Relatório de Atividades Ano 2004 2004 Uma organização de interesse público. Março/2005. Apresentação O presente relatório descreve as ações realizadas pelo INSTITUTO MAYTENUS para o desenvolvimento da Agricultura Sustentável no decorrer do ano de 2004. Estas ações, na sua grande maioria foram realizadas a partir de uma metodologia desenvolvida especialmente para grupos de agricultores familiares, que desejavam fazer o denominado processo de conversão da produção convencional para a Agricultura Orgânica Sustentável. Este conjunto de ações resultou em efeitos satisfatórios, no que se refere a questões sociais, ambientais e econômicas, bem como preconizou o surgimento de Associações de Agricultores Orgânicos. A finalidade maior deste relatório é apresentar resultados que justificam a existência de organizações que atuam diretamente com grupos informais ou formais de agricultores, planejando e desenvolvendo projetos que promovem o desenvolvimento local. Este relatório também pretende ser um facilitador da avaliação do INSTITUTO MAYTENUS, o qual se submete a opinião do seu público beneficiário e sociedade em geral, para cada vez ser mais reconhecido enquanto organização que tem uma função social a ser desempenhada. 3 Agradecimentos As atividades desenvolvidas pelo Instituto Maytenus, que estão descritas nesse documento, somente foram possíveis devido a grande mobilização de atores sociais e parceiros que acreditaram nas nossas idéias e apoiaram das mais diversas formas, todas as ações aqui relatadas. Nesse contexto, destacamos e agradecemos: • A todos os agricultores/produtores empenhados nos projetos; • O SEBRAE/PR, principal agente de desenvolvimento que acreditou e investiu nas nossas idéias; • As Prefeituras Municipais, que disponibilizaram apoio e suporte local, especialmente profissionais empenhados; • Ao SENAR e EMATER, que complementaram e reforçaram o time de parceiros; • A competente e comprometida Equipe de Trabalho, rabalho que abraçou a causa e não mediu esforços no auxilio aos grupos de agricultores, na busca dos resultados; Nossos agradecimentos também se estendem a todos aqueles não nominados, mas que de forma direta ou indireta, contribuíram para o sucesso de realizações em 2004. 4 ÍNDICE SOBRE O INSTITUTO MAYTENUS MAYTENUS ...............................................................................................................................6 ATIVIDADES SOCIAIS.....................................................................................................................................................8 SOCIAIS I. FORMAÇÃO DE PRODUTORES EM AGROECOLOGIA ..................................................................................8 2. FORMAÇÃO DE APICULTORES – PRODUÇÃO E TRANSFORMAÇÃO ..........................................................9 3. CAPACITAÇÃO DE PROFISSIONAIS PARA O PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO..........................................10 CERTIFICAÇÃO 4. ASSESORIA À ORGANIZAÇÃO RURAL .............................................................................................................10 5. ASSESSORIA À CERTIFICAÇÃO DE ÁREAS E CULTURAS ORGÂNICAS......................................................12 ORGÂNICAS 6. SENSIBIIZAÇÃO DE CONSUMIDORES ..............................................................................................................12 7. EVENTOS E EXPOSIÇÕES ....................................................................................................................................13 8. ENCONTROS REGIONAIS DE PRODUTORES...................................................................................................14 PRODUTORES 9. ASSESSORIA TECNOLÓGICA .............................................................................................................................14 12. REPRESENTAÇÃO INSTITUCIONAL ...............................................................................................................17 13. 13. FORMAÇÃO DE FACILITADORES ...................................................................................................................18 14. PUBLICAÇÕES.....................................................................................................................................................18 PUBLICAÇÕES 15. PROJETOS ESPECÍFICOS ...................................................................................................................................19 16. ASSESSORIA A COMERCIALIZAÇÃO..............................................................................................................19 COMERCIALIZAÇÃO 17. CASOS DE DESTAQUE ......................................................................................................................................24 18. APLICAÇÃO DOS RECURSOS ..........................................................................................................................31 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................................................31 5 Sobre o Instituto Maytenus Nossa Missão “Promover o Desenvolvimento sustentável através de ações que Valorizem o Ser Humano e Respeitem o Meio ambiente.” A Instituição O Instituto Maytenus Para o Desenvolvimento da Agricultura Sustentável é uma instituição do terceiro setor, sem fins lucrativos, da iniciativa privada, fundada em 16 de abril de 2001, com independência administrativa e financeira, inscrita no CNPJ sob nº 04.401.102/0001-70, caracterizada como Organização da Sociedade Civil de Interesse Publico-OSCIP, e rege-se pelo presente estatuto, pela Lei Federal n° 9.790/99, de 23/03/99 e pelo Decreto Federal n° 3.100/99, de 30/06/99 e pela legislação que lhe for aplicável. Sua sede está situada no Município de Toledo, na Rua J.J. Muraro, 1208 possuindo Escritório Regional na Cidade de Londrina, na Rua Harry Prochet. Reúne uma experiente equipe multidisciplinar que respeita o saber popular e utilizam os avanços do conhecimento tecnológico para a promoção do desenvolvimento sustentável. Compõem nosso quadro profissional Agricultores Mestres, Engenheiros Agrônomos, Técnicos em Agropecuária, Engenheiros Agrícolas, Zootecnistas, Administradores Rurais, Pedagogos, Nutricionistas e Economistas Domésticos. Objetivos Sociais: O Instituto Maytenus tem por objetivos sociais: I. Promover a qualidade de vida e da saúde do ser humano e a defesa e preservação do meio ambiente pelo desenvolvimento da Agricultura Sustentável; II. difundir conhecimento e apoiar a implantação de sistemas orgânicos de produção agropecuária e industrial que otimizem o uso de recursos naturais e sócioeconômicos, respeitem a integridade cultural, promovam a maximização dos benefícios sociais e a minimização da dependência de energia não renovável; 6 III. promover estudos, pesquisas, conhecimento e projetos científicos e socioeconômicos nas áreas da ecologia e biologia, atendendo as demandas da Agricultura Orgânica, Agroecologica, Ecológica, Biológica, Natural, Biodinâmica, Permacultura e outras a fins; IV. oferecer apoio técnico e estimulo à implantação de programas de desenvolvimento sustentável que atendam as necessidades das comunidades locais, regionais, do Estado e do País; V. dirigir, administrar e manter instituições educacionais, promovendo a oferta de programas regulares de capacitação através de cursos, seminários, palestras e atividades correlatas; VI. promover a formação e a requalificação profissional dos cidadãos para a sua inserção e reinserção no mercado de trabalho; VII. promover e apoiar debates que incentivem o questionamento de idéias, teorias e modelos visando o aperfeiçoamento da visão holística do ser humano; VIII. promover a assistência social através de programas de alimentação e segurança alimentar e nutricional, baseados na utilização de produtos orgânicos de origem vegetal e animal; IX. produzir, organizar, manter e divulgar literatura, informações, estatísticas e conhecimentos técnico-científicos de comprovado valor elucidativo e científico