glebas de terra que, estima-se, iam da Bahia ao Maranhão, somando entre 300 mil e 800 mil km2 – terras que pertenceram a seus descendentes por mais de três séculos. O castelo é administrado pela Fundação Garcia D'Ávila, criada por Peters, e atrai cerca de 20 mil visitantes por ano, boa parte dos quais se torna clientela da Casa da Nati. Antes de abrir o próprio negócio, ela foi, por quase 10 anos, o braço-direito de Peters no Ecoresort. "Fui de caixa a assistente de Recursos Humanos. Ajudava na recepção, operava Telex... fazia de tudo, aprendi muito com ele. Depois, montei meu negócio." O eterno faroleiro O projeto do empresário, que faleceu em 2006, ia além da exploração do turismo: seu plano era levar desenvolvimento à vila, através da atração de novos empreendimentos, que incluíssem e gerassem oportunidades de trabalho para a população local, descendente, em sua maioria, de ex-escravos da Casa da Torre. O modelo da Praia do Forte tem servido de inspiração a outras vilas da Linha Verde, como Barra de Jacuípe, Imbassaí, Diogo, Sauípe, Conde e, mais ao norte, Mangue Seco. Aos 77 anos, José Pereira Nunes, o Cajueiro, figura folclórica da região, ainda se lembra como eram as coisas "antes do tempo de Sr. Klaus". "Parecia com o tempo da escravidão, sabe?", lembra-se Cajueiro, apelido que carrega desde o berço, porque sua mãe, na gravidez, escapulia de casa para comer cajus. Nascido e criado na Praia do Forte, e desde sempre curioso, perspicaz e dinâmico (ele já foi mecânico, ferreiro, pescador, pedreiro, encanador, reparador de barcos, perfurador de poços, líder comunitário, capoeirista e, atualmente, ainda anda de bicicleta, joga dominó e toca pandeiro em serestas), Cajueiro batia de frente com o "atraso" da mentalidade senhorial dos antigos donos da Fazenda. "Não deixavam Odebrecht informa 11 C a m i n h o s 12 d a A m é r i c a ππA partir do alto, no sentido horário, a vila da Praia do Forte, tartaruga mantida pelo Projeto Tamar, o faroleiro Cajueiro, a Estrada do Coco e o castelo de Garcia D´Ávila Odebrecht informa 13 C a m i n h o s d a A m é r i c a ππAdauto Poeta: nativo da região, vive em uma casa de madeira em meio à paz da Mata Atlântica os moradores construírem nada, não podíamos ter banheiro nem telhas nas casas. Quando os patrões chegavam à vila e viam que estava tudo igual, parado, aí era que eles gostavam", recorda. Dono de prodigiosa memória, Cajueiro ilustra com seus "causos" a tenacidade que, aos poucos, foi fazendo dele um agente do desenvolvimento da comunidade. "Uma vez precisei construir uma mureta de tijolos ao lado da parede [de taipa] da casa de meu pai, para barrar um veio d'água que fazia a parede apodrecer. Aí, a proprietária mandou me chamar. Disse que não era para construir, porque o terreno era dela, e ela não tinha autorizado. Respondi que o terreno podia ser dela, mas a casa era de meu pai, e eu só não construiria se Deus do céu descesse para desfazer a ordem dele." E fez a mureta. Reconhecido na vila por seus mil e um préstimos, o bonachão Cajueiro é especialmente famoso por um deles: é o eterno faroleiro (operador do farol) da Praia do Forte, com direito a patente da Marinha. Foi ele, 14 aliás, quem recepcionou, nos anos 1980, os fundadores do Projeto Tamar, Guy e Neca Marcovaldi, quando eles instalaram, na casa do Farol, a primeira sede do então recém-criado projeto de preservação de tartarugas marinhas. Hoje, o Tamar recebe em média 600 mil visitantes por ano - ao todo, já recebeu mais de 15 milhões de pessoas. Muitas das quais, diga-se novamente de passagem, fregueses da Casa da Nati. Cajueiro relata que, até meados do século 20, quando a Estrada do Coco ainda não era pavimentada, para ir a Salvador era preciso viajar a cavalo, por estradas de barro, até a cidade vizinha de Dias D’Ávila, e de lá seguir de trem, ou ir de barco, margeando a costa, ou mesmo a pé, em uma caminhada de um dia. A pavimentação da primeira Estrada do Coco, nos anos 1950, também teve participação da Odebrecht. Da mata à tela Mas há quem ache que a Praia do Forte cresceu demais e prefira o silêncio da Mata Atlântica. ππCasal em frente à igreja no centro da vila: ritmo de vida que permite seu desfrute É o caso de Adauto Nascimento - o Adauto Poeta, 54 anos, artista do Litoral Norte. Nativo da vila, ele mudou-se de lá há 10 anos e hoje vive do outro lado da Estrada do Coco, em uma casa de madeira nas franjas da área de proteção ambiental de Sapiranga, a 2 km da Praia do Forte. Pescador de profissão, Adauto participa de saraus de poesia há 30 anos. Tem um grupo de reggae e coordena o projeto Canto Eco na Mata, que convida bandas da região para apresentações mensais em seu bar, o Recanto do Poeta, na entrada da reserva. Os shows chegam a reunir mil pessoas. Com área de 5,33 km2, a reserva de Sapiranga também é administrada pela Fundação Garcia D'Ávila. Ali, há dois anos, a Fundação criou o projeto Reserva Sustentável, que realiza ações educativas de capacitação das comunidades do entorno. Mais de 900 moradores já aprenderam técnicas de plantio, cuidados com animais e confecção de bijuterias de palha e coco. Mais de 180 mil mudas nativas já foram plantadas na área da reserva. Adauto é um dos parceiros do projeto, que recebe cerca de 20 mil visitantes por ano. Muitos fazem uma parada no Recanto do Poeta, para provar os bolinhos de peixe de dona Caçula, esposa do poeta. E assim, vai-se conseguindo sustentar a casa, sem ter que buscar trabalho fora da reserva. Conectado ao mundo, o Litoral Norte segue atraindo turistas e profissionais de fora do país, que se encantam e, em alguns casos se integram à região, como aconteceu com o cineasta californiano Kaya Verruno, 27 anos, que desde os 3 anos passa as férias na Praia do Forte. Ele escreveu e dirigiu, em 2010, o filme Na Sombra da Linha Verde, que narra a história de um jovem que retorna ao Litoral Norte para viver com o avô e recobrar suas raízes. O filme ganhou prêmio de revelação no Festival do Filme Brasileiro de Los Angeles. O elenco é formado por moradores da região. A estrela do filme é Adauto. E a narradora, Nati. ] Odebrecht informa 15 C a m i n h o s d a A m é r i c a rota das bandeiras Texto Ricardo Sangiovanni | Fotos Geraldo Pestalozzi O produtor de flores Fernando Avancine, 50 anos, vive no interior de São Paulo, estado dono da maior movimentação econômica do país, com um consumo de R$ 382 bilhões ao ano, segundo cálculos feitos a partir de dados de 2012 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Fernando certamente dá sua parcela de contribuição a essa cifra. Mas sua maior colaboração para a vida na região é sem dúvida outra: "A gente vende beleza". Para "vender beleza", revela o agrônomo, é essencial poder produzir as flores em um local bem conectado com o centro distribuidor, onde as plantas serão comercializadas. "Flor é um produto vivo, delicado. Precisa chegar rapidamente e sem desgaste. A demora faz a flor perder muito, e ninguém quer dar flor feia à namorada. Só se quiser arrumar briga", diverte-se. Fernando mora em Atibaia. Seu horto fica a 3 km 16 do centro da cidade, que tem cerca de 400 produtores e é o município com maior área de cultivo de flores em São Paulo. Com seu caminhão, ele percorre em menos de uma hora, pela Rodovia D. Pedro I, o trecho entre a Flora Avancine e a Central de Abastecimento (Ceasa) de Campinas, que abriga o maior mercado permanente de flores da América Latina, onde tem um boxe. O caminhão da flora é apenas um dos cerca de 125 mil veículos que passam por dia pela D. Pedro I, principal estrada do sistema operado pela concessionária Rota das Bandeiras, empresa da Odebrecht TransPort. Por ano, são mais de 85 milhões de veículos, em um ritmo que vem crescendo ano a ano. Desde o início da concessão, em 2009, a empresa já investiu R$ 786 milhões em obras de melhorias - e, em 30 anos, a previsão de investimentos é de R$ 2,6 bilhões. ππPonte na D. Pedro I (na página ao lado) e Fernando Avancine com sua equipe: "A gente vende beleza" Caminho de volta Paulistano descendente de imigrantes italianos, Fernando resolveu se mudar, com a esposa, Guaraci, para Atibaia, em 1985, após os dois se formarem em Agronomia. Nos primeiros anos, moraram no sítio onde hoje funciona a flora. "Era o sítio do meu pai. Passávamos lá as férias em família quando eu era pequeno. Decidi que queria montar algo novo, algum negócio que fosse meu. E aquela era a terra que tínhamos para começar." Após tentativas frustradas de criar cabras, que fugiam, e pepinos, que eram "um verdadeiro pepino", Fernando seguiu o conselho de um amigo e investiu no ramo de flores. Os livros, geralmente em holandês e japonês, culturas em que é típico o cultivo de flores, foram, de cara, uma barreira. Mas Fernando perseverou: estudou como pôde e sujou muito as mãos de terra até tornar-se expert. Logo viu que, se quisesse mexer com flor, a dedicação teria que ser total. "Jogava futebol todo fim de semana. Até o dia em que deu um temporal inesperado. Saí correndo do jogo, mas não cheguei a tempo de salvar as mudas. Foi quando abandonei o futebol. Foram anos sem fim de semana." ROTA DAS BANDEIRAS Paulínia Capital cultural da região, com destaque para o polo de cinema, ond e já foram rodadas grandes produçõ es nacionais. Mogi Guaçu Rod. R d. General Genera Gen erra Milton Tavares de Souza Conchal C Campinas Mogi Mirim M Engenheiro Coelho Artur Nogueira A É o motor da economia do interior de São Paulo. Na beira da D. Ped ro I localiza-se um enorme mercado de frut as e flores: a Ceasa Campinas. MG Cosmópolis Campinas Paulínia Itatiba Jarinu Valinhos Louveira Jundiaí Atibaia Cor red Bom Jesus dos Perdões utra or D .D . Pe Igaratá Ig Rod dro I Jundiaí SÃO PAULO São Paulo Nazaré Paulista nna n Se yrto A . d Ro Jacareí Vale a pena conhecer a Serra do Japi, cadeia de montanhas tom bada pela Unesco como reserva da biosfera, localizada nas proximid ades da cidade. Atibaia Principal polo produtor de flores, às margens da Rodovia D.P edro I, com destaque para as orquídeas e plan tas de jardim. Nazaré Paulista Dona das paisagens mai s bonitas da viagem pelo Corredor D. Pedro I, graças à represa que forma imenso s lagos artificiais. Odebrecht informa 17 C a m i n h o s d a A m é r i c a ππPropriedade típica da região e Salvador Brotto: exportações pelo Aeroporto Internacional de Cumbica A flora começou com três tipos de mudas de forragem (para plantio em jardim). Hoje, produz mais de 110. Sálvia, minirrosa, impatiens e bela-emília são as mais vendidas. A comercialização é feita nas Ceasas de Campinas, São José dos Campos e São Paulo. No início do negócio, eram só ele e a esposa. Hoje, além de ter incorporado mais um sócio, dá oportunidade de trabalho a 40 pessoas. "Olhando para trás, não sei como tivemos forças para chegar até aqui. Mas as lembranças são ótimas", resume. Figos tipo exportação Além das flores, o chamado "circuito das frutas" também se destaca na economia do interior paulista. Trata-se do cinturão verde, formado por 10 cidades, com tradição em cultura de frutas exóticas, todas próximas à D. Pedro I: Atibaia, Indaiatuba, Itatiba, Itupeva, Jarinu, Jundiaí, Louveira, Morungaba, 18 Valinhos e Vinhedo, que somam mais da metade da produção paulista de frutas. Figo é a especialidade de Salvador Brotto, 50 anos, outro descendente de italianos, que hoje planta a fruta na antiga fazenda onde o avô plantou café. "É uma fruta delicada, que dá trabalho, mas tem boa aceitação no mercado local e internacional", explica. Brotto começou a trabalhar aos 10 anos. A plantar figo, começou há mais de 30. Astuto, notou que teria mais lucratividade se eliminasse da cadeia de comercialização a empresa que contratava para negociar as exportações. "O importante era chegar lá fora. Corri atrás, aprendi inglês, montei um site e, hoje, exporto para toda a Europa", conta, orgulhoso. Em sua fazenda, 100 trabalhadores cuidam da produção, da embalagem e do transporte dos frutos. Por ser delicado, o figo não pode ser transportado em grandes quantidades. Por isso, a exportação é feita em aviões de passageiros, no compartimento de bagagem. Hoje, Brotto exporta principalmente pelo Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos (SP), de onde saem mais voos de passageiros. Porém, com o aumento do tráfego de passageiros em Viracopos, em Campinas, após as obras de ampliação, a tendência é que esse aeroporto, por ser mais próximo, torne-se a melhor opção. E como a Rota das Bandeiras construirá os 10 km que faltam para completar o contorno sul do Rodoanel de Campinas, ligando a D. Pedro I à região do aeroporto, estrada boa para levar os figos é o que não faltará. ] ππDionisia Turco Quispe: "Agora, com a rodovia, vendemos mais" Interoceânica sul Texto Luiz Carlos Ramos | Fotos Márcio Lima Peru e Brasil uniram seus tesouros em um magnífico exemplo de comunicação e intercâmbio. A evidente evolução da economia, do turismo e da qualidade de vida vai além da extensão e das extremidades da Interoceânica Sul, obra rodoviária que, desde 2010, permite a ligação entre os Oceanos Pacífico e Atlântico e facilita a integração com o sistema viário sul-americano. Para o Peru, a estrada favorece não apenas a exportação de produtos, mas também a recepção de turistas brasileiros em busca de paisagens andinas, relíquias históricas e um rico folclore. Os cidadãos peruanos, por sua vez, ganham acesso às atrações do Brasil. Ao longo da rodovia, já se observa o novo ciclo de desenvolvimento, como ocorre nos trechos 2 e 3, que somam 649 km, construídos pelo Conirsa, consórcio liderado pela Odebrecht Peru e formado ainda pelas peruanas Graña y Montero e JJC Contratistas Generales. A Concessionária IIRSA Sul, da qual fazem parte Odebrecht, JJC e Ingenieros Civiles Contratistas Generales, é a responsável pela manutenção, com mais 20 anos de contrato pela frente. O trecho 2 sai da região de Cuzco, 3.410 m acima do nível do mar, passa pelo ponto gelado de Pirhuayani, nos Andes, a 4.725 m de altitude, o mais elevado da obra, e vai descendo até Puente Iñambari, início do trecho 3, que segue pela quente planície da Floresta Amazônica até a ponte sobre o Rio Acre, fronteira com o Brasil. Odebrecht informa 19 C a m i n h o s d a A m é r i c a ππAlpacas em Ocongate e (na página ao lado) Zenobio Vargas: agradecimento aos deuses das montanhas IIRSA é sigla da Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana, ação assumida, em 2000, pelos 12 países da América do Sul, para as áreas de transporte, telecomunicações e energia. No Peru, além da IIRSA Sul, surgiu a IIRSA Norte, também a cargo da Odebrecht, ligando o porto litorâneo de Paita ao porto de Yurimaguas, na bacia do Amazonas. Já na Interoceânica Sul, o Altiplano une-se, por três ramais, a portos do Pacífico: San Juan de Marcona, Matarani e Ilo. Por meio desse complexo e de outras rodovias, é possível viajar de automóvel, ônibus ou caminhão de Lima a São Paulo por 5.917 km, via Ica, Nazca, Cuzco, Urcos, Puerto Maldonado e as cidades brasileiras de Rio Branco, Porto Velho e Cuiabá. Uma linha de ônibus Ormeño faz esse trajeto até o Terminal do Tietê em quatro dias e quatro noites. 20 Odebrecht Informa percorreu a Interoceânica Sul em junho. Nossa equipe visitou Cuzco que, nesse mês, vive época especial pela Festa do Solstício, a Inti Raymi, dedicada ao deus Sol – tradição anual dos tempos do Império Inca –, passou pela placa de Urcos que indica o início do trecho 2 e mergulhou em um fantástico sobe e desce de curvas e descobertas. A vida no alto dos Andes Primeira parada: Alto Cuyuni, 4.185 m de altitude, pouco acima do mirante em que o espetáculo é a vista para o pico nevado Ausangate, 6.384 m acima do nível do mar. O mirante está sendo reconstruído e terá moderno restaurante de comida típica, que substituirá o antigo. É preparado para a chegada de visitantes peruanos e estrangeiros. Zenobio Vargas, coordenador de turismo regional, líder da comunidade, chega junto com RODOVIA INTEROCEÂNICA SUL BRASIL Iñapari Santa Rosa Puerto Maldonado Lima Abancayy Paracari Santa Rosa Cusco Ica Situada na área de altitude s mais elevadas da Interoceânica Sul, em que a rodovia chega a 4.725 m acima do nível do mar, está na região de criação de alpacas. Rodovia Interoceânica Sul a San Francisco Puerto Maldonado Urcos Principal cidade da Amazô nia peruana ao longo da Interoceânica Sul, ampliou sua importância para a econom ia do país nos últimos dois anos. Nasca PERU Juliaca La Puno Ti go Puerto San Juan tic a c a Iñapari Arequipa Oceano Pacífico Moquegua Puerto Matarani Ilo Urcos Localizada no Altiplano e ligada à histórica Cuzco, marca o início do trecho da Interoceânica Sul rumo à fronteira com o Brasil. BOLÍVIA Localizada no fim do trec ho peruano da Interoceânica Sul, perto do Rio Acre, é o ponto de conexão com o sistema rodoviário brasileiro. amigos músicos, todos com roupas indígenas e instrumentos do Altiplano – flauta, bombo, pututu, e avisa: “Vamos agradecer aos deuses destas montanhas.” E passa a organizar um ritual, herança inca. Dionisia Turco Quispe, de etnia quéchua, e seus três filhos ficam junto à pista para vender artigos de artesanato que produzem – colares, braceletes, mantas. “Agora, com a rodovia pronta, já vendemos mais”, afirma Dionisia. As pequenas comunidades sucedem-se. Em Ocongate, vila maior, a 3.800 m de altitude, há motivos para comemorações: produtores de alpaca da região planejam aumentar a produção de pelo de alpaca, fibras vendidas para fabricar agasalhos em Arequipa. A ambição: vender roupas diretamente ao mercado europeu. A exemplo da lhama, a alpaca é um animal camelídeo sul-americano doméstico, típico dos Andes. Já a vicunha e o huanaco, seus “primos”, são silvestres. “A vicunha, parecida com a alpaca, está no escudo do Peru, como exemplo da riqueza da fauna, ao lado de uma árvore e de uma cornucópia, recursos da flora e dos minérios”, explica Hamlet Aza, coordenador do programa de incentivo aos alpaqueiros de Ocongate e Marcapata. Em Tinke, Hamlet reúne-se com os produtores Wilmer Maza e José Apalza e com o veterinário Victor Pimentel, diante de dezenas de alpacas, para planejar a tosquia. “A alpaca é útil por Odebrecht informa 21 C a m i n h o s d a A m é r i c a suas fibras. Pode ser tosquiada anualmente por seis anos. Também serve de alimento. Churrasco de alpaca está entre as delícias do Peru”, comenta Pimentel. “A estrada trouxe benefícios, deixounos mais perto dos compradores.” De repente, começa uma nova subida. Segura e bem-sinalizada, a pista de asfalto da Interoceânica, construída em quase cinco anos por heroicos trabalhadores, leva aos 4.725 m de Pirhuayani. Para a nativa pastora de alpacas Marcusa Huamán, acostumada à rarefação do ar, é tudo natural. Ela dá a mão ao filho Franklin, de 8 anos, atravessa a estrada e caminha rapidamente a um ponto