ISSN 1679-5954 Revista da Associação Brasileira de Ensino Odontológico - volume 11 - número 1 - janeiro/junho - 2011 REVISTA DA ABENO Associação Brasileira de Ensino Odontológico ABENO volume 11 número 1 janeiro/junho 2011 Associação Brasileira de Ensino Odontológico ABENO Associação Brasileira de Ensino Odontológico Copyright © Associação Brasileira de Ensino Odontológico, 2005 Todos os direitos reservados . Proibida a reprodução no todo ou em parte, por qualquer meio, sem autorização da ABENO . Catalogação-na-publicação (Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo) Revista da ABENO/Associação Brasileira de Ensino Odontológico . – Vol . 1, n . 1, (jan .-dez . 2001) . – São Paulo : ABENO, 2001Semestral ISSN# 1679-5954 A partir de 2005, vol . 5, n . 1 a publicação passa a ser semestral . 1 . Odontologia (Periódicos) I . Associação Brasileira de Ensino Superior (São Paulo) II . ABENO CDD 617 .6 BLACK D05 ABENO Associação Brasileira de Ensino Odontológico Presidente Maria Celeste Morita Rua Pernambuco, 540 - 1º andar Clínica Odontológica da UEL CEP: 86020-120 Centro - Londrina - PR E-mail: [email protected] Site: www.abeno.org.br apoio para esta edição: Sumário Publicação oficial da Associação Brasileira de Ensino Odontológico DIRETORIA (2010 a 2014) Presidente Maria Celeste Morita Vice-Presidente Adair Luiz Stephanello Busato Secretário Geral Luiz Sérgio Carreiro 1a Secretária Vânia Regina Camargo Fontanella Tesoureira Geral Elisa Emi Tanaka Carloto 1a Tesoureira Maura Sassahara Higasi COMISSÃO DE ENSINO Ana Isabel Fonseca Scavuzzi Cresus Vinícius Depes de Gouveia Elaine Bauer Veeck José Ranali (Presidente) José Tadeu Pinheiro Maria Ercília de Araújo Mário Uriarte Neto CONSELHO FISCAL João Humberto Antoniazzi (Presidente) José Galba de Menezes Gomes Léo Kriger Lino João da Costa Omar Zina Revista da Abeno Editor Científico José Luiz Lage-Marques Conselho Editorial Carlos de Paula Eduardo (FO-USP) Carlos Eduardo Francischone (FOB-USP) Célia Marisa Rizzatti Barbosa (UNICAMP) Cinthia Pereira M. Tabchoury (UNICAMP) Cláudio Luiz Sendyk (FO-USP) Daniela Lemos Carcereri (UFSC) Eduardo Saba Chujfi (UNICASTELO) Elaine Quedas Assis (UNICID e Uni.Guarulhos) Elisa Emi Tanaka (UEL) Élito Araújo (UFSC) Euloir Passanezi (FOB-USP) Fernando Ricardo Xavier da Silveira (FO-USP) João Marcelo Ferreira de Medeiros (UNITAU) Jorge Abrão (FO-USP) José Eduardo de Oliveira Lima (FOB-USP) José Ranali (FOP-UNICAMP) Liliane Soares Yurgel (PUC-RS) Lucimar Aparecida Britto Codato (UEL) Luiz Carlos Pardini (FORP-USP) Luiz Roberto Augusto Noro (UFRN) Marco Antonio Bottino (UNESP-SJCampos) Marco Antonio Campagnoni (FOAR) Maria Ercília de Araújo (USP) Maria Inês Barreiros Senna (UFMG) Maura Sassahara Higasi (UEL) Roberto Brandão Garcia (FOB-USP) Roberto Miranda Esberard (FOAR-UNESP) Rodney Garcia Rocha (FO-USP) Simone Tetu Moysés (UFPar) Sylvio Monteiro Júnior (UFSC) Vania Ditzel Westphallen (PUC-PR) Indexação A Revista da ABENO - Associação Brasileira de Ensino Odontológico está indexada nas seguintes bases de dados: BBO - Bibliografia Brasileira de Odontologia; LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde. v. 11, n. 1, janeiro/junho - 2011 Editorial Experiências exitosas na saúde fortalecem o ensino Maria Celeste Morita. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 Anais da 46ª Reunião Anual - 2011 Comissão Organizadora Local. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 Programação Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET-Saúde e Telessaúde da área de Odontologia Artigos Selecionados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 Resumos Selecionados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81 Vídeos Selecionados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131 Artigos Contribuição do PET-Saúde para a área de odontologia da UFPR na consolidação das Diretrizes Curriculares Nacionais e do SUS, nos municípios de Curitiba e Colombo-PR Contribution of the PET-Health program to UFPR’s Dentistry area in consolidating the national curriculum guidelines and the Unified Health System (SUS) in the cities of Curitiba and Colombo, PR Marilene da Cruz Magalhães Buffon, Denise Siqueira de Carvalho, Edevar Daniel, Helvo Slomp Junior, Giovana Daniela Pecharki, Cristhiane Aparecida Mariot, Cássio Murilo Ferreira, Gisele Blitzkow S. dos Santos, Joelcio Santos Madureira Junior, Débora Cássia da Costa Massaro, Maria Carolina Mosimann, Rita Helena Bergami, Larissa Cristiane Geraldo, Lícia Kiyomi Kamoi Kai . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 Vivência da odontologia no PET-Saúde da Família da UFAL. Aprendizado de ações coletivas baseado no ensinopesquisa-extensão acadêmicos The dentistry experience of the PET-Family Health Program at UFAL. Learning public health actions based on academic teaching-researchingextension principles Antonio Carlos de Souza Neto, Adeane Loureiro de Almeida, Paulo Rosa dos Santos Junior, Izabel Maia Novaes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 Formação profissional em odontologia: percepção discente da interação curricular Professional dentistry training: students’: perception of curricular interaction Mariana Gabriel, Elisa Emi Tanaka. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 O portfólio como estratégia facilitadora do processo de ensinoaprendizagem para a formação em odontologia. Adequação de metodologias de ensino utilizando o ambiente virtual de aprendizagem The portfolio as a facilitating strategy of the teaching-learning process for dentistry training. Suitability of teaching methods using the virtual environment for learning Myrna Maria Arcanjo Frota, Léa Maria Bezerra de Menezes, Carlos Henrique Alencar, Lidiane da Silva Jorge, Maria Eneide Leitão de Almeida. . . . . . . . . . . 23 Revista da ABENO • 11(1):3-4 3 Inserção do aluno de odontologia no SUS: contribuições do Pró-Saúde Insertion of the dental student in the SUS: contributions of the Pro-Health program Simone Dutra Lucas, Andréa Clemente Palmier, João Henrique Lara do Amaral, Marcos Azeredo Furquim Werneck, Maria Inês Barreiros Senna . . . . . . . . . . . . . . . 29 PET-Saúde/Vigilância - UNISC: A relação com o ensino Odontológico PET-Health/Surveillance - UNISC: Relationship with dental teaching Tassia Silvana Borges, Alexandre Daronco, Charlene do Santos Silveira, Eduardo Chaida Sonda, Beatriz Baldo Marques, Fabiana Battisti, Cristiane Pimentel Hernandes Machado, Alexandre Rauber, Marcos Moura Baptista dos Santos, Lia Gonçalves Possuelo. . . . 35 Integração Acadêmica e Multiprofissional no Pet-Saúde: Experiências e Desafios Academic and Multiprofessional Integration in the PET – Health Program: Experiences and Challenges Tarcísio Angelo de Oliveira Sobrinho, Carla Patrícia Perpétua Medeiros, Mariana Ribeiro Maia, Tatiana Carvalho Reis, Leonardo de Paula Miranda, Patrícia Ferreira Costa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde: formação baseada nos pressupostos das Diretrizes Curriculares Nacionais Education Program through Health Work: training based on the assumptions of the National Curriculum Guidelines Elisa Ribeiro de Oliveira, Lucimar Aparecida Britto Codato, Suely Tsuha Massaoka, Mariana Gabriel . . . . . . 43 Pró-Saúde – Odontologia/UNISC: experiências e contribuições na formação profissional Pro-Health – Dentistry/UNISC: experiences and contributions to professional training. Apresentação de vídeo educativo do projeto de extensão: “diagnóstico, tratamento e epidemiologia das doenças da cavidade bucal LEBU”, do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá - PR Presentation of an educational video of the extension project, “diagnosis, epidemiology and treatment of oral cavity diseases - LEBU,” Department of Dentistry, State University of Maringá - PR Wilton Mitsunari Takeshita, Lilian Cristina Vessoni Iwaki, Liogi Iwaki Filho, Mariliani Chicarelli da Silva, Neli Pieralisi, Vanessa Cristina Veltrini, Wesley Fernando Ferrari. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 Formação em odontologia e interdisciplinaridade: o Pró-Saúde da UFSC Interdisciplinarity and dentistry training: UFSC’s Pro-Health program Daniela Lemos Carcereri, Cláudio José Amante, Marynes Terezinha Reibnitz, Gianina Salton Mattevi, Grasiela Garret da Silva, Ana Clara Loch Padilha, Inês Beatriz da Silva Rath . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 Programa de teleodontologia da UFMG UFMG teledentistry program Rogeli Tiburcio Ribeiro da Cunha Peixoto, Simone Dutra Lucas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 A percepção de acadêmicos de odontologia sobre o PET-Saúde UFMS/SESAU, Campo Grande/MS, 2009 Dentistry students’ perceptions of the PET-Health UFMS/SESAU Program, Campo Grande, MS, 2009 Milca Lopes de Oliveira, Tenile Carvalho Coelho. . . . . . 76 ApêndiceS Índice de artigos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133 Índice de resumos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134 Normas para apresentação de originais . . . . . . . . 136 Micheli Chabat da Silva, Beatriz Baldo Marques, Magda de Sousa Reis, Renita Baldo Moraes. . . . . . . . . . . 47 Odontologia no PET-Saúde: pesquisa e integração ensino, serviço e comunidade Dentistry in the “PET-Saúde” Project: research and integration of teaching, service and community Wanda Terezinha Garbelini Frossard, Lucimar Aparecida Britto Codato, Maura Sassahara Higasi, Márcia Maria Benevenuto de Oliveira, João Paulo Menck Sangiorgio. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 4 Revista da ABENO • 11(1):3-4 EDITORIAL Publicação oficial da Associação Brasileira de Ensino Odontológico Experiências exitosas na saúde fortalecem o ensino E ste número da Revista da ABENO tem um relevante significado para o ensino de Odontologia no país. Em cada um dos trabalhos publicados é possível perceber o imenso movimento que faz a educação odontológica na busca de responder aos desafios de aproximar o ensino das necessidades da população brasileira. Os artigos sistematizam os resultados dos trabalhos apresentados durante a I Mostra de Experiências Exitosas de Projetos do Programa de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde), Programa de Educação pelo Trabalho para a saúde (PET-Saúde) e do Programa Nacional de Telessaúde da area de Odontologia (Teleodontologia), em Florianópolis, durante a 46ª Reunião da ABENO entre os dias 10 e 13 de agosto de 2011. Tratou-se de um evento paralelo, extremamente necessário para o conhecimento dos benefícios que foram alcançados pelas Instituições de Ensino Superior em parceria com os Serviços de Saúde, visando à qualificação profissional para o SUS. Tal entendimento é fundamental porque, além de a Mostra ter oportunizado a socialização desses resultados, havia a necessidade de identificar e pontuar o que tem dado certo, uma vez que são realizados importantes investimentos do governo federal, por meio da Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde do Ministério da Saúde, em parceria com a Organização Pan Americana de Saúde. Para esse evento foram recebidos 105 trabalhos, que incluíam artigos científicos, resumos expandidos e vídeos relacionados a experiências positivas vivenciadas pelos referidos Projetos. Uma comissão docente assessora avaliou os trabalhos, tendo como critério a seleção daqueles que relatavam os benefícios para a formação dos alunos, o envolvimento discente, a avaliação de modificações curriculares, experiências multiprofissionais desenvolvidas e as ações voltadas para a integração ensino, serviços e comunidade. Foram selecionados 62 trabalhos para a Mostra, cujos autores são oriundos de 25 Instituições de Ensino Superior, localizadas em 15 Unidades Federadas do Brasil. Portanto, a Mostra contou com participantes de todas as regiões do Brasil. Esse foi um grande diferencial da Mostra que conseguiu permitir o diálogo e congregar, em um mesmo espaço, sujeitos oriundos de diferentes realidades socioeconômicas, culturais e sanitárias do Brasil. Além disso, a dinâmica da Mostra permitiu um contato muito próximo entre os participantes, o que favoreceu as trocas de experiências e o despertar para novas possibilidades exitosas de atuação dentro dos Projetos Pró-saúde, Pet-saúde e de Teleodontologia. A ABENO se sente honrada por ter sediado um Evento da magnitude da I Mostra e por poder publicar o registro desse momento histórico do ensino Odontológico brasileiro. Agradece em especial aos formuladores de políticas públicas que acreditaram e investiram na capacidade de resposta da area. Como o leitor poderá perceber, há uma clara convergência de objetivos entre a missão da ABENO e os propósitos dos Projetos representados na Mostra: ambos buscam realizar ações de aprimoramento da formação profissional, que resultem em melhorias na atenção à saúde da população. Maria Celeste Morita Presidente da ABENO Revista da ABENO • 11(1):5 5 46a Reunião Anual da Associação Brasileira de Ensino Odontológico Tema central: A Formação Odontológica e o Mundo do Trabalho Florianópolis - SC - 10 a 13 de agosto de 2011 Comissão Organizadora local Coordenador: Comissão Científica Cleo Nunes de Sousa Daniela Lemos Carcereri (Presidente) Lúcia Schaefer Ferreira de Mello Calvino Reibnitz Júnior Cláudio José Amante Inês Beatriz da Silva Rath Mirelle Finkler Secretaria Maria Helena Pozzobon Maria Inês Meurer Tesoureiro Mauro Amaral Caldeira de Andrada Programação Geral Dia 10 – QUARTA-FEIRA •08h30: Recepção e entrega de material •08h30 às 18h00: “I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde e PET Saúde na área de Odontologia” •12h00 às 17h00: Apresentaçâo de Posteres •14h00: “Avaliação do ENADE – Odontologia 2010” Profa. Ana Isabel Fonseca Scavuzzi - UEFS/UNIME/Comissão de Ensino ABENO Profa. Claudia Maffini Griboski - Diretora da DAES/INEP Prof. Leo Kriger - PUC-PR / UTP / Comissão Assessora do ENADE •16h00: Intervalo •16h30 às 17h30: “Processo de Acreditação de Cursos de Odontologia no MERCOSUL” Prof. Sérgio Roberto Kieling Franco - UFRG / Presidente da Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (CONAES) Profa. Maria Celeste Morita - UEL / Comissão Assessora de Odontologia ENADE 2010/2011 Prof. Lino João da Costa - UFPB / Comissão Assessora de Odontologia ENADE 2010/2011 Prof. Cresus Vinicius D. de Gouveia - UFF / Comissão Assessora de Odontologia ENADE 2010/2011 •17h30 às 18h30: Reunião Paralela: Encontro de Professores de Odontologia do MERCOSUL Coordenação: Prof. Lino João da Costa - UFPB/Comissão Assessora de Odontologia ENADE •20h00: Abertura Oficial - Solenidade e Coquetel 6 Revista da ABENO • 11(1):6-8 Dia 11 – QUINTA-FEIRA •08h00 às 17h00: Apresentação de Posteres •08h30: “Geração Y e a Graduação em Odontologia” Prof. Paulo Afonso Caruso Ronca - Diretor do Instituto Esplan/SP •10h30: Intervalo • 11h00: “Uso de Tecnologia da Informação e Comunicação: Uma Nova Área da Odontologia Aplicada ao Ensino” Profa. Ana Estela Haddad - Diretora de Programas - Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde / USP. •14h00 às 15h30: “Experiências exitosas dos Projetos Pró-Saúde e PET Saúde” •15h30: Intervalo •16h00: “A Formação Profissional para Gestão: na Academia, na Política e na Administração” Prof. João Carlos Caetano - Universidade Federal de Santa Catarina •16h40: “Trabalho no Serviço Público e Formação Odontológica” Prof. Paulo Sávio Angeiras de Góes - Coordenador do Curso de Especialização em Odontologia e Saúde Coletiva FOP-UPE •16h30 às 17h30: Reunião Paralela: Reunião de Coordenadores de Residência em Odontologia Coordenação: Prof. Daniel Rey de Carvalho - Diretor do Curso de Odontologia da Universidade Católica de Brasilia Dia 12 – SEXTA-FEIRA •08h00 às 17h00: Apresentação de Posteres •08h30 às 17h00: Reunião Nacional de Teleodontologia •08h30: “Mercado de Trabalho em Odontologia – Uma Avaliação Externa” Prof. José Pastore - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP •10h30: Intervalo •11h00 às 12h00: Simpósio J&J: “Atualização e Cenário Atual do Ensino sobre o Controle Químico Diário do Biofilme” Prof. Dr. Claudio Mendes Pannuti •14h00: “A Residência Multiprofissional e a Inserção do Cirurgião-Dentista” Profa. Ana Estela Haddad - Diretora de Programas - Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde / USP. Profa. Jeanne Liliane Marlene Michel - Coordenadora Geral de Residencias de Saúde - CGRS/ DHR/SESu/MEC •15h00: “Saúde Bucal no Brasil: Panorama Atual e Perspectivas Futuras” Prof. Gilberto Alfredo Pucca Junior - Coordenador Nacional de Saúde Bucal do Ministério da Saúde •16h00: Intervalo •16h00: “Seminário Ensinando e Aprendendo” •16h30: “Formação para o Ensino na Saúde: Órgão de Fomento (CAPES) e a Formação Docente” Prof. Livio Amaral - Diretor de Avaliação da CAPES Revista da ABENO • 11(1):6-8 7 Prof. Adair Luiz Stefanello Busato - Coordenador do Curso de Odontologia da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) Profa. Maria Celeste Morita - Presidente da ABENO •18h00: Reunião da Comissão de Ensino; Reunião do Conselho Fiscal Dia 13 – SÁBADO •08h30: Reunião da Diretoria e da Comissão de Ensino •10h00: Assembléia Geral •12h00: Encerramento I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET-Saúde e Telessaúde da área de Odontologia Florianópolis - SC - 10 e 11 de agosto de 2011 Comissão de Avaliadores Daniela Lemos Carcereri (UFSC) Elaine Quedas Assis (UNICID e Uni. Guarulhos) Elisa Emi Tanaka (UEL) Lucimar Aparecida Britto Codato (UEL) Luiz Roberto Augusto Noro (UFRN) Maria Ercília de Araújo (USP) Maria Inês Barreiros Senna (UFMG) Maura Sassahara Higasi (UEL) Apoio 8 Revista da ABENO • 11(1):6-8 s s o do g a ti n r o A i lec se Contribuição do PET-Saúde para a área de odontologia da UFPR na consolidação das Diretrizes Curriculares Nacionais e do SUS, nos municípios de Curitiba e Colombo-PR Marilene da Cruz Magalhães Buffon*, Denise Siqueira de Carvalho**, Edevar Daniel***, Helvo Slomp Junior****, Giovana Daniela Pecharki*, Cristhiane Aparecida Mariot*****, Cássio Murilo Ferreira******, Gisele Blitzkow S. dos Santos******, Joelcio Santos Madureira Junior******, Débora Cássia da Costa Massaro*******, Maria Carolina Mosimann*******, Rita Helena Bergami*******, Larissa Cristiane Geraldo*******, Lícia Kiyomi Kamoi Kai******* * Professora Adjunto do Departamento de Saúde Comunitária da Universidade Federal do Paraná ** Professora Adjunto do Departamento de Saúde Comunitária Coordenadora do PET- Saúde Curitiba *** Professor Assistente do Departamento de Saúde Comunitária Coordenador dos Programas de Residência: Multiprofissional em Saúde da Família e Medicina de Família e Comunidade **** Professor Assistente do Departamento de Saúde Comunitária Coordenador do PET- Saúde Colombo ***** Professora Assistente do Departamento de Saúde Comunitária ****** Secretaria Municipal de Saúde de Colombo ******* Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba RESUMO O PET-Saúde veio consolidar as parcerias entre a UFPR e as Secretarias Municipais de Saúde de Colombo e de Curitiba. Essa integração conta ainda com a participação dos Programas de Residências da UFPR: Multiprofissional em Saúde da Família e Medicina de Família e Comunidade no município de Colombo. As atividades têm por objetivo a formação de um profissional com visão integral do processo saúde-doença e com prática humanizada da assistência à saúde individual e coletiva. Os acadêmicos e bolsistas/voluntários do PET-Saúde, sob orientação e acompanhamento de preceptores, tutores, e residentes, participam de diversas atividades nas USF, incluindo: participação nas reuniões de equipe, nos programas e oficinas, territorialização, visitas domiciliares, atenção integral às famílias por meio de ações educativas, preventivas e clínico-restauradoras, realização de atividades educativas e preventivas em equipamentos sociais, como escolas, creches, abrigos e centros de convivência. Além disso, está sendo conduzida uma pesquisa em duas fases para avaliar as condições de saúde bucal de escolares e seus familiares que residem nas áreas de abrangências das USF que participam do PET-Saúde. Com relação aos resultados parciais da pesquisa, verificou-se que, dos 593 escolares avaliados em Curitiba, 44,0% apresentaram alta severidade à cárie dentária. E no município de Colombo, dos 798 escolares avaliados, 36,6% apresentaram alta severidade à doença. Por meio do PET-Saúde, as atividades desenvolvidas possibilitam uma integração entre o ensino e o serviço, buscando sempre a disseminação do conhecimento e a formação de profissionais generalistas com capacidade de atender as demandas sociais. Revista da ABENO • 11(1):9-15 9 Contribuição do PET-saúde para a área de odontologia da UFPR na consolidação das Diretrizes Curriculares Nacionais e do SUS, nos municípios de Curitiba e Colombo-PR • Buffon MCM, Carvalho DS, Daniel E, Slomp Junior H, Pecharki GD, Mariot CA, Ferreira CM, Santos GBS, Madureira Junior JS, Massaro DCC, Mosimann MC, Bergami RH, Geraldo LC, Kai LKK Descritores Sistema Único de Saúde. Saúde Bucal. Saúde da Família. D esde 2002, encontra-se em vigência as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) dos Cursos de Graduação em Odontologia e estas sinalizam para uma mudança paradigmática na formação de profissional crítico, capaz de aprender a aprender, de trabalhar em equipe, e de levar em conta a realidade social. As DCNs definem, em relação ao perfil do formando egresso/profissional, que o cirurgião-dentista tenha formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, para atuar em todos os níveis de atenção por saúde, com base no rigor técnico e científico. O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) é um programa dos Ministérios da Saúde e Educação, destinado a viabilizar o aperfeiçoamento e a especialização em serviço, bem como a iniciação ao trabalho, estágios e vivências, dirigidos, respectivamente, aos profissionais e estudantes da área da saúde, de acordo com as necessidades do Sistema Único de Saúde – SUS.10 Este programa busca aprimorar o ensino de práticas de saúde oferecido a acadêmicos de cursos da área de saúde, incluindo a Odontologia, nas atividades desenvolvidas junto às Unidades de Saúde (U.S.) principalmente as Unidades com Estratégia em Saúde da Família. O PET-Saúde veio consolidar as parcerias entre a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e as Secretarias Municipais de Saúde dos municípios de Colombo (SMS-Colombo) e de Curitiba (SMS-Curitiba) em março de 2009, fortalecendo a proposta de inserção estudantes de graduação dos cursos da área de saúde o mais precocemente possível em Unidades de Saúde da Família (USF). O Município de Colombo, encontra-se localizado na Região metropolitana de Curitiba, com área de 198,7Km2. Possui uma população em torno de 213.027 (Censo 2010) sendo o 8º município em população no Paraná, com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) = 0,764. O Município de Curitiba, capital do Estado do Paraná, ocupa uma área de 434.967Km2. Possui uma população em torno de 1.851.215 (Censo 2010), com IDH = 0,787. Os cursos da área da saúde da Universidade Federal do Paraná já vinham de longa data desenvolvendo atividades junto às Unidades de Saúde. No entanto, foi a partir do Projeto do PETSaúde que surgiu a iniciativa de atividades conjuntas e um movimento maior de integração interna entre os cursos de saúde da UFPR. Desde então, são desenvol10 vidas atividades pelos estudantes do curso de odontologia, sob a supervisão de preceptores (profissionais de saúde da rede municipal) e tutores (professores da UFPR). As USFs dos municípios se transformaram no campo de atuação desses atores que integram o programa, propiciando um rico processo de troca de saberes bem como a vivência na Atenção Primária. Levando em conta os preceitos que regem o SUS (dentre eles o acesso universal e equânime ao atendimento, a integralidade das ações de saúde, bem como a hierarquização, a regionalização e a descentralização de serviços), estas atividades, em parceria com as Secretarias de Saúde dos municípios de Colombo e de Curitiba (SMS-Curitiba) tem por objetivo a formação de um profissional com visão integral do processo saúde-doença e com prática humanizada da assistência à saúde individual e coletiva. Partindo das diretrizes curriculares do curso buscou-se um eixo comum ao campo de atuação sendo selecionado à promoção de saúde e a prevenção de doenças como foco de integração profissional. O programa busca também a formação de um profissional de saúde crítico, reflexivo, preparado para atuar em equipe e para atuar no mercado de trabalho atual. Sob esta ótica, Merhy et al.14 (2006) afirmam que pesar de o Sistema Único de Saúde (SUS) ser amparado pela Constituição Federal e regulamentado por Leis, são grandes os obstáculos para sua consolidação, os quais se relacionam à necessidade de substituição de uma prática – que, por muitas décadas, foi arraigada nos aspectos curativos, na assistência hospitalar e na super especialidade – por outra prática que valoriza a integralidade, o cuidado humanizado e a promoção da saúde. O principal indício de que será possível implantar um novo modelo de atenção está na formação profissional condizente com as novas necessidades das práticas em saúde. Teixeira e Paim17 (1996) expressam que, embora a formação profissional seja condicionante dos serviços de saúde, este funciona como determinante da formação, o que implica a necessidade de mudanças no sistema de saúde e na concepção da sociedade, para que seja possível reorientar a formação. Impõe-se, portanto, um grande desafio às instituições comprometidas com a formação de profissionais para a área da saúde, pois é preciso considerar que as ações de saúde se desenvolvem em cenários complexos e extremamente heterogêneos, e que devem ter como foco as necessidades de saúde da comunidade, e, como norte, a construção do SUS.7 Na busca de se favorecer a formação de sujeitos com visão ampliada de saúde, ativos e comprometidos com a transformação da realidade, consi- Revista da ABENO • 11(1):9-15 Contribuição do PET-saúde para a área de odontologia da UFPR na consolidação das Diretrizes Curriculares Nacionais e do SUS, nos municípios de Curitiba e Colombo-PR • Buffon MCM, Carvalho DS, Daniel E, Slomp Junior H, Pecharki GD, Mariot CA, Ferreira CM, Santos GBS, Madureira Junior JS, Massaro DCC, Mosimann MC, Bergami RH, Geraldo LC, Kai LKK derando a complexidade que a caracteriza, faz se necessário introduzir novas formas de organizar e produzir o conhecimento, até então representado pela disciplinaridade, fragmentação do objeto e crescente especialização.1 Na integração PET-Saúde UFPR e o Município de Colombo, também participam as Residências: Multiprofissional em Saúde da Família e a Medicina de Família e Comunidade, ambas da UFPR e tem como cenário de prática as Unidades de Saúde do Município de Colombo. Neste contexto, o trabalho em equipe multiprofissional constitui uma importante ferramenta na abordagem das múltiplas dimensões que envolvem as ações de saúde, e o desafio é produzir um novo saber, oriundo dos processos de reflexão a respeito da complexa tarefa do cuidado às necessidades de saúde das pessoas, famílias e comunidade.13 MATERIAL E MÉTODOS Os Programas PET-Saúde/UFPR nos municípios de Curitiba e Colombo foram submetidos ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UFPR e aprovados sob o registro 772.107.09.08. Nos referidos programas ocorre a inter-relação de acadêmicos das disciplinas de Saúde Coletiva do curso de Odontologia da UFPR com monitores bolsistas/voluntários selecionados que já realizaram essas disciplinas. Os monitores auxiliam o preceptor e professor nas atividades previstas que serão descritas posteriormente. Em Curitiba, os acadêmicos de Odontologia e bolsistas/voluntários estão com atividades PET-Saúde em seis Unidades de Saúde com Estratégia em Saúde da Família do município: • US Estrela, • US Tarumã, • US Umbará, • US Vila Esperança, • US Lotiguaçu e • US Vila Leonice. No município de Colombo, os acadêmicos de Odontologia e bolsistas/voluntários estão com atividades PET-Saúde em três Unidades de Saúde com Estratégia em Saúde da Família: • US Jardim das Graças, • US Alexandre Nadolny, • US São Domingos. Nestas Unidades de Saúde, os alunos também contam com o apoio das residentes do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família e a Medicina de Família e Comunidade- UFPR que atuam no referido município. Os acadêmicos e bolsistas/voluntários do PET-Saúde, juntamente com os residentes, participam das atividades em todas as fases, do planejamento à avaliação. Todo material didático-pedagógico utilizado é confeccionado pelos acadêmicos e monitores bolsistas, sob orientação e supervisão dos preceptores, tutores, monitores e residentes. As atividades são desenvolvidas utilizando as instalações físicas da USF, das escolas e salões de igrejas dentro da área de abrangência da USF. Para o planejamento das ações, os acadêmicos e bolsistas do PET-Saúde: • Observam a estrutura e funcionamento de cada U.S. Conhecem in loco, a proposta da ESF, o planejamento local, o controle social, programas desenvolvidos pela Unidade, e como ocorre a integração com a comunidade; • Participam do processo de territorialização de micro-áreas de acordo com a programação existente e do início de acompanhamento da equipe local nos trabalhos de área. • Realizam visitas domiciliares e aplicam um estudo de caso da família escolhida (referente à fase 2 da pesquisa PET-Saúde) com acompanhamento das equipes, fazendo correlação do estudo da família com a comunidade e a sociedade de um modo geral. • Participam das reuniões da equipe, discussão de casos e levantamento de outros dados necessários para o estudo de caso; • Desenvolvem outros levantamentos epidemiológicos para maior compreensão do local e suas necessidades. • Prestam atenção integral às famílias com ações: educativas, preventivas e clínico-restauradoras. • Realizam atividades educativas e preventivas nas escolas, creches, abrigos e centros de convivência. • Participam das oficinas dos programas: gestantes, puericultura e hiperdia, juntamente com os residentes. E para avaliar as condições de saúde bucal de escolares e seus familiares, residentes nas áreas de abrangências das Unidades de Saúde que participam do PET-Saúde nos municípios de Colombo e Curitiba, está sendo realizada uma pesquisa dividida em duas fases: • 1ª fase - Coleta de dados de estimativa rápida para avaliação de severidade da doença cárie dentária em escolares de 1º e 4º (7 a 10 anos) de escolas municipais de Curitiba e Colombo • 2ª fase - Coleta de dados de famílias de escolares Revista da ABENO • 11(1):9-15 11 Contribuição do PET-saúde para a área de odontologia da UFPR na consolidação das Diretrizes Curriculares Nacionais e do SUS, nos municípios de Curitiba e Colombo-PR • Buffon MCM, Carvalho DS, Daniel E, Slomp Junior H, Pecharki GD, Mariot CA, Ferreira CM, Santos GBS, Madureira Junior JS, Massaro DCC, Mosimann MC, Bergami RH, Geraldo LC, Kai LKK com alta severidade de cárie em Curitiba e Colombo. A estimativa rápida para avaliação da severidade de doença cárie considerou os seguintes aspectos: • presença de cárie evidente em decíduos, • presença de cárie evidente em permanentes, • lesões brancas (cárie inicial), • presença evidente de biofilme dental (placa bacteriana), • presença evidente de sangramento gengival, • fatores retentivos de biofilme dental (exs: raízes residuais, cálculo, má posição dos dentes). E os critérios para determinação de severidade de doença cárie foram os seguintes (adaptado de Pattussi et al., 2006; Folayan et al., 2008): • Alta severidade de cárie: 03 (três) ou mais lesões cariosas, incluindo lesão branca. • Média severidade de cárie: até 02 (duas) lesões cariosas, incluindo lesão branca. • Baixa severidade: nenhuma cárie evidente ou lesão branca de cárie. RESULTADOS E DISCUSSÃO Com relação aos resultados parciais no que tange à pesquisa do PET-Saúde, verificou-se que, dos 593 escolares avaliados em Curitiba, 261 (44,0%) apresentaram alta severidade à cárie dentária. E no município de Colombo, dos 798 escolares avaliados, 292 (36,6%) apresentaram alta severidade à doença. Os dados dos escolares e familiares estão em fase de sistematização, análise e interpretação. Os familiares dos escolares avaliados em Curitiba e Colombo e classificados com alta severidade de cárie dentária estão recebendo visitas domiciliares para avaliação do contexto familiar: condições de moradia, hábitos de higiene e alimentares e avaliação das condições de saúde bucal. Do início de implantação do PET-Saúde em 2009, até o momento, foram avaliadas cerca de 110 famílias e os dados estão sendo sistematizados e analisados. Na tentativa de reorganizar a atenção básica em saúde em substituição à prática assistencial vigente, voltada para a cura de doenças, e também buscando redução de custos e minimização de conflitos sociais, o Ministério da Saúde5 assumiu, em 1994, o desafio de incorporar em seus planos de ações e metas prioritárias o Programa Saúde da Família (PSF). Embora rotulado como programa, o PSF, por suas especificidades, foge à concepção usual dos demais programas concebidos pelo MS, pois não é uma intervenção ver12 tical e paralela às atividades dos serviços de saúde. Pelo contrário, caracteriza-se como estratégia (ESF) que possibilita a integração e promove a organização das atividades em um território definido com o propósito de enfrentar e resolver os problemas identificados. Para que os bolsistas/voluntários do PET-Saúde e acadêmicos do curso de Odontologia possam compreender porque a Estratégia em Saúde da Família (ESF) incorpora e reafirma as diretrizes e os princípios básicos do SUS e se alicerça sobre três grandes pilares: a família, o território e a responsabilização, além de ser respaldado pelo trabalho em equipe; ele participa do processo de territorialização de micro-áreas de risco e realizam visitas domiciliares e aplicam um estudo de caso da família escolhida com acompanhamento das equipes, fazendo correlação do estudo da família com a comunidade e a sociedade de um modo geral. Para a ESF, a família deve ser entendida de forma integral e em seu espaço social, abordando seu contexto sócio econômico e cultural, considerando que é nela que ocorrem interações e conflitos que influenciam diretamente a saúde das pessoas.6 As diretrizes da Estratégia Saúde da Família tiveram como objetivo romper com o comportamento passivo das equipes de saúde e estender as ações de saúde para toda a comunidade. Suas ações devem ser interdisciplinares. A equipe deve também se responsabilizar pela população adstrita em seu território, resgatando os vínculos de compromisso e de co-responsabilidade entre ela e a população, reorganizando a atenção básica e garantindo a oferta de serviços dentro dos princípios de universalidade, acessibilidade, integralidade e equidade do SUS. O trabalho das equipes de Saúde da Família está fundamentado nos referenciais teóricos de vigilância e promoção da saúde. Assim, devem atuar a partir da oferta organizada de serviços, planejando seu processo de trabalho de forma não somente a atender à demanda que vem espontaneamente aos serviços de saúde, mas, especialmente, a desenvolver ações para as pessoas que ainda não conhecem ou não frequentam o serviço de saúde. Para tanto, é necessário que conheçam o seu território e as pessoas moradoras nessa área e tenham como rotina de trabalho a realização da visita domiciliar. De acordo com Vasconcelos18,19 (2001), as equipes devem atuar na perspectiva de ampliar e fortalecer a participação popular e o processo de desenvolvimento pessoal e interpessoal. Para isso, o trabalhador em saúde deve ter disponibilidade interna de se envolver na interação com os usuários e o compromisso de utilizar a comunicação como instru- Revista da ABENO • 11(1):9-15 Contribuição do PET-saúde para a área de odontologia da UFPR na consolidação das Diretrizes Curriculares Nacionais e do SUS, nos municípios de Curitiba e Colombo-PR • Buffon MCM, Carvalho DS, Daniel E, Slomp Junior H, Pecharki GD, Mariot CA, Ferreira CM, Santos GBS, Madureira Junior JS, Massaro DCC, Mosimann MC, Bergami RH, Geraldo LC, Kai LKK mento terapêutico e promotor da saúde. Nesse sentido, indivíduos e famílias devem ser assistidos antes do surgimento de problemas e agravos a sua saúde. Por meio da integração com as Equipes de Saúde da Família (ESF), os bolsistas/voluntários do PET-Saúde e acadêmicos foram levados a conhecer a realidade do novo modelo de assistência à saúde, participando de atividades freqüentemente realizadas com a população e promovendo novas ações de educação e promoção em saúde. Esta vivência propicia o aprendizado ao bolsista/voluntário tornando-o apto a trabalhar com as atividades de promoção em Saúde, regulares e de qualidade bem como procedimentos preventivos e clínicos reabilitadores prioritários junto às Unidades de Saúde da Família (USF) e suas áreas de abrangência, que se configuram como campo de atuação, sob a ótica a crescente importância que a estratégia de Saúde da Família assume no contexto da saúde nacional, o que justifica a necessidade de se formar profissionais com perfil e capacitados para atuar de acordo com o modelo da atenção primária em saúde. A partir da implantação do SUS, o trabalho educativo necessitou ser reestruturado de forma a contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população. Passou a ser pautado pelo entendimento da determinação social do processo saúde e doença, enfatizando que as inserções dos indivíduos nos meios de produção, refletem-se nos diferentes riscos de adoecer e morrer; pela adoção de um processo pedagógico problematizador, que valorize a reflexão crítica do cotidiano e pelo reconhecimento do direito à saúde como um valor inalienável do indivíduo.18,19 Nesse sentido, o Ministério da Saúde vem apontando a necessidade de investimentos na Estratégia Saúde da Família e na educação popular em saúde como proposta a ser desenvolvida pelas equipes de saúde. A educação em saúde passou a ser vista como uma importante estratégia de transformação social, devendo estar vinculada às lutas sociais mais simples e ser assumida pela equipe de saúde, reorientando as práticas de saúde e as relações que se estabelecem entre o cotidiano e o saber da saúde. Ao refletir sobre a educação do futuro, Assmann4 (1998) afirma que “educar é fazer emergir vivências do processo educativo”. Nesse sentido, a educação deve propiciar experiências de aprendizagem e de criatividade para construir conhecimentos e desenvolver habilidades para acessar fontes de informação sobre assuntos variados. A educação em saúde deve estar voltada para entender a educação não só como melhoria pedagógica, necessária para desenvolver a reflexão crítica, mas voltada para o compromisso da transformação social. O Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família e o PET-SAÚDE da UFPR estão atuando conjuntamente em US com ESF no município de Colombo em relevantes ações em saúde. Um delas é promover atenção integral à saúde da gestante e do feto. A atividade ocorre durante a primeira consulta de pré-natal, realizada semanalmente para um grupo de três a quatro gestantes, e também por meio de oficina para as gestantes. A primeira consulta do pré-natal é realizada pela enfermeira e inclui atividades de educação em saúde. Em seguida, a(o) cirurgiã(ão) dentista residente e a acadêmico(a) de Odontologia realizam: instrução de higiene bucal, orientação sobre as doenças bucais mais prevalentes, as mudanças que ocorrem na cavidade bucal da gestante e a importância da saúde bucal para a saúde da gestante e do feto, a gestante também é encaminhada para atendimento odontológico, caso necessário. Já a oficina de gestantes é realizada mensalmente com atividades educativas da odontologia, enfermagem, nutrição, atenção farmacêutica e medicina. Por meio dessa experiência, verifica-se que a inserção da odontologia na equipe multiprofissional possibilita a criação do vínculo com as gestantes, favorecendo o autocuidado, além de propiciar aos profissionais a troca de saberes, aspecto de suma importância para um efetivo trabalho multiprofissional. Para o acadêmico de Odontologia o conhecimento da relação entre as condições de vida da gestante e seus agravos à saúde bucal, bem como, da organização da atenção à saúde bucal da gestante no município de Colombo. Outra atividade realizada em parceria entre os programas é a proposta de trabalho sobre A Educação em Saúde realizada em grupos com obesidade; pois a obesidade é um problema de saúde pública, devido sua alta incidência e prevalência, por isso a atenção primária à saúde deve ser resolutiva para alcançar a promoção da saúde e prevenção da obesidade e redução do peso. Este estudo é realizado na US Jardim das Graças com a equipe de residentes multiprofissional em Saúde da Família e o Programa de Educação Tutorial para a Saúde (PETSAÚDE), com atividades de de educação em saúde com um grupo de crianças e adolescentes obesos identificados nas consultas com a nutricionista residente. Com vistas às ações de educação em saúde multiprofissional, a equipe de saúde formou um grupo com reuniões mensais, o qual se reúne no Centro de Convivência, próximo à U.S. para trocar experiências sobre alimentação saudável junto à Nutricionista residente. A Odontologia (residente e acadêmicos) abordam a prevenção de cá- Revista da ABENO • 11(1):9-15 13 Contribuição do PET-saúde para a área de odontologia da UFPR na consolidação das Diretrizes Curriculares Nacionais e do SUS, nos municípios de Curitiba e Colombo-PR • Buffon MCM, Carvalho DS, Daniel E, Slomp Junior H, Pecharki GD, Mariot CA, Ferreira CM, Santos GBS, Madureira Junior JS, Massaro DCC, Mosimann MC, Bergami RH, Geraldo LC, Kai LKK ries e doenças periodontais, orientando sobre o uso racional do açúcar e incentivando e orientando sobre a higiene bucal. A farmacêutica aborda a medicação para perda de peso: indicações e contra-indicações. Percebese assim, que a educação em saúde no grupo não está somente focada na doença (obesidade), apontando como principal foco a qualidade de vida do usuário inserido no meio (família e comunidade). Na perspectiva da promoção da saúde, as práticas educativas assumem um novo caráter, uma vez que seu eixo norteador é o fortalecimento da capacidade de escolha dos sujeitos. No entanto, para que isso ocorra, as informações sobre saúde necessitam serem trabalhadas de forma simples e contextualizadas, instrumentalizando as pessoas para fazerem escolhas mais saudáveis de vida. Nesse sentido, Libâneo12 (1994), conceitua a prática educativa como o processo de prover os indivíduos dos conhecimentos e experiências culturais que os tornam aptos a atuar no meio social e a transformá-lo. Para que as pessoas possam fazer escolhas mais saudáveis de vida, é necessário que haja um processo de interação entre o conteúdo teórico e a experiência de vida de cada um e o estabelecimento da confiança e da vinculação do usuário ao serviço de saúde e ao profissional. Ao desencadear um diálogo com o usuário, o trabalhador da saúde deve certificarse de que ele entenda o conteúdo que está sendo discutido ou informado, pois, caso não isso não ocorra, a sua saúde pode estar sendo colocada em risco em razão do não estabelecimento do processo comunicativo. Mesmo tendo sido questionadas nos últimos anos, as práticas educativas ainda seguem um modelo autoritário, em que os trabalhadores da saúde continuam a fazer prescrições sobre o comportamento mais adequado para ter saúde e a população acata sem questionar ou relacionar esses conteúdos à sua realidade. Ainda hoje, vemos que as práticas educativas nos serviços de saúde obedecem a metodologias tradicionais e não se preocupam com a criação de vínculo entre os trabalhadores em saúde e a população. Com a inserção do Programa foi possível o reconhecimento, a partir da apropriação da realidade local, da condição de vida da população e seus agravos à saúde. O estabelecimento da relação entre perfil de grupo populacional e condições de vida subjetivas, a partir do estudo de um caso familiar. A percepção da importância do levantamento das necessidades das famílias como base para as ações de Promoção, Prevenção e Recuperação da Saúde na ESF. O estabelecimento da devida correlação entre as ações de saúde objetivando seu pla14 nejamento, execução, registro e avaliação como meios de sistematização, organização e evolução dos mesmos. A evidenciação da importância das ações de Educação em Saúde, de caráter eminentemente relacional (tecnologias leves), desenvolvidas na ESF. A compreensão sobre o papel fundamental dos profissionais de saúde coletiva em face da sua responsabilidade, compromisso, solidariedade, habilidade técnica e capacidade de atuação multiprofissional voltada para uma ação conjunta e totalizadora da ESF. E o aumento no interesse para a pesquisa, por meio da análise de dados e das demandas suscitadas, para uma maior efetividade nas ações de saúde de modo geral. Bem como conhecer a rotina e os programas odontológicos desenvolvidos dentro de uma Unidade de Saúde. Dentre os diversos espaços dos serviços de saúde, Vasconcelos18,19 (1999) destaca os de atenção primária como contexto privilegiado para desenvolvimento de práticas educativas em saúde. Considerando as especificidades destes serviços que têm como base o estabelecimento do vínculo com a comunidade adscrita e a ênfase nas ações preventivas promocionais. Nesta perspectiva a educação em saúde tem sido cada vez mais requisitada, considerando o baixo custo e as possibilidades de impacto no âmbito público e coletivo. Neste contexto as atividades desenvolvidas pelo PETSaúde contemplam com ênfase as ações de educação em saúde por toda a equipe, pois considera estas atividades imprescindíveis para que ocorram mudanças de hábitos e de comportamento que resultem na adoção de medidas preventivas aos agravos à saúde bucal, contribuindo com a mudança do perfil epidemiológico. CONCLUSÃO A vivência proporcionada pelo PET-Saúde integrada ao Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família tem possibilitado uma excelente atividade prática propiciando a inserção dos estudantes o mais precocemente possível em USF, além de ampliar os horizontes para uma realidade no campo da saúde coletiva, bem como a relação entre equipes e profissionais de saúde. As atividades realizadas viabilizam experiências concretas pertinentes a formação do acadêmico de saúde trabalhando-se nos marcos de uma ética comunitária aplicada, de modo impactante, instituindo uma ação voltada à promoção em saúde, sob a ótica da formação de profissionais capazes e comprometidos com a realidade local e social. Dessa forma, as atividades desenvolvidas possibilitam uma integração entre o ensino e o serviço, buscando sempre a dissemi- Revista da ABENO • 11(1):9-15 Contribuição do PET-saúde para a área de odontologia da UFPR na consolidação das Diretrizes Curriculares Nacionais e do SUS, nos municípios de Curitiba e Colombo-PR • Buffon MCM, Carvalho DS, Daniel E, Slomp Junior H, Pecharki GD, Mariot CA, Ferreira CM, Santos GBS, Madureira Junior JS, Massaro DCC, Mosimann MC, Bergami RH, Geraldo LC, Kai LKK nação do conhecimento e a universidade cumpre o seu papel de formar profissionais generalistas com capacidade de atender as demandas sociais. ped Clin Integr. 2004;4(1):47-51. 3. Andrade SM, Soares DA, Cordoni Júnior LC. (orgs.). Bases da saúde coletiva. Londrina: UEL, 2001. 4. Assmann H. Reencantar a educação: rumo à sociedade apren- ABSTRACT Contribution of the PET-Health program to UFPR’s Dentistry area in consolidating the national curriculum guidelines and the Unified Health System (SUS) in the cities of Curitiba and Colombo, PR The PET-Health program consolidates the partnership between UFPR and the Department of Health in the cities of Colombo and Curitiba. This integration also includes the participation of UFPR Residency Programs: Multidisciplinary in Family Health and Family and Community Medicine programs in the city of Columbo. The activities are aimed at training a professional with a comprehensive approach to the health-disease process and with the ability to practice humane healthcare at the individual and collective levels. Students and monitors, under the guidance and supervision of tutors, mentors, and residents participate in various activities in the USF, including: participation in group meetings, programs and workshops, assignment of regions and home visits, and comprehensive family care through educational, preventive and clinical-restorative actions, besides educational and preventive activities in social facilities such as schools, daycare centers, shelters and community centers. In addition, a study is being conducted in two phases to evaluate the oral health status of the schoolchildren and their families who reside in areas covered by the USF taking part in the PET-Health program. With respect to the partial results of the survey, it was found that 44.0% of 593 schoolchildren in Curitiba had highly severe dental caries, and in the city of Columbus, 36.6% of 798 schoolchildren showed a highly severe degree of the disease. PET-Health activities enable integration between teaching and service, always striving to disseminate knowledge and to train general practitioners able to meet social demands. Descriptors Health Systems. Oral Health. Family Health. § dente. Petrópolis: Vozes; 1998. 5. Brasil. Ministério da Saúde. Programa de Saúde da Família. Brasília, DF: COSAC, 1994. 6. Brasil. Ministério da Saúde. Saúde da família: uma estratégia para reorientação do modelo assistencial. Brasília, DF, 1997. 7. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Coordenação de Saúde da Comunidade. Saúde da Família: uma estratégia para a reorientação do modelo assistencial. Brasília: Ministério da Saúde, 1998. 8. Brasil. Ministério da Saúde. O Programa Saúde da Família e a Atenção Básica no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde; 2002. 9. Brasil. Ministério da Educação. Portaria Interministerial n.45, de 12 de janeiro de 2007. Dispõe sobre a Residência Multiprofissional em Saúde e a Residência em Área Profissional da Saúde e institui a Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 15 jan. 2007. Seção 1, p.28. 10. Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Portaria Interministerial nº 1.802, de 26 de agosto de 2008 11. Folayan M, Sowole A, Kola-Jebutu A. Risk factors for caries in children from south-western Nigeria. J Clin Pediatr Dent. 2008,32(2):171-5. 12. Libâneo JC. Didática. 