Construção de uma estratégia para a transferência de tecnologia gerada pela Embrapa Agroindústria de Alimentos utilizando o modelo de incubação Marcos Luiz Leal Maia1; Stella Regina Reis da Costa2 e Hélio Fernandes Machado Júnior3. Resumo: O Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Novas Empresas de Base Tecnológica Agropecuária e à Transferência de Tecnologia – PROETA , foi criado com objetivo de adaptar o método de incubação para aumentar o acesso de empreendedores às tecnologias e conhecimentos gerados nas Unidades da Embrapa. Assim, a Embrapa Agroindústria de Alimentos, que atua no processo de industrialização do produto agropecuário, encontrou neste método uma oportunidade para levar ao seu público alvo as tecnologias e conhecimentos gerados em seus projetos de pesquisa. Embora existissem varias incubadoras com parceria já formalizada com o PROETA, por questões de logística optou-se por iniciar a identificação de incubadoras parceiras no Rio de Janeiro e que tivessem experiência na incubação de empresas da área de alimentos, o que facilitaria sobremaneira uma maior integração entre a Unidade e a incubadora. No que concerne à atividade de seleção das tecnologias foi utilizada para tanto a ficha de qualificação de tecnologias do PROETA e uma ferramenta de avaliação de tecnologia desenvolvida pela Universidade do Texas. Esta ferramenta teve o mérito de adotar uma forma de quantificar aspectos relacionados ao nível de proteção intelectual, escala de desenvolvimento disponível, aspectos de mercado, disponibilidade de envolvimento em transferência do pesquisador autor e direito autoral, reduzindo, mas não eliminando a subjetividade das avaliações feita até então. A Observação de empreendimentos de base tecnológica incubados permitiu identificar que a disponibilidade do pesquisador, a necessidade de investimento inicial para aquisição de equipamentos e a necessidade de conhecimentos técnicos como critério a ser acrescentado ao rol de critérios anteriormente avaliados. A incubadora disponibilizou uma vaga para que juntos lançassem o que foi considerado um convite público. Este convite visou a seleção de candidatos para participarem da etapa de pré-incubação de uma tecnologia da Embrapa. Ao final do prazo foram contabilizadas sete inscrições, sendo cinco empreendedores individuais e duas empresas interessadas nas tecnologias sobre o processamento de filé de tilápia e vegetais minimamente processados, cobertura filmogênica para preservação do coco verde e bebida tipo repositor energético. Palavras-chave: Transferência de tecnologia, incubadora de empresas, empresários 1 – MsC. em Ciência e Tecnologia de Alimentos, CTAA-EMBRAPA, Av. das Américas, 29501 – Guaratiba, Rio de Janeiro, RJ - Brasil - CEP 23020-470 Fone: (21) 3622-9600, [email protected]; 2 – DSc. em Engenharia Química, UFRRJ, DTA/IT - BR 465, Km 07 – Campus da UFRRJ, Seropédica – RJ – Brasil – CEP 23890-000 Fone (21) 3787-3750, [email protected] e 3 – PhD. em Química Orgânica, UFRRJ, IT - BR 465, Km 07 – Campus da UFRRJ, Seropédica – RJ – Brasil – CEP 23890-000 Fone (21) 3787-3750, [email protected]. The building of a strategy for technological transference originated by EMBRAPA- Food and Agro Industry using the incubation model. Marcos Luiz Leal Maia1; Stella Regina Reis da Costa2 e Hélio Fernandes Machado Júnior3. Abstract The support program for the development of the New Agro-Livestock Technological basis Enterprises and Technological Transferences- PROETA was created with the objective of adapting the incubation method in order to expand the access of the entrepreneurs to the knowledge and technologies created at the Embrapa Units. Thus the Food Agro-Livestock Embrapa, which acts in the industrialization of agro-livestock products found in this method an opportunity to convey to its target-consumers the knowledge and technologies created by its research projects. Although there were various incubators already in existing formal partnership with PROETA, for logistical reasons it was thought best to initiate identifying incubators in partnership in RJ which had experience in incubation of enterprises from the food area which would facilitate a bigger integration between the Unit and the Incubator. Concerning the activity of selecting the technologies, the technical qualification card of PROETA was used, and an assessment of technology tool developed by the University of Texas. This tool had the merit of adopting ways of quantifying aspects related to the level of intellectual protection, scale of available development, market aspects, availability of involvement in transference of researcher/author and copyright, reducing but