para o desenvolvimento da agricultura sustentável e seus efeitos na melhoria da qualidade de vida e da saúde humana; X. promover exposições, conferências, debates, feiras, festividades populares e outros eventos relacionados com o desenvolvimento socioeconômico e técnico-científico regional e nacional; XI. promover o voluntariado para atuação nas atividades mencionadas neste estatuto ou em outras de interesse público; XII. promover a experimentação não-lucrativa de novos modelos socioprodutivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, emprego e crédito; XIII. promover e prestar assistência técnica integrada e consultoria através de programas de cooperação e prestação de serviços nas áreas que digam respeito às atividades mencionadas neste artigo; XIV. promover ajuda e cooperação financeira a programas e projetos sociais e suprir demandas ocasionadas pela expansão das atividades da entidade, captando recursos por intermédio de acordos, intercâmbios e convênios. Para consecução dos seus objetivos, o Instituto Maytenus poderá articular-se e firmar convênios, contratos, termos de parceria e de cooperação com outras entidades sócio-culturais, com órgãos ou entidades públicas e privadas, nacionais e estrangeiras, pela forma conveniente, de modo a assegurar a coordenação e execução de seus objetivos sociais. 7 Atividades sociais Em consonância com os objetivos propostos em seus estatutos, o Instituto Maytenus apresenta neste relatório as contribuições sociais e ambientais que vem desenvolvendo através da implementação de programas e estratégias descritas a seguir: I. FORMAÇÃO DE PRODUTORES EM AGROECOLOGIA Realizado em parceria com o SEBRAE-PR, EMATER, SENAR, Prefeituras e outras entidades municipais , o programa visa estimular o desenvolvimento local em bases sustentáveis com ações que promovam o Capital Social, Ambiental e Econômico. Nesse contexto o Instituto Maytenus participa do programa atendendo, capacitando e organizando grupos de agricultores em torno da Agricultura Orgânica, pois entende que esse modelo de produção, além de resgatar a auto-estima dos envolvidos, atua melhorando e potencializando as dimensões sociais, ambientais e econômicas, principais pilares da sustentabilidade. Na tabela abaixo estão descritas as atividades de formação ocorridas no Estado de São Paulo: Município Número de Produtores Carga Horária Parceiros Barretos 27 56 SEBRAE - ABD Bebedouro 16 40 SEBRAE - ABD Guaira 16 56 SEBRAE - ABD Olímpia 20 24 SEBRAE - ABD Colômbia 13 8 SEBRAE - ABD São José do Rio Preto 20 8 SEBRAE - ABD Bady Bassit 12 8 SEBRAE - ABD 124 200 SEBRAE - ABD TOTAL 8 Durante o ano de 2004, foram inúmeras as ações que beneficiaram comunidades de diversas regiões do Paraná, conforme pode ser observado no quadro abaixo: Município Número de Produtores Carga Horária Altônia Altônia 1 e 2 16 669 SEBRAE –EMATER - SENAR Alto Piquiri 08 466 SEBRAE –EMATER - SENAR Parceiros Barbosa Ferraz 1 e 2 30 674 SEBRAE –EMATER - SENAR Campina Da Lagoa 08 426 SEBRAE –EMATER - SENAR Campo Mourão 25 207 SEBRAE –EMATER - SENAR Cianorte 20 207 SEBRAE –EMATER - SENAR Corumbataí Do Sul 08 412 SEBRAE –EMATER - SENAR Cruzeiro D'oeste 47 100 SEBRAE –EMATER - SENAR Diamante Do Norte 2 15 187 SEBRAE –EMATER - SENAR Esperança Nova 08 419 SEBRAE –EMATER - SENAR Francisco Alves 1 e 2 14 628 SEBRAE –EMATER - SENAR Goioerê 1 e 2 13 631 SEBRAE –EMATER - SENAR Iporã 1e 2 19 662 SEBRAE –EMATER - SENAR Jandaia Do Sul 08 470 SEBRAE –EMATER - SENAR Paranavaí 1 e 2 28 624 SEBRAE –EMATER - SENAR Pérola 28 240 SEBRAE –EMATER - SENAR São Jorge Do Patrocínio 1 e 2 14 672 SEBRAE –EMATER - SENAR Tamboara 14 196 SEBRAE –EMATER - SENAR Terra Rica 15 203 SEBRAE –EMATER - SENAR Umuarama 1 e 2 30 163 SEBRAE –EMATER - SENAR Querencia Do Norte 15 56 SEBRAE –EMATER - SENAR Colorado 15 180 SEBRAE –EMATER - SENAR Marialva 18 221 SEBRAE –EMATER - SENAR Maringá 1 e 2 31 753 SEBRAE –EMATER - SENAR Nova Esperança 08 436 SEBRAE –EMATER - SENAR Planalto 15 32 SEBRAE e Prefeitura Municipal 445 9.934 TOTAL 2. FORMAÇÃO DE APICULTORES – PRODUÇÃO E TRANSFORMAÇÃO Município Número de Carga Horária Parceiros Produtores Diamante do Norte 1 20 196 SEBRAE –EMATER - SENAR Porto Rico 1 30 928 SEBRAE –EMATER - SENAR São Pedro do Pr 25 148 SEBRAE –EMATER - SENAR Diamante do Norte 3 18 72 SEBRAE –EMATER - SENAR Porto Rico 2 15 462 SEBRAE –EMATER - SENAR Porto Rico 3 15 24 SEBRAE –EMATER - SENAR 123 1.830 SEBRAE –EMATER - SENAR TOTAL 9 3. CAPACITAÇÃO DE PROFISSIONAIS PARA O PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO Município Número de Carga Horária Parceiros Profissionais UmuaramaUmuarama-PR 25 12 BebedouroBebedouro-SP 9 16 34 28 TOTAL SEBRAE - IBD IBD SEBRAE - IBD SEBRAE - IBD 4. ASSESORIA À ORGANIZAÇÃO RURAL O desenvolvimento associativo nos grupos de agricultores acompanhados pela Maytenus, tem como fundamentação básica a inclusão social e a disseminação de atitudes colaborativas e cooperativas entre membros dos grupos, visando a sustentabilidade coletiva. Nesse contexto, durante o ano de 2004 a Maytenus colaborou diretamente na organização e no planejamento de 16 grupos associativos, os quais destacamos abaixo: SÓCIOS PRINCIPAIS CULTURAS Associação dos Produtores Orgânicos de Alto Piquiri 11 Hortaliças, cana, soja. Agro Orgânica Ilha Grande (Altônia) 15 Café, hortaliças, algodão, feijão, NOME NOME pupunha. Associação dos Produtores Agroecológicos de Barbosa 24 Ferraz (Apraecol) Hortaliças, feijão, milho, soja, café, leite, maracujá, mandioca, arroz, frango. Assoc. dos Produtores Orgânicos de Francisco Alves 08 Café, hortaliças, leite, frutas, grãos. Assoc. de Prod. Orgânicos de Goioerê (Organovida) 15 Hortaliças, soja, café, cana. Associação dos Produtores Orgânicos de Iporã 16 Hortaliças, café, coco, urucum. Assoc. dos Prod. Orgânicos de Jandaia do Sul (Apojas) 10 Hortaliças, café, frutas. Assoc. dos Prod. Org. Luz do Sol (Apolus - Nova Esperança) 10 Café, hortaliças. Assoc.de Produtores Orgânicos de Paranavaí (Apropar) 22 Hortaliças, café, mandioca, pecuária, Associação Sanjorgense de Produtores Orgânicos (São Jorge 13 Café, frutas. 15 Hortaliças, grãos. 10 Café, acerola, hortaliças. Terra Viva Orgânicos (Corumbataí do Sul) 12 Café, frutas, mandioca, cana. Assoc. de Produtores Orgânicos de Maringá (Pomar) 17 Hortaliças, uva, tilápia. Assoc. Portoriquense de Apicultores (Apa - Porto Rico) 32 Mel, própolis, cera, pão de mel. Grupo de Prod. Orgânicos Assentados (Querência do Norte) 10 Leite, arroz. soja, girassol. do Patrocínio) Associação de Produtores Orgânicos Terra Amiga (Campina da Lagoa) Associação dos Produtores Orgânicos Vida e Saúde Esperança Nova (Aprovisen) Total 240 10 Também trabalhou na assessoria para criação, formalização e planejamento estratégico participativo das Associações/Grupos listados abaixo, que além dos trabalhos descritos receberam assessoria constante do Instituto Maytenus: Associação/Grupo Associação de Agricultores Município Sócios Pérola D’Oeste 23 Formalização. Atestado de utilidade Palmas 18 Formalização. Atestado de utilidade Pato Branco 18 Formalização. Atestado de utilidade Flor da Serra do 14 Formalização. Atestado de utilidade Orgânicos de Pérola D’Oeste Associação de Agricultores pública. Assessoria ao planejamento. Orgânicos de Palmas Associação de Agricultores pública. Assessoria ao planejamento. Orgânicos de Pato Branco Associação de Agricultores Orgânicos de Flor da Serra do Assessoria Realizada pública. Assessoria ao planejamento. Sul pública. Assessoria ao planejamento. Sul Associação Municipal de Santo Antônio do Agricultores Orgânicos de Sudoeste 20 Formalização. Atestado de utilidade pública. Assessoria ao planejamento. Santo Antônio do Sudoeste Grupo de Agricultores Clevelândia 10 orgânicos de Clevelândia Grupo de Agricultores Assessoria à formalização e planejamento. Realeza 9 Inácio Martins 12 Articulação do grupo. Orgânicos de Realeza Assentamento José Dias Formalização da Associação. Atestado de Utilidade publica. Formalização Projeto CONAB Associação de Produtores Ivai 8 orgânicos de Ivai Formalização