16ª reimpressão. São Paulo:Cortez; 1994. 13. Macedo PCM. Desafios atuais no trabalho multiprofissional em saúde. Rev SBPH. 2007,10(2):33-41. 14. Merhy EE, Feuerwerker LCM, Ceccim RB. Educación permanente en salud: una estrategia para intervenir en la micropolítica del trabajo en salud. Salud Colectiva. 2006,2(2):147-60. 15. Pattussi MP, Hardy R, Sheiham A. The potential impact of neighborhood empowerment on dental caries among adolescents. Community Dent Oral Epidemiol. 2006;34(5):344-50. 16. Pinto MEB, Gama CM, Gonçalves MR, Souza AC. Experiência Interdisciplinar em Equipe Multiprofissional na Graduação na Atenção Primária à Saúde, PET-Saúde UFCSPA, Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. 2009. 17. Teixeira CF, Paim JS. Política de formação de recursos humanos em saúde: conjuntura atual e perspectivas. Divulg. Saude Debate. 1996,12:19-23. 18. Vasconcelos EM, organizador. A saúde nas palavras e nos gestos: reflexões da rede educação popular e saúde. São Paulo: Hucitec; 2001. REFERÊNCIAS Bibliográficas 1. Almeida-Filho N. Transdisciplinaridade e saúde coletiva. Cienc. Saude Colet. 1997,11(1/2):5-20. 19. Vasconcelos EM. Educação popular e a atenção à saúde da família. 2ª ed. São Paulo: Sobral; 2001. 2. Alves MU, Volschan BCG, Haas NAT. Educação em Saúde Bucal: Sensibilização dos Pais de Crianças Atendidas na Clínica Recebido em 07/07/2011 Integrada de duas Universidades Privadas. Pesq Bras Odonto- Aceito em 25/07/2011 Revista da ABENO • 11(1):9-15 15 Vivência da odontologia no PET-Saúde da Família da UFAL. Aprendizado de ações coletivas baseado no ensinopesquisa-extensão acadêmicos Antonio Carlos de Souza Neto*, Adeane Loureiro de Almeida***, Paulo Rosa dos Santos Junior**, Izabel Maia Novaes**** * Cirurgião-dentista graduado pela UFAL, ex-bolsista do Programa ** Graduando de Odontologia da UFAL, atual bolsista do Programa *** Cirurgiã-dentista graduada pela UFAL, especialista em Saúde Pública pela UGF, Preceptora do Programa **** Mestre em Saúde Coletiva pela UFPE, Professora da Disciplina Saúde Coletiva, Tutora da Odontologia do Programa RESUMO O ensino da Odontologia contemporânea pauta-se pelo tripé acadêmico do ensino, da pesquisa e da extensão. Baseando-se nesses princípios, o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) busca fazer a ligação do ensino teórico com a vivência prática, levando os alunos para fora dos muros da faculdade com a extensão, e estimulando-os também a realizar a pesquisa. Assim, o presente trabalho tem como objetivos relatar as atividades desenvolvidas segundo os objetivos do PET-Saúde da Família, as dificuldades e resultados esperados das ações propostas, assim como apontar as dificuldades encontradas para o seu desenvolvimento. Desde sua implantação até os dias atuais, o PET-Saúde da Família da UFAL realiza seleções anuais de alunos, tendo como pré-requisito a aprovação na disciplina Saúde Coletiva II da grade curricular, além de capacitações teórico-práticas, seguidas do estágio propriamente dito, onde a teoria apreendida seria aplicada à prática. Como resultados podem ser citados a diminuição de procedimentos curativos e aumento dos procedimentos preventivos, o incentivo à pesquisa, a apresentação de trabalhos de vivência em congressos e o despertar do interesse pela carreira acadêmica. Conclui-se que a realidade encontrada nas USF diverge dos conteúdos teóricos apreendidos quando observadas questões relacionadas à cobertura da população, acesso aos Serviços de Saúde, precárias condições de moradia, baixos níveis de escolaridade e de poder aquisitivo, porém conclui-se ainda 16 que o PET-Saúde da Família propõe mudanças nessa situação, fazendo-se presente o acolhimento humanizado do paciente, olhar holístico do ser, tendo a saúde como multifatorial e de tratamento multidisciplinar. Descritores Saúde Coletiva. Odontologia. Experiência. O ensino da Odontologia contemporânea pauta-se pelo tripé acadêmico do ensino, da pesquisa e da extensão. Baseando-se nesses princípios, o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) busca fazer a ligação do ensino teórico com a vivência prática, levando os alunos para fora dos muros da faculdade com a extensão, e estimulando-os também a realizar a pesquisa. O PET-Saúde gera a integração ensino-serviço-comunidade, direcionadas para o fortalecimento de áreas estratégicas para o Sistema Único de Saúde – SUS e, de acordo com seus princípios e necessidades, o Programa tem como pressuposto a educação pelo trabalho e disponibiliza bolsas para tutores, preceptores (profissionais dos serviços) e estudantes de graduação da área da saúde, sendo uma das estratégias do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde, o PRÓ-SAÚDE, em implementação no país desde 2005.1 Além disso, o próprio programa leva à educação em saúde bucal, componente do processo de promoção da saúde, com características específicas, seja como prática, seja como campo de conhecimento.3 Baseando-se nisso, demonstrar a vivência Revista da ABENO • 11(1):16-8 Vivência da odontologia no PET-Saúde da Família da UFAL. Aprendizado de ações coletivas baseado no ensino-pesquisa-extensão acadêmicos • Souza Neto AC, Almeida AL, Santos Junior PR, Novaes IM e os êxitos alcançados, além de todo o processo para que os mesmos ocorressem, torna-se interessante. OBJETIVOS Assim, o presente trabalho tem como objetivos relatar as atividades desenvolvidas segundo os objetivos do PET-Saúde da Família, as dificuldades e resultados esperados das ações propostas, dentre elas as palestras educativas sobre assuntos ligados à qualidade de vida, promoção da saúde e prevenção das doenças, aplicações tópicas de flúor, ações curativas, vinculados aos objetivos do próprio PET-Saúde, assim como apontar as dificuldades encontradas para o seu desenvolvimento, possibilitando um feedback e com isso uma melhoria tanto do Programa quanto do Sistema Único de Saúde, garantindo assim que a universalidade, a equidade e a integralidade, além da participação popular, descentralização, regionalização, hierarquização, sejam apreendidas e vivenciadas.3,4,5 MATERIAIS E MÉTODOS A metodologia utilizada foi a seguinte: em seu primeiro ano de implantação, 2009, o PET-Saúde Odontologia realizou a seleção dos alunos que iriam participar, sendo necessário ter cumprido a matéria Saúde Coletiva III. Após a seleção houveram dois momentos: o embasamento teórico, a partir do levantamento de como funcionam os Serviços Públicos de Saúde na Secretaria Estadual de Saúde, e, principalmente, da Estratégia Saúde da Família no município de Maceió, capacitação em parceria com o SESC-Alagoas com o tema “Promoção da Saúde”, e multidisciplinar com alunos, preceptores e tutores das demais áreas da saúde (medicina, enfermagem, psicologia, serviço social, nutrição e farmácia), e suas comparações com a realidade, seja no que deveria ser feito, seja no que se tem sido feito para com os serviços de Atenção Básica de Saúde, demonstrando assim, as diretrizes do SUS; e em seguida, o momento prático, que se deu através da inserção dos alunos nas Unidades de Saúde da Família (USF), visita de apresentação, leitura de prontuários, informes e dados referentes às condições socioeconômicas da população, reconhecimento e mapeamento de área, confecção de mapa falante, palestras educativas seguidas de escovação em grupo com as crianças que estudavam na escola e na creche adjuntas a USF, palestras preventivas sobre cuidados bucais relacionados a gravidez com as gestantes, participação das reuniões do programa HIPERDIA, realizando palestras com hipertensos e diabéticos. Também houve a realização de sala de espera, avaliando os cuidados de saúde geral e relacionando-os com a saúde bucal, dentre outras atividades, além da inserção em eventos do Ministério da Saúde, como o SBBrasil 2010, tanto na calibração como no momento da pesquisa epidemiológica. Salienta-se que reuniões periódicas com todos os participantes do PET-Saúde Odontologia eram organizadas com o intuito de compartilhar as experiências já vivenciadas, além de estimular a realização de uma pesquisa em cada USF. Já no segundo ano, 2010, houve uma nova seleção de alunos, e a inclusão de duas novas USF. Paralelamente à pesquisa que estava sendo realizada, três novas linhas de pesquisa foram instituídas para o PET-Saúde de todas as especialidades da saúde: humanização, controle social e mortalidade infantil, juntamente com reuniões para definir os caminhos para as linhas de pesquisas, capacitações com professores da própria Universidade, e fóruns de discussão para acompanhar e desenvolver as pesquisas. Com isso, além das palestras educativas de saúde geral e saúde bucal, também houveram capacitações com a linha de pesquisa escolhida, a humanização, para os profissionais da USF, para os técnicos e agentes comunitários de saúde, e para a população usuária. Essa etapa é preconizada e baseada pelo Programa Nacional de Humanização, que existe de desde 2003, e visa contagiar trabalhadores, gestores e usuários do SUS com os princípios e as diretrizes da humanização, fortalecer iniciativas de humanização existentes, desenvolver tecnologias relacionais e de compartilhamento das práticas de gestão e de atenção, aprimorar, ofertar e divulgar estratégias e metodologias de apoio a mudanças sustentáveis dos modelos de atenção e de gestão, implementar processos de acompanhamento e avaliação, ressaltando saberes gerados no SUS e experiências coletivas bem-sucedidas.5 Já em 2011, houve uma nova seleção, dando continuação às pesquisas gerais e específicas. Salienta-se também que, nesses três anos, houveram reuniões periódicas para troca de experiências, avaliação das ações realizadas nas USF, além do estímulo para que a interdisciplinaridade e o atendimento multiprofissional acontecessem, fosse por ser um dos princípios do Programa, fosse pela necessidade de uma real mudança nas atitudes dos profissionais da saúde. RESULTADOS Dessa vivência, a inserção da Odontologia como parte integrante no cuidado integral do ser humano e também de forma coletiva, a multidisciplinaridade das especialidades da saúde de forma efetiva, a saída do cirurgião-dentista do ambiente ambulatorial (tratando Revista da ABENO • 11(1):16-8 17 Vivência da odontologia no PET-Saúde da Família da UFAL. Aprendizado de ações coletivas baseado no ensino-pesquisa-extensão acadêmicos • Souza Neto AC, Almeida AL, Santos Junior PR, Novaes IM usuários individualmente em atividades curativas) para o ambiente externo da área abrangida pela USF (atingindo o coletivo com ações preventivas), o acontecimento da interdisciplinaridade com os grupos do PET-Saúde de outras áreas da saúde, tais como enfermagem, farmácia, serviço social, nutrição, entre outras, a execução das pesquisas específica e geral, a promoção da saúde, a prevenção de agravos como a cárie dentária e a periodontite, a diminuição de procedimentos curativos e aumento dos procedimentos preventivos são resultados, e por assim dizer, êxitos alcançados neste Programa. Ainda podem ser citados o estímulo à pesquisa e a participação de outros projetos de extensão, a apresentação de trabalhos de vivência em congressos e o despertar do interesse pela carreira acadêmica, além da troca de experiências de cunho popular, da aquisição de segurança na realização de procedimentos ambulatoriais curativos e palestras preventivas coletivas e a participação em levantamentos epidemiológicos, como o SBBrasil 2010. CONCLUSÃO Conclui-se que, por mais que as propostas do Programa sejam voltadas para a melhoria da formação do aluno e para o estreitamento da relação entre Universidade e os Serviços de Saúde, percebe-se que a realidade encontrada nas USF diverge dos conteúdos teóricos apreendidos quando observadas questões relacionadas à cobertura da população, acesso aos Serviços de Saúde, precárias condições de moradia, baixos níveis de escolaridade e de poder aquisitivo. Ademais, a constante falta de material para realização dos procedimentos preventivos e curativos. Apesar disso, ainda pode-se concluir que o PET-Saúde da Família veio fomentar a mudança dessa situação, visto que a saúde possui caráter multifatorial, sendo necessária a intervenção multiprofissional; também se faz presente o acolhimento humanizado do paciente, juntamente com a mudança do olhar sobre o mesmo, passando a ser de forma generalista (olhar holístico), e não específico como antes; propõe-se o empoderamento da população, partindo do princípio do protagonismo dos sujeitos da PNH,5 tornando-a ativa nas suas decisões e na busca de solução desses problemas. Por fim, conclui-se que a finalidade maior é a melhoria no nível de qualidade de vida da população. ABSTRACT The dentistry experience of the PET-Family Health Program at UFAL. Learning public health actions based on academic teaching-researching-extension principles The teaching of modern dentistry is guided by the tripod of academic teaching, research and extension. 18 Based on these principles, the Education Program through Health Work (PET-Health) seeks to link theoretical to practical experience, taking students beyond the walls of the college with the extension leg of the tripod, and also encouraging them to perform research activities. Thus, this study aimed at reporting the activities developed according to the objectives of the PET-Family Health program, and the difficulties and expected results of proposed actions, as well as identifying problems encountered in the development of these activities. From the time it was establishment until today, UFAL PETFamily Health conducts an annual selection of students, with the prerequisite of being approved in the discipline of the Public Health II curriculum, in addition to having theoretical and practical training. This selection is followed by the internship itself, where theory is applied to practice. The results that can be underscored are the decrease in curative procedures and the increase in preventive care, the encouraging of research, the presentation of work experience in conventions and the awakening of interest in academic pursuits. We can conclude that the reality found in Family Health Centers (USF) differs from the theoretical contents grasped when issues related to population coverage, access to health services, poor living conditions, and low schooling and purchasing power levels are observed. However, the study concludes that PET-Family Health proposes changes in this situation, by urging humanistic care of patients, and striving to be holistic, thus focusing on health as multifactorial and multidisciplinary. Descriptors Health. Dentistry. Experience. § REFERÊNCIAS Bibliográficas 1. PET-Saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2011. Atualizado em 18/05/2011; acessado em 24/06/2011. Disponível em http:// portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/visualizar_ texto.cfm?idtxt= 35306; 2. Pereira, A. C. Odontologia em Saúde Coletiva. Porto Alegre: Artmed Editora; 2008; 3. Pinto, V. G. Saúde Bucal Coletiva. 5ª ed. São Paulo: Editora Santos; 2008; 4. Secretaria de Estado de Saúde – AL. Manual de Atenção Básica em Odontologia. Maceió: Governo do Estado de Alagoas; 2006; 5. Política Nacional de Humanização, Brasília: Ministério da Saúde; 2003. Acessado em 24/06/2011. Disponível em http://portal. saude.gov.br/portal/saude/cidadao/area.cfm?id_area= 1342. Revista da ABENO • 11(1):16-8 Recebido em 07/07/2011 Aceito em 25/07/2011 Formação profissional em odontologia: percepção discente da interação curricular Mariana Gabriel*, Elisa Emi Tanaka** *Estudante do curso de mestrado em Clínica Odontológica da Universidade Estadual de Londrina **Coordenadora do Curso de Odontologia da Universidade Estadual de Londrina/UEL Resumo Há algum tempo se faz necessária à mudança nos currículos de odontologia do Brasil, com um modelo de ensino voltado ao mercado de trabalho na qual o estudante tenha a excelência técnica associada a um pensamento crítico. Em 2005 ocorreu a mudança do currículo tradicional para o transdisciplinar na Universidade Estadual de Londrina, orientados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais de 2002 o qual almeja que o estudante consiga articular conceitos e necessidades específicas de cada caso. Com o objetivo de avaliar qual a percepção discente da mudança curricular ocorrida foi aplicado um questionário com questões extraídas do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes - ENADE aos estudantes do quinto ano do Curso de Odontologia da primeira e segunda turma do currículo transdisciplinar e a última turma do currículo tradicional (n = 148). Os resultados foram analisados e quantificados pelo software estatístico SPSS versão 15.0 e Excel 2007 que possibilitou cruzar os dados das três turmas e fazer uma análise comparativa e nesse momento de renovação as variações entre as turmas foram pertinentes para apontar algumas mudanças ocorridas, como por exemplo, o avanço na atuação em conjunto com outras áreas profissionais, maior compreensão de processos, tomada de decisão e resolução de problemas no âmbito de sua área de atuação. Esses avanços não se devem apenas a mudança metodológica, mas a uma transformação na cultura pedagógica da instituição que ainda está em fase de construção por meio de ações que visam orientar adequações necessárias para um efetivo currículo integrado. Descritores Educação em Odontologia. Avaliação Educacio- nal. Estudantes de Odontologia. E star em formação implica um investimento pessoal, um trabalho livre e criativo sobre os percursos e os projetos próprios, com vista à construção de uma identidade, que é também uma identidade profissional.8 O modelo de ensino superior odontológico brasileiro é predominantemente centrado na formação técnica,9 com dificuldades para encontrar e universalizar soluções adequadas à realidade do país. Sendo assim a educação superior deve assumir a formação de competências para atuar na solução dos problemas da Saúde Bucal do País.2 O objetivo é que o aluno adquira a excelência técnica associada a um pensamento crítico para saber o quê fazer, quando fazer, como fazer, onde fazer, por que e para quem fazer o que significa estabelecer um diagnóstico ampliado da situação. Preparando o profissional para a solução dos problemas e ser ativo na construção do seu conhecimento, conduzindo, de maneira contínua, em direção a uma formação integral e mais humana. Para a proposição do novo modelo de profissional a ser formado deve ser analisado o mercado de trabalho, com suas tendências e indicações, e associar aos dados epidemiológicos atualizados, visando um profissional mais completo em ações não apenas reproduzindo técnicas consagradas da profissão, mas assimilando as reais necessidades para desviar o foco da doença e passar para a saúde do individuo. Vários marcos legais históricos do Brasil1 proporcionaram transformações nas últimas décadas mediante institucionalização do Sistema Único de Saúde (SUS) o que direcionou a formação em Odontologia para a agregação de novos conhecimentos e tecnolo- Revista da ABENO • 11(1):19-22 19 Formação profissional em odontologia: percepção discente da interação curricular • Gabriel M, Tanaka EE gias até chegar ao modelo de ensino hoje observado. Por outro lado, somente estas medidas não garantem por si só que a Universidade se integre ao seu meio, identifique-se com seus problemas e influa para mudar a realidade social. É necessário tratar, especificamente, da questão da mudança do conteúdo e das práticas. Estas não são decorrência automática de qualquer mudança metodológica, mas demandam uma transformação na cultura pedagógica da instituição.2 Em 2005 houve a mudança do currículo na Universidade Estadual de Londrina na qual temos módulos integradores das áreas de conhecimento. Não há hierarquia entre essas áreas. O trabalho baseia-se no planejamento coletivo dos programas e em evidências científicas educacionais, que dão suporte a essa integração.10 Essas ações foram avaliadas e propostas coletivamente pelos docentes de várias áreas e após sua implantação inicial concorreu e foi contemplado com recursos do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde)5 que tem por objetivo subsidiar os cursos que se propuseram a realizar mudanças curriculares, incentivando a integração ensino-serviço, visando à reorientação da formação profissional assegurando uma abordagem integral do processo saúde-doença com ênfase na atenção básica. O objetivo desse trabalho é conhecer a percepção que o acadêmico de odontologia da UEL faz dessa mudança, ou seja, se o estudante consegue identificar esses novos conceitos, nos quais destacam a importância do aluno no seu processo de aprendizagem, a responsabilidade do profissional da área de saúde com as necessidades sociais, a atuação interdisciplinar do cirurgião dentista e se as mudanças na orientação teórica, nos cenários de prática e nas orientações pedagógicas estão surtindo efeito em seu produto final. vido mediante pesquisa e um formulário aplicado aos estudantes de odontologia da primeira (turma 64 – n = 50) e segunda turma (turma 65 – n = 44) do currículo transdisciplinar e a última turma (turma 63 – n = 54) do currículo tradicional da Universidade Estadual de Londrina. A participação na pesquisa foi voluntária, com obtenção do termo de Consentimento Livre e Esclarecido de cada sujeito. As questões foram extraídas do questionário do ENADE, Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes,3 composto por dez questões de múltiplas escolhas com cinco alternativas, as quais abordam a percepção que o estudante faz referente à contribuição do curso na sua formação profissional e como a instituição formadora influenciou para o desenvolvimento das competências necessárias a sua formação. Os resultados foram analisados e quantificados pelo software estatístico SPSS versão 15.0 e Excel 2007 que possibilitou cruzar os dados das três turmas e fazer uma análise comparativa. Resultados e Discussão Após realizar a tabulação dos resultados foi possível observar as seguintes respostas das turmas avaliadas: Para a maioria dos estudantes a principal contribuição do curso foi à aquisição de formação profissional (Tabela 1). Tendo em vista que um dos principais problemas com os quais os recém-formados se deparam é a dificuldade de ingressar no mercado de trabalho de suas profissões,11 é fundamental que a Universidade norteie esse processo fornecendo subsídios para orientar o estudante em suas decisões por meio de indicadores e vivências práticas da profissão. No momento atual passamos por uma desmistificação do serviço público, que com a priorização das Políticas Públicas de Saúde Bucal, proporcionaram diversas possibilidades de trabalho, com vínculo público exclusivo, vínculos públicos parciais e os que não possuem vínculo empregatício com o serviço público, mas são credenciados pelo Sistema Único de Saúde – SUS.7 Ter a percepção das possibilidades de atuação pro- Metodologia O método utilizado para esse trabalho baseou-se em um estudo quantitativo e comparativo desenvolTabela 1 - Média das respostas das três turmas. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Turma 63 C 85,18% A 42,59% B 42,59% B 44,44% B 46,29% B 35,18% B 40,74% B 40,74% CeD 33,33% B 44,44% Turma 64 C 90.00% A 30,00% B 44,00% B 56,00% B 52,00% B 52,00% B 40,00% C 40,00% C 64,00% C 56,00% Turma 65 C 79,54% B 50,00% B 54,54% B 38,63% B 61,36% B 54,54% B 38,63% C 38,63% C 47,72% C 47,72% 20 Revista da ABENO • 11(1):19-22 Formação profissional em odontologia: percepção discente da interação curricular • Gabriel M, Tanaka EE fissional pode contribuir positivamente na inserção no mercado de trabalho do recém-formado mesmo que sua opção seja pautada na atuação privada. Quanto à atuação ética, com responsabilidade social, para a construção de uma sociedade includente e solidária as turmas 63 e 64 acreditam que o Curso contribuiu amplamente, já à turma 65 a maioria acredita ter contribuído parcialmente. Se relacionarmos os inúmeros problemas de Saúde Bucal que o Brasil vive no momento atual e o papel da Universidade como instrumento de inclusão proporcionando ações coletivas de grande peso social, observamos que embora exista um avanço ainda estamos em déficit para um modelo social homogêneo. Essa postura mais crítica por parte do estudante aponta o aumento do nível de compreensão com a realidade da saúde pública, certamente devido à aproximação com diferentes eixos de atuação do profissional da saúde que o estudante está sendo apresentado durante a sua formação, evidencia também a transformação na postura por meio de profissionais mais comprometidos com a sociedade. Em relação à organização, expressão, comunicação do pensamento, raciocínio lógico e análise crítica as três turmas na sua maioria acreditam que o curso contribuiu parcialmente, de acordo com uma das mudanças de paradigmas que ocorreu na organização curricular deve-se buscar estabelecer uma nova relação entre professor-aluno, em que o docente seja capaz de incluir os estudantes como componentes ativos no processo ensino-aprendizagem motivados e cientes da sua importância, buscando caminhos alternativos em que o professor é facilitador e mediador desse processo.6 Porém para que estas mudanças se concretizem é necessário transformações da rotina docente e por este motivo encontram-se muitas resistências por parte dos professores, o que o causa no estudante certa insegurança em assumir a responsabilidade de sua formação. Quanto à compreensão de processos, tomada de decisão e resolução de problemas no âmbito de sua área de atuação a maioria também respondeu que o curso contribuiu parcialmente, no entanto observamos maior porcentagem positiva, nessa alternativa, da turma 65, mostrando que a integração dos módulos está cada vez mais favorecendo a resolubilidade clinica desejada capacitando o estudante a atuar com rigor técnico e cientifico associado pensamento crítico buscando a saúde. A autoconfiança está diretamente relacionada ao desenvolvimento da competência de tomada de decisão que deve ser baseada em raciocínio lógico para construção de diagnóstico ampliado. Saber diagnosticar favorece a tomada de decisão, pois permite uma abordagem completa da situação fazendo com que os procedimentos sejam suportados e realizados de maneira mais segura e correta. Atuação em equipes multi, pluri e interdisciplinares e observação, interpretação e análise de dados e informação, os estudantes da turma 63 responderam em menor quantidade que foi contemplada em relação à turma 64 e 65, sendo essa proporção já esperada, pois as turmas do currículo transdisciplinar foram contempladas com o programa de educação tutorial em saúde PET-Saúde, uma estratégia do Pró-Saúde que proporciona a aproximação e a integração ensino-serviço como uma forma de aprendizagem fazendo com que o estudante conheça a organização, planejamento e gestão dos serviços de saúde do município e região, além de atuar diretamente com a população em equipes multidisciplinares ampliando seus conhecimentos e articulando com a promoção de saúde por meio de indicadores epidemiológicos de diversas áreas colhidos dentro das Unidades Básicas de Saúde que os estudantes atuam. Essa aproximação com a epidemiologia associada à vivência das Unidades e territórios de abrangência também favoreceu a observação, interpretação, análise de dados e informação, as três turmas acreditam terem sido contempladas. Na questão da utilização de procedimentos de metodologia científica e de conhecimentos tecnológicos para a prática da profissão a maioria se sente parcialmente contemplados. A mudança curricular orienta que seja elaborado um trabalho de conclusão de Curso sob orientação docente,4 objetivando estimular o raciocínio crítico aplicado e global desde o primeiro ano. A Universidade busca através de projetos de ensino, extensão e iniciação cientifica recursos para proporcionar aos estudantes melhor contato com inovações tecnológicas no exercício da profissão, no entanto a demanda de recursos algumas vezes é insuficiente. Em relação à assimilação crítica de novos conceitos as respostas foram menos favoráveis das turmas 64 e 65, talvez devido à dificuldade de compreender que mais do que conhecer técnicas e desenvolver habilidades sofisticadas a graduação deve fornecer subsídios para se conseguir desviar o foco da doença e passar para a saúde do individuo e para isso se faz necessário saber articular conceitos das ciências básicas dentro da prática clínica. Revista da ABENO • 11(1):19-22 21 Formação profissional em odontologia: percepção discente da interação curricular • Gabriel M, Tanaka EE Considerações Finais Tendo em vista a fase de transição curricular que o curso de odontologia da Universidade Estadual de Londrina vivência a avaliação discente é satisfatória. Os estudantes em sua maioria se sentem contemplados ou parcialmente contemplados aos questionamentos propostos durante a avaliação em relação a sua formação. Mudanças significativas na visão discente puderam ser observadas, um senso mais crítico em relação à formação nas turmas do currículo transdisciplinar em comparação ao tradicional, apontando a evolução na autonomia adquirida durante a formação. Avanços na prática da profissão demonstram que a Universidade está conseguindo avançar com a mudança proposta, embora existam dificuldades, os estudantes estão mais próximos da realidade do país e mais competentes nas suas atividades. Esses avanços não se devem apenas a mudança metodológica, mas a uma transformação na cultura pedagógica da instituição que ainda está em fase de construção por meio de ações que visam orientar adequações necessárias para um efetivo currículo integrado e para isso as avaliações devem continuar acontecendo. areas, greater understanding of processes, professional decision making and problem solving. This progress is not just a methodological change, but a transformation in the teaching culture of the institution, still being constructed through actions designed to guide necessary adjustments for an effective integrated curriculum. Descriptors Education, Dental. Educational Measurement. Students, Dental. § Referências Bibliográficas 1. Andrade SM, Soares DA, Cordoni Junior L, organizadores. Bases da Saúde Coletiva. Londrina: Eduel, 2001. 2. Araujo ME Palavras e silêncios na educação superior em odontologia. Ciência & Saúde Coletiva. 2006;11(1):179-82. 3. Brasil. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Questionário sócioeconômico do ENADE - 2006. [homepage na Internet]. Acesso em: 18/01/2011.Disponível em: http://download.inep.gov.br/ download//enade/2006/QS.pdf 4. BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Resolução CNE- CES 3, de 19/02/2002. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais Abstract Professional dentistry training: students’ perception of curricular interaction A change in Brazil’s Dentistry curriculum is long overdue. Its teaching model should be geared toward the job market, in which the student can associate technical expertise with critical thinking. In 2005, there was a change from the traditional Flexnerian to the transdisciplinary curriculum at the State University of Londrina, guided by the National Curriculum Guidelines of 2002, the aim of which was to enable students to interconnect the concepts and specific needs of each case. In order to ascertain students’ perceptions of curriculum changes, a survey with questions taken from the National Survey of Student Performance (ENADE) was applied to fifth year Dentistry students (n=148) from the first and second class of the transdisciplinary curriculum and from the last class of the traditional curriculum. The results were analyzed and quantified by SPSS version 15.0 and Excel 2007 statistical software that allowed cross referencing the data from the three classes and making a comparative analysis. At a time of renewal such as this, the variations between classes have made it possible to identify some changes, such as the progress made in joint operations with different professional 22 do curso de Graduação em Odontologia. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 04 de março de 2002. Seção 1, p. 10. 5. Brasil. Ministério da Saúde. Pró-Saúde - Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde [homepage na Internet]. Acesso em: 25/02/2011. Disponível em: www. prosaude.org 6. Lazzarin HC, Nakama L, Cordoni Junior L. O papel do professor na percepção dos alunos de Odontologia. Saúde & Sociedade. 2007;16(1):90-101. 7. Morita MC, Haddad AE, Araújo ME. Perfil atual e tendências do cirurgião dentista brasileiro. Maringá: Dental Press; 2010. 8. Nóvoa A. Os professores e sua formação. Lisboa: Dom Quixote; 1997. 9. Paula LM, Bezerra ACB. A estrutura curricular dos cursos de Odontologia no Brasil. Revista da ABENO. 2003;3(1):7-14. 10. Peralta CHG. Projetos pedagógicos e reformas curriculares: texto para reflexão. Rio Grande: Universidade Federal do Rio Grande; 2000. 11. Teixeira MAP, Gomes WB. Estou me formando...e agora? reflexões e perspectivas de jovens formandos universitários. Revista Brasileira de Orientação Profissional. 2004;5(1):47-62. Revista da ABENO • 11(1):19-22 Recebido em 07/07/2011 Aceito em 25/07/2011 O portfólio como estratégia facilitadora do processo de ensino-aprendizagem para a formação em odontologia. Adequação de metodologias de ensino utilizando o ambiente virtual de aprendizagem Myrna Maria Arcanjo Frota*, Léa Maria Bezerra de Menezes**, Carlos Henrique Alencar***, Lidiane da Silva Jorge****, Maria Eneide Leitão de Almeida** *Aluna do Curso de Graduação de Odontologia/FFOE/UFC **Professora Adjunta do Curso de Odontologia/FFOE/UFC ***Professor substituto da Faculdade de Medicina/UFC ****Aluna do Programa de Pós-Graduação em Odontologia/UFC RESUMO A busca de conhecimento, a criatividade e a produção escrita são incentivadas quando se utiliza o portfólio como instrumento de aprendizagem. Esse trabalho tem como objetivo avaliar o portfólio como um instrumento facilitador do processo de ensinoaprendizagem para a formação em Odontologia. Trata-se de uma pesquisa descritiva e transversal, realizada no semestre letivo de 2010.2 no Curso de Odontologia/UFC. Foi aplicada aos acadêmicos regularmente matriculados nas disciplinas de Metodologia Científica aplicada a Odontologia I e Saúde Coletiva II, totalizando 60 alunos e aos 03 professores das referidas disciplinas. A coleta de dados foi feita por meio de questionários eletrônicos utilizando-se a lista de email cadastrado no ambiente virtual de aprendizagem. Para análise, as informações obtidas foram organizadas em um banco de dados no Excel e posteriormente, analisados no programa estatístico Epi-info versão 3.5.1. A pesquisa foi submetida à apreciação e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, protocolo nº 157/10. Analisando os questionários dos alunos, 100% avaliaram o portfólio como excelente ou bom como método de avaliação; Cerca de 98,3% dos discentes afirmaram que o portfólio é melhor em termos de aprendizagem que as provas tradicionais; e 100% dos alunos afirmaram que a metodologia de ensino-aprendizagem utilizando o portfólio facilita o processo de aprendizagem. Todos os professores acre- ditam que é maior o rendimento dos alunos quando é usado o portfólio e que este facilita a aprendizagem. Concluiu-se que a utilização do portfólio é um instrumento pedagógico válido, bem aceito pelos alunos e que pode ser empregado no ensino odontológico. DESCRITORES Ensino. Educação em Odontologia. Avaliação Educacional. O Pró-Saúde tem como objetivo geral contribuir para a promoção das políticas de inclusão social e educação permanente em saúde, por meio da reorientação da formação profissional de trabalhadores em saúde bucal e da integração dos processos de geração de conhecimentos, ensino-aprendizagem e prestação de serviços de saúde à população, com foco na atenção básica e ênfase no direito à saúde e no cuidado e proteção à vida. A adequação das metodologias de ensino, permitindo melhorias no desempenho acadêmico dos alunos e professores, estimulando o processo de educação permanente por meio de seminários e oficinas de capacitação tem sido uma proposta permanente do Projeto Pró-Saúde e especificamente, no projeto proposto pelo Pró-Saúde II que contemplou os cursos de Farmácia, Odontologia e Psicologia da Universidade Federal do Ceará em 2008, que possui como um dos seus objetivos específicos, estimular novas metodolo- Revista da ABENO • 11(1):23-8 23 O portfólio como estratégia facilitadora do processo de ensino-aprendizagem para a formação em odontologia. Adequação de metodologias de ensino utilizando o ambiente virtual de aprendizagem • Frota MMA, Menezes LMB, Alencar CH, Jorge LS, Almeida MEL gias de estudos através de mecanismos interativos de aprendizagem. Dessa forma, destaca-se o uso dos ambientes virtuais de aprendizagem, pois as tecnologias de informação e comunicação possuem novas maneiras de atuar no ensino, praticando a modalidade do ensino à distância, que contribui para o processo de ensinoaprendizagem e facilita a comunicação entre professores e alunos. Nesse contexto, foi implementado o uso do portfólio educacional como objeto de estudo para os acadêmicos através do ambiente virtual de aprendizagem, o SOLAR desenvolvido em 2002 pelo Instituto UFC Virtual da Universidade Federal do Ceará e utilizado no Curso de Odontologia da Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem (FFOE), inicialmente, a partir de 2009 na disciplina de Saúde Coletiva II (6º semestre) e em 2010, na disciplina de Metodologia Científica Aplicada a Odontologia I (1º semestre). A prática de elaboração de portfólio também foi adotada na Universidade de São Paulo. Bim-Junior e Tomita (2008) concluíram que a percepção sobre o processo ensino-aprendizagem mostrou aspectos críticos, éticos e cotidianos da vida acadêmica, sendo o portfólio uma maneira de problematizar diferentes eventos inerentes à formação profissional possibilitando a compreensão que leva ao aprendizado. Numa pesquisa desenvolvida por Tangi e Dantas da Silva (2008) no Curso de Enfermagem, Rio de Janeiro, cujo objetivo foi demonstrar as potencialidades e dificuldades da utilização do portfólio reflexivo como instrumento de aprendizagem, apontou que um dos maiores dilemas para os estudantes foi a dificuldade mediada pela comunicação escrita quando chamados aos relatos de suas trajetórias de vida tanto pessoais, como nas travessias de aprendizagem ao longo do Curso de Graduação em Enfermagem. Pode-se entender o portfólio como instrumento facilitador da construção e reconstrução do processo ensino-aprendizagem que permite o aluno refletir sobre a realidade local, identificando os problemas e analisando-os criticamente. A busca de conhecimento, a criatividade e a produção escrita são incentivadas de modo que o aluno deverá trilhar seu próprio conhecimento acompanhado pelo professor que avaliará esse caminhar. Segundo Hernández (2000), o Portfólio é o continente de diferentes classes de documentos (notas pessoais, experiências de aula, trabalhos pontuais, acompanhamento do processo de aprendizagem, conexões com outros temas fora da escola, representa24 ções visuais, dentre outros) que proporciona uma reflexão crítica do conhecimento construído, das estratégias utilizadas, e da disposição de quem o elabora em continuar aprendendo. Historicamente, esse instrumento vem se constituindo com diversas nomenclaturas que se diferenciam de acordo com suas finalidades e espaços geográficos. Dentre os mais correntes estão: porta-fólios, processo-fólios, diários de bordo e dossiê. Esse instrumento já se apresenta com algumas classificações: portfólio particular, de aprendizagem, demonstra tivo e, recentemente, passa-se a incluir o webfólio (Alves, 2006). O Portfólio é esse instrumento que reflete a trajetória desse saber construído. Também possibilita aos alunos e professores uma compreensão maior do que foi ensinado (Vieira, 2002). Também é muito utilizado como meio de avaliação, esta concentra a atenção de todos (dos alunos de um mesmo grupo, dos professores e dos orientadores) nos trabalhos importantes dos alunos. O processo estimula o questionamento, a discussão, a suposição, a proposição, a análise e a reflexão. Fazendo com o que os alunos aprendam cada vez mais sobre os assuntos discutidos em sala de aula, e não sejam simples ouvintes do processo e sim, participadores ativos. Segundo Alvarenga (2001), o Portfólio tem como maior objetivo ajudar o estudante a desenvolver a habilidade de avaliar seu próprio trabalho. Esse trabalho tem como objetivo avaliar o portfólio como um instrumento facilitador do processo de ensino-aprendizagem para a formação em Odontologia, assim como as facilidades e dificuldades que os alunos enfrentaram na confecção do portfólio; o grau de aceitação do portfólio em relação aos alunos e suas opiniões acerca desde método de ensino; identificar as vantagens do portfólio em relação às provas tradicionais e identificar as vantagens e dificuldades dos professores em avaliar o portfólio. MATERIAL E MÉTODOS Trata-se de uma pesquisa descritiva e transversal, realizada em Fortaleza no semestre letivo de 2010.2 no Curso de Odontologia/FFOE/UFC. Foi aplicada aos acadêmicos regularmente matriculados nas disciplinas de Metodologia Científica aplicada a Odontologia I e Saúde Coletiva II, totalizando 60 alunos e aos 03 professores das referidas disciplinas ao final do período letivo. A coleta de dados foi feita por meio de questionários eletrônicos utilizando-se a lista de email cadastra- Revista da ABENO • 11(1):23-8 O portfólio como estratégia facilitadora do processo de ensino-aprendizagem para a formação em odontologia. Adequação de metodologias de ensino utilizando o ambiente virtual de aprendizagem • Frota MMA, Menezes LMB, Alencar CH, Jorge LS, Almeida MEL do no ambiente virtual de aprendizagem, portanto, como critério de inclusão dos estudantes e professores, era necessário estar matriculado no SOLAR. Como critério de exclusão dos professores, aqueles que davam aula esporadicamente nas referidas disciplinas e não acompanhavam os alunos no SOLAR, foram excluídos. Para avaliar a facilidade de compreensão do instrumento como um todo e de cada item isoladamente foi realizado um teste piloto para a validação dos questionários, sendo identificados 03 professores e 10 alunos para realizarem o referido teste. Esse grupo sugeriu modificações, relataram as dificuldades que tiveram, e usaram sinônimos para as palavras com possibilidade maior de incompreensão chegando-se à versão final do questionário. Para análise estatística, as informações obtidas foram digitadas e organizadas em um banco de dados no Excel e posteriormente, analisados no programa estatístico Epi-info versão 3.5.1 para Windows. As variáveis foram descritas com freqüência absoluta simples e por classe, juntamente com as respectivas freqüências relativas (percentuais) simples e acumulativas. A pesquisa foi submetida à apreciação e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, protocolo nº 157/10. Foi aplicado um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para os alunos e professores. RESULTADOS Analisando os questionários dos alunos, 100% avaliaram o portfólio como excelente ou bom como método de avaliação. Dos discentes analisados, 61,7% afirmaram que tem dificuldade em confeccionar o portfólio. Cerca de 60,3% dos alunos afirmam que a maior dificuldade em confeccionar o portfólio foi devido a necessidade de pesquisar artigos científicos e a capacidade de síntese. Para 98,3% dos discentes o portfólio é melhor em termos de aprendizagem que as provas tradicionais e 88,3% se sentem motivados em realizar o portfólio em outras disciplinas. Quando indagados se sentem seguros para estudarem sozinhos, 46,7% dos alunos responderam que não se sentem preparados para tal; Um pouco mais da metade dos alunos (51,7%) conseguiu realizar as atividades propostas para a confecção do portfólio com facilidade. A maioria (93,3%) dos alunos considerou que o tempo dado para a execução do portfólio foi suficien- te e 100% dos alunos afirmaram que a metodologia de ensino-aprendizagem utilizando o portfólio facilita o processo de aprendizagem. Dos professores analisados, dois destes são professores de Saúde Coletiva II e um de Metodologia Científica aplicada à Odontologia I. Todos os professores acreditam que é maior o rendimento dos alunos quando é usado o portfólio e que este facilita a aprendizagem tanto individual como do grupo. Os professores analisados consideram que o tempo dado para a execução do portfólio foi suficiente e todos eles não tiveram dificuldades em avaliar o portfólio. Quando indagados se consideraram que os alunos tiveram dificuldade de confeccionar o portfólio, um professor relatou que os alunos tiveram dificuldade em realizar o portfólio e não se sente motivado em empregar esse método de ensino-aprendizagem em outras disciplinas. DISCUSSÃO Segundo Krozeta (2008), a auto-avaliação, proporcionada pela construção do portfólio de ensino, pode ser utilizada como um dos instrumentos de aprendizagem e conseqüentemente mudança na formação profissional. Assim, é possível perceber que o elevado grau de aceitação do portfólio se dá pela promoção da auto-estima, da motivação, do exercício da autonomia, da responsabilidade e do compromisso do aluno diante de seus dados que essa auto-avaliação proporciona. Entretanto, a maioria dos alunos questionados afirmou que teve dificuldades em confeccionar o Portfólio. Essa dificuldade está relacionada ao fato dos estudantes estarem predispostos a aulas expositivas que, segundo Lemos (2005), são apontadas como preferida pelos mesmos, que acham a posição de ouvinte mais confortável. O antigo modelo pedagógico era centralizado na figura do professor; por conseqüência, a interferência criativa e crítica dos alunos, e até mesmo dos professores, era limitada (Freitas, 2009). Essa problemática é compreensível quando analisamos o modelo educacional presente na maioria das universidades brasileiras, modelo este ambientado em aulas expositivas e sem a participação ativa dos estudantes. O Portfólio pode preencher essa lacuna, a partir de mudanças nas metodologias de ensino, permitindo melhorias no desempenho acadêmico dos alunos e professores, estimulando o processo de educação Revista da ABENO • 11(1):23-8 25 O portfólio como estratégia facilitadora do processo de ensino-aprendizagem para a formação em odontologia. Adequação de metodologias de ensino utilizando o ambiente virtual de aprendizagem • Frota MMA, Menezes LMB, Alencar CH, Jorge LS, Almeida MEL permanente por meio de seminários e oficinas de capacitação. Essa proposta tem sido permanentemente encorajada pelo Projeto Pró-Saúde. Outras dificuldades apontadas pelos estudantes tais como, a pesquisa de artigos e capacidade de síntese podem ser explicadas como reflexo da “educação bancária” recebida ao longo da vida em que o professor é o detentor do saber e o aluno é considerado uma tabula rasa, sendo o conhecimento transmitido verticalmente e sem estímulo à outras fontes de pesquisa. Percebeu-se que a pesquisa de artigos é uma dificuldade que os estudantes enfrentam no início de sua vida acadêmica, mas com o emprego do ambiente virtual de aprendizagem e familiarização dos estudantes com as ferramentas da internet, essa dificuldade tem sido superada; Além disso, os alunos têm a oportunidade de exercitar sua capacidade de comunicação escrita e se tornarem sujeitos ativos no processo de aprendizagem. Ressalta-se a importância do estímulo à pesquisa e a capacidade de escrever e analisar o material investigado que é proporcionado na confecção do portfólio porque são características necessárias ao estudante para a realização do Trabalho de Conclusão do Curso (TCC). O ambiente virtual de aprendizagem, o SOLAR, tem se mostrado muito bem aceito pelos alunos da UFC, quando contabilizados o número de acesso dos usuários. A aproximação do ambiente virtual de aprendizagem com novas metodologias de ensino, como o Portfólio, tem se mostrado de grande valia para facilitar o processo de ensino-aprendizagem e impulsionar a formação em Odontologia. Entretanto, faz-se necessário descrever que o SOLAR, apresenta uma interfase em que é possível encontrar várias ferramentas de interação, como fórum, chat, e-mail e webconferência; ferramentas de apoio e publicação de material didático como bibliografia, material de apoio, espaço destinado ao repositório de aulas; ferramentas de portfólios individuais e de grupo, para compartilhamento de informações. Nessa perspectiva, é importante perceber que além do espaço destinado para abrigar o portfólio, o aluno dispõe de mecanismo de comunicação e interação com outros alunos e professores, permitindo a troca de saberes e experiências, além da opção de poder compartilhar sua produção escrita na área pública em que todos poderão acessar o portfólio individual. Acreditamos que essas facilidades proporcionadas pelo ambiente virtual também tenham motivado os alunos no processo de confecção do portfólio, pois permite a 26 comunicação rápida e segura das informações entre os membros participantes. A quase totalidade dos alunos considera o Portfólio melhor em termos de aprendizado que as provas tradicionais e diante disso se sentem motivados em realizá-lo em outras disciplinas. O Portfólio pode ser usado como fonte de estudo, por conter as principais dúvidas e respostas, bem como resumos de pesquisas bibliográficas realizadas (Krozeta,2008), podendo portanto, auxiliar estudantes que não se sentem motivados a estudarem sozinho e realizaram as atividades propostas para a confecção do portfólio com facilidade. Torres (2008), afirma que uma das principais dificuldades observadas pelos alunos analisados em seu estudo foi o pouco tempo dado para a confecção do Portfólio, entretanto no presente estudo a maioria dos alunos considerou que o tempo dado para a execução do portfólio foi suficiente, já que em média possuem três meses e meio para sua confecção a partir do início do semestre até seu término. Há uma necessidade de mudanças na graduação do cirurgião-dentista para que seja possível formar os profissionais de forma generalista, humanista, crítica e reflexiva. Atualmente, nos cursos de graduação em Odontologia os currículos possuem uma enorme carga horária, não havendo tempo para estudo, o que resulta no repasse de conteúdos prontos e acabados, sem espaço para argumentação e dúvidas (Lazzarin, 2007). O resultado apresentado em que 100% dos alunos afirmaram que a metodologia de ensino-aprendizagem utilizando o portfólio facilita o processo de aprendizagem, revela que a adoção de metodologias ativas devem ser implementadas no projeto político pedagógico do referido Curso, pois têm permitido uma maior autonomia dos estudantes, interação entre alunos e professores e estimulado a criatividade e à pesquisa. Um pouco menos da metade dos alunos acredita não está preparado para estudar sozinho, portanto o professor tem papel fundamental no processo de ensino-aprendizagem agindo como um catalisador ou um promotor da aprendizagem e da troca de experiência. O desafio do professor é abrir e não fechar o diálogo com seus alunos, entendendo a “Universidade” como um amplo território da multiplicidade e variedade de conhecimentos, para além de uma instituição da sociedade civilizatória. Nesse contexto, o portfólio permite o “feedback” do professor e o aluno se sente Revista da ABENO • 11(1):23-8 O portfólio como estratégia facilitadora do processo de ensino-aprendizagem para a formação em odontologia. Adequação de metodologias de ensino utilizando o ambiente virtual de aprendizagem • Frota MMA, Menezes LMB, Alencar CH, Jorge LS, Almeida MEL mais seguro e confiante para fazer as modificações sugeridas ou necessárias ao desenvolvimento do material produzido. A prática do portfólio pode, ainda, proporcionar aos professores o trabalho processual, fazendo com que pratiquem o ensino de maneira significativa, isso explica o maior rendimento dos alunos e a aceitação dos professores a esse novo método de ensino-aprendizagem na odontologia, pois quando é usado o portfólio a aprendizagem tanto individual como do grupo é facilitada. A avaliação dos alunos também se dá de forma processual e isso faz com que o portfólio seja melhor em termos de ensino-aprendizagem que as provas tradicionais. Os professores no presente estudo não mostraram dificuldades em avaliar o portfólio, no entanto, entendemos que há constrições de tempo e pressões por instrumentos padronizados, mas em sua realidade cada professor pode encontrar possibilidades dentro de suas limitações e expectativas. I and Public Health II, totaling 60 students and three teachers of these disciplines. Data collection was performed by electronic questionnaires using a list of email addresses registered at a virtual learning site. For analysis purposes, the information obtained was organized into an Excel database and later analyzed by a statistics program, Epi-info version 3.5.1. The research was submitted for evaluation and was approved by the Ethics Committee in Research, protocol 157/10. Analyzing the students questionnaires, 100% assessed the portfolio as an excellent or good evaluation method; 98.3% of these said that the portfolio was better than traditional tests, when the focus is on learning; and 100% of the students declared that the methodology of teaching and learning using the portfolio facilitates the learning process. All the professors believe that student efficiency is greatest when the portfolio is used and that it facilitates learning. It was concluded that the portfolio is a worthy education tool that is well accepted by students and that can be used in dental education. CONCLUSÕES A utilização do portfólio é um instrumento pedagógico válido, aceito pelos alunos e pelos professores e que pode ser facilmente empregado no ensino odontológico. Considera-se que os benefícios alcançados com o uso do portfólio na graduação são inegáveis, pois reflete o progresso de cada aluno na compreensão da realidade e de seu contexto de trabalho, na aquisição e organização dos conteúdos adquiridos e ao mesmo tempo, possibilita ao professor perceber os avanços e as transformações ocorridas durante a construção do conhecimento dos seus alunos ao longo das disciplinas ou módulos ministrados. DESCRIPTORS Teaching. Education, Dental. Educational Measurement. § REFERÊNCIAS bibliográficas 1. Albuquerque, S.H., Nogueira, C.B. O uso de portifólio como método avaliativo em disciplinas clínicas do curso de odontologia da Universidade de Fortaleza. In: 43ª Reunião da Associação Brasileira de Ensino Odontológico, 2008, Porto Alegre. Rev. ABENO. São Paulo: ABENO, 2008. v.8. p.31 2. Alvarenga,G.M.Portfólio:o que é e a que serve?.Revista Olho Mágico. vol.8, n.