Anúncios classificados nos jornais impressos: O consumo da
informação comercial
NEVES, Ronaldo Mendes, Ms.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Professor do curso de Comunicação Social da UFRN
GT: História da Mídia Impressa
Resumo:
A publicação de anúncios classificados nos jornais impressos demonstra que o leitor/
consumidor moderno procura ou oferece informação comercial sobre produtos e/ou
serviços para atender a uma constante demanda de pessoas que procuram saciar suas
necessidades de consumo. O “procura-se” ou “Precisa-se” dos classificados exprime
através de inúmeras páginas e seções o sistema de livre escolha entre leitor e o
anunciante. Desta maneira, a comunicação e a sociabilidade contemporânea estão
historicamente solidificadas por meio das mensagens publicadas nos classificados dos
jornais brasileiros. É relevante verificar o surgimento de veículos de comunicação que
se configuram como jornal de compra e venda cujo interesse é o estreitamento das
relações comerciais de consumo locais através do envolvimento popular. Contudo, o
presente artigo enfatiza o consumo das seções de classificados como fonte de pesquisa
em mídia impressa para confirmar o desenvolvimento econômico dos jornais impressos
brasileiros.
Palavras chave: Mídia impressa, anúncios classificados, consumo.
Com a evolução dos meios de comunicação a partir do surgimento da indústria
gráfica no século XV, o fenômeno da transmissão de mensagens e informações
comerciais impressas tornou-se uma necessidade de consumo da sociedade moderna.
Durante os séculos seguintes, a imprensa periódica é caracterizada pela produção e
disseminação de notícias através de folhetos informativos, fortalecendo as redes de
comunicação, a expansão comercial e o crescimento das cidades.
Montaigne (1533/1592), ao relatar o pensamento do seu pai, deixa evidente que
no século XVI, quando as cidades começavam a se transformar em grandes centros de
trocas de mercadorias, já havia a necessidade de prestação de serviços de comunicação e
da transmissão da informação comercial. Com o desenvolvimento da mídia impressa
através da publicação de jornais, os anúncios classificados vieram preencher a lacuna na
administração a que refere Montaigne. 1
Meu falecido pai, homem de juízo sadio, formado unicamente pela
experiência e tendência natural, disse-me de uma feita que pensara
outrora em fazer com que nas cidades houvesse um lugar onde o
cidadão necessitando de alguma coisa pudesse levar seu pedido a um
funcionário, o qual registraria mais ou menos da seguinte forma:
fulano procura vender pérolas; sicrano deseja companhia para ir a
Paris; beltrano precisa de um lacaio; x quer colocação; Y pede um
operário, etc. Parece-me que esse modo de informação seria de
grande comodidade para o público, pois a todo instante há
necessidades que exigem satisfação e em se ignorando não se
acertam. (MONTAIGNE, Ensaio XXXV: uma lacuna de nossa
administração, 1972).
O consumo proporcionado pelas mensagens transmitidas nos pequenos anúncios
classificados é confirmado pelo desenvolvimento dos meios de comunicação de massa,
visto que o serviço de oferta e procura publicado nos jornais preencheu um espaço que o
mercado consumidor desejava. Suprir uma necessidade de consumo, a oportunidade
para prestar um serviço, realizar uma troca, fazer um negócio, uma doação, recuperar
um objeto pessoal ou animal de estimação perdido. O consumidor contemporâneo se
torna insaciável ao transformar suas necessidades em desejos de compra e venda. Um
consumidor com necessidades, ou seja, uma necessidade insaciável que torna a
1
A mais recente tradução dos Ensaios é de Rosemary Costhek Abilio, publicada no ano 2000, pela
Editora Martins Fontes. A tradução considerada clássica é de Sérgio Milliet, em 1961, pela Editora Globo
de Porto Alegre, em três volumes e na coleção Os Pensadores, da Editora Abril de São Paulo,a primeira
em 1972, num só volume, e a Segunda em 1996, em dois volumes.
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sociedade consumista justamente pelo desenvolvimento dos bens de consumo e da
prestação de serviços ao consumidor.
