1560 IEEE LATIN AMERICA TRANSACTIONS, VOL. 12, NO. 8, DECEMBER 2014 Leak Detection of Natural Gas Using the Components of Color Spaces RGB and HSI and a Novelty Classifier R. O. Melo, C. F. F. Costa and M. G. F. Costa 1 Abstract— This paper proposes a method of detecting natural gas leak in oil installations, applying pattern recognition techniques to digital images using the concept of novelty classifier with digital images originated from Closed-Circuit Television of installation. For this, it was developed six different types of novelty classifiers. The difference between these classifiers is the color component of color space (RGB or HIS) used for novelty classifier training. The results obtained are promising, with an accuracy of 98.52%. Keywords— natural gas, digital images, novelty classifier, closed-circuit television system. A I. INTRODUÇÃO INDÚSTRIA mundial de petróleo e gás é uma das atividades mais complexas e perigosas devido às características intrínsecas dos hidrocarbonetos, tais como: toxicidade, inflamabilidade e velocidade e energia de explosão [1]. A ocorrência de vazamentos de gás em instalação petrolífera pode gerar consequências indesejáveis tanto financeiras, ambientais quanto perdas de vidas humanas [2]. Portanto, a detecção de vazamento de Gás Natural (GN) é de grande importância para indústria petrolífera, tanto no que se refere à economia quanto à segurança de seus trabalhadores. O GN é uma fração do petróleo no estado gasoso, sendo composto por uma mistura de diversos hidrocarbonetos, cujas , para n variando moléculas simples estão na forma entre um e quatro. Entre os hidrocarbonetos presentes no GN, o metano responde por cerca de 70%. Esse gás apresenta limite inferior e superior de inflamabilidade de 5% e 15%, respectivamente, e energia mínima para ignição de 250 [3]. presente no GN, diversos Dado o volume da molécula de métodos para detecção de gás natural baseiam-se na detecção do vazamento de metano para a atmosfera, tais como: • Método Catalítico, proposto pelo Safety in Mines Research Establishment (SMRS) [4]; • Método de Absorção do espectro infravermelho, descrito por [5]; • Método de Processamento digital de imagem, apresentado pelo o U.S. Department of Energy (DOE), em conjunto com o Sandia of National Laboratories do National Security Missions [6]. O sistema de detecção 1 R. O. Melo, Centro de Tecnologia Eletrônica e da Informação, Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Amazonas, AM, Brasil, [email protected] C. F. F. Costa, Centro de Tecnologia Eletrônica e da Informação, Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Amazonas, AM, Brasil, [email protected] M. G. F. Costa, Org: Centro de Tecnologia Eletrônica e da Informação, Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Amazonas, AM, Brasil, [email protected] proposto foi denominado de Backscatter Absorption Gas Imaging (BAGI). Os vazamentos de GN bruto tornam-se visíveis ao ser humano em forma de uma nuvem branca ou neblina em duas circunstâncias: quando o gás entra em contanto com a atmosfera, induzindo a condensação do ar; quando o mesmo está em forma de aerossol, no estado de gás condensado [7]. Este trabalho propõe detectar essa nuvem branca gerado pelo gás metano ao entrar em contato com o ar, utilizando o conceito de filtro de novidade desenvolvido por [8]. As imagens a serem utilizadas são imagens digitais de vazamento de gás natural capturadas da área da cabeça de poço petrolífero. Essas imagens são originárias de um sistema existente Closed-Circuit Television (CCTV) com Charge Coupled Device (CCD). Portanto, este trabalho vem complementar os estudos apresentados por em [9] e [10], objetivando: • Identificar a componente dos espaços de cores (RGB e HSI) que melhor caracteriza um vazamento de gás natural, dado que nos trabalhos