° 1, p.19-21. Londrina. 2001 3. Alves, L. P. Portfólios como instrumentos de avaliação dos processos de ensinagem. In:__Anatasiou,L.G.C., Alves, L. P. Processo de ensinagem na Universidade: pressupostos para as ABSTRACT The portfolio as a facilitating strategy of the teaching-learning process for dentistry training. Suitability of teaching methods using the virtual environment for learning The search for knowledge, creativity, and writing production are encouraged when a portfolio is used as a learning tool. This study aims to evaluate the portfolio as a facilitator of the teaching-learning process for dentistry training. A descriptive and cross-sectional survey was held in the second semester of 2010, in the Dentistry School at UFC. A questionnaire was applied to regularly enrolled academics in the disciplines of Scientific Methodology applied to Dentistry estratégias de trabalho em aula. 6.ed-Joinville,SC:UNIVILLE, 2006, p.1001-119. 4. Bin-Junior O, Tomita N. Percepções sobre o processo ensinoaprendizagem em odontologia: uso de portfólio. In: 43ª Reunião da Associação Brasileira de Ensino Odontológico, 2008, Porto Alegre. Rev. ABENO. São Paulo: ABENO, 2008. v.8. p.30 5. Cunha.F.S., Silva,A.L., Larentis,N.L., Fontanela,V.R.C., Nevado,R.A. Proposta de uma nova abordagem pedagógica para a Disciplina de Informática aplicada à Odontologia. Revista da ABENO. v. 5, n. 2, julho/dezembro - 2005. 6. Dantas da Silva, C.M.S.L.M, Tanji S. O portfólio reflexivo: pareceres dos estudantes de enfermagem. Revista Iberoamericana de Educación. n. 46, p.6 – 10, Julio, 2008. 7. Ferreira, M.C.I., e Bueno, A.L.G.(2005). “O portfólio como Revista da ABENO • 11(1):23-8 27 O portfólio como estratégia facilitadora do processo de ensino-aprendizagem para a formação em odontologia. Adequação de metodologias de ensino utilizando o ambiente virtual de aprendizagem • Frota MMA, Menezes LMB, Alencar CH, Jorge LS, Almeida MEL avaliação na educação superior: Uma experiência de sucesso magem. Rev. Enferm. UERJ, Rio de Janeiro, v. 16, n.3, p. 392-8, em um curso de pedagogia”, em Santos, C.R.(Org.): Avaliação jul/set. 2008. Disponível em: < http://www.bvsintegralidade. Educacional. São Paulo: Editora AVERCAMP. icict.fiocruz.br/lildbi/docsonline/1/6/161-v16n3a16. 8. Freitas, V.P., Carvalho, R.B., Gomes,M.J., Figueiredo,M.C., pdf > Acesso em: 03/06/2010. Faustino-Silva,D.D. Mudança no processo ensino-aprendiza- 13. Torres, S.C.G. 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As potencialidades e fragilidades do portfólio reflexivo na visão dos estudantes de enfer- 28 Revista da ABENO • 11(1):23-8 Aceito em 25/07/2011 Inserção do aluno de odontologia no SUS: contribuições do Pró-Saúde Simone Dutra Lucas*, Andréa Clemente Palmier**, João Henrique Lara do Amaral***, Marcos Azeredo Furquim Werneck****, Maria Inês Barreiros Senna***** * Professora adjunto da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais, doutora em saúde pública ** Professora assistente da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais, doutoranda em saúde coletiva *** Professor adjunto da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais, doutor em saúde coletiva **** Professor associado da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais, doutor em odontologia social ***** Professora adjunto da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais, doutora em educação RESUMO O objetivo deste trabalho é descrever a experiência da disciplina Ciências Sociais Aplicadas à Saúde (CSAS) da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais (FO-UFMG). Em resposta às recomendações das Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Odontologia e do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde), desde 2004, a FO-UFMG tem se mobilizado para mudar seu currículo, dando atenção especial à diversificação dos cenários de aprendizagem. Em 2007, a Disciplina de CSAS foi reformulada, permitindo a inserção dos discentes no Sistema Único de Saúde (SUS) no início de sua formação profissional, quando a realidade e a prática do SUS são os objetos do ensino. Esse movimento reforçou as expectativas de que essa inserção é viável. Espera-se que as mudanças na disciplina funcionem como um projeto piloto, subsidiando outras iniciativas que visem uma maior aproximação dos estudantes à prática profissional, e que sirva de parâmetro na organização e planejamento de outros conteúdos vinculados à saúde coletiva a serem incluídos na formação profissional. anos 60. Foram realizados três seminários sobre o ensino odontológico na América Latina fomentados pela Organização Pan-americana da Saúde (OPAS), Fundação Kellogg e Associação Latinoamericana das Faculdades de Odontologia (ALAFO). Os seminários cumpriram seus propósitos, pois reuniram informações sobre as condições do ensino e mobilizaram alguns cursos de Odontologia no desenvolvimento de ações com o objetivo de inovar na formação dos recursos humanos na área da saúde.13 Nessa mesma década, e nas duas seguintes, o ensino odontológico foi marcado pelas propostas de modernização dos currículos dos cursos de graduação emanadas do Conselho Federal de Educação (CFE).10 Entre elas destacam-se: a)formação profissional para a realidade brasileira, b)perfil profissional generalista capaz de aplicar a filosofia preventiva e social aos problemas de saúde, c) valorização e compreensão da participação popular e da abordagem multisetorial, d)prática extramuros sob supervisão em instituições públicas com valorização da integração ensinoserviço.7 Descritores Ciências Sociais. Currículo. Ensino. Odontologia. SUS. No contexto das mudanças curriculares uma estratégia importante foi a articulação da formação profissional com as políticas de saúde e com o sistema de atenção à saúde. Buscava-se a integração ensinoserviços o que levou à adesão de escolas de Odontologia brasileiras ao Programa de Inovações de Ensino N o Brasil, o movimento de mudança na formação profissional dos cirurgiões dentistas remonta aos Revista da ABENO • 11(1):29-34 29 Inserção do aluno de odontologia no SUS: contribuições do Pró-Saúde • Lucas SD, Palmier AC, Amaral JHL, Werneck MAF, Senna MIB e Serviços Odontológicos, coordenado pela OPAS e Fundação KELLOG. Esse programa financiava experiências docente-assistenciais na América Latina com ênfase na simplificação da Odontologia.12 No campo da atenção à saúde, nas décadas de 70 e 80, o Brasil viveu o movimento da Reforma Sanitária culminando com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) que dentre as suas atribuições destaca-se o ordenamento da formação de recursos humanos para a área da saúde.3 Na educação superior, na década de 90, foi promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional que estabeleceu o princípio da flexibilização curricular em substituição à rigidez dos currículos mínimos. O processo de discussão sobre as mudanças dos currículos mínimos dos cursos de graduação foi iniciado, em dezembro de 1997, pela Secretaria de Educação Superior (SESu) do Ministério da Educação com a abertura do edital n°4/97 para envio de proposta pelas Instituições de Ensino Superior (IES) para a elaboração das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN).11 As DCN para os cursos de graduação em Odontologia, aprovadas em 2002, apontam na direção da diversificação de cenários no SUS quando recomendam que a formação profissional deve incluir o sistema de saúde do país, a atenção integral à saúde e o trabalho em equipe.4 O relatório da 3ª Conferência Nacional de Saúde Bucal sinaliza na mesma direção quando valoriza os convênios entre as instituições formadoras e os serviços de atenção à saúde bucal como oportunidade de aproximação dos estudantes dos modelos assistenciais e da realidade social da população.5 Um componente importante de mudança na formação depois da promulgação das DCN para a área da saúde é o Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde) do Ministério da Educação e Ministério da Saúde. Ele foi lançado em 2005, e tem como objetivo geral do com os princípios do programa está amparada na seleção da proposta do curso na sua primeira edição. Um dos objetivos propostos pela candidatura do curso ao Pró-Saúde é o fortalecimento e o avanço do seu processo de mudança curricular. A elaboração da nova matriz curricular tem considerado o perfil epidemiológico da população brasileira, a produção científica sobre as iniciativas de mudança na formação nas profissões da saúde, e as políticas para a educação e a saúde. A necessidade de ampla participação e co-responsabilização da comunidade universitária com a mudança curricular, as experiências acumuladas pelo curso, a busca de consensos, e a mudança na formação entendida como processo em que se reconhece os limites humanos e de infra-estrutura; são os outros elementos que têm balizado as proposições apresentadas pelo curso. Nesse processo tem sido dada atenção especial à estratégia da diversificação dos cenários de aprendizagem uma vez que estes permitem uma aproximação dos estudantes das reais condições de saúde das comunidades. Os distintos cenários têm um potencial efeito indutor de transformação para o curso uma vez que revelam a contradição entre as condições sociais e os modelos de prática com enfoque predominante nos aspectos biológicos. Favorecem o desenvolvimento de uma formação mais crítica. O Pró-Saúde dá importância aos cenários de prática, não só pelas possibilidades de transformação apresentadas por essa proposta como pela demanda de acesso das populações beneficiárias dos programas e iniciativas das instituições formadoras de recursos humanos para a saúde. O cenário de prática diz respeito, “à incorporação e à inter-relação entre métodos didáticos, pedagógicos, áreas de prática e vivências, utilização de tecnologias e habilidades cognitivas e psicomotoras. Inclui também a valorização dos preceitos morais e éticos orientadores de condutas individuais e coletivas. Eles se relacionam também aos processos de trabalho, ao deslocamento “incentivar transformações do processo de formação, ge- do sujeito e do objeto do ensino e à revisão da interpreta- ração de conhecimentos e prestação de serviços à popula- ção das questões referentes à saúde e à doença, em que se ção, para abordagem integral do processo de saúde/do- considera sua dinâmica social”.9 ença”.6 A Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais (FO-UFMG), a partir de 2004, em resposta às DCN e em sintonia com o PróSaúde, tem se mobilizado para uma alteração na sua matriz curricular. A perspectiva da mudança de acor30 Dessa forma, o espaço físico, os equipamentos sociais e dos serviços, e os programas são condições necessárias para o desenvolvimento do ensino e da atenção à saúde. As instituições que participam da formação – universidade e serviço – imprimem um novo significado para a natureza e os conteúdos das Revista da ABENO • 11(1):29-34 Inserção do aluno de odontologia no SUS: contribuições do Pró-Saúde • Lucas SD, Palmier AC, Amaral JHL, Werneck MAF, Senna MIB práticas. Assim, supera-se a utilização dos serviços de caráter exclusivamente instrumental, fazendo dos cenários externos um prolongamento do espaço institucional da universidade. Trabalha-se também com a concepção de território que implica, além do componente geográfico, as condições de vida da população, perfil epidemiológico, acesso aos serviços de saúde, disponibilidade de equipamentos sociais, grau de mobilização e organização da população, e ações de caráter inter-setorial. Soma-se a essas possibilidades a formação no processo de trabalho da equipe multiprofissional. Propõe-se dessa forma responder propositivamente ao alerta de que na formação de recursos humanos a incerteza, os conflitos de valor e a singularidade das situações reais da prática não raras vezes escapam de soluções técnicas pré-definidas.14 Fundamentalmente, a intencionalidade primeira de como e porque se compartilham os cenários de aprendizagem com o serviço é a mudança no processo de formação profissional. O maior ou menor sucesso dessas iniciativas é diretamente dependente do quanto os sujeitos venham a se despir dos preconceitos ainda muito presentes nas relações interinstitucionais. Outro elemento de fundamental importância, nessa linha de trabalho, é dar oportunidade à inserção à prática desde o início do curso. O objetivo deve ser oferecer um significado necessário aos conteúdos curriculares tradicionalmente vinculados aos primeiros períodos da formação. A reformulação da Disciplina de Ciências Sociais Aplicadas à Saúde (CSAS) foi uma das iniciativas do curso. Buscava-se a transformação de uma disciplina com enfoque eminentemente conceitual e fragmentado em sala de aula, para uma disciplina que apresentasse um eixo temático consistente e que envolvesse atividades práticas de inserção do discente no SUS no começo da formação profissional. Antes dessa mudança, os estudantes participavam de uma única visita às unidades básicas de saúde (UBS) no início das atividades clínicas do quarto período do curso. Uma segunda oportunidade de contato com o SUS, essa mais efetiva, consistia na participação dos estudantes no Estágio Supervisionado no último período da formação. Originalmente, de 1982 até meados da década de 90, a disciplina de CSAS com conteúdos de Sociologia, Antropologia e Psicologia era ministrada por professores da área de ciências humanas, a saber, assistentes sociais, sociólogos e docentes da área da Psicologia. Ao longo do tempo, os conteúdos foram assumidos por uma cirurgiã-dentista com formação na área da Saúde Coletiva; em função da escassez destes profissionais na UFMG com disponibilidade para apoiar os cursos não vinculados às ciências humanas. A decisão pela mudança dos conteúdos caminhou na direção de oferecer subsídios na área da Saúde Coletiva como aporte teórico capaz de iluminar experiências de inserção à prática no SUS e na comunidade. A disciplina busca enfatizar os problemas de saúde da população, a organização e estrutura disponíveis para a superação destas questões e o processo de trabalho que caracterizam o modelo de atenção à saúde vigente. Com a proposta de mudança foram incorporados docentes com formação em Saúde Coletiva. Há expectativa de que as alterações na disciplina funcionem como um projeto piloto subsidiando outras iniciativas. Pretende-se uma maior aproximação dos estudantes à prática profissional desde o início da formação. Esse movimento reforçou a idéia de que essas inserções são viáveis na proposta de mudança curricular do curso. O novo projeto da disciplina foi elaborado por um grupo de trabalho formado por docentes com formação em saúde coletiva, sanitaristas da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, dentre eles os Coordenadores de Saúde Bucal, representantes do Centro de Educação em Saúde (CES) e gerentes de UBS. O objetivo deste trabalho é sistematizar a experiência da FO-UFMG com a disciplina CSAS ministrada no segundo período do Curso de Odontologia relatando a inserção dos estudantes no SUS. MATERIAL E MÉTODOS A disciplina de CSAS é obrigatória, com uma carga horária de 45 horas. A equipe é composta por quatro docentes de dois departamentos da Unidade. O plano de ensino e o caderno de textos constituem o material didático disponibilizado. O plano de ensino apresenta as atividades que serão desenvolvidas ao longo do semestre, método, critérios de avaliação, roteiros para atividades práticas e bibliografia. O caderno de textos apresenta bibliografia básica e complementar. Os objetivos da disciplina são conhecer e discutir as concepções do processo saúde/doença em distintos grupos sociais e compreender os determinantes sociais de saúde. Desse modo, o eixo estruturador da disciplina é o tema processo saúde/doença. Deste tema derivam outros conteúdos correlacionados. A aprendizagem significativa observando as condições da aprendizagem de adultos, a utilização de metodologias ativas e a diversificação dos cenários de Revista da ABENO • 11(1):29-34 31 Inserção do aluno de odontologia no SUS: contribuições do Pró-Saúde • Lucas SD, Palmier AC, Amaral JHL, Werneck MAF, Senna MIB aprendizagem podem ser consideradas características da disciplina. As atividades com a participação dos estudantes acontecem em sala de aula e os cenários são o SUS e a comunidade. A aprendizagem significativa trata da relação entre a nova informação e a estrutura de conhecimento do estudante, o que ela já conhece.8 No processo também são fundamentais a diversificação dos cenários, a construção permanente das informações e a valorização da prática.1 Na disciplina fez-se a escolha pela problematização que consiste na aproximação crítica da realidade servindo-se dela como ocasião/desafio para a aprendizagem. No campo das estratégias de ensino são utilizadas aulas expositivas dialogadas, estudo dirigido e de textos, atividades em grupos onde participa um docente tutor, atividade interativa nos cenários de prática e socialização de produtos. O tutor é aquele que acompanha e revê a prática discente e facilita o processo de ensino-aprendizagem, não qualquer processo, mas aquele centrado no estudante. Dele espera-se a competência para facilitar o processo do aprender a aprender e que tenha uma compreensão clara da prática desenvolvida pelos alunos.2 Não diferentemente de outras experiências a avaliação do processo de ensino aprendizagem é de difícil operacionalização. Nesse sentido, o corpo docente da disciplina tem trabalhado na busca de uma coerência cada vez maior entre os procedimentos de avaliação e os objetivos do ensino. Até o momento, a avaliação dos estudantes é feita no contexto de cada grupo. Eles são avaliados na produção escrita, na habilidade de exposição e análise das situações observadas, e na coerência das conclusões considerando o aporte trazido pela literatura. Na socialização dos produtos em sala de aula observa-se a clareza na exposição das idéias, a capacidade de síntese, e a organização lógica entre o registro das observações, a habilidade crítica e as conclusões. A dinâmica da disciplina intercala as atividades de concentração em sala de aula com dispersão nos cenários. Durante as atividades de concentração, em sala de aula, busca-se a motivação dos estudantes para a construção do conhecimento científico dos temas abordados considerando as experiências do cotidiano e a prática social. É feito um levantamento das representações dos discentes sobre os conteúdos curriculares, entre eles: processo saúde-doença e o SUS. A seguir, faz-se o estudo dirigido da literatura disponível e a problematização das representações 32 do grupo. Artigos científicos e textos oficiais são utilizados nessa fase. A discussão é feita em grupos de até vinte estudantes. O passo seguinte é a preparação dos alunos para o desenvolvimento das atividades nas UBS. Neste sentido, foram elaborados roteiros, previamente testados, sobre cada conteúdo objeto das práticas nos cenários. Após cada atividade no campo de prática os estudantes elaboram uma síntese entre as impressões previamente construídas e o que foi observado nos cenários. Estimula-se, com isso, que os discentes possam identificar as maiores ou menores aproximações entre as primeiras elaborações construídas pelo grupo e a prática social vigente. Desse modo, a realidade torna-se mediadora da aprendizagem. Tendo em vista os objetivos da disciplina trabalham-se as seguintes temáticas: • o conceito de saúde dos usuários e trabalhadores do SUS; • o acolhimento, a visita domiciliar, o processo de trabalho e a gestão local nas UBS; • os recursos materiais e humanos; e • a infra-estrutura da atenção à saúde. As atividades são desenvolvidas em dez UBS localizadas em três Distritos Sanitários apoiadas pelo gestor local e trabalhadores. Durante as visitas domiciliares, os alunos são acompanhados pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS). As ações compreendem a realização de uma enquete sobre o conceito de saúde dos diferentes sujeitos, a coleta de informações sobre a gestão e o processo de trabalho, o registro da estrutura física, dos recursos materiais, humanos, a participação nas atividades de acolhimento e a realização de visitas domiciliares. Nas UBS os estudantes são acompanhados por profissionais dos serviços. Na educação médica, a figura do profissional que auxilia na formação tem recebido diferentes denominações entre elas supervisor, mentor, preceptor e tutor.2 O esforço dos autores culminou com uma proposta de padronização na utilização desses termos que a nosso ver não consegue responder ao perfil da atividade do profissional do serviço no caso específico da disciplina. Entretanto, oferece elementos suficientes para inicialmente situar essa atuação no conjunto das ações que se espera de um preceptor, quais sejam a de dar suporte, compartilhar experiências, reduzir a distância entre a teoria e prática favorecendo a execução das ações durante as atividades de ensino. Revista da ABENO • 11(1):29-34 Inserção do aluno de odontologia no SUS: contribuições do Pró-Saúde • Lucas SD, Palmier AC, Amaral JHL, Werneck MAF, Senna MIB RESULTADOS A experiência com a disciplina tem mostrado que apenas um número reduzido dos estudantes se considera usuários dos serviços de atenção à saúde, por não compreenderem a diversidade de ações do sistema. Os alunos, na sua maioria, não projetam o serviço público como espaço preferencial para a atuação como profissionais de saúde. As informações que detêm sobre o SUS são aquelas veiculadas pela mídia. Após o reconhecimento dos cenários de prática as impressões anteriormente registradas sobre o SUS começam a ser substituídas por percepções mais positivas, e de surpresa diante do que foi observado. A concepção de saúde como perfeito estado de equilíbrio das funções, órgãos e sistemas como normalidade fisiológica e mental prevalece entre os estudantes. A doença é percebida como um rompimento desse estado de equilíbrio. Os estudantes identificam diferentes percepções do processo saúde/doença entre os trabalhadores da UBS e usuários. O mesmo acontece entre diferentes categorias profissionais. De forma bastante particular os usuários das UBS relacionam a doença com a falta de condições para o trabalho. Quanto à saúde bucal os discentes se surpreendem com o fato de algumas pessoas relatarem ausência de doença bucal mesmo entre aquelas que afirmam já ter se submetido a alguma intervenção odontológica. Esta atividade propicia reconhecer diferentes formulações do conceito saúde/doença nas diferentes classes sociais permitindo compreender os significados da determinação social da saúde. Buscase que o aluno também se situe no contexto de sua origem social e reflita sobre o que tem determinado a formulação do próprio conceito de saúde/doença. A participação no acolhimento e as visitas domiciliares colocam os estudantes em contato com atividades extremamente importantes à percepção dos tipos de problemas e demandas da população assim como o seu enfrentamento diante da capacidade de resposta do SUS. O acolhimento desnuda a complexidade do acesso aos serviços de saúde, as diferentes demandas dos usuários e trás à tona a questão das condições agudas. Mostra também aspectos do processo de trabalho não reconhecidos pelo estudante permitindo o exercício da dúvida em relação aos papéis a serem desempenhados por diferentes profissionais. As visitas domiciliares, além de revelar a estratégia não reconhecida pela maioria dos estudantes onde profissionais do serviço se deslocam até a residência das famílias, permite a constatação, in loco, das condições de vida e sua relação com as condições de saúde. As duas experiências revelam a importância da compreensão de que, para além da biologia humana, as condições de vida das pessoas, valores e hábitos, estilos de vida e ambiente, e a organização política e social interferem diretamente na situação de saúde da população. Introduz-se, assim, um conceito absolutamente novo para os estudantes: o da determinação social da saúde. DISCUSSÃO O caminho metodológico proposto pela disciplina atende aos pressupostos das DCN e aos princípios do Pró-Saúde de produzir uma aprendizagem que tenha a realidade e a prática do SUS como objetos do ensino. Vivenciar o processo de trabalho das UBS propicia o surgimento, para o estudante, de um conceito de trabalho que supera a ação centrada no profissional, na consulta clínica odontológica, na prescrição de medicamentos e solicitação de exames complementares. Permite a incorporação de outros educadores, no processo de formação, como os profissionais ligados aos serviços. Possibilita, também, o desenvolvimento da capacidade crítica do estudante de Odontologia facilitando a reformulação de conceitos e a conseqüente criação de novos conhecimentos. Quanto aos atores do serviço de saúde, estes atribuem importância à inserção dos futuros profissionais no SUS, mesmo no início do Curso de Odontologia quando as suas contribuições são limitadas; por compreenderem que se pode formar um profissional mais capacitado para atuar na saúde pública. O Pró-Saúde potencializou os esforços que vinham sendo implementados com o objetivo de promover a mudança da matriz curricular na FO-UFMG. No caso específico da disciplina de CSAS houve um fortalecimento das ações e motivação dos professores com pronta resposta da parte da Coordenação de Saúde Bucal do Município de Belo Horizonte. A abertura dos novos cenários de prática para a disciplina foi pactuada no contexto e desdobramentos do PróSaúde incluindo a realocação e aquisição de equipamentos para os cenários do Estágio Supervisionado do nono período do curso. Outro avanço importante foi a mudança da disciplina de CSAS do segundo para o primeiro período na nova matriz curricular atendendo à expectativa de inserção dos estudantes à prática desde o início da formação. Mais imediatamente, a experiência da disciplina de CSAS servirá de parâmetro na organização e planejamento de outros conteúdos vinculados à saúde coletiva a serem incluídos na formação profissional. Revista da ABENO • 11(1):29-34 33 Inserção do aluno de odontologia no SUS: contribuições do Pró-Saúde • Lucas SD, Palmier AC, Amaral JHL, Werneck MAF, Senna MIB CONCLUSÕES Considera-se que a experiência da disciplina incorpora os três eixos do Pró-Saúde: a)orientação teórica devido ao seu referencial teórico que é o processo saúde/doença; b)cenários de prática pela integração ensino-serviço e diversificação dos cenários de aprendizagem e c) orientação pedagógica por meio da adoção de metodologias ativas de ensino-aprendizagem e pela análise crítica da atenção primária. ABSTRACT Insertion of the dental student in the SUS: contributions of the Pro-Health program The aim of this study was to describe the experience of the Social Sciences Applied to Health (CSAS) discipline of the Dental School of the Federal University of Minas Gerais (FO-UFMG). In response to the National Curriculum Guidelines for the dental undergraduate course and the National Program of Reorientation of Health Professional Training (PróSaúde), the FO-UFMG has been undergoing curriculum reform since 2004. Special attention has been given to the range of scenarios in the teaching process. In 2007, the CSAS discipline was changed, allowing the insertion of the students into the Unified Health System (SUS) as of the beginning of their training, when reality and SUS practice are the teaching subjects. This movement reinforced the expectation that this insertion is viable. It is hoped that the changes in the discipline will be used as a pilot project, supporting other initiatives that aim at putting students closer to professional practice and and that serve as a model in the organization and planning of other subjects related to public health, to be ultimately included in professional training. Descriptors Social Sciences. Curriculum. Teaching. Dentistry. Unified Health System (SUS). § 4. BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação / Câmara de Educação. Resolução CNE/CES nº 3/2002, de 19 de fevereiro de 2002. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Odontologia. Brasília, DF, 19 fev. 2002. 5. BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. 3ª Conferência Nacional de Saúde Bucal, Brasília, DF, de 29 de julho a 1º de agosto de 2004 – Relatório Final. Disponível em: http://www.saude.sc.gov.br/Eventos/ConferenciaSaudeBucal/relatorio_nacional.pdf 6. BRASIL. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde – Pró-Saúde. Série C. Projetos, Programas e Relatórios. Brasília, DF, 2005. 7. Conselho Federal de Educação. Resolução no. 04, de 03 de setembro de 1982. Fixa os mínimos de conteúdo e duração do curso de Odontologia. Ministério da Educação e Cultura. Diário Oficial, 16/09/1982 8. Dellaroza MSG, Vannuchi MTO. (Org.). O currículo integrado do Curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Londrina: do sonho à realidade. São Paulo: HUCITEC, 2005. 9. Feuerwerker LCM, Costa H, Rangel ML. Diversificação de cenários de ensino e trabalho sobre necessidades/problemas da comunidade. Divulgação em Saúde para Debate 2000; (22) 36-48. 10. Lucas SD. Formação profissional de cirurgiões-dentistas egressos de dois cursos superiores com orientações distintas. Belo Horizonte, 1995. Mestrado [Dissertação]. Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais. 11. Martins RO. Permanência e movimento: um olhar sobre o processo e construção das diretrizes curriculares para o ensino superior no contexto das políticas do MEC. Brasília, 2004. Tese [Doutorado em Sociologia]. Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Brasília. 12. Mendes EV, Marcos B. Odontologia integral: bases teóricas e suas implicações no ensino e na pesquisa odontológicas. Belo Horizonte: PUCMG/FINEP, 1985. 13. Queiroz MG, Dourado LF. O ensino da odontologia no Brasil: uma leitura com base nas recomendações e nos encontros internacionais da década de 1960. Hist. cienc. saude-Manguinhos 2009; 16(4) 1011-1026. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Batista N et al. O enfoque problematizador na formação de profissionais da saúde. Rev Saúde Pública 2005; 39 (2) 231-237. 14. Schön DA. Educando o profissional reflexivo: um novo design para o ensino e a aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2000. 2. Botti SHO, Rego S. Preceptor, supervisor, tutor e mentor: quais são seus papéis? Rev Bras Educ Med 2008; 32(3) 363-373. 3. BRASIL. Lei n. 8080 – 19 set. 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes, e dá outras providências. Diário Oficial, Brasília, 20 set. 1990. 34 Revista da ABENO • 11(1):29-34 Recebido em 07/07/2011 Aceito em 25/07/2011 PET-Saúde/Vigilância - UNISC: A relação com o ensino Odontológico Tassia Silvana Borges*, Alexandre Daronco*, Charlene do Santos Silveira*, Eduardo Chaida Sonda*, Beatriz Baldo Marques**, Fabiana Battisti***, Cristiane Pimentel Hernandes Machado***, Alexandre Rauber****, Marcos Moura Baptista dos Santos*****, Lia Gonçalves Possuelo****** * Bolsistas do PET Saúde/Vigilância – Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC ** Professora do Curso de Odontologia da Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC *** Preceptoras do PET Saúde/Vigilância –Universidade de Santa Cruz do Sul- UNISC **** Professor do Departamento de História e Geografia- Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC ***** Coordenador do Grupo PET-Vigilância em Saúde-Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC ****** Tutora Acadêmica do PET Saúde/ Vigilância – Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC RESUMO O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - PET-Saúde/Vigilância - foi implantado na Universidade de Santa Cruz do Sul, no município de Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul, com duas linhas de atenção: Atenção a Saúde do Trabalhador e Estratégias de Prevenção em Tuberculose. A magnitude da tuberculose explicita a necessidade de que não somente o médico, mas toda a equipe de saúde, incluindo o Cirurgião-Dentista, façam as identificações de possíveis casos de tuberculose e orientem corretamente seus pacientes. Material e Método: Por meio de reuniões semanais os acadêmicos foram divididos em grupos e realizaram o mapeamento de casos de Tuberculose (TB) nos anos 2000 a 2010. Concluída esta etapa foram realizadas capacitações para as equipes das Estratégias de Saúde de Família do município e palestras nas escolas da rede púbica de ensino além de campanhas na praça, no asilo municipal e no presídio regional, realizando busca de sintomáticos respiratórios. Resultados: Foram encontrados 523 casos de TB notificados no município. Nas capacitações foram mobilizadas 142 profissionais de saúde nas ESFs do município. Discussão: A distribuição, o modo de contágio e as formas de apresentação das doenças são de grande importância para o Cirurgião Dentista, sendo o PET Vigilância grande auxiliar na formação de tal profissional. Conclusão: Programas de ensino para saúde que orientem uma formação diferenciada vêm ao encontro das necessidades pungentes não somente da população como do Sistema de Saúde como um todo. Descritores Odontologia. Vigilância. Tuberculose. Epidemiologia. O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - PET-Saúde/Vigilância - foi implantado na Universidade de Santa Cruz do Sul-UNISC, no município de Santa Cruz do Sul-RS, com duas linhas de atenção: Atenção a Saúde do Trabalhador e Estratégias de Prevenção em Tuberculose. O PET-Saúde/ Vigilância tem como pressuposto a educação pelo trabalho, e é destinado a fomentar grupos de aprendizagem tutorial no âmbito da Vigilância em Saúde, caracterizando-se como instrumento para qualificação em serviço dos profissionais da saúde, bem como de iniciação ao trabalho e vivências direcionadas aos estudantes dos cursos de graduação desta área. Tal programa direciona suas atividades de acordo com as ações do Sistema Único de Saúde-SUS, tendo em pers- Revista da ABENO • 11(1):35-8 35 PET-Saúde/Vigilância - UNISC: A relação com o ensino Odontológico • Borges TS, Daronco A, Silveira CS, Sonda EC, Marques BB, Battisti F, Machado CPH, Rauber A, Santos MMB, Possuelo LG pectiva as necessidades dos serviços como fonte de produção de conhecimento e pesquisa nas instituições de ensino. Fazem parte do PET-Saúde/Vigilância - Tuberculose, acadêmicos dos cursos de Medicina, Enfermagem, Nutrição, Fisioterapia, Farmácia e Odontologia. A tuberculose (TB) é uma doença de amplitude mundial, cujo principal agente etiológico é o Mycobacterium tuberculosis.5 A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que ocorreram em torno de 9,4 milhões de casos de TB em todo o mundo no ano de 2009.7 A mortalidade associada a esta doença ainda registra valores muito elevados: 1,7 milhões de mortes no ano de 2009, o que representa um total de 4.700 mortes/dia. O Brasil é um dos 22 países responsáveis por 80% dos casos de TB do mundo.3 O Estado do Rio Grande do Sul (RS) em 2009 atingiu uma taxa de incidência de 48 casos/100.000 habitantes. A cidade de Porto Alegre é uma das capitais brasileiras que apresenta as maiores taxas de incidência, chegando a 118 casos/100.000 habitantes. Santa Cruz do Sul é um município da região central do estado do RS e está entre os 15 municípios prioritários para o controle da TB, onde a incidência chega a 50 casos/100.000 habitantes, além de apresentar taxas de cura menores que as recomendadas pelo Ministério da Saúde.4 A magnitude da patologia explicita a necessidade de que não somente o médico, mas toda a equipe de saúde, incluindo o Cirurgião-Dentista, façam a identificação de possíveis casos de tuberculose e orientem corretamente seus pacientes. Não obstante, o desconhecimento sobre a tuberculose leva o CirurgiãoDentista a não reconhecer ou não orientar adequadamente aqueles que atende. Tal fato advém de sua formação acadêmica, na qual tal patologia não é abordada. Outro ponto que merece destaque é a relevância que a epidemiologia tem para profissionais de saúde, podendo auxiliar na atuação em prevenção de doenças pelo conhecimento de suas características.2 O presente artigo tem por objetivo, através de relato acerca das atividades realizadas por acadêmicos do PET-Saúde/Vigilância, demonstrar como tal projeto pode ampliar a formação em Odontologia tanto no que tange um maior conhecimento a respeito de uma doença infecciosa de suma relevância quanto no entendimento da epidemiologia como ferramenta de prevenção e promoção de saúde. MATERIAIS E MÉTODOS Realizam-se reuniões semanais para discutir o an36 damento do trabalho e propor novas atividades dentro do grupo PET-Saúde/Vigilância, sendo que em algumas destas é realizada divisão do grande grupo em equipes menores para executar determinadas tarefas. A primeira tarefa proposta foi o mapeamento de todos os casos de TB desde o ano 2000 até o ano de 2010 no município de Santa Cruz do Sul, buscando os dados no local de referência para o tratamento da TB e no Sistema de Informações sobre Agravo de Notificação do Ministério da Saúde (SINAM). Após, realizou-se o geoprocessamento dos casos utilizando o sistema software Google Earth. Na etapa seguinte os padrões de pontos de ocorrência dos eventos foram inseridos no AutoCadMap sobre o mapa base de logradouros e bairros fornecido pela Prefeitura Municipal e posteriormente os pontos marcados foram exportados para o TerraView ver. 3.5.0, um Sistema de Informações Cartográficas (SIG), desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). No TerraView foram realizadas as análises geoespaciais e a produção dos mapas temáticos. Este projeto foi previamente submetido à apreciação e aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Santa Cruz do Sul e aprovado sob protocolo número 2764/10. Finalizada tal atividade, foram localizados os bairros do município com maior incidência de TB. Na etapa seguinte, realizaram-se capacitações para equipes das ESFs do município, abrangendo também o município de Venâncio Aires com capacitação para os Agentes de Saúde do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). As capacitações se realizaram em dias alternados, sendo que todo o material foi confeccionado pelos acadêmicos, como slides para as apresentações, folders e cartilhas explicativas para os ACS. Cada capacitação foi previamente agendada com as enfermeiras responsáveis pela equipe em horários adequados para as mesmas e para os acadêmicos. Outra importante atividade desenvolvida pelo grupo foram as palestras nas escolas públicas de ensino fundamental e médio do município com o intuito de melhorar a qualidade de informação referente à TB entre crianças e adolescentes. Estas palestras também foram preparadas pelos próprios bolsistas e ministradas dependo da disponibilidade destes e das escolas. Para estas atividades foram disponibilizados os microscópios para visualização do Bacilo de Koch, correlacionando assuntos vistos em sala de aula com aspectos importantes sobre a tuberculose. Foram realizadas campanhas no município no Revista da ABENO • 11(1): 35-8 PET-Saúde/Vigilância - UNISC: A relação com o ensino Odontológico • Borges TS, Daronco A, Silveira CS, Sonda EC, Marques BB, Battisti F, Machado CPH, Rauber A, Santos MMB, Possuelo LG intuito de divulgar e conscientizar a população sobre a importância da TB e a busca pelos sintomáticos respiratórios. Para estas atividades foram selecionados locais estratégicos, como a praça principal da cidade, o asilo municipal e o presídio regional. Nestas ocasiões foram distribuídos os folders explicativos da TB e feita a busca de sintomáticos respiratórios identificando indivíduos com tosse persistente por mais de 3 semanas. A coleta do escarro para realização da baciloscopia foi também realizada. RESULTADOS Foram encontrados nestes 10 anos 523 casos notificados de TB no município, compreendendo área rural e urbana. A primeira parte do estudo conseguiu levantar dados importantes como identificação do local de maior prevalência como sendo o Presídio Regional da cidade de Santa Cruz do Sul-RS. Munidos de informações acerca da epidemiologia da Tuberculose na cidade, os acadêmicos realizaram capacitações com as equipes de saúde. Desde o mês de março de 2011 tais capacitações são realizadas com profissionais Médicos, Odontólogos, Auxiliares de Saúde Bucal, Enfermeiras, Técnicas de Enfermagem e Agentes Comunitárias de Saúde. O PET-Saúde/Vigilância teve como resultado das capacitações a mobilização de 142 pessoas das dez ESFs do município e 88 alunos nas capacitações realizadas nas escolas. A busca de sintomáticos respiratórios em campanhas na praça principal da cidade, no asilo municipal e no presídio regional foram feitas realizando-se 30 baciloscopias entre os sintomáticos respiratórios, todas negativas. O resultado alcançado pelo PET-Saúde/Vigilância-Tuberculose está sendo divulgado nos jornais de circulação local, em programas de televisão, em congressos com resumos elaborados pelos acadêmicos e em produções de artigos com os resultados obtidos nas pesquisas. Com as capacitações percebemos que os profissionais começaram a modificar a forma de ver a tuberculose nos dias atuais. Na prática do Cirurgião- Dentista pouco esta doença é comentada ou lembrada, o que fez os dentistas do município lançarem a proposta de capacitações específicas para os mesmos, trazendo como sugestão modificar o prontuário dos pacientes, o qual não consta perguntas sobre os sintomas da TB. Lembramos que a TB, AIDS, Hepatite e Herpes são doenças infecto-contagiosas associadas a profissão do Cirurgião-Dentista. Por este motivo, devemos saber que as medidas de controle de infecção devem ser praticadas com rigor. O risco de contrair doenças e infecções em atendimentos odontológicos está diretamente ligado a não observância de preocupações universais de biossegurança, temos algumas medidas a serem tomadas: • Em relação ao paciente: Anamnese. • Em relação à equipe: Uso de Equipamento de Proteção Individual. Estas observações foram levantadas para reafirmar a importância do Cirurgião Dentista frente a situações como estas. DISCUSSÃO O entendimento epidemiológico desenvolvido a partir da pesquisa permite ao acadêmico compreender a importância de ações de prevenção,5 não somente sobre a doença na qual o trabalho foi pautado, mas também no que se refere a qualquer patologia. A distribuição, o modo de contágio e as formas de apresentação das doenças são de grande importância para o Cirurgião-Dentista, sendo o PET-Saúde/Vigilância grande auxiliar na formação de tal profissional. As capacitações que se realizam para equipes de saúde trazem o ambiente acadêmico para próximo da realidade de trabalho que o futuro profissional irá vivenciar. Tal aproximação permite a formação de uma consciência crítica ampla, capaz de compreender não somente o funcionamento do atendimento no serviço de saúde, como também peculiaridades do mesmo. Dentre os aspectos que interferem no desenvolvimento das ações de controle das doenças pelas equipes de profissionais que compõem a rede básica de saúde, apontam-se a qualificação profissional. Mesmo com a implantação da ESF, tem se observado uma inabilidade dos profissionais para abordar a problemática de algumas questões nos municípios brasileiros.1 Com programas de educação semelhantes ao PET-Saúde, tal vicissitude pode ser superada em vista do trabalho desenvolvido com as equipes de saúde e à formação de profissionais com formação mais direcionada às necessidades da realidade. CONCLUSÕES A Odontologia está intimamente relacionada a este tema, pois a tuberculose é uma doença presente em nosso meio, transmitida pelo ar, que tem sintomas característicos e que se tratada corretamente tem cura. A proposta que surgiu dos dentistas do município é uma prova de que cada vez mais devemos nos envolver com esta temática. O PET-Saúde/Vigilância é uma forma de integrar toda a comunidade acadê- Revista da ABENO • 11(1): 35-8 37 PET-Saúde/Vigilância - UNISC: A relação com o ensino Odontológico • Borges TS, Daronco A, Silveira CS, Sonda EC, Marques BB, Battisti F, Machado CPH, Rauber A, Santos MMB, Possuelo LG mica e a rede de serviço, fazendo com que todos participem incessantemente na busca pela proteção, promoção e recuperação da saúde. O ensino odontológico necessita de programas de educação para formação de profissionais que atuem além do simples agir em lesões bucais, é preciso uma visão ampliada do ser humano. Isto inclui a compreensão de algumas doenças sistêmicas como a tuberculose e habilidade para lidar com ferramentas e dados epidemiológicos. Por conseguinte, o PET-Saúde/Vigilância e programas de ensino para saúde que orientem uma formação diferenciada vêm ao encontro das necessidades pungentes não somente da população como do Sistema de Saúde como um todo. Da mesma maneira, é importante frisar que programas como PET-Saúde impelem o estudante a não somente resgatar seu conhecimento, como a buscar novos saberes. Embora manifestações bucais da tuberculose decorram usualmente da implantação do bacilo existente no escarro resultante da expulsão de bactérias pela tosse, sendo a linha mediana do dorso da língua, o palato e lábios como sítios mais prevalentes,5 tal conhecimento, embora assaz relevante, é desconhecido para grande parcela de profissionais odontólogos. Graças a pesquisa realizada, acadêmicos da área puderam não somente lapidar seu saber, como desenvolver novos conhecimentos a partir das indagações que o trabalho suscitou. were given in the schools of the public education network, in addition to campaigns in the square, at the municipal asylum and in the regional prison, in search of people exhibiting symptomatic breathing. A total of 523 cases of TB were found in the municipal district, and were notified. In the training sessions, 142 ESF health professionals were engaged in the municipal district. Discussion: The distribution, the infection and the manner of presentation of diseases are of great importance for Dentists, and PET/ Surveillance is of great help in the training of a professional. Conclusion: Health-oriented teaching programs that guide a distinctive form of training for health professionals address the acute needs not only of the population but also of the Health System as a whole. Descriptors Dentistry. Surveillance.Tuberculosis. Epidemiology. § REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Curso de Formação de Facilitadores de Educação Permanente em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2005. 