A idéia de necessidade insaciável está intimamente ligada às noções
de modernização cultural: a grande produtividade da indústria
moderna é considerada por muitos uma reação e um incentivo à
capacidade dos desejos das pessoas de se tornarem cada vez mais
sofisticados, refinados, imaginativos e pessoais, assim com a
aspiração de ascender social e economicamente. (SLATER, 2002,
p.36)
Desse modo, a indústria de serviços (bens intangíveis) desempenha um papel
fundamental na economia e no consumo da sociedade contemporânea, pois segundo
Slater (2002, p.188), “Grande parte do consumo compreende coisas como informações,
assessoria e conhecimentos especializados [...]”. O consumo gerado pelo processo
comunicativo nas mensagens contidas nos anúncios classificados dos jornais impressos
constitui uma evidente contribuição para o fortalecimento das relações sociais
desencadeadas por essas informações comerciais. Há uma função sócio-econômica da
maior relevância exercida pelos anúncios classificados dos jornais. O “Procura-se” ou
“Precisa-se” anunciados nas pequenas mensagens exprime, através de várias páginas, a
saúde econômica da comunidade local onde é estabelecido um sistema de livre escolha
entre o leitor/consumidor e o pequeno anunciante.
Os primeiros jornais impressos na Inglaterra, França e Estados Unidos surgem
como veículo de opinião, informação e com pequenas mensagens publicitárias voltadas
para o público da comunidade local. Com aparência de classificados, o anúncio
comercial começa a ser publicado na largura de uma só coluna, em tipo comum ao da
matéria jornalística, com pouca ou nenhuma intenção de chamar a atenção.
Timidamente, a propaganda comercial começa a se despontar nos jornais impressos
diariamente.
Com a chegada da coroa portuguesa em 1808 e a publicação do primeiro jornal
impresso no Brasil, Gazeta do Rio de Janeiro, muitas mensagens circularam e
continham recados pessoais, informações comerciais, traziam notas sobre pessoas
desaparecidas, ofereciam escravos, chamavam os recrutas para o exército, solicitavam
vários noivados e casamentos, práticas medicinais, remédios que curavam todos os
males e orações contra a peste. De acordo com Gracioso (2004, p.20), o seguinte
anúncio de imóvel é considerado um dos pioneiros da propaganda brasileira, “Quem
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quizer comprar huma morada de cazas de sobrado com frente para Santa Rita falle com
Anna Joaquina da Silva, que mora nas mesmas cazas, ou com o capitão Francisco
Pereira de Mesquista que tem ordem para as vender.” Esse é o formato de texto que
retrata o nascimento dos anúncios classificados no Brasil. Outro anúncio publicado na
Gazeta informa a quem se deve procurar para adquirir o produto: “Vende-se hum bom
cavallo mestre de andar em carrinho quem o pretender comprar procure Francisco
Borges Mendes morador da esquina do Beco de João Baptista por cima de huma
venda.” Esses anúncios demonstram que as relações sociais e comerciais da época são
construídas através de indicações de outras pessoas e tendo endereços como referências
para contato. No começo, oferecem produtos e serviços que refletem os hábitos de
consumo da sociedade colonial do Rio de Janeiro, conforme relata Gomes (2007, p.223)
“A maneira mais divertida de observar a sofisticação dos hábitos da sociedade carioca é
ler os anúncios publicados na Gazeta do Rio de Janeiro a partir de 1808.”.
A informação comercial está presente nos jornais impressos brasileiros durante
todo o século XIX. Vende-se, aluga-se, compra-se casa, carruagem e os mais variados
produtos e serviços são oferecidos através das pequenas mensagens. Rapidamente, os
produtos anunciados se multiplicam: são anúncios de livros, roupas, cremes para a pele,
sabonetes, tecidos de linho, lenços de seda, águas de colônia, leques, luvas, quadros,
serviços de retratistas, cocheiros, relojoeiros, aulas de catecismo, língua portuguesa,
história e geografia.
