Fundação Getulio Vargas 09/05/2009 O Documento - MT Tópico: IBRE Impacto: Positivo Editoria: Notícia Cm/Col: 0 Pg: Online Escola municipal consegue evitar evasão escolar (Não Assinado) Alunos da escola municipal Rita Caldas Castrillon, localizada no bairro São Benedito, parecem contradizer dados divulgados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), numa pesquisa recente realizada com 160 mil estudantes de todo país. No estudo elaborado pela instituição, foi constatado que o desinteresse pela escola é a principal causa de evasão escolar, que chega a 18% entre os jovens, com idade entre 15 a 17 anos. Entre crianças pertencentes à faixa etária de sete a 14 anos, o índice de evasão é de 2,5%, sendo que o tempo de permanência no ambiente escolar é prejudicado com o elevado número de faltas. “Em 2008 não tivemos evasão e o índice de retenção foi de 9,3%. Queremos reduzir para 5% neste ano”, relatou a diretora da escola Rita Caldas, Maria Adevair Soares da Silva. Em 2005, a escola organizada no sistema seriado de ensino - que prevê reprovação ao final de cada série -, ficou classificada como a terceira melhor do município na avaliação proposta pelo governo federal, a Prova Brasil. No exame deste ano, a meta estabelecida pela equipe gestora e professores da unidade de ensino é alcançar média 6,0 nas séries iniciais – índice previsto pelo governo federal para todo país, até 2012. Para as séries finais do Ensino Fundamental, o objetivo é obter 5,2 de média. “Nossa escola tem um bom desempenho e queremos melhorar mais. Temos metas para este ano e, para alcançá-las, buscamos o apoio dos alunos, dos pais, professores e da própria Secretaria”, explica a diretora. Para atender os 333 alunos da escola municipal, 19 professores dividem o trabalho pedagógico. “A escola não tem sala de apoio, mas os professores são comprometidos e dedicados”, avalia Maria Adevair. Outra característica observada pela gestora é que há baixa rotatividade de professores na unidade de ensino. “A rotatividade é ruim para as crianças, pois leva um tempo para o professor estabelecer um método de trabalho, adquirir confiança do aluno e dos pais”, pondera a professora de Geografia, Chênia Castilho Reis. A pesquisa da FGV constatou que os estudantes brasileiros permanecem em média três horas por dia em sala de aula. Na escola municipal Rita Caldas, os alunos retornam ao ambiente escolar no contra-turno, para ler e participar de aulas de judô e informática, o que tem favorecido a assiduidade. “Tivemos casos de alunos que mudaram para o bairro Pedra 90 e continuam vindo até aqui, para estudar”, relatou Chênia. Em outras 31 escolas municipais, situadas em regiões de maior vulnerabilidade social, a permanência dos alunos tem sido estendida para cerca de sete horas diárias, por meio do programa de Educação de Tempo Integral – Educa Mais, idealizado pela Secretaria Municipal de Educação (SME). “O papel do Estado é criar oportunidades para que as crianças possam se desenvolver”, disse o prefeito Wilson Santos. “Temos feito o diagnóstico correto para corrigir as mazelas e conduzir os alunos a um futuro de oportunidades”, avaliou. “Nosso maior desafio é melhorar a qualidade da Educação e nossa meta é elevar Cuiabá à condição de uma das cinco melhores capitais brasileiras na área educacional”, afirmou o secretário municipal de Educação, Carlos Carlão do Nascimento. Para isso, algumas medidas têm sido adotadas, como ampliação na oferta de vagas em todas as etapas de ensino – especialmente na Educação Infantil, investimentos em infra-estrutura, em formação continuada e no fortalecimento da política salarial e pedagógica. Colaboração – Algumas parcerias com instituições e entidades públicas e privadas têm contribuído com a melhoria do trabalho pedagógico na escola Rita Caldas. Recentemente, voluntários do Conselho Tutelar dialogaram com os estudantes, para prestar esclarecimentos sobre direitos, deveres e atitudes permitidas no ambiente escolar. Profissionais da Polícia Militar também prestam orientações quanto ao risco da exposição às drogas, por meio do projeto Alerta. Com o programa Escola com Saúde, desenvolvido pela SME em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o bem-estar e saúde dos alunos também tem sido assegurado e, conseqüentemente, favorecido o desempenho no aprendizado das crianças e adolescentes. “Quando identificamos um aluno com dificuldade de aprendizagem, pedimos aos pais para orientar e encaminhar os filhos no contra-turno para a escola”, diz a professora Chênia Castilho. “Alguns pais tem pouco estudo e dificuldade para ajudar os filhos nas tarefas. Nestes casos, a equipe gestora pede para mandar o filho à escola, onde é assistido”, explica. Em casos mais difíceis, quando é necessário comunicar a retenção do aluno na série, por exemplo, a equipe gestora e os professores se reúnem com os pais e a criança para dialogar sobre o problema. “Entendemos que essa medida demonstra respeito pelo aluno”, afirma a professora. “A família começa a freqüentar a escola, os professores não ficam restritos ao espaço das salas de aula e dos professores, isso facilita o reconhecimento e a aproximação entre todos”, avalia Chênia. Na escola Rita Caldas, a equipe gestora opta por decisões democráticas e a opinião dos profissionais, dos pais e dos alunos é consultada, segundo expõe a diretora Maria Adevair. “Fizemos uma reunião com os pais inclusive para saber qual seria o melhor dia para reuniões coletivas, de acordo com a disponibilidade de tempo de cada um”, revela. A aproximação com os pais foi trabalhada paulatinamente. “Agora a gente agenda as reuniões com os pais para horários em que possam comparecer e eles vêm em massa. São bem participativos, inclusive nas reuniões do Conselho”, diz. “Antigamente, quando havia reunião de pais, eu não gostava de participar. Um dia decidi que queria entender melhor e fiscalizar a administração escolar”, relatou a presidente do Conselho Escolar Comunitário (CEC), Regina Maura da Silva. Mãe de três crianças e ex-aluna da escola, ela diz que quando os filhos chegam em casa, costuma perguntar como foi a aula e o que aprenderam. “Eles gostam muito de ir à escola”, diz, entre risos. Outro pai de aluno que está sempre presente na unidade de ensino é Joel Jesus Rodrigues. Ele costuma levar adubo para as plantas do jardim da escola. “Eu acompanho meus filhos, por que meu pai não me acompanhava nos estudos. Freqüentei as aulas só até a quinta série. Por isso, já perdi boas oportunidades de trabalho”, analisa.