Projeto CONAB. Comercialização em mercado local Associação de Produtores Porto Vitória 8 Agroecológicos de Porto Assessoria a comercialização com restaurante industrial. Vitória Vila Rural Inácio Martins 6 Assessoria a comercialização no comercialização no mercado local Assentamento Bananas Guarapuava 15 Assessoria a mercado local. Planejamento da produção Grupo Água Mineral Irati Organização e rearticulação do grupo. Assentamento José Dias Inácio Martins 12 Formalização da Associação. Atestado de Utilidade publica. Projeto CONAB 11 Outra grande ação resultante dos trabalhos do Instituto Maytenus, com relação às associações, foi a articulação junto aos produtores para a criação de três grandes associações regionais, visando principalmente a integração das ações, redução de custos de certificação e maior representatividade territorial. Após 14 reuniões nos mais diversos municípios do projeto, ficou decidido pala criação das seguintes associações regionais: • APROAP – Associação dos Produtores Orgânicos das Águas dos Rios Paraná/Piquiri, Paraná/Piquiri, abrangendo os produtores dos municípios de Alto Piquiri, Francisco Alves, Iporã, Altônia, São Jorge do Patricínio, Pérola, Esperança Nova e Cruzeiro do Oeste; • ASSOCIAÇÃO ALTERNATIVA PÉ NA TERRA, abrangendo os municípios de Maringá, Nova Esperança, Jandaia do Sul, Goioerê, Barbosa Ferraz, Campina da Lagoa e Corumataí do Sul; • APOMOP – Associação dos Produtores Orgânicos do Médio Oeste do Paraná, abrangendo os municípios de Palotina, Iracema do Oeste e Assis Chateaubriand. Junto ao Território do ProCaxias houve trabalho de acompanhamento e assessoria ao Grupo Gestor de Agricultores Orgânicos, rgânicos instância deliberativas de agricultores orgânicos dos municípios de São Jorge do Oeste, Cruzeiro do Iguaçu, Salto do Lontra, Capitão Leônidas Marque s e Nova Prata do Iguaçu. 5. ASSESSORIA À CERTIFICAÇÃO DE ÁREAS E CULTURAS ORGÂNICAS A assessoria aos processos de certificação realizados pelo Instituto Maytenus, ocorre quando os grupos de produtores decidem oficializar a opção pelas causas relativas a agroecologia e expor essa condição ao reconhecimento público. Nesse sentido, durante o ano de 2004, foram conduzidos 16 projetos de certificação de grupos de produtores orgânicos, dos quais mais de 100% das propriedades tiveram suas áreas inspecionadas muitos já estão em vias de receber o Selo de Qualidade de Orgânico. 6. SENSIBIIZAÇÃO DE CONSUMIDORES Na Região Sudoeste do Paraná, com o objetivo de divulgar os benefícios da alimentação orgânica para a saúde do consumidor foram organizados jantares orgânicos, promovidos pelas Associações locais de agricultores orgânicos. Ocorreram jantares nos municípios de Santo Antônio do Sudoeste, Pato Branco e Flor da Serra do Sul. 12 7. EVENTOS E EXPOSIÇÕES Expor nos principais eventos realizados no do Paraná tem se constituído em uma excelente vitrina para mostrar, divulgar a variedade do plantio e sensibilizar a sociedade sobre a importância de se consumir alimentos mais nutritivos e saudáveis. A cada nova edição é maior o número de visitantes nos espaços reservados para associações de orgânicos. Nesse contexto, a Maytenus esteve presente em 3 grandes eventos de exposições que ocorrem no Noroeste do Paraná • 5° Show Tecnológico do Arenito Caiuá – Fev./04.Fev./04.- Umuarama • Exposição Agropecuária de Londrina 20042004- Abr./04 - Londrina • Expo Agropecuária de Maringá 2004 – Mai./04 - Maringá Além do Instituto Maytenus estar presente nos eventos como expositor, também assessorou Associações de Agricultores orgânicos na participação em feiras como expositores, na Região Sudoeste do Paraná houveram participações no seguintes eventos: • ExpoSanto – Exposição Feira de Santo Antônio do Sudoeste – participação da APROSANTO APROSANTO • ExpoPato - Exposição Feira de Pato Branco – participação da APROVIDA • ExpoPalmas - Exposição Feira de Palmas– Palmas– participação da APROPAL • Salão Mundo Orgânico - Exposição Feira de Alimentos Orgânicos em Cascavel. 13 8. ENCONTROS REGIONAIS DE PRODUTORES Promover encontros regionais foi outro mecanismo colocado em prática para incentivar e fortalecer os grupos de orgânicos. Em 2004, foram realizados diversos eventos do gênero, que reuniram, ao todo, mais de 1500 participantes. O Instituto Maytenus esteve presente em todos eles como um dos principais organizadores. Encontros regionais Participantes I Encontro Regional de Agricultura Orgânica da ExpoLondrina 2004 450 I Encontro de Produtores Orgânicos do 5° Show Tecnológico do Arenito Caiuá 600 I Encontro Regional de Agricultores Orgânicos da ExpoMaringá 2004 730 I Encontro Encontro Regional de Apicultores de Porto Rico 310 I Seminário de Apicultura da Região da Ilha Grande 150 I Seminário de Apicultores de Porto Figueira 190 I Seminário pro Pró – Amusep – Agricultura Orgânica 650 9. ASSESSORIA TECNOLÓGICA Para produtores que buscam especializar a produção, o Instituto Maytenus aciona o Programa de Modernização Tecnológica do Sebrae e disponibiliza seu corpo técnico para o repasse tecnológico da produção. Nesse aspecto, atendemos os seguintes municípios e regiões no ano de 2004: o Região Norte do Paraná: Programa de Modernização Tecnológica da Produção de Soja Orgânica, beneficiando 07 famílias de agricultores do município de Cornélio Procópio. o Região Sudoeste do Paraná: Programa de Modernização Tecnológica da Produção de Hortaliças Orgânicas, beneficiando 09 famílias de agricultores do município de Santo Antônio do Sudoeste; o Região Sudoeste do Paraná: Programa de Modernização Tecnológica da Produção de Morango Orgânico, beneficiando 09 famílias de agricultores do município de Palmas; o Região Sudoeste do Paraná: Clínica Tecnológica de Nutrição de Plantas no Sistema Orgânico de Produção, beneficiando 12 famílias de agricultores do município de Pato Branco; o Região Oeste do Paraná: Clínica Tecnológica de Transformação da Cana, beneficiando 6 famílias de agricultores do município de Capitão Leônidas Marques; o Região Litoral do Paraná: Adequação de produto as normas de produção orgânica, beneficiando 2 famílias de Morretes-PR; 14 o Região Centro Sul do Paraná: Cana Orgânica de Bituruna, beneficiando 19 famílias de agricultores; o Região Centro Sul do Paraná: Cana Orgânica de Cruz Machado, beneficiando 14 famílias de agricultores; o Clínica Tecnológica sobre Derivados da Cana em Prudentópolis, beneficiando 20 famílias de agricultores; Na região Oeste do Paraná foi desenvolvida Consultoria Tecnológica para diversos agricultores conforme descrito no quadro abaixo: Nome do Projeto Objetivo Municípios N. Produtores Beneficiados Beneficiados Cascavel 2 Promover a adequação tecnológica da Nova Aurora 2 estrutura de produção da cana, com Tupãsi 1 vistas Assis Chateaubriand 1 Palotina 2 a garantir melhoria de produtividade e de qualidade; Toledo 2 Projeto Derivados da Promover a adequação tecnológica da Guaraniaçu 1 Cana Oeste II estrutura de processamento da cana Santa Helena 1 SEBRAETEC com vistas a garantir o padrão físico e Itaipulândia 1 as Missal 1 características organolépticas e sanitárias do produtos; Santa Teresinha do 1 Itaipu 1 Adequar os sistemas de produção da Céu Azul 1 cana e o processamento de derivados Matelândia 2 em conformidade com as normas e São Miguel do Iguaçu 1 diretrizes de produção orgânica. Nova Santa Rosa 1 Bragabey 10. CARAVANAS DE AGRICULTORES AGRICULTORES Caravanas são instrumentos metodológicos utilizados pelo Instituto Maytenus para aprofundamento e aprimoramento do aprendizado dos agricultores, permitindo a vivência em situações concretas e a troca de experiências com outros grupos de agricultores. Em Setembro de 2004, com o apoio do SEBRAE/PR e da EMATER, organizamos uma importante caravana com 120 produtores e técnicos para o maior evento de Agricultura Orgânica da América Latina - Biofach América Latina 2004, realizado no Rio de Janeiro no mês de Setembro. Foram mobilizados agricultores de todas as regiões do Estado do Paraná. Foram 3 dias de muitos contatos e apresentação dos produtos orgânicos produzidos no Paraná, além da participação regular dos agricultores nas diversas palestras que ocorreram no período. 