Na edição publicada em 2 de março de 1816 da Gazeta, um profissional é
anunciado como “cabeleireiro de Sua Alteza Real a senhora D. carlota, Princesa do
Brasil, de Sua Alteza Real a Princesa de Galles e de Sua Alteza Real a Duquesa de
Algouleme.” E descreve os serviços oferecidos ao público com a seguinte mensagem:
Penteia as senhoras na última moda de Paris e de Londres; corta o
cabelo aos homens e às senhoras; faz cabeleiras de homens e
senhoras; tinge com a última perfeição o cabelo, as sobrancelhas e as
suíças, sem causar dano algum à pele nem à roupa; e tem uma
pomada que faz crescer e aumentar o cabelo. (GOMES,2007,p.224)
Para identificar a loja de um comerciante era comum utilizar seu próprio nome e
seu endereço. Assim sendo, Bellard, na Rua do Ouvidor, número 8, anunciou o
recebimento de novas mercadorias, segundo Gomes (2007, p. 224), “um novo
sortimento de falsa e verdadeira bijuteria, chapéus para senhoras, livros franceses,
vestidos e enfeites de senhoras modernas, cheiros de todos os gêneros, pêndulos,
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espingardas e leques.” O comércio no Rio de Janeiro era repleto de mercadorias
francesas e a sua influência é tão marcante que a mensagem de um anunciante publicada
em 26 de junho de 1817 na Gazeta, oferece as seguintes inovações recém chegadas de
Paris:
Cheiros, água de Cologne, pomadas, diversas essências e vinagres
para toucador e para mesa, luvas, suspensórios, sabão, leques de toda
sorte, escovas e pentes de todas as qualidades, sapatos, chinelas para
homens e para senhoras, vestes de seda e de marroquim, todas de
Paris, caixas de tabaco de toda espécie, necessário para homem,
caixas de costura para senhoras, velas , azeite para luzes clarificado.
Chapéus de palha, e de castor para homens e para meninos; chapéus
de palha para senhora, guarnecidos e não guarnecidos; chapéus de
seda, penachos, fitas, filós bordados de ouro, e prata, flores artificiais,
casimiras, luvas, garças, véus, retrós, seda crua etc; mesas, espelhos
de toucador, espelhos de todo o tamanho com molduras, e sem elas;
estampas, painéis preciosos; bijuteria verdadeira e falsa, como
colares, brincos, anéis e enfeites; pêndulas, relógios de repetição e de
música par homens e para senhoras; vinho de champagne a 480 a
garrafa; um moinho portátil para grão, (que) um só negro pode moer;
um sortimento de livros franceses e muitas outras mercadorias a
preços cômodos. (MALERBA apud GOMES,2007)
O procura-se e o precisa-se dos anúncios classificados aparece presente nos
jornais brasileiros dessa época até em serviços anunciados em outros idiomas, tais como
descreve Gracioso (2004, p.25): “Anúncios em francês pedem uma senhora para cuidar
de um cego ou um homem ativo que fale português. Anúncios em inglês, publicados no
Rio e no Recife, têm corte mais científico: oferecem talentos de cirurgiões dentistas,
vindos da Europa, divulgam pó importado para limpar dentes.” Com o desenvolvimento
do comércio e com a tamanha variedade de produtos no mercado, são comuns anúncios
de vasos, urinóis em todos os tamanhos, pianos, copiadores de música, móveis e
colchões. Nesse sentido, o produto jornal começa também a se incrementar
comercialmente e novos títulos surgem com a intenção de transmitir as informações
comerciais ao público.
Em 1821, o Diário do Rio de Janeiro, se apresenta com uma nova proposta, ser
um jornal de anúncios. O Espectador Brasileiro e o Almanaque dos Negociantes, ambos
de 1824, demonstram a intenção de segmentar seus produtos para as mensagens de
caráter comercial. Em 1825, o Diário de Pernambuco é inaugurado no Recife e
atualmente é considerado o mais antigo jornal em circulação na América Latina. Na
primeira edição, já se posiciona como um meio de comunicação que chegou para
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preencher uma lacuna nas relações comerciais da população pernambucana daquela
época, assim relata Gracioso (2004, p. 22), “Faltando nesta cidade assas populosa um
diário de anúncios por meio do qual se facilitassem as transações[...]”.
Na capital paulista, um anúncio de vinho se destaca na edição do jornal O Farol
Paulistano em 21 de abril de 1827, por ser considerado a primeira informação comercial
da capital, conforme revela Cadena (2009), “O primeiro anúncio publicado em São
Paulo oferecia barris de vinho de Lisboa, também um lote de garrafas avulsas dentre as
quais um Vinho do Porto, dez anos envelhecido, oferta de José Antônio Martins.” Nesse
momento do desenvolvimento dos jornais impressos brasileiros, pequenos anúncios de
linhas foram publicados, ainda sem características de classificados e, confirma a
necessidade de prestar o serviço de transmissão da informação comercial através da
oferta e da procura de bens e serviços:
Ofertas de lotes de tecidos, farinha, venda de casas e terrenos,
contratação de um arrieiro para acompanhar um estrangeiro até
Cuiabá e em 13 de junho do mesmo ano o primeiro anúncio de
escravos: garantia-se recompensa pela informação em torno de dois
escravos fugidos, ainda boçais, um deles baixo, bem preto e vesgo.