2. Fletcher, R. H.; Fletcher, S. W. Epidemiologia clínica: elementos essenciais. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. 3. Manual de Recomendações para o Controle de Tuberculose no Brasil [Internet]. Brasil: Ministério da Saúde. 2010 – [cited ABSTRACT PET-Health/Surveillance - UNISC: Relationship with dental teaching The Education through Health Work Program / Surveillance (PET-SAÚDE/Vigilância) was implemented at the University of Santa Cruz do Sul in the municipal district of Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul, guided by two lines of attention: Attention to Worker’s Health and Strategies of Tuberculosis Prevention. The magnitude of tuberculosis clearly expresses the need for not only the doctor, but also the whole health team, including the Dentist, to identify possible cases of tuberculosis and guide patients correctly. Method: Students got together in weekly meetings and were divided into groups; they performed the mapping of tuberculosis cases (TB) in the years 2000 to 2010. Once this stage was concluded, training sessions were held for the Family Health Strategy (ESF) teams of the municipal district, and lectures 38 2011 Jan 13]. Avaible from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/ books/NBK7273/. 4. PECT. Programa Estadual de Controle da Tuberculose do Estado do Rio Grande do Sul. Secretaria Estadual da Saúde. 2010 5. Sociedade Brasileira de Pneumologia e tisiologia. III Diretrizes para Tuberculose da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. J Bras Pneumol. 2009; 35(10):1018-1048. 6. Volkweis, R.M. et al. Lesões bucais manifestadas em pacientes aidéticos e tuberculosos, relacionadas com a contagem celular cd4+ / cd8+. PGR-Pós-Grad Rev Fac Odontol São José dos Campos, v.4, n.3, set./dez. p. 74-82. 2001. 7. WHO. Global Tuberculosis Control [Internet]. Geneva: World Health Organization. 2010 – [cited 2011 Jan 10]. Avaible from: http://whqlibdoc.who.int/publications/2010/9789241564069_eng.pdf Revista da ABENO • 11(1): 35-8 Recebido em 07/07/2011 Aceito em 25/07/2011 Integração Acadêmica e Multiprofissional no Pet-Saúde: Experiências e Desafios Tarcísio Angelo de Oliveira Sobrinho*, Carla Patrícia Perpétua Medeiros**, Mariana Ribeiro Maia***, Tatiana Carvalho Reis****, Leonardo de Paula Miranda*****, Patrícia Ferreira Costa****** * Acadêmico do curso de graduação de medicina da Universidade Estadual de Montes Claros, MG – UNIMONTES. Voluntário do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde – PET-Saúde ** Acadêmica do curso de graduação de medicina da UNIMONTES. Bolsista do PET-Saúde *** Acadêmica do curso de graduação de ciências biológicas da UNIMONTES. Voluntária do PET-Saúde **** Acadêmica do curso de graduação de enfermagem da UNIMONTES. Voluntária do PET-Saúde ***** Cirurgião-dentista da Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros, Minas Gerais. Preceptor do PET-Saúde ****** Enfermeira da Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros, Minas Gerais. Preceptora do PET-Saúde RESUMO O objetivo deste estudo foi descrever as experiências da equipe de trabalho do PET-Saúde desenvolvidas na Unidade Básica de Saúde Independência I. Trata-se de um relato de experiência retrospectivo, descritivo e inovador por possibilitar transcorrer sobre o tema da integração acadêmica e multiprofissional no PET-Saúde. As atividades foram desenvolvidas pelos acadêmicos e preceptores dos cursos de ciências biológicas, educação física, enfermagem, medicina e odontologia. O trabalho multidisciplinar visou ao atendimento integral, que foi ofertado por meio de serviços de promoção da saúde e prevenção de doenças, com vistas à melhoria da qualidade de vida dos usuários. Dentre as ações realizadas, destacam-se a realização interdisciplinar de grupos de educação em saúde, visitas domiciliares e atendimento clínico. Como desafios, a equipe encontrou a incompatibilidade curricular e a falta de um projeto político-pedagógico consistente que favoreça a atuação multiprofissional. Para superar essas dificuldades, foram realizados planejamentos prévios das ações a serem desenvolvidas, assim como a correspondência de horários disponíveis, a fim de a equi- pe melhor se preparar para execução das atividades, realizando a troca de experiências e compartilhamento do conhecimento acadêmico. Conclui-se que apesar dos avanços na construção da formação multiprofissional, os desafios só serão superados após plena integração entre os cursos das ciências da saúde de modo a permitir a maior compatibilidade e flexibilidade curricular. DESCRITORES Programa Saúde da Família. Educação Superior. Sistema Único de Saúde. O Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde) foi criado tendo como objetivo a integração ensino-serviço e a reorientação da formação profissional, assegurando uma abordagem integral do processo saúde-doença com ênfase na Atenção Básica e promovendo transformações na prestação de serviços à população.1 Entretanto, a formação universitária ainda está centrada numa visão fragmentária no campo da disciplinaridade, fator que dificulta a formação de profissionais que saibam articular-se com outras áreas da Revista da ABENO • 11(1):39-42 39 Integração Acadêmica e Multiprofissional no PET-Saúde: Experiências e Desafios • Oliveira Sobrinho TA, Medeiros CPP, Maia MR, Reis TC, Miranda LP, Costa PF saúde e que conheçam a realidade das comunidades atendidas pela Estratégia Saúde da Família (ESF).2 Essa realidade direciona para a necessidade de uma reorientação curricular efetiva e integrada entre os cursos de saúde.3 Como não é possível mudar o paradigma sanitário e o sistema de saúde sem atuar na formação dos profissionais, as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) dos cursos da área da saúde estão buscando formar profissionais generalistas com uma visão crítica capaz de atender as necessidades sociais de saúde.4 O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) se insere como uma estratégia do Pró-Saúde, que incentiva a formação de grupos de aprendizagem tutorial no âmbito da ESF, por meio da iniciação ao trabalho multiprofissional e interdisciplinar dos estudantes dos cursos de graduação na área da saúde, constituindo-se como uma iniciativa intersetorial direcionada para o fortalecimento da integração ensino-serviço no âmbito da atenção básica. Iniciativas como as do PET-Saúde buscam atender o que é preconizado tanto nas diretrizes para a formação dos profissionais da saúde, quanto nas diretrizes para o exercício profissional no SUS.5 A união de profissionais de diversas áreas da saúde no trabalho em equipe é apontada como o elemento base para a consolidação da ESF, aprimorando relacionamentos interpessoais e articulando saberes. Essas equipes foram adotadas na ESF, justamente para que este modelo de atenção permita a articulação entre diferentes saberes na prática da assistência à saúde.6,7 No trabalho multiprofissional, ocorre a troca de experiências sob a ótica de uma abordagem integral e resolutiva, o que viabiliza o planejamento de ações de saúde mais eficazes. A construção do trabalho cooperativo apresenta-se como uma ferramenta eficaz para o fazer em grupo, porém, implica em superar muitos obstáculos.8 Como a inserção de equipes multiprofissionais na atenção primária é uma iniciativa inovadora que se configura como um desafio, estudos que discorram acerca dessa vivencia são importantes, a fim de contribuir na sua consolidação. Sendo assim, este estudo objetiva descrever as experiências, reflexões, desafios e contribuições da integração e atuação acadêmica e multiprofissional de uma equipe de trabalho do PETSaúde, vivenciadas em uma unidade da ESF. METODOLOGIA Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, o qual se configura como inovador por 40 possibilitar transcorrer sobre o tema da integração acadêmica e multiprofissional no PET-Saúde. As atividades foram desenvolvidas na unidade de saúde da ESF Independência I, situada na cidade de Montes Claros, Minas Gerais, durante o período compreendido entre Abril de 2010 e Maio de 2011, sob a coordenação de três preceptores (um dentista, uma enfermeira e uma médica, todos pertencentes à referida equipe de saúde) e atuação de acadêmicos de diferentes períodos dos seguintes cursos da Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES: • ciências biológicas, • educação física, • enfermagem, • medicina e • odontologia. Houve ainda o envolvimento de agentes comunitários de saúde na realização de algumas atividades. As ações promovidas se inseriram na própria dinâmica de funcionamento da ESF e contemplaram um público diversificado, englobando as várias fases do ciclo de vida, a saber: • crianças, • gestantes, • adolescentes, • adultos, • idosos, • hipertensos e diabéticos, • todos usuários adscritos no território da unidade de saúde abordada. É importante ressaltar que houve a realização prévia de grupos de discussão acerca de temas relevantes relacionados à prática, destacando-se os princípios da ESF, territorialização e andragogia, assim como ocorreu o planejamento conjunto das atividades a serem desenvolvidas. Os grupos promovidos se embasaram na busca da vivência cotidiana do usuário e as atividades clínicas resgataram o conhecimento científico adquirido na academia, sempre buscando acrescentar mais aprendizado ao estudante, por meio de sua inserção no cenário de prática da atenção primária em saúde. RESULTADOS O trabalho multidisciplinar realizado nesse período visou ao atendimento integral, que foi ofertado por meio de serviços de promoção da saúde e prevenção de doenças, com vistas à melhoria da qualidade de vida dos usuários. Dentre as ações realizadas, des- Revista da ABENO • 11(1):39-42 Integração Acadêmica e Multiprofissional no Pet-Saúde: Experiências e Desafios • Oliveira Sobrinho TA, Medeiros CPP, Maia MR, Reis TC, Miranda LP, Costa PF tacam-se a realização interdisciplinar de grupos de educação em saúde, visitas domiciliares e atendimento clínico. Nas atividades de educação em saúde, foi adotada a metodologia de grupos operativos, operacionalizada por meio de encontros com participação de um número reduzido de usuários com características em comum. Os temas abordados foram escolhidos buscando contemplar a demanda do território, para grupos pré-definidos pela unidade, tais como: • diabetes, • hipertensão, • planejamento familiar, • gestação, • idosos e • saúde mental, com ênfase na promoção e proteção da saúde. Com o propósito de estreitar o vínculo entre as famílias e a equipe da ESF e do PET-Saúde, foram realizadas visitas domiciliares. Estas atividades permitiram a apresentação da equipe do PET-Saúde aos usuários, bem como a proposta de realização de um planejamento integrado que envolvesse a comunidade, fortalecendo a diretriz do controle social. Exemplo satisfatório desta atuação foi o resgate dos pacientes com transtorno mental, que estavam afastados da unidade e que passaram a integrar um grupo de BemEstar em Saúde, realizado mensalmente pela equipe. Os discentes tiveram a oportunidade de acompanhar os atendimentos clínicos realizados pelos profissionais da equipe, preceptores do PET-Saúde (médico, odontólogo e enfermeira). As práticas se constituíram de consultas de pré-natal, puerpério, puericultura, saúde da mulher e demanda espontânea. No decorrer da realização dessas atividades, houve a troca de experiências e o esclarecimento de dúvidas. Ao auxiliar os preceptores, os estudantes tiveram a possibilidade de aplicar os conhecimentos teóricos adquiridos na academia. Como desafios, a equipe evidenciou a incompatibilidade curricular e a falta de um projeto políticopedagógico institucional consistente que favorecesse a atuação das várias classes profissionais. Para superar essas dificuldades, foi elaborado um Planejamento Estratégico Situacional das ações a serem desenvolvidas, englobando, inclusive, a correspondência dos horários de disponibilidade dos participantes envolvidos no processo, a fim de garantir à equipe uma melhor preparação e execução das atividades, tendo sempre como foco uma prática transdiciplinar. DISCUSSÃO Observa-se, pela literatura, que o trabalho em equipe é a base para ações integrais na saúde9 e condição necessária para atender com qualidade as necessidades dos usuários de acordo com a variabilidade de situações.10 Destaca-se que tanto os grupos operativos quanto as visitas domiciliares possibilitaram o estreitamento do vínculo com os usuários. Segundo Souza et al. (2003)11 e Teixeira et al. (2000),12 o vínculo é conseqüência de uma relação mais próxima da população com a equipe de saúde por conseqüência das visitas domiciliares, que facilita a adesão da população ao serviço de saúde. A população sente-se melhor cuidada, pois a equipe intervém com visão mais ampliada pelo conhecimento da população, estimulando sua autonomia e participação no tratamento, numa relação de respeito e valorização das particularidades, inclusive co-responsabilizando a população pelo seu próprio bem-estar. O acompanhamento das atividades clinicas inserem-se como uma das estratégias do Pró-Saúde, relacionada mais especificamente ao eixo cenários de práticas, o PET-Saúde busca incentivar a interação ativa dos estudantes e docentes dos cursos de graduação em saúde com os profissionais dos serviços e com a população. Ou seja: induzir que a escola integre, durante todo o processo de ensino-aprendizagem, a orientação teórica com as práticas de atenção nos serviços públicos de saúde, em sintonia com as reais necessidades dos usuários do Sistema Único de Saúde.13 A incompatibilidade curricular e a falta de um projeto político-pedagógico para atuação das várias classes profissionais foram verificadas neste trabalho. Segundo Pedrosa et al. (2001),14 o PSF constitui-se de equipes multiprofissionais que devem atuar em uma perspectiva interdisciplinar. Os membros da equipe articulam suas práticas e saberes no enfrentamento de cada situação identificada para propor soluções conjuntamente e intervir de maneira adequada, já que todos conhecem a problemática. CONCLUSÃO A experiência proporcionada pelo PET-Saúde aos acadêmicos dos diversos cursos da área da saúde permite vivenciar e atuar nas unidades das ESFs, contribuindo para a interação acadêmica e atuação transdiciplinar e multiprofissional dos mesmos. A aquisição de novos aprendizados propiciada é extremamente relevante para uma formação diferenciada, o que torna o futuro profissional mais preparado para enfren- Revista da ABENO • 11(1):39-42 41 Integração Acadêmica e Multiprofissional no PET-Saúde: Experiências e Desafios • Oliveira Sobrinho TA, Medeiros CPP, Maia MR, Reis TC, Miranda LP, Costa PF tar o mercado de trabalho. Nesse sentido, destaca-se que houve uma satisfatória integração entre os atores durante o processo de trabalho relatado, tanto no que diz respeito à relação docente-discente, quanto à interação academia e serviço. Deve-se enfocar que, apesar dos avanços alcançados com a proposta de uma atuação profissional diversificada e interdisciplinar, os desafios mencionados só deverão ser superados após a plena integração entre os cursos das ciências da saúde, de modo a permitir, dessa forma, uma maior flexibilidade e compatibilidade curricular. REFERÊNCIAS bibliográficas 1. Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Pró-saúde: programa nacional de reorientação da formação profissional em saúde. Brasília: MS/MEC; 2009. [acesso 26 jun 2010]. Disponível em: http://www.prosaude.org/not/prosaude-maio2009/ proSaude.pdf. 2. Moretti-Pires RO. Complexidade em Saúde da Família e formação do futuro profissional de saúde. Interface (Botucatu) 2009;13(30): 153-66. 3. Moretti-Pires RO, Campos DA. Equipe multiprofissional em Saúde da Família: do documental ao empírico no interior da Amazônia. Rev Bras Educ Med [online] 2010; 34(3):379-89. 4. Silva RPG, Rodrigues RM. Sistema Único de Saúde e a gradu- ABSTRACT Academic and Multiprofessional Integration in the PET – Health Program: Experiences and Challenges The purpose of this study was to describe the experiences of the PET – Health staff at the Independencia I Basic Health Center. It is a retrospective, descriptive and innovative experience-based report that makes it possible to address academic and multiprofessional integration in the PET – Health program. The related activities were developed by students and instructors of Biology, Physical Education, Nursing, Medicine and Dentistry. The multidisciplinary work focused on full-time treatment offered through health promotion and diseases prevention services to increase the life quality of users. Among the actions performed, we can highlight the forming of interdisciplinary health education groups, home visits and clinical treatment. Among the challenges, the team came up against curriculum incompatibility and lack of a consistent political-pedagogical project favoring multiprofessional performance. To overcome these difficulties, prior planning of actions to be developed and matching of schedule availability was undertaken so that the team could be better prepared to perform its activities, exchange experiences and share academic knowledge. In conclusion, despite advances regarding the development of multiprofessional training, the challenges can only be overcome after the full integration of health science courses, to promote greater curriculum compatibility and flexibility. ação em enfermagem no Paraná. Rev Bras Enferm 2010; 63(1):66-72. 5. Brasil. Ministério da Saúde. Pró-saúde: programa nacional de reorientação da formação profissional em saúde / Ministério da Saúde, Ministério da Educação. – Brasília: Ministério da Saúde, 2005. [acesso 29 jun 2011] Disponível em: http://www. abem-educmed.org.br/pro_saude/publicacao_pro-saude.pdf. 6. Brasil. Ministério da Educação. Ministério da Saúde. Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde – Pró-Saúde. Brasília; 2007. 7. Marquesa JB, Aprígiob DP, Mellob HLS, Silvab JD, Pintob LN, Machadoc DCD, et al. Contribuições da equipe multiprofissional de saúde no programa de saúde da família (PSF): uma atualização da literatura. Rev Baiana de Saúde Pública 2007; 31(2):246-55. 8. Ferreira RC, Varga CRR, Silva RF. Trabalho em equipe multiprofissional: a perspectiva dos residentes médicos em saúde da família. Ciênc Saúde Coletiva [online] 2011; 14(1):1421-8. 9. Santos BRL. O PSF e a enfermagem. Rev Bras Enfermagem 2000; 53(N Esp):49-53. 10. Schraiber LB, Peduzzi M, Sala A, Nemes MTB, Castanhera ERL, Kon R. Planejamento, gestão e avaliação em saúde: identificando problemas. Ciênc Saúde Coletiva 1999; 4(2):221-42. 11. Souza RA, Carvalho AM. Programa de Saúde da Família e qualidade de vida: um olhar da psicologia. Estud Psicol (Natal) 2003; 8(3):515-23. 12. Teixeira RA, Mishima SM. Perfil dos trabalhadores de enfermagem no Programa de Saúde da Família. Rev Bras Enfermagem 2000; 53(3):386-400. 13. HaddadI AE, Campos FEII, Fruet MSBFI; Sigisfredo LB; Passarella TM; Ribeiro TCV. Programa De Educação Pelo Traba- DESCRIPTORS Family Health Program. Education, Higher. Unified Health System. § lho Para A Saúde – Pet-Saúde. Cadernos ABEM 2009;5: 07. 14. Pedrosa JIS, Teles JBM. Consenso e diferenças em equipes do Programa Saúde da Família. Rev Saúde Pública 2001; 35(3):30311. Recebido em 07/07/2011 Aceito em 25/07/2011 42 Revista da ABENO • 11(1):39-42 Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde: formação baseada nos pressupostos das Diretrizes Curriculares Nacionais Elisa Ribeiro de Oliveira*, Lucimar Aparecida Britto Codato**, Suely Tsuha Massaoka**, Mariana Gabriel*** *Discente do curso de Odontologia da Universidade Estadual de Londrina **Docentes do Departamento de Medicina Oral e Odontologia Infantil da Universidade Estadual de Londrina ***Pós-graduanda do Programa de Mestrado em Clínica Odontológica da Universidade Estadual de Londrina RESUMO Este trabalho objetiva correlacionar os pressupostos das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para o curso de Odontologia com as atividades desenvolvidas por alunos de Odontologia, integrantes do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PETsaúde) da Universidade Estadual de Londrina (UEL). As DCN apontam que a formação profissional deve estar atrelada às necessidades da população, daí a necessidade da diversificação dos cenários de práticas e do fortalecimento da parceria e da interação entre ensino-serviço e comunidade. Nesta integração, os benefícios são bilaterais, pois formam-se profissionais com perfil adequado às necessidades dos serviços e o processo ensino-aprendizagem acontece nos espaços onde ocorrem as práticas de saúde, que favorecem a formação de futuros profissionais com mais conhecimento e comprometimento para o enfrentamento das reais necessidades de saúde da população. Neste contexto, o PET-Saúde muito contribui para esta integração e, consequentemente, para a implementação das DCN porque possibilita que o discente pratique o conteúdo aprendido na graduação, por meio do trabalho em diversificados cenários de práticas, incentivando-o a pesquisar, trabalhar em equipes multiprofissionais, desenvolver a comunicação, a reflexão, gerenciar serviços e tomar decisões, sempre contextualizadas a realidade que o aluno está inserido e vivenciando no dia-dia dos serviços de saúde. DESCRITORES Educação em Odontologia. Sistema Único de Saúde. Formação de Recursos Humanos. P rimeiramente, para esclarecimento, a autora principal desse estudo, graduanda em Odontologia pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), integrante do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (Pet-saúde) da UEL, por meio de leituras visando a escolha de tema para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), identificou a relação entre os pressupostos das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) com os trabalhos desenvolvidos pelo PETSaúde que motivaram este estudo que busca correlacionar os pressupostos das DCN com as atividades desenvolvidas no Pet-saúde. Na Odontologia, o modelo de formação sempre foi voltado para a prática liberal, com ênfase na necessidade de aperfeiçoamento e especialização em áreas exclusivamente técnicas.1 Porém, essa formação especialista e curativa se distancia cada vez mais do modelo assistencial de saúde vigente no país, no qual se procura a prevenção, a promoção e a assistência à saúde, sempre atreladas à realidade vivenciada pela população.2 Para o enfrentamento dessa realidade, verificouse a necessidade de buscar melhorias na formação profissional, por meio de currículos com princípios mais integradores, baseados em temas geradores ou complexos, que funcionassem como eixos transversais, com o objetivo de formar cidadãos conscientes, Revista da ABENO • 11(1):43-6 43 Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde: formação baseada nos pressupostos das Diretrizes Curriculares Nacionais • Oliveira ER, Codato LAB, Massaoka ST, Gabriel M éticos, autônomos, críticos e transformadores.3 Logo, a reestruturação do currículo odontológico é necessária para a formação de profissionais que voltem a sua práxis às necessidades requeridas pelo quadro epidemiológico, em meio à historicidade do processo saúde-doença-cuidado.4 Para tanto, é necessário repensar o processo ensino-aprendizagem, tanto sob o aspecto dos conteúdos programáticos (“o que” ensinar) como dos processos de ensino (“como” ensinar).5 É fato que uma prática educativa humanizada na área da Saúde coloca o homem como centro do processo de construção da cidadania, comprometida e integrada à realidade social e epidemiológica, às políticas sociais e de saúde, oportunizando a formação profissional contextualizada à realidade da população que busque a resolução e o enfrentamento das necessidades identificadas.6 Procurando atender às necessidades dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) e também à observância dos seus princípios de universalidade, equidade e integralidade, o Ministério da Educação e as Comissões de Especialistas de Ensino elaboraram as DCN, almejando auxiliar a formação acadêmica atrelada a referenciais epidemiológicos, sociais, econômicos e culturais de seu meio, com o propósito de dirigir a sua atuação para a transformação dessa realidade em benefício da sociedade. Neste contexto, a implantação das DCN foi fundamental para a reorientação da formação profissional, porque apontou a necessidade dos cursos da área da saúde incorporarem aos seus projetos pedagógicos o arcabouço teórico do SUS, com valorização dos postulados éticos e da cidadania, que favorecem a formação profissional de acordo com referenciais nacionais e internacionais de qualidade.7 As DCN sinalizam a necessidade de maior integração entre ensino e serviços de saúde e configuram-se como elemento de convergência entre os setores de saúde da educação. Nesta integração, os benefícios são bilaterais, pois formam-se profissionais com perfil adequado às necessidades dos usuários e dos serviços e o processo ensino-aprendizagem acontece nos espaços onde ocorrem as práticas de saúde, o que favorece a formação de futuros profissionais mais sensíveis, com mais conhecimento e comprometimento para o enfrentamento das reais necessidades de saúde da população, pois o aluno tem a oportunidade de vivenciar e participar do dia-dia dos serviços.8,9,10 Neste momento, era fato que não se esperavam transformações espontâneas das Instituições de Ensi44 no Superior (IES) na direção assinalada pelo SUS, sem que houvesse estímulos adicionais que favorecessem avanços das IES na formação profissional que facilitassem o alcance dos objetivos propostos, em busca de uma atenção à saúde mais equânime, de qualidade, atrelada às necessidades de cada população específica.11 Para auxiliar o suprimento dessa demanda, foram lançados no Brasil o Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde e o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (Petsaúde) que apóiam técnica e financeiramente os cursos de graduação que se dispuseram a realizar mudanças no processo de formação profissional. Tais programas objetivam a integração ensino-serviços, contribuem para a formação profissional e favorecem a implementação das DCN.12,13,14 Neste sentido, o Pet-saúde muito tem auxiliado a formação profissional, pois nele os alunos têm a oportunidade de praticar o que é preconizado nas DCN: aprender a aprender, que engloba aprender a ser, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a conhecer, favorecidos pela integração ensino serviços e comunidade. Como consequência desses avanços na formação profissional, espera-se melhorias na integralidade da atenção, na qualidade e humanização do atendimento prestado à população.15 Importante destacar que os objetivos gerais propostos pelas Diretrizes Curriculares Nacionais: atenção à saúde, tomada de decisões, comunicação, liderança, administração e gerenciamento e educação permanente15,16 estão sendo praticados pelos alunos do Pet- Saúde da UEL, em atividades que possibilitam aos discentes a integração com os serviços de saúde, por meio da prática e da utilização do conhecimento que vem sendo adquirido na graduação, contextualizado à realidade vivenciada pelos alunos nos diferentes espaços onde se produz saúde. Desta forma, o aluno interage com a comunidade praticando atenção à saúde e comunicação, participa de programas sociais, de pesquisas científicas, trabalha em equipes multiprofissionais, que incluem discentes de outros cursos da saúde e também profissionais da rede de serviços. Neste sentido, segundo Segura et al.17 as atividades extramuros favorecem a formação profissional por meio da articulação, integração com os serviços de saúde e da inserção dos alunos na realidade contextual da população. Tais atividades possibilitam aos acadêmicos o conhecimento das estruturas organiza- Revista da ABENO • 11(1):43-6 Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde: formação baseada nos pressupostos das Diretrizes Curriculares Nacionais • Oliveira ER, Codato LAB, Massaoka ST, Gabriel M cionais, administrativas, gerenciais e funcionais dos serviços públicos de saúde; a participação no atendimento à população; a compreensão das políticas públicas de saúde e do papel do profissional de saúde e o conhecimento dos parâmetros e instrumentos de planejamento utilizados nos projetos de saúde.17 Junior et al.18 complementam que as atividades extramurais são importantes para o processo educativo, cultural e científico porque articulam ensino e pesquisa de forma indissociável e viabilizam a ação transformadora entre a universidade e a sociedade, porque favorecem a formação de um futuro profissional comprometido com a realidade social. ing him to research, work in multidisciplinary teams, develop communication and reflection, manage services and make decisions. DESCRIPTORS Dental Education. Unified Health System. Human Resources Formation. § REFERÊNCIAS Bibliográficas 1. Garbin CAS, Saliba NA, Moimaz SAS, Santos KT. O papel das universidades na formação de profissionais na área da saúde. Revista da Abeno 2006; 6(1): 6-10. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Apresentação. Acesso em 10/06/2011. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/por- CONCLUSÃO As atividades desenvolvidas pelos alunos do Petsaúde da UEL estão em consonância com os pressupostos das DCN, o que aponta a relevância desse projeto para a formação profissional atrelada às necessidades da população. Além disso, o PET-saúde tem favorecido a integração ensino-serviço que, além de preconizada pelas DCN, é fundamental para o desenvolvimento das competências requeridas pelas DCN. tal/saude/cidadao/visualizar_texto.cfm?idtxt= 29178&janela= 1 3. Moreira AFB. Propostas alternativas: limites e avanços. Educ Soc 2000;21(73):109-38 4. Paim JS, Almeida Filho N. Saúde coletiva: uma “nova saúde pública” ou campo aberto a novos paradigmas? Rev Saúde Pública 1998;32(4):299-316. 5. Aquilante AG, Tomita NE. O estudande de Odontologia e a educação. Revista da Abeno 2005; 5(1): 6-11. 6. Pelissari LD, Basting RT, Flório MT. Vivência da realidade: o rumo da saúde para a Odontologia. Revista Abeno 2005; 5(1) ABSTRACT Education Program through Health Work: training based on the assumptions of the National Curriculum Guidelines This study aims to correlate the underlying assumptions of the National Curriculum Guidelines (DCN) for the Dentistry Course with the activities developed by Dentistry students, members of the Education Program through Health Work (PETHealth) of the State University of Londrina. The DCN suggest that professional education should be geared to the needs of the population; hence there is a need for diversification of practical scenarios, for the strengthening of partnerships and for interaction between teaching, service and community. In this integration, the benefits are bilateral; professionals with a profile suited to the needs required for services are trained, and the teaching-learning process occurs in spaces where there are health practices, which favor the training of future professionals with greater knowledge and commitment to face the real health needs of the population. In this context, PET-Health has contributed to this integration and consequently to the implementation of the DCN, because it allows the student to practice the contents learned in college, by working in many spaces of practice, encourag- 32-9. 7. Haddad AE, Morita MC, Pierantoni CR, Brenelli SL, Passarella T, Campos FE. Formação de profissionais de saúde no Brasil: uma análise no período de 1991 a 2008. Rev Saúde Pública 2009. Disponível em: www.scielo. br/rsp 8. Morita, MC; Kriger,L. A relação ensino e serviços de saúde. IN Perri de Carvalho, AC; Kríger, L. (org). Educação Odontológica. São Paulo: Artes Médicas, 2006. 9. Morita, M.C.; Kríger, L. Perri de Carvalho, A.C.; Haddad,A.E. Implantação das Diretrizes Curriculares Nacionais em Odontologia. Dental Press: Maringá, 2007 10. Moyses, S.T.; Kriger,L.; Moyses, S.J. (org). Saúde Bucal das Famílias: trabalhando com evidências. São Paulo: Artes Médicas, 2008 11. Brasil. Ministério da Educação e Ministério da Saúde. Programa de Reorientação da Formação Profissional em Saúde PRÓSAÚDE. 2005. Acesso em 19/06/2011. Disponível em: http:// bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pro_saude1.pdf 12. Brasil, Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em SaúdePró-saúde. Objetivos, Implementação e Desenvolvimento Potencial. Brasília: Ministério da Saúde, 2007 13. Brasil, Ministério da Saúde. Programa Nacional de Educação pelo Trabalho para a Saúde- PET-SAÚDE. Acesso em 10/09/10. Disponível em: www.saude.gov.br/porta/SGTES. 14. Pereira, A. C. (org) Tratado de Saúde Coletiva em Odontolo- Revista da ABENO • 11(1):43-6 45 Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde: formação baseada nos pressupostos das Diretrizes Curriculares Nacionais • Oliveira ER, Codato LAB, Massaoka ST, Gabriel M gia. Nova Odessa: Napoleão, 2009. instituições de ensino de odontologia na América Latina e nos 15. Brasil. Ministério da Educação e Cultura. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CES 1300/01. Diário Oficial da União, Brasília, 06 nov 2001. Acesso em 10/09/10. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CES1300.pdf 16. Brasil, Ministério da Saúde. Programa Nacional de Educação Estados Unidos da América. Contribuição ao estudo. Educ. méd. salud. 1995;29(2):218-27. 18. Júnior AM, Alves MSCF, Nunes JP, Costa ICC. Experiência extramural em hospital público e a promoção da saúde bucal coletiva. Rev Saúde Publica 2005;39(2):305-10. pelo Trabalho para a Saúde – PET-SAÚDE. Acesso em 11/07/2011. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/visualizar_texto.cfm?idtxt= 32566. 17. Segura MEC, Soares MS, Jorge WA. Programas extramuros nas 46 Revista da ABENO • 11(1):43-6 Recebido em 07/07/2011 Aceito em 25/07/2011 Pró-Saúde – Odontologia/UNISC: experiências e contribuições na formação profissional Micheli Chabat da Silva*, Beatriz Baldo Marques**, Magda de Sousa Reis***, Renita Baldo Moraes**** *Acadêmica do curso de Odontologia da Universidade de Santa Cruz do Sul – RS **Professora Coordenadora do PRÓ-SAÚDE I – Odontologia/UNISC ***Professora Coordenadora do PRÓ-SAÚDE I – Odontologia/UNISC ****Professora Coordenadora do PRÓ-SAÚDE I – Odontologia/UNISC RESUMO O objetivo deste trabalho foi realizar uma pesquisa com os acadêmicos do curso de Odontologia da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), que desenvolveram alguma atividade no bairro, através do PRÓ-SAÚDE, onde foi questionado se esta atividade contribuiu para sua formação profissional. A educação superior deve estar atrelada à realidade da população e a responsabilidade das ações de Promoção de Saúde deve ser integrada entre os indivíduos, comunidades, profissionais de saúde e instituições que prestam serviço de saúde. É de fundamental importância essa integração com os serviços, pois desta forma se cria habilidades para trabalhar em democracia, para o desenvolvimento de uma visão crítica e de competências culturais. Os dados foram coletados a partir de 51 instrumentos de pesquisa aplicados. Dos acadêmicos entrevistados, 99% responderam que a motivação do PRÓ-SAÚDE trouxe benefício para a sua vida. Destes, 53% apontou dimensão profissional como o benefício mais significativo, seguidos de 35,2% em termos de dimensão social, e 11,8% de destaque para a dimensão pessoal. Outro dado levantado na entrevista com os acadêmicos foi de que 60,9% pretendem iniciar sua vida profissional preferencialmente na rede pública, 25,4% prioritariamente em consultório ou clínica privada e talvez rede pública, 11,8% somente em consultório ou clínica privada, e 1,9% somente na rede pública. Desta forma, reafirma-se a importância do PRÓ-SAÚDE para a formação de profissionais capacitados a trabalharem na rede pública. DESCRITORES Odontologia. Odontologia Preventiva. Educação em Odontologia. Saúde. Odontologia Comunitária. A s práticas de saúde através de ações curativas de caráter individual mostram-se cada vez mais ineficazes para solução de problemas que afetam a cavidade bucal, como a cárie dentária e a doença periodontal. Formar um profissional apto a perceber suas limitações, desafios e potencialidades frente às reais necessidades da população, é o que tem motivado setores responsáveis pela formação dos profissionais de saúde bucal, Ministério da Educação, Ministério da Saúde e as instituições de educação superior, a não poupar esforços e determinar Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para os Cursos de Graduação em Odontologia. Toda essa mudança é baseada na motivação e convicção de que o Sistema Único de Saúde (SUS) necessita de profissionais conscientes e motivados em seus postos de trabalho. As DCNs instituem como perfil do egresso do curso de Odontologia, um profissional generalista, humanista, crítico e reflexivo para atuar em todos os níveis de atenção à saúde, com base no rigor técnico e científico. Este profissional deverá estar capacitado a realizar atividades referentes à saúde bucal da população pautado em princípios éticos, legais e na compreensão da realidade social, cultural e econômica do seu meio, dirigindo sua atuação para a transformação da realidade em benefício da realidade. O currículo do curso de Odontologia da UNISC está organizado de tal maneira que busca a formação do acadêmico de forma integral, estimulando o com- Revista da ABENO • 11(1):47-50 47 Pró-Saúde – Odontologia/UNISC: experiências e contribuições na formação profissional • Silva MC, Marques BB, Reis MS, Moraes RB prometimento com os problemas enfrentados pela sociedade, e oportunizando ao acadêmico uma reflexão sobre seu papel transformador frente à sociedade. Para intensificar esta formação, após concorrer ao edital do PRO-SAUDE I, a UNISC iniciou suas atividades odontológicas, no bairro Santa Vitória, no ano de 2010, quando os acadêmicos se inseriram no programa através de disciplinas, estágios curriculares e projetos de extensão. O programa tem o objetivo de ampliar a integração desde os primeiros semestres do curso, entre acadêmicos, professores da universidade e com os profissionais que integram a rede de serviços de saúde do município de Santa Cruz do Sul, mais especificamente com a equipe de profissionais das Estratégias de Saúde da Família. Este trabalho verificou, portanto, o impacto que o Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde teve sobre os acadêmicos do curso de Odontologia da Universidade de Santa Cruz do Sul. MATERIAIS E MÉTODOS O estudo realizado foi quantitativo observacional transversal descritivo, com objetivo de investigar e descrever as experiências e contribuições do PRÓSAUDE na formação profissional. Os sujeitos da pesquisa foram os estudantes do curso de Odontologia, da Universidade de Santa Cruz do Sul inseridos nas atividades desenvolvidas no bairro Santa Vitória, onde se programou ações do PRÓ-SAÚDE. Os dados foram coletados a partir de um questionário com 13 questões abertas e fechadas. Estas abordavam o semestre em que os acadêmicos estavam matriculados, o número de vezes que atuou no programa, o tipo de atividade desenvolvida e se havia ouvido falar no programa antes de iniciar suas atividades. Também foram abordadas questões referentes às DCNs, percepção do acadêmico em relação às atividades realizadas no Programa, dimensão que o acadêmico sentiu maior benefício. Participaram da pesquisa 51 acadêmicos, regularmente matriculados no curso de Odontologia, da UNISC de Santa Cruz do Sul no RS. Estes realizaram atividades através de disciplinas, estágios curriculares ou através de projetos de extensão. A participação da pesquisa foi voluntária, com a obtenção do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido de cada sujeito, sem identificação revelada dos participantes. Foi realizado anteriormente ao início da coleta de dados, o projeto piloto onde o instrumento de pes48 quisa foi aplicado a 10 participantes para avaliar se as perguntas foram elaboradas adequadamente. O retorno do projeto piloto foi positivo, com todos participantes conseguindo interpretar de forma correta o questionário. RESULTADOS E DISCUSSÃO O instrumento de pesquisa, respondido por 51 acadêmicos regularmente matriculados no 7° e 9° semestre do curso de Odontologia da UNISC. A idade dos entrevistados variou de 20 anos a 34 anos. Dos participantes, 35,2% foram realizar atividades no bairro através do PRÓ-SAÚDE menos de cinco vezes; 27,6% de seis a nove vezes e 37,2% dez vezes ou mais. As atividades desenvolvidas ocorreram em sua maioria através de disciplinas curriculares (Periodontia e Cirurgia), seguida dos Estágios Supervisionados (Estágio Supervisionado Odontopediátrico, e Estágio Supervisionado II) e Projetos de Extensão (Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente). Destas atividades, a maior parte deu-se através do atendimento clínico à população, seguido por visitas domiciliares e trabalhos de educação em saúde diretamente com a comunidade. Os acadêmicos foram questionados se antes de desenvolverem as atividades através do PRÓ-SAÚDE tinham conhecimento do programa. A maioria (84,4%) já havia ouvido falar do mesmo na Universidade, tendo sido orientado quanto ao local, o tipo de atividade que seria realizado, o público alvo e os objetivos do programa, e 15,6% nunca haviam ouvido falar do PRÓ-SAÚDE antes de iniciarem suas atividades. Quando questionados sobre seu conhecimento acerca das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs): 54,9% conhecem muito pouco, 35,3% não conhecem e apenas 9,8% conhecem. Quanto à relação entre as Diretrizes Curriculares Nacionais e o Programa de Reorientação da formação Profissional: 84,4% não souberam dizer se há relação e 15,6% afirmaram haver relação entre eles. Quando questionados sobre qual a relação existente, os acadêmicos citaram o envolvimento com o ensino, comunidade e extensão, e a promoção de saúde. Além disso, houve também o relato da busca por uma aprendizagem interdisciplinar, formação continuada, formação de novos profissionais comprometidos com a saúde das pessoas, não somente bucal, mas a saúde geral da comunidade. Nas entrevistas, 80,4% responderam que sentiram diferença em atender no bairro, frente ao Programa enquanto 19,6% (Gráfico 1) não perceberam diferen- Revista da ABENO • 11(1):47-50 Pró-Saúde – Odontologia/UNISC: experiências e contribuições na formação profissional • Silva MC, Marques BB, Reis MS, Moraes RB ça destas atividades quando comparadas ao atendimento na clínica de Odontologia da Universidade. Para os que perceberam a diferença as mais citadas foram: complexidade dos casos encontrados na comunidade, classe econômica, diferença de instrução sobre saúde dos pacientes, entre outros. Em relação à aproximação do acadêmico com os demais profissionais de saúde, 54,9% sentiram tal aproximação com os profissionais enquanto 45,1% não perceberam sua presença. Esses profissionais estão vinculados com: agentes comunitários de Saúde, enfermagem, medicina, nutrição e fisioterapia. As condições de trabalho como infraestrutura, equipamentos e materiais utilizados foram também avaliados e 27,4% dos acadêmicos responderam que local de atendimento das ações do PRÓ-SAÚDE é semelhante ao serviço público, enquanto 72,6% responderam que não vêem semelhança. As principais diferenças apontadas pelos acadêmicos, é que o tempo de atendimento para acolhimento e vínculo com os pacientes é maior no PRÓ SAÚDE e os materiais utilizados são superiores aos que encontramos nos serviços públicos de saúde. Após a conclusão do curso, 60,9% (Gráfico 2) dos participantes pretendem iniciar com emprego preferencialmente na rede pública e depois trabalhar em consultório particular ou clínica privada, 25,4% pretendem iniciar prioritariamente em consultório particular, ou clínica privada e talvez na rede pública, 11,7% pretendem iniciar sua vida profissional somente em consultório particular ou clínica privada e 1,9% pretendem trabalhar somente na rede pública. Os acadêmicos foram questionados se o desenvolvimento dessa atividade trouxe algum benefício para a vida, 98,1% responderam sim, sendo a dimensão profissional o benefício mais percebido entre os acadêmicos, seguindo pelo benefício social (através do convívio com pessoas de realidade diferente) e apenas 1,9% responderam que não (Gráfico 3). De acordo com a pesquisa realizada, o Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde possibilita uma forma nova de atuação para os acadêmicos do curso de Odontologia, sendo um ponto positivo a divulgação e esclarecimento da Universidade em relação a esse Programa. Desta forma, a maioria dos acadêmicos ao iniciar suas atividades junto à comunidade já tinha de forma clara qual seria a população atingida, as características da comunidade em que trabalhariam, e os objetivos do Programa. Um grande número de acadêmicos percebeu diferenças em atender nos bairros quando comparado à clí- Perceberam diferença Não perceberam diferença 19,60% 80,40% Gráfico 1 - Diferença de atendimento percebida pelos acadêmicos na clínica de Odontologia/UNISC e no bairro onde se desenvolve ações do Pró-Saúde – Santa Cruz do Sul / RS 1,90% 11,70% 60,90% 25,40% Somente na rede pública Somente em consultório particular ou clínica privada Prioritariamente em consultório particular ou em clínica privada e talvez na rede pública Iniciar com emprego preferencialmente na rede pública Gráfico 2 - Interesse de atuação dos acadêmicos após a conclusão da graduação. Santa Cruz do Sul / RS 1,90% Trouxe benefício Não trouxe benefício 98,10% Gráfico 3 - Benefícios percebidos pelos acadêmicos do Curso de Odontologia na atuação junto ao Pró-Saúde – Santa Cruz do Sul / RS nica da Universidade, mostrando desta forma que apresentam um olhar voltado para uma Odontologia comunitária, onde se tem como ênfase a atenção básica, mas não se deixa de lado os conhecimentos técnicos e científicos. O número de acadêmicos que pretendem iniciar suas atividades profissionais preferencialmente na rede pública vem crescendo com o passar dos anos. Esse interesse, reflexo do mercado de trabalho e de um currículo voltado para a realidade em que muitos profissionais enfrentam após a conclusão da graduação, faz com que os acadêmicos busquem informações para atuarem mais ligados com a comunidade, Revista da ABENO • 11(1):47-50 49 Pró-Saúde – Odontologia/UNISC: experiências e contribuições na formação profissional • Silva MC, Marques BB, Reis MS, Moraes RB com uma formação profissional de qualidade. Neste sentido, o PRÓ-SAÚDE vem contribuindo significativamente no novo olhar do acadêmico em suas atuações na comunidade. Em relação aos benefícios trazidos pela realização de atividades através do PRÓ-SAÚDE, as respostas foram favoráveis, comprovando o benefício para o acadêmico, que possui a oportunidade de atuar direto com a comunidade, de forma integral, em disciplinas, estágios e projetos. Neste momento também se pode desenvolver poder transformador enquanto acadêmicos que se envolvem em ações sociais, não só com a saúde bucal, mas sim a saúde geral e bem estar do paciente, suprindo desta forma as necessidades da população, com escuta adequada. As visitas domiciliares possibilitam conhecer a realidade das famílias atendidas, conseguindo desta forma ampliar a visão geral e desenvolver as ações da melhor maneira possível. A comunidade é a principal beneficiada com o Programa, pois futuramente esses acadêmicos serão os profissionais da rede, e conseqüentemente estarão capacitados a trabalhar nesse espaço, sabendo enfrentar as dificuldades encontradas e anseios vividos pela comunidade. important, because it builds the skills needed to work democratically, and to develop a critical vision and cultural capabilities. The data was collected through 51 questionaires; 99% of the students interviewed answered that their PRO-HEALTH activities brought benefits to their life; 53% of these students pointed out the professional benefits as the most significant plus factor; 35.2% answered that the most significant gains were the social benefits; and 11.8% highlighted the personal benefits as most significant. Among the students interviewed, 60.9% intend to start their professional life preferentially in public service, 25.4% give priority to working in a private office or clinic or perhaps public service, 11.8% intend to work only in a private office or clinic, and 1.9% intend to work only in public services. Accordingly, we can see the importance of PRO-HEALTH in training professionals skilled to work in public service. DESCRIPTORS Dentistry. Preventive Dentistry. Dentistry Education. Health. Community Dentistry. § REFERÊNCIAS Bibliográficas CONCLUSÃO Ressalta-se a importância deste trabalho, pois desta maneira os acadêmicos podem perceber que a saúde pública vem crescendo a cada ano, e precisamos de profissionais capacitados para atuarem nesta área. O Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional teve uma adesão entre os acadêmicos, e a devida importância, sendo considerada uma experiência válida, que contribuiu de forma significante para o seu crescimento profissional e pessoal. 1. BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. 3° Conferência Nacional de Saúde: Acesso e qualidade superando a exclusão social – relatório Final/ Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Saúde – Brasília, 2004. 2. BRASIL. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde – Pró-Saúde: objetivos, implementação e desenvolvimento potencial/Ministério da Saúde, Ministério da Educação – Brasília: Ministério da Saúde, 2007. 3. BRASIL. Resolução CNE/CES 3, de 19 de fevereiro de 2002: Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Gradu- ABSTRACT Pro-Health – Dentistry/UNISC: experiences and contributions to professional training The purpose of this paper was to conduct a survey among dentistry students of the Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) who develop any sort of activity within the PRO-HEALTH (PRÓ-SAÚDE) program. The question asked was if this activity contributed to his/her professional training. Higher education must be tied to the reality of the population, and the responsability of health promotion actions must be integrated among persons, communities, health professionals and institutions that provide health services. This integration with health services is very 50 ação em Odontologia. Conselho Nacional de Educação/Câmera de Educação Superior – Brasília: Conselho Nacional de Educação, 2002. p. 1-5, passim. 