de [9] e [10] eles utilizaram apenas a componente I espaço de cores HSI; • Avaliar a confiabilidade do sistema perante a diversidade de cenários intrínsecos a área do poço, tais como: imagens diurnas e noturnas, tanto com a presença de pessoas como com a presença de chuva, uma vez que os trabalhos de [9] e [10] não abordaram tais situações; Uma breve descrição do conceito de filtro de novidade e a métrica de desempenho adotada são descritas na Seção 2 . Na Seção 3 é abordada a metodologia adotada neste artigo para aplicar o filtro de novidade na detecção de vazamento de GN. A Seção 4 expõe os resultados e discussão. Finalmente, na Seção 5 são apresentadas as considerações finais. II. CONCEITO DE FILTRO E CLASSIFICADOR DE NOVIDADE Na literatura, inúmeros estudos em diversas áreas já foram desenvolvidos tendo como base a aplicação de filtro de novidade descrito por [8]. A seguir, com base no método clássico de ortogonalização Gram-Schmidt [11], é descrito o conceito de filtro de novidade desenvolvido por [8]. ∈ , , ,…, um conjunto de vetores Seja euclidianos de dimensão que geram um subespaço de dimensão , onde ⊂ , tal que < . Considerando o subespaço , um vetor arbitrário, ∈ , pode ser decomposto em duas componentes e , onde ∈ e ⊥ que é a projeção perpendicular de em relação à . O vetor ∈ representa a componente de que é “conhecida” pelo subespaço e pode ser representada pela combinação linear OLIVEIRA MELO et al.: LEAK DETECTION OF NATURAL de , , no espaço 1561 . A Fig. 1 ilustra essas duas componentes ,…, . ~ x L x ~ x⊥ L x = ~ x + xˆ x̂ Figura 1. Ilustração do conceito de filtro de novidade no espaço . Onde, o vetor ⊥ representa a informação “nova”, que é “desconhecida” pelo subespaço e não pode ser representado , , ,…, . Assim, como uma combinação linear de considerando o subespaço , é chamado de novidade e o sistema que extrai esta componente de e a apresenta em sua saída pode ser chamado de Filtro de Novidade. Para se determinar as componentes e de um vetor , é utilizado o processo de ortogonalização de Gram-Schmidt [11]. Considerando um conjunto de vetores independentes , , ,…, , a base , pode-se obter vetores ortogonais , , ,…, através do procedimento descrito pelas equações (1) e (2): (1) = = onde, , , − , , . . , (2) = 2,3, é a projeção de em . Logo, dado um vetor de amostra “novidade” é calculada como o passo descrito na equação (2), ou seja, = na equação (3). = − , , . , sua componente + 1 do processo , tal como descrito (3) Portanto, a magnitude do vetor , ‖ ‖, pode usada como medida de dissimilaridade, pois quanto menor a magnitude de ‖ ‖, mais próximo este será a base , , , … , ∈ , consequentemente o vetor arbitrário possui elevada combinação linear com os m vetores que foram à base vetorial. uma amostra x pode ser classificada como pertencendo ou não a classe utilizada para treinamento do filtro de novidade, como ilustrado no diagrama de blocos da Fig. 2. Se a saída do diagrama em blocos da Fig. 2 for igual a 0, a imagem pertence à classe de imagens utilizada para treinamento do filtro de novidade (imagens sem vazamento). Caso contrário, se a saída for igual a 1, a imagem não pertence à classe de imagens utilizada para treinamento do filtro de novidade e, portanto, é uma imagem com vazamento. x Filtro de Novidade ~ x Extração da Norma ~ x Limiar de Decisão 1 ou 0 Figura 2. Ilustração do classificador de novidade. A princípio espera-se que as normas das imagens que pertencem à mesma classe do treinamento do filtro sejam menores do que as normas dos padrões que não pertencem à essa classe. Portanto, um limiar ótimo será determinado para separar esses dois subconjuntos. Neste trabalho, o limiar ótimo foi determinado utilizando o conceito de curva ROC (Receiver Operating Characteristic) que maximiza a sensibilidade e especificidade do