MUDANÇAS GLOBAIS
Como mudanças globais, entendem-se as mudanças que ocorrem no globo terrestre,
tanto por fenômenos naturais quanto pela ação do homem. As mudanças naturais, que podem
ser lentas ou bruscas, geralmente ocorrem de maneira tal que a própria natureza se incumbe
de restabelecer o equilíbrio ou estabelecer um novo equilíbrio após uma modificação.
As mudanças causadas pelas atividades humanas transformam o ambiente de tal
modo que muitas vezes, o equilíbrio demora muito tempo para se estabelecer. Assim,
mudanças tais como, exaustão da camada de ozônio, efeito estufa, chuvas ácidas, mudanças
climáticas e na produção de alimentos e extinção de espécies são conseqüências da
industrialização, desmatamento, da evolução tecnológica e do aumento populacional
descontrolado, que são causadas pela “evolução” do homem.
Compreender esse tipo de mudanças tem sido um desafio para profissionais de áreas
que envolvem ciências naturais, sociais e a engenharia. Contudo, a complexidade das
implicações sociais, políticas, econômicas e científicas, que envolvem esse tipo de mudança
faz com que não se possa prever, em longo prazo, quais as conseqüências de tais mudanças e
qual o futuro da humanidade.
Efeito Estufa
Chama-se efeito estufa ao aumento da temperatura do globo como conseqüência do
aumento de gases na atmosfera produzidos pela atividade humana. Os gases que mais
contribuem para o efeito estufa são: vapor d’água, CO2, CFC, CH4, O3 troposférico e N2O e o
fazem porque retêm o calor perto da superfície terrestre.
Como a produção de muitos desses gases tem aumentado com a industrialização e a
queima de combustíveis fósseis, já estão ocorrendo fenômenos como a elevação da
temperatura. Além do vapor d’água, o CO2 é o gás-estufa mais abundante e ocorre
naturalmente ou pela queima de combustíveis fósseis.
O CH4 é um gás que ocorre naturalmente como produto final do metabolismo
biológico anaeróbio e aumenta numa taxa de 1,1% ao ano e é 25 vezes mais eficaz que o
CO2.
Os CFCs são compostos sintéticos empregados em refrigeração, espumas, aerossóis
e vários outros processos industriais, são 20.000 mais eficazes que o CO2 e aumentam 5% ao
ano na atmosfera.
O óxido nitroso (N2O) é produzido naturalmente mas também é subproduto da
queima de combustíveis fósseis. Persistindo na atmosfera por 200 anos esse gás aumenta
0,25% ao ano e tem 250 vezes mais capacidade de reter calor que o CO2.
O ozônio troposférico é produto de reação de hidrocarbonetos e óxidos nitrosos
liberados durante a queima de combustíveis fósseis.
Embora o efeito estufa seja muito bem conhecido e muito estudado não se pode
saber qual será a magnitude da mudança climática causada por ele. Dentre as mudanças
esperadas como conseqüências do efeito estufa encontram-se: grande esfriamento
estratosférico; aquecimento superficial do globo; aumento da medida de precipitação global;
aquecimento da superfície do polo norte no inverno; redução do gelo do mar; aridez;
elevação do nível dos mares; mudanças na vegetação; aumento de tempestades tropicais.
Todas as previsões sobre as mudanças climáticas, conseqüentes do efeito estufa,
baseiam-se em 5 modelos matemáticos, porém nenhum deles consegue simular a
complexidade da atmosfera e, portanto, as projeções ou previsões não são exatas. Entretanto,
os cinco modelos apresentam resultados semelhantes para o mesmo problema o que mostra
que as mudanças climáticas ocorrerão, não se sabe quando nem com que velocidade ou
intensidade. Não se pode afirmar se essas mudanças serão benéficas ou maléficas ao meio
ambiente e aos seres vivos, o que se sabe é que o aquecimento será maior nas latitudes altas,
que os solos ficarão mais secos no verão no interior do continente e o ciclo hidrológico será
intensificado (mais chuva, mais evaporação).
Camada de Ozônio
Uma outra mudança global que vem preocupando os pesquisadores é a destruição
da camada de ozônio, que tem aumentado mais do que o esperado pelos cientistas,
contrariando as previsões feitas. O ozônio é produzido através da energização do O2, pela
radiação solar, que se subdivide em 2 átomos de oxigênio. Estes átomos, por colisão
aleatória, formam a molécula de ozônio (O3) que é um composto que tem a capacidade de
absorver a radiação ultravioleta que é nociva à vida. Essa camada de ozônio encontra-se
numa altitude entre 20 e 35Km.
