Tábua de Pitágoras e a obtenção dos divisores de um número Professora Ms.Gabriela dos Santos Barbosa, UERJ e FIC Resumo Trata-se da apresentação dos dados obtidos quando observamos alunos da 5a Série do Ensino Fundamental utilizando a Tábua de Pitágoras para obter os divisores de alguns números. Esta atividade integra uma seqüência mais ampla que visa à construção de novos significados acerca da decomposição de um número em fatores primos por parte dos alunos. A seqüência foi elaborada e analisada segundo os princípios da Teoria dos Campos Conceituais, de Vergnaud (1990). Palavras-chave: situação, representação, múltiplo, divisor. Introdução O estudo da teoria dos números (a saber: números primos, fatoração, m.d.c. e m.m.c. etc.) não tem sido enfatizado no Ensino Fundamental. Embora ocorra, observamos nos livros didáticos, um tratamento mecanizado, a partir de exercícios repetitivos e problemas idealizados. Em outras palavras, todas as possibilidades de abordagem dos conceitos ligados à teoria dos números são reduzidas ao ensino de algoritmos. A obtenção e a utilização da fatoração de um número pode contribuir para que os alunos desenvolvam habilidades de cálculo mental e de resolução de problemas que envolvem multiplicação e divisão. Entretanto, ocorrendo da maneira descrita acima, não permite que o aluno desenvolva sua criatividade e, muito menos, aplique e reflita sobre seus conhecimentos ligados à teoria dos números. Diante deste quadro, intrigou-nos as seguintes questões: Que atividades favorecem uma aprendizagem significativa dos números primos e da fatoração de um número – uma vez que estes são conceitos centrais na teoria dos números? Que estratégias os alunos usam para enfrentar situações ligadas a estes conceitos? Quais são os erros mais comuns cometidos por eles? Na busca das respostas, elaboramos uma seqüência de atividades. Elas foram aplicadas no 1o semestre de 2006 numa turma de 5a série de uma escola particular e verificou-se uma mudança na conduta dos alunos não só no que diz respeito ao cálculo mental, como também à resolução de problemas. Tais atividades foram elaboradas e analisadas à luz da Teoria dos Campos Conceituais de Vergnaud (1990). Segundo esta teoria um conceito pode ser compreendido da seguinte maneira: “C = (S, I, R) onde: S é um conjunto de situações que dão sentido ao conceito; I é um conjunto de invariantes (objetos, propriedades e relações) sobre os quais repousa a operacionalidade do conceito, ou o conjunto de invariantes operatórios associados ao conceito, ou o conjunto de invariantes que podem ser reconhecidos e usados pelos sujeitos para analisar e dominar as situações do primeiro conjunto; R é um conjunto de representações simbólicas (linguagem natural, gráficos e diagramas, sentenças formais, etc.) que podem ser usadas para indicar e representar esses invariantes e, conseqüentemente, representar as situações e os procedimentos para lidar com elas. (...) O primeiro conjunto – de situações – é o referente do conceito, o segundo – de invariantes operatórios – é o significado do conceito, enquanto o terceiro – de representações simbólicas – é o significante.” (p.140) Assim a idéia central, presente em cada atividade é de que ensinar uma operação é, na verdade, ensinar o campo conceitual relativo àquela operação e campo conceitual, por sua vez, é um conjunto informal e heterogêneo de problemas, situações, conceitos, relações, estruturas, conteúdos e operações de pensamento, conectados uns aos outros e, provavelmente, entrelaçados durante o processo de aquisição. Vamos aqui apresentar apenas os dados obtidos na realização da terceira atividade desta seqüência: a utilização da Tábua de Pitágoras. Atividades de reconhecimento dos divisores de um número Como já dissemos, nossa pesquisa consiste numa ampla seqüência de atividades que visa à construção de novos significados acerca da decomposição de um número em fatores primos por parte dos alunos. Iniciamos a seqüência com o jogo dos restos1. Nele os alunos conceituaram múltiplo e fator de um número a partir das distribuições de resto zero, reconheceram, na análise da situação, que, se um número é múltiplo de outro, então este