15 Também foi organizada caravana para a Feira dos Sabores em Curitiba com agricultores da Região Oeste do Paraná. 11. PARCERIAS DE COOPERAÇÃO O Instituto Maytenus tem como estratégia de operação, agregar parceiros aos projetos desenvolvidos, visando assim o reforço no atendimento aos grupos de agricultores e a disseminação do espírito colaborativo. Da mesma forma que temos parceiros em projetos da Maytenus, também colaboramos em projetos de outras entidades. Em 2004, unimos força com as seguintes entidades cooperadoras: A) Para desenvolvimento do projeto : Café Orgânico de Lerroville • IAPAR – Instituto Agronômico do Paraná • , EMATER - Londrina • ACAL - Associação dos Cafeicultores da Água da Limeira, • APRALA - Associação dos Produtores Rurais da Água da Laranja Azeda, • IAP, Instituto Ambiental do Paraná • Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento do Município de Londrina O objetivo do Acordo de Cooperação: Implementação de atividades voltadas para o desenvolvimento rural em sistemas de produção de café orgânico para o comércio ético e solidário, visando o fortalecimento da agricultura familiar, o aumento de oportunidades de trabalho e de renda no meio rural e a sustentabilidade dessa atividade, com conseqüente melhoria das condições de vida das populações beneficiadas pelas ações previstas neste instrumento. Data: Data: Março Março 2004 B) Para o fortalecimento das ações de desenvolvimento da produção orgânica no Estado de São Paulo: • Associação Brasileira de Agricultura Biodinâmica - ABD O objetivo do Acordo de Cooperação: Implementação de atividades voltadas para o desenvolvimento rural sustentável, pautado nos sistemas de produção orgânico e biodinâmico, visando o fortalecimento da agricultura, o aumento de oportunidades de trabalho e de renda no meio 16 rural e a sustentabilidade dessa atividade, com conseqüente melhoria das condições de vida das populações beneficiadas pelas ações previstas neste instrumento. Data Junho de 2004 C) Para a formação profissional: • Centro Federal de Educação Tecnológica - CEFET O objetivo do convênio está na recepção e acompanhamento de formandos do curso de Agronomia em estágios curriculares, dando aos egressos condições de dialogarem com a realidade aprimorando sua formação profissional, no campo do conhecimento da agroecologia; D) Para Articulação Territorial • Secretaria de Desenvolvimento Territorial do Ministério do Desenvolvimento Agrário O objetivo do convênio é promover a articulação local na Região do Vale do Ribeira no Paraná para a configuração do Território do Vale do Ribeira. 12. REPRESENTAÇÃO INSTITUCIONAL Visando promover as relações do Instituto Maytenus e a manutenção da qualificação técnica dos profissionais instrutores/consultores, participamos nos mais importantes eventos técnicos realizados no ano de 2004, onde além das apresentações, também participamos das reuniões de discussões que ocorreram em torno da atividade de produção orgânica e desenvolvimento sustentável. Entre os eventos e reuniões, destacamos: Como Participantes: o Biofach América Latina 2004 – Rio de Janeiro/RJ o III Encontro de Produtores IBD/ Poços de Caldas/MG o Salão Mundo Orgânico – Cascavel/PR o Seminário Liderança e Emprendendorismo – Curitiba/PR o Seminário Biofach América Latina – Curitiba/PR o Seminário Pró- Orgânico – Jaguariúna/PR o Slow Food - Torino – Itália 17 Como Palestrante: o I Encontro Regional de Agricultura Orgânica – Londrina/PR o I Seminário de Agricultura Orgânica de Paranapuã/SP o Semana de Educação a Mundialidade – Ancona Itália o X Encontro Regional de Estudantes de Agronomia – Pato Branco-PR o Seminário Nacional de Projeto Político Pedagógico da Agronomia – Viçosa-MG o Semana Acadêmica da Agronomia – Pato Branco - PR Como membro: o Comissão de Agricultura Sustentável – Agenda 21 de Londrina – Londrina/PR o Comissão de Organização Organização do I Encontro de Produtores Orgânicos do Norte do Paraná – Londrina/PR 13. FORMAÇÃO DE FACILITADORES No ano de 2004, dois importantes cursos foram promovidos e realizados pelo Instituto Maytenus, para formação de facilitadores de treinamento. Focados para o desenvolvimento da equipe de trabalho, os cursos proporcionaram o aprendizado sobre técnicas de moderação de reuniões e desenvolvimento do auto-conhecimento. Realizados em várias regiões para proporcionar a participação de todos os consultores: • Técnicas de Visualização Móvel – 16 hs, realizado em Guarapuava no mês de Março de 2004; • Formação de Facilitadores de Treinamento – 32 hs, realizados em Londrina e Toledo, nos meses de Junho, Agosto, Setembro e Novembro: 14. PUBLICAÇÕES Através das ações do Instituto Maytenus, foi possível a viabilização um jorrnal/tablóide que reporta as atividades desenvolvidas pelo Projeto de Agricultura Orgânica do Paraná, promovido pelo Sebrae, Senar e Emater, com execução do Instituto Maytenus: • Jornal Terra Forte Forte – Lançado em Maio de 2004 na região Noroeste – 16 páginas; 18 15. PROJETOS ESPECÍFICOS Além dos projetos de desenvolvimento da Agricultura orgânica, a Maytenus desenvolveu um importante papel em projetos de Apicultura na região Noroeste: • Nas áreas do entorno do Parque Nacional da Ilha Grande, o foram mobilizados os apicultores para construção de um novo modelo de produção apícola , prevendo a capacitação para a melhoria de produtividade e a relocação das colméias para as áreas do entorno do Parque, juntamente com um plano de recuperação da mata ciliar e de reserva legal. Esse projeto, abrange os núcleos de apicultores dos municípios de Pérola, Altônia, Guaíra e Alto Paraíso. • Na região do Médio Paraná, outro projeto de importância apícola que está sendo estabelecido, foca no Arranjo Produtivo Local – APL , que está promovendo a integração de ações de diversos parceiros nesse território, que abrange os municípios de Diamante do Norte, Porto Rico, São Pedro do Paraná e Marilena. • Na região Sudoeste do Paraná o Instituto Maytenus deu suprte tecnológico à agricultores familiares produtores de cachaça artesanal, importante fonte de renda para o público beneficiário. 16. ASSESSORIA A COMERCIALIZAÇÃO No atendimento aos grupos de produtores onde o Instituto Maytenus assessora a comercialização de produtos orgânicos, diversos resultados foram conquistados no ano de 2004, como os que relatamos abaixo. Nos municípios da tabela abaixo a assessoria foi focada na organização dos grupos para o comércio local e institucional com participação no programa de Compra Antecipada da Agricultura Familiar e para a comercialização local em Feiras Livres e Quiosques. 19 Grupo Antes da assessoria Depois da assessoria Assentamento Bananas Não Dispõem de mix minímo de produtos para Guarapuava-PR produtos venda Assoc. de produtores Não participava do programa Participação do programa orgânicos de Ivai de compra governamental. Assoc. Comércio Agricultores Agroecológicos de Porto Vitória vendia regularmente irregular restaurante com industrial Regularidade da produção e acordo trimestral de de preços. União da Vitória. APROPAL-Palmas Não possuía local definido Inaugurou para comercialização; Orgânica no centro da cidade em func. toda Tinha quinta-feira e todo sábado pela manhã. poucos produtos o Quiosque da Agricultura disponíveis; Possui um mix variado de produtos. Não possuía local definido Criação da Feira Municipal da Agricultura para comercialização; Familiar; APROVIDA-Pato A produção orgânica não era A produção recebeu selo de certificação Branco valorizada orgânica. A produção é comercializada com APROC-Clevelândia como tal pelos consumidores. destaque na Feira Livre Municipal; ECOFLOR-Flor da Serra Não comercializava do Sul produção orgânica a Passou a comercializar em quiosque em Supermercado. Teve projeto elaborado para comercialização junto à CONAB; Está se especializando na produção de medicinais; APROSANTO-Santo Poucos produtores Antônio do Sudoeste comercializando na feira municipal APOP-Pérola