mais alto. “A estrada ficou bonita e facilitou nossa vida”, diz. Marcapata é a parada seguinte. É uma vila de costumes indígenas, a 2.900 m, onde a igreja de San Francisco, de mais de 300 anos, recuperada com ajuda financeira do Conirsa, reforça o interesse dos turistas. Rumo à selva amazônica O caminho, agora, é só descida. Conforme o carro avança em direção a terras mais próximas do nível do mar, os áridos Andes desaparecem, começam a surgir as planícies verdes, e então a região de Puerto Maldonado, 40 mil habitantes, em plena Amazônia, altitude de apenas 180 m. A paisagem acompanha o viajante nos próximos quilômetros. San Francisco é o nome do lugarejo caracterizado pelo cultivo de cacau, logo após a ponte sobre o Rio Madre de Diós, perto da agora movimentada Puerto Maldonado, onde se multiplicaram os automóveis, as motos triciclos, os caminhões, as linhas áreas e os hotéis. “Com a estrada, nossa vida mudou”, comenta Estanislao Curinambe, Presidente da Associação Técnica do Cultivo de Cacau no Departamento de Madre de Diós, entidade integrada por mais de 300 produtores. Curinambe conta que a região já aumentou a produção e pretende até lançar uma fábrica para ter sua marca de chocolate. “No momento, vendemos o cacau para duas indústrias peruanas, mas teremos nosso chocolate próprio, nossa marca, para exportar para vários países. A nova rodovia reforçou nossas ambições e melhorou a qualidade de vida da região.” A 10 km dali, Victor Zambrano Diaz, 66 anos, diz, orgulhoso, que nasceu em Puerto Maldonado. Junto ao Rio Tambopata, afluente do Madre de Diós, ele mantém uma propriedade rural, Refúgio ππA Interoceânica Sul na fronteira do Brasil com o Peru: elemento de integração binacional 22 ππEstanislao Curinambe: chocolate para exportação Kerenda Homet, em que recompôs a Mata Amazônica e agora produz plantas medicinais e flores para serem comercializadas. Zambrano explica: “Vinte anos atrás, esta mata não existia. Agora, somos um exemplo de ação de sustentabilidade. Minha esposa, Rosa, cuida da produção de flores tropicais. Dos meus cinco filhos, é Kerenda, a filha mais nova, de 16 anos, quem está sendo preparada para assumir os negócios”. A duas horas de estrada dali termina o Peru, começa o Brasil. De um lado da ponte sobre o Rio Acre, inaugurada em 2004, a peruana Iñapari, e, do outro, Assis Brasil. Em território brasileiro, a placa indica: “Rio Branco, 330 km”. “Rio Branco? Já fui lá, pela Rodovia Interoceânica. Maravilha de estrada. Vou outra vez, mas para conhecer algo mais do Brasil, Rio de Janeiro, São Paulo”, conta, na Plaza de Armas de Cuzco, a estudante de Enfermagem Cleofe Medrano, 45 anos, ao lado da amiga Lilian Bordagallego, estudante de Contabilidade, enquanto elas se preparam para os desfiles de junho. Cuzco e a fantástica Machu Picchu têm aparecido em filmes americanos e telenovelas brasileiras. Turistas do Brasil, Estados Unidos, Europa e Japão invadem as ruas da antiga capital pré-colombiana, que, há cinco séculos, era unida a Quito pelo Caminho do Inca. Em Lima, o engenheiro Jorge Barata, baiano de Salvador, há 30 anos na Odebrecht, dos quais 25 passados entre Peru, Equador e Colômbia, hoje Diretor Executivo da Odebrecht Latinvest (empresa da Organização criada para desenvolver novos projetos na América do Sul), olha para o mapa da Interoceânica Sul, cuja construção acompanhou inteiramente. “Essa rodovia provocou efeito local e regional em áreas antes isoladas do resto do país. Tudo melhorou no percurso. As pessoas já circulam mais, agora que, além de tudo, a economia peruana está revitalizada. O turismo cresceu.” ] Odebrecht informa 23 C a m i n h o s d a A m é r i c a rota do sol Texto Luiz Carlos Ramos | Fotos Márcio Lima Puerto Boyacá, município de cerca de 60 mil habitantes situado em uma planície quente, às margens do Rio Magdalena, entre as Cordilheiras Central e Oriental dos Andes, vive um período de paz e de evolução econômica. As tensões políticas, que nos anos 1970 e 1980 atingiram essa região da Colômbia, deram lugar à prosperidade e à ambição de superar problemas, com base na produção de petróleo, na criação de gado e no turismo. E a atual esperança de Puerto Boyacá tem tudo a ver com a certeza de que, com a rodovia Rota do Sol concluída, em 2016, ficará muito mais rápida e segura a ligação da cidade com a capital, Bogotá, e com outros centros, como Medellín, Bucaramanga e os portos do Caribe: Cartagena, Santa Marta e Barranquilla. Da histórica Plaza Simón Bolivar, em Bogotá, 2.630 m acima do nível do mar, a equipe de Odebrecht Informa seguiu a Puerto Salgar, a apenas 177 m de altitude. Após 195 km em uma sinuosa descida por outra estrada, chegamos à Ruta del Sol (Rota do Sol). Uma experiência que ficará para sempre em nossa memória. A Colômbia, país de 47 milhões de habitantes, tem 32 departamentos, correspondentes a estados ou províncias. O município de Puerto Boyacá, parte do Departamento de Boyacá, é atravessado pela futura Rota do Sol, atual Rota 45, estrada em fase de modernização (da antiga pista) e de construção da segunda pista ao longo de 1.071 km. O Trecho 2, o maior da obra, com 528 km, entre Puerto Salgar e San Roque, é desenvolvido pelo Consórcio Ruta del Sol, sob a liderança da Odebrecht, com as colombianas Episol (Corficolombiana) e Construtora Carlos Solarte. Mesas de debates entre a administração pública, empresários e representantes das comunidades ππParticipantes de campanha de educação no trânsito e o tráfego pesado na Rota do Sol: segurança e desenvolvimento 24 de Puerto Boyacá, com apoio do Prefeito Fernando Rubio López, ajudam a solucionar questões de qualidade de vida e do meio ambiente. “Percebemos as vantagens econômicas trazidas pela Rota do Sol. Surgem novos hotéis e restaurantes. Mas pedimos para o Ministério de Transporte incluir no projeto um acesso de duas pistas da rodovia à cidade, para evitar acidentes e melhorar o turismo, já que temos belos recantos”, diz o vereador Héctor Eduardo Lesmes Martinez, 44 anos, produtor de gado. Com intenso movimento de caminhões de transporte de petróleo e gasolina na pista única, a viagem de carro de 282 km, de Puerto Boyacá a Bogotá, é feita em seis horas. Para Cartagena, a 853 km, são 16 horas. Esse tempo cairá bastante, prevê Lesmes Martinez, que incentiva campanhas da comunidade pela segurança na rodovia. Com ajuda da Polícia Militar, um dos eventos transforma-se em alegre sessão teatral, realizada por 20 jovens, de 14 a 28 anos, do grupo Comunidades Unidas, que distribuem folhetos e alertam para os sinais de trânsito. Jhonatas Mosquera, Diego Cabezas, Julika Ku e Kelly Garzón vivem o caso do fictício motociclista advertido pelo policial por não usar capacete. O rio e a rodovia O Rio Magdalena atravessa a Colômbia de sul a norte e acompanha a rodovia. Placas de pequenos restaurantes ao longo da estrada oferecem atrações da gastronomia regional: sopa, carne ou peixe (bagre), arroz, feijão, patacón (banana-verde frita), salada de abacate e, claro, arepa – a típica broa de milho. No bairro Km 25, a 10 km da cidade de Puerto Boyacá, cerca de 300 pessoas participam da Jornada de Integração Comunitária, em que o consórcio recebe a adesão do Exército Colombiano e da Polícia Militar para oferecer explicações sobre a rodovia e promover consultas com médicos e dentistas, além de corte de cabelo e serviços de sapateiro. O sargento Abraham Rojas traz 10 soldados, uma médica e uma dentista do regimento: “Essa aproximação entre militares e civis tem sido saudável”, analisa Rojas. A médica Maria Quintero e a dentista Caterine Sanchez atendem dezenas de pacientes. No município de Puerto Salgar, havia uma pequena escola pública do Departamento de Cundinamarca no caminho das obras da estrada. Havia. Não existe mais: o prédio foi demolido para que fosse aberta a segunda pista. Mas já está pronta uma escola ampla, construída pelo Consórcio Rota do Sol, a 100 m da rodovia. Beatriz Santos, Diretora dessa escola, o Instituto de Educação Policarpa Salavarrieta, Sede Rural de San Cayetano, está feliz. Ao visitar o prédio de salas de aula com ar-condicionado, restaurante e quadra de esportes, onde receberá os alunos, prevê: “Eles Odebrecht informa 25 C a m i n h o s d a A m é r i c a ππO vereador Hector Lesmes: mais segurança e turismo para Puerto Boyacá vão gostar. Ficou tudo melhor. Vai dar até para ampliar o número de alunos, hoje em torno de 50, dos 4 aos 15 anos de idade. A rodovia já melhorou muito. A região também”. Os estudantes moram em fazendas, de onde um ônibus conduzido por Mary Luz Rondón os leva para as aulas. O filho de Mary, Jesus David, de 10 anos, um dos alunos, quis conhecer o novo prédio. “Ele adorou”, diz. ROTA DO SOL Santa Marta Valledupar San Roque 26 Puerto Boyacá Localizada em uma região de grande produção de petróleo e gado, superou tensões políticas e agora cresce com a rodovia. COLÔMBIA Aguachica Novos dias em La Fortuna, Barrancabermeja e San Alberto La Fortuna, vila situada perto do acesso à evoluída Bucaramanga, Departamento de Santander, reúne histórias de gente que precisou trocar de moradia por causa das obras. É o caso da família Hernandez, hoje instalada em confortável casa de quatro quartos. “Morávamos perto de onde está sendo construída a ponte sobre o Rio Sogamoso”, conta Robinson Hernandez, ao lado da esposa, Esmeralda, e dos filhos, Sérgio, de 6 anos, e Esmeralda, de 10. “Lá, eu mantinha um bar e duas mesas de bilhar, meu trabalho. Veio a desapropriação, recebi indenização, juntei com economias, construí a casa e comprei um caminhão basculante.” A família reconhece estar em um lugar melhor, enquanto Robinson busca serviços em obras para usar o caminhão. Em construção, a nova ponte sobre o Sogamoso terá 734 m. Puerto Salgar Próxima ao Rio Magdalena, essa cidade está ligada a Bogotá e marca o início do trecho da Rota do Sol que vai até o norte da Colômbia. San Alberto Rota do Sol San Alberto Barrancabermeja Situada ao lado da refinaria de petróleo de Barrancabermeja e da pujante cidade de Bucaramanga, conserva hábitos e costumes históricos da região, com destaque para a culinária. Aguachica Puerto Boyacá Puerto Salgar Bogotá No norte da Colômbia, faz parte de uma região de planície localizada entre duas cadeias de montanhas dos Andes, caminho para o litoral. San Roque Fim do trecho sob responsabilidade do Consócio Ruta del Sol, é a ligação com as cidades de Santa Marta, Barranquilla e Cartagena, no Caribe. ππEvangelista Arias em sua loja de doces: "O movimento de crianças aumentou". Na foto acima, integrantes da comunidade participam da campanha de educação no trânsito Barrancabermeja, cidade da maior refinaria de petróleo do país, evidencia a evolução econômica. A estrada facilitará a chegada dos caminhões com petróleo e a saída da gasolina para o resto do país. No rumo norte, a paisagem ganha a adesão de palmeiras, outra riqueza com a produção de óleo de palma. Evangelista Arias Jiménez, 60 anos, deficiente físico, mora em San Alberto e não esconde a alegria ao ver sua loja de doces e balas ser procurada por crianças. “Aqui, está muito melhor”, diz, ao atender Nicole Inara, de 8 anos, que chega com quatro primos menores. “Minha loja era menor, na beira da rodovia. Pago aluguel neste imóvel, e o consórcio da estrada forneceu balcões e armários. O movimento de crianças aumentou”, explica. Além da recuperação da antiga via e da construção da segunda pista, pontes e viadutos, obras iniciadas em 2011, com conclusão prevista para 2016, o consórcio tem a missão de conservar seu trecho por um período de até 25 anos. Diretor-Superintendente da Odebrecht Colômbia, Eleuberto Martorelli, explica: “A Rota do Sol é o corredor rodoviário mais importante do país, porque permite a ligação de Bogotá e das principais cidades aos portos de Cartagena, Barranquilla e Santa Marta, cruzando uma região onde se concentram cerca de 70% do PIB nacional. É por essa rodovia que saem os principais produtos de exportação colombianos – petróleo, carvão, café. A obra alavancará a economia pela evolução da indústria, do comércio e do turismo, com a consequente geração de oportunidades de trabalho.” A Concessionária Rota do Sol, presidida por Eder Paolo Ferracuti, tem hoje em seus quadros quase 800 integrantes atuando na operação e na manutenção da rodovia. Já o Consórcio Construtor Consol mantém duas frentes de trabalho, Norte e Sul, lideradas, respectivamente, pelos Diretores de Contrato Ricardo Paredes e Marcelo Piller, que contam com mais de 4 mil integrantes para a construção da segunda pista e a recuperação da pista existente. O Trecho 2 da Rota do Sol termina em San Roque e será unido ao Trecho 3 e a estradas que correm próximas ao Pacífico e ao Atlântico. Junto ao Caribe, a planície encontra a elevada Serra Nevada. A estrada passa por Aracataca, cidade onde nasceu, em 1927, Gabriel García Márquez, Prêmio Nobel de Literatura, autor de algumas das maiores obras-primas da literatura latino-americana e mundial. Em alguns momentos da viagem, a paisagem relembra cenários de realismo mágico da fictícia aldeia de Macondo, retratada em Cem Anos de Solidão. E emociona, tal qual o livro. ] Odebrecht informa 27 C a m i n h o s d a A m é r i c a panamá-colón Texto João Marcondes | Fotos Celso Doni Em Colón sopra um vento úmido e quente. Caribe. Nas ruas, todos usam vestes de gala, para a recepção à jovem Rainha da Inglaterra, Elisabeth II. As mulheres, com elegantes chapéus de abas largas, e os homens, com ternos impecáveis, mesmo sob o calor que ultrapassa os 30ºC. A visita real é especialmente aguardada por súditos do Império Britânico, imigrantes vindos de ilhas próximas. Há um frisson pelas ruas da bela cidade, com arquitetura colonial francesa (semelhante à de Nova Orleans, com suas mansões e balcões) e lugares dos mais distintos, como os teatros Rex e Lido, que evocam as soirées parisienses. Por causa de sua riqueza, Colón é conhecida como Tacita de Oro (Tacinha de Ouro). É a ponta atlântica do Canal do Panamá. A visita da rainha foi em um longínquo 1953, há 60 anos. Aquela Colón não existe mais. Aquele mundo não existe mais. Ainda assim, a cidade, hoje com 280 mil habitantes, continua sendo importante. É a porta do Atlântico para o Panamá (enquanto a capital, Cidade do Panamá, é a porta do Pacífico) e um dos entrepostos comerciais mais vibrantes do mundo. Um dos grandes problemas que afetaram Colón nas últimas seis décadas foi a falta de uma rodovia segura e rápida até a Cidade do Panamá. No entanto, agora Colón está a caminho de reviver seus tempos de glória, com a inauguração da Autoestrada PanamáColón, batizada Dom Alberto Motta Cardoze, em homenagem a um proeminente empresário local. A rodovia, construída pela Odebrecht, é uma das mais modernas da América Latina e corta uma paisagem deslumbrante, paralela ao Canal do Panamá. Seu apelido já pegou no país: o “Canal Seco”. Antes do “Canal Seco”, havia duas opções por terra: a antiga ferrovia, usada prioritariamente para carga, e a Transístmica, uma estrada com apenas duas faixas (mão dupla) sem acostamento e que sofre com constantes deslizamentos, alguns dos quais fecham o caminho por meses. Essa rodovia, além disso, tinha tráfego intenso de caminhões. Um desafio de peso, em especial para quem cumpre o trajeto entre as duas cidades todos os dias. É o caso da vendedora Marysabel Veliz Chanis, 51 anos. Ela trabalha em Colón, na Zona Livre de Comércio (a segunda maior do mundo, uma verdadeira cidade murada, repleta de lojas tax free, dentro de Colón), e mora na capital. Marysabel faz esse trajeto há 23 anos, sempre pela Transístmica. Sua sensação ao entrar pela primeira vez na Panamá-Colón? “Foi uma felicidade, uma coisa maravilhosa”, afirma. Ela costumava sair de casa todos os dias ainda de madrugada e só voltava à noite. Agora, não. Pode sentar-se, ππMarysabel Veliz, que trabalha em Colón e mora na Cidade do Panamá: "Foi uma felicidade, uma coisa maravilhosa" 28 ππRodovia Panamá-Colón, o "Canal Seco": 40 minutos entre o Pacífico e o Atlântico abrir o jornal, tomar um café da manhã demorado (seu prazer preferido), ver os primeiros raios do dia entrarem pela janela do lar e conversar com a avó, de 97 anos, antes de sair de casa. Na volta, a luz do sol ainda é sua. “Agora tenho vida”, diz, com um sorriso. Com a Transístmica, a viagem era feita em duas horas e meia. Hoje leva apenas quarenta minutos. A Panamá-Colón fora iniciada por uma empresa mexicana, mas há tempos estava parada. A Odebrecht construiu a rodovia a partir do km 13 e, em duas fases, pavimentou mais 46 km, até a entrada de Colón. O último trecho foi entregue há um ano. Exuberância natural O ambiente em torno da nova rodovia é deslumbrante, passa ao longo do Parque Nacional da Soberania, um bosque úmido tropical. Um verde escuro, frondoso, permeia as modernas vias (duas para cada sentido, com amplo acostamento). Muitos animais vivem naquela região e há túneis de 3 m de altura sob as vias para que eles possam atravessar tranquilamente. Cercas foram colocadas para que não corram perigo ao cruzarem por cima. A fauna é rica e inspiradora, típica de uma região entre dois oceanos: pumas, iguanas, falcões, tucanos, bichos-preguiça, veados, crocodilos. Como o “Canal Seco” passa por duas zonas de proteção ambiental e pelo Lago Gatun, sua construção desenvolveu-se seguindo os mais rígidos padrões de observância ecológica. Por exemplo, foram controlados, todo o tempo, os índices de ruídos, vibrações e qualidade do ar. Toda a área utilizada foi reflorestada em dobro (500 hectares, de acordo com o conceito de compensação ecológica). As áreas com vegetação invasiva, introduzida à época da construção do Canal do Panamá, receberam replantio de mata nativa. Hoje os temíveis engarrafamentos, que facilmente Odebrecht informa 29 C a m i n h o s d a A m é r i c a ππManuel Vasquez e o filho Angel: mais tempo para o convívio familiar prendiam carros até três horas por trecho, são coisa de um passado que ninguém quer se lembrar. Pela nova autoestrada passam 500 mil carros por mês e 60 mil caminhões com contêineres de mercadorias, por conta da Zona Livre. E passam tranquilamente, sem pressa, com segurança. Ficou famosa a história de um comerciante que trafegava com seu carro quando um pneu estourou. Mal desceu do carro e começou a mexer nas complicadas ferramentas, uma equipe de socorro apareceu e concluiu o serviço em poucos minutos. Surpreso e feliz, ele sacou a carteira e perguntou: “Quanto lhe devo, senhor?” A resposta: “Nada, estamos aqui para servir”. Virou campanha publicitária. “Quem roda aqui tem o nível mais elevado de segurança que se pode encontrar no mundo”, garante Jorge Salazar, Gerente de Operação e Manutenção da Concessionária Madden Colón, empresa da Odebrecht que administra a rodovia. São 45 câmeras no trecho