último é divisor do primeiro e utilizaram o simbolismo associado aos conceitos de múltiplo e divisor de um número. Dando continuidade, neste segundo grupo de atividades, a discussão acerca da obtenção dos divisores de um número se intensificou e os aluno puderam confrontar os conceitos de números primos e números 1 A descrição e a análise dos dados obtidos no jogo dos restos se encontram nos anais da VIII Reunião de Didática da Matemática do Cone Sul. compostos. Foram duas atividades: a construção de retângulos2 e a tábua de Pitágoras. Vamos descrever e analisar os dados obtidos na segunda. Apresentação da Tábua de Pitágoras A tábua de Pitágoras é uma tabela de dupla entrada 11 x 11 cujas células da primeira coluna são preenchidas a partir da segunda linha com os números naturais de 1 a 10 e cujas células da primeira linha são preenchidas a partir da segunda coluna com os números naturais de 1 a 10. As demais células amn são preenchidas pelo produto de (m – 1) por (n – 1) com 2 ≤ m, n ≤ 11. A figura abaixo corresponde a uma Tábua de Pitágoras já preenchida: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 2 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 3 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 4 4 8 12 16 20 24 28 32 36 40 5 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 6 6 12 18 24 30 36 42 48 54 60 7 7 14 21 28 35 42 49 56 63 70 8 8 16 24 32 40 48 56 64 72 80 9 9 18 27 36 45 54 63 72 81 90 10 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Objetivos da atividade Por meio desta atividade pretende-se criar condições que favoreçam ao aluno: - Memorizar o repertório multiplicativo de cada base. - decompor um inteiro como produto de dois números. - Tomar consciência de que um número pode ser múltiplo/divisor de muitos outros. - Identificar os divisores de um número. - Explicitar a relação multiplicação/divisão. Para cada multiplicação inferir duas divisões. Material usado 2 A descrição e a análise dos dados obtidos na construção de retângulos se encontram nos anais do IX ENEM. - Uma folha de papel com o desenho da tábua para cada aluno. - Uma grande tábua para ser preenchida coletivamente. - Giz de cera colorido. Descrição da atividade Realizamos esta atividade em duas etapas. A primeira consistiu em preencher e pintar partes da tábua e a segunda consistiu em refletir sobre o que foi pintado. Pedimos aos alunos que preenchessem a linha e a coluna do 2, que chamamos de tábua do 2 e, em seguida, pintassem-nas de azul. Solicitamos o mesmo trabalho com as tábuas do 5 e do 8 cujos termos foram coloridos, respectivamente , de amarelo e de vermelho. Finalmente pedimos que completassem as demais tábuas. Já, na segunda etapa, colocamos as seguintes questões para que os alunos tentassem responder em dupla ou individualmente: - Por que são aqueles números que estão na tábua de 2? - Como podemos obter um número da tábua de 2 conhecendo o seu antecessor? E se conhecêssemos apenas o seu sucessor? - Os números que estão na tábua de 2 são pares ou ímpares? Se prolongássemos a tábua apareceria algum número ímpar? Por quê? - Há números que também pertencem à tábua do 5? - Se prolongássemos a tábua, que outros números também pertenceriam simultaneamente à tabua do 2 e do 5? - Quais os números da tábua de 4 que já foram escritos na tábua do 2? - Quais os números da tábua de 2 que foram escritos na tábua do 4? E quais não foram escritos? - Quais os números da tábua de 8 que já foram escritos na tábua do 4? - Quais os números da tábua de 4 que foram escritos na tábua do 8? E quais não foram escritos? - Quais os números da tábua de 8 que já foram escritos na tábua do 2? - Quais os números da tábua de 2 que foram escritos na tábua do 8? E quais não foram escritos? - Quais números pertenciam simultaneamente às tábuas de 2 e 4? - Os números da tábua de 10 pertenciam simultaneamente a que tábuas? Análise da atividade Destacamos, na primeira etapa, alguns aspectos interessantes. A representação escrita dos termos foi feita de duas maneiras diferentes. Houve aqueles alunos que apenas colocavam o número e houve aqueles que escreveram uma igualdade matemática. Por exemplo, o termo correspondente à linha do 2 