d’Oeste Cada Dobrou o número de feirantes. Hoje 50% das hortaliças comercializadas no município são orgânicas. produtor negociava individualmente sua Fizeram negociação coletivas da soja, comercializando a saca de soja a US$2,50 a produção de soja orgânica. mais. Assoc. dos Produtores Estoque de 30 T. Venda do estoque Orgânicos de Capitão limão e Hortelã – sem venda, Venda CADAF R$ 2.500,00. Leonidas Marques Vendas Pré-venda de 200toneladas das essências. da de capim Associação R$ 300,00 mês Venda CADAF 20% a mais Assoc. dos produtores Vendas locais da associação Venda CADAF R$ 4.500,00. Orgânicos no Vendas Regional mais 45% de Nova mercado local de R$ Prata do Iguaçu 800,00 mês Assoc. dos Prod. Org. Vendas da assoc. no mercado de Salto do Lontra local de R$ 400,00 mês Associação dos produtores Orgânicos Venda CADAF R$ 2.500,00. Vendas da assoc. no mercado Venda CADAF R$ 1.500,00. local de R$ 800,00 mês Vendas Regional mais 20% de São Jorge do Oeste Associação Vendas da associação no Venda CADAF R$ 3.00,00. produtores Orgânicos dos mercado R$ Vendas Regional mais 15% de Cruzeiro do Iguaçu 2.000,00 mês local de 20 Na Região Oeste do Paraná e no Território do Pró-Caxias foram desenvolvidas as seguintes atividades de consultoria à comercialização: Projeto Ações Realizadas Realizadas Café - Território Médio Avaliação quanto a participação em eventos realizados para comercialização; Oeste Foi incentivado a divulgação das ações em cada comunidade com palestras e trabalhos como projetos em escola municipal ; Palotina, Terra Roxa, Assis Chateaubriand, Tupãssi, Jesuítas, Formosa do Oeste, Iracema do Assessoria e realização de palestras educacionais para públicos específicos nos municípios de Santa Helena, pato Bragado, Quatro pontes; Oeste, Nova Aurora, Corbélia, Analise junto com cada associação quanto ao Anahy e Iguatu ofertados aos mercados locais e regionais; Orgânicos Território ProCaxias atual portfólio de produtos Foi criado e implementado uma planilha (mapa) de produção preenchida pelo produtor; Implementação de um mix Capitão Leônidas das Marques, Nova Prata do Iguaçu, Salto do nos Pontos Fixos de vendas, com incremento de novos produtos ; Lontra, Boa Vista da Aparecida, Foi definido cronograma de produção anual, conforme perfil dos produtores Cruzeiro do Iguaçu, São Jorge do escolhidos Oeste, Três Barras do Paraná e Foi Incluido a comercialização de insumos orgânicos básicos nos Pontos fixos Quedas do Iguaçu, Boa Esperança, do Iguaçu de vendas; Capacitação dos produtores envolvidos no processo de atendimento dos municípios de Santa Helena, Salto do Lontra, capitão L. Maruqes; Orgânicos Território Médio Oeste Assessoria junto com a associação de Palotina para capacitação de merendeiras de Palotina minsitrado pela associação de Assis Chateaubriand; Assessoria para a Realização de caravanas para Curitiba, Cascavel, Rio de janeiro Palotina, Assis Chateaubriand e para participação das Feiras referente comercialização junto com as associações; Iracema do Oeste Orgânicos Território Bacia Assessoria junto ao SEBRAE na realização do Salão Mundo Orgânico em do Rio Paraná III Cascavel; Assessoria na abertura de novos pontos e associações em Santa Quatro Pontes, Nova Santa Rosa, Helena, Capitão, Salto do Lontra; Mercedes, Pato Bragado, Santa Helena, Missal, São Miguel do Iguaçu e Medianeira Assessoria na Venda coletiva do soja orgânico pelos municípios de palotina, Assis, Iracema, Nova Santa Rosa. 21 Após 6 meses de reuniões de debates sobre um nome e uma logomarca que identificasse as iniciativas dos produtores em ofertar para o mercado um produto saudável , ocorreu o lançamento oficial da marca BIO SABOR, em um grande evento realizado durante a ExpoMaringá. Essa marca surgiu da seleção de várias propostas dos agricultores, sendo portanto hoje, motivo de orgulho de todos eles, pois estão apresentando seus produtos para os consumidores, identificado com algo que eles ajudaram a criar. Várias ações já ocorreram em 2004, para divulgar a marca BIO SABOR e assim ganhar aceitação dos consumidores. Dentre essas ações , destacamos a presença na Biofach América Latina 2004, no Rio de Janeiro/RJ e o Salão Mundo Orgânico, realizado em Cascavel/PR.. Mercearia dos agricultores No dia 27 de março de 2004, foi inaugurada, em Barbosa Ferraz, a Central de Produtos Orgânicos. A “mercearia” é um ponto fixo, de venda permanente de alimentos produzidos sem o uso de agrotóxicos e adubos químicos. Com a oferta de cerca de 80 itens, a Central é administrada pela Associação dos Produtores Agroecológicos de Barbosa Ferraz, a Apraecol. A entidade, criada em 2003, reúne 24 agricultores. A proposta dos integrantes da Associação foi a de oferecer um local de referência, onde a população tivesse acesso a alimentos mais saudáveis e saborosos. Na “mercearia”, pode-se encontrar conservas artesanais; mel; café torrado e moído; arroz; feijão; soja; milho de pipoca; e hortigranjeiros. Para se ter uma idéia da repercussão do início das atividades da Central, logo no primeiro dia a “mercearia” foi visitada por mais de 150 pessoas, que deixaram R$ 670,00, no “caixa”. Isso, em quatro horas de funcionamento, pois a inauguração ocorreu em um sábado. Transformação dos Produtos Apícolas no Município de Porto Rico Com o início do projeto de apicultura orgânica do Sebrae/Maytenus, em 2002, e com o aumento da produtividade e profissionalização da atividade ao longo do período, os apicultores sentiram necessidade também de ampliar a diversidade de produtos apícolas, até então sendo o mel responsável pela maior receita. 22 Assim, a partir de julho de 2003 com o apoio do Sebrae/Maytenus, um grupo de 15 mulheres, composto por esposas e filhas dos apicultores, passou a receber orientações sobre a transformação do mel e os produtos que poderiam ser fabricados tendo o mel como ingrediente principal, de forma que pudessem agregar mais valor ao produto e melhorar a renda familiar. Apesar do pouco tempo de trabalho, e com reuniões quinzenais, o grupo tem alcançado grandes resultados. Os temas dos trabalhados foram nas áreas de panificação e de cosmética. Previamente o grupo foi treinado nas tecnologias de manipulação dos produtos, e posteriormente os trabalhos foram iniciados com a área de Panificação, onde as participantes do grupo foram instruídas a preparar extratos e matérias primas, Pão de Mel, Granolas, Biscoitos de Mel. Na fase atual o grupo inicia a parte de Cosmético, já tendo preparado cera depilatória, Xampus e Condicionadores de Mel e de Própolis e Sabonetes de Mel. Para todos os produtos estão sendo apresentadas as embalagens e rotulagens adequadas para a comercialização. A partir do mês de janeiro de 2004 até março de 2004, foi iniciado um levantamento dos produtos que o grupo já fabrica e os valores de comercialização obtidos com estas vendas (quadro 1), mostrando que em pouco tempo o resultados já são positivos, considerando limitações de cada participante do grupo. A agregação de valor dos produtos transformados em função do trabalho e da tecnologia empregada, possibilita um aumento na receita familiar. Para exemplificar, enquanto o quilo do mel é vendido a R$ 5,00 a granel, quando utilizado na confecção de pão-de-mel, o quilo passa para R$ 18,00; no caso do composto, para R$ 20,00. Na área de cosmético, podemos usar o exemplo da cera de Abelhas usada na cera de Depilação passa de R$ 15,00/kg vendida normalmente para R$ 35,00/kg. Para o extrato de própolis o ganho é considerável, já que antes de iniciar o curso, o Própolis produzido não era aproveitado. Com estes pequenos resultados queremos demonstrar o imenso potencial que é possível desenvolver em grupos que trabalham agregando valores aos produtos apícolas. A Expansão da Acerola – Ouro Verde Os produtores orgânicos de acerola assistidos pela Maytenus, especialmente os produtores das Associações de Pérola e Cruzeiro do Oeste, estão comemorando. Apesar de todas as dificuldades que ocorreram no período, conseguiram o feito de comercializar 200 toneladas de acerola orgânica ao valor de R$ 960,00 a Ton., o que proporcionou uma considerável renda para esses agricultores. Essa acerola foi comercializada verde, para industria farmacêutica de extração de Vitamina C, que segundo os produtores, somente foi possível esse volume de comercialização porque o produto era orgânico, caso contrário teriam muita dificuldade em conseguir a venda. 