classificador de novidade. B. Desempenho do Classificador De acordo com [12], o conceito de desempenho pode ser interpretado como a frequência na qual um algoritmo produz decisões corretas. Nesse contexto, o melhor algoritmo é aquele que produz decisões corretas com mais frequência que outro algoritmo. Neste trabalho avalia-se qual dos algoritmos constituídos pelas componentes R, G, B, H, S e I (dos espaços de cores RGB e HSI) melhor classifica um vazamento de gás natural. A métrica utilizada para determinar o desempenho destes filtros de novidade foi à curva ROC de [13]. ROC é uma ferramenta robusta utilizada para visualizar, avaliar e comparar o desempenho entre modelos de classificação. A curva ROC é expressa através de um gráfico, onde o eixo das abscissas corresponde a (1-especificidade) e o eixo das ordenadas equivale à sensibilidade, compondo assim um plano unitário, conforme mostrado na Fig. 3. A. O Classificador de Novidade Em termos de reconhecimentos de padrões, a norma do vetor novidade, ‖ ‖, pode ser aplicada para solucionar problemas nos quais se deseja classificar um padrão como pertencente ou não à classe utilizada para o treinamento do filtro de novidade. Nesse trabalho pretende-se aplicar o filtro de novidade para classificar uma imagem da cabeça do poço como sendo uma imagem com ou sem vazamento de gás natural. Neste trabalho, a classe de treinamento do filtro de novidade foi formada por imagens que não possuem vazamento de gás de natural. A um classificador assim descrito, conforme mostrado na Fig.2, damos o nome de classificador de novidade. Realizado então o treinamento do filtro de novidade é possível apresentar a este um conjunto de imagens de testes formadas por imagens com e sem vazamento de GN e obter seus respectivos valores de norma. Em seguida, após o treino, Xc Figura 3. ROC (Receiver Operating Characteristic). Portanto, pelo gráfico da Fig. 3 é possível determinar o ponto de decisão ( , valor de corte) que melhor classifica uma amostra em uma entre duas classes possíveis. Esse ponto é definido como sendo o ponto mais próximo de sensibilidade=especificidade=1 [12]. 1562 IEEE LATIN AMERICA TRANSACTIONS, VOL. 12, NO. 8, DECEMBER 2014 Ainda, de acordo com [12] e [13], o desempenho de um classificador pode ser obtido simplesmente determinando a área sob a curva ROC (AUC do inglês: Area Under ROC Curve). Um classificador ideal terá uma AUC=1 III. SISTEMA DE RECONHECIMENTO DE PADRÕES PROPOSTO O sistema de reconhecimento de padrões de vazamento de gás natural proposto é baseado em seis etapas, conforme diagrama de blocos da Fig. 4, as quais serão descritas a seguir. Da área da wellhead foi obtido um conjunto formado por 3.060 imagens, construído por dois subconjuntos ou duas classes de imagens em diferentes condições conforme detalhado na Tabela 1. A partir das imagens originais foram extraídas suas respectivas Regiões de Interesse (ROI). A Fig. 6 apresenta alguns exemplos destes cenários. TABELA I. CONJUNTO DE IMAGENS COLETADAS DA ÁREA DO WELLHEAD: CLASSE COM E SEM VAZAMENTO DE GN SOB DIFERENTES CENÁRIOS CLASSE PERÍODO DIURNO NOTURNO TOTAL CENÁRIO SEM COM DE VAZAMENTO IMAGENS SEM RUÍDOS VAZAMENTO 500 250 750 HUMANOS 250 200 450 CHUVA 250 250 500 250 60 310 250 -- 250 250 200 450 CHUVA E HUMANOS SEM RUÍDO E SEM IR HUMANOS E SEM IR COM IR 250 100 350 2.000 1.060 3.060 Figura 4. Sistema de reconhecimento de padrões de vazamento de gás natural. A. Aquisição de Imagens e Extração da Região de Interesse O método proposto para detecção de vazamento de GN foi aplicado às imagens obtidas por meio do CCTV oriundas da câmera Yokogawa®, cuja resolução especial do elemento CCD é 320x240 pixels, conforme Fig. 5a. (a) (a) (b) (c) (d) (e) (f) (g) (h) (b) Figura 5. (a) imagem do original do poço (b) Região de interesse selecionada (ROI – region