e à coluna do 3 foi representado por alguns alunos apenas pelo número 6 e, por outros alunos, pela igualdade 2 x 3 = 6. Além destas diferentes representações, identificamos duas estratégias distintas para obtenção dos números, que são: a) Demonstraram já ter internalizado as tabuadas e obtinham imediatamente os números adequados ao preenchimento; b) Adicionavam o número da tábua ao termo anterior para obter o termo seguinte; Passando à segunda etapa, a reflexão sobre a tábua permitiu que abordássemos as seguintes propriedades: 1) A seqüência dos múltiplos consecutivos de um número é uma progressão aritmética cuja razão é este número. O preenchimento das tábuas contribuiu bastante para que os alunos concluíssem esta propriedade. Além disso, pedíamos que falassem em voz alta os termos consecutivos que compõem cada tábua, o que impediu a construção da equivocada idéia de que a seqüência dos múltiplos de um número é finita. “Cantando os números”, como costumavam chamar este momento, os alunos percebiam a lei de formação da seqüência e, na maioria das vezes, ultrapassavam os limites da tabela. Outra evidência de que haviam identificado uma progressão aritmética na seqüência dos números que compõem cada tábua, pode ser percebida numa das estratégias usadas para preencher a tábua. Eles demonstraram saber que, conhecendo o termo anterior, basta adicionar a ele a razão para obtermos o termo seguinte. Ou, para obtermos o termo anterior, basta subtrairmos a razão do termo seguinte. 2) Para cada coluna, obtêm-se três igualdades matemáticas Como mencionamos, alguns alunos escreviam em cada célula a igualdade matemática correspondente. Estas escritas nos serviram como ponto de partida para a reflexão sobre a obtenção de outras igualdades. Desejávamos que, observado, por exemplo, a igualdade 2 x 3 = 6, os alunos escrevessem 6 : 3 = 2 e 6 : 2 = 3. Ou ainda, observando a igualdade 6 : 2 = 3, escrevessem 2 x 3 = 6 e 6 : 3 = 2. Nas discussões, eles concluíram que era necessário “percorrer um caminho” (linha e coluna) para localizar a célula. Concluíram também que este caminho fornece os números que compõem o primeiro membro da igualdade matemática que escreviam na célula. Como tivemos dificuldades para discernir os alunos que acertavam compreendendo a estrutura matemática em questão daqueles que acertavam sem uma compreensão clara dos procedimentos que adotavam, oferecemos uma igualdade envolvendo quociente e pedimos que escrevessem outras duas – uma com produto e outra com quociente. Percebemos que os alunos haviam criado uma representação para 2 x 3, outra representação para 3 x 2 e reconheciam a comutatividade da multiplicação. Além disso, o fato de identificar as duas possíveis células que teriam “gerado” a igualdade que propomos (6 : 3 = 2) nos sugeriu alguma compreensão da estrutura multiplicativa e não apenas um conhecimento superficial fundamentado na posição que os números ocupavam na igualdade. Outro aspecto abordado com base nas igualdades matemáticas foi o uso das expressões múltiplo, fator ou divisor. Tentamos promover o uso adequado destes termos. Entretanto, quando pensávamos que os alunos dominavam a nomenclatura, éramos surpreendidas por algum equívoco que cometiam. Podemos afirmar que ainda não foi nesta atividade que as dificuldades relativas ao uso da nomenclatura foram superadas. O que é mais curioso é que tais equívocos não constituíram obstáculos para que identificassem os fatores de um número. Mesmo usando, em alguns momentos, a nomenclatura inadequadamente, os alunos reconheciam que, para cada número que escolhessem, há um conjunto formado por números que o dividem de forma exata. E, assim, passaram à obtenção de todos os fatores de alguns números. O procedimento adotado que adotaram pode ser sintetizado nos seguintes passos: 1º passo: Localizar na tábua todas as células em que o número cujos fatores se deseja obter aparece. 2º passo: Percorrer o “caminho” de cada célula, isto é, identificar os números de sua linha e de sua coluna. Estes números são alguns dos fatores do número. 