A Consulta de Enfermagem na Qualidade de Vida dos Doentes submetidos a Cirurgia Cardíaca S. Borges1; H. Lima2; E. Martinho3; M. Feteira4; J. Fragata5 1 Enfermeira Graduada CHLC - Hospital de Santa Marta E.P.E. 2 Enfermeira CHLC - Hospital de Santa Marta E.P.E. 3 Enfermeira CHLC - Hospital de Santa Marta E.P.E. 4 Enfermeira Chefe, Serviço Cirurgia Cardiotorácica, CHLC - Hospital de Santa Marta E.P.E. 5 Director Clínico, Serviço Cirurgia Cardiotorácica, CHLC - Hospital de Santa Marta E.P.E. INTRODUÇÃO E OBJECTIVO: A mortalidade em Cirurgia Cardíaca é hoje baixa, A nossa intervenção centra-se no aumento da qualidade de vida do doente operado. Através do Follow-up da Consulta de Enfermagem de Cirurgia Cardíaca, estudamos o impacto desta cirurgia na qualidade de vida do doente: no estado geral, na actividade física, na actividade profissional e nos hábitos de vida. MATERIAL E MÉTODOS: Foram seleccionados os doentes submetidos a cirurgia cardíaca no período de 1 de Janeiro a 30 de Junho de 2008, num total de 346 indivíduos de ambos os sexos (132 F e 214 M), na faixa etária entre os 18 – 88 anos (média 65.7 anos, moda 77 anos). Foram utilizados questionários adaptados do MOS SF 36 (Medical Outcome Study Short Form), aplicados em quatro momentos específicos após a alta hospitalar (ao 3º dia, ao 1 mês, ao 6 mês e ao 1 ano). Resultados: Dos 346 doentes, foram aplicados os 4 questionários a 308 doentes (89%). Os restantes 38 (10.9%) foram excluídos por impossibilidade de contacto (Reinternados 1%; Incontactáveis 4.1%; Óbitos 5.7%). Dos resultados obtidos ao ano salientamos os seguintes: a referência à dor incisional passa de 56.3% aos 3 dias para 9.5% ao ano. Quanto à actividade física, 41% referem sentir-se muito limitados a esforços vigorosos e 72% sentem-se pouco limitados a esforços moderados. A actividade sexual presente em 46.8% dos doentes no préoperatório sofreu uma redução de 7.2% no 1º ano. A presença de actividade profissional prévia à cirurgia em 30.4% dos doentes decresce para 19.4% ao final de 1 ano e, nestes a rentabilidade profissional total mantém-se em 68% dos doentes. Cerca de 9.5% mantém hábitos alcoólicos frequentes relativamente aos 12.4% no pré operatório e dos 16.7% de doentes com hábitos tabágicos prévios, apenas 3.75% os mantiveram ao ano. Conclusão: Os doentes estudados mantêm algumas alterações da sua qualidade de vida um ano após a cirurgia, sendo que 48% referem sentir-se muito melhor e 35% referem algumas melhoras em relação ao seu estado geral de saúde. Dos resultados obtidos, sabemos hoje que a intervenção da Consulta de Enfermagem de Cirurgia Cardíaca, contribui positivamente para a melhoria da qualidade de vida do doente operado, nomeadamente nos hábitos de vida diários, na adesão terapêutica e no controlo da dor, na medida em que proporciona momentos de ajuda e partilha permitindo a optimização do tempo de recuperação, promovendo o regresso do doente e família para a sua vida quotidiana.