of interest). Em seguida, as imagens foram segmentadas para 184x160 pixels, delimitando a região de interesse sobre a wellhead (cabeça do poço), no intuito de reduzir falsos positivos oriundos de regiões que contenham nuvens do “céu”, que são “similares” a nuvem branca gerada pelo vazamento de GN. A delimitação da região de interesse objetiva também reduzir os ruídos provocados pela vegetação presente, conforme exemplificado Fig. 5b. Vale ressaltar que, no intuito de evitar acidentes ou danos ao meio ambiente, o volume de GN liberado nas simulações de vazamento foi o mínimo necessário para coleta dos dados a serem aplicados neste estudo, sendo a simulação de vazamento realizada por meio de abertura de uma válvula agulha localizada na wellhead. Figura 6. Amostra de imagens coletadas da área do poço: (a) diurna livre de ruído, (b) noturna livre de ruído e sem IR, (c) noturna com vazamento e IR, (d) diurna com chuva, (e) diurna com chuva e vazamento, (f) diurna com vazamento, (g) diurna sem vazamento e com pessoa e (h) diurna com chuva e pessoa. A câmera do CCTV fornece imagens no espaço de cores RGB, favorecendo assim a extração das matrizes correspondentes as componentes R, G e B. Posteriormente, OLIVEIRA MELO et al.: LEAK DETECTION OF NATURAL 1563 através de rotina desenvolvida no Matlab®, são extraídas as demais matrizes referentes as componentes H, S e I do espaço de cor HSI. Adotando o procedimento descrito por [9] estas matrizes de dimensão 184,160 foram convertidas em vetores colunas de dimensão 29440,1 , propiciando assim aplicação do filtro de novidade a imagens. A implementação do filtro de novidade foi efetuada no Matlab®. Portanto, a partir das seis componentes R, G, B, H, S e I foi possível constituir seis filtros de novidade distintos. O que diferencia um filtro do outro é justamente a componente com a qual o mesmo é treinado, ou seja, a componente que forma a sua base. No teste do classificador o filtro que foi treinado com a metade A é testado a metade B. Já o filtro que foi treinado com a metade B é testado com a metade A. Esse esquema de treinamento e teste é mostrado na Fig. 7. Conjuntos de Dados Metade-A Metade-B Treinamento Treinamento Teste Teste B. Metodologias para Treinamento e Teste De acordo com a forma que os dados são organizados, diversas metodologias podem ser empregadas para o treinamento e teste de um classificador, tais como: “deixa uma de fora” (leave-one-out), “metade-metade” (holdout) e “validação-cruzada” (cross-validation) [14]. Neste trabalho, em virtude da quantidade significativa de imagens (3.060 imagens) que formam o conjunto global de imagens padrões, adotou-se a metodologia metade-metade. Quando (número de amostras) é grande recomenda-se utilizar a metodologia “metade-metade” (holdout), que consiste em utilizar metade dos dados para treinamento e metade dos dados para teste [14]. De posse dos conjuntos de dados (imagens), conforme apresentados na Tabela I, o banco de dados de cada componente (R, G, B, H, S e I) foi dividida randomicamente em duas partes iguais, formando então dois subconjuntos A e B, conforme exemplificado na Tabela II. TABELA II. DIVISÃO DO CONJUNTO DE IMAGENS PARA TREINAMENTO. CLASSE PERÍODO DIURNO NOTURNO TOTAL SEM COM DE VAZAMENTO A B VAZAMENTO IMAGENS A B SEM RUÍDOS 250 250 125 125 750 HUMANOS 125 125 125 125 450 CHUVA 125 125 125 125 500 125 125 30 30 310 125 125 -- 125 125 100 125 125 1.000 1.000 CENÁRIO CHUVA E HUMANOS SEM RUÍDO E SEM IR HUMANOS E SEM IR COM IR 2.000 Desempenho (ROC) Figura 7. Esquema utilizado para o novidade. treinamento e teste dos filtros de O desempenho de um filtro relativo a uma componente de cor é calculado, então como uma média do desempenho dos dois classificadores descritos anteriormente, de acordo com a equação (4). Nessa equação, o critério de desempenho utilizado foi a área sob a curva de ROC(AUC) . = 1 ∙ 2 (4) A fim de determinar a variabilidade do classificador, utilizou-se neste trabalho o erro padrão (SE, do inglês: Standard Error) da AUC [15]. Para o cálculo desse desvio padrão considera-se o tamanho das amostras utilizadas nos testes do classificador: número de amostras sem vazamento ou e número de amostras com vazamento ou normais n anormais n . A partir destas informações foi determinado o erro padrão de cada curva ROC por meio da equação (5), onde θ = AUC. ∙ 1− + −1 ∙ SE = + − 1 ∙ 2. 