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5 mai 2015 O Globo CESAR BAIMA cesar. baima@ oglobo.com. br
Cientistas forçam vírus HIV a se
expor às defesas do organismo
Pesquisa é mais um passo na busca por uma cura definitiva para a Aids
Embora os seguidos avanços dos medicamentos antirretrovirais estejam colocando o HIV, o vírus
causador da Aids, na defensiva, evitando que boa parte dos soropositivos desenvolva a doença — e, em
alguns casos, reduzindo a carga viral a ponto de não ser mais detectada por exames —, ele ainda
consegue se “refugiar” no interior de algumas células do sistema imunológico, mantendose inativo,
escapando do ataque dos remédios e das defesas do organismo. São os chamados “depósitos” do HIV,
que, uma vez interrompido o tratamento, permitem que o vírus volte a se replicar, e configuram um dos
principais obstáculos atuais na busca por uma cura definitiva da Aids. Agora, porém, cientistas no Canadá
encontraram uma possível maneira de forçar o HIV a se “abrir” e se expor a esses ataques, em mais um
passo nessa luta.
NIAID/CREATIVE COMMONS
Esconderijo revelado. Um linfócito T (azul) infectado pelo HIV (amarelo)
— Descobrimos que as pessoas infectadas com o HIV­1 (o principal subtipo do vírus, que afeta cerca de
35 milhões de pessoas no mundo) têm anticorpos naturais com o potencial de matar as células infectadas
— conta Andrés Finzi, pesquisador da Universidade de Montreal e líder do estudo, publicado ontem no
periódico científico “Proceedings of the National Academy of Sciences” (PNAS). — Tudo que precisávamos
fazer era dar um “empurrãozinho”, adicionando uma pequena molécula que funciona como um abridor de
latas e força o vírus a expor regiões reconhecidas pelos anticorpos. Estes, então, formam “pontes” com
algumas células do sistema imunológico, dando início ao ataque.
TERAPIA DE “CHOQUE E MORTE”
Em estudo anterior, também publicado este ano, a mesma equipe de cientistas demonstrou que
alguns pacientes com o HIV­1 podiam eliminar as células infectadas quando duas proteínas do vírus,
chamadas Nef e Vpu, eram desativadas por mutações genéticas. O problema é que, em sua forma
“selvagem”, o HIV ainda contém essas proteínas, que agem como seus “guarda­costas”. Assim, os
cientistas decidiram buscar uma maneira de enganar esses defensores. Para isso, adicionaram uma
molécula às superfícies das células dos pacientes infectados, chamada JP­III­48, que imita a proteína CD4.
Localizada na superfície dos linfócitos T, essa proteína é a “porta” usada pelo HIV para invadir as células do
sistema imune e infectá­las, mas depois é eliminada por ele justamente para evitar que elas sejam
reconhecidas como doentes pelas defesas do organismo.
— A solução (cura da Aids) é desenvolver uma terapia de “choque e morte” — explica Finzi. —
Precisamos reativar os depósitos de HIV para forçar o vírus a sair de seu esconderijo e, então, matar as
células infectadas.
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