construído pela empresa, ou seja, praticamente uma por quilômetro. A média de tempo de resposta a um chamado para atendimento a usuário (como mecânicos e ambulâncias) é inferior a 10 minutos. “A construção dessa estrada era um sonho dos panamenhos há mais de 20 anos. Estamos felizes em realizá-lo”, comemora Ricardo Bisca, da Odebrecht, AUTOESTRADA PANAMÁ-CO LÓN Colón Colón Mar do Caribe É a ponta Atlântica do Canal do Panamá. Possui bela arquitetura, de insp iração francesa, e ampla estrutura logística, com um porto movimentado. É o paraíso das compras, pois possui a segunda maior Zona Livre de Comércio do mundo. olón á-C nam Pa da tra Rodovia Tra nsís tmi ca Auto es Canal do Panamá Cidade do Panamá Capital do país e ponta do Ocea no Pacífico do Canal, tem um visual marcado pelos prédios altos, espelhados, de arquitetu ra moderna. Seus restaurantes e hotéis sofis ticados estão entre os principais atrativos, além do Casco Viejo, o Centro Histórico. Cidade do Panamá Oceano Pacífico 30 Diretor de Contrato da terceira etapa da obra (o Corredor Colón) e que participou das duas fases anteriores do projeto, já entregues. “Colón é muito forte no setor de logística, por causa do porto e da Zona Livre. E agora poderá explorar seu potencial turístico, a cidade vai ser recuperada. Há praias lindíssimas ainda inexploradas pela falta de acesso”, revela. Chegar até a entrada da cidade ficou fácil com a rodovia, mas o acesso é estreito, espremido entre a Zona de Livre Comércio e a estrada de ferro. A Odebrecht está ampliando esse acesso, construindo vias maiores e alças viárias, em um total de 12 km de obras de acessibilidade e urbanização na entrada da cidade. É o Corredor Colón, a cereja do bolo, que será entregue em 2014. Mais felicidade em família Como a essência da ligação umbilical entre essas duas cidades ainda é o comércio, os grandes beneficiados com a estrada, além dos moradores e dos usuários da Zona Livre, foram os motoristas de caminhão, que arriscavam a vida todos os dias. Caso de Manuel Vasquez, 43 anos, que hoje finalmente carrega a tranquilidade em seu semblante. “Alívio” é o sentimento que descreve, agora que desliza pelo asfalto macio da Dom Alberto Motta Cardoze. A alegria fica por conta da mulher, Angélica Moraes, 32 anos, e dos niños, os filhos Angel, 8 anos, e o já falante Anton, de 2. Com seu próprio carro, ele trafega no fim de semana com a família. Vai à capital apenas para levar as crianças aos cinemas multiplex e à Cinta Costera (área de praças, instalações de lazer e quadras de esportes construída pela Odebrecht na principal avenida da orla da capital). Ou então almoçar no Pio Pio, o restaurante preferido do pequeno Angel, que serve frango à milanesa com batatas fritas. “Ficava muito tempo sem ver parentes, que moram além da Cidade do Panamá, no interior, pois era muito difícil antes da rodovia”, comenta Angélica. O marido, Manuel, hoje pode buscar o filho pequeno no colégio – que, aliás, fica à margem de uma estradinha vicinal que se liga à PanamáColón. Dali até sua casa, às margens da rodovia no modesto bairro Nova Itália, incrustado na floresta, são apenas cinco minutos. Tudo mais fácil. A vida agora, aos poucos, parece tomar rumo, encaixar-se em Colón. ] ππCidade do Panamá: porta do Pacífico, agora mais próxima de Colón, um dos entrepostos comerciais mais vibrantes do mundo Odebrecht informa 31 C a m i n h o s d a A m é r i c a corredor viário do leste Texto João Marcondes | Fotos Celso Doni Naquele tempo, não existiam os grandes muros que hoje encobrem a vista para as praias paradisíacas da cidade de Bávaro. Ali, onde o sol aparece e aquece 365 dias por ano (à exceção das pancadas de chuva ocasionais e refrescantes), o garoto Leonardo Castillo costumava correr e brincar no meio de plantações. Havia folhas tão grandes, de um verde brilhante, que o menino seria capaz de se esconder atrás delas. Eram campos de tabaco, tradicionais naquelas terras férteis que margeiam o mar caribenho. Os charutos dominicanos já eram bons há 30 anos. Hoje, porém, alguns ousam dizer que são melhores até mesmo que os cubanos. Não há mais plantações de tabaco por ali. Os muros são dos famosos resorts all inclusive. Entre as atrações, à beira da estrada está a fábrica de charutos artesanais de Leonardo Castillo, hoje com 42 anos. “Um charuto só tem razão de ser se for feito à mão”, diz o microempresário. Ele não lamenta a ocupação das antigas plantações pelos resorts. Ao contrário. É essencial que os turistas venham a Bávaro e também a Punta Cana, principais destinos da República Dominicana. Castillo aguarda ansiosamente pela conclusão do grande Corredor Vial del Este (Corredor Viário do Leste), para que essa parte do país seja integrada por modernas rodovias. Um trecho importante do corredor, a Autopista del Coral, de 70 km, foi inaugurada em 2012 e melhorou a vida de milhares de dominicanos, entre eles, Castillo, que tem de buscar as folhas de fumo para seus elegantes charutos Charles Parker no norte e noroeste do país, passando por Santo Domingo. Reduziu o tempo de viagem em duas horas. O próximo passo para Castillo é transformar sua loja em bar de degustação de puros, um ambiente mais sofisticado, estilo lounge. O Corredor Vial del Este compreende cinco trechos, com execução sob responsabilidade da Odebrecht. Quatro estão sendo construídos, um já foi concluído. O primeiro trecho liga São Pedro de Macorís (cidade situada pouco adiante da capital Santo Domingo) a La Romana e tem 34 km. O segundo é o semianel viário de 14 km que passa ao lado da cidade de La Romana, evitando seu trânsito engarrafado. Logo em seguida vem a Autopista del Coral, inaugurada em 2012 e saudada como a melhor rodovia do país. Tem 70 km de extensão. 32 A seguir, o Boulevard Turístico del Este (BTE) liga as duas principais cidades turísticas do país, Bávaro e Punta Cana (mais 30 km). Todos esses trechos devem ser inaugurados em novembro de 2013. E, depois, surge a Rodovia Miches, com 110 km, que vai de Bávaro até Sabana del Mar. “O turismo é o nosso petróleo”, compara o Ministro das Obras Públicas e Comunicação, Gonzalo Castillo. Atualmente, o país recebe cerca de 4,5 milhões de turistas por ano. Ele quer aumentar esse número para 10 milhões. Talvez 12 milhões em 10 anos. O Corredor Vial del Este é essencial para isso, pois ligará as praias a Santo Domingo, que possui rico patrimônio histórico, como a primeira casa de Cristóvão Colombo nas Américas, mas que, por causa das dificuldades de trânsito, é pouco explorado. Há uma República Dominicana de tirar o fôlego que começa na capital Santo Domingo e se revela pelas estradas até Bávaro e, mais adiante, Sabana Del Mar. Ela precisa ser descoberta. Sabores, aromas e arte Na estrada, em São Pedro de Macorís, emanam os primeiros sabores dominicanos. Os cheiros de frutas doces, semelhantes às do Nordeste brasileiro, como a graviola e a manga. A vendedora de beira de estrada Minerva Gomes, 43 anos, salienta que a obra que passa a seu lado e transformará uma estradinha mal ajambrada em uma potente highway de dois sentidos é promessa de mais sustento. “Quando não vendo, não como. Que venham os turistas!”, exclama Minerva, lambuzando-se com um sapoti. Logo adiante, na pequena comunidade de Cumayaso, de 3 mil habitantes, o viajante pode ter uma experiência quase antropológica, da “Dominicana profunda”. No vilarejo de casas sem pintura, conhecerá a associação local de artesãs, que expõe os delicados objetos criados por anciãs e jovens senhoritas. Elas são capitaneadas pela vaidosa presidente da associação, Maria Estela David, que sopra baixinho no ouvido do repórter a sua idade, para que as outras não ouçam em meio a olhares curiosos e gargalhadas. São 42 anos. Ela já foi enfermeira e professora escolar, mas agora gosta mesmo de liderar as 30 mulheres talentosas que usam todo tipo de material, garrafas PET, vidro, palha, papel, conchas, pedras, penas de pássaros, arame, tecidos, para criarem objetos de decoração, roupas, enfeites, bolsas. ππLeonardo Castillo: "Um charuto não tem razão de ser se não for feito à mão" Odebrecht informa 33 C a m i n h o s d a A m é r i c a ππPraias de águas limpas e de uma coloração que convida, encanta e inspira: cartão-postal da República Dominicana “Sou designer de interiores”, diz Estela. Ela projeta o movimento de turistas aumentando e sua cooperativa atingindo voos internacionais. “Quero exportar”, garante. A cooperativa existe há 10 anos e reaproveitou uniformes de operários das obras de rodovias para fabricar estilosas bolsas tiracolo. A viagem prossegue. Arrozais, fazendas de gado, milharais, mangues e coqueiros, além das belas praias caribenhas. Estamos próximos agora de Punta Cana, pequena cidade que atrai a maioria dos milhões de turistas que visitam o país. Punta Cana é marca forte da República Dominicana. Integrá-la com Santo Domingo é o que falta para atingir a marca de visitantes pretendida pelo Ministro Castillo. Os empresários agradecem. Gente como Luisa Patrovita, uma italiana de 77 anos, nascida em Turim, à beira dos Alpes, que hoje comanda a cozinha típica da Bota mais concorrida da ilha, o 34 CORREDOR VIAL DEL ESTE Santo Domingo Capital do país, considerada a primeira cidade do “Novo Mundo” descoberto por Cristóvão Colombo em 1492. Destaca-se por sua Zona Colonial preservada, com museus, restaurantes, lugares para dançar e lojas de artesanato típico. Sua população é de mais de 2,2 milhões de habitantes. Sabana de la Mar San Pedro de Macorís REPÚBLICA DOMINICANA Miches Bávaro Corredor Vial del Este La Romana o Santo Domingo San Pedro de Macorís Antiga vila de pescadores, é onde começa o trecho do corredor viário construído pela Odebrecht. São famosas as frutas de beira de estrada, como sapoti, manga e graviola. Próximo a San Pedro fica a pequena cidade de Cumayaso e sua a ais oss mais ddos ir s,, com um do ureiira ure osture ost C Costureira de Cost ç o de Associação belos acervos do artesanato dominicano. Punta Cana Punta Cana Boca de Yuma Cidade praiana mais famosa da República Dominicana, ao lado de Bávaro, distantes 30 km uma da outra. Turistas de todo o mundo aproveitam seus resorts all inclusive, suas águas cristalinas, e atrações como a fábrica artesanal de charutos de Leonardo Castillo (em Punta Cana) e a comida italiana de Mama Luisa (em Bávaro). Sabana de la Mar Mar do Caribe Cidade situada no limite norte do corredor, possui praias paradisíacas, pouco exploradas, e deve se desenvolver com a chegada da rodovia. Charmosa, foi fundada por habitantes das Ilhas Canárias (Espanha). Mudanças sociais À medida que a estrada avança em direção a Miches, percebe-se que essa grande via de conexão rodoviária do país traz mudanças sociais, com o despertar da economia para novos cenários. O pescador Miguel Angel Mercedes, 49 anos, teve que se mudar de seu barraco de madeira para dar passagem à estrada. Ele é casado com a dona de casa Nirza Pacce, 48 anos, com quem tem três filhos. De início, ficaram desconfiados, mas a mudança para um novo lar mais estruturado, de alvenaria, com fossa séptica e espaço para desenvolver um viveiro de plantas, foi o primeiro passo para um cotidiano melhor. “É a primeira vez na vida que tenho um banheiro dentro de casa”, diz ela. Miguel mora perto do mar, um lugar bonito, mas ainda não está satisfeito. Aluga um arpão para fisgar lagostas e meros, além de um bote de outro cidadão. E é obrigado a vender todo o peixe para o dono dos equipamentos a preços baixos. “Hoje, é Mama Luisa. Ela foi casada com o filho do embaixador dominicano em Roma e aprendeu os ofícios do bem-servir com o pai, que era conhecido como Príncipe do Volcano, por comandar hotéis e restaurantes em um vilarejo cercado por um vulcão. Mesmo separada do marido, mudou-se para Punta Cana com os filhos, entre eles, Joaquim Salazar, que tem outros quatro restaurantes na ilha. A vida deles mudou com a Autopista del Coral. “Entramos no negócio há 17 anos. Naquele tempo tínhamos que enfrentar tormentas em estradas de terra.” Atualmente, boa parte dos clientes vem de cidades mais distantes, como La Romana. “São passeios em que hoje é possível ir e voltar no mesmo dia. Em pouco mais de uma hora. Antes não era”, explica. O trajeto para Santo Domingo (a partir de Punta) já foi de quatro horas. Agora é de duas horas e meia. Com o anel viário de La Romana, a ser inaugurado em novembro, cairá mais ainda, para uma hora e meia. Os deliciosos risotos, massas e doces italianos de Mama Luisa estarão mais acessíveis. ππMaria Estela David: material reciclado é usado para produção de objetos de decoração, enfeites, roupas e acessórios Odebrecht informa 35 C a m i n h o s d a A m é r i c a ππO restaurante Mama Luisa, em Punta Cana, e uma banca de frutas à beira da estrada: República Dominicana é um país a ser descoberto com calma, em seus cantos e recantos o único trabalho, o único mesmo, que existe por aqui”, lamenta. “Meu ganho é reduzido, pois estou na mão de uma pessoa”, queixa-se. Mas seus olhos se mexem faceiros quando se fala na obra da estrada de Miches, que está movimentando a rotina daquelas pequenas comunidades, como La Vacama, onde mora (fazendo parte de uma população estimada de mil pessoas) e Lagunas de Nissibon (logo ao lado, com 5 mil pessoas). “Há, sim, esperança de que, com a autoestrada, tenhamos mais turistas nessas praias, mais hotéis. É aí que mora uma oportunidade de trabalho”, anima-se. Marco Cruz, Diretor-Superintendente da Odebrecht na República Dominicana, afirma: “O Corredor Vial del Este é uma obra aguardada com muita expectativa pela população, há mais de uma década. Houve tentativas anteriores, mas não chegaram a ser realizadas”, explica. No total, somando-se todos esses trechos construídos pela empresa, são 258 km de estradas seguras e modernas, que facilitam o deslocamento por um dos países mais belos e acolhedores do mundo. Estradas que geraram mais de 3 mil oportunidades de trabalho na República Dominicana e ligam algumas das mais belas praias do Caribe à capital de estilo colonial preservado, do rum licoroso e peixes e frutos cozidos no leite de coco. Que agora será também dos charutos Charles Parker, de Leonardo Castillo. Das roupas de Maria Estela. E das massas de Mama Luisa. ] 36 ππBruce Hillegeist: apoio ao desenvolvimento local grand parkway Texto Eliana Simonetti | Fotos Lia Lubambo/Lusco Sexta-feira, 21 de junho de 2013. O verão começa no Hemisfério Norte. Às 5 horas da tarde, em uma pequena comunidade chamada Woodlands, que faz parte da região metropolitana de Houston, no estado norte-americano do Texas mas que fica a 80 km do centro da cidade, a temperatura atinge 35ºC, não há vento, e o céu é de um azul límpido, quase transparente. Famílias inteiras começam a se instalar em uma praça, a Market Street, com cadeiras, tapetes e caixas de isopor. Uma banda de garotos liga o equipamento de som e garante o fundo musical do evento. As pessoas comem, dançam, jogam bola. Enquanto o sol se põe e a lua quase cheia surge no horizonte, o clima, em Market Street, é de congraçamento, entre crianças, jovens e idosos, entre loiros, ruivos, morenos, afrodescendentes e asiáticos. Isso dura até as 9 horas da noite, quando o sol se esconde, e as famílias recolhem suas coisas e rumam para suas casas. Alguém mais desavisado poderia pensar que se tratava de uma festa, de algo que foi realizado para comemorar a chegada do verão. Mas não era isso. Market Street é ponto de encontro de todos os dias. Os moradores de Woodlands, como os dos outros sete municípios que formam a Grande Houston, vivem em bairros que se assemelham aos condomínios privados que existem no Brasil. São os subúrbios das cidades norte-americanas. Suas casas são assobradadas, com jardins bem cuidados. Nas ruas não se vê praticamente ninguém. Mas isso Odebrecht informa 37 C a m i n h o s d a A m é r i c a ππPrédios no centro de Houston: cidade mais populosa do Texas, com 2 milhões de habitantes não quer dizer que aqueles moradores não sejam sociáveis. Ao contrário. Nos parques e nas praças, a vida comunitária é cultivada com prazer. Houston é a cidade mais populosa do estado do Texas e a quarta mais populosa dos Estados Unidos, com 2 milhões de habitantes. A área metropolitana da Grande Houston é a sexta maior do país, com cerca de 5 milhões de pessoas, cuja renda per capita anual supera os US$ 20 mil. A maioria das pessoas ocupa a faixa da classe média e classe média alta ou está no topo da pirâmide da riqueza. A população valoriza a qualidade de vida, a convivência em família, o contato com a natureza, o tempo. ”Aqui costumamos dizer que as celebridades que querem aparecer nas colunas sociais vivem em Dallas ou em Austin, duas outras cidades importantes do Texas. Quem tem dinheiro e quer viver bem, está em Houston”, revela Antonio Merritt, administrador do aeroporto privado que fica no município de Spring, também na Grande Houston, o David Wayne Hooks Airport. 