Arqueólogos investigam embarcação,
naufragada na Península de Tróia, de enorme interesse histórico
De 1 a 5 de Dezembro, uma equipa composta por arqueólogos, conservadores, biólogos, geólogos
e mergulhadores esteve a desenvolver trabalhos subaquáticos numa embarcação naufragada fora
do Estuário do Sado e na proximidade da Península de Tróia, que se prevê ser um dos últimos
navios portugueses à vela – provavelmente datado do séc. XIX.
De fundamental importância histórica, esta embarcação, identificada como caso de estudo Navio
Tróia 1, aparenta ser um veleiro (lugre) construído, integralmente, em madeira.
Estes cinco dias de trabalho em Tróia tiveram como objectivo descobrir as respostas a temas
essenciais: que navio era este, o porquê do seu naufrágio, qual o seu propósito e desde quando se
encontrava naquele local concreto.
Adolfo Martins, Arqueólogo e Director do Projecto de investigação do caso de estudo Navio Tróia 1,
explica: “para que estas respostas fossem achadas, constituímos três equipas em cada saída diária
para o mar. Conseguimos, depois de quatro mergulhos, efectuados ao longo dos 5 dias de
campanha (porque o último dia foi dedicado à finalização da campanha), executar um conjunto
ampliado de iniciativas.”
Adolfo Martins continua: “Definimos o raio de dispersão dos vestígios, identificámos as peças
estruturais do navio para interpretar a sua tipologia, realizámos registos multimédia dos vestígios e
analisámos a deposição dos destroços para investigar o modo como a embarcação naufragou e
como se fixaram as peças no solo e no subsolo.”
O Conservador Responsável, Cláudio Monteiro, acrescenta ainda que: “Observaram-se vários tipos
de materiais, em diferentes graus de estado de conservação, nomeadamente, as estruturas do
navio, em madeira, que registam uma excelente estado de preservação.”
Durante a semana passada, e com uma visibilidade subaquática superior a 10 metros, foi possível
identificar com rigor, a cerca de 6 metros de profundidade, as partes estruturais do navio e
perceber a dispersão dos mesmos. Uma das principais conclusões desta investigação foi a
percepção dos quatro núcleos do Navio Tróia 1:
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1º Núcleo - Significativa parte estrutural do navio, com duas âncoras e amarra.
2º Núcleo - Uma âncora e o seu cepo em madeira.
3º Núcleo - Grupo de cavernas.
4º Núcleo - Grupo composto pela quilha.
Para Adolfo Martins: “Estes trabalhos pretendem auxiliar a compreensão das rotas comerciais e
marítimas, da região do Sado, durante o século XIX.” Termina: “Esta investigação, que se iniciou
em Maio de 2012, está a ser desenvolvida no âmbito da formação do curso de pós-graduação de
Arqueologia Subaquática e de um projecto de dissertação de mestrado em História, Arqueologia e
Património, no Instituto Politécnico de Tomar e na Universidade Autónoma de Lisboa.”
Através desta equipa interdisciplinar - composta por especialistas do meio subaquático e por
alunos estagiários – que contou com o apoio logístico de várias entidades, foi possível conhecer
melhor esta embarcação. No navio naufragado identificaram-se diversos objectos: curvas de alto,
roda de proa, pavimento, sobrequilha, 7 âncoras, 1 guincho da amarra, 4 bigotas, 1 cabo, diversas
cavilhas de ferro e de bronze, 1 placa de chumbo e uma chaleira.
Tróia, 10 de Dezembro de 2012
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