23 17. 17. CASOS DE DESTAQUE Porto Rico - Prepara para Conquistar Grandes Mercados Com a atividade da pesca passando por momentos difíceis pela diminuição na oferta do pescado no Rio Paraná, os moradores ribeirinhos e ilhéus começaram a investir em outra atividade, a apicultura, para que pudessem aumentar a renda familiar. Como a região possui condições climáticas e ambientais favoráveis, a atividade foi crescendo gradativamente. Entretanto, apesar de produzir um mel de altíssima qualidade, com um “bouquet” de flores naturais silvestres, vinha sendo comercializado no município ou a grande atacadistas. Depois de 20 meses de muita dedicação dos apicultores, e apesar das condições meteorológicas não colaborarem com a apicultura neste período na região Noroeste do Paraná, ainda assim o grupo tem alcançado produtividade crescente. Como resultado dos investimentos de aproximadamente R$60.000,00 neste período, podemos perceber que os apicultores mais antigos, que já possuíam suas colméias habitadas desde o início de 2002, e por conseqüência, adotaram algumas das práticas de manejo recomendadas, alcançaram índices de produtividade de 23,47 Kg de mel por colméia habitada, contra os 21,30 Kg alcançados na safra 2002, e 14,81 Kg que produziam antes do início do projeto. Isto representa um aumento de 60 % na produção de mel em relação à produtividade inicial e 10% sobre a safra anterior. Entretanto se considerarmos apenas os apicultores que têm dedicação exclusiva ao empreendimento constatamos que passaram de uma produtividade de 14,81 Kg por colméia habitada no início de 2002, para 35,29 Kg em 2004, um aumento de 240%. Já a produção dos produtores iniciantes ocorreu em enxames novos, capturados a partir de novembro de 2003, não podendo assim ser avaliada por enquanto. Do investimento feito no período, cerca de 43% foi feito por apicultores iniciantes, mostrando que a atividade está crescendo e os apicultores se profissionalizando. Outra etapa importante para ser vencida é a construção da “casa do mel”, local onde o produto é processado e embalado antes de seguir para os pontos de venda. A partir da seção de uso de um terreno feita por um produtor do município, e com apoio do Sebrae e da Prefeitura Municipal, os apicultores elaboraram o projeto da construção do barracão. O projeto foi apresentado ao Governo Federal, que irá destinar aproximadamente R$ 100.000,00 para a obra, que beneficiará os 32 sócios da APA. ALTÔNIA - NOVO PERFUME NO AR Dois anos e meio atrás quando foi convidado a participar do grupo de agricultores que deixaria de usar agrotóxicos e adubos químicos na lavoura e adotaria o método de produção 24 orgânica de alimentos, o casal Aílton José e Augusta Silveira Gouveia nem imaginava o tamanho da transformação prestes a ocorrer na vida dele. Residentes em Altônia, desde 1976, marido e mulher vivem em uma propriedade rural de 7,3 hectares, localizada a oito quilômetros da cidade. Na área, o casal cultiva hortaliças, café, amora para alimentar a criação de bicho-da-seda, e “tem um pouco de pasto”. Quando aplicavam herbicidas, inseticidas e fungicidas, para fazer o controle de pragas e “ervas daninhas”, era comum Aílton se queixar de dor de estômago e de cabeça. Em conseqüência, as visitas aos consultórios médicos eram freqüentes. Agora, livres dos efeitos maléficos dos produtos tóxicos, dizem estar “muito satisfeitos e felizes” com a opção que fizeram. “Foi um renascer. O Orgânico exige uma dedicação maior. Mas é uma atividade realizada com prazer”, justificam. A recuperação da saúde pessoal é um dos sinais evidentes provocados pelo novo sistema. A lista se completa com o “fortalecimento” da terra, o reforço no “caixa da empresa” e a melhora no sabor de verduras e legumes. “A reação do solo é incrível. Inclusive, o cheiro é outro. Igual a um perfume. É como se a natureza agradecesse o fim da agressão. O visual, então! Dá gosto de ver”, comentam. Na feira, onde, há 11 anos, Aílton e Augusta vendem o que colhem, pode-se comprovar a mudança no comportamento da população. “Eles querem saber se as verduras são da horta lá de casa. Afirmam que o sabor mudou, preferem o atual e têm mais confiança no que consome. Nossa banca fica vazia. Falta mercadoria e sobra gente para comprar”, revelam. Além de acabar com o “estoque”, os Gouveia produzem a custo inferior ao registrado no modelo tradicional, pois preparam a maioria dos insumos na propriedade. Com tantas novidades, o sítio do casal passou a ser uma atração na cidade. Alunos das escolas visitam o local para conhecer como funciona e como é o trabalho do casal. Agricultores de municípios vizinhos e de várias regiões do Paraná interessados em saber mais sobre Agricultura Orgânica chegam em caravanas técnicas para verificarem os resultados alcançados pelo casal. “É um orgulho receber as pessoas. Abrir nossa casa e mostrar que é possível ter uma vida mais saudável, em harmonia com a natureza”, destacam. Animados e dispostos a produzir quantidades maiores, Aílton e Augusta têm muitos planos para o futuro. As prioridades são a compra de um sistema de irrigação e tela suficiente para sombrear os canteiros das hortaliças. Por causa de estar próxima às margens do Rio Paraná, a região sofre com a grande incidência de raios solares e das altas temperaturas. “Tudo para oferecer um tratamento especial para a terra e dar as condições necessárias para a colheita de bons frutos”, frisam. Alto Paraná - “Roça” urbana Um terreno do perímetro urbano, com um hectare, onde existia um viveiro de mudas de café, é, hoje, a principal fonte de alimentos orgânicos de Alto Paraná. Na segunda metade da década de noventa do século passado, com a cotação do “ouro verde” em baixa, José Dadalto, concluiu que havia chegado a hora de mudar. Meio perdido, sem saber o que fazer, começou a participar dos 25 cursos preparatórios para migrar do sistema convencional para o de produção de alimentos sem o uso de agrotóxicos e adubos químicos. Filho de uma família, com tradição no cultivo do café, Dadalto ingressou no grupo como uma “experiência a mais”. “Foi pela curiosidade, porque nem pensei em como ia vender os produtos”, revela. O agricultor foi atraído, justamente, pelo fato de o cultivo ser feito sem a adição “dos químicos”. Ele que, no passado, amargara a experiência de ficar em coma durante três dias, vítima de uma intoxicação, depois de manusear cinco mil quilos de veneno, buscava uma alternativa para ficar livre dos herbicidas, inseticidas e fungicidas. Aos poucos Dadalto colocou o aprendizado em prática e a “roça urbana” dele se transformou em uma bela horta. Próximo da primeira colheita, teve a idéia de comprar um carrinho de mão e contratar uma pessoa para vender as verduras pelas ruas dos bairros vizinhos. A iniciativa foi um sucesso. Com o comércio em alta e decidido a ampliar a variedade de produtos, o agricultor aproveitou o vendedor ambulante para fazer uma pesquisa com a população. “Assim, ficou mais fácil de escolher o quê plantar”, resume. Os novos canteiros produziram. Outro carrinho, com vendedor, foi incorporado à frota. Dadalto, que desde o início contava com a companhia de um ajudante, remanescente do antigo viveiro de mudas, contratou mais duas pessoas. É que, além da venda em domicílio, a “sede da empresa” se transformou em um ponto de comercialização. “Muitas pessoas gostam de ir à horta. O terreno tornou-se uma atração turística”, comenta, com um certo exagero. Sobre o trabalho, o agricultor confessa que a atividade anterior era mais exigente. A atual, Dadalto, considera “mais tranqüila, menos complicada, mais compensadora”. O futuro? Continuar com a horta. Ampliá-la e incluir mais itens na relação da lista de compras dos clientes. “Quanto