CAMPANHA DA FRATERNIDADE
ECUMÊNICA
2010
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ECONOMIA E VIDA
“Vocês não podem servir a Deus e ao
Dinheiro” (Mt 6,24)
Conselho Nacional das Igrejas Cristãs
CONIC
2
ORAÇÃO
Ó Deus criador, do qual tudo nos vem, nós te
louvamos pela beleza e perfeição de tudo que
existe como dádiva gratuita para a vida
Nesta Campanha da Fraternidade Ecumênica,
acolhemos a graça da unidade e da convivência
fraterna, aprendendo a ser fiéis ao Evangelho
Ilumina, ó Deus, nossas mentes para compreender
que a boa nova que vem de ti é amor,
compromisso e partilha entre todos nós, teus
filhos e filhas
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Reconhecemos nossos pecados de omissão
diante das injustiças que causam exclusão
social e miséria
Pedimos por todas as pessoas que trabalham
na promoção do bem comum e na condução
de uma economia a serviço da vida
Guiados pelo teu Espírito, queremos viver o
serviço e a comunhão, promovendo uma
economia fraterna e solidária, para que a
nossa sociedade acolha a vinda do teu
Reino. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.
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INTRODUÇÃO
 Esta é a terceira Campanha Ecumênica
Objetivo Geral
Colaborar na promoção de uma economia a serviço da vida, fundamentada no
ideal da cultura da paz, a partir do esforço conjunto das Igrejas cristãs e de
pessoas de boa vontade, para que todos contribuam na construção do bem
comum em vista de uma sociedade sem exclusão
 O que entendemos por bem comum
 Bem comum é o conjunto de condições sociais que permitem e favorecem às
pessoas o desenvolvimento integral da personalidade
 Pio
XII afirma que a riqueza de uma nação não se mede por critérios
quantitativos, mas pelo bem estar do seu povo
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■ O que é o CONIC
Conselho Nacional de Igrejas cristãs do Brasil
Fundado em 1982
Associação fraterna de Igrejas cristãs
- Igreja Católica Apostólica Romana
- Igreja Episcopal Anglicana no Brasil
- Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil
- Igreja Presbiteriana Unida do Brasil
- Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia
Missão: servir às Igrejas cristãs no Brasil, na vivência
da comunhão em Cristo, na defesa da integridade da
criação, promovendo a justiça e a paz para a glória de
Deus
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FRATERNIDADE E QUARESMA
■ Propósitos:
Ajudar
a construir novas relações, apontando
princípios de justiça, denunciando ameaças e violações
da dignidade e dos direitos da pessoa humana, abrindo
caminhos de solidariedade
Suscitar uma sociedade em que todos se sintam como
família, em paz, harmonia e segurança
Viver
a quaresma como tempo propício para a
conversão da pessoa em todas as suas dimensões
individual, comunitária e social
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FRATERNIDADE E ECONOMIA
Economia:
do grego oikos + nomos, significa
literalmente “administração da casa” tem o sentido
de providenciar tudo que é necessário à
sobrevivência
A
CF-2010, celebrada ecumenicamente,
quer
mostrar o Caráter humano da economia, como
atividade realizada por pessoas, devendo orientar-se
ao serviço das pessoas, razão de ser da vida
econômica e social
A economia, como ciência, deve ser orientada para
o Bem Comum
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OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Sensibilizar
a sociedade sobre a importância de
valorizar todas as pessoas que a constituem
Buscar a superação do consumismo, que faz com
que o "ter" seja mais importante do que as
pessoas
Criar laços entre as pessoas de convivência mais
próxima, em vista do conhecimento mútuo e da
superação tanto do individualismo como das
dificuldades pessoais
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Mostrar a relação entre fé e vida, a partir
da prática da Justiça, como dimensão
constitutiva do anúncio do Evangelho
Reconhecer as responsabilidades
individuais diante dos problemas
decorrentes da vida econômica, em vista da