3º passo: Acrescentar aos fatores identificados acima o 1 e o próprio número. Verificamos, porém, que, com estes passos, a possibilidade de obtenção de todos os fatores do número em questão é bastante reduzida. Isto porque nem todos os produtos se encontram na tabela 10 por 10. Por exemplo, seguindo os passos para obter os fatores de 30, os alunos encontravam 1, 3, 5, 6, 10 e 30. Não incluíam o 2 e o 15, porque o produto 2 x 15 não consta na tabela 10 por 10. Era preciso que ficassem atentos às necessidades de ampliar a tabela. E isto até já estava se concretizando. As questões que se levantavam eram: que critérios deviam adotar para reconhecer a necessidade de expandir a tabela? Como decidir até que tamanho era necessário expandi-la? Assim, concluímos que esta atividade em muito havia contribuído para que os alunos admitissem que a todo número inteiro está associado um conjunto que contém todos os seus fatores, porém ela não lhes assegurava a obtenção de todos os elementos deste conjunto. Tal conclusão nos levou a aprofundar as discussões acerca de critérios de divisibilidade. 3) A discussão de alguns critérios de divisibilidade A observação de regularidades no preenchimento da tábua criou condições para que os alunos enunciassem critérios de divisibilidade por 2, 5 e 10. Iniciamos pelo critério de divisibilidade por 2 e concluímos o tanto que os aspectos da estrutura aditiva influenciam diretamente a construção de conceitos ligados ao campo multiplicativo. Mesmo sem enunciar formalmente, alguns alunos ainda utilizaram resultados mais sofisticados como a soma de números pares é sempre um número par e a soma de um número par com um número ímpar é sempre um número ímpar. Em seguida, priorizando o critério de divisibilidade por 5, solicitamos aos alunos que nos ajudassem a acabar de completar a tábua do 5 na tabela que havíamos colocado no quadro. Há dois aspectos importantes que não podemos deixar de mencionar. O primeiro corresponde à tentativa de alguns alunos de identificar na situação que estava sendo discutida (números usados para preencher a tábua do 5) princípios que utilizam em outras situações (leitura das horas num relógio). Em outras palavras, eles aproximaram a situação que estavam vivendo de outra que já dominam plenamente. O outro aspecto diz respeito ao enunciado do critério de divisibilidade por 5. Diferentemente da discussão acerca do critério de divisibilidade por 2, neste caso, além da reflexão tendo por base a seqüência dos múltiplos de 5, os alunos tentaram formular verbalmente o critério de uma maneira mais formal e desprezaram os exemplos numéricos. Mas o fato que mais chamou nossa atenção foi a tentativa de alguns alunos de formular critérios de divisibilidade por outros números diferentes de 2 e de 5. Eles tentavam aplicar o procedimento de observar apenas o algarismo das unidades do número para decidir sobre sua divisibilidade. A fim de criarmos condições para que revissem este pensamento, propomo-lhes alguns contra-exemplos. Pedimos que verificassem se os números 10, 13, 16 e 19 são divisíveis por 3. Realmente, por meio dos contra-exemplos, muitos alunos conseguiram perceber que não é possível estender para a divisibilidade por 3 o procedimento de observar o algarismo das unidades do número, procedimento próprio dos critérios de divisibilidade por 2 e por 5. Entretanto, os contra-exemplos não foram suficientes para que eles deduzissem o critério de divisibilidade por 3. Embora alguns tenham demonstrado interesse por outros critérios de divisibilidade, julgamos que aprofundar esta discussão nos faria fugir dos objetivos centrais desta pesquisa e conduzimos a discussão para a descoberta de múltiplos comuns ao 2 e ao 5. Este foi o momento mais crítico. A tábua de Pitágoras se revelou um meio útil para que os alunos percebessem que um número pode ser múltiplo de muitos outros, mas a observação das cores os conduzia a desconsiderar os vários múltiplos comuns de dois números. Por exemplo, alguns alunos identificaram como múltiplo de 2 e de 5 aquele número que ficou pintado de verde. Desse modo, consideraram apenas o 10 e desprezaram outros como 20, 30, 40 etc. Retomando o diálogo, procuramos dar ênfase aos critérios de divisibilidade por 2 e por 5. Observando novamente a tabela, todos puderam concluir que, além do 