38 Fundado em 1963, o “Hooks” possui seis pistas para pequenos aviões (no máximo jatos para 60 passageiros), 200 hangares lotados de aviões e helicópteros e uma escola para pilotos. Quem usa este aeroporto? O ator Harrison Ford e o investidor Jim Robertson, por exemplo. Mas a informação circula à boca pequena. O estado da estrela solitária Spring fica mais perto de Houston que Woodlands: cerca de 32 km. Tem pouco mais de 50 mil habitantes. Há na cidade um recanto que merece atenção. É como um shopping a céu aberto, onde todas as lojas são réplicas das construções dos tempos do faroeste. Em algumas dessas lojas é possível ter uma noção mais clara do que significa ser texano. Há placas de boas-vindas aos visitantes – emolduradas com arame farpado. E bandeiras, muitas, mas não dos Estados Unidos e sim do Texas, com uma única estrela. O Texas é conhecido como o estado da estrela solitária. Por quê? Bem, isso é História. Espanhóis, franceses, ingleses e mexicanos, além dos indígenas nativos, ocuparam a região, que viveu em guerra por cerca de dois séculos. Em 1839, o Texas tornou-se uma república independente – cujo presidente, Samuel Houston, foi um estrategista militar fundamental para a vitória nas lutas contra espanhóis, mexicanos e franceses. Sam Houston é uma figura antológica. Nascido em uma família de comerciantes, ele perdeu os pais muito cedo, abandonou a escola e recusou-se a tocar o negócio de seu pai. Aparentemente, tinha uma veia aventureira, pois foi viver nas cercanias das terras dos índios Cherokees, que tendiam a fazer aliança com os mexicanos contra qualquer povo europeu que viesse se estabelecer perto de seu território. Sam aprendeu o idioma indígena, seus hábitos e costumes. Casou-se com uma índia nativa e passou a ser considerado como parte da tribo. Dessa forma, conseguiu o apoio dos Cherokees quando lutou pela independência do Texas. A capital da República do Texas, até 1840, foi a cidade portuária de Houston. A economia da região desenvolveu-se, principalmente baseada na pecuária. O estado foi cortado por uma ampla rede ferroviária, que facilitou o povoamento do oeste norte-americano. Em 1845, o Texas foi anexado aos Estados Unidos, tornando-se o 28º estado da União, com sua bandeira de uma só estrela. Mantinha, por assim dizer, sua individualidade. Foi mais ou menos nessa época que desembarcou em Houston um grupo de imigrantes alemães. Entre eles, estava a família Hillegeist. O Governo do Texas, naquele tempo, dava terras a colonos que se dispusessem a produzir, e os Hillegeist não perderam tempo. Criando gado leiteiro, constituíram duas belas propriedades. A primeira casa construída pela família está preservada até hoje, mas os três descendentes dos primeiros imigrantes já não se dedicam a atividades rurais. Recentemente, venderam suas terras ao estado do Texas, em um movimento que visa promover a expansão urbana e o desenvolvimento econômico da região. “Considero que fizemos algo importante ao abrir mão de nossa propriedade para dar espaço e apoiar o desenvolvimento local”, argumenta Bruce Hillegeist, Presidente da Câmara de Comércio de Tomball, outro município da Grande Houston. Em 1901, com a descoberta de petróleo em terras texanas, a indústria floresceu, as rodovias multiplicaram-se, e os portos ganharam importância. A capital do Texas, àquela altura, já era Austin. Mas Houston permanecia rica e poderosa. Tomball nasceu em 1907 em torno de uma estação de trem e hoje conta com pouco mais de 18 mil habitantes em sua área central – a maior parte com renda média anual entre US$ 35 mil e US$ 50 mil. É parte do chamado “corredor de energia” do Texas, graças às companhias de petróleo que se estabeleceram ali. Atualmente, a Baker Hughes está instalando um centro de treinamento para 66 mil trabalhadores, novinho em folha, em Tomball. Não muito longe, a ExxonMobil constrói uma planta que abrigará GRAND PARKWAY Grand Parkway F–2 G 249B Houston É a cidade mais populos a do estado do Texas e a quarta mais populos a dos Estados Unidos, com 2 milhões de habitantes. Ali fica a maior concentração de hospitais e centros de pesquisa médica do planeta, o Texas Medical Center. Fica tam bém o centro de controle de missões esp aciais da NASA, o Lindon Johnson Space Center. 69 H 45 F–1 Spring Kingwood 59 249 290 I–1 90 E Katy Houston 99 69 I–2 225 45 6 8 59 D Richmond Fresno Trinity Bay Pearland 35 288 A 6 C Região metropolitana 10 90 B Hitchcock Galveston Bay A Grande Houston é a sext a maior região metropolitana do país, com oito municípios e cerca de 5 milhões de mor adores, cuja renda per capita anual supera os US$ 20 mil. Área pantanosa A maior parte do territóri o de Houston é pantanoso, o que explica o grande número de viadutos na paisagem viár ia da cidade. Nos trechos da Grand Parkway que serão construídos pela joint-ven ture ZachryOdebrecht Parkway Buil ders (ZOPB) – F1, F2 e G, conforme indicado no map que ficam apenas 13 m acim a) –, há áreas a do nível do mar. Odebrecht informa 39 C a m i n h o s d a A m é r i c a ππMoradores reunidos na Market Street, ponto de encontro de jovens e idosos em Woodlands: imagem de um estilo de vida mais de 10 mil trabalhadores, principalmente engenheiros e pesquisadores de novas tecnologias. O setor imobiliário está em plena expansão, pois já estão encomendadas 2 mil casas, apenas para o pessoal da ExxonMobil. Além de um amplo parque industrial (o município só perde para Nova York em matéria de quantidade de sedes de grandes corporações), Houston abriga o Texas Medical Center — o maior aglomerado de instituições médicas e de pesquisa do mundo — e o Lyndon B. Johnson Space Center da NASA, agência onde está o Centro de Controle de Missões Espaciais. Em síntese, Houston transpira inteligência e riqueza. Um jeito muito próprio de viver Mas aqui é o Texas e nem mesmo no centro empresarial é comum encontrar gente de terno 40 e gravata. Esse traje fica pendurado em um canto do escritório, para caso de grande necessidade. Se a temperatura na cidade for de 7ºC ou se bater nos 35ºC, os homens estarão de botas, muitos deles com esporas, chapéu, camisa xadrez e cinturão com grande fivela gravada com a estrela solitária. “Aqui conservamos as tradições. Ainda fechamos negócios com um aperto de mãos, no fio do bigode. Os contratos são mera formalidade”, garante o investidor Jim Robertson, que vive entre Woodlands e Toronto, no Canadá. São pessoas que têm origem rural e seguem gostando do contato com a terra, da sensação de liberdade e de grandes espaços livres. Daí que Houston não cresce na vertical: só há edifícios no centro da cidade. A expansão é horizontal, em círculos concêntricos de bairros com casas amplas. Espalhada assim, de forma circular, a cidade possui vários ππA família Jordan (o casal Heather e Stephen e os filhos Angsly e Anthony): certeza de uma vida tranquila e cada vez mais fácil Odebrecht informa 41 C a m i n h o s d a A m é r i c a centros comerciais e de lazer, para que as famílias tenham acesso fácil a tudo de que precisam. E por todo lado há parques, jardins, campos de golfe, quadras de tênis e de basquete – para uso público. De maneira geral, os habitantes da Grande Houston trabalham entre as 8 horas da manhã e as 5 horas da tarde. Aí se encerra o expediente. É hora de ir para casa, conviver com a família. Diferentemente de outros americanos, eles preparam o jantar, a refeição que reúne pais e filhos em torno da mesa. Não que em Houston não exista todo o tipo de fast food. Mas não se come hambúrger e batata frita todos os dias, o que talvez seja uma explicação para o fato de que praticamente não se veja gente obesa na cidade. E domingo é dia de ir à igreja. Só um símbolo compete com a estrela solitária em Houston: a cruz. Os texanos são, em sua maioria, cristãos praticantes – 60% católicos e 30% protestantes. Há outra máxima que se ouve com frequência em Houston: que na cidade, as pessoas trocaram os cavalos por automóveis. O meio de locomoção, ali, é o carro. Não há metrô ou linhas regulares de ônibus no município. Até os táxis são raros. E os motoristas não suportam a ideia de parar em três semáforos no caminho entre o trabalho e suas casas. Assim, as avenidas são largas, praticamente sem cruzamentos, com viadutos sobre viadutos sobre viadutos – o que confere à área urbana uma plástica muito particular, quase futurista. Vista do alto, faz lembrar os anéis de Saturno. Terceiro anel rodoviário vira realidade É neste ambiente, para essas pessoas, que a Odebrecht começou a trabalhar há três anos, pesquisando uma maneira de concretizar um projeto antigo, que estava engavetado: a construção do terceiro anel rodoviário em torno de Houston, para desafogar ππWoodlands: acesso a completa infraestrutura de lazer, comércio e serviços 42 ππÁrea de construção da Grand Parkway: ajuda a descongestionar o trânsito ao desviar da cidade os caminhões o trânsito e desviar da cidade os caminhões, possibilitar a continuidade do crescimento horizontal e propiciar mais desenvolvimento econômico. A Odebrecht associou-se a uma empresa local com valores semelhantes aos da Organização, a Zachry Construction Corporation, uma construtora de controle familiar, com 85 anos de existência. Assim nasceu a Zachry-Odebrecht Parkway Builders (ZOPB), que, em setembro de 2012, venceu sete concorrentes, entre eles grandes empresas norte-americanas, israelenses e europeias, para construir, operar e manter os três trechos que ficam mais ao norte da Grand Parkway, com infraestrutura elétrica e hidráulica e praças de pedágio. Em princípio, a Zachry-Odebrecht operará a rodovia por cinco anos – prazo que poderá ser renovado. “Odebrecht e Zachry são duas companhias com culturas consistentes, de primeira classe. Tem sido muito confortável trabalhar em conjunto”, revela Jorge Laris, Vice-Presidente da Zachry. Os trechos sob a responsabilidade da ZachryOdebrecht somam 61 km (dos quais 26 km são de pontes) e deverão ser entregues em um prazo de 30 meses, ou 845 dias, contados a partir de 22 de março de 2013, data da assinatura do contrato com o Departamento de Transportes do Texas. O trabalho em campo teve início no dia 24 de junho, quando as primeiras máquinas começaram a preparar o terreno para a obra. Casados há 11 anos, Stephen e Heather Jordan vivem em um local chamado Northcrest Village, em Spring. Eles têm dois filhos: Angsly, de 8 anos, e Anthony, de 3. Ela é enfermeira, e ele, administrador. A família vive em uma daquelas casas que parecem de brinquedo, com tudo no lugar certo. Quando pronta, a Grand Parkway passará praticamente na porta deles. Problema? Nada disso. “Temos certeza de que tudo aqui continuará tranquilo como sempre, e que teremos muito mais facilidades”, diz Heather. Pelos seus cálculos, os 30 minutos que gasta, hoje, para ir à clínica em que trabalha, serão reduzidos a 16 minutos. Ou seja, considerando o percurso de ida e volta, ela terá 28 minutos a mais para ficar com as crianças. ] Odebrecht informa 43 C a m i n h o s d a A m é r i c a PRÊMIO ODEBRECHT DE PESQUISA HISTÓRICA CLARIVAL DO PRADO VALLADARES 44 10 anos HÁ 10 ANOS ESTIMULANDO A DESCOBERTA E A PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA BRASILEIRA Desde 2003 o Prêmio Odebrecht de Pesquisa Histórica vem apoiando o trabalho de pesquisadores que se dedicam a temas inéditos da História do Brasil. A cada ano, um projeto de pesquisa é financiado, e seu resultado é colocado à disposição do público em um livro de arte cuidadosamente editado e ricamente ilustrado. Dessa forma, a Organização Odebrecht ajuda a valorizar o patrimônio cultural brasileiro e a preservar a nossa memória para as futuras gerações. /premioodebrechthistoria | www.odebrecht.com/pesquisahistorica Odebrecht informa 45 A R G U M E N T O Afetadas ou beneficiadas? mauro “É importante que se façam estudos socioeconômicos e ambientais prévios ao início das obras“ Área de influência de obras rodoviárias: regiões afetadas ou beneficiadas? No passado, dizia-se que determinada região, ao receber uma obra rodoviária, seria afetada por ela. No entanto, a partir da percepção de que se poderia agregar as fortalezas das comunidades situadas nas áreas de influência das obras, o rótulo foi substituído por região beneficiada. Beneficiada não só pelo fato de que as rodovias garantem a presença do Estado ao longo de sua extensão, mas também pelo desenvolvimento socioeconômico alavancado pela própria obra durante o período de construção. Entretanto, cuidados adicionais são indispensáveis. O impacto socioambiental direto nas comunidades pode gerar problemas irreversíveis se não for cuidadosamente avaliado e mitigado. É importante que se façam h ue b estudos socioeconômicos e ambientais prévios ao início das obras, tendo como parceiras estratégicas as entidades de classe dessas regiões. O objetivo final é que, através de um trabalho de cooperação entre obra e comunidade, ambos possam obter o máximo de benefícios possíveis. Experiências recentes têm demonstrado resultados bastante positivos. O Programa de Qualificação Profissional Continuada Acreditar já é uma referência consolidada. Trata-se de um programa de recrutamento e capacitação da população local para trabalhar nas obras. O resultado desse programa é, além da geração de valor econômico ao projeto, a promoção do desenvolvimento econômico e social das populações no entorno das obras. No passado, a imigração em massa era inevitável. Trabalhadores de outras regiões eram mobilizados para trabalhar nas obras, o que gerava conflitos sociais. Outra experiência de sucesso é o Programa Via Escola, cujo foco é a capacitação das populações ao longo da rodovia, para que possam conviver, de forma harmônica e segura, com a estrada em operação plena. Enfim, as obras rodoviárias geram impactos diretos nas populações. Antes eram impactos negativos – populações afetadas; hoje são positivos – populações beneficiadas. ] Mauro Hueb é Líder da Comunidade de Conhecimento de Rodovias da Organização Odebrecht 46 i n v entore s sempre bolando alguma novidade trabalho dos inventores da braskem resultou no depósito de 47 pedidos de patente em 2012, levando ao total de 650 documentos registrados Texto Mayara Thomazini | Fotos Ricardo Chaves (RS), Almir Bindilatti (BA) e Edgar Ishikawa (SP) ππBárbara Mano e Antonio Quental: atualização constante e criatividade Odebrecht informa 47 Quando alguém desenvolve algo inovador que é atrativo para o mercado logo pensa em proteger essa invenção para não correr o risco de ter sua produção (intelectual ou material) copiada e explorada comercialmente. Legalmente, a solução para isso é requerer um título temporário de propriedade que concede direito exclusivo de exploração do desenvolvimento em questão, ou seja, a patente. A Braskem dedica atenção especial à proteção de seu capital intelectual, e uma demonstração disso foi a criação, em 2002, do programa de Propriedade Industrial (PI). “Além de criar, o inventor também tem a missão de disseminar a cultura de proteção de propriedade industrial, dando o exemplo a outros integrantes, para que busquem o registro oficial de suas invenções”, ressalta Eneida Elias Berbare, Responsável por Gestão de Propriedade Intelectual, Informação e Conhecimento, área encarregada do apoio às equipes de Inovação e Tecnologia da Braskem. Em 2012, a Braskem depositou 47 pedidos de patente, dos quais 17 eram referentes a novas invenções e 30 correspondentes à extensão da proteção de invenções depositadas em anos anteriores. Com isso, a empresa atingiu a marca de 650 documentos de patentes depositados no Brasil e no exterior. Na linha de frente desse crescimento, estão 26 integrantes, responsáveis pelas invenções depositadas em 2012. Como inventores, eles fazem parte do time que está contribuindo diretamente para consolidar a Braskem como uma das empresas mais inovadoras do país. A inovação é uma das principais formas pelas quais a Braskem consegue surpreender e satisfazer seus clientes e, por consequência, levar benefícios à vida das pessoas. Conheça a seguir alguns dos inventores de 2012 da Braskem, profissionais que inovaram e fizeram a diferença. Inovação no trabalho e em casa Antonio Morschbacker, Responsável por Tecnologias Renováveis, está na Braskem há 21 anos e é um dos 26 integrantes que depositaram patente em 2012. Com outros três integrantes – Avram Slovic, Paulo Coutinho e Mateus Schreiner –, ele desenvolveu um processo de fermentação para novos produtos. Morschbacker lidera uma equipe de 31 pessoas, que trabalha concentrada em inovação nas áreas de biotecnologia e processos renováveis. Além disso, parte do trabalho dessa equipe é ser a guardiã da tecnologia da planta de eteno “verde” no Polo Petroquímico de Triunfo (RS). “Desde que a planta entrou em operação, em 2010, temos introduzido 48 melhorias para que ela se torne cada vez mais competitiva”, comenta. Não é só no trabalho que Morschbacker inova. Seu principal hobbie é o cultivo de frutas nativas raras, algumas das quais ele mantém no viveiro em sua casa, além do trabalho em conjunto com jardins botânicos, como o Plantarum, em Nova Odessa (SP), perto de Campinas. Sem rotina Antonio Carlos Quental, Coordenador de Projetos na equipe de Ciência de Polímeros do Centro de Tecnologia e Inovação, em Triunfo, argumenta que a inovação é um dos pilares que ππAntonio Morschbacker: introdução de melhorias para aumento da competitividade garantem a perpetuidade da empresa. “É a partir dela que crescemos e nos diferenciamos de maneira sustentável. A necessidade de inovar mantém a criatividade, a agilidade e a flexibilidade na cultura da empresa.” A inovação desenvolvida por Quental, em conjunto com Marcelo Farah e Ana Paula Azeredo, foi concebida com o objetivo de melhorar as propriedades de uma família de produtos do portfólio Braskem conhecidos como copolímeros de impacto. Químico com mestrado e doutorado em Físico-química de Polímeros pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e há oito anos na Braskem, Quental convive com pessoas e ππRita Marinho: “Gostar do que se faz é essencial” ambientes diferenciados com muita discussão e argumentação. “Quando falamos em dia a dia, pensamos em rotina, mas entendo que não vivo isso, pois, em nossos projetos quebramos a rotina sempre”, explica Quental, que, quando não está inovando, está em família, e a maior parte do tempo brincando com o filho Matheus, de 6 anos. Desafio diário Bárbara Mano, também da equipe de Ciência de Polímeros de Triunfo, está na Braskem há mais de três anos e atua na gestão técnica de projetos, em busca de soluções inovadoras. Em 2012, Bárbara depositou patentes de duas invenções: uma que melhora as propriedades da família Symbios® (um terpolímero de propeno, eteno e buteno desenvolvido para a camada de selagem em coextrusão de filmes) e outra que melhora as propriedades de permeação das poliolefinas. Essas inovações são frutos do trabalho desenvolvido em conjunto com outros integrantes: Adair Rangel, Adriane Simanke, Ana Paula Azeredo, Cristóvão de Lemos, Fabiana Carvalho e Márcia Pires. Instigante e desafiador. Assim Bárbara define seu trabalho. “Por integrar um time de inovação, mantenho-me atualizada constantemente, lendo artigos científicos, patentes e press releases divulgados pela mídia especializada. Isso auxilia o andamento do meu trabalho. Também planejo experimentos e realizo a análise crítica dos resultados experimentais, para dar prosseguimento aos desenvolvimentos sob minha gestão”, ela relata. Apaixonada pelo que faz Rita Marinho, engenheira especialista de Tecnologia de Processos de PVC, está há 23 anos na Braskem. Sua invenção, desenvolvida em equipe com Camilo Delfino, Mauro Oviedo, Lucas Polito e Lucas Horiuchi e patenteada em 2012, altera as características mecânicas do PVC, o que possibilita novas aplicações da resina. Seu trabalho é desenvolver novos grades, substituir aditivos, zelar pela qualidade do produto e conceber novas tecnologias e processos de aumento de produtividade das plantas. Rita diz que seu dia a dia é bem dinâmico e interessante. Além da atuação na Braskem, ela mantém contato com universidades para o desenvolvimento de projetos e com licenciadores internacionais da Braskem. “Gostar do que se faz é essencial. Sou muito antenada nas novidades da sociedade e adoro achar novas formas de reaproveitar objetos e encontrar a maneira mais prática de fazer as coisas em casa”, revela Rita. ] Odebrecht informa 49 te c no l og i a e i no v a ç ã o Os lugares onde tudo começa Centros de Tecnologia e Inovação da Braskem são ambientes marcados pelo exercício da parceria com clientes e pela busca de avanços tecnológicos Texto Mayara Thomazini Automóveis mais