not eliminating the subjectivity of the assessment made so far. Observations of enterprises with incubated technological basis allowed identifying that the availability of the researcher, the need for initial investment for the acquisition of equipments and the necessity of technical knowledge would be the criteria to be added to the previously assessed criteria roll call. The incubator made available one slot so that together they could launch what was considered a public invitation. This invitation aimed at selecting candidates to participate in the pre-incubation stage. At the end of the time frame seven registered candidates, five being individual entrepreneurs and two being companies, were interested in the processing of Tilapia filets and minimally processed vegetables, film cover for the preservation of coconuts and beverages of the replacement kind. Key words; Technology-transfer, company incubators, entrepreneurs. 1 – MsC. in Science and Food Technology, EMBRAPA, Avenue of the Americas, 29501 - Guaratiba, Rio de Janeiro, RJ - Brazil - CEP 23020-470 Phone: (21) 3622-9600, marcos.maia @ embrapa.br; 2 DSc . in Chemical Engineering, UFRRJ, DTA/IT - BR 465, Km 07 - Campus UFRRJ, Seropédica - RJ Brazil - CEP 23890-000 Phone (21) 3787-3750, [email protected] and 3 – PhD. in Organic Chemistry, UFRRJ, IT - BR 465, Km 07 - Campus UFRRJ, Seropédica - RJ - Brazil - CEP 23890-000 Phone (21) 3787-3750, [email protected]. Introdução Desde a sua criação, a Embrapa Agroindústria de Alimentos tem realizado com sucesso ações de transferência que, em sua maioria, contemplam os conhecimentos disponíveis e não necessariamente os resultados gerados pela pesquisa da Unidade. O modelo de transferência de tecnologia adotado pela Unidade, comumente chamado de balcão de ofertas, tem se mostrado pouco eficiente e incapaz de promover a transferência das tecnologias geradas pela Unidade, ressalvando-se alguns casos pontuais. Para mudar esse cenário, a Unidade estabeleceu em seu Plano Diretor da Unidade – PDU, uma diretriz que propõe a busca de outros métodos que promovam a inovação e a transferência dessas tecnologias. A Embrapa, através do Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Novas Empresas de Base Tecnológica Agropecuária e à Transferência de Tecnologia – PROETA está propondo transferir suas tecnologias por meio da incubação de empresas e acumula alguma experiência nas Unidades Embrapa Agroindústria Tropical, Embrapa Cerrados, Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e Embrapa Instrumentação Agropecuária, que já adotaram esse modelo (VODOVELLO et al., 2008). Desenvolvimento do Texto Este projeto propõe, como principal objetivo, a adoção do modelo de incubação de empresas proposto pelo PROETA, a fim de promover a transferência das tecnologias geradas pela Unidade e de reestruturar o processo de transferência de tecnologia da Unidade de forma a torná-lo robusto e sustentável. Estima-se que o maior impacto alcançado será institucional considerando o ganho em cultura, conhecimento e aprendizado em empreendedorismo que os pesquisadores e analistas conquistarão ao final do projeto e por ter estabelecido um novo processo para a transferência das tecnologias geradas pela Unidade. A Embrapa Agroindústria de Alimentos, que atua no processo de industrialização do produto agropecuário, encontrou neste método uma oportunidade para levar ao seu público alvo as tecnologias e conhecimentos gerados em seus projetos de pesquisa. Embora existissem varias incubadoras com parceria já formalizada com o PROETA, por questões de logística optou-se por iniciar a identificação de incubadoras parceiras no Rio de Janeiro e que tivessem experiência na incubação de empresas da área de alimentos, o que facilitaria sobremaneira uma maior integração entre a Unidade e a incubadora. Assim, foi identificada a Incubadora de Empresas de Base Tecnológica em Agronegócio – INEAGRO da UFRRJ, que já dispunha de um convênio firmado com o PROETA. As ações definidas como responsabilidade da INEAGRO foram: acompanhamento aos empreendedores durante a etapa de pré-incubação, que consta da assessoria na elaboração do plano de negócios; à Embrapa Agroindústria de Alimentos cabe a elaboração e transferência de informações técnicas relativas às tecnologias, estudos de pequenas adaptações e melhorias na tecnologia selecionada, visitas técnicas aos locais de implantação dos empreendimentos, realização da seleção para a incubação propriamente dita, estabelecer o processo de transferência da tecnologia incubada. No que concerne à atividade de seleção das tecnologias foi utilizada para tanto a ficha de qualificação de tecnologias do PROETA e uma