2− 1+ − + (5) − 250 100 450 50 50 350 530 530 1.060 3.600 Para cada componente foram treinados dois filtros de novidade. Por exemplo, para a componente R, foi treinado um filtro com uma base constituída pela metade A das imagens sem vazamento de GN e o outro filtro treinado com uma base constituída pela metade B das imagens da componente R sem vazamento de GN. C. Detecção da região, na imagem, onde ocorreu o vazamento de GN Uma vez que o classificador de novidade detecta se um vazamento de gás natural está presente em uma imagem, é possível realçar a região da imagem em que o vazamento ocorre. Neste estudo, esta região é chamada de “região de novidade”. O processo adotado para realçar esta região é descrito nos seguintes passos: Converte-se o vetor novidade, , em uma matriz novidade, , com dimensões 184x160, conforme procedimentos descritos por [10]; Converte-se a matriz novidade, , em uma imagem novidade com pixels na escala cinza na faixa de 0 a 255; Aplica-se um filtro de 1564 IEEE LATIN AMERICA TRANSACTIONS, VOL. 12, NO. 8, DECEMBER 2014 mediana para remover o ruído; Limiariza-se a imagem novidade aplicando um limiar correspondente ao valor médio desta imagem. padrões (SE) de cada grupo de treinamento do respectivo filtro de novidade, assim como o erro padrão global deste classificador. IV. RESULTADOS TABELA III. RESUMO DAS MÉTRICAS DE DESEMPENHO DOS CLASSIFICADORES R, G, B, H, S E I. Para cada componente dos espaços de cores RGB e HSI, foi construída uma curva de ROC correspondente, conforme mostrado na Fig. 8. (a) (c) (b) (d) FILTRO GRUPO A GRUPO B AUC SE DO FILTRO DE NOVIDADE AUC SE AUC SE FILTRO R 99,25% 0,26% 97,80% 0,45% 98,52% 0,37% G 97,82% 0,45% 97,27% 0,50% 97,55% 0,47% B 77,11% 1,33% 78,62% 1,30% 77,86% 1,31% H 66,91% 1,49% 64,26% 1,51% 65,58% 1,50% S 28,57% 1,30% 69,95% 1,45% 49,26% 1,54% I 98,81% 0,33% 98,06% 0,42% 98,43% 0,38% DO A partir dos dados da Tabela 3 foi possível constatar que, dentre os classificadores de novidade propostos para detecção de vazamento de GN, o filtro de novidade R possui o maior poder de discriminar uma imagem com vazamento de uma imagem sem vazamento de GN, apresentado um desempenho global AUC(R) = 98,52% e SE(R)=0,37%, seguido pelo filtro de novidade I com AUC(I)=98,43% e SE(I)=0,38%. Definido a componente R como a melhor componente dos espaços de cores RBG e HSI que caracteriza um vazamento de GN, segmentou-se a área onde ocorreu tal evento, conforme mostrado nas Fig. 9 e Fig.10. (a) (b) (c) Figura 9. Realce da região novidade: (a) imagem original com vazamento de GN diurna; (b) imagem de novidade; (c) Detecção de região com vazamento. (e) (f) Figura 8. Curva ROC dos Filtros de Novidade (FN) baseados nas componentes R, G, B, H, S e I: (a) componente R; (b) componente G; (c) componente B; (d) componente H, (e) F componente S e (f) componente I. A Tabela 3 apresenta as informações das métricas obtidas para cada classificador de novidade, por meio de suas respectivas curvas ROC. A penúltima coluna desta tabela expressa AUC global=acurácia do filtro de novidade em função da componente utilizada pelo filtro, sendo determinada a partir da equação (4). Esta tabela também apresenta os erros (a) (b) Figura 10. Realce da região novidade: (a) imagem original com vazamento