maior a diversidade, melhor. Evita-se problemas com pragas e a safra gira mais rápido”, argumenta, com a expectativa de ter os produtos nas gôndolas de um supermercado, que recentemente inaugurou uma loja em Alto Paraná. Alto Piquiri Piquiri - Solo recuperado Quando aceitou o convite para participar do grupo de agricultores que converteriam as propriedades para o sistema de produção de alimentos orgânicos, Carlos Inácio dos Santos, de Alto Piquiri, tinha duas preocupações. A primeira era com a saúde, motivada por três intoxicações, provocadas por agrotóxicos, sendo que uma o deixou inativo por dias, em uma cama de hospital. A segunda era com o solo, pobre em nutrientes e com problemas de degradação. “Uma terra ‘sofrida’. Explorada de forma irresponsável, por trinta e cinco anos. Com erosão e sem microorganismos”, acentua. Depois dos primeiros cursos, Santos estabeleceu que em quatro ou cinco anos seria possível recuperar a área de meio hectare, localizado na Vila Rural. Era final do ano de 2001. Para a surpresa do agricultor, a reação foi mais rápida do que imaginava. Em 30 meses, a “propriedade” se transformou. “Foi trabalhoso. Mas compensador. Tenho orgulho”, confessa. A receita? Seguir as 26 orientações técnicas; mudar o comportamento, “abrir a cabeça”, nas palavras do produtor; ter confiança no que faz; e saber onde vai chegar. Santos revela ainda que, em princípio, pensava apenas em produzir para a subsistência. Nem esperava o reforço de caixa, que pode variar de 300 a 600 reais, por mês, fruto da venda das hortaliças, do feijão, da mandioca, do milho verde e do mamão cultivados por ele e a mulher. A comercialização é feita na Feira do Produtor e no próprio “sítio”. “Tem muitas pessoas que vão lá em casa para ver os canteiros. Inclusive, algumas até pedem para fazer a colheita”, enfatiza. Os clientes são atraídos também pelo “clima” da propriedade. Santos afirma que a Agricultura Orgânica “deixa o ar mais fresco”, por causa dos sistemas de barreiras contra o vento e o sol em abundância. “A terra fica mais protegida. Por exemplo, ao fim de 30 dias sem chuva, o solo com cobertura terá mais umidade do que o do modelo convencional. É um diferencial importante para a nossa região”, frisa. Barbosa Ferraz - Economizar Luiz Carlos Cafisso é um dos fundadores da Apraecol. O agricultor trabalha com o pai em uma propriedade com 20,6 hectares, localizada a 13 quilômetros da cidade. Na área existem seis mil pés de café adensado; mandioca; e gado de corte. De acordo com Cafisso, duas foram as razões que o motivaram a abandonar o modelo convencional e ingressar na Agricultura Orgânica. Primeiro, o alto custo de produção. “Os insumos estão muito caro”, destaca. Segundo, os problemas de sensibilidade no manuseio dos “venenos”. O agricultor conta que teve três graves crises de intoxicação, provocadas pelos “tóxicos”. Em uma delas, ficou 15 dias internados, em um hospital. “Sou alérgico. Se permaneço no sistema anterior, seria obrigado a mudar da roça”, resume. Sem conhecimento sobre o assunto, Cafisso buscou nos livros, a fonte de inspiração para converter a propriedade. Por coincidência, na época, surgiu a oportunidade de fazer os cursos e ter o acompanhamento dos técnicos do Programa de Agricultura Orgânica. Após seguir os passos recomendados pelo Programa, logo na primeira safra de café, o agricultor sentiu a diferença. No bolso, na plantação e na qualidade do fruto colhido. O custo “despencou” de R$ 1.500, 00, para R$ 250,00. A economia foi possível porque pararam as despesas com os “químicos”. Nos grãos de café, o cheiro está diferente. Muito mais encorpado. A secagem, que antes era feita em 12 dias, em média, agora leva oito. Em relação ao teor de bebida, as amostras revelam mais concentração, o que pode render um preço melhor no mercado. Sobre as dificuldades no manejo da cultura, Cafisso declara que houve, inclusive, uma menor incidência de pragas. “Chega a ser engraçado. Quanto mais veneno jogava, mais a cultura sofria. Principalmente com o bicho mineiro. Agora, tanto eu, quanto a lavoura temos mais saúde”, confessa, orgulhoso. Esperança Nova - Frutos da persistência O sonho da maioria dos trabalhadores rurais é comprar “um pedaço de chão”. Em 2000, Antônio Cichocki, depois de um longo período como “bóia-fria” em Iguatemi, distrito de Maringá, 27 viu seu desejo materializado. Ele nem acreditou quando o caminhão da mudança parou em frente ao terreno de meio hectare, localizado na Vila Rural 21 de Dezembro, no município de Esperança Nova. “Foi uma grande emoção”, lembra. Quatro anos passados, quem visita a “propriedade” de Cichocki nota que ali reside alguém preocupado em viver “de bem” com a terra. Na área, existem pés de pimenta, de maracujá, de café, de caqui e hortaliças. Tudo produzido pelo sistema orgânico. “Sempre imaginei plantar, sem usar veneno. No início, meu filho, que é funcionário de uma loja de produtos agropecuários, falou que era ‘uma fria’”, recorda. Apesar dos comentários contrários, o agricultor decidiu continuar. Fruto da persistência, “teimosia”, nas palavras de Cichocki, hoje, o “herdeiro” tem uma moto para ir trabalhar, comprada com o dinheiro da venda da colheita, principalmente, de pimentas, cultivadas em um solo livre de agrotóxicos e adubos químicos. “Nem penso em abandonar a atividade. Pretendo, sim, é ampliar a produção”, frisa. Iporã - Cafezal em flor A família Foganholo, de Iporã, vive momentos de expectativa para contabilizar o resultado da colheita do café. É que este ano, os agricultores vão oferecer ao mercado, os frutos da primeira safra, produzida de acordo com os padrões da Agricultura Orgânica. Na área convertida de 14 hectares, são 35 mil pés, no sistema adensado, e quatro mil, no tradicional. Em uma avaliação preliminar, José Roberto, um dos Foganholo mais entusiasmados com a oportunidade de abandonar o uso de agrotóxicos e de adubos químicos na lavoura, prevê um bom lucro. “Tivemos problemas com a seca e com ataque de fungos, na parte do tradicional, por causa da falta de experiência, mas ainda assim, teremos uma quantidade de sacas acima do esperado”, adianta. Outro motivo, que justifica o otimismo da família, é a possibilidade de se conseguir uma remuneração melhor, se comparada ao valor pago pelo produto do sistema convencional. Para vender a um preço maior, além de a cultura estar livre dos “venenos” e dos “químicos”, a colheita, a secagem e a armazenagem são obrigadas a cumprirem as rigorosas normas do processo orgânico. José Roberto recorda que a família deixou de aplicar adubos industrializados, herbicidas, fungicidas e inseticidas em 2000. “Tudo ficou caro demais. A cotação em baixa, inviabilizou a compra desses itens”, comenta. O primeiro contato com o orgânico, no entanto, ocorreu em 2002, quando recebeu o convite para freqüentar os cursos, onde seriam apresentados os conceitos e as técnicas de manejo. Na família, só um irmão de José Roberto demonstrou resistência. No início. Depois aderiu ao projeto. O pai, incentivou-o a continuar. Ao pontuar a trajetória dos dois anos de conversão, o agricultor revela um comportamento comum entre os envolvidos com o resgate do método usado por gerações anteriores. “O trabalho é dobrado, mas gratificante. É surpreendente acompanhar a transformação da propriedade”, declara. Mais do que nos pés de café, os reflexos da mudança estão espalhados por toda à parte. Na terra e no ar. O solo está revigorado. A coloração; o volume de massa orgânica; a facilidade para se encontrar minhocas, caramujos, pequenos organismos vivos, dão a impressão de renascimento. 