própria conversão
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ENCAMINHAMENTOS
Esses objetivos devem ser trabalhados em quatro níveis:
Social, Comunitário,Eclesial e Pessoal
Desejamos
a preservação da grande casa comum, o
planeta terra, planeta da vida e da morada da família
humana, em vista da sua sustentabilidade
Buscamos
mudanças na economia, na administração
dessa casa comum, em fraterna cooperação entre toda a
sociedade: cristãos e cristãs, seguidores de diferentes
religiões e pessoas de boa vontade
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ESTRATÉGIAS
Denunciar
a perversidade de todo modelo econômico
que visa em primeiro lugar o lucro, sem se importar com a
desigualdade, miséria, fome e morte
Educar para a prática de uma economia de
solidariedade, de cuidado com a criação e valorização da
vida como bem mais precioso
Conclamar as Igrejas, as religiões e toda a sociedade
para ações sociais e políticas que levem à implantação de
um modelo econômico de solidariedade e justiça para
todos
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PRIMEIRA PARTE
A VIDA EM PRIMEIRO LUGAR
“Cuidado! Guardai-vos de
toda ganância; não é pelo
fato de um homem ser rico
que ele tem a vida
garantida pelos seus bens”
(Lucas 12,15)
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A DÁDIVA DA VIDA E A LÓGICA
DO MERCADO
Criação: ato livre e amoroso de Deus, cuja gratuidade
deve encontrar reflexo no agir humano
Somos chamados a viver a vida como dádiva e a
superar a lógica do mercado
Há valores que não podem ser negociados
A
sociedade do mercado nos afasta das raízes da
árvore da vida que são amor, dádiva, fraternidade e
solidariedade
Tira-nos dos lábios o agradecimento e do coração o
sentimento de gratidão
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A VIDA DE CADA UM LIGADA À
VIDA DE TODOS
■ Não somente recebemos a vida de graça, mas
dependemos uns dos outros. Constituímos a “família
humana”
Temos necessidade humana da convivência
Somos marcados de direitos, deveres
e
responsabilidades, como o de satisfazer todas as
necessidades para uma vida de qualidade e o de
possibilitar o desenvolvimento de todas as
capacidades de que uma pessoa é dotada
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ECONOMIA A SERVIÇO DA VIDA OU
VIDAS À DISPOSIÇÃO DA ECONOMIA?
■ Como seguidores de Jesus Cristo e participantes
da vida social, somos chamados a construir uma
justiça econômica maior diante da persistência da
indigência,
da
pobreza
e
das
grandes
desigualdades sociais
Exigência ética de melhorar a vida de todos
Economia a serviço da dignidade humana
Economia para o bem comum
Garantir oportunidades iguais
Satisfazer necessidades básicas
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A QUESTÃO DA ÁGUA
A água é um direito de todos os seres vivos!
Desafio: Transformação da água em mercadoria, à luz de um
raciocínio de que tendo que pagar, a utilização da água será
mais racional e cuidadosa
Na
verdade: a classificação da água como mercadoria
representa o triunfo da lógica do mercado e a transformação
da água em objeto de lucro das grandes empresas
capitalistas, pois implica em retirar da água sua dimensão de
direito humano, seu caráter vital, sua dimensão sagrada
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PLANETA TERRA, CASA DE TODOS
■ Terra: é o único planeta conhecido onde a vida
viceja exuberante, onde o ser humano foi
colocado como em um jardim do qual deve
cuidar
■ Cuidado X ganância:
Devastação e autodestruição
Desafio: Refazer a criação - dever de fé
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DESAFIOS E ESPERANÇAS
■ Hoje
temos mais informações, podemos
perceber melhor os problemas e podemos
denunciar mais
■ Algumas iniciativas que sinalizam esperanças
Instituições de serviço voluntário
Organizações voltadas para
o
meio
ambiente
Movimentos de solidariedade
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SEGUNDA PARTE
VER
“Havia um homem rico
que se vestia de púrpura e linho
fino
e dava banquete todos os dias.