(CADENA, 2009)
No Rio de Janeiro prevalecia a oferta imobiliária, segmento pioneiro na
publicação de anúncios classificados nos jornais brasileiros. Em Salvador e Recife a
oferta portuária era a mais relevante. Nas Minas Gerais, circulou em Ouro Preto, nos
meses de fevereiro a maio de 1870 o jornal O Conservador Mineiro e na seção de
“annuncios” duas informações comerciais curiosas são anunciadas: a primeira chama a
atenção pelo texto explicativo que descreve com detalhes os serviços de hospedagem
oferecidos pelo hotel:
No hotel do rosário caza no 39 tem todos os commodos para receberse os srs. Viandantes, mesmo com famílias, também se recebem
pensionistas da cidade ou de fora, assim como se incumbe de
aprontar jantar sendo a incomenda feita vinte e quatro horas antes;
garante-se aos srs. Que procurarem esse hotel, todo socego, paz e
tranqüilidade, tem bons quartos feixados, capim ou para seos animais,
commidas conforme a vontade das pessoas, tudo como maior asseio
possível: portanto convida-se a todos os srs. Viandantes para se
dirigirem a esse estabellecimento que nélle encontrarão todos os
commodos e sahirão satisfeitos por serem bem tratados e por preços
rasoaveis, afim de obter freguesia. Ouro Preto, 12 de março de 1870.
(JORNAL OURO PRETO, 2000, p.7)
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A outra mensagem publicada, ou melhor, informação comercial que se destaca é
datada em abril de 1870 e desperta a curiosidade pelo teor do reclame: “O abaixo
assignado declara que não paga dívida alguma se não aquella que for contrahida e
firmada por elle. Ouro Preto, 16 de abril de 1870. David Moretzsohn.”
No início do século XX, a grande imprensa se encontrava no Rio e em São Paulo
ampliando sua influência na política e na economia do país. Muitos jornais foram
publicados no Brasil e todos dependiam dos seus anunciantes, de empréstimos ou
acordos políticos para sobreviverem financeiramente. Segundo analisa Pinho (2000, p.
95), “Os grandes jornais da época perceberam a força dos classificados e nele se
apoiaram para estabelecer a estratégia de vendas dos veículos.” Desta maneira, o
proprietário e jornalista do jornal A Manhã (1925) lançou uma estratégia comercial
considerada agressiva, onde publicava anúncios classificados de empregos sem custos
para o anunciante, conforme explica Castro (2001, p.54). “Algumas ideias de Mário
Rodrigues em A Manhã podiam não ser muito éticas, mas eram comercialmente
infernais. Uma delas, por exemplo, foi a de publicar anúncios gratuitos de empregos.” O
jornalista alegava que estava prestando um serviço à população, mas a sua estratégia era
atacar os anúncios classificados dos concorrentes O Globo e Correio da Manhã.
A partir da segunda metade do século XX, a explosão dos meios de
comunicação no Brasil com a edição de várias revistas e jornais, os programas de rádio
e televisão popularizaram a propaganda comercial. O crescimento das cidades acelerou
o desenvolvimento dos meios de comunicação de massa e os jornais foram aumentando
a tiragem e a circulação. A cobertura do noticiário foi sendo segmentada em cadernos
de economia, política, esportes, cultura entre outros e as seções de classificados foram
se personalizando a tal ponto de criarem cadernos especiais para segmentos importantes
da economia do país: automóveis, imóveis, empregos etc. No entanto, Pinho (2000,
p.106), demonstra o legítimo serviço prestado pelas informações comerciais anunciadas
nos cadernos de classificados dos jornais: “Os anúncios classificados, muito usados pela
população em geral e por empresas de todos os portes, prestam um verdadeiro serviço
de utilidade pública.” Com isso, aparecem os primeiros empreendimentos no Brasil para
publicar e lançar tablóides impressos especializados em anúncios classificados, ou seja,
jornais exclusivamente de informações comerciais, com seções determinadas para cada
categoria de produtos e serviços. Surge então um conceito para esse novo modelo
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editorial: Jornal da oferta e da procura com mensagens comerciais pagas, mas cujos
anúncios de particulares são gratuitos.