ferramenta de avaliação de tecnologia desenvolvida pela Universidade do Texas. Esta ferramenta teve o mérito de adotar uma forma de quantificar aspectos relacionados ao nível de proteção intelectual, escala de desenvolvimento disponível, aspectos de mercado, disponibilidade de envolvimento em transferência do pesquisador autor e direito autoral, reduzindo, mas não eliminando a subjetividade das avaliações feitas até então. A aplicação deste critério no portfólio da Unidade conseguiu elaborar um perfil das tecnologias indicando que, em sua grande maioria, as mesmas ainda não tinham sido comunicadas ao mercado, eram de domínio público e estavam disponíveis em escala de laboratório, caracterizando Transferência de Tecnologia pelo método de incubação de empresas. Conclusões Por se tratar de um projeto que propõe a construção de uma estratégia para a transferência das tecnologias geradas pela Unidade, estima-se que o maior impacto será institucional. No desenvolvimento do projeto é esperado que pesquisadores e analistas tenham um ganho em informação, conhecimento e aprendizado em transferência de tecnologia e empreendedorismo permitindo a identificação de novas lideranças para atuar no processo de transferência de tecnologia. A Unidade terá um maior número de analistas e pesquisadores capacitados em elaboração de estudos de viabilidade técnica e econômica e em planos de marketing. Estimase também que a Embrapa Agroindústria de Alimentos irá alcançar uma maior visibilidade junto ao seu público alvo. Ao final do projeto, com a incubação da empresa, a Unidade terá consolidado competências e uma alternativa possível para transferir para o setor empresarial as tecnologias geradas pela pesquisa. A ferramenta de avaliação de tecnologia utilizada teve o mérito de adotar uma forma de quantificar aspectos relacionados ao nível de proteção intelectual, escala de desenvolvimento disponível, aspectos de mercado, disponibilidade de envolvimento em transferência do pesquisador autor e direito autoral, reduzindo, mas não eliminando a subjetividade das avaliações feitas até então. A aplicação deste critério no portfólio da Unidade conseguiu elaborar um perfil das tecnologias indicando que, em sua grande maioria, as mesmas ainda não tinham sido comunicadas ao mercado, eram de domínio público e estavam disponíveis em escala de laboratório, caracterizando-se como tecnologias com elevado grau de incerteza e risco do ponto de vista de negócios. A Observação de empreendimentos de base tecnológica incubados permitiu identificar que a disponibilidade do pesquisador, a necessidade de investimento inicial para aquisição de equipamentos e a necessidade de conhecimentos técnicos como critério a ser acrescentado ao rol de critérios anteriormente avaliados. A incubadora disponibilizou uma vaga para que juntos lançassem o que foi considerado um convite público. Este convite visou a seleção de candidatos para participarem da etapa de pré-incubação de uma tecnologia da Embrapa. Ao final do prazo foram contabilizadas sete inscrições, sendo cinco empreendedores individuais e duas empresas interessadas nas tecnologias sobre o processamento de filé de tilápia e vegetais minimamente processados, cobertura filmogênica para preservação do coco verde e bebida tipo repositor energético. O método de incubação já existe no Brasil há mais de 20 anos e, portanto não pode ser considerado como uma novidade. Embora o método adotado na Empresa se diferencie das incubadoras tradicionais pelo fato da Empresa ser uma instituição de C&T que não mantém uma incubadora e ser proprietária das tecnologias objetos de incubação, pressupõe-se que são encontradas algumas dificuldades relacionadas ao estabelecimento de parcerias com incubadoras já existentes. Problemas e dificuldades relacionadas ao licenciamento e à proteção das tecnologias selecionados já são esperados e fazem parte do processo de transferência e serão solucionados a luz das políticas e leis existentes. (MATIAS et al., 2005; SILVA et al., 2007). Referências Bibliográficas MATIAS-PEREIRA, J.; KRUGLIASKAS, I. Gestão da inovação: a lei de inovação tecnológica como ferramenta de apoio às políticas industrial e tecnológica do Brasil. RAE Eletrônica, v. 4, n. 1, jul./dez. 2005. SILVA, F. A.; DIAS, J. M. C. de S.; FOLLE, S. M. A Lei da Inovação e a cultura empreendedora: reflexões a partir do programa de incubação de empresas da Embrapa. Locus Científico, v. 1, n. 3, p. 58-65, 2007. VODEVELLO, C.; FIGUEIREDO, P. N. Incubadora de inovação: que nova espécie é essa?. RAE Eletrônica, São Paulo, v. 4, n. 1, jan./jun. 2005. Disponível em: <http://www.rae.com.br/redirect.cfm?ID=2363>. Acesso em: 08 set. 2008.