4. HEIRO, F. M. C. et al. A formação do Cirurgião Dentista no Brasil: contribuições de estudos para a prática da profissão. Porto Alegre, v.57, n.1, p. 99-106,2009. 5. MORITA, M. C. et al. Visita domiciliar:oportunidade de aprendizagem na graduação em Odontologia. Revista de Odontologia da UNESP, Araraquara, 2010. 39(2): 75-79. Revista da ABENO • 11(1):47-50 Recebido em 07/07/2011 Aceito em 25/07/2011 Odontologia no PET-Saúde: pesquisa e integração ensino, serviço e comunidade Wanda Terezinha Garbelini Frossard*, Lucimar Aparecida Britto Codato*, Maura Sassahara Higasi*, Márcia Maria Benevenuto de Oliveira*, João Paulo Menck Sangiorgio** *Docente e tutora do Projeto PET-saúde da Universidade Estadual de Londrina **Pós-graduando do Programa de Mestrado em Clínica Odontológica da Universidade Estadual de Londrina RESUMO O objetivo deste trabalho é mostrar ações acadêmicas assertivas fora do âmbito da academia no curso de Odontologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL) com a participação dos acadêmicos da área da saúde no Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (Pet-saúde). Em 2010, o programa Pet-Saúde UEL aconteceu em três etapas: a territorialização da área de atuação, o estudo do referencial teórico sobre a prática do aleitamento materno e a participação dos estudantes na coleta de dados nacional sobre práticas alimentares no primeiro ano de vida. Em seguida, ocorreu a avaliação do programa e a divulgação dos trabalhos realizados em eventos científicos. Em relação ao inquérito realizado, verificou-se que: os índices de aleitamento materno exclusivo e aleitamento materno predominante estão próximos de 50%; o consumo de alimentos com açúcar é elevado para a faixa etária estudada e que o uso da chupeta e da mamadeira interfere no processo da amamentação em crianças menores de seis meses de idade, favorecendo o desmame precoce (p = 0,00). Além disso, concluiu-se que a participação dos estudantes do curso de odontologia da UEL no Projeto Pet-saúde tem favorecido transformações nos processos de geração de conhecimentos, contribuído para a prestação de serviços à população e possibilitado maior integração entre ensino-serviço e a comunidade. Descritores Educação Superior. Educação em Odontologia. Aleitamento Materno. O s desafios impostos pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), aprovadas em 2002, e a necessidade de avançar em relação à qualificação do egresso1 fez com que o Curso de Odontologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL) realizasse mudanças em 2004, com a adoção de um currículo integrado, visando à formação ampliada do aluno, a interdisciplinaridade e a atenção integral. É fato que a formação acadêmica para o curso de Odontologia deve estar atrelada a referenciais epidemiológicos, sociais, econômicos e culturais de seu meio, dirigindo sua atuação para a transformação dessa realidade em benefício da sociedade.2,3,4 Neste sentido, o curso tem buscado a diversificação de cenários de práticas por meio do fortalecimento da integração ensino-serviço e comunidade para avançar em relação à formação acadêmica em consonância com a realidade dos serviços de saúde. Um desses cenários foi à adesão do curso de odontologia da UEL ao Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (Pet-Saúde), que tem facilitado o aprendizado e a iniciação ao trabalho, por meio de estágios, que favorecem a formação profissional em consonância com as necessidades da população. O Pet-saúde é financiado pelos Ministérios da Saúde e Educação e, desde seu primeiro Edital, em 2009, os cursos da área da saúde da UEL têm participado ativamente das atividades do referido programa. O Programa Pet- saúde UEL, no ano de 2010 e 2011, além de buscar a formação profissional nos locais onde efetivamente ocorrem as práticas de saúde,5 objetivou contribuir com a redução da morbimortalidade infantil por meio da ampliação da prática do aleitamento materno e da melhora da formação profissional dos cincos cursos da área da saúde da UEL Revista da ABENO • 11(1):51-4 51 Odontologia no PET-Saúde: pesquisa e integração ensino, serviço e comunidade • Frossard WTG, Codato LAB, Higasi MS, Oliveira MMB, Sangiorgio JPM na rede primária de atenção à saúde dos municípios de Cambé, Ibiporã e Londrina, localizados na região norte do PR. O Objetivo deste trabalho é mostrar ações acadêmicas assertivas fora do âmbito da academia no curso de Odontologia da UEL. METODOLOGIA O Pet-saúde da UEL é composto por estudantes de graduação dos cursos de enfermagem, farmácia e bioquímica, fisioterapia, medicina e odontologia, regularmente matriculados nas últimas séries, totalizando 300 estudantes. O número de estudantes do curso de odontologia que participam são 120 e desses, 43 são monitores. Além deles, compõe o grupo 60 preceptores, que são profissionais pertencentes às equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF) que orientam os alunos em suas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e 10 tutores acadêmicos, professores da UEL, que produzem ou orientam a produção de conhecimento na área de atenção básica à saúde. O grupo Pet-saúde da UEL de Londrina, Cambé e Ibiporã é composto por 370 participantes. Em 2010, o programa Pet-saúde da UEL aconteceu em três etapas: • a territorialização, • o estudo do referencial teórico sobre a prática do aleitamento materno e a participação dos alunos na coleta de dados nacional sobre práticas alimentares no primeiro ano de vida e • a avaliação do programa e divulgação dos trabalhos realizados em eventos científicos. 1ª fase Inicialmente, a fim de conhecerem a área de abrangência das UBS em que atuavam, os estudantes de odontologia, juntamente com preceptores e alunos de outros cursos da área da saúde, realizaram a territorialização da região, por meio de passeios ambientais, conversas com agentes comunitários de saúde e informantes chaves. Além disso, acessaram os principais sistemas de informação sobre a Atenção Básica de seu território para maior conhecimento da prevalência e incidência dos diversos agravos na região de sua atuação. 2ª fase Os discentes aprofundaram-se no estudo do referencial teórico sobre as práticas do aleitamento materno, foram treinados para aplicar um questionário, já validado, sobre práticas alimentares das crianças no 52 primeiro ano de vida, que faz parte do Projeto Amamentação e Municípios do Instituto de Saúde de São Paulo,6 nos municípios de Londrina, Cambé e Ibiporã. A participação dos alunos do curso de Odontologia na pesquisa de campo ocorreu em agosto de 2010, durante a segunda etapa da campanha de vacinação contra poliomielite, em conjunto com os estudantes dos cursos de medicina, fisioterapia, enfermagem, farmacie e bioquímica. Para o cálculo das amostras nas três localidades foi considerado a prevalência da amamentação em cada município integrante do projeto, o número de Postos de Vacinação e o número de crianças menores de um ano que foram vacinadas em cada UBS, tendo como base as planilhas de Campanhas de Vacinação do ano anterior. O instrumento para a coleta de dados foi composto por questões fechadas sobre o consumo nas últimas 24 horas de leite materno, outros tipos de leite e outros alimentos, incluindo água, chás e outros líquidos além de hábitos de sucção não nutritiva e características da população. Os sujeitos de pesquisa foram os acompanhantes das crianças menores de um ano de idade, no dia Nacional de Vacinação, que concordaram em participar da mesma, após a leitura do consentimento livre-esclarecido. Este estudo recebeu parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa. Além disso, os discentes levantaram nas UBS em que atuavam, crianças menores de 6 meses e fizeram o monitoramento do aleitamento materno, por meio de visitas semanais às mães com o propósito de estimulá-las para a prática do aleitamento materno. 3ª fase No final do ano letivo de 2010, o programa foi avaliado pelos acadêmicos, preceptores e tutores através de um questionário com questões abertas e fechadas direcionado para cada modalidade de participante. RESULTADOS E DISCUSSÃO A participação dos estudantes do curso de Odontologia da UEL no Projeto Pet-saúde tem possibilitado transformações nos processos de geração de conhecimentos, contribuindo para a prestação de serviços à população e possibilitado maior integração entre ensino-serviço e a comunidade. Tal integração é fundamental e indispensável para a implementação das DCN, pois para aprender saúde, como base na realidade socioeconômica, cultural e sanitária de cada território é preciso participar dos espaços onde se produz saúde.3,5,7,8 Nesse sentido, a Revista da ABENO • 11(1):51-4 Odontologia no PET-Saúde: pesquisa e integração ensino, serviço e comunidade • Frossard WTG, Codato LAB, Higasi MS, Oliveira MMB, Sangiorgio JPM Tabela 1 - Avaliação do programa Pet-Saúde pelos estudantes e preceptores participantes de Londrina, Cambe e Ibipo- rã/PR, em 2010. Estudantes O Pet-Saúde possibilitou: CT Preceptores CNT CT CNT Aproximar-se mais à realidade dos serviços de saúde 79,9 18,4 95,8 4,2 Conhecer melhor a realidade de vida da população 84,6 12,0 87,5 1,2 Adquirir noções sobre os sistemas de informações epidemiológicas do município 78,5 14,4 72,9 27,1 Conhecer os principais indicadores de saúde criança 57,5 32,4 77,1 22,9 Conhecer as principais ações referentes à saúde da crianças desenvolvidas na rede básica de saúde 64,1 27,1 72,9 27,1 Facilidade na relação com os alunos das outras áreas da saúde 65,3 26,5 79,2 20,8 CT - Concordo totalmente / CNT - Concordo, mas não totalmente. realização do processo de territorialização, realizada na primeira fase do programa, foi fundamental para o conhecimento da realidade e das necessidades de cada região. Somado a isso, o fato do processo ensino-aprendizagem ocorrer nos espaços onde as práticas de saúde acontecem, favorece a formação de profissionais mais sensíveis, com maior comprometimento para o enfrentamento das reais necessidades de saúde da população, pois o aluno tem a oportunidade de vivenciar e participar do dia-dia dos serviços.2,3,5,7 Além disso, o aprendizado e o trabalho conjunto entre estudantes, preceptores e tutores de outras áreas da saúde, têm auxiliado uma maior integração entre os acadêmicos dessas áreas, como mostra os resultados da avaliação do programa realizado pelos estudantes e preceptores (Tabela 1) Na segunda fase do programa, os estudantes participaram da pesquisa de campo nos Postos de vacinação durante o Dia Nacional da Campanha de Vacinação e, do total da amostra estimada, realizaram 88,91%, 92,2% e 93,06% entrevistas com mães ou acompanhantes de crianças menores de um ano de idade em Londrina, Cambé e Ibiporã, respectivamente, totalizando nos três municípios 2723 questionários respondidos. Os resultados mostraram em crianças menores de seis meses de idade que o aleitamento materno exclusivo (AME) foi de 40,56%, 41,12% e 42,91% em Londrina, Cambé e Ibiporã, respectivamente. Quando somado ao aleitamento materno predominante (AMP) este índice foi de 52,81%, 51,98% e 52,70% em Londrina, Cambé e Ibiporã, respectivamente. Os dados obtidos de AME e AMP, quando comparados ao trabalho de Vannuchi et al.9 (2005), mostram que, apesar do aumento significativo de 15% ao longo da última década no município de Londrina-PR, estes dados ainda estão aquém do preconizado pela Organização Mundial da Saúde para o milênio.9 O uso da chupeta e da mamadeira, além de contribuir para as más oclusões na dentadura decídua,10,11,12,13,14 mostrou que interfere no processo da amamentação em crianças menores de seis meses de idade, favorecendo o desmame precoce nas três localidades (p = 0,00) . Esses achados estão de acordo com os estudos de Cotrim et al.12 (2002), em São Paulo e Soares et al.13 (2003) no Rio de Janeiro. O consumo de alimentos adoçados e a ingestão de refrigerantes ocorreu em 33,89%, 30,74% e 33,45% e em 8,11%, 7,26% e 10,96% em Londrina, Cambé e Ibiporã, respectivamente. Esses dados são preocupantes, uma vez que a dieta rica em sacarose, um dos responsáveis pela cárie dentária,14,15 mostra-se elevado para a faixa etária estudada. CONCLUSÃO A participação de alunos do Curso de Odontologia da UEL no programa Pet-saúde mostrou-se efetiva para o processo ensino-aprendizagem, favoreceu o reconhecimento da realidade da população, possibilitou o trabalho multiprofissional e permitiu que vivenciassem a pesquisa. O monitoramento das mães em aleitamento materno, estimulando a prática, foi a estratégia encontrada pelos acadêmicos do programa para contribuir com a redução da mortalidade infantil. ABSTRACT Dentistry in the “PET-Saúde” Project: research and integration of teaching, service and community The aim of this study was to show the assertive academic actions performed outside the academic scope of the dentistry course at the State University of Londrina (UEL), with the participation of health Revista da ABENO • 11(1):51-4 53 Odontologia no PET-Saúde: pesquisa e integração ensino, serviço e comunidade • Frossard WTG, Codato LAB, Higasi MS, Oliveira MMB, Sangiorgio JPM field students enrolled in the Tutorial Education Program (PET) promoted by the Health and Education Ministry. In 2010, the “PET-Saúde UEL” program was conducted in three stages: marking off the work area, theoretical reference study on the breastfeeding practice, and participation of students in gathering national data on eating habits in the first year of life. Next, the program was evaluated and the studies presented in scientific events were disseminated. Regarding the survey, it was found that: the rates of exclusive and predominant breastfeeding are close to 50%, that the consumption of sugar-based foods is high for the age group studied, and that the use of pacifiers and bottles interferes with the process of breastfeeding in children under six months of age and favors early weaning (p =0.00). Furthermore, it was concluded that the participation of dentistry students in the “PET-Saúde UEL” project has promoted changes in the processes of broadening knowledge, contributing to public services and enabling greater integration between teaching, health service and community. pelo Trabalho para a Saúde- PET-SAÚDE. Acesso em 10/09/10 Disponível em: www.saude.gov.br/porta/SGTES. 6. Venâncio SI, Escuder MML, Kitoko P, Rea MF, Monteiro CA. Freqüência e determinantes do aleitamento materno em municípios do Estado de São Paulo. Rev Saúde Pública 2002; 36:313-8. 7. Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde - Pró-saúde. Objetivos, Implementação e Desenvolvimento Potencial. Brasília: Ministério da Saúde, 2007. 8. Morita MC, Codato LAB, Higasi MS, Kasai MLH. Visita Domiciliar: espaço de aprendizagem na graduação em Odontologia. Revista de Odontologia da UNESP 2010; 39(2): 75-79. 9. Vannuchi MTO, Thomson Z, Escuder MML, Tacla MTGM, Vezozzo KMK, Castro LMCP, et al. . Perfil do aleitamento materno em menores de um ano no Município de Londrina, Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil. 2005; 5(2): 155-162. 10. Viggiano D, Fasano D, Monaco G, Strohmenger L. Breast feeding, bottle feeding and non-nutritive sucking: effects on occlusion in deciduous dentition. Arch Dis Child. 2004 December; 89(12): 1121–1123. 11. Carrascoza KC, Possobon RF, Tomita LM, Moraes ABA. Con- Descriptors Higher Education. Dental Education. Breast feeding. § REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS sequências do uso da mamadeira para o desenvolvimento orofacial em crianças inicialmente amamentadas ao peito. J. Pediatr. 2006; 82(5): 395-97. 12. Cotrim LC, Venancio SY, Escuder MML. Uso de chupeta e amamentação em crianças menores de quatro meses no estado 1. Brasil. Ministério da Educação-CNE. Conselho Nacional de de São Paulo. Rev Bras Saúde Infant 2002; 2:253- 61. Educação. Resolução CNE-CES 3 de 19/02/2002. Institui as 13. Soares MEM, Giugliani ERJ, Braun ML, Salgado ACN, Oliveira Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em AP, Aguiar PR. Uso de chupeta e sua relação com o desmame Odontologia. Diário Oficial da União, Brasília, 04 de março precoce em população de crianças nascidas em Hospital Amigo da Criança. J Pediatr. 2003; 79(4): 309-316. de 2002. 2. Morita MC, Kriger L. A relação ensino e serviços de saúde. In 14. Ismail AI, Sohn W. The impact of universal access to dental Perri de Carvalho AC; Kríger, L. 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Programa Nacional de Educação 54 Revista da ABENO • 11(1):51-4 Aceito em 25/07/2011 Apresentação de vídeo educativo do projeto de extensão: “diagnóstico, tratamento e epidemiologia das doenças da cavidade bucal - LEBU”, do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá - PR Wilton Mitsunari Takeshita*, Lilian Cristina Vessoni Iwaki**, Liogi Iwaki Filho***, Mariliani Chicarelli da Silva**, Neli Pieralisi****, Vanessa Cristina Veltrini*****, Wesley Fernando Ferrari****** * Doutor em Radiologia Odontológica – FOSJC/UNESP/São José dos Campos. Professor Adjunto de Estomatologia e Radiologia do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá – UEM e Faculdade Ingá. Maringá. Paraná. Brasil ** Doutora em Radiologia Odontológica – FOP/UNICAMP/ Piracicaba. Professora Adjunto de Estomatologia e Radiologia do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá – UEM. Maringá. Paraná. Brasil *** Doutor em Diagnóstico Bucal, professor associado de Cirurgia do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá **** Mestre em Periodontia USP-Bauru, Professora Assistente de Estomatologia e Radiologia do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá – UEM. Maringá. Paraná. Brasil ***** Doutora em Patologia pela FOUSP. Professora de Patologia do Departamento de Odontologia da UEM ****** Cirurgião-dentista, graduado pela Universidade Estadual de Maringá Resumo Objetivo: divulgar o Projeto e seus serviços aos municípios da 15ª Regional de Saúde, alertar o telespectador a respeito do auto-exame, mostrar ao profissional da Odontologia a importância da iniciativa em se realizar biópsias e exames histopatológicos quando necessário (diante de determinados diagnósticos presuntivos), salientar o valor da interdisciplinaridade na Odontologia, reiterar a importância e grandiosidade dos resultados obtidos quando diferentes esferas (Universidade e Regional de Saúde) trabalham em busca de um bem comum: a qualidade de vida do paciente. Metodologia: para a confecção do vídeo, fo- ram gravadas imagens de palestras, do acolhimento dos pacientes na clínica odontológica, das consultas, dos exames pré-operatórios e dos procedimentos cirúrgicos, bem como dos trabalhos realizados pelos profissionais da assistência social, psicologia, fonoaudiologia, pedagogia e nutrição. Imagens com o trabalho junto à comunidade externa e com a explicação audiovisual do auto-exame foram editadas. Resultados: o trabalho resultou em um vídeo que explorou de forma educativa e dinâmica um trabalho que vem sendo realizado há 15 anos pelo Projeto LEBU, em parceria com a 15ª Regional de Saúde. Didaticamente conseguiu explicar a importância em se fazer o Revista da ABENO • 11(1):55-61 55 Apresentação de vídeo educativo do projeto de extensão: “diagnóstico, tratamento e epidemiologia das doenças da cavidade bucal - LEBU”, do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá – PR • Takeshita WM, Iwaki LCV, Iwaki Filho L, Silva MC, Pieralisi N, Veltrini VC, Ferrari WF auto-exame bucal em busca de estruturas que não estejam em seu padrão normal. Conclusão: colaborou fortemente para a contemplação de um dos compromissos do LEBU, que é entrelaçar de forma prática e real a Universidade (Departamento de Odontologia) com as necessidades da sociedade (15ª Regional de Saúde do Paraná) de forma sensível a seus problemas, colaborando na reflexão, construção e difusão dos valores da cidadania. Descritores Auto-exame. Diagnóstico Precoce. Câncer Bucal. H á muitos anos, o ensino na área da Saúde apresenta uma série de lacunas a serem superadas frente à desigualdade social da população, não somente brasileira como mundial, no qual muitos indivíduos não usufruem dos avanços tecnológicos. Sendo assim, a reforma educacional é fundamental para que ocorra uma aprendizagem transformadora dos envolvidos no cenário do sistema básico de saúde. Para que isso ocorra há a necessidade de mudança no perfil dos egressos que passam pelas instituições de ensino. O curso de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá, foi um dos pioneiros a inovar o seu ensino, e nos seus projetos de extensão não poderia ser diferente, onde desde 1995 foi criado um Projeto de extensão inter e multidisciplinar intitulado: ”Diagnóstico, tratamento e epidemiologia das doenças da cavidade bucal – LEBU”, que atende pessoas portadoras de alguma lesão em boca, desde seu diagnóstico ao tratamento e acompanhamento. Esses pacientes o procuram espontaneamente ou são encaminhados por profissionais da saúde das Unidades Básicas de Saúde (UBS) municipais, o que o tornou referência dentro da 15ª Regional de Saúde do Paraná, composta atualmente por 30 municípios. O Projeto está organizado em ações divididas em três eixos: o primeiro é o eixo assistencial voltado para o diagnóstico e tratamento das lesões que acometem a cavidade bucal, possibilitando o levantamento dos dados epidemiológicos destas doenças. Favorece também ação de apoio psicossocial aos usuários, nos casos necessários, como de cirurgia, comunicação de resultados de exames histopatológicos e encaminhamentos sociais (benefício da prestação continuada, auxílio alimentação); o segundo é o eixo da prevenção que enfoca as atividades de educação e promoção comunitária, compreendendo atividades de divulgação, orientação e prevenção para o bem estar bucal; 56 por último vem o eixo da sistematização do conhecimento, no qual, os acadêmicos dos 3º, 4º, e 5º anos do curso de graduação, residentes em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofaciais, docentes e técnicos administrativos do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá e afins, organizam os estudos nos diversos âmbitos que esta temática possibilita para publicações em revistas e/ou congressos, semanas acadêmicas, encontros, seminários e outros meios de divulgação. Existe no Projeto, uma busca constante pela construção permanente da indissociabilidade entre extensão, ensino e pesquisa.13 No Projeto são diagnosticados diversas lesões, que segundo a OMS (2002) podem ser subdivididas em cistos odontogênicos e não odontogênicos, tumores odontogênicos, patologias epiteliais, patologias das glândulas salivares, tumores/lesões dos tecidos moles, patologias ósseas, estomatodermopatologias, doenças infecciosas, doenças inflamatórias e outras.15 Dentre as diversas lesões podemos citar o câncer bucal devido o seu caráter de alta morbidade. O número de casos de câncer aumentou consideravelmente em todo o mundo, principalmente a partir do século passado, configurando-se, na atualidade, como um dos mais importantes problemas de saúde pública mundial.20 O câncer bucal possui uma predominância nos países em desenvolvimento, em especial na classe com níveis socioeconômicos mais baixos, ou seja, em pacientes que possuem maiores dificuldades de acesso ao sistema privado de saúde, portanto dependentes do sistema público, no qual costuma ocorrer uma espera longa pelo atendimento, favorecendo um diagnóstico tardio, cujo tratamento é mais agressivo, com um prognóstico desfavorável, reduzindo assim sua qualidade de vida e aumentando as taxas de mortalidade. A estimativa nacional para 2010/2011 o aponta como o 7° mais incidente, mostrando uma expectativa de 10330 casos novos em homens e 3790 em mulheres.12 O quadro atual de risco do câncer bucal no Brasil e suas tendências mostram relevância no âmbito da saúde pública, e evidenciam a necessidade contínua de realizações de pesquisas sobre este tema, buscando informações de qualidade sobre sua distribuição de incidência e mortalidade, as quais são essenciais para o desenvolvimento de políticas de saúde adequadas que visem o seu controle no país.12 Além disso, o conhecimento adquirido nas últimas décadas a respeito dos fatores de risco associados à etiopatogenia do câncer vem tornando possível iden- Revista da ABENO • 11(1):55-61 Apresentação de vídeo educativo do projeto de extensão: “diagnóstico, tratamento e epidemiologia das doenças da cavidade bucal - LEBU”, do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá – PR • Takeshita WM, Iwaki LCV, Iwaki Filho L, Silva MC, Pieralisi N, Veltrini VC, Ferrari WF tificar quais os indivíduos mais susceptíveis a desenvolver a doença, tornando-os alvo de ações preventivas. Stahl et al.19 (2004), relataram em seu trabalho de pesquisa que campanhas sobre câncer bucal têm contribuído para conscientização da população a respeito dos fatores de risco e colaboram para o aprimoramento do conhecimento dos profissionais de saúde, principalmente os profissionais da Odontologia, com relação a esta patologia. Elango et al.8 (2011), acrescentam ainda que condutas de auto-exame de boca têm contribuído para diminuir a prevalência de câncer bucal. Hertrampf et al.11 (2011), relataram em um estudo longitudinal, que a melhora do conhecimento dos Cirurgiões-dentistas a respeito dos fatores que predispõe o câncer bucal contribui para diminuir os valores de prevalência do mesmo. Por isso, o desenvolvimento de um vídeo de apresentação do Projeto LEBU se fez necessário, principalmente no que concerne as ações preventivas de promoção de saúde. Em vista disso, com finalidade de aprimorar a sistematização do conhecimento e a prevenção, contemplando o segundo e terceiro eixos, foi elaborado uma apresentação em vídeo com os seguintes objetivos: divulgar o Projeto e seus serviços aos municípios da 15ª Regional de Saúde, alertar o telespectador a respeito do auto-exame bucal, mostrar ao profissional da Odontologia a importância da iniciativa em se realizar biópsias e exames histopatológicos quando necessário (diante de determinados diagnósticos presuntivos), salientar o valor da inter e multidisciplinaridade na Odontologia, reiterar a importância e grandiosidade dos resultados obtidos quando diferentes esferas (Universidade e Regional de Saúde, por exemplo) trabalham em busca de um bem comum: a qualidade de vida do paciente. Metodologia Após discussões com a equipe inter e multidisciplinar que atua no projeto, para a confecção do vídeo, foram gravadas imagens de palestras, do acolhimento dos pacientes na clínica odontológica, das consultas, dos exames pré-operatórios e dos procedimentos cirúrgicos, bem como dos trabalhos realizados pelos profissionais da assistência social, psicologia, fonoaudiologia, pedagogia e nutrição, já que o projeto é multidisciplinar, levando o aluno a aprender a trabalhar em conjunto com outras áreas da saúde. A equipe de filmagens também teve acesso a depoimentos de pessoas vinculadas ao Projeto de diferentes formas, como o da coordenadora, o de uma aluna participante durante a graduação e pós-graduação e o depoimento de um paciente. As imagens com o trabalho junto à comunidade externa e com a explicação audiovisual do auto-exame bucal foram inseridas. A rotina das disciplinas de Radiologia, Estomatologia, Cirurgia e Patologia também foram apresentadas, uma vez que o projeto atua não somente de forma multidisciplinar, mas também interdisciplinar. Todos os docentes e acadêmicos que apareceram no vídeo concordaram em ter sua imagem vinculada ao Projeto, da mesma maneira que os pacientes exibidos não só concordaram como estimularam a iniciativa, tendo em vista que um maior número de indivíduos terá conhecimento dos cuidados bucais a serem tomados no dia-a-dia e dos serviços oferecidos pelo Projeto. Resultado Todo e esforço empregado durante aproximadamente 6 meses, resultou em um vídeo que explorou de forma educativa e dinâmica um trabalho que vem sendo realizado há 15 anos pelo Projeto LEBU, em parceria com a 15ª Regional de Saúde. Didaticamente conseguiu explicar a importância para o indivíduo em realizar o auto-exame bucal em busca de estruturas que não estejam em seu padrão normal. Mostrar o esforço da equipe em manter e/ou devolver ao paciente a função normal do sistema estomatognático, por meio da prevenção e promoção da saúde bucal. O trabalho foi avaliado de maneira positiva. O plano de filmagens, montado a partir de um texto pré-determinado, facilitou as atividades. A receptividade por parte dos pacientes foi grande e enriquecedora. O apoio por parte dos acadêmicos e docentes foi crucial para o resultado final. Por fim, a parceria com o Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde - Pró-Saúde que disponibilizou recursos para viabilizar a realização do Projeto, possibilitando alcançar os objetivos pretendidos com o vídeo. Discussão Embora ao longo do tempo, a fim de melhorar a qualidade e abrangência, o modelo de Saúde Pública no Brasil tenha sofrido uma série de mudanças, ainda são necessárias profundas transformações, e para que isso venha a ocorrer, é preciso haver também transformações no processo de formação e desenvolvimento dos profissionais da área da saúde, que somente ocorrerá se mudarmos a forma de como cuidar, tratar e acompanhar a saúde de nossos pacientes, conseguido por meio de mudanças também nos modos de Revista da ABENO • 11(1):55-61 57 Apresentação de vídeo educativo do projeto de extensão: “diagnóstico, tratamento e epidemiologia das doenças da cavidade bucal - LEBU”, do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá – PR • Takeshita WM, Iwaki LCV, Iwaki Filho L, Silva MC, Pieralisi N, Veltrini VC, Ferrari WF ensinar e aprender. Assim, é fundamental que os atores envolvidos no ensino, principalmente na área da saúde, tenham em mente que o seu papel é formar cidadãos que possam enxergar o paciente como um todo, e se preocupe não somente em tratar as doenças, mas principalmente em preveni-las, devendo os envolvidos com a academia, se aproximarem cada vez mais da comunidade e do serviço. Como já mencionado, não somente em função da busca de aproximação com a comunidade, o projeto de extensão: “Diagnóstico, tratamento e epidemiologia das doenças da cavidade bucal – LEBU”, desde 1995, executa diagnósticos, tratamento e/ou acompanhamento de pessoas portadoras de alguma lesão em boca, estando dividido em três eixos: • assistencial, • prevenção e • sistematização do conhecimento. O eixo assistencial do Projeto contempla o diagnóstico e tratamento do indivíduo com lesões bucais e necessita de uma equipe multidisciplinar que trabalha de forma integrada, objetivando a eliminação da doença com manutenção da qualidade de vida do paciente. Fazem parte dessa equipe de profissionais: cirurgiões-dentistas, médicos (cirurgiões de cabeça e pescoço, oncologistas, radioterapeutas), enfermeiros, psicólogos, fonoaudiólogos, nutricionistas, assistentes sociais, sem destacar nenhuma dessas figuras, que em suas áreas de competência, trabalham e cooperam no atendimento ao paciente.2,5 Neste eixo, os acadêmicos aprendem a trabalhar em equipe e visualizar o paciente como um todo e não apenas uma boca a ser tratada. Com relação ao segundo eixo do Projeto, o da prevenção, os acadêmicos desenvolvem uma visão moderna da área que é a valorização da saúde e não da doença, realizando isso por meio de ações educativas, tentando mudar valores e comportamentos dos pacientes. Os participantes do Projeto têm o dever de orientar os pacientes quanto ao malefício do fumo, álcool, exposição excessiva ao sol, da importância de uma boa higiene e saúde bucal, da integridade dos dentes e aparelhos protéticos, os benefícios da alimentação balanceada, orientações quanto à importância e técnica de auto-exame bucal a fim de se evitar o aparecimento de inúmeras doenças.17 Com relação à prevenção para a melhoria da expectativa de vida da população, medidas devem ser tomadas a fim de incentivar atitudes preventivas em 58 relação ao câncer, como o controle do consumo de tabaco e álcool, a adoção de dieta rica em vegetais e frutas frescas, além de uma maior qualidade nos serviços de diagnóstico e tratamento dos pacientes com câncer bucal e de faringe.1,3,4,21 O exame clínico da boca, principalmente dos pacientes com hábitos nocivos como álcool e cigarro, deve ser sistemático e indivíduos com lesões suspeitas devem ser imediatamente encaminhados à consulta especializada em centros de referência para realização dos procedimentos diagnósticos necessários. É importante também que o fumo e o álcool, que são fatores passíveis de intervenção por programas de prevenção primária que realizem ações legislativas, educativas e econômicas com o objetivo de reduzir o acesso ou a exposição da população a esses fatores.6,14,15,17 Segundo Eadie et al.7 (2009), três são os fatores que desestimulam o paciente a procurar auxílio e orientação profissional: • seu pequeno conhecimento a respeito do assunto, • sua pouca percepção do risco e • seu medo a respeito dos aspectos negativos desse diagnóstico. Por conseguinte, os envolvidos no Projeto, mais especificamente os acadêmicos, aprendem que todos os membros de uma equipe multiprofissional integrada atuam não só curativamente, mas podem ressaltar os aspectos preventivos das lesões bucais; bem como, a busca de uma boca saudável pode ser favorável para o desempenho do tratamento, visto que é íntima a relação de condições inflamatórias bucais crônicas e a saúde geral. Ainda no segundo eixo tem-se a promoção de saúde, no qual Stahl et al.19 (2004), realizaram uma pesquisa para avaliar resultados de campanhas de prevenção do câncer bucal na população e nos profissionais da Odontologia. Os autores concluíram que a campanha contribuiu para a população atentar para alterações de boca e quando detectada entrar em contato com profissionais da área, haja vista que desconheciam o fato de que os Cirurgiões-dentistas são responsáveis pelo exame de câncer bucal. Além disso, a população se apresentou mais conhecedora da importância do diagnóstico precoce para um melhor prognóstico da doença. Com relação aos profissionais da Odontologia a campanha contribuiu para mudanças de rotina clínica, principalmente na discussão da doença com seus pacientes no que concerne o diagnóstico precoce e uma atenção maior para Revista da ABENO • 11(1):55-61 Apresentação de vídeo educativo do projeto de extensão: “diagnóstico, tratamento e epidemiologia das doenças da cavidade bucal - LEBU”, do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá – PR • Takeshita WM, Iwaki LCV, Iwaki Filho L, Silva MC, Pieralisi N, Veltrini VC, Ferrari WF pequenas lesões de boca. Nesta linha de conclusão, o material em vídeo elaborado contempla algumas vertentes desse processo, apresentando o trabalho desenvolvido no Projeto pelos diferentes profissionais participantes e ensinado o paciente a valorizar e realizar o auto-exame bucal. Na sistematização do conhecimento contemplando o terceiro eixo, trabalhos de levantamento epidemiológicos são necessários, uma vez que diferentes grupos populacionais podem apresentar diferentes prevalências para determinadas lesões.15 No trabalho de Rioboo-Crespo et al.18 (2005), estudando a prevalência de lesões bucais em crianças, concluíram que a candidíase bucal apresentou maior prevalência, sendo esta justificada em função da presença de um sistema imunológico imaturo nas crianças. Ainda na sistematização do conhecimento, Gajendra et al.10 (2006) relataram em seu trabalho de pesquisa que na formação dos profissionais da Odontologia existem lacunas no conhecimento de fatores de risco do câncer bucal. Cannick et al.4 (2005), avaliaram o grau de conhecimento dos alunos de uma Faculdade de Odontologia do Sul da Califórnia a respeito do câncer bucal, e observaram que apesar do aumento do nível de conhecimento dos alunos com o avanço das séries, o ensino deve dar mais ênfase também na educação a respeito do tema câncer bucal, pois os índices de mortalidade tendem a diminuir se os Cirurgiões-dentistas tiverem maior conhecimento dos fatores de prevenção e detecção precoce do câncer bucal. Além disso, no trabalho de Epstein et al.9 (2008) os autores relataram a importância de um trabalho realizado com estudantes de Odontologia, em que realizaram uma campanha de uma semana para avaliação de pacientes e esclarecimentos a respeito do câncer bucal. Eles concluíram que a semana foi importante para reforçar a análise da região de cabeça e pescoço e tecidos moles bucais por parte dos alunos e divulgação para a comunidade a respeito do diagnóstico precoce e auto-exame. Sendo este tipo de campanha rotina para os nossos acadêmicos. Frente a tudo o que foi exposto, para maiores esclarecimentos, contemplando o segundo e terceiro eixos, buscou-se o desenvolvimento de um vídeo com finalidade de apresentar aos profissionais da saúde e à população, o Projeto LEBU e suas competências, sendo uma das várias ferramentas utilizadas como mecanismo de divulgação e busca por uma mudança de conduta frente a alterações bucais. O vídeo consta de depoimentos de pessoas vinculadas ao Projeto, como o da coordenadora, o de uma aluna participante durante a graduação e pós-graduação e o depoimento de um paciente. Apresenta também imagens com trabalho junto à comunidade externa e com a explicação audiovisual do auto-exame. A rotina das disciplinas de Radiologia, Estomatologia, Cirurgia e Patologia. A produção do material envolveu seis meses de trabalho entre gravações internas (imagens clínicas), externas e a edição do vídeo, no qual foi possível perceber a importância da dedicação, atenção e cuidado por parte da equipe de filmagens e por parte dos participantes do Projeto, já que independente de imagens e pessoas, o protagonista deveria sempre ser o Projeto LEBU. Isto se refletirá diretamente no telespectador, motivo principal do trabalho. Conclusões Assim, fica nítida a importância da parceria entre a 15ª Regional de Saúde, as Unidades Básicas de Saúde dos municípios participantes, o Projeto LEBU, a Clínica Odontológica da Universidade Estadual de Maringá, os acadêmicos, os docentes, os demais profissionais envolvidos, os pacientes e acima de tudo a viabilização de recursos financeiros feito pelo Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde - Pró-Saúde, sem o qual todo o trabalho acima descrito não seria possível. O material desenvolvido salienta a importância do auto-exame bucal e também divulga o Projeto, cuja busca pela preocupação com o ser humano como um todo. A ausência de quaisquer partes acima citadas na engrenagem formada para a realização da tarefa resultaria no desvio do objetivo ou até mesmo na impossibilidade de conclusão da mesma. Foi um trabalho que possibilita pontos positivos principalmente ao telespectador, alvo principal do trabalho. Com isso colaborando fortemente para a contemplação de um dos compromissos do LEBU, que é entrelaçar de forma prática e real a Universidade (Departamento de Odontologia) com as necessidades da sociedade (15ª Regional de Saúde do Paraná) de forma sensível a seus problemas, colaborando na reflexão, construção e difusão dos valores da cidadania. Agradecimentos À Universidade Estadual de Maringá instituição em que foi desenvolvido o vídeo, à Imagem Vídeo produtora do vídeo, ao PRÓ-SAÚDE, aos docentes, funcionários, alunos e pacientes que tornaram esse Projeto viável. Revista da ABENO • 11(1):55-61 59 Apresentação de vídeo educativo do projeto de extensão: “diagnóstico, tratamento e epidemiologia das doenças da cavidade bucal - LEBU”, do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá – PR • Takeshita WM, Iwaki LCV, Iwaki Filho L, Silva MC, Pieralisi N, Veltrini VC, Ferrari WF Abstract Presentation of an educational video of the extension project, “diagnosis, epidemiology and treatment of oral cavity diseases - LEBU,” Department of Dentistry, State University of Maringá - PR Objective: To present the project and its services to cities in the 15th Regional Health Area, alert viewers to self-examinations, show the dental professional the importance of the initiative to perform biopsies and histopathological exams when needed (presumptive diagnosis), emphasize the value of interdisciplinarity in dentistry, reiterate the importance and impressiveness of the results obtained when different spheres (University and Regional Health area) work in pursuit of a common good: the quality of life of patients. Methodology: In order to make the video, images were recorded of lectures, the reception of patients in the dental clinic, consultations, preoperative examinations and surgical procedures, and the work done by professionals in social work, psychology, speech therapy, teaching and nutrition. Images with the outside community and the visual explanation of self-examination were also included. Results: The work resulted in a video that instructionally and dynamically explored the work being done by the LEBU project for the past15 years, in partnership with the 15th Regional Health area. The video was able to render a didactic explanation of the importance of performing selfexamination in search of structures that do not follow a normal pattern. Conclusion: The video greatly contributed to highlighting one of the LEBU commitments, which is to dovetail, in a practical and real manner, the University (Department of Dentistry) with the needs of society (15th Regional Health area of Paraná), demonstrating sensitivity to the population’s health problems by collaboration toward the reflection, construction and dissemination of citizenship values. Junior DS, Tavares MR et al. Avaliação odontológica de pacientes com câncer de boca. Pré e pós tratamento oncológico - uma proposta de protocolo. Pesqui bras odontopediatria clín integr. 2004;4(1):25-31. 3. Bunnell A, Pettit N, Reddout N, Sharma K, O’Malley S, Chino M, Kingsley K. Analysis of primary risk factors for oral cancer from select US states with increasing rates. Tob Induc Dis. 2010;8(1):5. 4. Cannick GF, Horowitz AM, Drury TF, Reed SG, Day TA. Assessing oral cancer knowledge among dental students in South Carolina. Am Dent Assoc. 2005;136(3):373-8. 5. Costa EG, Miglioratti CA. 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McCullough MJ, Prasad G, Farah CS. Oral mucosal malignancy parative importance of tobacco, alcohol and other risk factors. and potentially malignant lesions: an update on the epidemio- Aust N Z J Public Health. 2011;35(3):212-9. logy, risk factors, diagnosis andmanagement. Aust Dent J 2. Almeida FCS, Vaccarezza GF, Cazal C, Benedethe APF, Pinto 60 Rev Conexão UEPG. 2010; 5(1):84-9. geal and esophageal cancer mortality in Australia: the com- 2010;55:(1 Suppl): 61-5. Revista da ABENO • 11(1):55-61 Apresentação de vídeo educativo do projeto de extensão: “diagnóstico, tratamento e epidemiologia das doenças da cavidade bucal - LEBU”, do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá – PR • Takeshita WM, Iwaki LCV, Iwaki Filho L, Silva MC, Pieralisi N, Veltrini VC, Ferrari WF 15. Mujica V, Rivera H, Carrero M. Prevalence of oral soft tissue lesions in an elderly venezuelan population. 