Na década de 1980, o jornal Primeira Mão em São Paulo e o jornal Balcão em
Belo Horizonte, aparecem sem noticiário, sem editorial, mas como uma enorme
variedade de pequenas mensagens comerciais e de serviços de utilidade pública. Esses
veículos de comunicação apresentam-se como uma alternativa para o público com
menor poder aquisitivo, mas que deseja anunciar um produto e realizar um negócio ou
uma troca. Pequenos e médios anunciantes interessam em publicar anúncios nesse novo
produto editorial, sem conteúdo noticioso e essencialmente comercial.
Balcão (1989) é um jornal exclusivamente de classificados e o leitor pode
publicar seus anúncios gratuitamente, o que não acontece com classificados de outros
jornais. Com diversas páginas de informações comerciais, o jornal Balcão apresenta
uma variada lista de seções específicas de anúncios classificados para o público leitor
que têm interesse em por comprar, vender ou realizar um negócio: automóveis, imóveis,
livros e revistas, música, foto e vídeo, telefonia, brinquedos, videogame, informática,
empregos etc. É permitido publicar anúncios grátis de no máximo 20 palavras. Só
podem anunciar gratuitamente pessoas físicas que não estejam oferecendo prestação de
serviços ou exercendo atividades comerciais informais e pessoas jurídicas que não
estejam anunciando o objetivo de sua própria atividade. Em geral, é permitido a
publicação de qualquer mercadoria ou pedido pessoal, exceto as seguintes restrições:
anúncios de doação ou venda de órgãos humanos, armas, comércio de animais silvestres
da fauna brasileira, reclames sentimentais envolvendo menores, doação de dinheiro ou
crianças, discriminação de cor, raça ou religião, crítica política ou religiosa, anúncios de
denúncias, obituário, comércio ou troca de material pornográfico e todos os anúncios
relacionados a qualquer atividade ilegal. Os anúncios pagos são os que visam o
interesse comercial permanente de produtos e qualquer tipo de oferta de prestação de
serviços.
Uma característica notável do jornal Balcão é a manchete de primeira página,
sempre selecionada a partir de algum anúncio gratuito publicado na mesma edição. Na
escolha do anúncio de capa é dada a preferência para a originalidade ou curiosidade da
mensagem comercial. A manchete de capa desperta a atenção dos leitores contribuindo
para o aumento das vendas do jornal nas bancas. Para demonstrar como mensagens
comerciais criativas podem gerar bons resultados, algumas manchetes peculiares do
jornal:
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o Vendo par de alianças sem uso: Motivo, o noivo fugiu.
o Atenção Pastores! Terno cinza com colete, vendo por R$ 50,00
o Vendo corcel impecável! Não bebe, não fuma e não dorme na rua.
Portanto, a contribuição dos anúncios classificados para o desenvolvimento do
jornal impresso é confirmada pelo percentual de páginas de informações comerciais
publicadas em jornal nos últimos anos, conforme informado pela Associação Nacional
de Jornais (ANJ):
Ano
2008
2007
2006
2005
2004
2003
2002
2001
2000
1999
1998
1997
Noticiário (%)
66,85
65,21
70,88
63,85
64,53
60,77
60,47
62,58
65,54
65,24
62,75
59,44
Classificados (%)
33,15
34,79
29,12
36,15
35,47
39,23
39,53
37,42
34,46
34,76
37,25
40,56
Tabela 1: Anúncios em jornal: noticiário x classificados (ANJ)
No Brasil, de acordo com a tabela 1, em torno de 40% das páginas de anúncios
publicados são de classificados, o que demonstra uma significativa parcela da receita
publicitária para um jornal impresso. A participação da receita proveniente dos anúncios
classificados é considerada estratégica e economicamente viável, tendo em vista a crise
atual das empresas de comunicação em todo o mundo. Segundo dados da Associação
Nacional de Jornais (ANJ), em 2008, mais de 3 milhões de reais foram investidos na
publicação de anúncios classificados pelo mercado imobiliário e automotivo, o que
solidifica a necessidade desse serviço oferecido pelos jornais impressos.