leves e menos poluentes, embalagens resistentes, sustentáveis e até mesmo inteligentes, calçados mais confortáveis e com maior qualidade. A lista já é grande, mas ainda há muito para evoluir. Em 2012, a Braskem lançou 28 novos produtos, que resultaram de uma estratégia de inovação baseada no desenvolvimento de novas tecnologias. Isso fez com que o portfólio da empresa crescesse e permitiu a ampliação das vendas. Um exemplo: 18% do volume de vendas de poliolefinas vem dos produtos lançados nos últimos três anos. “Para que exemplos como esse se tornem cada vez mais comuns e contribuam para melhorar a qualidade de vida de milhares de consumidores ao redor do mundo, a Braskem investe constantemente em inovação. Só em 2012, os investimentos em pesquisa alcançaram R$ 188 milhões”, destaca Patrick Teyssonneyre, Responsável por Inovação e Tecnologia da Unidade de Poliolefinas da Braskem. Para avançar cada vez mais nesse campo, a empresa conta com equipes no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa, que trabalham em sintonia com os dois Centros de Tecnologia e Inovação, em Triunfo (RS) e em Pittsburgh, no estado norte-americano da Pensilvânia. Ao todo, a Braskem dispõe de 24 laboratórios de inovação, oito plantas-piloto (nas quais os novos produtos, aplicações e processos são testados) e uma equipe de 330 profissionais. Uma década de inovação O Centro de Tecnologia e Inovação da Braskem em Triunfo completou 10 anos em 2012, consolidado como um dos mais modernos da 50 América Latina. “Nestes 10 anos, a Braskem agregou muita tecnologia aos seus produtos, fortaleceu seu portfólio com novos desenvolvimentos e também com a incorporação de produtos e tecnologias decorrentes das aquisições de empresas e ativos realizadas nesse tempo”, ressalta Patrick. Formado por 11 laboratórios, onde atuam químicos e engenheiros químicos, de plásticos e de materiais, o centro já foi visitado por mais de 5,3 mil pessoas de 22 países. São clientes, fornecedores, estudantes, representantes de órgãos governamentais e de instituições financeiras. Os clientes representam cerca de 50% das 100 visitas mensais que o Centro recebe. “Os clientes querem conhecer as técnicas analíticas aplicáveis aos polímeros e muitas vezes solicitam apoio na execução de análises de caracterização de materiais, testes de desenvolvimento e evidências de atendimento de normas legais ou regulamentares”, conta Nércio Hexsel, Responsável pelos Laboratórios do Centro de Tecnologia e Inovação. O desenvolvimento de produtos em conjunto com os clientes tem resultado em constante inovação, soluções eficazes, avanços tecnológicos, aumento da competitividade e ampliação de mercado, permitindo que o beneficiário final, a sociedade, obtenha mais conforto e praticidade em seu dia a dia. Nesta década de funcionamento, o centro passou por diversos momentos marcantes, entre eles o desenvolvimento, em escala piloto, do primeiro propeno e do primeiro polipropileno “verdes” do mundo e a linha de produtos Maxio, fabricados com resinas de polipropileno e polietileno, que proporcionam aos clientes ganhos como economia no consumo de energia, Acervo Odebrecht ππIntegrante da Braskem em ação no Centro de Tecnologia e Inovação de Triunfo: 10 anos de operação em 2012 redução de peso e maior produtividade. Com equipamentos de última geração, operados com alto rigor metrológico, o centro participa de diversos programas interlaboratoriais realizados com órgãos de referência internacional. “Nosso Centro de Tecnologia e Inovação é um dos principais diferenciais da Braskem frente aos players do mercado de polímeros no Brasil e na América Latina”, salienta Nércio Hexsel. “Operamos com foco no desenvolvimento de novos materiais e no suporte aos clientes, possibilitando o acesso a todas as 380 metodologias analíticas existentes. O objetivo, com isso, é maximizar o uso das resinas produzidas pela Braskem nos processos de transformação”, ele acrescenta. ] Odebrecht informa 51 E N T R E V I S T A Líder de novos e velhos marujos roberto ramos, da Odebrecht óleo e gás Texto Cláudio Lovato Filho | Foto Américo Vermelho Roberto Ramos está sempre pensando no passado e no futuro. Mas isso não tem nada a ver com nostalgia, tampouco com excesso de projeções ou ansiedade. O passado a que ele dedica cotidiana atenção é aquele capaz de trazer lições e, portanto, qualificar o presente. O futuro é aquele semeado hoje, por meio da disposição e da capacidade dos jovens de aprenderem com seus companheiros de outras gerações. É justo, então, afirmar que, para Roberto Ramos, a atuação de uma empresa é um permanente presente estendido. Como a vida. Líder Empresarial da Odebrecht Óleo e Gás, o carioca Roberto Prisco Paraíso Ramos, 66 anos, engenheiro mecânico formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), fala, nesta entrevista, sobre a mescla de experiência e qualificação dos “velhos marujos” (como ele carinhosamente chama os integrantes mais maduros) com a excelência da preparação acadêmica de jovens profissionais. Ele destaca os investimentos realizados pela Odebrecht Óleo e Gás desde 2006 (ano de sua criação, ou recriação, considerando-se a origem da empresa, em 1979, com a Odebrecht Perfurações Ltda., a OPL) e oferece ao leitor um panorama da indústria de petróleo e gás no Brasil. 52 O Brasil tem a previsão de se tornar, ainda nesta década, um grande player mundial, com a exploração de petróleo na área do pré-sal. Como você descreve o atual momento da indústria de petróleo no Brasil? O que está mudando no país nesse setor? O Brasil tem um plano muito ambicioso de aumento da produção. O país quer chegar aos 4,2 milhões de barris por ano em 2020. É um desafio enorme, cuja superação a Presidente da Petrobras, Graça Foster, está conduzindo de forma adequada à realidade. Os grandes campos estão em queda, e a Petrobras precisa de novos projetos. O Governo brasileiro vem estimulando a conquista de metas ousadas, com forte participação da indústria nacional. Os desafios são a escassez de força de trabalho qualificada e a dificuldade dos fornecedores de suprir as demandas no ritmo necessário. A velocidade do crescimento do setor no país é muito acelerada, e as empresas, embora as que se relacionam com a Petrobras e com a Odebrecht sejam todas top de linha, ainda buscam atingir metas de excelência. A superação do desafio da qualificação de pessoas passa por programas de capacitação. Aqui, na Odebrecht Óleo e Gás, temos o Programa Embarcar, uma adaptação do Programa Acreditar [Programa de Qualificação Profissional Continuada Acreditar] à realidade do nosso setor. ππQuais são os destaques da contribuição da Odebrecht Óleo e Gás para que o Brasil consiga superar seus desafios e conquistar o patamar pretendido? De 2006 até o início de 2013, a Odebrecht Óleo e Gás construiu sete plataformas de perfuração para águas ultraprofundas, para atender à Petrobras. Nossa empresa tem a quinta maior frota do mundo para águas ultraprofundas, incluindo o pré-sal [veja quadro que acompanha esta entrevista]. Estamos operando mais um FPSO [unidade flutuante de produção, armazenamento e descarregamento de petróleo], pela primeira vez no Brasil, e construindo mais dois navios para o lançamento de linhas flexíveis, PLSVs, como são conhecidos no mercado. Somos a única empresa brasileira que atua no segmento de construção submarina (subsea). Investimos, no total, US$ 5,5 bilhões em seis anos. ππE como o cliente Petrobras, com quem a Odebrecht mantém uma relação histórica e prolífica, percebe esses esforços? Acho que um episódio bastante recente pode dar boa ideia disso. Ontem [20 de junho], a Presidente da Petrobras, Graça Foster, visitou o navio de perfuração Norbe IX [capaz de operar até a profundidade máxima de 3 mil m e perfurar poços de até 10 mil m], na Bacia de Campos. Isso, por si só, já representou o reconhecimento de que estamos no caminho certo, pois foi a única plataforma que ela visitou. A presidente fez muitos elogios durante a permanência a bordo. Por força de tudo o que ocorreu e continua ocorrendo nessa longa relação empresarial, a Petrobras sabe que a Odebrecht entrega a obra para a qual foi contratada, sem desistências, e que existe, de nossa parte, garantia de performance. Sobretudo, a Petrobras percebe que existe na Odebrecht uma cultura empresarial que a diferencia, que faz as pessoas gostarem de trabalhar na empresa e, consequentemente, estarem sempre motivadas a atender bem a seus clientes. “Hoje estamos na fronteira da tecnologia. E o nosso desafio, como fornecedores, é atuar nessa fronteira” ππMas ainda há as boas (na verdade, ótimas) notas atribuídas às unidades pela Petrobras, correto? Sim. Estamos muito felizes por isso também. A ODN II [capaz de operar até a profundidade máxima de 3 mil m e perfurar poços de até 10 mil m], recebeu duas vezes a nota “10” e outras duas vezes nota “9,9” dos fiscais da Petrobras, que avaliam tudo, desde a operação propriamente dita às acomodações dos trabalhadores, passando pela comida servida a bordo e a limpeza da unidade. A média das nossas avaliações é “9”. Para a Petrobras, um cliente extremamente rigoroso e exigente, a nota “9” significa que se chegou a um nível excelente. A nota “10”, então, podemos entender que representa uma operação perfeita. Isso nos orgulha e incentiva a buscar resultados ainda melhores, sempre. ππO desenvolvimento de tecnologia é uma prioridade que se confirma no dia a dia de atuação das equipes da Odebrecht Óleo e Gás. Em que medida o atendimento a clientes exigentes e as parcerias com grandes empresas internacionais vêm contribuindo nesse sentido? A exploração offshore de petróleo começou nos anos 1960, com os Estados Unidos, no Golfo do México, e com a Grã-Bretanha, no Mar do Norte. No Brasil, a busca de petróleo no mar teve início no anos 1970, em águas rasas, de até 300 m de lâmina d’água. Em 1979, a Odebrecht Perfurações Ltda. (OPL) tornou-se a primeira empresa privada Odebrecht informa 53 brasileira a perfurar poços. Em meados dos anos 1980, o país passou a explorar o que então se considerava águas profundas, em lâminas d’água de 500 m. No fim dos anos 1980, foi a vez das lâminas d’água de mil metros. As plataformas ancoradas, que podiam operar em profundidades de até 600 m, começaram a dar vez às semissubmersíveis, mais avançadas e capazes de explorar a mil metros, com precisão muito maior. Na década de 1990, chegou-se a 1.500 m, e, nos anos 2000, o país conheceu a exploração de petróleo realizada a profundidades de mais 2 mil metros. Já eram águas consideradas ultraprofundas. Em meados dessa mesma década, atingiu-se os 3 mil metros. Foram saltos gigantescos! Passamos dos sistemas de operação mecânicos e elétricos aos sistemas totalmente informatizados. Hoje estamos na fronteira da tecnologia. E o nosso desafio, como fornecedores, é atuar nessa fronteira. A Petrobras, naturalmente, sempre incentivou seus parceiros a desenvolverem tecnologia. Não poderia ser diferente, porque a cadeia produtiva do petróleo é longa e baseada em tecnologia. Sem dúvida, atender a clientes como a Petrobras e também como a Shell, a Statoil, a Total, a ConocoPhillips, e ter parcerias com empresas líderes mundiais de mercado e detentoras de grande conhecimento tecnológico, como a Teekay e a Technip, são fatores muito importantes para os nossos avanços. ππDe que maneira a experiência acumulada pelas equipes da Organização no setor, desde os tempos da OPL, está sendo importante para o contínuo crescimento da Odebrecht Óleo e Gás? E como esse conhecimento e essa vivência dos integrantes mais maduros estão sendo equilibrados com os novos conhecimentos trazidos pelos jovens? Na Odebrecht Óleo e Gás, temos integrantes experientes que assumem o compromisso de se manterem atualizados. O trabalho na indústria de petróleo e gás envolve riscos altos. Não podemos prescindir da experiência. A segurança da operação vem antes de tudo. E, se a experiência significa segurança, então é a experiência que vem antes de tudo. Temos profissionais que estão conosco há muito tempo, mas também há pessoas que, apesar de serem experientes na profissão, são novas na Organização. Estas precisam ser aculturadas. É um desafio nosso. De outro lado, temos integrantes jovens, bem preparados em termos acadêmicos, mas que precisam desenvolver o “sangue frio” que a experiência traz, para estarem realmente aptos a enfrentar todo tipo de situação que pode surgir durante uma operação no mar. Por isso, nossa estratégia é mesclar a experiência com os novos conhecimentos trazidos pelos jovens. E, quando me refiro a “mesclar”, refiro-me a levar isso à prática de cada dia. Aqui na empresa temos mentores, ou seja, um integrante maduro, um “velho marujo” que tem a responsabilidade de formar jovens parceiros. 54 Isso faz parte do nosso Programa Embarcar. Dependendo do programa que lidera, um profissional experiente acompanha, no dia a dia, de um a quatro jovens. Nossa ideia é esta: unir a experiência atualizada dos profissionais maduros à excelência de preparo dos jovens.] Odebrecht Óleo e Gás • A Odebrecht Óleo e Gás fornece soluções integradas para a indústria de petróleo e gás upstream (parte da cadeia produtiva que antecede o refino) no Brasil e, em atuação transversal com outras empresas da Organização Odebrecht, em Angola, na Venezuela, na Argentina e no México. • A atuação da Odebrecht Óleo e Gás ocorre em seis frentes: perfuração offshore, construção submarina (subsea), produção e logística offshore, manutenção e serviços offshore, serviços de gerenciamento para E&P (Exploração e Produção) e serviços especializados a poços. • A frota da Odebrecht Óleo e Gás é formada por três plataformas semissubmersíveis (Norbe VI, ODN Delba III e ODN Tay IV), quatro navios de perfuração (Norbe VIII, Norbe IX, ODN I e ODN II), dois FPSOs (North Sea Producer, em operação no Mar do Norte) e Cidade de Itajaí (em operação na Bacia de Santos) e ainda dois PLSVs, em construção, com início de operação previsto para 2014 e 2015. • Em 2012, a Odebrecht Óleo e Gás associou-se à empresa Sete Brasil para realizar o gerenciamento da construção de cinco unidades de perfuração, entre as quais quatro navios-sondas que serão construídos no Estaleiro Enseada do Paraguaçu (EEP), empresa da Organização Odebrecht, e posteriormente operados pela Odebrecht Óleo e Gás. Odebrecht informa click ππAcessórios confeccionados com coco da piaçava em Nilo Peçanha (BA) c i ê n c i a fragmentos de vida e trabalho na área de construção da hidrelétrica de santo antônio, uma equipe se dedica a resgatar vestígios arqueológicos Texto Francisco Ornellas | Fotos Ricardo de Sagebin ππ Juliana Santi (no alto) e as instalações de trabalho no Departamento de Arqueologia da Unir: transferência de conhecimento 56 Os olhos brilham com a certeza de quem fez a opção correta. Há quatro anos, em meio ao doutorado em Arqueologia pela Universidade de São Paulo (USP), após obter sua graduação em História pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul, a gaúcha Juliana Rossato Santi desembarcou em Porto Velho. Na capital de Rondônia, ela integrou-se à equipe de 85 pessoas (das quais 20 são arqueólogos) encarregada de resgatar vestígios arqueológicos na área da Usina Hidrelétrica Santo Antônio, empreendimento conduzido pela Concessionária Santo Antônio Energia, da qual a Odebrecht é acionista. A missão está quase completa. A fase de prospecção permitiu à empresa brasileira Scientia Consultoria Científica procurar em toda a área do canteiro da obra e recolher fragmentos, que são, segundo confirmou a datação científica, de 7 mil anos antes de 1950 (convencionado como “ano zero” para isso). O trabalho de garimpagem, que delimitou sítios em que se escavou até 1,20 m de profundidade, possibilitou o recolhimento de mais de 100 mil peças, que incluem material cerâmico, polimentos rochosos e gravuras rupestres. Até que se chegou ao momento da técnica tradicional: coloca-se tecido, passa-se carbono para emoldurar o registro e, por fim, entra em cena o uso das novas técnicas, trazidas pela empresa Dryas Arqueologia, de Portugal. Um scanner transmite 900 mil feixes/segundo de laser para permitir, em 360º, a fotogrametria com tamanha precisão que nenhum detalhe do menor objeto escapa. Integrante da Santo Antônio Energia há quatro anos, o acreano Ricardo Ferreira, 54 anos, acompanha tudo com o olhar atento de um pai. Ele é o coordenador de Preservação Ambiental nas áreas de Arqueologia e Paleontologia e ouve o relato das conquistas das jovens Juliana, 33 anos, e Suzana Zuse, 29 anos (conterrânea de Juliana e, como ela, graduada em História pela UFSM e mestranda em Arqueologia na USP). Ricardo chegou a Porto Velho há 33 anos. “Sem dúvida, algo que entusiasma muito ‘os daqui’ é a mudança gerada pela Usina Hidrelétrica Santo Antônio”, conta ele. Mudanças criadas durante a obra e perpetuadas por atividades como as que ele coordena. Circulando com desenvoltura nos espaços entre laboratórios e gabinetes que os abrigaram, eles cuidam agora da transferência de todo o acervo para a Universidade Federal de Rondônia (Unir). Odebrecht informa 57 ππObjetos encontrados nos sítios arqueológicos nas margens do Rio Madeira: uso da técnica do Carbono-14 para definir idade dos fragmentos Benefício para a academia Tanto Juliana quanto Suzana têm motivos para comemorar: são docentes, concursadas, no Departamento de Arqueologia da Unir, implantado a partir do trabalho que ajudaram a desenvolver e ao qual será legado todo o acervo. Na universidade, elas poderão dar continuidade ao programa, transferir experiência e conhecimento, o que ajudará a eternizar o patrimônio arqueológico. Entre as prateleiras que se sobrepõem nos laboratórios do prédio que abrigou as equipes de resgate arqueológico, o trabalho agora é embalar milhares de fragmentos, telas de todos os tamanhos, algumas vasilhas inteiras e dezenas de garrafas de diferentes tamanhos. Tudo isso é resultado da paciência que caracteriza profissionais como elas. Começou nas margens do Rio Madeira, acessíveis apenas no período de estiagem. Seguindo os padrões de assentamento humano, delimitaram sítios por amostragem e partiram para a prospecção. Eram espaços distantes 20 m uns dos outros. Escavaram a área, fizeram registros fotográficos e o decalque em tecido e levaram tudo para o laboratório. Ali, lavaram, triaram e analisaram cada pedaço. Com a técnica do Carbono-14, obtiveram as datações científicas. Chegaram a determinar peças com 7 mil, 4 mil, 2 mil e 500 anos (antes 58 de 1950). Conceito arqueológico desenvolvido na década de 1940, o Carbono-14 permite, por análise química, identificar a idade de boa parte de fragmentos e objetos encontrados no planeta. O caso das garrafas é especial. Embora mais recentes (100 anos, segundo o Carbono-14), boa