As moléculas de ozônio são destruídas por processos naturais na estratosfera mas
também por reações com elementos químicos que são oriundos das indústrias, inclusive Cl e
Br. Os clorofluorcarbonos são compostos sintéticos, quimicamente muito estáveis que
passam para estratosfera inalterados. Quando atingem a estratosfera esses compostos são
fortemente energizados pela radiação solar, se desintegram e liberam átomos de cloro que
reagem com o ozônio. Outros halocarbonos sintéticos possuem o mesmo impacto sobre o
ozônio estratosférico.
A destruição da camada de ozônio ocorre principalmente na Antártida porque as
moléculas formadas são carregadas para lá através das monções atmosféricas. Lá as
baixíssimas temperaturas (-80 oC) e a presença da luz solar, favorecem as reações de
destruição do ozônio.
No pólo norte é possível que a destruição da camada de ozônio não ocorra como na
Antártida porque a estratosfera ártica é diferente da antártica. Até hoje a destruição da
camada de ozônio só foi notada nos pólos; porém, existe a possibilidade de que, com o
aumento do halocarbonos na estratosfera, essa destruição passe a acontecer em regiões mais
quentes.
Até o momento, sabe-se pouco sobre os efeitos da radiação ultravioleta sobre os
seres vivos. O que se sabe é que a exposição direta do homem aos raios ultravioletas causa
catarata, redução no sistema imunológico e câncer de pele. Nos vegetais ocorre diminuição
no tamanho das folhas, crescimento retardado, baixa qualidade das sementes e maior
suscetibilidade a pragas e doenças. No ecossistema marinho, sabe-se que a incidência de
radiação ultravioleta mata o fitoplâncton, fato que afeta o Krill (crustáceo), depois peixes,
pássaros e mamíferos.
Chuva ácida
A chuva ácida é também um contribuinte para as mudanças globais. Esse fenômeno
é conseqüência da emissão de poluentes especialmente óxidos de N e S, que são emitidos de
fundições e escapamentos de automóveis para a atmosfera. Estes óxidos são transformados
em ácidos e retornam à superfície dissolvidos na água.
O óxido de enxofre é a principal causa da formação de ácidos na atmosfera e é
originado da queima de carvão ou da utilização de minérios com alto teor de enxofre, nas
fundições. Os óxidos de nitrogênio são a segunda maior fonte de acidificação e são emitidos
das queimas de combustíveis fósseis (gasolina, óleo, gás natural).Os ácidos formados H2SO4
e HNO3 voltam à superfície através da chuva e, muitas vezes, pela ação dos ventos,
depositam-se em regiões muito distantes daquela em que foram gerados.
Embora a veiculação hídrica dos ácidos seja muito divulgada, estes podem ser
depositados na forma seca através de nitratos e fosfatos que, quando em contato com a água
da superfície, transformam-se em ácidos.
O efeito da chuva ácida sobre o solo depende da taxa de decomposição e da
composição química e geológica do solo. Muitos minerais presentes no solo conseguem
neutralizar a acidez da chuva ácida retardando ou evitando os efeitos danosos, porém, muitos
solos não apresentam essa capacidade e são prejudicados pela chuva ácida.
Existem poucas informações sobre os efeitos da deposição de ácidos sobre lagos,
pois esses efeitos só começaram a serem estudados após os problemas terem surgido e assim,
pouco se sabe sobre o que tem sido alterado nos lagos. Os cientistas acreditam que o número
de espécies diminui com o aumento da acidez. Existem ainda indicações de que os seres que
habitam os cursos d’água são mais sensíveis à acidez que os dos lagos.
As florestas sofrem indiretamente quando os nutrientes do solo são removidos por
acidez. Quando em concentrações muito elevadas, compostos de enxofre e nitrogênio podem
danificar a folhagem porém, é difícil afirmar como isso acontece.
Do ponto de vista econômico, a corrosão dos materiais de construção é um dos
efeitos mais sérios da disposição de ácidos. O mármore e o calcário dissolvem-se em ácido
pois o CaCO3 reage com os ácidos.
Cada um desses problemas exige atenção e medidas de controle pois não se conhece
quais as mudanças que ocorrerão e quais as implicações destas, para os seres vivos.
Torna-se urgente acelerar pesquisas com combustíveis não fósseis alternativos,
estudar a adaptação e flexibilização dos seres vivos às mudanças, prever a elevação do nível
marinho e as ressacas no planejamento litorâneo e procurar fonte de alimentos alternativos.
Se essas medidas começarem a serem tomadas, possivelmente nossa adaptação às mudanças
globais ocorrerá de forma mais organizada e suave do que se nada for feito.
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