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The American Dental Associa- Revista da ABENO • 11(1):55-61 Recebido em 07/07/2011 Aceito em 25/07/2011 61 Formação em odontologia e interdisciplinaridade: o Pró-Saúde da UFSC Daniela Lemos Carcereri*, Cláudio José Amante**, Marynes Terezinha Reibnitz***, Gianina Salton Mattevi****, Grasiela Garret da Silva*****, Ana Clara Loch Padilha******, Inês Beatriz da Silva Rath******* * Membro do Comitê Gestor do Pró-Saúde, Tutora do PET-Saúde e da Residência Multiprofissional em Saúde da Família da Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC. Subcoordenadora do Programa de Pós-Graduação em Odontologia da UFSC ** Pró-Reitor de Assuntos Estudantis da UFSC *** Chefe do Departamento de Saúde Bucal da Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis-SC. Membro do Comitê Gestor do Pró-Saúde da UFSC **** Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Odontologia Odontologia da UFSC – Área de concentração Odontologia em Saúde Coletiva ***** Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Odontologia da UFSC – Área de concentração Odontologia em Saúde Coletiva ****** Acadêmica do Curso de Graduação em Odontologia da UFSC, Membro do Comitê Gestor do Pró-Saúde, Representante Discente no Colegiado do Curso ******* Coordenadora do projeto Pró-Saúde do Curso de Graduação em Odontologia da UFSC RESUMO Na última década, a formação de profissionais de saúde tem sido reformulada com políticas de educação e de saúde promovidas pelos Ministérios da Educação e Cultura e da Saúde. Este artigo apresenta a experiência do Curso de Graduação em Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) na implantação do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde – Pró-Saúde. Como processo indutor, o programa direcionou as mudanças com vistas à integração ensino-serviço e à utilização de novas metodologias de ensino-aprendizagem, enfatizando a atenção básica. Na área de Odontologia, tais movimentos mostram-se necessários tendo em vista que, historicamente, tanto o sistema formador como o mercado de trabalho foram regidos pela iniciativa privada. Na UFSC, as atividades foram estruturadas em conformidade com os três eixos de desenvolvimento do Programa e impulsiona62 ram o movimento de reforma curricular. O Pró-Saúde foi fundamental para a indução desse processo de mudança em uma perspectiva interdisciplinar, trazendo contribuições em todos os eixos. DESCRITORES Formação de Recursos Humanos. Educação em Odontologia. Recursos Humanos em Odontologia. N a última década, a formação de profissionais de saúde tem sido reformulada com base em políticas de educação e de saúde promovidas em parceria por dois ministérios: o Ministério da Educação e Cultura (MEC) e o Ministério da Saúde (MS). Essas políticas sinalizam na direção de uma reforma curricular imprescindível nos cursos de graduação da área da saúde.3,8 Em 2002, ocorreu a homologação das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino de Graduação Revista da ABENO • 11(1):62-70 Formação em odontologia e interdisciplinaridade: o Pró-Saúde da UFSC • Carcereri DL, Amante CJ, Reibnitz MT, Mattevi GS, Silva GG, Padilha ACL, Rath IBS em Odontologia (DCN), que preconizam formação generalista que atenda às reais necessidades da população brasileira, contemplando a atuação do cirurgião-dentista em equipes multiprofissionais e interdisciplinares.7 As DCN assinalam que, desde a graduação, o cirurgião-dentista deve ser preparado para atuar em equipes de saúde, conforme as necessidades da realidade do sistema de saúde vigente no país.14 A abordagem multidisciplinar objetiva habilitar equipes de estudantes para encorajarem famílias e comunidades a aceitarem assumir responsabilidades no controle de seus problemas de saúde e no seu autocuidado, como também, para ampararem os esforços dessas comunidades nesse sentido. Particularmente, a Odontologia, que sempre manteve um distanciamento das demais profissões de saúde, necessitará reaproximar-se e desenvolver oportunidades de aprendizado no que se refere a essa forma de trabalhar.10 Campos et al.9 (2009) relatam que o aprender não é passivo, mas sim ativo. Neste sentido, não há apenas uma realidade, porque cada um apreende uma situação de acordo com a aptidão que tem de percebê-la e a transforma a partir do conjunto de conhecimentos antecedentes, vivências e motivação que possui para aprender determinado tema. Para isso, há que elaborar, transformar e integrar o novo conhecimento aos seus saberes prévios, ampliando o enfoque do sistema educacional de maneira a contemplar não somente o ensino, mas também o aprendizado do aluno. Aproximar a formação de médicos, cirurgiõesdentistas, enfermeiros e demais profissionais de saúde constitui um desafio no sentido de não somente direcioná-la à realidade do Sistema Único de Saúde (SUS), mas também de, através desse, aproximá-la das necessidades da população do país. Para isso é importante implementar transformações ideológicas, políticas e pedagógicas em todas as instituições formadoras de profissionais de saúde no Brasil.2 Na área de Odontologia, tais movimentos mostram-se necessários, tendo em vista que, historicamente, tanto o sistema formador como o mercado de trabalho foram regidos pela iniciativa privada. Nesse sentido, as políticas indutoras da formação em Odontologia, como o Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Prósaúde)6 e o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde),5 propostas em parceria pelo MEC e MS, mostram-se oportunas e necessárias. O Quadro 1, a seguir, apresenta um breve histórico de eventos marcantes para o ensino de Odontologia no Brasil.19 Atualmente, observam-se sinais de mudança no panorama do trabalho odontológico, destacando-se a redução do exercício liberal estrito, a popularização dos sistemas de odontologia de grupo, o aumento do percentual de profissionais com vínculo público, sobretudo com o crescimento expressivo dos postos de trabalho na rede pública de serviços de odontologia. A inclusão do cirurgião-dentista no Programa Saúde da Família (PSF) e o surgimento dos Centros de Especialidades Odontológicas (CEO) na rede do SUS têm grande impacto nesses números.15 Tanto formadores como estudantes apresentam Quadro1- Eventos históricos que marcaram o ensino da Odontologia. Ano Evento 1884 Início do ensino oficial da Odontologia no Brasil 1910 Publicação do relatório de Abraham Flexner (Estados Unidos) – modelo biomédico (flexneriano) 1917 Bertrand Dawson (Inglaterra) – ações coletivas e preventivas 1940 Criação e reforma de diversos cursos da Saúde (América Latina) 1955 Reunião OPAS – redirecionar bases da formação e da produção dos serviços de saúde 1956 Criação da ABENO 1960 Críticas recorrentes ao modelo flexneriano Início do movimento da Reforma Sanitária Brasileira 1970 Expansão e interiorização dos cursos de odontologia Movimentos da Medicina Comunitária e Integração Docente-Assistencial (Ensino-Serviço) 1978 Reunião de Alma-Ata – “Saúde para Todos” e “Estratégia de Atenção Primária” 1980 Primeiras reformulações de currículo: atividades de extensão 1986 VIII Conferência Nacional de Saúde I Conferência Nacional de Saúde Bucal 1988 Constituição Federal – Saúde na Constituição Regulamentação do Sistema Único de Saúde 1990 Sancionada Lei Orgânica da Saúde 1993 II Conferência Nacional de Saúde Bucal 2002 Aprovação das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Odontologia 2003 Criação da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde 2004 III Conferência Nacional de Saúde Bucal Criação do Fórum Nacional de Educação das Profissões na Área da Saúde (FNEPAS) 2005 Criação do Pró-Saúde (SGTES) 2008 Criação do PET-Saúde e UNA-SUS (SGTES) Fonte: Souza (2010, p. 49) Revista da ABENO • 11(1):62-70 63 Formação em odontologia e interdisciplinaridade: o Pró-Saúde da UFSC • Carcereri DL, Amante CJ, Reibnitz MT, Mattevi GS, Silva GG, Padilha ACL, Rath IBS conceitos em construção a respeito do papel do cirurgião-dentista na saúde coletiva. O que mostra que é imprescindível uma estreita relação entre o ensino superior e os serviços públicos de saúde, de maneira que se complementem alguns vazios na formação e na prática dos cirurgiões-dentistas na Equipe Saúde da Família (ESF).13 Devem ser articuladas redes de aprendizado que abranjam a academia e os serviços,para alcançar o objetivo de atender as demandas prementes e melhorar a assistência à saúde da população, mediante maior capacitação dos profissionais.9,2 O direcionamento de atividades pedagógicas para os ambientes ditos “extramuros” pode contribuir com as atividades multidisciplinares, que são pouco desenvolvidas no contexto da instituição de ensino.19 Percebe-se como um desafio à integração dos “mundos” da educação e do trabalho a superação da resistência e dos preconceitos que um nutre em relação ao outro. A integração tem como objetivo fundamental o compartilhamento de saberes entre esses dois polos durante a formação profissional, promovendo uma estreita relação entre teoria e prática de forma contextualizada. Para isso, deve haver reflexões e práticas, nas quais o conhecimento está associado a uma realidade específica de seu próprio espaço físico.2,1 A integralidade norteia a formação de um profissional mais justo, ético, humano, independentemente do mercado de trabalho em que ingressará, se público ou privado.12 O processo saúde-doença poderá ser abordado adequadamente somente quando tratado de maneira integral, pois é um fenômeno complexo e não limitado ao campo biológico.10 Para alcançar esse ideal é necessário ampliar a base conceitual da ação de cada profissional e, também, a conformação de equipes para a atuação multidisciplinar, buscando imprimir maior potência a cada ação. Dessa forma, segundo Souza,19 para alcançar esse objetivo é importante que os estudantes percebam, desde o início de sua formação profissional, a referência e contrareferência e estejam em contato com um processo de trabalho pautado nos princípios da integralidade. O PRÓ-SAÚDE foi elaborado com base nas DCN para a área da saúde e no Sistema Nacional da Educação Superior, buscando sintonizar a formação em saúde às necessidades sociais, considerando as dimensões históricas, culturais e econômicas da população.6 Sua finalidade é formar profissionais com perfil adequado às necessidades sociais e isto implica fo64 mentar a capacidade de aprender a aprender, trabalhar em equipe, comunicar-se, ter agilidade diante das situações, ter capacidade propositiva e habilidade crítica.2 Alguns fatores parecem influenciar a presença da interdisciplinaridade:18 • Complexidade dos problemas; • compatibilidade de paradigmas; • atitude do sujeito de abertura ao novo, de engajamento ético e político, de valorização de outros saberes, reconhecimento da própria incompetência; • diálogo, cooperação, articulação, afinidades pessoais, objeto e projeto comum; • estrutura institucional favorável; • desenvolvimento de competências para lidar com problemas novos, e com soluções por vezes parciais e provisórias; • a existência de equipe multiprofissional; • e processo de produção e reprodução do conhecimento com a participação dos diversos sujeitos que produzem saberes a respeito do objeto de estudo (p. 40) Para Demo11 (2007, p. 20), “as medidas principais da aprendizagem devem ser o saber pensar e o aprender a aprender, que farão da escola o centro da mudança que levará a sociedade à era do conhecimento”. O Curso de Graduação em Odontologia da UFSC reorientou, em 2005, o seu Projeto Pedagógico,20 no qual se ressalta que o curso tem como objetivos a contextualização, investigação e ensino dos saberes e fazeres da Odontologia, necessários para formar cirurgiões-dentistas habilitados para o exercício de uma profissão contemporânea, promotora de saúde e fundamentada nos preceitos da ética, da moral, da ciência, da filosofia e, principalmente, voltada para realidade da população brasileira. Em 2006, o Curso de Graduação em Odontologia da UFSC foi contemplado pelo PRÓ-SAÚDE,6 o que implicou o início do processo de reforma curricular do curso no primeiro semestre de 2007. Esse novo encaminhamento apontou a necessidade de utilização de novas metodologias educacionais e de reorganização da matriz curricular.21 A Integração Ensino-Serviço vivenciada pelo Curso de Graduação em Odontologia da UFSC e pela Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis16 Revista da ABENO • 11(1):62-70 Formação em odontologia e interdisciplinaridade: o Pró-Saúde da UFSC • Carcereri DL, Amante CJ, Reibnitz MT, Mattevi GS, Silva GG, Padilha ACL, Rath IBS (SMS) está consoante com as DCN, atendendo os demais preceitos atuais de formação profissional em saúde. Com essa finalidade, têm sido desenvolvidas novas metodologias de ensino-aprendizagem, como a utilização de abordagens que orientam a participação ativa dos estudantes e propõem uma avaliação processual frente à proposta de ensino.19, 20 Este artigo apresenta a experiência do Curso de Graduação em Odontologia da UFSC na implantação do Pró-Saúde, trazendo reflexões em torno do percurso vivenciado desde a sua implantação. Um pouco da nossa história: ações do Pró-Saúde Odontologia UFSC O Pró-Saúde, na UFSC, seguiu a estrutura do Programa, o qual se divide em três eixos de desenvolvimento. O Eixo A – Orientação Teórica – compreende projetos de educação permanente,4 realização de oficinas de capacitação para auxiliares de saúde bucal (ASB) e técnicos de saúde bucal (TSB), capacitação para os profissionais de saúde da SMS. Estão contemplados neste eixo: • análise e discussão do perfil epidemiológico do Município de Florianópolis, contribuindo com o Plano Municipal de Saúde; • integração/expansão do Fórum de Experiências Exitosas Multiprofissionais da SMS; e • produção de material didático-pedagógico. Esse eixo contempla ainda a produção de conhecimento, com criação de infraestrutura para as atividades de investigação nas UBS, e o apoio a pesquisas sobre a atenção básica em parceria com o PET-Saúde. O Eixo B – Cenário de Prática – prevê o projeto de rede de referência e contrarreferência em educação em saúde e atenção odontológica e a implantação do prontuário odontológico informatizado na UFSC. Até o momento, foram realizadas: a ampliação da área física das UBS, a diversificação dos cenários de prática e a construção de protocolos de atuação multiprofissional a agravos de maior prevalência, envolvendo estudantes, professores e profissionais da SMS. O Eixo C – de Orientação Pedagógica – envolve ações como capacitação pedagógica para integração básico/clínica e em metodologias ativas para professores e profissionais que atuam nos diferentes cenários de prática. Para análise crítica do ensino na atenção básica, foi implementado um processo efetivo de participação e diálogo com as disciplinas envolvidas, bem como monitoramento e avaliação das atividades realizadas. Os recursos financeiros aportados para o PróSaúde foram alocados para a instrumentalização da rede básica; apoio às oficinas; recursos para viabilização de seminários e elaboração de material didático; apoio para infraestrutura local; editoração e impressão gráfica de material didático e de resultados de investigação, como pôsteres, entre outros. Espaços de integração A implementação do projeto vem implicando a construção de espaços de integração entre as diversas dimensões envolvidas no processo: • a integração ensino-serviço-comunidade; • a integração do Curso de Graduação com a PósGraduação em Odontologia e do Curso de Graduação em Odontologia com outros Cursos de Graduação da área da Saúde; • a integração das diferentes disciplinas em clínicas integradas de baixa, média e alta complexidade; e, por fim, • a integração do discente à proposta. A integração ensino-serviço-comunidade materializou-se principalmente na realização de Seminários de Integração Ensino-Serviço-Comunidade (SIESC) envolvendo a participação de docentes, profissionais técnico-administrativos, discentes e gestores da UFSC, da SMS e da Secretaria Estadual de Saúde (SES/SC), profissionais da rede (cirurgiões-dentistas, TSBs, ASBs), Coordenadores de Cursos de Odontologia de outras Instituições de Ensino Superior de Santa Catarina, representantes de Conselhos Comunitários e autoridades de órgãos de representação de classe. Esses Seminários foram fundamentais para a implantação da reforma curricular, dando visibilidade à nova filosofia de ensino-aprendizagem e permitindo construir uma compreensão sobre ela. Os Seminários foram realizados com a presença de professores convidados para abordar diferentes temáticas. O I SIESC, realizado em novembro de 2007, contextualizou a política de formação na área da saúde no Brasil e no mundo, discutiu o conceito de saúde e o papel do SUS enquanto política pública de saúde. No II SIESC, realizado em agosto de 2008, foi debatida a temática da integralidade como eixo estruturante de diretrizes curriculares para cursos de graduação em odontologia, seus desafios para o ensino e para o serviço. Através de conferências e discussões em grupos formados por integrantes do ensino e do serviço promoveu-se o encontro de saberes e práticas. O III SIESC, reali- Revista da ABENO • 11(1):62-70 65 Formação em odontologia e interdisciplinaridade: o Pró-Saúde da UFSC • Carcereri DL, Amante CJ, Reibnitz MT, Mattevi GS, Silva GG, Padilha ACL, Rath IBS zado em junho de 2011, discutiu os desafios e perspectivas do Pró-Saúde e abordou também a temática específica da utilização de fluoretos em Odontologia. No que se refere à integração do Curso de Graduação em Odontologia com a Pós-Graduação em Odontologia, observa-se que essa transcorre em diferentes cenários, contemplando o ensino, a pesquisa e a extensão. A seguir são ilustrados três exemplos: • O projeto “Atenção Odontológica a pacientes internados no HU/UFSC” tem como objetivo a atuação da odontologia em ambiente hospitalar e vem trazendo benefícios à comunidade assistida, permitindo melhor entendimento da interrelação entre a saúde bucal e a saúde geral, além da valorização da inserção da odontologia no ambiente hospitalar; • o Projeto “Escola Profa. Laura Lima”, na linha programática de atenção à saúde integral da criança e do adolescente, tem como áreas temáticas a Educação e a Saúde. Este projeto de extensão capacita graduandos e pós-graduandos de Odontologia para a prática de educação comunitária em saúde, proporcionando-lhes aprendizado e trazendo benefícios para a comunidade; • o projeto “NAPADF - Núcleo de Atendimento a Pacientes com Deformidade Facial”, envolve diferentes especialidades da Odontologia e da Medicina. O Núcleo atende pacientes com deformidades faciais congênitas, na sua maioria crianças e adolescentes com fissura de lábio e/ou palato. O atendimento é realizado por estagiários de graduação e pós-graduação sob supervisão dos professores, desenvolvendo ações promotoras de saúde, educativas, preventivas e reabilitadoras. No que se refere à integração do Curso de Graduação em Odontologia com outros Cursos de Graduação da área da Saúde é preciso ressaltar que, inicialmente, a relação serviço/ensino era mediada pelo Programa Docente Assistencial (PDA), através de convênio firmado entre UFSC e SMS desde 1989. Posteriormente, com aumento do número de cursos e de estudantes, houve necessidade de ampliar essa relação e criou-se a Rede Docente Assistencial (RDA), que reúne representantes de todos os Cursos de Graduação em Saúde, o Departamento de Saúde Pública, os Cursos de Residência da UFSC e o PET-Saúde. Visando a oferecer a oportunidade da vivência da multiprofissionalidade, os estágios de Odontologia foram então organizados de modo que os estudantes tivessem contato com os diferentes cursos de graduação, 66 em especial com os cursos de enfermagem e medicina, também contemplados pelo edital Pró-Saúde I. Posteriormente, os Cursos de Psicologia, Farmácia, Serviço Social, Nutrição e Educação Física foram contemplados pelo edital Pró-Saúde II, sendo possível ampliar essa integração. A participação da Odontologia no PET-Saúde I e II configura-se numa outra oportunidade de formação multiprofissional. A distribuição dos estágios na Rede de Saúde da SMS16 está apresentada na Figura 1, evidenciando a organização na lógica da multiprofissionalidade. No que concerne à integração das diferentes disciplinas em clínicas integradas de baixa, média e alta complexidade, aponta-se que, após a realização da oficina sobre essa temática, sucedeu-se um período de diversas reuniões e intensas discussões, o qual findou na organização das clínicas por complexidade. Para sua estruturação buscou-se uma organização por núcleos, envolvendo diagnóstico, procedimentos clínicos e especialidades. Para cada núcleo foram definidas as áreas de competências, representadas por diferentes disciplinas e especialidades, de acordo com a complexidade e o desenvolvimento das habilidades dos graduandos. Com relação à integração dos discentes à proposta; observa-se a participação ativa dos discentes do Curso de Odontologia nesse projeto, através de avaliações semestrais realizadas junto à coordenação do Curso, o que contribuiu para a concretização das adaptações necessárias e para o sucesso na implantação da nova proposta pedagógica. Os acadêmicos participam de todas as atividades propostas, tais como, seminários e oficinas e, através de seu site na internet, disponibilizam informações para a comunidade acadêmica. Ainda observa-se a adesão discente no colegiado do Curso e no Comitê Gestor do Pró-Saúde. Reflexões sobre o percurso vivido Desde 2005, temos vivenciado um processo intenso de ação-reflexão-ação sobre as atividades realizadas no âmbito do Pró-Saúde/UFSC. A Figura 2 explicita a complexidade desse processo, que transcorre em diferentes tempos e espaços, reúne profissionais da educação e da saúde, busca cada vez mais a participação da comunidade e compartilha distintos objetivos. Ao relacionar os conceitos bakhtinianos à realidade vivenciada durante o processo de implantação do PróSaúde na UFSC, apresentamos e refletimos sobre alguns de seus inúmeros cronotopos. Revista da ABENO • 11(1):62-70 Formação em odontologia e interdisciplinaridade: o Pró-Saúde da UFSC • Carcereri DL, Amante CJ, Reibnitz MT, Mattevi GS, Silva GG, Padilha ACL, Rath IBS Figura 1 - Mapa de distribuição dos locais de estágio por curso. Florianópolis, SC, 2010. Fonte: PMF-SMS (2010) Dimensão macrocronotópica do processo de reforma curricular - PróSaúde Segundo Rodrigues17 (2009), a expressão cronotopo foi cunhada pelo filósofo russo Mikhail Bakhtin, ao estudar os aspectos do tempo e do espaço a partir do romance grego. Sua origem está, portanto, ligada à teoria literária. Ao analisar a dimensão cronotópica da escola, Rodrigues17 (2009, p.186) destaca que: A escola é um cronotopo extremamente complexo constituído por uma multiplicidade de cronotopos, que, de um lado, envolvem o aspecto temporal [...] Por outro lado, com relação ao aspecto espacial, a escola é um todo que, se olhado de fora, não possibilita a visão dos pequenos cronotopos que existem dentro dela [...] Para se ver bem (analisar) um deles, é preciso se aproximar sem perder de vista que o espaço escolhido está inserido numa dimensão macrocronotópica. A gestão do Pró-Saúde requer um olhar para esses diferentes tempos-espaços, ao mesmo tempo independentes e interligados entre si. Cada ponto destacado na figura envolve uma equipe de pessoas com determinado ritmo de trabalho, com saberes e crenças provenientes de sua constituição pessoal e profissional. É preciso saber elencar prioridades, gerir o tempo de forma a garantir que todos os pontos sigam avançando em suas ações, sem perder de vista a necessária Revista da ABENO • 11(1):62-70 67 Formação em odontologia e interdisciplinaridade: o Pró-Saúde da UFSC • Carcereri DL, Amante CJ, Reibnitz MT, Mattevi GS, Silva GG, Padilha ACL, Rath IBS Tempo/espaço para Integração UFSC SMS Comunidade Tempo/espaço para Gestão do Processo Tempo/espaço para Integração com outros cursos de Graduação Tempo/espaço da Integração da Graduação e Pós Graduação Tempo/espaço para Construção de Núcleos de Competências Tempo/espaço para Integração Básico-Clínica Figura 2 - Dimensão macrocronotópica do processo de reforma curricular - Pró-saúde Odontologia UFSC. Fonte: Adap- tado de Rodrigues (2009) interação para atingir os objetivos que são comuns. É sem dúvida um processo que encerra elevado grau de complexidade, pois diferentes demandas e diferentes pontos de vista se encontram e se confrontam nesses tempos-espaços de discussão/ação. Algumas dificuldades foram transpostas como, por exemplo, agregar novos atores ao grupo gestor; outras, no entanto, ainda estão a requerer empenho constante, como a de lidar com a gestão financeira do Programa. É, portanto, tarefa para muitos e por muito tempo. A realização dos SIESCs foi estratégica e configurou a oportunidade de problematizar junto aos envolvidos o cenário atual da formação em saúde no Brasil e no mundo, deslocando assim a discussão do fórum local. Tais Seminários contribuíram para diminuir as resistências à proposta de mudança curricular e, mais que isso, promoveram a integração, angariando adeptos tanto no ensino como no serviço. A integração ensino-serviço-comunidade tem na RDA uma grande fortaleza. Trata-se de um espaço de articulação interinstitucional UFSC/SMS, no qual é discutida e encaminhada a operacionalização dos diferentes projetos propostos em parceria, voltados para potencializar a formação em saúde para o SUS. 68 É um espaço legalmente constituído e que conta com a legitimidade necessária para desenvolver suas atividades. Através da RDA são promovidos os Seminários Pró-Saúde, nos quais cada curso pode relatar o andamento de seus projetos, bem como conhecer e compartilhar a realidade de outros cursos. O envolvimento da UFSC e, em especial, da Odontologia, nos projetos Pró-Saúde, PET-Saúde, Residência Multiprofissional em Saúde da Família, Residência Multiprofissional em Saúde em âmbito hospitalar, UNASUS, e TELESSAÚDE facilita a nossa integração com os demais cursos de graduação da área da saúde. Todos esses projetos são de natureza multiprofissional e promovem reuniões e eventos que sinergicamente potencializam a construção da interdisciplinaridade. Este é, sem dúvida, um diferencial da UFSC na operacionalização do Pró-Saúde, evidenciando a vocação para o trabalho interdisciplinar. A integração graduação e pós-graduação ocorre através do Estágio Docência e de outros estágios do currículo da graduação; atividades de pesquisa e extensão como ação estratégica para preparar docentes para atuar nessa nova lógica. A atuação dos bolsistas do Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI) junto Revista da ABENO • 11(1):62-70 Formação em odontologia e interdisciplinaridade: o Pró-Saúde da UFSC • Carcereri DL, Amante CJ, Reibnitz MT, Mattevi GS, Silva GG, Padilha ACL, Rath IBS aos graduandos também proporciona um momento rico para o futuro professor do Curso de Graduação em Odontologia, que tem a oportunidade de vivenciar o dia a dia da profissão, contribuindo para o enfrentamento das dificuldades apresentadas. Um grande desafio está em potencializar o eixo C – orientação pedagógica. Desconstruir o paradigma cartesiano que fragmentou saberes em diferentes disciplinas é uma tarefa árdua e que requer tempo e persistência. Ainda que algumas estratégias tenham sido implementadas com sucesso, como é o caso da formação das clínicas por complexidade, novas estratégias precisam ser formuladas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Embora tenham ocorrido movimentos significativos de reflexão crítica sobre os modelos tradicionais de formação profissional nas áreas de Medicina e Enfermagem, em relação à Odontologia, existe um atraso histórico, que vem sendo revisto através de um movimento de reaproximação das diferentes especialidades odontológicas e da odontologia com os demais cursos da área da saúde. É necessário daqui para frente reunir esforços para que possamos integrar a saúde bucal dentro do novo contexto de ação interdisciplinar e multiprofissional, formando um profissional com perfil adequado às necessidades do mundo contemporâneo. Este movimento vem sendo muito desafiador, tendo em vista a dificuldade em integrar professores com perfil especialista numa lógica de ensino generalista e interdisciplinar. O percurso vivido aponta que o Pró-Saúde se mostrou fundamental para indução desse processo de mudanças, suscitando avanços no “serviço” e no “ensino”. Além dos recursos financeiros atrelados ao PróSaúde, para a realidade da UFSC, o Programa foi importante na medida em que evidenciou que tais mudanças compunham uma política pública. Nesse sentido, foi um respaldo essencial para a defesa dos princípios norteadores e, em alguma medida, contribuiu para que o discurso da mudança não fosse personificado na figura dos gestores do Programa, do Curso e/ou dos Departamentos de Ensino. Da mesma forma, o PET-Saúde trouxe a possibilidade da articulação da academia com o serviço, além de propiciar a aproximação dos demais cursos da área da saúde. Nesse sentido, os programas de Residência têm propiciado aos egressos dos cursos uma nova perspectiva de trabalho, tanto em relação à diversificação dos cenários de prática,,como no convívio profissionalacademia-serviço-comunidade. Ainda há que se trabalhar para vencer resistências, transformar o pensamento através da reflexão, da avaliação dos resultados obtidos e da implementação das reformulações necessárias para se obter um egresso cirurgião-dentista com as características e qualidades desejadas para o desempenho de suas funções, dentro dos princípios norteadores do SUS. Os projetos envolvidos no Pró-Saúde e nos demais programas têm sido apresentados em diferentes eventos científicos tais como: Reuniões da Associação Brasileira de Ensino Odontológico - ABENO, Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo - CIOSP, Rede Unida, ABRASCO, Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica – SBPqO, a Expo-SGTES – Trabalho e Educação na Saúde, do MS e na Semana de Ensino Pesquisa e Extensão da UFSC – SEPEX, entre outros, dando visibilidade ao Programa e ao processo de reforma curricular da UFSC. O Pró-Saúde no Curso de Odontologia da UFSC alavancou processos interdisciplinares já presentes na instituição desde a década de 70, os quais ocorriam de maneira isolada, a partir de iniciativas particulares de alguns docentes, sendo fundamental para a indução do processo de mudança na formação em odontologia na UFSC, na perspectiva multiprofissional e interdisciplinar, e trazendo contribuições nos três eixos de desenvolvimento do Programa. ABSTRACT Interdisciplinarity and dentistry training: UFSC’s Pro-Health program In the last decade, the training of health professionals was restructured with education and health policies promoted in partnership by the Ministries of Education and Culture and Health. This article presents the experience of the Undergraduate Dentistry Course of the Federal University of Santa Catarina (UFSC) gained in implementing the National Redirection of Vocational Training in Health - Pro-Health. As an inductive process, it led to changes, aiming at integrating learning and health service and at using new methods of teaching and learning, emphasizing primary care. In the field of dentistry, these movements seemed necessary, considering that, historically, both the educational system and the labor market were governed by private initiative. In UFSC, the activities were structured in accordance with the three axes of development presented by the program, and drove the movement to reform the curriculum. Pro-Health was essential for inducing the process of change in an interdisciplinary perspective, offering contributions across all axes. Revista da ABENO • 11(1):62-70 69 Formação em odontologia e interdisciplinaridade: o Pró-Saúde da UFSC • Carcereri DL, Amante CJ, Reibnitz MT, Mattevi GS, Silva GG, Padilha ACL, Rath IBS DESCRIPTORS Human Resources Formation. Dental Education. Dental Staff. § Pública. 2004;20(5):1400-1410. 11. Demo P. Conhecimento e aprendizagem - a atualidade de Paulo Freire. Revista da ABENO 7(1): 20-37, jan./abr. 2007. 12. Ferreira EF, Vargas AMD, Amaral JHL, Vasconcelos M, Mattos REFERÊNCIAS Bibliográficas FF. Travessia a caminho da integralidade: uma experiência do 1. Albuquerque VS, Gomes AP, Rezende CHA, Sampaio MX, Dias curso de odontologia da UFMG. In: Pinheiro R, Ceccim RB, OV, Lugarinho RM. 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Cad Saúde Aceito em 25/07/2011 70 Revista da ABENO • 11(1):62-70 Programa de teleodontologia da UFMG Rogeli Tiburcio Ribeiro da Cunha Peixoto*, Simone Dutra Lucas** *Doutora em Dentística Restauradora, Professora da Faculdade de Odontologia da UFMG **Doutora em Saúde Pública, Professora da Faculdade de Odontologia da UFMG Resumo Introdução: O programa de Teleodontologia da Faculdade de Odontologia da UFMG teve início em 2005 com o Projeto BH Telessaúde. Atualmente o programa conta também com outros dois: um desenvolvido na Faculdade de Medicina e o outro no Hospital das Clínicas, ambos da UFMG. Objetivo: Aproximar profissionais dos serviços de saúde e alunos do conhecimento produzido na Universidade resultando em aprimoramento das práticas profissionais e ao mesmo tempo diminuindo o número de encaminhamentos de pacientes para distantes centros especializados e promovendo atualização ou mesmo uma segunda opinião aos profissionais. Descrição da atividade: O programa conta com duas atividades: videoconferências e teleconsultorias. As videoconferências do BH Telessaúde são realizadas mensalmente e tem duração de uma hora e meia. Na Faculdade de Medicina as videoconferências são quinzenais e levam uma hora. Tanto a Faculdade de Medicina quanto o Hospital das Clínicas realizam teleconsultorias on line e off line. Considerações finais: O projeto de extensão apresenta um série de atividades muito relevantes por propiciar uma atualização permanente à distância através de videoconferêcias e teleconsultorias aos profissionais de saúde e aos estudantes da UFMG. Entretanto, o programa tem uma capacidade de alcance bem maior considerando seu ilimitado potencial. A telemática tem uma relevância social inquestionável à medida que encurta distâncias, estimula a integração dos docentes e discentes com o serviço, amplia o conhecimento e melhora o desempenho dos profissionais da saúde. Descritores Telessaúde. Odontologia. Educação. P ercebe-se no cenário atual do desenvolvimento tecnológico uma promessa explicita de importantes contribuições para os projetos da área de saú- de. O compartilhamento de conhecimentos acena com a possibilidade de uma assistência mais segura e renovação e aprimoramento permanente sobre a capacitação dos profissionais.5,3 Para tal, a telemática sendo definida como a “manipulação e utilização da informação pelo uso combinado de computador, seus acessórios e meios de comunicação” se destaca e se firma como um instrumento político e estratégico neste objetivo das ações de saúde. Quando esta ferramenta é empregada a serviço da saúde ela adota o nome de e-saúde ou mais comumente telessaúde. A OMS do século XXI considera que a principal expectativa referente à saúde coletiva será alcançada por meio da melhoria do acesso aos recursos disponíveis. Nessa perspectiva a telessaúde se coloca imprescindível e indispensável para o alcance dessa meta de abrangência da assistência à população no que se refere à sua saúde. Várias são as modalidades da prática de telessaúde: telemedicina, teleenfermagem e teleodontologia. A aplicação desta prática vem sendo usada tanto como a teleeducação voltada quer seja para a educação permanente de profissionais quanto para alunos de graduação, e a teleconsultoria que se refere à assistência aos trabalhadores de saúde de regiões remotas com disponibilização de laudos ou segunda opinião de especialistas locados em pólos centrais. A teleeducação, no que tange às videoconferências, na graduação, pode propiciar interação professor/aluno “on line” e também, através das teleconsultorias “on line” ou “off line”, recursos certamente muito úteis, também, nos estágios rural ou urbano fora dos espaços da Universidade.6 Como suporte assistencial, aproxima o profissional do serviço do profissional da universidade, que com isto contribui com uma assistência mais respaldada e, portanto, mais efetiva. A proposta se coloca como relevante, pois aproxima docentes de profissionais já habilitados que estão nos serviços e nem sempre têm oportunidade de atualizar seus conhecimentos ou mesmo ouvir uma se- Revista da ABENO • 11(1):71-5 71 Programa de teleodontologia da UFMG • Peixoto RTRC, Lucas SD gunda opinião quando têm dúvidas nas situações clínicas enfrentadas.4 A aproximação da universidade e sociedade tem sido cada vez mais ambicionada, pois, abre um caminho de mão dupla. Assim, o programa de Teleodontologia tem potencial para ocupar o importante papel de ligação da universidade com a sociedade, contribuindo na melhoria da assistência prestada e direcionando a produção de conhecimentos para atender às reais necessidades da população. A experiência da Faculdade de Odontologia com essa tecnologia iniciou-se em 2005 através do projeto de extensão “Telessaúde Bucal”, em parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte.6,2 Nesse projeto são realizadas videoconferências mensais para as equipes de saúde bucal dos centros de saúde de Belo Horizonte. As videoconferências abordam temas de interesse dos profissionais do serviço, em função da sua necessidade de atualização, da Universidade, na busca em divulgar o conhecimento nela produzido e também da coordenação de saúde bucal do município que, através do projeto, compartilha discussões de interesse geral e estabelece um caminho de transformação de suas práticas. Optou-se, posteriormente, pela criação de um programa constituído de três projetos alocados, além da Prefeitura de Belo Horizonte, na Faculdade de Medicina e Hospital das Clinicas ambos da UFMG . O programa traz, além das vantagens citadas acima, projeção e visibilidade a essa tecnologia levando os diferentes setores da faculdade e dos serviços a identificarem seu potencial de aplicação e aproveitamento em suas ações. Os projetos foram implementados de forma progressiva e contemplam e/ou devem contemplar: • A realização de videoconferências e teleconsultorias; • A capacitação do corpo discente da disciplina Estágio Supervisionado e de outras disciplinas da Faculdade de Odontologia para que possam usufruir de mais esse recurso; • A viabilização da produção de recursos pedagógicos para disponibilizar a diferentes disciplinas, projetos, profissionais, estudantes e ao público em geral, seja em processos de educação permanente seja em ações educativas e informativas; • Consolidar e reforçar as ações da Liga Acadêmica de Telessaúde da UFMG – LITEL. Essa liga congrega estudantes das Faculdades de Medicina, Enfermagem e Odontologia, e até o momento está sediada na escola de Medicina e tem pouco im72 pacto nas demais unidades por não existir ainda nas mesmas uma adequada estrutura de suporte para as ações desenvolvidas. Entre os objetivos do programa de teleodontologia destacam-se: • Explorar a telemática como instrumento de suporte assistencial e de educação permanente na Odontologia através de videoconferências e teleconsultorias; • Fornecer aos alunos da FO/UFMG, educação permanente e supervisão à distância nas ações realizadas dentro e fora da Faculdade (internato/ projetos); • Fornecer educação permanente e suporte assistencial aos profissionais do serviço; • Capacitar docentes e discentes da Faculdade de Odontologia na aplicação da telemática; • Consolidar e reforçar as ações da “Liga Acadêmica de Telessaúde da UFMG – LITEL; • Disponibilizar as videoconferências já realizadas para a comunidade acadêmica; • Apresentar o projeto em eventos científicos. MATERIAL E MÉTODOS Até o presente momento as videoconferências da Odontologia têm sido realizadas na Faculdade de Medicina da UFMG e Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte limitando o acesso aos nossos estudantes, professores e funcionários. As videoconferências realizadas na Faculdade de Medicina contam com a participação de 50 municípios. A secretaria municipal de saúde de Belo Horizonte possui aproximadamente 150 Unidades Básicas de Saúde em condições de participar das videoconferências realizadas neste município.2,1 É importante ressaltar que a disciplina Estágio Supervisionado conta com estudantes em algumas destas Unidades tanto do interior do Estado como em Belo Horizonte. As videoconferências são realizadas mensalmente na Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte e quinzenalmente na Faculdade de Medicina com duração média de 90 e 60 minutos respectivamente. Após a exposição do docente abre-se a discussão com os participantes com o objetivo de sanar dúvidas sobre o cotidiano do trabalho em saúde.7 O projeto BH Telessaúde equipou a rede assistencial com a tecnologia de telemática e a Rede Nacional de Telessaúde implantou nos municípios selecionados, os insumos tecnológicos necessários para seu funcionamento. A Faculdade de Odontologia, através Revista da ABENO • 11(1):71-5 Programa de teleodontologia da UFMG • Peixoto RTRC, Lucas SD 250 226 189 200 Número de participantes 156 150 134 113 100 106 50 110 106 123 34 dez/10 nov/10 out/10 set/10 ago/10 jul/10 jun/10 mai/10 mar/10 abr/10 0 fev/10 RESULTADOS As atividades da coordenadora do projeto, junto à Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, consistem da organização de videoconferências mensais destinadas a cerca de 150 Unidades Básicas de Saúde. A partir dos temas sugeridos pelos profissionais da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte ela convida um profissional, preferencialmente da UFMG, para proferir a videoconferência mensal e o acompanha no dia da sua realização. Este projeto atinge, em média, 50 Unidades Básicas de Saúde e cerca de 100 profissionais por videoconferência como pode ser observado no Gráfico 1. As atividades desenvolvidas pela coordenadora do programa junto à Faculdade de Medicina da UFMG envolvem a organização e acompanhamento de videoconferências quinzenais e teleconsultorias. A partir dos temas sugeridos pelos profissionais de 50 municípios participantes do projeto ela convida um profissional, preferencialmente da UFMG, para proferir a videoconferência e o acompanha no dia da sua realização. O número de municípios e de participantes varia em média entre 15 e 50 respectivamente como pode ser observado no Gráfico 2. As teleconsultorias desenvolvidadas na Faculdade de Medicina são geradas a partir de dúvidas que levam os profissionais do interior do Estado de Minas Gerais a solicitarem uma segunda opinião de especialistas. A coordenadora do projeto encaminha tais demandas para os especialistas e retorna aos solicitantes com as respostas emitidas pelos mesmos. Os temas mais demandados pelos profissionais são patologia e cirurgia como mostra o Gráfico 3. Os três teleconsultores lotados no Hospital das Clínicas estão cadastrados e respondem às dúvidas de profissionais de aproximadamente 600 municípios do Estado de Minas Gerais, diferentes daqueles alocados na Faculdade de Medicina. A indicação destes consultores se deu em reunião realizada com a vicediretora da Faculdade de Odontologia juntamente com a coordenadora do projeto do Hospital das Clínicas e coordenadora do Teleodontologia. A indica- Datas das videoconferências Gráfico 1 - Número de Unidades de Saúde e de profis- sionais participantes das videoconferências realizadas no projeto Telessaúde Bucal da PBH em 2010. 25 20 15 10 5 0 21 15 9 4 4 4 2 1 1 1 1 1 Pa to lo g Ci ia ru rg S u ia po r Pe te di at O ria cl u Pe sã rio o do En n do tia do n O rto tia do nt G i er a ia t r i M at a e Pr riais e Fa ven r m çã ac o ol og ia do presente programa organiza e subsidia as ações relacionadas à saúde bucal. Fica a cargo deste projeto a organização da seleção de conteúdos, de consultores, do agendamento e do fluxo de contatos para a obtenção de teleconsultorias e emissão de segunda opinião tanto no sistema off line como on line. Pelo fato de não termos uma equipe de professores em esquema de plantão para o projeto são realizadas predominantemente teleconsultorias off-line. Atualmente os alunos do Estágio Supervisionado contam com aulas teóricas sobre o Teleodontologia e mecanismo de acesso à plataforma no tocante a videoconferência e teleconsultoria. Pretende-se ampliar a formação de outros discentes para o uso desta ferramenta. Pretende-se estabelecer na Faculdade de Odontologia um espaço equipado com a tecnologia necessária para gerar as videoconferências. Esse espaço atenderá não só o Teleodontologia como também outros possíveis projetos que necessitarão desse suporte tecnológico. Com a instalação dos equipamentos na Faculdade de Odontologia a participação dos estudantes de diferentes períodos do curso poderá ser ampliada tanto para disciplinas extra-muros como intra-muros. Profissionais do serviço serão também convidados a participar o que propiciará uma maior aproximação entre os mesmos e a comunidade da Faculdade de Odontologia. É importante destacar que esta já possui os insumos técnicos para viabilizar essa proposta e um técnico treinado para o projeto. Gráfico 2 - Distribuição das teleconsultorias realizadas pelo Projeto de Teleodontologia na Faculdade de Medicina da UFMG, segundo o tema, no período de 2007 a 2009. Revista da ABENO • 11(1):71-5 73 Programa de teleodontologia da UFMG • Peixoto RTRC, Lucas SD 87 75 20/10/2010 06/10/2010 22/09/2010 8 Gráfico 3 - Número de municípios e de profissionais participantes das videoconferências realizadas no Projeto Rede Nacional de Telessaúde/Faculdade de Medicina em 2010. 17/11/2010 15 16 9 08/09/2010 16/06/2010 20 11 12 60 50 35 25/08/2010 6 14 02/06/2010 21/04/2010 14 07/04/2010 10/03/2010 26 16 13 17 35 51 28/07/2010 14 13 9 24/02/2010 6 24/03/2010 34 14/07/2010 28 11/08/2010 55 30/06/2010 45 19/05/2010 58 05/05/2010 43 69 55 03/11/2010 74 10/02/2010 Número de participantes 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 ção teve como base a quantidade de a qualidade das teleconsultorias respondidas por estes profissionais. O número de telconsultorias deste projeto, realizadas em 2009 e 2010 pode ser observado no Gráfico 4. DISCUSSÃO Por se tratar de uma metodologia moderna de ensino/aprendizagem é avaliado, na última videoconferência do semestre, o impacto desta tecnologia nas práticas profissionais da equipe de saúde bucal através da resposta de um questionário on-line. Investiga-se se o uso da telemática contribuiu na resolução de dúvidas enfrentadas no dia a dia dos alunos e profissionais. CONCLUSÕES Observa-se que o projeto é muito relevante por propiciar uma atualização ou mesmo segunda opinião para profissionais que muitas vezes atuam em áreas distantes da capital o que pode dificultar a participação em cursos para atualizar o conhecimento. No entanto o programa tem uma capacidade de alcance bem maior do que a apresentada nos últimos tempos. Finalmente, destacamos que a telemática encurta distâncias, estimula a integração dos docentes e discentes com o serviço, amplia o conhecimento e melhora o desempenho dos serviços o que lhe confere inegável relevância social na medida em que atinge profissionais, estudantes e usuários dos serviços de saúde. ABSTRACT UFMG teledentistry program Introduction: The Teledentistry program of the School of Dentistry at the Federal University of Minas Gerais (UFMG) began in 2005 with the BHTelehealth project. Besides this project, the Teledentistry pro74 Número de teleconsultorias Datas das videoconferências 400 350 300 250 200 150 100 50 0 365 122 2o semestre/2009 Período Ano 2010 Gráfico 4 - Número de Teleconsultorias realizadas pelo Projeto de Teleodontologia no Hospital das Clínicas no segundo semestre de 2009 e durante o ano de 2010. gram works with two others: one developed at the School of Medicine and another at the University Hospital (UFMG). Objectives: Provide professionals of dental health services and students with the knowledge produced in the University, resulting in the updating and improvement of professional practices, and, at the same time, decreasing the need to refer patients to distant specialized centers, and providing professionals with an updated or even second opinion. Description of activity: the program has two telehealth activities: videoconferences and teleconsultations. The BH Telehealth’s videoconferences occur once a month and last an hour and a half. The School of Medicine’s videoconferences are held fortnightly and last one hour. Both the School of Medicine and the University Hospital hold online and offline teleconsultations. Final considerations: This extension project has a relevant set of activities, insofar as it provides ongoing distance learning through videoconferences and teleconsultations to public health professionals and UFMG students. However, the program has been used at too low a rate, considering its unlimited potential. Telematics has unquestionable social relevance since it shortens distances, encourages professor and student integration with public Revista da ABENO • 11(1):71-5 Programa de teleodontologia da UFMG • Peixoto RTRC, Lucas SD service, extends knowledge and improves health professional performance. 4. Litwin E. Educação à distância: temas para o debate de uma nova agenda educativa. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001. 5. Masotti AS, Jardim JJ, Oshima H, Pacheco JFM. Ensino a dis- dESCRIPTORs Telehealth. Dentistry. Education. § tância em odontologia via internet: o que está sendo produzido no Brasil? Rev Odonto Ciênc. 2002 Jan./Mar.; 17(35):96-102 6. Moraes MAS, Cavalcanti CAT, Sá EMO, Drumond MM. Teles- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS saúde bucal: uma concepção diferente de teleodontologia. In: 1. Belo Horizonte. Secretaria Municipal de Saúde. A atenção Santos AF, Souza C, Alves HJ, Santos SF, editors. Telessaúde: básica de saúde em Belo Horizonte: recomendações para a Um instrumento de suporte assistencial e educação permanen- organização local. Belo Horizonte: SMS/PBH; 2006. 120p. mimeog. te. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006. p. 95-128 7. Moraes MAS, Drumond MM, Resende EJC, Santos SF, Caval- 2. Belo Horizonte. Secretaria Municipal de Saúde. A telessaúde bucal na atenção primária em saúde no município de Belo canti CAT, Sá EMO. Teleodontología: Educación permanente a distancia. Latin Am J Telehealth. 2009 Abr. 1(1): 97-104. Horizonte, 2006 Ago.;1(2):1-8. 3. Cook J, Austen G, Stephens C. Videoconferencing: what are the benefits for dental practice? Br Dental J. 2000 Jan; 188(2):67-70 Recebido em 07/07/2011 Aceito em 25/07/2011 Revista da ABENO • 11(1):71-5 75 A percepção de acadêmicos de odontologia sobre o PET-Saúde UFMS/ SESAU, Campo Grande/MS, 2009 Milca Lopes de Oliveira*, Tenile Carvalho Coelho** *Doutora em Saúde Pública, tutora do PET-Saúde UFMS/SESAU 2009-2011 **Cirurgiã-dentista. Acadêmica PET-Saúde UFMS/ SESAU 2009-2010 RESUMO Introdução: O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - PET-Saúde, deve estimular a formação de profissionais e docentes de elevada qualificação técnica, científica, tecnológica e acadêmica, bem como a atuação profissional pautada pelo espírito crítico, pela cidadania e pela função social da educação superior, orientados pelo princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Com o Convênio da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) com a Secretaria Municipal de Saúde (SESAU), criou-se o Programa com sete cursos no ano de 2009, em duas linhas de pesquisa. Objetivos: relatar a percepção de acadêmicos do curso de Odontologia da UFMS sobre o PET-Saúde 2009 e seu impacto na formação acadêmica. Material e Métodos: Relato de experiência tendo como fontes de dados relatórios mensais de acadêmicos de Odontologia do PET-Saúde 2009 e documentos de acompanhamento dos mesmos. Resultados: Dos 60 acadêmicos de sete cursos da área da Saúde, cinco cursavam Odontologia e desses, três eram bolsistas. Constata-se um impacto relevante na formação acadêmica, pois os aspectos multiprofissionalidade, integração teoria e prática, produção de conhecimentos na área da Saúde Coletiva, princípios do SUS, funcionamento de uma UBSF, capacidade de diálogo, respeito aos colegas e tomada de decisões, ficaram evidentes. Acredita-se que a satisfação em ser petiano tenha sido um elemento motivador e de sensibilização para a atuação e o aprendizado. Conclusões: Espera-se que Instituições de Ensino Superior e Secretarias de Saúde dos Municípios sejam bastante permeáveis à integração universidadeserviço-comunidade. DESCRITORES Saúde da Família. Atenção Primária à Saúde. Aprendizagem. 76 O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - PET-Saúde, é um instrumento que viabiliza programas de especialização e aperfeiçoamento em serviço dos profissionais da saúde, assim como de iniciação ao trabalho, estágios e vivências, dirigidos aos estudantes dessa área, de acordo com as necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Ele deve servir como estímulo para a formação de profissionais e docentes com elevada qualificação técnica, científica, tecnológica e acadêmica, bem como uma atuação profissional pautada pelo espírito crítico, pela cidadania e pela função social da educação superior, orientados pelo princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão (BRASIL, Port. Nº 1802, 2008). As diretrizes curriculares dos cursos da área da saúde recomendam a inserção precoce e responsável dos acadêmicos nos serviços de saúde, permitindo assim que profissionais da atenção básica orientem e supervisionem estudantes de graduação, tendo o serviço público de saúde como cenário de ações de aprendizagem vivenciadas na prática. O compromisso social das instituições de ensino superior contribui para que ações voltadas ao tripé ensino-pesquisa-extensão sejam construídas em ação intersetorial, envolvendo profissionais e acadêmicos em propostas que fortaleçam a formação e ações no serviço com vistas à promoção da saúde. A inserção precoce de universitários em diferentes espaços sociais é necessária à formação integral e prepara-os para a atuação profissional. Para a execução do PET-Saúde, em 2009, na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), em Campo Grande, foi firmado Convênio com a Secretaria Municipal de Saúde (SESAU), para delimitar o cenário de atuação dos acadêmicos nas Unidades Básicas de Saúde da Família, dar anuência na escolha Revista da ABENO • 11(1):76-80 A percepção de acadêmicos de odontologia sobre o PET-Saúde UFMS/SESAU, Campo Grande/MS, 2009 • Oliveira ML, Coelho TC dos preceptores, apontar necessidades que pudessem ser inseridas na rotina dos petianos junto às equipes das unidades escolhidas como sede das ações. Esse estudo tem por objetivo relatar a percepção de acadêmicos do curso de Odontologia da UFMS sobre o PET-Saúde 2009 e seu impacto na formação acadêmica. MATERIAL E MÉTODOS Trata-se de um relato de experiência tendo como fontes de dados relatórios mensais de acadêmicos de Odontologia do PET-Saúde 2009 no Convênio UFMS/SESAU, e documentos de acompanhamento dos mesmos. Nesse estudo, os acadêmicos participantes do PET-Saúde 2009 UFMS/SESAU são denominados petianos. RESULTADOS Um pouco de histórico Em outubro de 2008, tiveram início as atividades vinculadas ao PET-Saúde UFMS/SESAU, com a conformação de um grupo de docentes de cursos da área de saúde interessados em participar que se autodenominou Grupo de Condução do PET-Saúde. Esses docentes se voluntariaram a estudar a Portaria Nº 1.802/2008 – MS/MEC e deram os primeiros passos na divulgação, no processo seletivo dos alunos, na escolha dos preceptores, na definição de tutores e temas de pesquisas a serem desenvolvidos. Duas docentes do Grupo manifestaram interesse pela tutoria e houve anuência. O Programa começou a ser estruturado e as minutas dos Projetos começaram a ser desenhadas pelas tutoras de cada linha de pesquisa, sempre com a colaboração de professores do Grupo de Condução e por servidores da Estratégia Saúde da Família da SESAU, para que as ações atendessem necessidades dos serviços e dos usuários das áreas que viriam a participar dos Projetos. O processo de seleção dos acadêmicos foi sendo estruturado (currículo e entrevista), paralelamente, bem como a busca de um espaço e de infra-estrutura física que acolhesse o PET-Saúde UFMS/ SESAU 2009, o qual foi instalado na Faculdade de Medicina como estratégia para sensibilização do curso de medicina. Os processos burocráticos ficaram alocados na Pró-Reitoria de Ensino de Graduação (PREG). Muitas reuniões se seguiram para um melhor entendimento do Programa com os docentes do Grupo de Condução e com a PREG. Seguiu-se a construção do Núcleo de Excelência, da Comissão Gestora e seus respectivos Regimentos. Apresentando os preceptores e os acadêmicos De acordo com a orientação da SESAU, os grupos PET-Saúde foram alocados no Distrito Sul, em seis unidades de saúde da Família. Por negociações com a SESAU, é no Distrito Sul que a UFMS concentra a maior parte das atividades práticas vinculadas aos diversos cursos da saúde. As linhas de pesquisas escolhidas foram: 1. Educação em Saúde e Controle Social; 2. Avaliação do Projeto Viver Legal. As tutoras, respectivamente, bióloga, doutora em saúde pública e, enfermeira e doutora em saúde pública. A composição do grupo de preceptores para a primeira linha de pesquisa contava com uma assistente social, três enfermeiras, um médico e uma odontóloga. Na segunda linha de pesquisa havia dois odontólogos e quatro enfermeiros. O grupo PET-Saúde foi composto por 60 acadêmicos e foram organizados nos grupos por ordem de classificação e com a preocupação em se conformar grupos multidisciplinares, levando-se em conta, ainda, a disponibilidade de seus horários. Os acadêmicos que cursavam Odontologia eram em número de 5, representando 8,3% do número total de participantes, e deles, três eram bolsistas. Coincidentemente, todos os acadêmicos do curso de Odontologia participaram da linha de pesquisa Educação em Saúde e Controle Social. Levando-se em consideração apenas esse, os acadêmicos representaram 16,7%, do total de 30 alunos. Atividades Realizadas Os ”petianos” foram orientados, entre vários aspectos, a participar de projetos e iniciativas já existentes nos serviços de saúde, criar novas propostas de trabalho dentro das duas linhas de pesquisas e que tivessem vínculo com as prioridades das equipes de saúde da família, vivenciando uma prática interdisciplinar e multiprofissional na perspectiva de qualificar ainda mais sua formação. No mês de maio de 2009 houve a Aula Inaugural PET-Saúde, um evento que convidou todos os cursos da área da saúde, realizada no teatro Glauce Rocha/ UFMS, para conhecerem o Programa PET-Saúde. Em agosto do mesmo ano houve o I Encontro dos grupos PET-Saúde de Mato Grosso do Sul, com a participação Revista da ABENO • 11(1):76-80 77 A percepção de acadêmicos de odontologia sobre o PET-Saúde UFMS/SESAU, Campo Grande/MS, 2009 • Oliveira ML, Coelho TC 70 Gráfico 01 - Quantitativo Nº de acadêmicos Nº de acadêmicos bolsistas 60 de alunos por curso e alunos bolsistas PET-Saúde UFMS/SESAU, Campo Grande, 2009. 