parte delas foi encontrada enterrada no sítio de Santo Antônio, o núcleo urbano pioneiro de Porto Velho e distante 7,5 km do atual centro. São garrafas de um quarto de litro, em sua maioria esverdeadas e feitas em vidro grosso. Há também outros vasilhames menores, com inscrições que os identificam como portadores de cosméticos consumidos por trabalhadores dos primeiros trilhos da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Nesse ponto, a recuperação arqueológica encontra-se com a preservação histórica. O mineiro Alexandre Queiroz é o guardião dos programas de sustentabilidade da Madeira-Mamoré, responsável pela interação dessa área com a comunidade. Coleciona registros de muitas conquistas, como a urbanização do entorno da capela (onde os arqueólogos encontraram as garrafas) e a instalação do Centro Cultural Indígena no sítio de Santo Antônio. Em Porto Velho, Queiroz vê com carinho as obras de restauração do pátio da antiga estrada de ferro. E vislumbra, para o futuro, a circulação de trens turísticos nos primeiros quilômetros da aventura que marcou a velha ferrovia. ] ideias Conectado à estrada Texto Emanuella Sombra Um chip instalado no veículo permite ao condutor passar pelo pedágio sem perder tempo na cancela. A tecnologia já é conhecida, mas os motoristas brasileiros agora podem tornar suas viagens ainda mais práticas ao utilizarem o ConectCar. O novo modelo de pagamento eletrônico é mais vantajoso que seus principais concorrentes. Por duas razões: porque funciona pelo sistema pré-pago de recargas e, portanto, não cobra mensalidade e porque o aparelho pode ser comprado em qualquer Posto Ipiranga e a um custo bem inferior aos similares. O ConectCar, criado pela Odebrecht TransPort em parceria com a Ipiranga, entrou em operação em abril. Sua tecnologia possibilita a emissão de um aviso, por meio do celular, no momento de fazer uma nova recarga e permite trocar créditos por combustível. “Para quem viaja pouco, é uma opção muito mais econômica que as concorrentes”, explica João Cumerlato, Diretor-Superintendente da ConectCar. O sistema também funciona em alguns estacionamentos de shoppings e de centros comerciais da capital paulista. Até o fim do ano, estará disponível em mais de 100 estabelecimentos. Na estrada, já são 20 as concessionárias que aderiram ao novo modelo. Na lata Em tempo real Boas ideias podem surgir (e frequentemente surgem) de dificuldades da vida prática. Uma proposta da Braskem, em parceria com a Companhia Brasileira de Embalagens, resolve o dilema habitual dos consumidores de cerveja: como evitar a contaminação do líquido ao ocorrer o contato com a superfície externa da lata? Aprovado em testes laboratoriais por institutos no Brasil e na França, um lacre plástico veda a parte superior da embalagem e mantém a superfície totalmente limpa. O lacre é aplicado às latas depois de elas passarem pelo processo de lavagem e secagem, e isso garante um produto seguro, limpo e pronto para o consumo em qualquer ocasião. A novidade – ecologicamente viável por utilizar matériaprima reciclável – chegou aos supermercados em junho. A primeira marca a adotar o lacre foi a Cervejaria Colônia. Painéis que emitem alertas em tempo real e permitem a tomada rápida de decisões. Para melhorar os processos de exportação, a Odebrecht Logística e Exportação (Olex) implantou o WMS (Warehouse Management System), um sistema de gestão de armazéns on-line que monitora a logística desde o recebimento dos pedidos de fornecedores até a entrega das mercadorias nos portos de Santos (SP) e do Rio de Janeiro e seu posterior embarque. O monitoramento permite a detecção de problemas e sua solução imediata. Odebrecht informa 59 v i d a no c ante i ro para trabalhar com alegria Texto Luiz Carlos | Foto Edu Simões canteiro de obras da hidrelétrica de teles pires inova nas ações voltadas ao bem-estar dos trabalhadores 60 Texto João Paulo Carvalho | Fotos Bruna Romaro É um canteiro de obras, mas fique à vontade para chamá-lo de cidade. A infraestrutura montada para abrigar os integrantes que atuam na construção da Usina Hidrelétrica Teles Pires, realizada pela Odebrecht Infraestrutura na divisa dos estados do Mato Grosso e Pará, não deixa nada a desejar se comparada a de muitos municípios do interior do Brasil. Atualmente, cerca de 5 mil pessoas usufruem das instalações distribuídas por 55 mil m², tudo pensado para proporcionar a maior integração possível entre seus habitantes. A estrutura por si só já é de animar qualquer cidadão, mesmo se ele for hiperativo. Além dos 1.488 quartos – cada um com televisão a cabo e ar-condicionado –, não faltam locais para o entretenimento. A partir das 9 horas, os espaços já estão prontos para receber os primeiros frequentadores em busca de diversão. O dia pode começar em um dos três campos de futebol (um deles, em tamanho oficial, possui grama natural, e os outros dois, grama sintética, estes os únicos da região no raio de 300 km). Neles realizam-se campeonatos, com direito a prêmios para os vencedores. Para quem não curte uma “pelada” ao ar livre, o que não falta é opção indoor. No salão de jogos, há mesas de sinuca, pingue-pongue, dominó, dama e pebolim. Para os mais ligados em tecnologia, são várias as opções de jogos no Playstation, um videogame de última geração. Uma sala de cinema para 150 pessoas, com direito a pipoqueiro na entrada, exibe filmes todas as noites, a maioria deles pedidos pelos próprios trabalhadores. Ação e comédia são os gêneros preferidos. Depois de um cineminha, que tal uma parada na pizzaria ou na lanchonete com os amigos? Depois, quem sabe para finalizar o dia, uma passadinha na lan house, para checar e-mail, ou umas comprinhas rápidas nas lojinhas – que vendem desde pilhas e chocolate até roupas e acessórios para celular. A escolha pode ser uma visita à capela ecumênica, que abraça igualmente pessoas de todas as religiões. Para que toda essa estrutura funcione, além dos responsáveis pela manutenção física dos espaços, os voluntários têm participação indispensável. São oito no momento. Essa turma é liderada por Edvaldo ππNoite de festa no canteiro de Teles Pires: mais prazer no exigente e desafiador ambiente de uma grande obra de engenharia Odebrecht informa 61 ππEdvaldo Freire: trabalho começa com a chegada do integrante ao projeto Freire, pernambucano de Serra Talhada, uma espécie de mestre de cerimônias e animador, que também faz as vezes de radialista e apresentador de TV. É dele a voz que se ouve nas caixas de som espalhadas pelo canteiro e nos eventos realizados na concha acústica, um espaço com palco, pista de dança e arquibancadas feito especialmente para ambientar as festas realizadas no local. Freire é responsável pelo Programa de Qualidade de Vida do Trabalhador, e esta não é a primeira vez que atua na função. Foi ele o responsável pela implantação de programas similares na Hidrelétrica de Irapé, em Minas Gerais, em 2002, no canteiro da Odebrecht Engenharia Industrial, em São Roque do Paraguaçu (BA), em 2005, e no Projeto de Mineração Onça Puma, em Ourilândia do Norte (PA), em 2007. “O ser humano precisa ser conquistado” “Aqui em Teles Pires, a grande novidade é a TV Viva+. É a minha menina dos olhos. Estamos todos aprendendo a fazer”, afirma Freire. A TV Viva+ é um canal interno que transmite programas feitos, no próprio canteiro, por voluntários. O conteúdo é variado: apresenta entrevistas sobre saúde e segurança do trabalho e exibe atividades internas, como a festa de São João que a equipe de Odebrecht Informa teve a sorte de presenciar. A TV possui estúdio, câmeras digitais e computadores equipados com programas profissionais de edição. “Minha maior alegria é poder fazer um pouquinho de tudo que realizei em cada obra por onde passei, aprendendo e ensinando cada vez mais. O 62 que faço aqui é parte de um trabalho de conscientização que começa com a chegada do integrante. O ser humano precisa ser conquistado, e se você trata as pessoas de igual para igual, a relação começa diferente e permanece assim o tempo todo”, enfatiza Freire. O trabalho dele e de sua equipe é percebido na prática por pessoas como Hélio Ferreira Lima, assistente técnico que atua na obra com dois filhos, dois cunhados e um sobrinho. “Aqui temos boas condições de trabalho e de desenvolvimento pessoal e profissional. Quem tem vontade de crescer acha sempre uma oportunidade”, diz ele, que participa de obras da Odebrecht desde 1985. De acordo com o Diretor do Contrato, Antônio Augusto Castro Santos, oferecer uma estrutura como a de Teles Pires é um grande diferencial para estimular a boa convivência e a produtividade das pessoas. “O mais importante disso tudo, e que está explícito na nossa TEO [Tecnologia Empresarial Odebrecht], é o respeito pelo ser humano. É preciso ter pessoas satisfeitas e motivadas. Por isso, investimos em qualidade de vida para o trabalhador”, salienta. “Convidamos uma arquiteta para elaborar o desenho deste lugar. O objetivo era trazer alguém com outro olhar, que pudesse humanizar ainda mais o nosso ambiente, onde conviveremos por muito tempo até o fim da obra”, ele acrescenta. Tanto bem-estar reflete-se no andamento do projeto, que nunca viveu uma greve e alcançou no dia 6 de junho um importante marco: o desvio do Rio Teles Pires e a chegada a 49% de avanço da obra, prevista para ser entregue em julho de 2015.] Odebrecht informa click ππChristian Fuchs, praticante de caiaque, em Nazaré Paulista (SP), no entorno do Corredor D. Pedro I l og í s t i c a ππEquipe de Logística da Odebrecht Agroindustrial: a partir da esquerda, Evandro Pizeta, Luciano Pereira, Gabriel Salgado, Cristiane Pereira, Felipe Vendramin, Guilherme Schwab, Luciana da Cruz, Ricardo Levy, Leonardo Finoti, Kelli Kor Kamp, Edelson de Castro e Paulo Vivan 64 Do canavial ao posto de serviços para que o etanol e o açúcar produzidos pela odebrecht agroindustrial cheguem aos seus destinos, uma complexa operação é concebida e executada Texto Guilherme Bourroul | Fotos Ricardo Teles Com nove unidades localizadas em quatro estados, a Odebrecht Agroindustrial tem a maior parte da produção originada da região Centro-Oeste do Brasil. Para o etanol e o açúcar chegarem aos seus destinos, uma complexa operação logística é necessária. O trabalho começa antes mesmo da produção, no transporte das milhares de mudas de cana-de-açúcar para o plantio. Em média, 18 meses depois, a cana está pronta para ser colhida e será levada para a unidade de produção. Na empresa, a operação chamada de Corte, Carregamento e Transporte (CCT) é objeto de forte investimento em capacitação de pessoas e em equipamentos. A cana colhida nas frentes agrícolas tem de ser entregue na unidade para processamento e produção do etanol, do açúcar e da energia elétrica no mesmo dia – de preferência, no mesmo período. Como é um produto perecível, a cana colhida não pode ser guardada. A operação de logística deve ser ágil e precisa, pois impacta diretamente nos resultados. Para alcançar a excelência em servir e conseguir a otimização dos custos, todas as frentes agrícolas da Odebrecht Agroindustrial utilizam um software de dimensionamento logístico que permite a minimização do impacto de eventual falta de matéria-prima na indústria. “A automação possibilita a obtenção de dados dos processos agrícolas de forma confiável e em tempo real, além da maior eficiência em controle de custos e da tomada de decisão de maneira concomitante às operações”, afirma Otávio Fonseca, do programa de Logística Interna e Ativos Agrícolas da Odebrecht Agroindustrial. Todos os anos, durante a entressafra, que acontece entre janeiro e março, os gerentes agrícolas fazem uma projeção da produção e da necessidade de matéria-prima para a safra seguinte. “Cada unidade pactua o plano de moagem que será executado durante a safra. O objetivo é colher a cana e abastecer a usina ininterruptamente, 24 horas por dia, enquanto houver disponibilidade industrial e climática”, acrescenta Otávio. Atualmente, a Odebrecht Agroindustrial dispõe de 281 colhedoras de cana envolvidas na operação de colheita e 562 veículos de transbordo – trator e caminhão. No total, 77% dos equipamentos são próprios, e os 23% restantes, alugados. A operação não para: durante todo o dia, cada caminhão canavieiro faz de quatro a oito viagens entre o campo e a unidade. “É um processo bastante sincronizado”, conclui Otávio. Equipe de infraestrutura Como apoio para a operação logística, a Odebrecht Agroindustrial tem uma equipe de infraestrutura que viabiliza a construção e a manutenção de estradas, pontes e outras benfeitorias, fundamentais para garantir a viabilidade da operação e a segurança dos integrantes. “Atendemos às necessidades de adaptação para escoar a matéria-prima. Nossos investimentos são realizados a partir das demandas dos polos produtivos da empresa, que fazem a interface com a área agrícola para definir as obras prioritárias”, explica Marcos Alves, Responsável por Engenharia e Implantação nos Polos São Paulo e Goiás. Somente na safra passada foram aplicados quase R$ 75 milhões em benfeitorias. “À medida que vamos expandindo as fronteiras dos canaviais e identificando oportunidades de melhoria nas estradas que nos levam às nossas unidades, Odebrecht informa 65 Acervo Odebrecht precisamos investir um montante maior em infraestrutura”, observa Marcos. Transporte de etanol e açúcar De maneira a otimizar o mix de produção, a estocagem e as vendas dos produtos, a Odebrecht Agroindustrial conta com uma equipe de Planejamento que, a partir das previsões de produção das usinas, da previsão de preços do Programa Comercial, da capacidade de estocagem e do perfil de vendas (contrato e spot) e do custo dos serviços, determina a melhor curva de venda e expedição para cada mês. Para transportar o etanol e o açúcar produzidos em cada unidade, os modais utilizados atualmente são o rodoviário e o ferroviário. A Odebrecht Agroindustrial é hoje a principal transportadora de etanol do país por ferrovias. O cumprimento do compromisso assumido com os clientes, de entregar o produto com segurança, no prazo determinado e a um custo competitivo, é assegurado pela atuação da equipe de Logística, responsável pelo planejamento e pela operação integrada de bases, terminais e modais logísticos. De acordo com Ricardo Levy, Responsável por Planejamento, Logística e Energia, um sistema informatizado ajuda a definir qual unidade atenderá a cada contrato comercial firmado e em que momento a empresa deve estocar ou vender no 66 mercado spot [entrega imediata e pagamento à vista], que representa cerca de 40% das vendas. “Temos um sistema que cruza a curva de preço com a de frete. Tudo que reduzirmos de custo logístico é diferencial competitivo”, informa Ricardo. Expedição Segura O desafio da Logística é entregar sempre no prazo, com preço bom e de forma segura. A empresa atende a todas as normas de transporte e desenvolve, no momento, o projeto Expedição Segura, cujo objetivo é minimizar os riscos para a Odebrecht Agroindustrial, para o transportador e os demais envolvidos, além de garantir significativo ganho de produtividade. Parte importante desse projeto é o sistema de automação do carregamento de etanol, que será implementado inicialmente nas Unidades de Alto Taquari, no Mato Grosso (Polo Taquari), e Santa Luzia, no Mato Grosso do Sul (Polo Mato Grosso do Sul), até setembro. Com investimento de R$ 16 milhões, o sistema mede a vazão da unidade para o tanque, que possui um radar por meio do qual é medido o volume na saída para o carregamento. “Tudo que sai do sistema é mensurado. Existe perda por evaporação, mas é pouco representativa”, destaca Ricardo Levy. Acervo Odebrecht Acervo Odebrecht ππCanavial, unidade industrial e ponto de carregamento de etanol: a próxima parada é o posto de serviços Em maio, a Odebrecht Agroindustrial inaugurou um terminal de etanol voltado ao mercado spot em Paulínia (SP). “O terminal tem alta capacidade de recepção ferroviária e localização estratégica, no maior hub de combustível do Brasil, próximo ao principal mercado consumidor do país”, observa Ricardo. Desde o ano passado, a empresa embarca etanol para os Estados Unidos. Nesse caso, o produto vai por rodovia até o porto de Santos (SP) ou por linha férrea até o porto de Paranaguá (PR) e, depois, por navios-tanques até seu destino final. No caso do açúcar, 90% da exportação ocorre por meio de uma operação multimodal (rodoviária e ferroviária) de Paranaguá para Ásia, Oriente Médio e Europa, e 10% por rodovia, para o Uruguai. ] A Logum e o “etanolduto” Criada em 2011, a Logum Logística é mais um símbolo da sinergia entre as empresas da Organização Odebrecht. Responsável pela operação de um sistema logístico de etanol que tem como grande diferencial o uso de dutos que totalizarão 1,3 mil km de extensão e de uma hidrovia nos rios Paraná e Tietê, a Logum possui seis sócios: Odebrecht Transport, Petrobras, Copersucar, Raízen, Camargo Corrêa e Uniduto, uma associação que congrega 52 usinas. A implantação desse sistema, cuja conclusão está prevista para 2016, permitirá que 100% das unidades da Odebrecht Agroindustrial sejam atendidas, viabilizando o escoamento de grande parte de seu etanol. “Na maturidade da nossa operação, a estimativa é gastar em torno R$ 300 milhões por safra em logística. Com a Logum, devemos reduzir consideravelmente nossos custos, o que é fundamental para um negócio de commodity”, salienta Ricardo Levy. A Odebrecht Agroindustrial deverá expedir aproximadamente 2 bilhões de litros pela Logum. Na safra 2014/15, a empresa usará o duto de maneira expressiva. Ricardo avalia: “Teremos a condição de continuar competitivos, crescer e, assim, perpetuar nosso negócio”. Odebrecht informa 67 p etro q u í m i c a ππPedro Boscolo e Amauri Silva: crescendo com a empresa 68 Duas histórias de pioneirismo plantas da braskem em paulínia e mauá completam, respectivamente, 5 e 10 anos de operação, recebendo investimentos em tecnologia para aumento da produção Texto Fabiana Cabral | Fotos Holanda Cavalcanti Há 15 anos, o engenheiro químico Maurício Britto conquistou sua primeira oportunidade de trabalho, no Polo Petroquímico de Triunfo (RS). Dez anos mais tarde, em março de 2008, mudou-se para o interior de São Paulo, para um recomeço: atuar na partida da então nova planta de polipropileno da Braskem, em Paulínia, a PP 3 PLN. “Foi um grande desafio”, lembra-se. “Desafio” também é a palavra que define o início da carreira de Mateus Bacochina, vivido por ele na PP 3 PLN. “Tudo era novo para mim.” O início do funcionamento do primeiro projeto greenfield da Braskem ocorreu no dia 23 de abril de 2008, após 20 meses de obras executadas pela Odebrecht. “O local escolhido é estratégico, pois ficamos próximos à unidade da Petrobras, que fornece, por meio