E um pobre, chamado Lázaro,
cheio de feridas,
que estava caído à porta do rico”
(Lc 16, 19 – 21)
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O NÚMERO DE POBRES É
INCONTÁVEL
■ FAO - fome no mundo: 1,02 bilhões
■ IETS - Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade:
no Brasil (dados de 2007)
10,7 milhões de indigentes
43,6 milhões de pobres
A globalização e o desenvolvimento não resolveram o
problema da justiça social
21
OS POBRES NÃO SÃO APENAS
DESTINATÁRIOS DA NOSSA COMPAIXÃO
■ É preciso ter presente a urgência nos processos de
inclusão, de modo a facilitar aos mais empobrecidos o
ingresso na cidadania plena
■ Considerar “importantes” não só os bem vestidos, mas
aprender a admirar os pobres que lutam com muito
menos recursos para sobreviver e dar um futuro melhor
aos filhos(as)
■ Não apenas socorrer, também ouvir, levar a sério,
valorizar suas capacidades e potencialidades
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UM SONHO DE TODAS AS PESSOAS
■ Pobreza não é fatalidade, nem resultado de
fenômenos naturais, como enchentes ou seca
É preciso trabalhar melhor nossa
organização e solidariedade para
superação da pobreza: material, intelectual,
afetiva e espiritual
Para que todos possam desfrutar de todos
os bens
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OBSTÁCULOS A SEREM
SUPERADOS
■ Consumismo desenfreado, para satisfazer
necessidades e interesses, e a maximização
do lucro
■ ONU: Metas do milênio - os bancos, para a
sua salvação diante da crise econômica,
ganharam mais dinheiro em 2008 do que
todas as nações pobres do mundo em 50
anos
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UM DESENVOLVIMENTO
DESEQUILIBRADO
■ Desde os tempos da Colônia, as políticas
econômicas no Brasil visaram mais proteger o
patrimônio e os investimentos dos ricos do que
cuidar da vida dos pobres
■ Resultado: trabalho escravo, exploração, alto
nível de pobreza da população, reforço da
riqueza da classe dominante, analfabetismo, má
remuneração e aumento da dívida pública
interna e externa
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AS GRANDES DÍVIDAS
■ Dívida interna:
Início do governo FHC: R$ 62 bilhões
Início do governo Lula: R$ 687 bilhões
Dezembro de 2008: R$ 1,6 trilhões
■ Dívida externa: Dezembro de 2008 = US$ 267
bilhões
BA - 1.274.000 de indigentes
MA - 1.078.000 de indigentes
CE - 991.120 indigentes
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■ No século XXI, o Brasil volta a crescer em
democracia, segura a estabilidade da moeda e
busca aumentar a distribuição de renda, mas
não consegue diminuir a dívida social
acumulada
■ Não basta crescer no volume global de recursos
se os pobres não chegam a alcançar as
condições a que todo ser humano tem direito
27
AS GRANDES DÍVIDAS
■ Fracasso da reforma agrária (4.800.000 famílias
sem terra)
■ Agronegócio acima das necessidades do povo
■ Corrupção em todos os níveis
■ Degradação do meio ambiente: desmatamento,
queimadas, uso irresponsável dos recursos do
meio ambiente
O Brasil é o quarto maior emissor de gases de
efeito estufa no mundo
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AS CONDIÇÕES DE TRABALHO
■ O trabalho humano é elemento essencial de todo
desenvolvimento e assume uma importância
decisiva nas questões sociais no sentido de tornar a
vida mais humana
■ A organização do trabalho no Brasil permanece
precária. Temos: Trabalho formal, trabalho informal,
trabalho escravo, trabalho sazonal, trabalho infantil,
desemprego e subemprego
■ Os pobres acabam inventando de tudo para
sobreviver
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PODER E DIREITOS SOCIAIS
■ Os processos de desenvolvimento econômico
deveriam implicar em uma redistribuição dos