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CONSIDERAÇÃO FINAL
Historicamente, o serviço informativo prestado pelos anúncios classificados
facilitou a comunicação entre o público leitor e/ou consumidor com interesses de
compra, venda, troca, aluguel, empréstimos, doações, oferta e procura de empregos,
recados pessoais, religiosos e sentimentais.
No século XXI, as constantes inovações tecnológicas e a necessidade de prestar
serviços de toda ordem sugerem uma perspectiva virtual na transmissão das
informações comerciais, notoriamente inserida nas relações sociais contemporâneas. O
acesso à tecnologia da informação e a diversos meios de comunicação favorecem a
transmissão de mensagens de textos, fotos e vídeos. A evolução tecnológica transferiu a
comodidade da oferta e da procura criada nos anúncios classificados dos jornais
impressos para a internet e nunca houve tantos serviços gratuitos.
Os tradicionais anúncios classificados de produtos e serviços, publicados
principalmente em jornais impressos, têm o seu similar nos sites de buscas e
classificados virtuais com a vantagem de transmitir a informação mais bem elaborada
com imagens e com maior agilidade, conforme descreve Pinho (2000:114), “Os grandes
jornais presentes na rede mundial começaram a disputar esse mercado, lançando seus
classificados simultaneamente na internet e no jornal impresso.” Com a popularização
da internet, os serviços de compra e venda se multiplicaram no ciberespaço
preenchendo, assim, outra lacuna em nossa administração.
Em relação ao consumo, é importante observar o surgimento de veículos de
comunicação só com informações comerciais, analisar sua configuração como meio de
comunicação, seus desdobramentos virtuais na rede mundial de computadores e avaliar
os serviços peculiares que os anúncios classificados oferecem. O processo de
comunicação estabelecido pelas mensagens comerciais nos classificados dos jornais
impressos é característico do comportamento da sociedade contemporânea, sendo
considerado um importante meio de informação comercial sobre o mercado
consumidor.
Nesse sentido, os anúncios classificados ocupam um espaço relevante na mídia
impressa brasileira, confirmando a necessidade de prestar esse serviço ao público para
aprimorar as relações comerciais e fortalecer economicamente as empresas de
comunicação.
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REFERÊNCIAS:
ASSOCIAÇÃO
NACIONAL
DE
JORNAIS
(ANJ).
Disponível
em:
<http://www.anj.org.br/a-industria-jornalistica/jornais-no-brasil/anuncios-em-jornal>.
Acesso em 28 jul. 2009.
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NACIONAL
DE
JORNAIS
(ANJ).
Disponível
<http://www.anj.org.br/a-industria-jornalistica/jornais-no-brasil/maiores-setoresanunciantes-no-jornal>. Acesso em 28 jul. 2009.
em:
BALCÃO. Belo Horizonte: Belo Horizonte gráfica e editora ,1989.
CADENA,
Nelson
Varón.
Disponível
em:
<http://www.almanaquedacomunicacao.com.br/artigos/123.html>. Acesso em 20 jul.
2009.
CASTRO, Ruy. O anjo pornográfico: a vida de Nélson Rodrigues. São Paulo:
Companhia das Letras, 1992.
GOMES, Laurentino. 1808: como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma
corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil.
São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2007.
GRACIOSO, Francisco; PENTEADO, J. Roberto Whitaker. Propaganda brasileira.
São Paulo: Mauro Ivan Marketing Editorial, 2004.
JORNAL OURO PRETO. Ouro Preto, Minas Gerais, agosto, 2000.
MONTAIGNE. Michel de. Ensaios, tradução de Sérgio Milliet, São Paulo: Abril
Cultural, 1972. (Coleção Os Pensadores)
PINHO, J. B. Comunicação em marketing. São Paulo: Papirus editora, 2001.
______, José Benedito. Publicidade e vendas na Internet: técnicas e estratégias. São
Paulo: Summus, 2000.
SANTANNA, Armando. Propaganda: teoria, técnica e prática. São Paulo, Pioneira,
1982
SLATER, Don. Cultura do consumo e modernidade. São Paulo: Nobel, 2002.
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