de dutos, 80% da nossa matéria-prima, e das fábricas dos clientes, no ‘coração’ do estado de São Paulo”, explica Maurício, Gerente de Produção. O gaúcho Eduardo Konrath é um dos operadores transferidos de Triunfo para Paulínia. Com 25 anos de Organização, ele destaca a rara oportunidade de acompanhar desde a construção da planta até sua partida: “Aprendi muito convivendo com pessoas de diferentes áreas e tive a chance de ‘tirar os equipamentos das caixas’ e inspecioná-los antes da instalação”. Ao longo dos cinco anos, a produção da PP 3 PLN tem aumentado, acompanhando o mercado de polipropileno, cujo crescimento é de 6% a 8% ao ano. A resina termoplástica é utilizada na fabricação de produtos como embalagens, peças automotivas, brinquedos e eletrodomésticos. Sua diversidade de aplicações possibilita redução de custos e vantagens competitivas. De 90 mil t no primeiro ano, a produção atingiu 330 mil t em 2012. Segundo Maurício Britto, com investimentos em novas tecnologias e equipamentos, a expectativa é chegar a 450 mil t/ano até 2015. “Quebrar recordes de produção só é possível com equipes qualificadas”, salienta. Integrantes de três gerações atuam em Paulínia. Da primeira geração, vinda de Triunfo, há pessoas que somam mais de 25 anos de experiência. A segunda é formada por moradores da região, com 15 anos de carreira, em média, seguida pelos jovens talentos, com média de idade de 25 anos, qualificados por meio do Programa de Formação de Operadores, iniciativa da Braskem em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) voltada ao desenvolvimento de profissionais da indústria petroquímica. “Também elaboramos cursos para que os mais experientes transferissem conhecimentos aos jovens recém-contratados”, relata Maurício. Mateus Bacochina é um dos capacitados no programa. Ele viu na Braskem a oportunidade para ingressar no mercado de trabalho após concluir o Ensino Técnico em Química. Passou por uma longa jornada até a aprovação final, que incluiu aulas teóricas, avaliações, aulas práticas e Odebrecht informa 69 ππA partir da esquerda, Eduardo Konrath, Mateus Bacochina e Maurício Britto, em Paulínia: novidades, desafios e aprendizados testes no Polo de Triunfo. “Participei da partida da planta e troquei a faculdade de Engenharia Mecânica pela de Engenharia Química”, explica. Mateus graduou-se em dezembro de 2012 e, em março de 2013, assumiu a função de Analista de Planejamento de Produção. De Paulínia para Mauá “Sou da época em que havia bancos de madeira na recepção. Era o início de tudo”, descreve Amauri Silva, que completou 36 anos de trabalho na PP 4 ABC, em Mauá (SP). Em 1977, aos 21 anos, ele viu um anúncio de jornal que recrutava profissionais do setor de Usinagem. “Eu disse ‘esse sou eu’ e hoje estou feliz com a oportunidade que abracei”, afirma. Técnico líder de Manutenção, Amauri enfatiza: “Quando a empresa cresce, crescemos com ela”. Ele acompanhou a partida da primeira fábrica de polipropileno da América Latina, em 19 de maio de 1978. Com tecnologia Slurry – que utilizava solvente para produção –, sua capacidade era de 60 mil t/ano. “Os meses que antecederam à partida foram de muito trabalho e estudo, para que o início da operação fosse tranquilo”, relembra o operador Luiz Antônio Martins, também com 36 anos de PP 4 ABC. Em 1985, o engenheiro químico Pedro Boscolo chegava à planta com o objetivo de 70 reduzir custos e aumentar a produtividade. Com a implantação de uma unidade de resfriamento de propeno (matéria-prima para a produção de polipropileno), a capacidade chegou a 130 mil t/ ano. “A PP 4 ABC precisou se modernizar para atender ao crescimento do mercado e dos clientes”, ressalta. Depois de um período em que atuou em outros programas, Pedro retornou à Mauá em 2006, para participar dos esforços voltados à efetivação da tecnologia que acabara de ser implantada, a Sheripol – que transforma propeno em polipropileno por meio do processo de polimerização (também utilizado nas outras plantas de polipropileno da Braskem). “Em 2003, a planta antiga foi demolida e uma nova e mais moderna, construída antes da desativação da primeira, no terreno ao lado, começou a operar”, ele relembra. A capacidade pulou de 130 mil t para 300 mil t/ano. Em 2006, atingiu 360 mil t/ano e, em 2008, chegou a 450 mil t/ano. “Tivemos grande investimento e estamos quase no limite da nossa produção”, afirma Pedro, que conclui: “Nosso desafio é manter o reconhecimento a essa perfomance, interna e externamente, formando uma nova geração de integrantes, com competência e criatividade, e aumentando os esforços na escalada pela excelência nas operações. Tudo isso com uma visão sustentável”. ] Odebrecht informa G E N T E Texto Eliana Simonetti FAMÍLIA José Cláudio Daltro, nascido na Bahia, é casado com Mara, gaúcha. Catarina, a filha mais velha do casal, é paulista e vive em Caracas desde os 4 anos. José Cláudio Filho, 14 anos, nasceu em Pernambuco e desembarcou em Caracas aos 6 meses. Responsável por Administração, Finanças e Planejamento na Odebrecht Venezuela há 13 anos, José Cláudio ja morou no Peru, na Argentina e no Chile. Ensinou desde cedo aos seus filhos que a diversidade enriquece a vida. “É preciso amar o lugar onde se está e conhecer as pessoas e sua cultura, pois o contato com elas traz experiências que fortalecem nossa família.” Arquivo pessoal Experiências que fortalecem ππJosé Cláudio: "É preciso amar o lugar onde se está" VIAGEM Ed Araújo Descobertas do caminho ππSaionara: encantada com a beleza dos morros de Santos 72 Nascida em Quedas do Iguaçu (PR), Saionara Lawandovski Porto estudou Administração e está concluindo pós-graduação em Projetos Sociais. Morou em Tocantins, Mato Grosso e Rondônia. Casada, mãe de dois filhos adultos, integrante da Organização há cinco anos, ela coordena os projetos sociais da Odebrecht Realizações Imobiliárias (OR) em Santos (SP) e está encantada com a cidade, sobretudo com a beleza e a diversidade dos morros, que percorre a pé, conversando com as pessoas. Seu lugar preferido fica no alto do Morro Nova Cintra, na Pedra da Campina, de onde se avista o litoral de Santos e São Vicente. “Há belezas preciosas que só conhecemos quando nos dispomos a caminhar”, diz. esporte cultura Aos 7 anos, Luiz Martins Catharino Gordilho Neto jogava futebol no time mirim do Vitória. Entre os 7 e os 13, participou de torneios do circuito nacional de tênis. Aos 13, começou a treinar boxe e competiu em alguns torneios amadores. Aos 18 resolveu lutar jiu-jitsu, modalidade na qual foi três vezes campeão baiano e campeão interestadual. Ele também surfava. “Em 2000, depois de perder na primeira rodada do campeonato mundial de jiu-jitsu, decidi me dedicar 100% à Engenharia. Eu já havia sido terceiro colocado no mundial de 1998 e não conseguiria conciliar o esporte de competição com a carreira.” Na Odebrecht desde 2000, ele é hoje Responsável pelo Projeto de Propósitos Múltiplos de Xalapa, no estado de Veracruz, no México. Joga tênis e futebol sempre que pode e pratica natação com a esposa, Louise, e as filhas, Maria Luísa, 5 anos, e Liza, 3. Maria Luísa já compete no Clube Mundet, na Cidade do México. Lia Lubambo/Lusco O esporte no DNA ππAntônio: celebração do talento e da presença da arte brasileira no exterior Carlos Ruiz Salve a arte ππLuiz com a esposa, Louise, e as filhas, Maria Luísa e Liza: amor ao esporte transmitido à famíla Arquiteto carioca, casado e pai de quatro filhos, Antonio Carlos Pinto ingressou na Odebrecht em 1978, aos 18 anos, como estagiário na obra do shopping center Rio Sul, no Rio de Janeiro. Nos anos seguintes atuou no Brasil, nos Emirados Árabes Unidos e na Líbia, mas viveu a maior parte do tempo nos Estados Unidos. Desde 2011, desenvolve novos negócios no país. Entusiasta da arte, ele liderou a equipe responsável pelo êxito do projeto de recuperação e instalação de dois painéis do pintor Carybé no Aeroporto Internacional de Miami. Recentemente, o projeto recebeu prêmio da Brazilian International Press. “A premiação celebra e destaca o talento e a presença da arte brasileira no exterior”, diz Antonio, satisfeito com o reconhecimento à iniciativa da Odebrecht. Odebrecht informa 73 me i o am b i ente patrimônio líquido empresas da odebrecht concebem e executam projetos para a preservação dA água Texto Zaccaria Junior | Foto Holanda Cavalcanti “A cooperação pela água não é uma questão técnica ou científica. É uma questão de luta contra a pobreza e de proteção do meio ambiente. É construir a fundação para o desenvolvimento sustentável e a paz duradoura.” A frase, extraída de mensagem divulgada por Irina Bokova, Diretora-Geral da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), por ocasião do Dia Mundial da Água, em 22 de março, veio ao encontro de um momento especial. Declarado pela Organização das Nações Unidas Ano Internacional de Cooperação pela Água, 2013 foi adotado como símbolo da importância de preservar esse que é o mais importante de todos os recursos naturais. Em sua mensagem, Irina conclama “pensamento inovador” e “cooperação ilimitada” da sociedade. Cerca de 70% do nosso planeta é constituído por água. Desse total, 97,5% da água é salgada, e apenas 2,5%, doce, sendo que 77,2% da água doce encontra-se nas geleiras e calotas polares, 22,4% ππInstalações da Aquapolo: maior projeto de produção de água de reúso para fins industriais do Hemisfério Sul 74 em aquíferos subterrâneos, 0,36% em rios e lagos e 0,04% na atmosfera. Sobra, portanto, uma pequena quantidade de água doce em estado líquido para diversos tipos de uso. “A quantidade seria suficiente para que a população mundial vivesse de forma digna, não fosse o desperdício e a poluição”, observa Mário Pino, Gestor Corporativo em Desenvolvimento Sustentável da Braskem e autor da rápida conta da distribuição hídrica que iniciou o parágrafo anterior. Pino ressalta que o consumo de água triplicou nos últimos 50 anos e que a previsão é de que a população que vive em áreas de grande estresse hídrico passe de 2,4 bilhões (2002) para 3,5 bilhões (2032). Responsabilidade das empresas Na Braskem, a busca pela preservação da água tem gerado oportunidades de desenvolvimento de novos produtos e mercados e contribuído para o surgimento de soluções, com foco em algumas premissas: otimização do consumo de água na agricultura, setor que mais consome o insumo hídrico no mundo; prevenção de doenças relacionadas a consumo de água contaminada e de problemas de saúde relacionados à infraestrutura de saneamento básico; e acesso à água para as populações que habitam locais remotos. “O plástico é usado na construção de soluções sustentáveis. A irrigação é responsável por 70% do consumo de toda a água no mundo. A Braskem tem ajudado seus clientes a desenvolver soluções com o plástico para minimizar o consumo da água na irrigação. Já temos alguns produtos desenvolvidos para esse fim”, relata Mário Pino. Emyr Costa, Diretor de Engenharia da Odebrecht Ambiental, destaca a importância de três fatores primordiais para a eficiência e segurança hídricas, todos eles contemplados na atuação da empresa: conservação dos mananciais das bacias hidrográficas, redução de perdas e criação de projetos de reúso. Em relação às bacias hidrográficas, Emyr ressalta a revitalização da sub-bacia do Ribeirão Taquarussu Grande, em Tocantins, responsável pelo abastecimento de 66% da população de Palmas. Com redução de 85% na vazão durante o período de estiagem registrado nos últimos 17 anos, a sub-bacia é alvo de um trabalho árduo de recuperação ambiental e de conservação de áreas naturais e de sua biodiversidade, para redução desse estresse hídrico e garantia da sustentabilidade do manancial. Quanto à redução de perdas, Limeira (SP) tornou-se, em 1995, o primeiro município brasileiro a conceder os serviços de água e esgoto a uma empresa privada. A concessão da Foz, empresa do segmento de água e esgoto da Odebrecht Ambiental, opera com índices de perdas totais (incluindo físicas e comerciais) de apenas 16%, enquanto a média no Brasil é de 40%. No que diz respeito ao reúso, a empresa Aquapolo Ambiental – emblemática parceria entre a Odebrecht Ambiental e a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) – é resultado do maior projeto de produção de água de reúso para fins industriais do Hemisfério Sul, tendo a Braskem como seu principal cliente. Instalado no Polo Petroquímico do ABC Paulista, o projeto permite economia de água potável equivalente ao consumo de uma cidade de 500 mil habitantes, o que o torna um dos 10 maiores empreendimentos do gênero no mundo. Além da atuação nessas três vertentes, Emyr destaca outra frente de contribuição da Odebrecht: o Conselho de Conservação para a América Latina, formado por líderes empresariais e políticos da região que assumiram o compromisso de se debruçarem sobre os desafios ambientais latino-americanos. O conselho, coordenado pela organização global de conservação The Nature Conservancy (TNC), elencou grupos temáticos concentrados em ameaças ambientais que constituem riscos para a população e para os ecossistemas naturais. No que se refere à água, formou-se uma força-tarefa de empresas e governos locais em torno do objetivo de assegurar o fornecimento nas cidades com maior risco. A Odebrecht faz parte desse grupo. Marcelo Odebrecht, Diretor-Presidente da Odebrecht S.A., integra-o, representado por Emyr Costa. Monica Queiroz, Responsável por Sustentabilidade na Odebrecht Ambiental, destaca uma peculiaridade da região. Segundo ela, o valor final da água que chega à sociedade brasileira e latino-americana em geral é ainda um valor considerado barato se comparado ao de outros países. “Há muitas campanhas sobre desperdício e sobre o valor da água que são trabalhadas com o consumidor final, mas não se trata muito a questão da perda de água nos processos das empresas fornecedoras de água e a importância da responsabilidade que elas têm. E os impactos são enormes”, argumenta Monica. Essas soluções oferecidas pela Odebrecht Ambiental podem ser replicadas em várias regiões, com resultados muito positivos para o meio ambiente. “O trabalho de redução de perdas e reúso impacta muitos mananciais e, consequentemente, a eficiência hídrica”, complementa Monica.] Odebrecht informa 75 cidades o alemão nas alturas solução de transporte para a comunidade, teleférico passa a ser também vetor de crescimento do turismo e da economia local Texto Luiz Assumpção | Fotos Américo Vermelho Era necessário acordar ainda de madrugada. Vânia Maria Almeida, moradora do Morro da Baiana, precisava pegar uma Kombi, pagar R$ 2,00 para chegar ao "asfalto" e então tomar outra condução até a estação ferroviária de Bonsucesso, para, finalmente, dirigir-se ao seu local de trabalho. Tempo e dinheiro nunca sobraram para a diarista, que repetia o ritual todos os dias. Vânia representa milhares de pessoas que, há cerca de dois anos – mais especificamente em 7 de julho de 2011 – foram beneficiadas com a inauguração do Teleférico do Alemão, que permitiu aos moradores do Complexo do Alemão cumprirem seu trajeto até o trabalho mais rapidamente e gastando menos dinheiro. Da primeira à última das seis estações, são 16 minutos, e a passagem é gratuita para os residentes na comunidade. A história recente do Complexo do Alemão remonta à década de 1920, quando o polonês Leonard Kacsmarkiewiez, refugiado da Primeira Guerra Mundial, desembarcou no Rio de Janeiro e adquiriu terras na Serra da Misericórdia, até então região rural da cidade. Com o tipo físico característico do norte da Europa, logo ganhou dos cariocas o apelido, que se estendeu à sua propriedade, conhecida como Morro do Alemão. A construção da Avenida Brasil, em 1946, permitiu que diversas indústrias se instalassem próximas à fazenda de Seu Leonardo, o Alemão. Ao longo das décadas seguintes, a região tornou-se o principal polo industrial do Rio. Leonard Kacsmarkiewiez, ao perceber esse crescimento, decidiu dividir o terreno em lotes e os vendeu. O desenvolvimento do local gerou uma corrida por moradia. Familiares de operários, vindos de diferentes pontos do país foram, aos poucos, 76 se estabelecendo nos morros adjuntos, formando assim o Complexo do Alemão, oficializado em 1993 como bairro da Zona Norte da cidade. Hoje o bairro é composto de 12 comunidades, que, somadas, abrigam cerca de 200 mil pessoas. A vida nunca foi fácil para os moradores que, durante décadas, foram obrigados a conviver com a violência e com a falta de serviços básicos, no então principal quartel-general do tráfico de drogas da cidade. Ainda longe de apresentar condições ideais de moradia, a vida no Complexo começou a melhorar sobretudo a partir da chegada do PAC Favelas, em 2008, iniciativa dos governos Federal e Estadual. Formado pela Odebrecht Infraestrutura, Delta Construções e OAS, o Consórcio Rio Melhor construiu escolas, casas, UPAS (unidades de pronto atendimento) e o Teleférico. No fim de 2010, uma megaoperação das polícias Civil e Militar, com o apoio das Forças Armadas, expulsou os traficantes que dominavam as comunidades, nas quais foram instaladas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Solução de transporte e atração turística Seis meses mais tarde, depois de três anos de obras, ao custo de R$ 210 milhões, o Teleférico, administrado e mantido pela concessionária SuperVia, melhorou o deslocamento dos moradores e se tornou um dos principais pontos turísticos da cidade. Em média, 12 mil pessoas viajam diariamente nas gôndolas. Nos fins de semana, mais da metade é turista. Segundo o Diretor de Operações do Teleférico, Luiz de Souza, a população abraçou o projeto e ajuda a zelar pela preservação do ππO Teleférico do Alemão, Vânia Almeida e Vera Oliveira com familiares: mais qualidade de vida para os moradores e atração de visitantes Odebrecht informa 77 ππWarner Umbelino: "Aqui vendo para o mundo todo" patrimônio. “No início, éramos muito questionados sobre danos que o Teleférico poderia sofrer por parte da população. Após dois anos e mais de 6 milhões de passageiros transportados, estou convicto de que é um projeto vitorioso em todos os sentidos e vibro ao ver famílias sorrindo e contentes ao andar nas gôndolas.” O preço da passagem, R$ 5 para não moradores, possibilita grande número de visitantes. Além disso, a novela “Salve Jorge”, da Rede Globo, em que parte da trama se passava nas comunidades do Complexo, alavancou ainda mais as visitas. Na baixa temporada, o Teleférico ultrapassou alguns dos pontos turísticos mais procurados do Brasil. Segundo a SuperVia, a média é de 14 mil turistas aos sábados e domingos, enquanto no Pão de Açúcar fica em 6 mil e no Cristo 9 mil. Vera Luzia Oliveira aproveitou o preço baixo da passagem para levar toda a família. "Moro em Nova Iguaçu, e muita gente de lá diz que tem vontade de