benefícios e favorecer uma partilha do poder
entre os diversos atores sociais
■ Trabalhadores(as), desempregados(as), famílias
carentes, jovens e outros precisariam ser
ouvidos e levados em conta na hora das
decisões em vista da redução das desigualdades
sociais, promoção do bem comum e superação
de preconceitos e discriminações
30
RESPOSTAS DO ESTADO
■ Orçamento Geral da União – 2008
30,57% - dívida pública
4,81% - saúde
3,08% - Assistência Social
2,57% - educação
0,59% - Segurança Pública
0,27% - Organização Agrária
0,02% - Habitação
0,16% - Gestão Ambiental
0,12% - Urbanismo
0,06% - Cultura
0,05% - Saneamento
Transferências a estados e municípios: 13,61%
Previdência social – 27,84%
31
A CULTURA DO CONSUMISMO
■ Vivemos em uma economia de mercado que
coloca o aspecto financeiro acima de todos os
demais e transforma tudo em mercadoria; que
valoriza pessoas pelo seu padrão de consumo; que
cria vícios de acúmulo do supérfluo como forma de
alguém se sentir importante
Pessoa: torna-se meio - perda de valor
Religião: mercadoria – teologia da prosperidade
Cultura do descartável (propaganda)
32
NOVOS CAMINHOS E
PARTICIPAÇÃO POPULAR
■ Precisamos pensar no papel da educação, principalmente
a partir da realidade familiar, em vista do exercício da
cidadania, levando cada pessoa a assumir a sua
responsabilidade social, tornando-se capaz de ações
transformadoras da sociedade
■ É necessário desenvolver o senso crítico diante dos
falsos valores que fundamentam uma sociedade
individualista, consumista e competitiva, veiculada
principalmente através dos meios de comunicação social
Nesse processo, é importantíssimo a atuação dos
Movimentos sociais, Igrejas, ONGs, Sindicatos,
Organizações civis e aparelho estatal
33
APELO ÀS IGREJAS
■ Olhar a realidade a partir dos oprimidos e
excluídos: ser comunidade não conformista,
mas transformadora
■ Estar juntos com o povo que sofre e com a
criação que geme, em solidariedade com os
que
estão
construindo
comunidades
alternativas
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TERCEIRA PARTE
JULGAR
“Vocês não podem servir
a Deus e ao Dinheiro”
(Mt 6, 24)
35
UM SISTEMA ECONÔMICO PARA TODAS
AS PESSOAS
■ O individualismo afasta do Projeto de Deus
■ A Palavra de Deus ilumina os vários âmbitos:
Social:
profetas denunciam os poderosos, os que
enriquecem à custa do povo e não cuidam bem
daqueles que deveriam servir
Comunitário: convoca à convivência social, pagando
o digno salário e prestando socorro ao necessitado
Pessoal: exortação a fugir da corrupção e a praticar a
partilha
Eclesial: Deus quer a justiça e a fraternidade
O modo como são atendidos os orfãos, as viúvas e os
estrangeiros é o “termômetro” da fidelidade do povo em 36
relação a Deus
A BÍBLIA E O BEM COMUM
■ No contexto de uma sociedade agrícola, toda a atividade
econômica é regulada e limitada no âmbito das relações
de Deus com Israel: Deus como Senhor e doador dos
bens da Criação (Gn)
À
semelhança de Deus, as pessoas devem amar o
que foi criado; zelar por esta obra e não destruí-la ou
usá-la de forma irresponsável ou egoísta
Ano sabático e Ano jubilar: restauração da justiça e do
bem comum (Dt 15,1 e Lv 25,8-17), superando as
conseqüências da injustiça social
Deus não quer nenhum de seus filhos sem meios de
sobreviver com dignidade e de se desenvolver
37
O DESCANSO DA TERRA
■ Os seres humanos pertencem à criação, foram
criados à imagem e semelhança de Deus. São
chamados a:
Ter cuidado com a criação à imagem do Criador
Fazer a experiência de que a terra, dom de Deus,
é para a família dos filhos e filhas de Deus
Trabalhar intensamente em favor de um respeito
cada vez maior pelas maravilhas da criação divina,
sobretudo diante dos desafios da devastação da
