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O jornalista Celso Ming publicou em 8 de maio de 2013 em sua coluna no jornal O Estado de São Paulo
matéria que trata da “revolução do gás” que está em curso nos EUA. A Cia. de Planejamento acredita que
esse processo deverá trazer consigo mudanças drásticas na economia mundial e na brasileira. A matéria
permite-nos dizer que os EUA serão em breve reconhecidos como um estupendo país emergente. Tal
reestruturação – impensável até pouco tempo atrás - será boa para certas empresas e ruim para outras. O
empresário atento saberá reposicionar sua empresa para que ela tenha um papel de agente e não de vítima
desse processo.
A revolução do gás
Por Celso Ming – O Estado de São Paulo
7 de maio de 2013
Há pelo menos dois anos, o governo brasileiro e as lideranças da indústria já sabem que está em curso uma
revolução energética nos Estados Unidos, que pode alijar do mercado global boa parte do sistema produtivo
nacional – se uma mudança de atitude não vier a tempo.
A novidade, de só três anos, é a obtenção em larga escala de gás e de petróleo nos Estados Unidos por
meio de fraturamento das rochas de xisto.
No ano passado, os Estados Unidos foram o país que mais elevou a produção de petróleo no mundo (mais
780 mil barris diários) e passou a colocar volume enorme de gás a uma mera fração do preço pago no resto
do mundo: US$ 2,8 por milhão de BTU nos Estados Unidos ante entre US$ 10 e US$ 12 por milhão de BTU
na Europa e no Brasil.
São dois os efeitos de enorme alcance estratégico: (1) até 2025, os Estados Unidos deverão ser
autossuficientes em petróleo e gás, avalia a Agência Internacional de Energia; e (2) a abundância da oferta
de gás e seu baixíssimo preço começam a transferir para os Estados Unidos bom número de investimentos
em petroquímica, fertilizantes hidrogenados, química básica (soda e cloro), metalurgia de não ferrosos e
outros setores eletrointensivos – como os de cerâmicas, vidro e, provavelmente, cimento. Esse novo
movimento de capitais inviabiliza projetos de investimento em outras regiões do Planeta, entre as quais o
Brasil.
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Os Estados Unidos contam com enormes formações de xisto em regiões altamente industrializadas, o que
dispensa pesados custos em infraestrutura de transporte (oleodutos e gasodutos).
A nova tecnologia consiste em injeção a alta pressão de mistura de água, areia e produtos químicos em
perfurações horizontais. O processo de microfraturamento da rocha (fracking) libera hidrocarbonetos que
sobem à superfície.
A única objeção à essa técnica tem natureza ambiental. A injeção de produtos químicos, sobretudo
benzeno, aumenta o risco de contaminação dos lençóis freáticos. Por outro lado, a dispensa de carvão e
óleo combustível na produção de energia termoelétrica deve contribuir para a melhora das condições do ar.
A presidente da Petrobrás, Graça Foster, advertiu várias vezes que não há como concorrer com esse gás. É
fator que ameaça desde já a sobrevivência de amplos setores da indústria no Brasil, dependentes não só de
gás como matéria-prima, mas também de energia elétrica de baixo custo para sua produção.
O governo Dilma sabe que o Brasil também conta com enormes reservatórios de xisto. Cálculos da Agência
Nacional do Petróleo indicam que há somente em três bacias (Parecis, Recôncavo Baiano e Parnaíba)
potencial de produção de quase 17 trilhões de metros cúbicos de gás. No entanto, o governo brasileiro está
ainda muito longe de definir uma política de exploração desse potencial e também de assegurar viabilidade
futura para o setor produtivo.
É claro que esse fato estratégico relativamente novo exige redefinição drástica da política industrial
brasileira. Não somente para garantir a competitividade, neste momento ainda mais ameaçada, mas
também para tirar proveito da nova tecnologia.
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