conhecer o Teleférico do Alemão. A passagem é bem mais barata do que a do Cristo Redentor ou do Pão de Açúcar. Além disso, a gente pode ter outra visão da cidade que não a da Zona Sul", comenta a bancária acompanhada de 78 seus filhos, todos com sorrisos largos, passeando pela primeira vez nas alturas do Alemão. A chegada dos visitantes movimentou o comércio da região. Ao sair na Estação Palmeiras, última do Teleférico, é possível encontrar uma gama de vendedores, comidas e bebidas e um povo receptivo e orgulhoso. O artista plástico Warner Umbelino mudou-se há cinco meses para o Morro da Nova Brasília. Ele vende seus desenhos em azulejos para turistas de países tão distintos quanto Dinamarca e Irã. "Aqui eu vendo para o mundo todo. Anoto no meu caderno a nacionalidade dos meus compradores. Tem muito ‘gringo’ vindo depois das obras." O caderninho de Umbelino já tem quatro páginas com nomes de países que importaram sua arte. Desde a venda das terras de “Seu Leonardo”, o Complexo do Alemão não tinha experimentado mudanças tão drásticas. É verdade que ainda há um longo caminho a ser percorrido para trazer mais conforto aos moradores, mas a velocidade com que essas transformações ocorreram deu ânimo à população, que anseia por mais investimentos de qualidade.] Odebrecht informa Quando vamos para o exterior, não vamos sós. O Vilson, o Salvador, o Leonardo, o Ricardo e milhares de outros brasileiros vão com a gente. A Odebrecht é uma das principais exportadoras brasileiras de serviços. Para construir em 25 países, de cinco continentes, leva consigo suas equipes, sua tecnologia, sua capacidade de fazer acontecer e, também, milhares de empresas brasileiras fornecedoras de bens e serviços. Mais de 2.800 pequenas, médias e grandes empresas brasileiras exportaram bens e serviços para obras da Odebrecht e geraram mais de US$ 1,4 bilhão em divisas para o Brasil em 2012. VilsOn Pastre, diretor comercial da Bompel – calçados de segurança: “A Odebrecht abriu novos mercados para a empresa. chegamos a exportar mil pares por dia. A parceria com a Olex nos fez também investir mais em qualidade, e conquistamos a iSO 9001:2008”. salVadOr beneVides, diretor-geral da Formaplan — chapas compensadas e formas para concreto: “A Odebrecht e a Olex têm contribuído muito para o nosso crescimento, estimulando a melhoria da qualidade e abrindo novos mercados”. leOnardO ribeirO, sócio-gerente da Ferant ind. e com. de Roupas: “investimos para atender às exigências de qualidade da Odebrecht e, com a experiência que ganhamos exportando para Angola através da Olex, conquistamos outros clientes no país”. ricardO Mitestainer, diretor comercial da Medabil — sistemas construtivos metálicos: “A Olex centraliza as exportações da Odebrecht e dá continuidade à relação em diferentes países e segmentos. Através dela, consolidamos nossa marca em mercados de grande potencial”. A OLex é A eMPReSA qUe cUidA dAS exPORtAçõeS BRASiLeiRAS PARA AS OBRAS dA OdeBRecht. Odebrecht informa 79 c i d a d e s ππContribuição e significado: novos abrigos de pontos de ônibus trazem mais modernidade para o sistema de transporte público de São Paulo uma ideia com a cara da cidade Em São Paulo, novos abrigos de pontos de ônibus integram-se melhor à paisagem urbana e tornam mais agradável o visual da metrópole Texto Elea Almeida | Fotos Murilo Mattos 80 Uma ação específica com significado bem mais profundo do que se pode imaginar inicialmente. Os abrigos de ônibus na cidade de São Paulo estão mudando. Concebidas para se integrarem à paisagem urbana, 500 novas paradas contribuem para trazer modernidade ao sistema de transporte público e ajudam a tornar mais agradável o visual da metrópole. A expectativa é de que, até o fim de 2013, outros mil abrigos estejam instalados. Esse trabalho de renovação é de responsabilidade da empresa Otima Concessionária de Exploração de Mobiliário Urbano, criada há apenas seis meses e que começa suas operações com um desafio do tamanho de São Paulo. O rápido processo de criação da empresa – que é controlada pela Odebrecht TransPort e tem como sócias a Rádio e Televisão Bandeirantes, APMR Investimentos e Participações e Kalítera Engenharia – não é o único marco da agilidade da Otima. O primeiro abrigo foi instalado em 15 de fevereiro de 2013, um mês antes do prazo acertado com o cliente, a Prefeitura de São Paulo. Violeta Noya, Presidente da Otima, relata que a possibilidade de a Odebrecht entrar na área de abrigos urbanos vinha sendo estudada desde 2011. Violeta, engenheira civil, era ππPassageiro em um abrigo do modelo caos estruturado: inspiração na heterogeneidade da metrópole então integrante da Odebrecht Participações e Investimentos. “Durante a avaliação de diversos projetos, percebemos que a Otima possibilitava sinergias dentro da Odebrecht e permitiria alavancar em outros ativos da Organização a exploração de mídia”, ela explica. Em 2012, a ideia saiu do papel com a vitória em um processo de licitação para a instalação e a manutenção dos abrigos e totens de parada por 25 anos. Segundo Violeta, todo o projeto executivo foi desenvolvido durante o período de férias coletivas, e uma fábrica foi mobilizada para realizar os protótipos dos novos abrigos em escala industrial. Os esforços deram resultados, e, em 10 de janeiro, o primeiro protótipo estava pronto. O desafio da Otima é grande: a empresa tem até o fim de 2015 para concluir a troca dos 6.500 abrigos e 12.500 totens da capital paulista que, diariamente, atendem a 6 milhões de usuários de ônibus. Além disso, ao longo da concessão, mais mil abrigos e 2.200 totens devem ser implantados. As operações são complexas, por conta da diversidade de calçadas em São Paulo, o que exige que cada ponto seja avaliado antes de receber o novo abrigo. Feito isso, a instalação é realizada à noite, para não prejudicar o trânsito e os passageiros. O abrigo antigo é retirado, e a fundação, refeita. Depois, a parte estrutural e os vidros são instalados, ilumina-se o ponto, e, por último, chegam os totens e placas de publicidade. Quatro modelos Para que haja adequação à diversidade cultural e arquitetônica e aos contrastes urbanos da capital paulista, quatro modelos de abrigos foram criados em parceria com o designer Guto Indio da Costa. Inspirado na heterogeneidade, o modelo caos estruturado possui pilares verticais e assimétricos. O brutalista, por sua vez, foi desenvolvido para locais com processo de expansão irregular e avenidas de grande fluxo. Nas áreas que possuem patrimônio histórico, serão instalados abrigos minimalista com ginga. O modelo hi-tech ocupará avenidas dos centros financeiros. Todos eles respeitam as normas de acessibilidade para portadores de necessidades especiais e favorecem o tráfego de gestantes, cadeirantes e carrinhos de bebê. “Nossos abrigos foram criados inspirados na paisagem urbana de São Paulo e no cidadão paulistano, com o intuito de embelezar a cidade em sintonia com a paisagem. Eles são iluminados e protegem melhor da chuva e do calor”, ressalta Violeta Noya. Odebrecht informa 81 ππVioleta Noya: possibilidade de sinergias na Organização Laminado e temperado, o vidro da cobertura dos novos modelos tem espessura de 12 mm e fechamento vertical de 10 mm. Com isso, a película não deixa o vidro estilhaçar, o que oferece mais proteção ao usuário. O material também é serigrafado e conta com uma película escurecedora anti-ultravioleta e anti-infravermelho. Isso faz com que a radiação solar seja reduzida e a sensação térmica fique até 5ºC mais baixa em relação à temperatura ambiente. Os 6.500 novos abrigos terão, conforme a ideia apresentada pela Otima, painéis de duas faces de 2 m² destinados à publicidade, representando uma retomada da exploração de mídia exterior na cidade. Violeta Noya comemora que todos os espaços já tenham sido comercializados. “Pouco depois de assinarmos com a Prefeitura, iniciamos a venda de contratos de longo prazo para grandes anunciantes utilizarem os espaços disponíveis nos nossos modelos”, relata a líder da Otima. Foram vendidas até o momento mais de 40 mil faces para 22 anunciantes de 16 diferentes agências. 82 Entre as primeiras empresas que bateram martelo para investir no projeto, estão Ambev, com as marcas Skol e Brahma, Telmex, com a marca Net, e Visa. Outros anunciantes que terão campanhas negociadas são Vivo, Itaipava, Nivea, McDonald’s e Sky. Com apenas 50 integrantes, sendo mais da metade proveniente do mercado, a Otima realiza atualmente um trabalho de aculturação para disseminar a Tecnologia Empresarial Odebrecht (TEO) entre suas equipes. “Tudo o que conquistamos é fruto do trabalho em equipe e da confiança nas pessoas, sejam elas integrantes que vieram da própria Organização ou profissionais que chegaram de fora e já estão engajados na missão de consolidar uma empresa de referência e em melhorar São Paulo”, afirma Violeta. A consequência desse esforço pode ser vista nas ruas, comprovada em pesquisas de satisfação feitas com os usuários finais. Segundo levantamento feito pelo Instituto Datafolha, 85% dos paulistanos avaliaram os novos abrigos como ótimos ou bons.] s a b ere s a batalha crucial pelo "sim" diretor de planejamento e desenvolvimento de oportunidades da odebrecht properties dá seu depoimento nesta edição Texto Alice Galeffi | Foto Ricardo Artner mar c o s Foi com dedicação, sagacidade e percepção das “pistas ao longo do caminho” que Marcos Lima fez história na Organização Odebrecht. Diretor-Superintendente da Odebrecht Corretora de Seguros por 34 anos, hoje ele é Membro Efetivo do Conselho Fiscal da Fundação Odebrecht, Membro Suplente do Conselho de Administração da Braskem e Diretor de Planejamento e Desenvolvimento de Oportunidades da Odebrecht Properties, para citar apenas as principais funções que exerce atualmente. Os desafios de Marcos começaram cedo. Aos 9 anos, seu pai lhe deu uma lição que jamais esqueceu: “Se eu lhe pedisse para me comprar um saco de cimento ali no Centro, e você não tivesse dinheiro, como o traria?” Depois de muito pensar e não saber responder, seu pai l i ma lhe disse: “É simples. Peça para o rapaz trazer o saco até aqui em casa e quando ele chegar eu pago a ele”. Marcos ficou intrigado com a simplicidade daquela resposta, e logo percebeu que não há problema sem solução. Ao entrar na Organização, recebeu do fundador Norberto Odebrecht o desafio de criar uma corretora, sem fins lucrativos, para cuidar do patrimônio da empresa. Marcos não sabia nada sobre o assunto. Nesse mesmo dia, ao ler um jornal, viu o anúncio que dizia: “Primeiro curso de corretor de seguros da Bahia”. Inscreveu-se e apresentou sua proposta de política de seguros. A relação com Norberto Odebrecht rendeu a Marcos muitos aprendizados. O maior deles foi entender que as regras de mercado são sempre “piso” e não “teto”. “O porquê do ‘não’ já se sabe; o importante é batalhar pelo ‘sim’.” ] Assista à íntegra da entrevista de Marcos Lima ao projeto Saberes acessando www.odebrechtonline.com.br Odebrecht informa 83 p rotagon i s mo j u v en i l no centro de uma filosofia há 25 anos, a fundação odebrecht elegia o jovem como o foco da sua atuação Texto Gabriela Vasconcellos | Fotos FernandoVivas O amor pela terra sempre acompanhou Edivan Alcântara, 22 anos. Caçula de cinco irmãos, ele foi o único a permanecer no campo, ao lado dos pais. “Tinha o sonho de viver da agricultura”, diz o morador da comunidade Alto da Prata, município de Presidente Tancredo Neves (BA). Ele não se arrependeu. Edivan conta que o incentivo da família e a vocação para o trabalho na terra o motivaram a ingressar na Casa Familiar Rural de Presidente Tancredo Neves (CFR-PTN) em 2008. Nessa unidade de ensino, ele cursou a habilitação técnica em Agropecuária e, em três anos, aprendeu administração rural, cooperativismo, manejo de solos, irrigação, drenagens e cultivos diversos. “Estudava e colocava em prática o que aprendia. Na agricultura familiar somos donos do nosso negócio”, argumenta. Durante o segundo ano de curso, Edivan implantou seu primeiro projeto educativo-produtivo: 0,4 hectare de banana na pequena propriedade da família. A atividade integra a formação oferecida pela Casa Familiar e conta com o programa Tributo ao Futuro, que apoia iniciativas certificadas pela Fundação Odebrecht por meio de destinações de imposto de renda de integrantes da Organização Odebrecht. “Meu segundo projeto produtivo foi um dos 10 melhores da CFR-PTN. Com o lucro ππEdivan Alcântara: "Na agricultura familiar somos donos do nosso negócio" 84 ππA partir da esquerda, as irmãs Camila e Taisa e sua mãe, Paulina do Rosário: "O futuro é o que estamos fazendo agora", diz Taisa dessas plantações, consegui recursos para comprar um pedaço de terra. Assim fui crescendo na agricultura.” Edivan tornou-se assistente educador da Cooperativa dos Produtores Rurais de Presidente Tancredo Neves (Coopatan) e da CFR-PTN, instituições ligadas ao Programa de Desenvolvimento e Crescimento Integrado com Sustentabilidade do Mosaico de Áreas de Proteção Ambiental do Baixo Sul da Bahia (PDCIS), fomentado pela Fundação Odebrecht e parceiros da iniciativa pública e privada. “Apoio os jovens em formação e os cooperados no desenvolvimento dos cultivos”, relata. Apesar de todas as conquistas, o jovem ainda precisava superar a escassez de terra de sua família, o que levou os irmãos a viver em centros urbanos. “Eles não encontraram oportunidades.” Para Edivan, foi diferente. Em 2013, uma iniciativa da CFR-PTN, em parceria com a Coopatan, da qual também é associado, possibilitou a aquisição de terra e ampliação dos seus cultivos. Por meio do Fundo de Acesso à Terra, um projeto-piloto que proporciona assistência financeira a pequenos produtores, ele e outros seis jovens recebem apoio na execução de projetos agrícolas, para que possam viver exclusiva e integralmente da renda gerada no campo. “Realizei o sonho de ampliar minha área para 20 hectares”, ressalta Edivan, empresário rural que projeta dobrar sua renda em um ano. Hoje é de R$ 1.300,00. Ele está convicto de que o trabalho ao lado dos pais e em sua propriedade é o caminho. “Chegar aonde quero só depende de mim.” Protagonismo Juvenil Histórias como a de Edivan reforçam o espírito da missão da Fundação Odebrecht, que há 25 anos elegeu esse público como foco de sua atuação. A decisão de fazer com o jovem e não para o jovem, entendendo-o como parte da solução e não como Odebrecht informa 85 problema, foi posteriormente conceituada, sistematizada e denominada Protagonismo Juvenil, filosofia que hoje é um patrimônio do Terceiro Setor. “Um dos nossos pilares está materializado na consciência de que a família é a célula mater da geração da riqueza moral e material da sociedade e de que, nela, os jovens desempenham o papel de agentes da transformação”, afirma Mauricio Medeiros, Presidente Executivo da Fundação. Taisa da Luz, 17 anos, compartilha dessa crença. Aluna da Casa Familiar Agroflorestal (Cfaf), onde está concluindo o curso técnico em florestas integrado ao Ensino Médio, ela encontrou uma alternativa para mudar sua realidade. “Transformamos em trabalho e renda algo que a natureza nos dá”, conta a moradora da comunidade quilombola de Jatimane, localizada em Nilo Peçanha (BA). “O futuro é o que estamos fazendo agora”, acrescenta. Ela está participando do projeto Joias do Quilombo, apoiado pelo Instituto Oi Futuro, e seu desafio é confeccionar peças como brincos, colares, anéis e braceletes a partir do coco da piaçava. As técnicas de artesanato foram ensinadas por instrutores capacitados da Cooperativa das Produtoras e Produtores Rurais da Área de Proteção Ambiental do Pratigi (Cooprap), em parceria com o Instituto Mauá. Cfaf e Cooprap são instituições que também integram o PDCIS. “Sempre podemos aprender coisas novas. Oportunidades precisam ser criadas.” Os exemplos de Edivan e Taisa são seguidos por Davison Silva, 15 anos. Ele iniciou sua formação em 2013 na Casa Familiar Rural de Igrapiúna, unidade de ensino que faz parte do PDCIS, em busca de técnicas para aperfeiçoar os cultivos que já realiza com o pai. “Eu me considero um agricultor e vou estudar para utilizar todo meu conhecimento”, enfatiza o morador da comunidade Domingos Cruz, no município de Camamu. Seu pai, Antonio da Silva, 38 anos, aposta nessa parceria. “Tenho a prática, e ele, a técnica. Davison está aprendendo e me ensinando bastante. Deixei de usar o adubo químico por influência dele”, comenta. Davison sonha tornar-se, assim como Edivan, uma referência em sua região. “Quero servir ao campo.” ] ππDavison Silva e o pai, Antonio: juntos, aperfeiçoando técnicas e atingindo seus objetivos de vida 86 click ππBeira de praia em Punta Cana, na República Dominicana QUEREMOS SABER A SUA OPINIÃO! PARA ISSO, A ODEBRECHT INFORMA VAI REALIZAR UMA PESQUISA COM SEUS LEITORES. Em breve você vai receber por email um link para um questionário de pesquisa. São perguntas simples e rápidas. Dê a sua opinião. Ela é muito importante para que possamos fazer uma revista cada vez melhor. Fazem parte da Organização Odebrecht: Negócios Odebrecht Engenharia Industrial Odebrecht Infraestrutura – Brasil Odebrecht Infraestrutura – África, Emirados Árabes e Portugal Odebrecht Infraestrutura – América Latina Odebrecht Infraestrutura – Venezuela Odebrecht Realizações Imobiliárias Odebrecht Ambiental Odebrecht Latinvest Odebrecht Óleo e Gás Odebrecht Properties Odebrecht TransPort Braskem Estaleiro Enseada do Paraguaçu Odebrecht Agroindustrial Odebrecht Defesa e Tecnologia Investimentos Odebrecht Energias Brasil Africa Fund Latin Fund Empresas Auxiliares Odebrecht Comercializadora de Energia Odebrecht Corretora de Seguros Odebrecht Previdência Ação Social Fundação Odebrecht RESPONSáVEL POR COMuNICAçãO na ODEBREChT S.A. Márcio Polidoro RESPONSáVEL POR PROGRAMAS EDITORIAIS NA ODEBREChT S.A. Karolina Gutiez COORDENAçãO EDITORIAL Versal Editores Editor José Enrique Barreiro Editor Executivo Cláudio Lovato Filho Editora de Fotografia Holanda Cavalcanti Arte e Produção Gráfica Rogério Nunes Projeto Gráfico Eduardo Villas Boas, Luciano Almeida e Rogério Escobar Tiragem 4.447 exemplares • Pré-impressão e Impressão Pancrom Redação: Rio de Janeiro (55) 21 2239-4023 São Paulo (55) 11 3641-4743 e-mail: [email protected] contribuição Teleférico do Alemão. Equipamento urbano que aprimora a qualidade de vida de milhares de moradores de uma comunidade historicamente carente na Zona Norte do Rio de Janeiro. Mais que isso: um elemento de integração à cidade. Local por muito tempo evitado por aqueles que residem em outras regiões do Rio, o Alemão, agora, atrai turistas. E o Teleférico tem importante papel nessa transformação, que é social, mas que é, sobretudo, emocional - porque tem seu ponto de partida e chegada na elevação da autoestima dos moradores da comunidade.