de GN nortuna; (b) Detecção de região com vazamento. OLIVEIRA MELO et al.: LEAK DETECTION OF NATURAL V. CONCLUSÃO Este trabalho teve por objetivo principal contribuir para a literatura existente sobre detecção de vazamento de GN, apresentando uma técnica de detecção de vazamento de gás natural por meio de um sistema de reconhecimento de padrões baseado no classificador de novidade, utilizando imagens digitais. Para tanto, foram desenvolvidos seis tipos distintos de classificadores de novidade. A diferença entre estes classificadores está no tipo de componente dos espaços de cores RGB e HSI utilizado na formação da base de treinamento dos respectivos filtros. Com base nas análises comparativas objetivas que foram realizadas em termos de AUC e SE, constatou-se que, dentre as componentes R, G, B, H, S e I, a que melhor caracteriza um vazamento de gás é a componente R, apresentando a acurácia de 98,52% e erro padrão de 0,37%, sendo o que o classificador de novidade R cuja base foi formada pelo Grupo A apresentou AUC=99,253%. Futuramente pretende-se aplicar outros métodos de processamento digital de imagem e reconhecimento de padrões para detectar o vazamento de gás natural e comparar o desempenho desses métodos com aquele que foi ora desenvolvido. REFERÊNCIAS [1] K. W. Bowyer, "Validation of Medical Image Analysis Techniques," vol. 2, M. Sonka and J. M. Fitzpatrick, Eds., Washington, Handbook of Medical Imaging, 2002, pp. 567-607. [2] B. K. Sovacool, "The cost of failure: a preliminary assessment of major energy accidents," Energy Policy, no. 36, p. 1802–1820, 2008. [3] M. G. Zabetakis, "Flammability characteristics of combustible gases and vapors," Bulletin 627, Bureau of Mines, U.S. Government Printing Office, Washington, 1965. [4] J. G. Firth, A. Jones and T. A. Jones, "The principles of the detection of flammable atmospheres by catalytic devices," Combustion and Flame, vol. 21, no. 3, pp. 295-414, 1973. [5] A. Krier and V. V. 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Obteve o título Mestre em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Manaus, Amazonas, Brasil, em 2012. Atualmente atua na área exploração e produção de petróleo desenvolvendo projetos de automação visando o desenvolvimento da produção. Professor adjunto da UNIP desde 2012 e elaborador de itens do ENADE no ano de 2014. Sua área de pesquisa é inteligência artificial, processamento de imagens e automação via wireless. Cícero Ferreira Fernandes Costa Filho possui graduação em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Pernambuco (1982), mestrado em Engenharia Elétrica pela Universidade Estadual de Campinas (1985) e doutorado em Engenharia Elétrica pela Universidade Estadual de Campinas (1996). Atualmente é professor associado da Universidade Federal do Amazonas e Diretor do Centro de P&D em Tecnologia Eletrônica e da Informação – CETELI/UFAM. Sua área de pesquisa no mestrado em Engenharia Elétrica é inteligência artificial e processamento de imagens. Nas suas pesquisas aplica conceitos dessas duas áreas para resolução de problemas em automação industrial e engenharia biomédica. Marly Guimarães Fernandes Costa possui graduação em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal do Amazonas (1983), mestrado em Engenharia Elétrica, área de concentração telecomunicações, pela Universidade Estadual de Campinas (1988) e doutorado em Engenharia Elétrica, área de concentração automação, pela Universidade Estadual de Campinas (1996). Professora associado da Universidade Federal do Amazonas e Vice-Reitora da Universidade Estadual do Amazonas. Tem experiência na área de Processamento de digital de imagens, Reconhecimento de Padrões, Engenharia Biomédica e Gestão de Ciência e Tecnologia, atuando principalmente nos seguintes temas: diagnóstico e automação por imagem.