28 Nas árvores plantadas, para servirem de barreira natural, pássaros, há muito ausentes, cantam e se esbaldam com os alimentos em abundância. Jandaia do Sul - Herança ecológica Dois séculos antes de a preservação do meio ambiente se tornar o assunto da moda, na Alemanha, a bisavó de Lauro Wittmann já era uma defensora das causas ecológicas. Hoje, em Jandaia do Sul, a herança trazida da Europa é um dos exemplos mais destacados de convivência harmoniosa entre homem e natureza. Em 12,1 hectares, há mata ciliar e reserva legal acima do estabelecido por lei; uma coleção de 80 espécies de ervas medicinais; a colheita de diversos tipo de cereais, só de feijão são 20 variedades; uma “bela” plantação de morangos, a principal fonte de renda; entre outras culturas. Considerada modelo, a propriedade dos Wittmann é visitada, com freqüência, por alunos, agricultores, pesquisadores e, até, por funcionários de empresas químicas. Apenas de estudantes, o livro de registro indica que o número ultrapassa os dois mil. São grupos interessados em conhecer, em ver de perto, como a família vive e como é possível plantar, colher e, principalmente, sobreviver do cultivo, sem o uso de agrotóxicos e adubos químicos. “Nunca nos adaptamos aos ‘venenos’. O que nós fizemos foi resgatar os ensinamentos dos nossos antepassados”, diz Lauro. Os Wittmann são pioneiros na atividade da Agricultura Orgânica. Os primeiros passos foram dados cinco anos atrás. Com pouco material técnico disponível em Jandaia, a família buscou informações em revistas especializadas, livros, cursos em outras localidades, e, em testes realizados por conta própria. “A mata ciliar e a reserva legal, meu pai, que foi madeireiro, fez questão de preservar. Na década de sessenta, enquanto a maioria derruba árvores, meu pai plantava mudas de peroba, por exemplo. Foi chamado de louco”, recorda. O resulta são belos exemplares e um reflorestamento, que mais parece mata nativa. O plantio dos cereais, do morango, foi, de acordo, com o tempo. “Sofremos muito, por causa do desconhecimento. Atualmente, desenvolvemos as mudas e, inclusive, formas para antecipar a colheita”, revela. Grande parte da produção é comercializada na Feira do Produtor de Jandaia do Sul. E, é comum faltar “mercadoria” para atender a demanda. Tanto que para este ano, a área de morangos foi ampliada. De cinco mil, a família passou a cultivar dez mil pés. O investimento R$ 300,00. Se fosse no convencional o custo seria de três mil reais. Segundo, o agricultor, as visitas dos alunos foram responsáveis pelo aumento das vendas. “As crianças são excelentes divulgadoras”, destaca. A idéia de abrir a propriedade para o público surgiu nas reuniões do Fórum de Desenvolvimento. “Nunca havíamos pensado em receber pessoas”, afirma. Além dos métodos de cultivo e tratamento das plantações, os “turistas” conhecem parte da história da família. São equipamentos e objetos usados pelos Wittmann desde a chegada à Jandaia. A trilhadeira, precursora das colheitadeiras da atualidade, em perfeito estado de conservação e funcionamento, é uma raridade. “Foi a segunda unidade da região”, afirma Lauro. 29 Todas as atividades no campo são realizadas por Lauro, a esposa, os dois filhos do casal, uma irmã e o pai. Para os Wittmann o trabalho em família só é possível por causa do sistema orgânico, que pressupõe a fixação do homem no campo. “No modelo convencional fica difícil manter todos unidos”, opina. Perguntado se os morangos exigem muito, o agricultor explica ter uma preocupação maior com os fungos. Mas, confessa que o melhor remédio é tratar bem do solo. “Bem nutrida, a terra é igual ao ser humano: cria uma imunidade maior e fica mais resistente às doenças”, filosofa. Paranavaí - De filho para pai Antônio Rodrigues divide um sítio de 1,5 hectares (15 mil metros quadrados), localizado na cidade de Paranavaí, com o filho Augusto. Em 80% da área há canteiros, onde são cultivadas hortaliças. Até março de 2002, o método de produção era o convencional. Foi quando o jovem resolveu implantar o sistema orgânico, na parte do terreno (cinco mil metros quadrados) dele. Em um primeiro momento, Antônio preferiu continuar no modelo tradicional. Depois, convencido pelos fatos e pelos resultados observados na “terra” do filho, rendeu-se à realidade e, também, interrompeu o uso de agrotóxicos e adubos químicos. Para explicar a decisão, o pai recorre ao ditado popular: “contra os números não há argumentos”. Ao adotar a nova técnica, os agricultores começaram a notar que o investimento na horta era cada vez menor. As perdas? Na “roça” eram semelhantes ou inferiores, se comparadas ao plantio convencional. Nas gôndolas dos supermercados, no entanto, a diferença era considerável. Enquanto o desperdício dos orgânicos era de apenas dois por cento, o dos “concorrentes” variava de 10 a 30%. Outro diferencial foi a mudança de atitude do consumidor. “O cliente passou a optar pelos produtos orgânicos. Hoje, só compram do tradicional, após minha banca estar vazia”, comenta, orgulhoso, o agricultor. Conclusão? Aumento nas vendas de 20%, sem “mexer” nos preços. A tabela é única; para as verduras livres dos “venenos” e para as que recebem aplicação química. Com o cenário favorável e toda a propriedade convertida, houve uma inversão de papéis na Família Rodrigues. Filho transformou-se em “professor” do “antigo mestre”. “É uma experiência ‘esquisita’. Eu me espelhava no trabalho do meu pai. Seguia as recomendações dele. Daí, ensinar quem sempre me orientou, foi complicado”, revela Augusto. Respeitados e admirados pelos clientes, os dois têm o compromisso de entregar, durante seis dias da semana, alface, almeirão, cheiro-verde e couve folha, a três supermercados da cidade. Eventualmente, de acordo com a época do ano, vendem almeirão branco, beterraba, cenoura e coentro. “É uma responsabilidade gratificante, mas exige muito esforço e dedicação”, declaram. A preferência da população levou ainda a dupla a ganhar uma gôndola, com direito a identificação visual exclusiva, para expor os produtos orgânicos. “Ao escolher as verduras colhidas lá em casa, o consumidor sabe a origem, porque a placa tem o nosso nome, telefone e um selo próprio”, finaliza Augusto. 30 18. APLICAÇÃO DOS RECURSOS DESPESAS 2004 - POR AGRUPAMENTO 8,59% 10,55% PROGRAMAS E PROJETOS REPRESENTAÇÃO INSTITUCIONAL DESPESAS ADMINISTRATIVAS 78,20% CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados observados, no que se refere às questões econômicas, sociais e ambientais, têm proporcionado ao INSTITUTO MAYTENUS o reconhecimento dos seus beneficiários, principalmente dos agricultores e das Associações de Agricultores Orgânicos. Esta aceitação e os resultados que são constantemente apresentados pelos consumidores, agricultores e técnicos locais que acompanham o processo de conversão da produção convencional para a Agricultura Orgânica, tem permitido que os profissionais que atuam através do INSTITUTO MAYTENUS, desenvolvam a sua formação voltada para o Desenvolvimento Local Sustentável. 31 A mudança do padrão tecnológico na produção agrícola está acontecendo com resultados satisfatórios quanto à produtividade e redução nos custos de produção, sendo que se nota uma certa dificuldade na oferta de insumos principalmente para controle de insetos pragas e doenças, e maquinário, o que move agricultores e técnicos locais a desenvolverem “maneiras” simples de contornar situações difíceis. Os projetos das Associações de Agricultores Orgânicos idealizados até o momento, e alguns sendo implementados, demonstram ter uma ”vida própria”, animando o processo que se retroalimentará com resultados cada vez mais satisfatórios. Estes “Projetos de Vida” das Associações de Agricultores Orgânicos, desde já se demonstram referencias municipais e regionais, principalmente no que se refere à agricultura, influenciando outros setores da sociedade. A aceitação é grande por parte da população em geral, tanto do ambiente rural quanto urbano, gerando um certo “conflito social” que estimula a todos a evoluírem. Provavelmente a conseqüência será o fortalecimento e surgimento das organizações municipais e regionais que darão cada vez mais suporte aos projetos de Agricultura Orgânica em andamento. O INSTITUTO MAYTENUS, em dialogo próximo e harmonioso com estas inúmeras organizações voltadas para o Desenvolvimento Local Sustentável, também evoluirá gradativamente, cada vez mais sofisticando seus métodos e formando o ser humano para pensar e fazer o futuro de toda a vida da Terra algo maravilhoso. 32