natureza e do consumo desenfreado
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A BÍBLIA QUER JUSTIÇA PARA
OS POBRES
■ A história humana é marcada
explorações, injustiças e ganância
pelas
ambições,
■ A Bíblia se volta decididamente para a defesa dos pobres
■ O respeito ao direito do pobre: exigência básica da
Aliança (Is 1,17-28; Dt 15,7-8 e 24,19-22)
■ Iluminados pelos ensinamentos bíblicos devemos
trabalhar as realidades de nosso tempo: direito ao
trabalho, à saúde e educação públicas e de boa
qualidade, saneamento urbano e outras estruturas que
hoje podem promover o bem-estar de todos
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CRÉDITOS E JUROS
■ Bíblia: preocupação com os pobres também quando
trata do empréstimo, dos juros e penhores
“Se
emprestares dinheiro ao meu povo, ao
necessitado que está contigo, não agirás com ele
como um agiota, não lhe cobrareis juros. Se tomares
o manto de teu próximo em penhor, devolvê-lo-ás ao
pôr do sol, pois o manto que lhe protege a pele é o
seu único cobertor. Em que deitaria? E se acontecer
de ele clamar a mim, hei de ouvi-lo pois eu sou
compassivo” (Ex 22, 24-26)
40
OS DIREITOS DOS TRABALHADORES
■ Preocupação central: não o lucro do empregador, mas a
vida dos trabalhadores
Profetismo: condenação da exploração do trabalho
(Jr 22,13; Am 2,6-7a)
Deus cobre de bens os famintos e despede os ricos
sem nada (Lc 1,53)
“Em nossa sociedade, privar um homem de emprego ou
meios de vida equivale, psicologicamente, a assassinálo. Por que isso é o mesmo que dizer a esse homem que
ele não tem o direito de existir” (Luther King)
41
NO REINO DE DEUS A LEI É A
SOLIDARIEDADE
■ Novo olhar para a justiça econômica
■ Parábola dos Trabalhadores da Vinha: pagamento que
atende às necessidades básicas (Mt 20,1-6)
■ Multiplicação dos pães: partilha (Mc 6,30-44)
■ Tive fome e me destes de comer: juízo final – exigência
da fraternidade e da solidariedade (Mt 25,31-40)
Se realmente nos sentirmos irmãos, parte da mesma
família humana, certamente viveremos de modo mais
solidário
42
EXPERIÊNCIAS DE SOLIDARIEDADE
■ Temos que apontar caminhos de reformulação do modelo
econômico. Algumas contribuições:
Ajudas emergenciais, sobretudo em catástrofes
Necessidade de ações transformadoras
Organização civil como complemento às ações
governamentais
■ No Brasil:
Cáritas Brasileira
Coordenadoria Ecumênica de Serviço CESE
Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor CAPA
Serviço Anglicano de Desenvolvimento SAD
■ Ação da cidadania contra a miséria e a fome, economia
solidária, CFs, semanas sociais...
43
O PAPEL DO ESTADO
■ Garantir o crescimento e funcionamento do
sistema econômico participativo
■ Ouvir os diferentes setores da sociedade
■ Reconhecer e implementar políticas diante do
direito universal de proteção social
■ Desafio da Justiça tributária no Brasil
10% mais pobres destinam de sua renda o
equivalente a 32,8%
10% mais ricos: o ônus estimado é de 22,7%
44
OS DISCÍPULOS DE JESUS
E A OUTRA ECONOMIA
■ Economia do Império Romano: resultado de política
fiscal fundada nos impostos
■ A economia cristã: baseada na distribuição da riqueza,
destinada a socorrer os mais vulneráveis da vida civil e
social (At 4,32)
Quem acumula mais que o necessário pratica crime
(São Basílio, séc. IV)
A solidariedade com o pobre é lei de Deus e não
mero conselho (São Gregório de Nissa)
Hoje as comunidades cristãs devem se interrogar sobre
seu patrimônio, seu uso do dinheiro e seu compromisso
45
com a transformação econômica e social do país
QUARTA PARTE
AGIR
“Senhor,
eu reparto aos pobres
a metade dos meus bens e,
se prejudiquei alguém,
restituo-lhe o quádruplo”
(Lc 19, 8)
46
COMO VIVER HOJE A BOA NOVA
DE JESUS?