10, havia números que são múltiplos de 2 e de 5 que não estavam pintados de verde. Chamaram este fato de Perigo da Tabela. Indagados sobre o porquê deste nome, responderam: “Porque a gente fica pensando que só o 10 que serve porque ele está verde, mas tem muito mais. A última linha toda!” 4) Se a é múltiplo de b, todo múltiplo de a será múltiplo de b, mas nem todo múltiplo de b será múltiplo de a. Dando seqüência, partimos para a reflexão sobre múltiplos comuns de 2 e de 8. Distinguimos três ações diferentes adotadas pelos alunos para identificar os números que são múltiplos comuns a 2 e a 8: a) Simplesmente observar a tábua do 2 e a tábua do 8, buscando os números que constam nas duas tábuas. b) Testar a divisibilidade por 2 e por 8 de todos os números da tabela. c) Verificar entre os múltiplos de 8 aqueles que são pares. As três ações, entretanto, conduziram a resultados diferentes. Enquanto os alunos que executaram a primeira encontraram apenas o 8 e o 16, aqueles que executaram a segunda e a terceira concluíram que todos os números da tábua do 8 são múltiplos de 2. Pensamos inicialmente que, diante dos resultados, pelo menos, estes últimos pudessem já ter concluído por conta própria que todo múltiplo de 8 é múltiplo de 2, pois o 8 é múltiplo de 2, o que não aconteceu. Os alunos repetiam o procedimento adotado na identificação dos múltiplos comuns a 2 e a 5 e não se referiam ao fato de o 8 ser múltiplo de 2. Isto aconteceu somente quando propusemos questões semelhantes, envolvendo o par 2 e 4. Finalmente, questionávamos se conseguiriam estender este raciocínio a outros pares de números, como, por exemplo, 3 e 9 ou 3 e 12. Conseguiriam perceber que todo múltiplo de 9 é múltiplo de 3 e que todo múltiplo de 12 é múltiplo de 3? Ou só conseguiam refletir acerca da divisibilidade por 2? Mas os alunos estenderam o raciocínio apenas ao par 3 e 9. Numa análise de suas colocações, concluímos que os fatos de 9 ser o quadrado de 3 e de o único fator positivo de 9, diferente dos triviais, ser o 3 foram fundamentais para tal procedimento. Suas respostas sugerem que estenderam indevidamente para a estrutura multiplicativa a propriedade da estrutura aditiva que garante que a soma de números divisíveis por certo número também é divisível por ele. Além disso, o fato de não haver registro da tábua do 12 e, portanto, os alunos não poderem observar a seqüência dos seus múltiplos, suas regularidades e características, prejudicou suas possibilidades de conjecturar acerca do par 3 e 12. Considerações Finais Como foi visto, em todas as etapas da atividade, os alunos produziram significados para os conceitos de múltiplo, divisor e suas propriedades tendo como suporte a tábua de Pitágoras. O conhecimento destas condições nos fez questionar o seu alcance e a veracidade dos dados obtidos: Os objetivos foram realmente contemplados? Os alunos conseguiriam generalizar as propriedades dos múltiplos e divisores de um número que deduziram a partir da observação da tábua? Nesse sentido, a análise das transcrições dos diálogos e a observação das filmagens da atividade nos permitiram concluir que apenas parte da turma iniciava o processo de abstração e, devido ao fato de este ainda não estar completo, muitas vezes, os alunos voltavam a observar a tábua. Decidimos, então, realizar a atividade de construção de retângulos com unidades quadradas, o que nos permitiu retomar o assunto com os alunos e favorecer-lhes mais alguns passos no caminho da abstração das idéias matemáticas ligadas às propriedades das relações “múltiplo de” e “divisor de” que se estabelecem entre pares de números. Referências Bibliográficas Franchi, A. (1995). Compreensão das situações multiplicativas elementares. Tese de doutorado. PUC-SP. Franchi, A. (1999). Considerações sobre a teoria dos campos conceituais. In Alcântara Machado, S.D. et al. (1999). Educação Matemática: uma introdução. São Paulo. EDUC. pp. 155-195. Moreira, M.A. e Sousa, C.M.S.G. (2002). Dificuldades de alunos de Física Geral com o conceito de potencial elétrico. Projeto de pesquisa em andamento. Vergnaud. G. (1990). La théorie des champs conceptuels. Recherches en Didactique des Mathématiques, 10 (23): 133-170.