■ A evangelização e o amor a Deus não se
realizam sem o amor ao próximo e o zelo pela
justiça social
■ Âmbito social: Promoção de Políticas de
direitos, de participação consciente na
construção de uma sociedade justa e escolha
criteriosa e acompanhamento de políticos
■ Âmbito comunitário: Unir forças na luta por
direitos e igualdade, desenvolver a militância
através da sociedade organizada
47
■Âmbito eclesial: Serviço a Deus e aos
irmãos, tornar nossas comunidades
espaço para educação e mobilização
e trabalhar a formação da consciência
■Âmbito pessoal: Educar-se e educar
para o respeito aos direitos, para o
cuidado responsável com a natureza e
a Justa hierarquia de valores
48
A CF ECUMÊNICA
■ Quer ser um instrumento para o enfrentamento
crítico destas questões e para a denúncia de
modelos econômicos que priorizam o lucro
A economia deve garantir a sustentabilidade
e qualidade de vida para todos
■ Quer buscar linhas de compromisso concreto e
de ação para que a riqueza e a política
econômica sejam colocadas a serviço do
desenvolvimento integral de toda a sociedade
brasileira e da humanidade
49
URGÊNCIA DE AÇÕES COLETIVAS
■ Importância da ação coletiva para a
transformação social
■ Diálogo permanente
■ Articulação das forças sociais
■ Colaboração entre as Igrejas e a sociedade
50
ECUMENISMO E OPÇÃO
PELOS POBRES
■ Abandono da competição entre Igrejas
■ Unidade na promoção da economia a serviço da vida:
Formação de agentes, consumo ético e consciente,
trocas solidárias de bens e serviços, finanças
solidárias, redes e cadeias produtivas solidárias e
meios alternativos de comunicação e diálogo
■ Resistência à teologia da prosperidade: o cristão é
um servidor, não alguém que recorre a Deus em
busca de favores
51
EDUCAÇÃO PARA A SOLIDARIEDADE
■ Igrejas são espaços com especial condição para
desenvolver processos educativos, na linha da
educação popular.
■ Devem:
Ser
capazes de romper com as desigualdades de
classe, de gênero, raça e etnia
combater a discriminação, cuidar do planeta, valorizar
o respeito à dignidade humana e incrementar as
capacidades de diálogo e cooperação
Dar
testemunho de solidariedade, educar sobre o
consumismo e para o consumo responsável e para a
solidariedade
52
ECONOMIA SOLIDARIA E
COMPROMISSO SOCIAL
■ Incluir a alimentação adequada entre os direitos previstos
na Constituição Federal
■ Erradicar o analfabetismo
■ Eliminar a prática do trabalho escravo
■ Combater o trabalho infantil
■ Denunciar os abusos no mundo do trabalho
■ Mobilizar-se para o oferecimento de garantias legais de
trabalho e salário
■ Criar e multiplicar bancos de microcrédito e bancos
comunitários
■ Buscar a superação da pobreza tanto pela política como
53
pela religião
POLÍTICAS PÚBLICAS E
SOLIDARIEDADE SOCIAL
■ Exigir auditoria da dívida pública
■ Lutar em favor de uma tributação justa e
progressiva
■ Exigir políticas econômicas redistributivas
■ Priorizar, entre as políticas públicas, o direito à
alimentação e nutrição
■ Constituir novamente o Conselho de Seguridade
Social
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MEIO AMBIENTE E REFORMA
AGRÁRIA
■ Preservar o meio ambiente
■ Impedir a depredação dos recursos naturais
■ Garantir o acesso à água
■ Continuar a luta pela reforma agrária
■ Mobilizar para o apoio ao Plebiscito de iniciativa popular
pelo Limite de Propriedade da Terra, em defesa da
Reforma Agrária e da Soberania Territorial e Alimentar
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APELO A LÁZARO
Pelo amor que tenho aos ricos, a quem não devo
julgar, a quem não posso julgar e que custaram
o sangue de Cristo – eu te peço, Lázaro, não
fiques nas escadas e não te deixes enxotar...
Irrompe banquete adentro, vai provocar náuseas
nos saciados convivas.
Vai levar-lhes a face desfigurada de Cristo, de
que tanto precisam sem saber e sem crer.
Dom Helder Câmara
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CAMPANHA DA FRATERNIDADE ECUMÊNICA 2010