60 50 40 30 24 20 20 13 10 0 5 1 1 8 8 3 Ed. Física Enfermagem Farmácia 3 Fisioterapia 6 Medicina 5 3 5 3 Odontologia Psicologia do PET-Saúde da Universidade Federal da Grande Dourados/Dourados-MS, inserido na programação da Mostra Comemorativa dos 10 anos de Saúde da Família em Campo Grande, onde os petianos puderam relatar as experiências vividas e também apresentar vários trabalhos científicos. Como uma das primeiras atividades, foi realizada uma Oficina de sensibilização (20h), com a participação de todos os alunos e preceptores, organizada pela tutora da linha de pesquisa Educação em Saúde e Controle Social para apreensão de conceitos relativos à área de educação em saúde. Os acadêmicos eram convocados para reuniões quinzenais em horário alternativo – das 11h às 12h, ou das 17h às 19h, e até aos domingos -, o que possibilitou a integração dos componentes do grupo - alunos, tutora e preceptores. Houve diversos encontros para orientação quanto à elaboração de trabalhos científicos e apresentações em Eventos. Foram realizadas, ainda, as atividades inerentes à linha de pesquisa ”Educação em Saúde e Controle Social”, como: • levantamento bibliográfico, • coleta de dados e • participação de ações educativas dentro das Unidades de Saúde da Família parceiras do Projeto. Total relevantes para o andamento da referida linha de pesquisa, elaboração de relatórios e resumos para eventos científicos, dentre outros. A percepção dos acadêmicos de Odontologia Na percepção dos petianos da Odontologia ficam evidentes potencialidades e fragilidades do Programa. a)Potencialidades Sobre Conhecimentos adquiridos na prática A criação do PET- Saúde foi de fundamental importância para a saúde pública, pois mantém um vínculo dos futuros profissionais da área da saúde com a Saúde coletiva, já que em ambiente da sala de aula, o que realmente existe é a teoria, deixando, na maioria das vezes, o aluno sem a real noção do impacto e da relevância que é na prática o exercício dessas ações (Acadêmico 1). Através do PET-Saúde, tivemos a oportunidade de conhecer não só na teoria mas também na prática o funcionamento das unidades básicas de saúde da família(UBSF) bem como seus deveres com a população e os direitos da comunidade em relação aos atendimentos oferecidos (Acadêmicos 2 e 3). A rotina semanal dos petianos incluía um total de 8 horas, conforme preconizado pela Port. Nº. 1.802/2008. Nelas estavam incluídas as atividades nas Unidades (4h). Os alunos puderam participar das reuniões do Conselho da Unidade, verificando sua dinâmica de funcionamento; reconhecimento do território da Unidade, identificação das ações educativas em saúde desenvolvidas pelos diversos componentes das equipes. Nas outras 4 horas complementares, foram feitas atividades relacionadas à pesquisa de temas 78 Sobre Multiprofissionalidade A integração dos cursos é um dos pontos mais importantes desse projeto, sendo o multiprofissionalismo essencial para uma verdadeira integralidade (um dos mais importantes princípios doutrinários do SUS) (Acadêmico 1). (...) estamos certos de que multidisciplinariedade torna o trabalho muito mais produtivo (Acadêmicos 2 e 3). Revista da ABENO • 11(1):76-80 A percepção de acadêmicos de odontologia sobre o PET-Saúde UFMS/SESAU, Campo Grande/MS, 2009 • Oliveira ML, Coelho TC A proposta de interdisciplinaridade entre os acadêmicos de diversos cursos e entre os funcionários das UBSFs tem sido seguida a risca, resultando em produção de conhecimento e experiências demonstradas em cada reunião e propiciando a coleta de dados para a pesquisa do Controle Social (Acadêmico 4). Orgulho em ser petiano Sinto-me muito lisonjeada em poder fazer parte dessa primeira e nova geração intitulados por nós de Petianos e creio que esse é o primeiro passo de uma caminhada com muitas dificuldades, porém também de grandes e importantes conquistas (Acadêmico 1). Sentimo-nos privilegiados por estarmos inseridos no PETSaúde, hoje somos uma grande família de amigos, unidos pela mesma causa, que vem a ser o fortalecimento do nosso sistema único de saúde contribuindo para que o mesmo, em sua universalidade, eqüidade, integralidade possa cativar seus usuários (Acadêmicos 2 e 3). Atividades vinculadas à linha de pesquisa Outro aspecto relevante é o maior conhecimento sobre o Controle Social e o verdadeiro papel do Conselho Gestor na unidade, em seu poder de tornar o funcionamento da mesma melhor em todos os sentidos, tanto organizacional, quanto em respeito às doutrinas do SUS. Observamos também a alienação de grande parte dos usuários sobre o papel deste conselho e principalmente na ínfima participação nas reuniões. Sendo este um projeto árduo que o grupo PET- Saúde deve desenvolver (esclarecer e conscientizar essa comunidade sobre o seu papel dentro da unidade) (Acadêmico 1). b) Fragilidades (...) a dificuldade maior em manter esse ponto (multiprofissionalismo) é a flexibilidade de horários, já que são cursos com uma grande carga horária (Acadêmico 1). É difícil todos os envolvidos terem a mesma disponibilidade de horário para realizar as atividades devido à carga horária dos diferentes cursos de graduação, para estarem todos na mesma hora e no mesmo lugar, por exemplo. Esse talvez seja o maior obstáculo que o PET-Saúde enfrenta. Apesar disso, os acadêmicos mostram-se abertos ao diálogo e bem flexíveis para tomadas de decisões quanto aos horários de reuniões e metas para cumprir (Acadêmico 4). DISCUSSÃO A inserção dos acadêmicos de Odontologia participantes do PET-Saúde UFMS 2009 nos serviços de saúde, atuando de forma organizada e orientada por profissionais da rede, traz elementos que agrega qualificação na formação desses futuros profissionais, ao inseri-los precocemente em atividades, práticas e vivências vinculadas às políticas de saúde pública e está de acordo com os objetivos estabelecidos na Portaria Interministerial Nº 1.802/2008. O PET-Saúde estabelece meios para que os acadêmicos desse curso concluam sua graduação preenchendo uma série de requisitos, tais como formação humanista, integral, crítica e reflexiva, para atuar em diferentes níveis de atenção à saúde, com base no rigor técnico e científico, qualificando ainda mais a sua formação. O PET-Saúde ajudou a compreender aspectos das realidades social, cultural e econômica das áreas onde eles estavam inseridos. Os acadêmicos também foram capazes de desenvolver ações de prevenção e promoção de saúde, em nível coletivo de forma integrada com acadêmicos de outros cursos, com benefícios mútuos. O PET-Saúde, ainda, possibilitou o desenvolvimento de aspectos de liderança, comunicação, trabalho em equipe multiprofissional ligada à Estratégia de Saúde da Família (ESF), de forma interdisciplinar, possibilitando encontros e aprendizagem, evidenciando dificuldades e favorecendo a descoberta de formas de atuação com foco na promoção da saúde. Foi possível identificar nos acadêmicos participantes uma maior iniciativa, a criatividade e cidadania. Compartilhar saberes e interagir de maneira dinâmica, entendendo que todos têm papel fundamental na manutenção da saúde e defesa da vida foi, sem dúvida, um elemento motivador. Buscando uma aproximação com as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) do curso de Odontologia o PET-Saúde permitiu, ainda, o estímulo de práticas de estudo independente, visando uma progressiva autonomia intelectual e profissional levar os alunos dos cursos de graduação em saúde a aprender a aprender que engloba aprender a ser, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a conhecer, permitindo a construção de perfil acadêmico com conteúdos, competências e habilidades através de vivências na integração ensino-serviço, no conceito ampliado de saúde, nos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), dentre eles, o atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem Revista da ABENO • 11(1):76-80 79 A percepção de acadêmicos de odontologia sobre o PET-Saúde UFMS/SESAU, Campo Grande/MS, 2009 • Oliveira ML, Coelho TC prejuízo dos serviços assistenciais e participação da comunidade. Conhecer e utilizar métodos e técnicas de investigação e a elaboração de trabalhos acadêmicos e científicos contribuiu para planejar e administrar serviços de saúde comunitária através de atividades extra-unidades inseridos nas equipes da ESF com vistas à construção da cidadania através de atitudes e valores correspondentes à ética profissional e ao compromisso com a sociedade. CONCLUSÕES Considerando as falas dos petianos constata-se um impacto relevante na formação acadêmica, pois tendo como cenário do PET-Saúde a Atenção Básica e como referenciais as DCNs e a portaria N° 1.802, os aspectos multiprofissionalidade, integração teoria e prática, produção de conhecimentos na área da Saúde Coletiva, princípios do SUS, funcionamento de uma UBSF, capacidade de diálogo, respeito aos colegas e tomada de decisões, ficaram evidentes. Ficou evidenciado, também, a apreensão de aspectos do Controle Social e sua importância para a gestão da Unidade, objeto da primeira linha de pesquisa apresentada. Acredita-se que a satisfação em ser petiano tenha sido um elemento motivador e de sensibilização para a atuação e o aprendizado decorrente da inserção precoce em UBSFs no processo de formação acadêmica. Pode-se inferir que essa satisfação seja o fato de pertencer a um grupo seleto de acadêmicos dispostos aos desafios e possibilidades que o novo possa trazer. Espera-se que o diferencial na aprendizagem e na formação desses acadêmicos sensibilize seus pares na busca de novos conhecimentos e de Projetos que os qualifiquem para uma atuação profissional competente e cidadã. Que esse diferencial estimule os cursos a incorporarem em disciplinas e/ou módulos de maneira mais precoce a inserção dos acadêmicos em atividades práticas e vivências na Atenção Básica. Espera-se ainda que as Instituições de Ensino Superior atentem para uma maior institucionalização de Projetos com esse perfil, e que as Secretarias de Saúde dos Municípios sejam bastante permeáveis à integração universidade-serviço-comunidade, pois as atividades extra-muros têm o potencial de preparar o profissional que o Sistema de Saúde e a sociedade precisam. ABSTRACT Dentistry students’ perceptions of the PET-Health UFMS/SESAU Program, Campo Grande, MS, 2009 Introduction: The PET-Health program should encourage the training of professionals and professors that have high technical, scientific, technological and academic qualification, as well as professional performance driven by critical thinking, citizenship and the social role of higher education, guided by the principle of indivisibility of teaching, research and extension. There was an agreement between the Federal University of Mato Grosso do Sul (UFMS) and the Municipal Health Department (SESAU) that led to the creation of a seven-course program in 2009, in two lines of research. Objectives: To report the perception of Dentistry students from UFMS concerning the PET-Health 2009 and its impact on academic education. Material and Methods: An account of an experience, supported by monthly reports by Dentistry students about the PET-Health 2009 and accompanying documents of these students as the data sources. Results: There were 60 students from seven courses in the area of Health; five were attending Dentistry courses, and three were scholarship students. There was a significant impact on academic training, insofar as aspects of multiprofessional integration of theory and practice, health-based knowledge production, SUS principles, operation of a UBSF, dialogue skills, respect for colleagues and decision-making were all put into evidence. It is believed that the satisfaction of participating in the a PET program has motivated and sensitized students for work and learning. Conclusions: It is hoped that institutions of higher education and municipal health departments will be open to the integration of university-community-service. DESCRIPTORS Family Health. Primary Health Care. Learning. § REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Brasil. Parecer CNE/CES Nº 1.300, de 07 de Dezembro de 2001. Institui Diretrizez Curriculares Nacionais para o Curso de Odontologia. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2008. 2. Brasil. Portaria Interministerial Nº 1802, de 26 de Agosto de 2008. Institui o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - PET - Saúde. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2008. Recebido em 07/07/2011 Aceito em 25/07/2011 80 Revista da ABENO • 11(1):76-80 Resumos Selecionados A participação do PET-Saúde/ Saúde da Família na formação de uma equipe de agentes de saúde mirins para combate à dengue Apresentador: Adriana Ferreira de Menezes Autores: Adriana Ferreira de Menezes, Lucianna Leite Pequeno Instituição: UNIFOR INTRODUÇÃO O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) consiste em uma estratégia conjunta dos Ministérios da Saúde e da Educação, destinado a fomentar grupos de aprendizagem tutorial em áreas estratégicas e prioritárias para o Sistema Único de Saúde (SUS), por meio de atividades de ensino, pesquisa e extensão (BRASIL, 2010). O Projeto de Extensão de uma das equipes do PET-Saúde/Saúde da Família, da Universidade de Fortaleza (UNIFOR), intitula-se “Implementação das atividades do Programa Saúde na Escola (PSE) com os alunos do Programa Mais Educação (PME), da escola Maria de Lourdes Ribeiro Jereissati, Regional VI, Fortaleza, CE”. A ideia desse projeto de extensão surgiu principalmente em virtude de a escola estar localizada no território de atuação da Unidade Básica de Saúde do PET e ter sido contemplada com o PSE, assim como pela característica multidisciplinar da composição desta equipe, sendo constituída de alunos dos cursos de Enfermagem, Nutrição, Odontologia, Medicina, Farmácia e Terapia Ocupacional, facilitando a realização das atividades previstas pelo PSE. O referido programa foi lançado em 2007 pelo Decreto Presidencial (BRASIL, 2007) com a finalidade de contribuir para a formação integral dos estudantes da rede pública por meio de ações de promoção, prevenção e atenção à saúde. O PSE, além avaliação clínica, psicossocial, nutricional, de saúde bucal e do cartão de vacinas dos escolares, aborda temáticas como: dengue, DST/ Aids, drogas, entre outras pactuadas no plano de ação, conforme recomendação da coordenação nacional do programa e necessidades identificadas a partir da entrevista com os estudantes. Em decorrência da epidemia de dengue instalada no município de Fortaleza e no estado do Ceará no primeiro semestre de 2011, bem como por ser esta temática um dos eixos prioritários definidos pela coordenação nacional do PET-Saúde, o fortalecimento e a ampliação das ações de combate à dengue foram incluídos como prioridade no plano de ação do PSE para o primeiro semestre de 2011. Nesse sentido, a equipe do PETSaúde/Saúde da Família, em seguimento à realização das atividades do projeto de extensão, propôs explorar essa temática de maneira mais participativa, diversificada e divertida, com a realização de uma gincana de combate à dengue com a participação dos alunos do PSE. Dessa forma, este trabalho consiste em um relato de experiência acerca dos vários momentos vivenciados pela equipe de alunos do PET e do PSE, especificamente durante realização de umas das tarefas dessa gincana que foi a formação de uma equipe de Agentes Sanitaristas de Saúde Mirins para atuarem no combate à dengue, tornando-os atores sociais desse processo no seu território. OBJETIVOS Relatar a experiência da participação dos alunos de uma das equipes do PET-Saúde/Saúde da família da UNIFOR, na formação de uma Equipe de Agentes Sanitaristas de Saúde Mirins, no combate à dengue, enquanto atividade do projeto de extensão. MATERIAIS E MÉTODOS Este trabalho consiste em um relato de experiência vivenciado por uma das equipes do PET- Saúde/ Saúde da Família da UNIFOR, durante a realização das atividades do projeto de extensão em relação à temática dengue. A experiência foi desenvolvida na escola Maria de Lourdes Ribeiro Jereissati, localizada no bairro Jardim das Oliveiras, Regional VI, FortalezaCE, envolvendo os alunos do PSE, matriculados no Programa Mais Educação (PME) dessa escola, os quais estavam participando de uma gincana de combate à dengue, realizada pela equipe do PET. Entre as tarefas da gincana estava contemplada a da formação de uma Equipe de Agentes Sanitaristas de Saúde Mirins entre os alunos participantes. A formação dessa equipe foi conduzida pelos participantes do PET e aconteceu durante o mês de maio de 2011. Os encontros foram realizados duas vezes por semana, as quartas e quintas-feiras, no turno da tarde, das 13h às 17h. A equipe do PET também contou com a parceria e o apoio dos agentes sanitaristas de saúde da área, dos monitores do PME e do PSE, assim como da própria escola nesse processo de formação dos alunos para atuarem no combate à dengue. Durante a formação da equipe de agentes sanitaristas de saúde mirins, foram realizados os seguintes momentos sis- Revista da ABENO • 11(1):81-132 81 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia tematizados: 1- Exposição dialogada, ministrada pela coordenadora dos agentes sanitaristas de saúde da área para os alunos do PSE sobre a importância do trabalho do Agente Sanitarista de Saúde (ASS) na comunidade, definição sobre a realização do trabalho, dificuldades, desafios e benefícios, principalmente em relação à dengue. 2- Motivação e convite aos alunos do PSE para participarem da formação da equipe de Agentes Sanitaristas de Saúde Mirins, com a devida autorização formal dos pais. 3- Preenchimento de um formulário padrão pelos participantes. Este formulário foi elaborado pela equipe do PET para identificar dados em relação à situação dos casos de dengue na rua de cada participante (numero de casos de pessoas com dengue, tipo de dengue, numero de casas com focos) servindo como um relatório sobre a dengue nessas ruas a serem visitadas posteriormente. 4- Oficina de Educação e Saúde ministrada pela equipe do PET com o objetivo de orientar sobre como evitar a dengue, os principais sintomas, sinas e riscos da doença, como proceder em casos suspeitos e o tratamento indicado, assim como também correlacionar a dengue com o lixo, associando aos aspectos de preservação do meio ambiente. 5- Oficina realizada pela equipe do PET para os participantes da gincana e para monitores do PSE para elaboração de material e atividades educativas como cartazes, panfletos, faixas, músicas e vídeos para serem entregues e apresentados durante as visitas nas casas juntamente com os agentes sanitaristas de saúde. 6- Mutirão da dengue nas ruas selecionadas de acordo com os relatórios preenchidos pelos participantes. Os alunos foram divididos em duplas, cada dupla, acompanhada de um agente sanitarista de saúde da área, realizou visitas às casas, observando inicialmente a metodologia de trabalho do agente da área, objetivando a detecção dos focos nas residências e repasse das orientações sobre a dengue para as famílias, assim como também entrega de material educativo. 7- Encerramento das atividades na escola Maria de Lourdes Ribeiro Jereissati com a presença da equipe do PET, coordenadora dos agentes sanitaristas de saúde da área, coordenador e monitores do PME e do PSE, diretora da escola e alunos participantes. Durante esse evento, houve a premiação dos alunos ganhadores da gincana, entrega de certificados, enfatizando a importância da atuação desses escolares como Agentes Sanitaristas de Saúde Mirins na comunidade, proporcionando-lhes conhecimento para atuação como multiplicadores de ações saúde, assim como os tornando corresponsáveis pela continuidade e permanência dessas ações no 82 combate à dengue no seu território. RESULTADOS Como resultado dessa experiência, obteve-se a participação de todos os momentos da gincana. Apesar de ter sido um número pequeno de alunos, foi possível observar características importantes para o trabalho em equipe como liderança, integração, assiduidade, coesão, proporcionando o desenvolvimento adequado das atividades previstas e facilitando o entrosamento entre os participantes, e destes com a equipe do PET, monitores do PME e do PSE, agentes sanitaristas de saúde e, principalmente, com a comunidade. Houve sensibilização e envolvimento por parte da equipe formada no que diz respeito ao quadro epidemiológico de dengue na comunidade e ao compromisso da continuidade das ações de combate a essa doença no seu território, mesmo com o término da gincana. CONCLUSÃO Acredita-se que experiências como essas possam contribuir para reforçar a proposta do PET-Saúde/ Saúde da Família quando permite o fortalecimento da proposta da educação pelo trabalho para saúde, aproximando cada vez mais esse setor da educação. A atuação da equipe multidisciplinar do PET composta por alunos dos cursos de Enfermagem, Nutrição, Medicina, Farmácia, Terapia Ocupacional e Odontologia permitiu maior integralidade das ações desenvolvidas, inclusive inserindo o PET-Saúde/Saúde da Família em outros programas, como o PME e o PSE, exercitando a intersetorialidade, a atuação em outros espaços sociais, além da unidade de saúde como a escola e o território da própria comunidade, ajudando a reorientar e consolidar as práticas de saúde baseadas nos princípios do Sistema Único de Saúde. Descritores Educação em Saúde. Relações Comunidade-Instituição. Dengue. REFERÊNCIAS bibliográficas 1. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria Interministerial 421 de 03 de Março de 2010. Institui o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde-PET SAÚDE e dá outras providências. Brasília, 2010. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde na Escola. Série B. Textos Básicos de Saúde. Cadernos de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. 3. Brasil. Gabinete da Presidência da Republica. Decreto n. 6.286 de 05 de dezembro de 2007. Institui o Programa Saúde na Escola-PSE e dá outras providências. Brasília, 2007. Revista da ABENO • 11(1):81-132 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia Percepção da necessidade de prótese por idosos durante a campanha de vacinação da gripe H1N1 no município de Pelotas: estudo exploratório Apresentador: Analu Sparrenberger Manéa Autores: Analu Sparrenberger Manéa, Renata Zolin Flores, Leandro Leitzke Thurow, Mariane Baltassare Laroque, Alex Ferreira Teixeira, Eduardo Dickie de Castilhos, Tania Izabel Bighetti Instituição: Univesidade Federal de Pelotas O aumento da expectativa de vida no Brasil e no mundo é um fenômeno bem estabelecido, devido ao avanço dos estudos na área da saúde, bem como da melhora na qualidade de vida. A proporção de pessoas com 60 anos ou mais está crescendo mais rapidamente que a de qualquer outra faixa etária em todo o mundo. Em 2025, estima-se a existência de aproximadamente 1,2 bilhões de pessoas com mais de 60 anos. Nessa perspectiva, o Brasil deverá ocupar a 5ª posição entre as nações com maior contingente de idosos, com 34,4 milhões de pessoas com idade acima de 60 anos. No Rio Grande do Sul, a população com mais de 60 anos de idade representa 13% do total de 10.914.042 habitantes e no município de Pelotas 14% do total de 345.179 habitantes. E diante deste envelhecimento da população é importante que as políticas públicas de saúde atentem para este fato. O idoso brasileiro, de um modo geral, apresenta muitos problemas bucais, devido à ausência de programas específicos que atendam às necessidades desta faixa etária e à herança de uma prática cirúrgico-restauradora e mutiladora, em que pouco se produzia em termos de promoção de saúde em níveis populacionais, bem como valores culturais. Este fato se comprova pelo elevado índice de edentulismo. Através do Levantamento das Condições de Saúde Bucal da População Brasileira (SB Brasil 2003) demonstrou-se que 66,5% da população brasileira usam prótese total superior, 42,5% usam prótese total inferior e 19% usam próteses parciais em uma das arcadas. A efetiva organização da Atenção Básica em Saúde nos princípios do Sistema Único de Saúde a partir da Estratégia da Saúde da Família exige o conhecimento das reais necessidades da população sob sua responsabilidade, o que implica na implementação de abordagens mais amplas e complexas do que as centradas no cuidado curativo. A Coordenação de Saúde Bucal da Secretaria Municipal de Saúde de Pelotas, com o apoio da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Pelotas, realizou um estudo piloto com o objetivo de estimar o uso e necessidade de prótese em pessoas com 60 anos ou mais, a partir da percepção dos entrevistados. A perspectiva é que estes dados possam contribuir no debate para uma reorganização e dimensionamento do serviço odontológico, possibilitando um serviço adequado a esta faixa etária, com ações que devem incluir atividades de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação. O estudo, do tipo observacional transversal descritivo, foi realizado em três Unidades Básicas de Saúde (UBS) – Bom Jesus, Dunas e Sítio Floresta –, onde acadêmicos do curso de Odontologia do grupo PET-Saúde (Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde) estão inseridos. Os acadêmicos aplicaram um questionário estruturado aos idosos que compareceram às UBS durante o dia da Campanha de Vacinação contra gripe H1N1, ocorrida no dia 30/04/2011. Os idosos aceitaram participar da pesquisa por livre vontade, mediante autorização. O instrumento apresentava linguagem adequada ao perfil da comunidade. Houve treinamento dos entrevistadores, com 4 horas de duração. As fichas foram conferidas e numeradas, os dados digitados (dupla digitação) e tabulados. Os resultados encontrados permitem a descrição de um perfil aproximado dos idosos das áreas. Foram entrevistados 154 idosos, sendo que 76 da UBS Bom Jesus (4,2% do total de 1.833 da área de abrangência); 42 da UBS Sítio Floreta (7,8% do total de 537 da área de abrangência) e 35 da UBS Dunas (5,9% do total de 597 da área de abrangência). As faixas de idade de 60 a 69 anos representaram 56,9% da amostra, de 70 a 79 anos, 34,6% e 80 anos ou mais, 8,5%. Os dados levantados mostraram que 50,3% não possuíam dentes naturais. Utilizavam próteses parciais removíveis 17,5% da amostra, sendo apenas superior apenas inferior e superior e inferior, 7,1%, 8,4% e 2% respectivamente. A amostra do estudo foi composta por 154 idosos de um total de 48.687 habitantes residentes em Pelotas com idades de 60 anos ou mais. Das 47 Unidades Básicas de Saúde existentes no município, foram coletados dados em apenas três das UBS. A faixa etária predominante no estudo foi dos 60 aos 79 anos. A situação epidemiológica de saúde bucal do município segundo dados da ampliação da amostra do SB Brasil 2003, revelou que na faixa etária de 65 a 74 anos, cada indivíduo possuía em média 22,42 dentes perdidos, sem reabilitação protética. Neste estudo, 81% dos entrevistados declararam-se edêntulos em Revista da ABENO • 11(1):81-132 83 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia pelo menos uma arcada e 75,3% usavam prótese total. Entre os edêntulos/usuários de prótese total, 24% declararam necessidade de fazer ou substituir a prótese. Embora com característica exploratória, os resultados do presente estudo indicaram a necessidade formal de procedimentos odontológicos nem sempre é percebida por idosos edêntulos, mas que a demanda por reabilitação protética existe, merece ser investigada e que sejam estabelecidos critérios para a sua oferta. Estes critérios devem considerar aspectos biológicos, socioeconômicos e culturais; mas também a percepção da necessidade pelos indivíduos, visto que o sucesso do tratamento depende não só da qualidade do serviço ofertado, como também da cooperação e conhecimento sobre as limitações e cuidados de quem vai recebê-lo. A alta prevalência de indivíduos que se declararam edêntulos pode ser considerada um problema de saúde pública, o que reforça a idéia da implantação de políticas, visando à melhoria da qualidade de vida dos idosos. Em relação à saúde bucal, isto pode se dar com a confecção de próteses na atenção básica, como também com a oferta de procedimentos especializados para casos específicos (próteses sobre implantes). Isto poderia ampliar o acesso à assistência odontológica para grupos populacionais que têm como porta de entrada apenas os planos de saúde ou consultórios particulares, opções economicamente determinadas e socialmente excludentes. Dentro deste contexto que se deve refletir sobre a necessidade de reorganização do serviço, não só de medidas reabilitadoras para sanar problemas existentes, mas também com ênfase em ações educativas voltadas para promoção de saúde. No mais, a incorporação de um serviço de prótese dentária devidamente dimensionado para a demanda existente no setor público é uma medida viável e que deveria ser encarada pelos setores responsáveis, com a perspectiva de melhorar a saúde bucal e o bem estar do idoso, proporcionando adequada função mastigatória, uma aparência mais agradável, melhorando a autoestima, a capacidade de fonação, além de contribuir para sua reinserção ao meio social. Descritores Acesso aos Serviços de Saúde. Saúde Bucal. Assistência Odontológica para Idosos. AGRADECIMENTOS Adrine Maciel da Rosa; Andressa Spohr; Aryane Marques Menegaz; Bibiana Bauer Barcellos; Cacia Signori Caroline da Silva; Jean Wegner Machado Heverson Luiz da Costa Rebello; Luciane Missio; Morgana Favetti; Raquel da Silva Zuccolotto; Rocheli 84 Colcente; Tamara Horn; Tamiris Czervinski; Thais Marcus Carriconde Fripp; Thiago Dias Campão. REFERÊNCIAS bibliográficas 1. Ministério da Saúde. Projeto SB Brasil 2003: condições de saúde bucal da população brasileira 2002-2003: resultados principais. Brasília: Ministério da Saúde; 2004. 2. Rosa, A.G.F., Castellanos, R.A., Pinto, V.G. Saúde bucal na terceira idade. RGO, 41: 97-102, 1993. 3. Chagas, I. J.; Nascimento, A. & Silveira, M. M., 2000. Atenção odontológica a idosos na OCM: Uma análise epidemiológica. Revista Brasileira de Odontologia, 57: 332-335. 4. Opas – OMS. Envelhecimento ativo: uma política de saúde / World Health Organization; tradução Suzana Gontijo. – Brasília: Organização Pan Americana da Saúde, 2005. 60p: il. 5. Datasus. Caderno de Informações de Saúde. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/tabdata/cadernos/rs.htm Pró-Saúde: ação indutora de mudanças na formação e estruturação de cursos na área da saúde Apresentador: Bárbara Morais Arantes Autores: Bárbara Morais Arantes, Vânia Cristina Marcelo, Maria Goretti Queiroz Instituição: Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Goiás INTRODUÇÃO O conhecimento acadêmico não é um conjunto isolado de informações, mas um conjunto comprometido com uma determinada visão do mundo, que se manifesta no próprio processo de investigação do real,1 assim sendo, na formação acadêmica, o docente mais que passar conhecimentos específicos, deve trabalhar na perspectiva da formação do cidadão, contextualizando técnicas, conhecimentos e habilidades, considerando os indivíduos com ética e sensibilidade. Estas exigências demandam novas posturas e atitudes por parte de docentes, pessoal técnico-administrativo e discentes dos cursos de graduação. Estes novos objetivos de formação profissional foram explicitados a partir da Lei de Diretrizes e Bases e de Diretrizes Curriculares Nacionais que substituíram as antigas grades curriculares.2 De modo geral os docentes da área da saúde, e particularmente os da odontologia, tiveram uma formação extremamente tecnicista e pouco contato com áreas da didática, pedagogia e planejamento. A Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Goiás (FO/UFG) aderiu ao Programa Nacional de Reorientação da Formação do Profissional em Saúde (Pró-Saúde) em 2005. A partir de 2006 iniciou a reestruturação de sua Revista da ABENO • 11(1):81-132 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia matriz curricular visando formação compatível com as exigências das Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Graduação em Odontologia (DCNO),2 ou seja, um Cirurgião-dentista com formação técnico-científica, generalista, humanística, crítica, ética e reflexiva, além de buscar uma maior aproximação com a realidade da população e as necessidades dos serviços públicos de saúde. Uma análise de estudos sobre reforma curricular nos mostra que esse processo esbarra em dificuldades bem mais profundas que a simples mudança dos itens curriculares. Passa por elementos como resistência por parte do corpo docente e técnico-administrativo às mudanças, deficiência no fluxo de gestão das instituições, da excessiva burocratização dos processos de trabalho, nas falhas dos processos comunicacionais existentes, nos organogramas obsoletos, enfim na inadequação da estrutura administrativa.3 A experiência da FO/UFG apresenta-se como emblemática da realidade da maioria das Instituições de Ensino Superior (IES), que buscam alternativas para conseguir efetivar mudanças, mas que não disponibilizam de mecanismos para fazê-las. São evidentes as dificuldades para realizar atividades de educação permanente junto a docentes e pessoal Técnico-administrativo de modo a estimular novos olhares e possibilidades de atuação diferentes das tradicionais. Embora as instâncias superiores das Universidades estimulem as mudanças, estas na maioria dos casos não dispõem de recursos para a realização de atividades que atendam as especificidades de cada curso ou área do saber. Desta forma, o Pró-Saúde se constituiu em um eficiente mecanismo indutor das mudanças desejadas ao estimular a reflexão sobre a formação e as necessidades de adequação às necessidades da realidade, e principalmente por permitir a cada IES a utilização de recursos de modo a atender suas necessidades específicas. Na FO/UFG a avaliação das modificações curriculares visando uma nova formação para os estudantes4 passa necessariamente pela análise de aspectos estruturais e de capacitação de pessoal. As mudanças só foram passíveis de serem efetivadas por terem acontecido, paralelamente, a adequação de aspectos estruturais de equipamentos, a reforma administrativa e o apoio na educação permanente de pessoal por intermédio das atividades desenvolvidas pela Comissão de Ensino (posteriormente denominada Núcleo Docente Estruturante – NDE). Esta análise foi objeto de três trabalhos de iniciação científica, desenvolvidos de 2008 a 2011, cujo objetivo geral foi o de analisar as mudanças curriculares e estruturais acontecidas na FO/UFG. OBJETIVO GERAL Analisar o papel do Pró-Saúde como estratégia indutora das mudanças curriculares e estruturais acontecidas na FO/UFG, a partir de 2006. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Analisar a nova matriz observando seus avanços na formação dos egressos; identificar as ações do Núcleo Docente Estruturante (NDE) da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Goiás (FO/UFG) e sua influência na reestruturação da nova matriz curricular da FO/UFG, bem como na educação permanente dos docentes; identificar a relação entre a reforma administrativa da FO/UFG e a reestruturação curricular do curso; identificar os principais desafios encontrados durante o processo; identificar aspectos potencializadores da reforma administrativa e educação permanente na mudança curricular; oferecer sugestões que colaborem na melhoria e otimização das práticas adotadas pela administração da instituição; e subsidiar a reforma curricular da FO/UFG. MATERIAIS E MÉTODO Utilizou-se uma abordagem mista com aspectos quantitativos e qualitativos. Como instrumental da pesquisa foi feita análise documental com levantamento em portarias, memórias, Projeto Pedagógico do Curso (PPC) da FO/UFG, Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Odontologia e Projeto do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde; entrevistas narrativas semiestruturadas gravadas, transcritas e analisadas a partir da categorização referente a cada quesito proposto e/ou exigido pelas DCNO. Os dados foram examinados com o uso da análise de conteúdo.3 Foram sujeitos desta pesquisa estudantes de diferentes períodos do curso, docentes e técnicos da FO/UFG. A pesquisa estendeu de 2008 a 2011, tendo sido aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisas da UFG em suas diferentes etapas (protocolos nº 132/2008, 011/2009 e 090/2010). RESULTADOS Como principais resultados destacam-se a importância dos mecanismos de financiamento advindos do Pró-Saúde que permitiram implementar ações tais como melhoria do espaço físico, aquisição de equipamento, contratação de consultorias administrativas e pedagógicas, além de apoio à pesquisas e participação em eventos científicos; foi possível o registro dos processos de mudança por intermédio de relatórios, artigos científicos e filmes; aconteceu a criação, elimi- Revista da ABENO • 11(1):81-132 85 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia nação e modificação de disciplinas; a transversalização de conteúdos; a mudança de enfoque em especialidades tradicionais da odontologia para disciplinas integradoras; a aproximação aos serviços de saúde por meio da ampliação dos cenários de práticas e da adoção de novas tecnologias de informação, permitindo a regulação dos pacientes e implantação do prontuário eletrônico; adoção de estratégias participativas como foco central da metodologia de ensinoaprendizagem; contratação de uma empresa de consultoria para a reforma administrativa; criação do NDE como mecanismo de subsídios às mudanças dos processos formativos; construção participativa do novo PPC; nomeação de uma Comissão visando reformular o Regimento Interno da FO/UFG. CONCLUSÃO O currículo e o PPC apresentam características inovadoras, mais adequadas às DCNO e aos objetivos dos eixos do Pró-Saúde, configurando evidentes avanços na formação dos egressos. As ações do Núcleo Docente Estruturante (NDE) puderam fortalecer as propostas de mudanças e constituíram-se em um apoio concreto aos docentes. A gestão participativa configura-se como única estratégia possível para permitir a noção de pertencimento capaz de dar suporte às transformações radicais. A efetivação de reformas administrativas é fator potencializador para a adequação às novas necessidades de mudanças de cenários e incorporação de novas tecnologias. Os principais desafios que ainda permanecem estão associadas a questões estruturais da Universidade como a falta de pessoal técnico qualificado e à implementação das mudanças organizacionais propostas. As mudanças só foram possíveis pelo fato de a FO/UFG ter aderido ao Pró-Saúde e ter neste um forte apoio pedagógico e financeiro. Descritores Organização e Administração. Educação Superior. Currículo. REFERÊNCIAS bibliográficas 1. Chaves SM. A aprendizagem do estudante universitário em saúde: descortinando práticas, buscando alternativas. In: Estrela C. Metodologia Científica - Ciência. Ensino. Pesquisa. São Paulo: Artes Médicas; 2005. p. 741-748. 2. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Odontologia. Resolução Nº CNE/CES 3, de 19 de fevereiro de 2002. Diário Oficial da União, Brasília, Seção 1- p10. Brasil. (04 de março de 2002). 3. Backes A, Silva RPG, Rodrigues RM. Reformas curriculares no ensino de graduação em enfermagem: processos, tendências e desafios. Cienc Cuid Saude 2007; 6(2):223-230. 86 4. Anastasiou LGC, Alves LP. Processos de ensinagem na universidade: pressupostos para as estratégias de trabalho em aula. Joinville: Univille; 2004. 5. Bardin L. Análise de conteúdo. Portugal: Edições; 1977. 70 p. A equipe multidisciplinar do PET-Saúde na construção da humanização em uma unidade de Saúde da Família de Maceió-AL Apresentador: Beatriz Santana de Souza Lima Autor: Beatriz Santana de Souza Lima Instituição: Universidade Federal de Alagoas O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) em Alagoas foi iniciado em 2009 com 12 grupos tutoriais tendo como matriz o campus UFAL/Maceió, tendo como objetivo a educação em saúde. Em sua segunda etapa o PET-Saúde II teve como eixo central a participação popular e a humanização da atenção à saúde e combate a mortalidade infantil. Teve como metodologia a criação de grupos multidisciplinares, com estudantes e profissionais de diferentes cursos trabalhando juntos em unidades de saúde da família do município de Maceió. A equipe multidisciplinar inserida na Unidade de Saúde Prof. Robson Cavalcante de Melo, utilizando uma metodologia própria, buscou através de oficinas, questionários e entrevistas o foco de suas ações. Obtiveram como resultado a necessidade de trabalhar e estimular a humanização do serviço. É importante ressaltar que todo esse processo foi uma construção coletiva de todos os funcionários da unidade de saúde e participantes do PET, para melhoria da qualidade do serviço e das relações interpessoais. Estágios curriculares no SUS: experiências da Faculdade de Odontologia da UFRGS Apresentador: Cristine Maria Warmling Autores: Cristine Maria Warmling, Eloá Rossoni, Fernando Neves Hugo, Ramona Fernanda Toassi, Vânia Aita de Lemos, Sonia Maria Blauth de Slavutzky, Solange Bercht, Ângela Antunes Nunes, Arisson Rocha da Rosa Instituição: Faculdade de Odontologia Universidade Federal do Rio Grande do Sul U m dos objetivos principais das propostas de mudança de paradigma no ensino odontológico do Revista da ABENO • 11(1):81-132 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia país tem sido o de conformar o perfil profissional do cirurgião-dentista de modo a torná-lo mais ajustado às exigências ditadas pelo Sistema Único de Saúde. Mas, esse é um modelo de formação incipiente e que ainda carece de consensos em torno do modo como formar esses profissionais. O objetivo deste artigo é descrever e avaliar processos pedagógicos, técnicos e políticos produzidos no percurso de implantação dos estágios curriculares de odontologia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, apontando aspectos envolvidos nas experiências de reorientação da formação do cirurgião-dentista para sua atuação no Sistema Único de Saúde. Foram analisadas produções escritas e depoimentos de docentes, documentos e relatórios institucionais e pesquisas escolares. As redes de atenção e ensino em saúde bucal encontram-se em processo de estruturação, desafios precisam ser superados: expansão limitada da atenção primária à saúde e, consequentemente, dos campos de estágios; necessidade de avanços nas discussões sobre o papel, atribuições e institucionalizações do preceptor/trabalhador e do tutor/docente; as incompreensões, ainda persistentes, a respeito dos estágios, tanto na instituição de ensino superior como na gestão e nos serviços do SUS; questões de financiamento; discurso hegemônico da clínica liberal-privatista e seus reflexos no embate constante entre tutores/preceptores e discentes; limites impostos pelo desenho fragmentado da rede de atenção em saúde. Pró-Saúde e PET-Saúde – reorientando a formação profissional na saúde Apresentador: Daniela Jorge Corralo Autores: Daniela Jorge Corralo, Maria Salete Sandini Linden, Miriam Lago Magro, Carla Beatrice Crivellaro Gonçalves, Lia Mara Wibelinger, Bernadete Maria Dalmolin, Mônica Krahl, Maria Lúcia Dal Magro, Evânia Luiza Araújo, Paulo do Prado Funk, Alberi Grando, Jairo Caovilla, Camila Zimmermann Rabello Instituição: Universidade de Passo Fundo Faculdade de Odontologia H istoricamente, os cursos da área da saúde trabalham de forma individualizada, com foco na especialidade e afastados das necessidades básicas de saúde da população. Os sistemas de saúde, em sua maioria, estão subordinados a um modelo de atenção hegemônico, com o predomínio de práticas individualistas, curativas, centradas em doença e atendimentos hospitalares. As equipes de saúde, na rede pública, compõem-se, basicamente, por força da necessidade de trabalho. Este panorama tem sido discutido em diferentes instâncias (educação, saúde, sociedade) e a reorientação da formação de recursos humanos para a área da saúde se mostra fundamental para a mudança do enfoque no tratamento da saúde e para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde, cumprindo com os seus princípios, principalmente o da integralidade, e atendendo às necessidades de saúde da população. As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) (2001/2002) visam a mudança na formação profissional na saúde, agregando trabalho coletivo, integrando ensino-serviço e atuando em equipes desde o início dos cursos. É proposta das DCNs (2001/2002) que os profissionais egressos dos cursos da área da saúde possuam uma formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, atuando em todos os níveis de atenção à saúde, com base no rigor técnico e científico, pautados em princípios éticos, legais e na compreensão da realidade social, cultural e econômica do seu meio, dirigindo sua atuação para a transformação da realidade em benefício da sociedade. O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES), em parceria com a Secretaria de Educação Superior (SESU) e com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), do Ministério da Educação (MEC), e com o apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), tem incentivado as Instituições de Ensino Superior (IES) na consolidação desta reorientação da formação dos profissionais através de programas como o Pró-Saúde (Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde) e o PET-Saúde (Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde). A Universidade de Passo Fundo (UPF) foi contemplada pelo Pró-Saúde I, em 2005/2006, estando envolvido o Curso de Medicina. E, em 2007/2008, foi novamente contemplada, com o Pró-Saúde II, tendo como diferencial a integração/participação de diversos cursos da área da saúde, estando envolvidos os cursos de Enfermagem, Odontologia, Educação Física, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Nutrição, Psicologia, Medicina Veterinária, Serviço Social e o curso de Medicina, articulados com a rede municipal de serviço de saúde. As metas do projeto são a integração dos cursos, a adequação das unidades de ensino-serviço e, a produção de conhecimentos. Algumas metodo- Revista da ABENO • 11(1):81-132 87 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia logias sugeridas são: a utilização de processos de aprendizado ativo (nos moldes da educação de adultos); aprender fazendo e com sentido crítico na análise da prática clínica; e, eixo do aprendizado na própria atividade dos serviços. A diversificação nos cenários de práticas, incluindo vários ambientes e níveis de atenção; a interação com a comunidade e alunos, assumindo responsabilidade crescente mediante a evolução do aprendizado; e, a importância do trabalho conjunto das equipes multiprofissionais devem ser estimulados no processo de ensino-aprendizagem. As ações dos cursos da área da saúde da UPF desenvolvidas na comunidade, em parceria com o serviço e visando a reorientação da formação profissional tem ocorrido de forma mais concreta entre os cursos das áreas da Medicina, Enfermagem, Odontologia e Farmácia, cursos que integram o PET-Saúde. Com o objetivo de ampliar a inserção, a experimentação, a vivência e o conhecimento dos acadêmicos do curso de Odontologia da Universidade de Passo Fundo (FOUPF) na rede de serviços do município de Passo Fundo-RS, além dos bolsistas acadêmicos ligados ao PET-Saúde, tem sido desenvolvida uma experiência de inserção da grade curricular (Odontologia em Saúde Coletiva/III nível) nas atividades de Unidades Básicas de Saúde (UBS). Foram selecionadas quatro UBS do município, as quais possuem preceptores das áreas da Odontologia, Medicina e Enfermagem, sendo elas Jaboticabal, Lava-Pés, Nenê Graeff e Mattos. Noventa (90) alunos cursando Odontologia em Saúde Coletiva II, III nível, foram divididos em duplas e desenvolveram atividades nas UBS por um período de quatro semanas, em turnos diversos. As atividades foram organizadas pelos preceptores, seguindo a lógica local do serviço (visitas domiciliares, ações coletivas, atendimento individual, preenchimento de prontuários e outros documentos, observação da dinâmica do serviço). Através do relato dos diferentes atores pode ser percebido que a experiência tem proporcionado para preceptores, acadêmicos e professores uma nova abordagem em saúde e um desafio nas concepções de ensino e aprendizagem. As atividades desenvolvidas nas UBS pelos acadêmicos do curso de Odontologia está resultando em mudanças na formação do profissional, o que pode ser percebido pelas falas dos alunos: “...a gente vê mais a prática mesmo...” “...O cuidado que devemos ter com a população em geral, o respeito e a vontade de querer que algo mude na vida deles...”, referindo-se ao ensino/aprendizagem na prática; “...convivemos com médicos, enfermeiros e técnicos...” “...Foi uma expe88 riência boa, mesmo não tendo um profissional da nossa área no local...”, relacionando com a experiência multiprofissional; “...ajuda os acadêmicos a perderem o medo do ‘monstro do SUS’, o qual na maioria das vezes nos é mostrado como ineficaz e até injusto...”; referindo-se à inserção junto ao serviço nos primeiros semestres do currículo. “...acho ruins os locais, distantes e perigosos...” “...ficamos perto da população e da realidade em que se encontram...” “... há muita coisa boa e os materiais não são tão ruins nos como dizem...”, relacionando com a realidade diferente da vivida diariamente pelo acadêmico. O maior desafio, contudo, é de que a proposta de mudança atue a favor da saúde da população, fortalecendo a relação entre o processo de produção de conhecimento e o processo de tomada de decisão sobre políticas e programas de saúde, contribuindo para a consolidação dos princípios do SUS. Integrar ensinoserviço com foco na atenção básica é um grande desafio para as áreas da saúde. A FOUPF está buscando quebrar paradigmas e atuar realmente inserida nas equipes multidisciplinares. Considerando que a superação de uma rede de serviços que trata, de maneira equivocada, da doença, para uma rede de Saúde, orientada para as ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, depende efetivamente de recursos humanos capacitados para tal, o papel das IES na formação deste profissional da saúde é incontestável. O Pró-Saúde e o PET-Saúde têm se mostrado, portanto, de absoluta relevância para a mudança nas ações de saúde no município de Passo Fundo/RS e para a reorientação da formação profissional na saúde dos cursos da UPF envolvidos. Levantamento epidemiológico das condições em saúde bucal no município de Maringá-PR Apresentador: Flavia Tanaka Autores: Flávia Tanaka, Letícia Moraes Porto Padovez, Eraldo Schunk Silva, Cynthia Junqueira Rigolon. Instituição: Secretaria Municipal de Saúde de Maringá, UEM, CESUMAR A literatura científica nacional tem apresentado dados epidemiológicos sobre as condições de saúde bucal da população com quadros altamente dinâmicos, os quais deixam transparecer a passagem de um panorama de alta prevalência da doença cárie para alguns cenários de controle dessa patologia. A atenção odontológica inicialmente centrada no Revista da ABENO • 11(1):81-132 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia tratamento reabilitador de alto custo e extremamente limitado, passou a ser mais abrangente com a inclusão cada vez maior de procedimentos educativos e preventivos, contribuindo para a redução dos índices das doenças bucais. Alguns pesquisadores destacaram o uso do flúor nos dentifrícios e na água de abastecimento público como responsáveis pela melhor condição bucal observada na atualidade. A eficiência dos programas adotados pode ser medida pelos resultados dos estudos epidemiológicos, os quais contemplam dados que permitem conhecer a real condição de saúde bucal e as prioridades de uma comunidade, pois estas diferem entre si de uma região para outra dentro de um mesmo país. Sob esta ótica, o planejamento das políticas públicas deve estar pautado no conhecimento dos problemas e necessidades da população, direcionando melhor os recursos disponíveis. A Organização Mundial da Saúde recomenda que estudos desse tipo sejam realizados a cada cinco anos, com o objetivo de acompanhar e monitorar a distribuição, tendências e severidade das doenças (OMS, 1997). Tanaka em 2004 avaliou a prevalência de cárie dentária em escolares da rede pública de ensino da zona urbana de Maringá, a pesquisa seguiu as recomendações do manual do Coordenador do Projeto do SB Brasil - Condições de saúde bucal da população Brasileira (Brasil, 2004). Foi utilizada no estudo uma amostra no total de 610 escolares de 6 e 12 anos de idade. O resultados mostraram um índice ceo-d médio de 1,8 aos 6 anos e um CPO-D médio de 1,5 aos 12 anos, e estavam livres de cárie 47,7% e 50% dos escolares aos 6 e 12 anos respectivamente. Quando observado os componentes do índice de forma separada verificou-se uma participação discreta do componente “P” (dente perdido), mostrando uma tendência positiva dos serviços odontológicos em manter os dentes decíduos e permanentes. Aos 12 anos o componente “O” (dente obturado) (1,1) se sobrepõe ao componente “C” (dente cariado) (0,4) mostrando uma situação de relativo acesso aos serviços curativos essenciais. Observou-se ainda que 21,6% e 23,7% da população de 6 e 12 anos respectivamente, concentrava os maiores índices de cárie, confirmando assim o fenômeno de polarização da doença. O presente estudo objetivou identificar as condições de saúde bucal da população de Maringá-Paraná e subsidiar o planejamento e avaliação nessa área. Contribuindo para a estruturação de um sistema de vigilância epidemiológica em saúde bucal no referido município. Adotou-se como referência metodológica a proposta da OMS e as recomendações do Projeto SB Brasil 2010. No total, foram examinadas 898 pessoas, entre crianças (5 e 12 anos), adolescentes (15 a 19 anos), adultos (35 a 44 anos) e idosos (65 a 74 anos) para onze (11) setores censitários da cidade da Maringá, anteriormente, utilizados na Pesquisa de Amostra por Domicílios (PNAD 2009). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da UEM sob número de protocolo 0278-09. Todos os participantes da pesquisa assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os participantes foram examinados nas escolas e residências sob luz natural com a utilização das sondas da OMS e espelhos bucais. O trabalho de campo envolveu seis profissionais e suas respectivas anotadores. A coleta de dados foi realizada entre os dias 01 de maio a 29 de setembro de 2010. A pesquisa focou a produção de informações relativas aos principais agravos bucais, às condições socioeconômicas, à utilização de serviços odontológicos e morbidade bucal autoreferida e à autopercepção de saúde bucal. Os Levantamentos Epidemiológicos nacionais realizados em 2003 e 2010 demonstraram uma melhora na condição bucal dos brasileiros. Para se verificar a cárie dentária utilizou-se o índice CPO-D. Os resultados demonstraram na dentição decídua que o índice ceo-d foi 1,1. Sendo o componente obturado o mais prevalente, indicando um maior acesso a serviços odontológicos. Apresentaram-se livres de cárie 62,2%. Na idade de 12 anos, utilizada mundialmente para avaliar o ataque de cárie logo no início da dentição permanente identificou-se um CPO-D igual a 0,9, atingindo a meta preconizada pela OMS para 2010. Entre os adolescentes de 15 a 19 anos a média de dentes afetados foi 2,5. Este valor mais alto do índice CPO-D tem sido um achado comum em outros estudos no Brasil e no mundo. No que diz respeito aos adultos e idosos, apresentaram um CPO-D igual a 16,1 e 27,5, respectivamente. As condições gengivais foram avaliadas pelo Índice Periodontal Comunitário. Os resultados indicaram que o percentual de indivíduos sem nenhum problema periodontal foi de A presença de sangramento foi mais comum aos 12 anos e entre os adolescentes, sendo as formas mais graves da doença periodontal presentes nos adultos. Quanto ao uso de prótese dentária na faixa etária de 65 a 74 anos 66,7% utilizavam prótese total. Os resultados da presente pesquisa permitem concluir que a para as idades de 5, 12 e 15 a 19 anos a prevalência de cárie pode ser considerada baixa. A Revista da ABENO • 11(1):81-132 89 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia meta estabelecida pela Organização Mundial da Saúde para o ano 2010 já foi alcançada aos doze anos e está muito próxima de ser atingida aos cinco e que quando foram comparados os dados dos levantamentos epidemiológicos realizados em Maringá (1991, 1994 e 2003) houve acentuada redução na prevalência de cárie dentária aos 5 e 12 anos de idade. Novos estudos incluindo indicadores de caráter social são relevantes para conhecer os fatores preditivos da doença e orientar os que decidem no campo da saúde. Descritores Epidemiologia. Levantamentos em Saúde Bucal. Cárie Dentária. REFERÊNCIAS bibliográficas 1. BALDANI, M. H.; NARVAI, P. C.; ANTUNES, J. L. F. Cárie dentária e condições sócio-econômicas no Estado do Paraná, Brasil, 1996, Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.18, n.3, p.755-763, 2002. 2. BRASIL. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Área Técnica de Saúde Bucal. Projeto SB Brasil: condições de saúde bucal da população brasileira. Resultados principais. Brasília, DF, 2004. 3. MEDEIROS, U. V.; WEYNE, S. C. A doença cárie dentária no Brasil e no mundo. UFES R. Odontol. Vitória, V.3, n.1, p. 88-95, 2001. 4. TANAKA, F. Prevalência de cárie dentária em crianças de 6 e 12 anos de idade de escolas públicas do município de Maringá – PR, Dissertação de Mestrado Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG – PR, 2004. 5. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Oral health surveys: basics methods, 4 ed., Geneva: WHO, 1997. O Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde (PET-Saúde) como indutor de inovações pedagógicas: a experiência do curso de Odontologia da Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia. Apresentador: Graciela Soares Fonseca Autores: Graciela Soares Fonseca, Ana Áurea Alécio de Oliveira Rodrigues Instituição: UEFS A evolução das práticas odontológicas e as novas concepções sobre a efetividade da atenção em saúde bucal exigem profissionais críticos, capazes de trabalhar em equipe e de levar em conta a realidade social. A proposta é conceber cirurgiões-dentistas com perfil generalista, com sólida formação técnicocientífica, humanística e ética, orientada para a promoção de saúde. Nesse propósito, mudanças estão 90 sendo instituídas no ensino superior, buscando a integração com os serviços de saúde e com a comunidade, para favorecer o processo de ensino-aprendizagem. Cita-se o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde, o PET-Saúde, como forte indutor de inovação pedagógica. O presente trabalho relata a experiência da Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia, salientando as mudanças geradas no Curso de Odontologia, no intuito de oferecer subsídios para que o programa seja implementado e aperfeiçoado em outras localidades do país. Observa-se que foram alcançados resultados significativos com a incorporação do PET-Saúde, evidenciando o potencial transformador, o que coopera para sua consolidação e expansão. O lúdico no projeto “A Universidade a Serviço da Saúde” Apresentador: Helena Maria Antunes Paiano Autores: Helena Maria Antunes Paiano, Eliane Ramin, Luiz Carlos Miguel, Denise Vizzotto Instituição: Universidade da Região de Joinville – UNIVILLE O Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde) foi lançado em 2005 pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério da Educação. O programa visa incentivar a transformação do processo de formação, geração de conhecimento e prestação de serviços à população para uma abordagem integral do processo saúde doença. O eixo central é a integração ensino-serviço, com a conseqüente inserção dos estudantes no cenário real de práticas, a Rede do Sistema Único de Saúde, com ênfase na atenção básica, desde o início de sua formação. A UNIVILLE em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Joinville aprovou o seu projeto “A UNIVERSIDADE A SERVIÇO DA SAÚDE” em 2008. Este projeto tem como área de atuação o bairro Jardim Paraíso, cuja localização é próxima ao Campus da Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE). O objetivo do projeto é proporcionar à sociedade profissionais habilitados para responder às necessidades da população brasileira e à operacionalização do Sistema Único de Saúde. Enfatizar a educação em saúde capacitando a equipe de profissionais das unidades de saúde do Jardim Paraíso I e II, professores e alunos do curso de Odontologia a utilizar técnicas educacionais alternativas mais eficazes. Para atingir este objetivo torna-se necessário integrar a Revista da ABENO • 11(1):81-132 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia educação e a participação comunitária de forma dinâmica, mediante estratégias ligadas ao teatro, música, feiras, dias da saúde e dinâmica de grupo. As atividades de promoção e educação em saúde são desenvolvidas através dos jogos educativos, desenvolvidos pelos alunos nas oficinas de capacitação profissional, supervisionados pelos professores da disciplina de Odontologia Coletiva da UNIVILLE. O teatro é educativo por natureza. Permite ao sujeito observarse, favorecendo o auto-conhecimento como também as relações estabelecidas na sociedade. “O teatro vem do jogo, e não deixa de ser um jogo, uma vez que envolve pessoas compartilhando uma experiência à parte da realidade, dentro de delimitações de espaço, tempo e regras”. É por meio da educação que se processa o pleno desenvolvimento humano. No contexto educacional crianças e jovens articulam o conhecimento dos sentimentos, do corpo e da imaginação, desenvolvendo uma auto-estima positiva. (MEYER, 2002) Ao utilizar técnicas teatrais, como instrumento de informações em saúde, evita-se o caráter arbitrário, autoritário, paternalista e manipulador de valores e práticas de saúde. Esta reflexão, feita por LEME (2005), justifica a utilização do teatro como método de promoção de saúde. Sua pesquisa propõe a estruturação de um campo teórico em Educação em Saúde realizado através do exercício da teatralidade. A utilização do elemento teatral como estratégia educacional pode ser um recurso facilitador da compreensão de fenômenos que envolvem inter-relações pessoais e contribui para o melhor entendimento do fenômeno educativo, promovendo sua permanente ação, significação e reconstrução coletiva. Reconhecer que a formação de profissionais em saúde abrange esferas cognitivas, afetivas e sociais é investir na diversidade e “formar, utilizando diferentes linguagens, estratégias e recursos. Traduz a intenção de desenvolver espaços e cenários formativos, que valorizem os sujeitos e seus saberes prévios” RUIZ-MORENO (2005). Durante três anos consecutivos, os alunos do curso de odontologia vêm desenvolvendo vários tipos de jogos educativos e outras ações através do estímulo teatral. Essas aulas são divididas em duas etapas: a primeira etapa consiste da capacitação dos graduandos de odontologia com 20 horas/aula. Esta etapa visa principalmente a socialização, a criação teatral, a utilização de exercícios e jogos teatrais baseados nos conceitos de Viola Spolin (2001). Objetiva integração, socialização, e desenvolvimento de conceitos básicos, referentes ao fazer teatral; capacitação em teatroeducação, criação, desenvolvimento, e finalização dos projetos de teatro, teatro-educação e jogos educativos. Todos os trabalhos são desenvolvidos direcionados à informação sobre questões de saúde, enfatizando a prevenção em saúde oral. A segunda etapa do projeto é a atuação na comunidade dos acadêmicos nas escolas do Jardim Paraíso. Nesta etapa busca-se a interação com a comunidade e a aplicação dos conceitos de prevenção e promoção em saúde, através dos jogos educativos previamente desenvolvidos pelos alunos. Processos de reflexão ocorrem periodicamente, visando a intensificação da experiência entre os graduandos e os professores responsáveis pela supervisão do estágio. Desse modo, incorpora-se ao processo de formação, dos alunos do curso de Odontologia, uma abordagem integral do processo saúde-doença e da promoção de saúde. Também favorece a troca de experiências entre os acadêmicos de Odontologia, os professores do curso, os professores do ensino fundamental, e com profissionais de outras áreas de atuação em saúde, ampliando a abrangência do projeto e promovendo a integralidade e a interdisciplinaridade. Busca-se, principalmente, beneficiar a formação dos profissionais de saúde que, por receber um tipo de capacitação diferenciada, amplia sua capacidade de comunicação com a comunidade, ampliando suas ações como educador e promotor de saúde. A comunidade também é beneficiada, pois tem acesso a ampliar seu conhecimento do processo saúde-doença de modo natural, o que possibilita uma maior absorção da informação. Outro benefício é a humanização do profissional de saúde que, através de técnicas que incentivam a sensibilidade e o trabalho em equipe, pode experimentar ser um educador sem, entretanto, ter que se portar com o tecnicismo que socialmente sua profissão sempre impõe. Os acadêmicos aplicam e testam a efetividade do conhecimento adquirido pela comunidade antes e após participarem de campanhas de educação em saúde, aonde os indivíduos são abordados de forma alternativa e lúdica, proporcionando uma ampliação de seu conhecimento em conceitos de saúde. Como resultado temos a formação de cidadãos-profissionais, na área da saúde bucal, críticos e reflexivos capacitados a desenvolver suas práticas voltadas para a promoção e manutenção da saúde, constituindo-se em agentes promotores de saúde. Profissionais com posturas criativas de construção do conhecimento, tendo como referência as necessidades dos usuários, que são extremamente dinâmicas. É fundamental que a aprendizagem em saúde signifique mais do que uma retenção de informações. O exercício da prática de educação popular em saúde Revista da ABENO • 11(1):81-132 91 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia pressupõe abertura, disponibilidade para ouvir o outro, pois, o ato participativo é humanizante. O essencial é ajudar o ser humano a ajudar-se, é fazê-lo agente de sua transformação. Descritores Educação. Saúde. Profissionais de Saúde. REFERÊNCIAS bibliográficas 1. Ceccim, Ricardo Burg; FERLA, Alcindo Antonio. Educação e saúde: ensino e cidadania como travessia de fronteiras. Trab. Educ. Saúde, v. 6 n. 3, p. 443-456, nov.2008/fev.2009. 2. Ruiz-Moreno, L. et al.l. Jornal Vivo: relato de uma experiência de ensino-aprendizagem na área da saúde. Interface (Botucatu) vol.9, no. 16, Botucatu Sept./Feb. 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S141432832005000100021&script=sci_arttext 3. Meyer, Ana Maria. O teatro como um recurso psicopedagógico Alternativo para a criança na escola. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, Faculdade De Educação, dissertação de mestrado, 2002. 4. Leme, Alexandre de Oliveira. Promoção de Saúde em cena: considerações teóricas para uma prática teatral de Educação em Saúde. Dissertação, Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública. São Paulo; 2005. 116 p. 5. Spolin, Viola . Jogos Teatrais. O fichário de Viola Spolin . São Paulo: Editora Perspectiva, 2001. Atividades desenvolvidas no projeto “A Universidade a Serviço da Saúde” Apresentador: Helena Maria Antunes Paiano Autores: Helena Maria Antunes Paiano, Eliane Ramin, Luiz Carlos Miguel, Denise Vizzotto Instituição: Universidade da Região de Joinville – UNIVILLE A UNIVILLE, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Joinville, aprovou o projeto “A UNIVERSIDADE A SERVIÇO DA SAÚDE” pelo PróSaúde II em 2008. Este projeto foi elaborado por uma equipe de professores dos cursos de Odontologia e Farmácia, visando a integração dos cursos no processo de formação dos acadêmicos. O Projeto é realizado no bairro Jardim Paraíso, localizado próximo ao Campus da Universidade da Região de Joinville. O objetivo do projeto é incentivar a transformação do processo de formação, geração de conhecimento e prestação de serviços à população para uma abordagem integral do processo saúde-doença. O eixo central é a integração ensino-serviço, com a conseqüente inserção dos estudantes no cenário real de práticas, a Rede do Sistema Único de Saúde (SUS). Enfatizar a educação em 92 saúde, capacitando profissionais das unidades de saúde, professores e alunos dos cursos envolvidos a utilizar técnicas educacionais alternativas. Elaborar modelo de prática farmacêutica no âmbito da atenção básica, visando à integralidade na atenção à saúde e o desenvolvimento desta assistência, considerando as peculiaridades regionais, articulado com as demais profissões de saúde e visando o desenvolvimento do SUS. As atividades são desenvolvidas junto às unidades básicas de saúde do Jardim Paraíso I e II, contemplando uma comunidade com aproximadamente 10 mil pessoas. Essas duas unidades representam a sede da articulação ensino-serviço e nucleia as ações do Pró-Saúde II com abrangência no bairro. A unidade básica de saúde do Jardim Paraíso I é responsável por 960 famílias e a do Jardim Paraíso II por 965 famílias. Este bairro tem, como característica, uma população jovem: 26% na faixa etária de 0 a 9 anos, 21% de 10 a 19 anos e 20% de 20 a 29 anos, sendo que 48% da população total do bairro tem uma renda de 1 a 3 salários mínimos (IPPUJ, 2008). A metodologia utilizada nestes três anos de projeto: criação da Comissão Gestora Local com discussões sobre todas as ações de saúde desenvolvidas no bairro e necessidades da unidade básica, quanto à adequação física, visando à inserção de estudantes no desenvolvimento das atividades neste local; capacitações com todos os docentes e discentes do curso de Odontologia e Farmácia sobre os objetivos do projeto; conhecimento da área de abrangência das unidades de saúde do Jardim Paraíso I e II pelos alunos, identificando os determinantes sócio-econômicos do processo saúde-doença; realização de territorialização pelos estudantes de Farmácia e Odontologia, acompanhando a equipe de saúde da família no bairro, contribuindo para a elaboração do mapa inteligente como instrumento auxiliar para atuação das agentes de saúde e como auxiliar no planejamento anual de todas as ações da unidade de saúde; atuação dos estudantes de Odontologia e Farmácia com a equipe de saúde da unidade no trabalho de educação em saúde com os idosos, abordando temas: saúde oral, uso de medicamentos, alimentação saudável, adesão ao tratamento, uso racional de plantas medicinais; treinamento para as agentes comunitárias de saúde sobre o manejo de pacientes analfabetos ou com dificuldades cognitivas, quanto à utilização de medicamentos, realizado por alunos de Farmácia; atividade de integração, atuação prática, e capacitação, junto aos profissionais de saúde pelos estudantes de Odontologia e Farmácia, visando minimizar dificuldades detectadas pelos profissionais responsáveis Revista da ABENO • 11(1):81-132 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia pelo setor, em relação a todo o aspecto, que circunda o trabalho com a comunidade; realização de levantamentos epidemiológicos de CPO-D e ceo-d (de dentes cariados, perdidos e obturados) das crianças nas escolas do bairro Jardim Paraíso: Escola Municipal Dr. Hans Dieter Schmidt, Escola Municipal Silvio Sniecikovski, CEI Bem-Me-Quer e CEI Paraíso da Criança pelos alunos do 30 ano de Odontologia; educação, orientação em saúde bucal e escovações supervisionadas para crianças de alto e baixo risco de cárie nas escolas do bairro pelos alunos do 30 e 40 ano de odontologia, semanalmente, no período matutino e vespertino; realização de visitas domiciliares à famílias em risco de adoecer na micro área 6, área de ocupação, junto ao público de crianças de zero a cinco anos realizando exames, diagnóstico, tratamento destas crianças, orientação sobre saúde bucal, dieta, técnicas de escovação, uso do flúor; agendamento de atividades educativas com as mães desta micro-área e pesquisa sobre o conhecimento de hábitos de higiene oral; desenvolvimento de campanhas de Promoção de Saúde Bucal (câncer bucal e outras); atendimento individual em consultório odontológico para a comunidade nas Unidades de Saúde do Jardim Paraíso I, II e clínicas da UNIVILLE. Com a implementação do Pró-Saúde II, busca-se intervir no processo formativo para que a graduação desloque o atual eixo da formação, centrado na assistência individual, prestada em unidades especializadas, para um processo sintonizado com as necessidades sociais, levando em conta as dimensões históricas, econômicas e culturais da população. Desta forma pretende-se a formação de cidadãos-profissionais críticos e reflexivos capacitados a desenvolver suas práticas voltadas para a promoção e manutenção da saúde, constituindo-se em agentes promotores de saúde. Profissionais com posturas criativas de construção do conhecimento, tendo como referência, as necessidades dos usuários, que são extremamente dinâmicas. Descritores Educação. Saúde. Equipe de Saúde. REFERÊNCIAS bibliográficas 1. Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde – PRÓ-SAÚDE- Brasília – DF-2007 2. Projeto Pró-Saúde II elaborado pela UNIVILLE, 2008. 3. Instituto de Pesquisa e Planejamento para o Desenvolvimento Sustentável de Joinville, 2008. 4. Projeto Político Pedagógico do Curso de Odontologia UNIVILLE, 2002 Experiência da faculdade de odontologia da UFMG no PETSaúde da Família Apresentador: João Henrique Lara do Amaral Autores: João Henrique Lara do Amaral, Andréa Clemente Palmier, Mara Vasconcelos, Mauro Henrique Nogueira Guimarães Abreu Instituição: Faculdade de Odontologia da UFMG INTRODUÇÃO O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde da Família (PET-Saúde) da Universidade Federal de Minas Gerais e Secretária Municipal da Saúde de Belo Horizonte (PET-Saúde/UFMG/SMSA/ PBH) teve início no ano de 2009, atendendo à necessidade de qualificar em serviço os profissionais da área da saúde, e oportunizar a formação dos estudantes de graduação pela experiência cotidiana do trabalho no Sistema Único de Saúde (SUS). O PET-Saúde é parte do esforço institucional do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde), dos Ministérios da Educação e da Saúde, que visa a reorientação da formação profissional sustentada pelo princípio da integralidade do cuidado segundo as necessidades da população, com ênfase na atenção primária, e na transformação do processo de produção do conhecimento. A segunda, e não menos importante referência na proposição do PETSaúde, são as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para a formação dos profissionais da saúde. Fundamentalmente, o PET-Saúde estrutura as ações dos grupos tutoriais segundo as necessidades de saúde e de produção de conhecimento localmente determinadas. São princípios do PET-Saúde/UFMG/ SMSA/PBH a formação profissional em saúde para o trabalho em equipe, a ênfase na integralidade do cuidado, a humanização, e a valorização da pesquisa como estratégia para impulsionar o processo de ensino-aprendizagem e avaliação. O projeto atua na perspectiva do desenvolvimento das competências gerais comuns aos profissionais da saúde como indicam as DCN. De forma conseqüente com esses objetivos os grupos tutoriais são de caráter multiprofissional no que tange ao corpo de tutores e conjunto de estudantes. A composição dos grupos obedece ao critério da maior diversidade de cursos entre os estudantes, independentemente da formação do tutor e da área de atuação profissional dos preceptores. Os grupos tutoriais, além da pesquisa, promovem uma grande variedade de ações segundo as necessidades locais, Revista da ABENO • 11(1):81-132 93 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia principalmente de promoção à saúde. Os campos de atuação do projeto PET-Saúde/UFMG/SMSA/PBH foram definidos por consenso entre a UFMG e a SMSA/PBH. No Curso de Odontologia da UFMG a implantação do PET-Saúde coincidiu com a mobilização da comunidade acadêmica para a tarefa de rever a matriz curricular considerando o que preconizam as DCN e os princípios e objetivos do Pró-Saúde. Objetivo Este trabalho visa relatar a experiência da Faculdade de Odontologia da UFMG (FO/UFMG) com o PET-Saúde/UFMG/SMSA/PBH, compartilhar as reflexões dos professores tutores oriundos do curso sobre o desenvolvimento do programa, e discutir os desafios que se colocam para a formação profissional do cirurgião-dentista. Materiais e Método É apresentado o perfil de composição e atuação dos grupos tutoriais, da participação de docentes e estudantes da FO/UFMG, e as primeiras contribuições do PET-Saúde na identificação de fragilidades a serem superadas pelo currículo de graduação. Resultados Na elaboração do projeto PET-Saúde/UFMG/ SMSA/PBH, participaram professores da UFMG, técnicos da Gerência de Assistência e do Centro de Educação em Saúde da SMSA/PBH. Os 14 grupos tutoriais estão presentes em 16 unidades de atenção primária à saúde (APS) distribuídas entre sete distritos sanitários do município de Belo Horizonte. Em 2011 participam do projeto 17 professores tutores, 84 profissionais preceptores, 168 estudantes bolsistas e um número variável de estudantes não bolsistas. Entre os 14 grupos tutoriais, alguns incorporam dois professores tutores. Os grupos atuam em três campos de interesse do SUS: avaliação das Linhas de Cuidado por Ciclos de Vida - saúde da criança, da mulher e do idoso; Promoção de Modos de Vida Saudáveis e Interface Saúde Ambiente. Os estudantes são oriundos de 11 áreas profissionais incluindo cursos da UFMG que ainda não implantaram estágio na Estratégia Saúde da Família. Participam prioritariamente estudantes dos primeiros períodos dos cursos estimulando a iniciação à prática profissional desde o começo da formação, e com perfil mais receptivo ao que propõe o programa. Entre os estudantes bolsistas 14 são do Curso de Odontologia. Assim como os estudantes da FO/UFMG têm a oportunidade de participar de grupos sob a supervisão de tutores e preceptores das diversas áreas da saúde, três tutores oriundos da FO/ UFMG acompanham estudantes e preceptores de 11 94 categorias profissionais. Desde o momento de implantação do PET-Saúde/UFMG/SMSA/PBH, três professores tutores da FO/UFMG desenvolvem suas ações junto à linha Interface Saúde Ambiente em duas unidades de APS. Com a Interface Saúde e Ambiente se propõe o estudo dos componentes socioambientais na compreensão e determinação do processo saúde doença. No primeiro ano do PET-Saúde/ UFMG/SMSA/PBH foi aprovada nos Comitês de Ética em Pesquisa da UFMG e da SMSA/PBH uma pesquisa visando conhecer as percepções sobre a relação entre saúde e ambiente de usuários, agentes comunitários de saúde e profissionais do serviço. Considerando os resultados da investigação, no ano seguinte, foi desenvolvida uma pesquisa-ação com os objetivos de avaliar os riscos ambientais à saúde de domicílios das áreas de abrangência das unidades de saúde, e de propor, de forma compartilhada com a população, ações visando à redução desses riscos. As iniciativas no campo da promoção à saúde nesses dois grupos tutoriais foram diversificas incluindo projeto de adequada destinação de resíduos sólidos, orientação de famílias com crianças portadoras de doenças respiratórias crônicas, atenção à saúde de escolares incluindo a organização do acesso à atenção odontológica, avaliação do fluxo de pacientes que recebem a vacina anti-rábica na unidade de saúde, avaliação da adesão da população à campanha de vacinação anti-rábica de cães e gatos, participação em projeto para a saúde sexual de adolescentes, e formação em primeiros socorros para cuidadores vinculados a uma das Unidades Municipais de Educação Infantil. Outro conjunto de ações se refere à participação dos grupos tutoriais em projetos assistenciais, campanhas de imunização e programas de educação permanente da SMSA/ PBH. A maioria dessas ações continua presente no terceiro ano de vigência do PET-Saúde/UFMG/ SMSA/PBH. O planejamento nos grupos tutoriais inclui a organização de atividades de capacitação para estudantes, preceptores e tutores. Entre os temas abordados destacam-se aqueles relativos à interface saúde ambiente, metodologia científica e promoção à saúde. O PET-Saúde/UFMG/SMSA/PBH tem oportunizado uma experiência quase que totalmente nova para estudantes e professores do Curso de Odontologia, que é de desenvolver a formação profissional do cirurgião-dentista de forma articulada com outros profissionais da saúde, não só pelo desenho do programa, mas principalmente, pelos princípios o que regem. Essa experiência não é a primeira na FO/ UFMG se for considerado um projeto de ensino mul- Revista da ABENO • 11(1):81-132 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia tiprofissional de dimensão bastante reduzida desenvolvido no início da última década, e outros de cunho extensionista, de pouca visibilidade, em razão da falta de clareza sobre o papel da extensão no processo de formação profissional. Pela distância que a FO/ UFMG ainda guarda de experiência dessa natureza, o PET-Saúde/UFMG/SMSA/PBH tem se tornado um espaço de formação diferenciada para estudantes e professores. Atualmente, na graduação, as oportunidades de integração com outras áreas estão restritas às disciplinas de Ciências Sociais Aplicadas à Saúde no 2º período do curso e de Estágio Supervisionado no 9º período. De forma positiva, o envolvimento dos estudantes do curso com as atividades dos grupos tutoriais, e o grau de interação alcançado com representantes de outras profissões da área da saúde, leva a crer que existe um potencial de mudança a ser explorado durante a graduação. Além disso, o programa tem possibilitado a formação dos professores em temas diversificados de caráter multiprofissional, em conteúdos pertinentes aos projetos de pesquisa e ao processo de ensino-aprendizagem e avaliação. Esses professores passam então a defender a necessidade de abertura de espaço na matriz curricular para o desenvolvimento de habilidades para o trabalho em equipe, e percebem a importância dos programas de desenvolvimento docente como condição necessária para a tarefa de ensinar. Nota-se ainda que o PETSaúde/UFMG/SMSA/PBH amplia o campo de atuação do cirurgião-dentista, uma vez que as necessidades de atenção á saúde, antes cobertas por determinada área profissional, demandam a contribuição da formação na área da Odontologia. Finalmente, PET-Saúde/UFMG/SMSA/PBH tem colaborado na identificação de conteúdos necessários à formação do cirurgião-dentista, tendo em vista principalmente o desenvolvimento de habilidades gerais comuns aos profissionais da área da saúde. Conclusão Para docentes e estudantes da FO/UFMG os princípios e desafios formulados pelas DCN e pelo PróSaúde tornam-se experiências do cotidiano no PETSaúde/UFMG/SMSA/PBH. O convívio durante o período da graduação com outras áreas profissionais da saúde descortina um conjunto bastante rico de alternativas de integração no trabalho em equipe, e de atividades no campo da promoção à saúde. Ao mesmo tempo em que se evidencia a distância entre estudantes e professores do curso de práticas e reflexões já exploradas por outros profissionais, percebese no corpo discente abertura e disposição para de- senvolver as habilidades necessárias que permitam a ele ocupar o lugar que lhe cabe na rede de cuidados. Quanto aos professores já integrados ao PET-Saúde, a disposição pela mudança do processo de formação profissional já antecede a experiência no projeto, o que desautoriza uma generalização para a totalidade do corpo docente. Cabe a esses professores interferir diretamente na avaliação e proposição de mudanças no curso de graduação, socializar suas experiências e a determinação de que o cirurgião-dentista seja formando em conformidade com os princípios do SUS. Além disso, o conhecimento compartilhado no espaço pedagógico do PET-Saúde/UFMG/SMSA/PBH é passível de ser transposto com adaptações para o cotidiano da prática docente. Descritores Equipe Interdisciplinar de Saúde. Educação em Saúde. Currículo. REFERÊNCIAS bibliográficas 1. Brasil. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação / Câmara de Educação. Resolução CNE/CES nº 3/2002, de 19 de fevereiro de 2002. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Odontologia. Brasília, DF, 19 fev. 2002. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/ cne/arquivos/pdf/CES032002.pdf > . Acesso em: 29 jan. 2008 2. Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde – Pró-Saúde: objetivos, implementação e desenvolvimento potencial / Ministério da Saúde, Ministério da Educação – Brasília: Ministério da Saúde, 2007. 88 p. 3. Brasil. Ministério da Educação e do Desporto, Ministério da Saúde. Portaria Interministerial nº 1.802, de 26 de agosto de 2008. Institui o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde – PET-Saúde. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 27 ago. 2008. Coluna 1. p. 27. Disponível em: < http://www.prosaude.org/leg/pet-saude-ago2008/1portariaINTERMINISTERIAL-1.802-26agosto2008-PET-Saude.pdf > Acesso em 23 jun. 2011. 4. Abreu MHNG, Palmier AC, Magalhães DF, Amaral JHL, Alves CRL. A experiência do Programa de Educação pelo Trabalho em Saúde da UFMG: o caso da interface saúde/ambiente. Educação em Foco. 2009;12(13):13-27. Integração/Interação: postura crítica do estudante. Apresentador: Joyce Cristina Chevi da Rocha Autores: Joyce Cristina Chevi da Rocha, Messias Aragão Gondim, Maria Isabel de Castro de Souza, Teresa Cristina Ávila Berlinck, Maria Eliza Barbosa Ramos Instituição: UERJ T endo em vista as mudanças ocorridas no perfil da demanda das necessidades populacionais, bem Revista da ABENO • 11(1):81-132 95 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia como, no preparo e capacitação de profissionais que atendem a este cenário, o Ministério da Educação e Associações de Ensino Superiores desenvolveram um novo modelo curricular através das novas Diretrizes Curriculares Nacionais. Para implementação deste novo conceito o Ministério da Saúde e o Ministério da Educação propuserem o Pró-Saúde, como mola motivacional das Instituições de Ensino Superior no Brasil. Com intuito de contribuir para o planejamento e implantação da reforma curricular da Faculdade de Odontologia da UERJ, foi objetivo deste estudo avaliar a opinião dos alunos, a respeito de cada disciplina cursada, abordando a seguinte questão: “As estratégias utilizadas na disciplina cursada desenvolveram uma postura crítica dos alunos?” Foi realizado um questionário informatizado, com perguntas fechadas. O aluno só poderia escolher uma resposta entre as opções: sempre, frequentemente, esporadicamente e nunca. As disciplinas eletivas não foram avaliadas. O número total de alunos que estudavam na FO-UERJ em 20101, período da avaliação, era de duzentos e doze (212) alunos. Mas somente cento e oitenta e dois (182), participaram do trabalho. Estes alunos eram do segundo ao oitavo período e, como é uma avaliação do período anterior ao que o aluno estava cursando, os alunos do primeiro período não responderam ao questionário e também não foram analisadas as disciplinas do oitavo período. A amostra final foi composta de cento e cinqüenta estudantes (150), o que corresponde a, aproximadamente, oitenta e dois por cento (82%) do total de alunos selecionados. Os resultados totais demonstraram uma resposta positiva, onde quarenta e seis por cento (46%) dos alunos responderam que sempre tiveram postura crítica, trinta e um por cento (31%) dos alunos responderam que freqüentemente se mostraram críticos em relação ao que foi apresentado, dezesseis por cento (16%) dos alunos disseram que esporadicamente tinham uma postura crítica e sete por cento (7%) dos alunos responderam que não desenvolveram postura crítica. Há a necessidade de modificações pontuais sobre essa questão, principalmente nas disciplinas que obtiveram os piores resultados entre todas, para a construção da nova grade curricular que será implantada. Pode-se concluir que atualmente os jovens têm uma postura crítica, denominada até de geração Y, e que os Docentes do Curso de Odontologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro estimulam e propiciam estratégias para que esta postura seja exteriorizada. 96 Descritores Odontologia. Educação em Saúde. Prática de Ensino-Aprendizagem REFERÊNCIAS bibliográficas 1. Almeida M, Feurwerker L, Llanos M. A educação dos profissionais de saúde na América Latina: teoria e prática de um movimento de mudança. São Paulo: Hucitec/ Buenos Aires: Lugar Editorial/ Londrina:Editora UEL; 1999. 2. Bagnato M. Inovações Pedagógicas na Educação Superior em Saúde: algumas reflexões. 2005. Disponível < [email protected] > PRAESA-Laboratório de Estudos e Pesquisas em Práticas de Educação e Saúde. Acesso em: 13 out. 2008. 3. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria 198/GM/MS. Diário Oficial da União nº 32/2004, Secção I.Brasil. Ministério da Saúde. Pró-Saúde: programa nacional de reorientação da formação profissional em saúde /Ministério da Saúde, Ministério da Educação. Brasília: Ministério da Saúde; 2005. 77 p. (Série C. Projetos, Programas e Relatórios). 4. Brasil. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CES nº 4, de 07/11/2001. Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina. Brasília: Câmara de Educação Superior; 2001. 5. Cunha MI. Inovações pedagógicas: tempos de silêncios e possibilidades de mudanças. Interface Comun Saúde Educ 2003;7(13):149-52 O PET-Saúde como instrumento de re-orientação do ensino em odontologia: a experiência da Universidade Federal do Espírito Santo Apresentador: Karina Tonini dos Santos Autores: Karina Tonini dos Santos, Caroline Marinho Gonçalves, Raquel Baroni de Carvalho Instituição: Universidade Federal do Espírito Santo A s Diretrizes Curriculares Nacionais e a consolidação do SUS levaram as instituições de ensino superior em saúde no Brasil a reformular seus currículos, deixando de formar profissionais apenas tecnicistas para formar profissionais voltados também para a realidade social, econômica, política e cultural do Brasil. O presente trabalho tem como objetivo discutir sobre o processo de re-orientação do ensino em saúde/ odontologia, relatando a experiência do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde), iniciado na UFES em 2010. O PET-Saúde foi criado pelo Ministério da Saúde em parceria com o Ministério da Educação, dando a oportunidade aos acadêmicos a vivenciarem o trabalho multidisciplinar dentro das Unidades de Saúde. As atividades extramuros propiciam um maior conhecimento, por parte dos alunos, Revista da ABENO • 11(1):81-132 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia que experimentam a estrutura dos serviços públicos de saúde, a participação no atendimento à população, a compreensão das políticas de saúde/ saúde bucal, o papel do cirurgião-dentista no serviço público, bem como o contexto social no qual futuramente o acadêmico poderá se inserir. O PET-Saúde oferece também um espaço de reflexão por meio das trocas de abordagens e experiências entre a realidade vivenciada pelos profissionais e os conhecimentos trazidos pelos alunos nos moldes acadêmicos. Conclui-se que para efetivação do SUS, os alunos dos cursos de saúde precisam de uma formação mais ampla, em ambientes diferenciados, com experiências inovadoras, atividades coletivas e não somente a prática tradicional realizada em clínica de ensino de especialidades. do Pró-Saúde, tem se mobilizado para implementar mudanças no seu currículo de graduação com ênfase na integralidade do cuidado à saúde, a prática cotidiana, na adoção de novos cenários de aprendizagem e de métodos de ensino participativos. Neste contexto, em 2007, a disciplina Ciências Sociais Aplicadas à Saúde (CSAS), ofertada no 2° período do curso, foi reformulada com o objetivo de propiciar a inserção dos estudantes nos serviços públicos de saúde no início da sua formação profissional, assumindo a realidade e a prática do SUS como objetos de ensino. Cabe ressaltar que esta nova proposta para a disciplina foi elaborada por um grupo de docentes com formação em saúde coletiva e profissionais da Secretaria de Saúde da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, MG. Objetivo Contribuições do Pró-Saúde para inovação do currículo do curso de Odontologia da UFMG Apresentar as inovações curriculares implementadas na disciplina Ciências Sociais Aplicadas à Saúde do curso de Odontologia da UFMG. Apresentador: Simone Dutra Lucas Autores: Andréa Clemente Palmier, João Henrique Lara do Amaral, Marcos Azeredo Furquim Werneck, Maria Inês Barreiros Senna, Simone Dutra Lucas Instituição: Faculdade de Odontologia da UFMG São descritas as inovações curriculares destacando os fundamentos da proposta atual quanto a objetivos de formação, conteúdos, métodos de ensino e avaliação. INTRODUÇÃO As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para os cursos de graduação em Odontologia, aprovadas em 2002, apontam na direção da diversificação de cenários no Sistema Único de Saúde (SUS) quando recomendam que a formação profissional deve incluir o sistema de saúde do país, a atenção integral à saúde e o trabalho em equipe. O relatório da 3ª Conferência Nacional de Saúde Bucal (2004) sinaliza na mesma direção quando valoriza os convênios entre as instituições formadoras e os serviços de atenção à saúde bucal como oportunidade de aproximação dos estudantes dos modelos assistenciais e da realidade social da população. Um componente importante de mudança na formação depois da promulgação das DCN para a área da saúde é o Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde) do Ministério da Educação e Ministério da Saúde. Ele foi lançado em 2005, e tem como objetivo geral “incentivar transformações do processo de formação, geração de conhecimentos e prestação de serviços à população, para abordagem integral do processo de saúde/doença”. A Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais (FOUFMG), em resposta às recomendações das DCN e Metodologia Resultados Originalmente, de 1982 até meados da década de 90, a disciplina de CSAS, com conteúdos de Sociologia, Antropologia e Psicologia era ministrada por professores da área de ciências humanas, a saber, assistentes sociais, sociólogos e docentes da área da Psicologia. Ao longo do tempo, os conteúdos foram assumidos por uma cirurgiã-dentista com formação na área da Saúde Coletiva. A reformulação da disciplina CSAS foi uma das primeiras iniciativas do curso no âmbito do Projeto Pró-Saúde da FO-UFMG. A superação do enfoque conceitual e fragmentado dos conteúdos foi buscada com a definição de um eixo estruturador: o processo saúde/doença. Deste tema derivam outros conteúdos correlacionados, organizados em quatro módulos: 1) representação social do processo saúde doença; 2) organização da atenção primária do SUS em Belo Horizonte; 3) organização do acesso e acolhimento; 4) determinação social do processo saúde doença. Além disso, buscava-se o desenvolvimento de atividades práticas, com a inserção dos estudantes, no começo da sua formação profissional, nos serviços públicos de saúde. Antes dessa mudança, os estudantes participavam de uma única visita às Unidades Básicas de Saúde (UBS) no início das atividades clínicas do quarto período do curso. Uma segunda oportunidade de contato com o SUS, Revista da ABENO • 11(1):81-132 97 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia essa mais efetiva, consistia na oferta do Estágio Supervisionado no último período da formação. A composição de equipe com cinco docentes com formação em saúde coletiva foi uma decisão importante para viabilizar as mudanças. A dinâmica da disciplina intercala as atividades de concentração em sala de aula com dispersão nos cenários. Durante as atividades de concentração busca-se a motivação dos estudantes para a construção do conhecimento científico dos temas abordados considerando as experiências do cotidiano e a prática social. Utilizam-se distintas estratégias de ensino (grupos de discussão, vídeos, seminários, apresentação de trabalhos, atividade interativa nos cenários de prática e socialização de produtos). Após cada atividade no campo de prática os estudantes elaboram uma síntese com as impressões previamente construídas e o que foi observado nos cenários. Estimula-se, com isso, que os discentes possam identificar as maiores ou menores aproximações entre as primeiras elaborações construídas pelo grupo e a prática social vigente. Desse modo, a realidade torna-se mediadora da aprendizagem. As atividades de dispersão são desenvolvidas em dez UBS localizadas em três Distritos Sanitários apoiadas pelo gestor local e trabalhadores. As ações compreendem a realização de uma enquete sobre o conceito de saúde dos diferentes sujeitos (usuários e trabalhadores da UBS), a coleta de informações sobre a gestão e o processo de trabalho, o registro da estrutura física, dos recursos materiais, humanos, a participação nas atividades de acolhimento e a realização de visitas domiciliares. Durante as visitas domiciliares, os alunos são acompanhados pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS). Até o momento, a avaliação dos estudantes é feita no contexto de cada grupo. Eles são avaliados na produção escrita, na habilidade de exposição e análise das situações observadas, e na coerência das conclusões considerando o aporte trazido pela literatura. Na socialização dos produtos em sala de aula observa-se a clareza na exposição das idéias, a capacidade de síntese, e a organização lógica entre o registro das observações, a habilidade crítica e as conclusões. Mais recentemente, a disciplina se configurou como um campo para a formação de docentes na área de saúde coletiva, com a inclusão dos alunos da pós-graduação da FO-UFMG. Conclusão O caminho metodológico proposto pela CSAS atende aos pressupostos das DCN e aos princípios do Pró-Saúde de produzir uma aprendizagem que tenha a realidade e a prática do SUS como objetos do ensi98 no. Vivenciar o processo de trabalho das UBS propicia o surgimento, para o estudante, de um conceito de trabalho que supera a ação centrada no profissional, na consulta clínica odontológica. Permite incorporação de outros educadores, no processo de formação, como os profissionais ligados aos serviços. Possibilita, também, o desenvolvimento da capacidade crítica do estudante de Odontologia facilitando a reformulação de conceitos e a conseqüente criação de novos conhecimentos. Quanto aos atores do serviço de saúde, estes atribuem importância à inserção dos futuros profissionais no SUS, mesmo no início do Curso de Odontologia quando as suas contribuições são limitadas; por compreenderem que se pode formar um profissional mais capacitado para atuar na saúde pública. O Pró-Saúde potencializou os esforços que vinham sendo implementados com o objetivo de promover a mudança da matriz curricular na FO-UFMG. No caso específico da disciplina de CSAS houve um fortalecimento das ações e motivação dos professores com pronta resposta da parte da Coordenação de Saúde Bucal do Município de Belo Horizonte. A abertura dos novos cenários de prática para a disciplina envolveu desdobramentos no contexto do Pró-Saúde incluindo a realocação e aquisição de equipamentos para os cenários do Estágio Supervisionado do nono período do curso. Outro avanço importante foi a mudança da disciplina de CSAS do segundo para o primeiro período na nova matriz curricular atendendo à expectativa de inserção dos estudantes à prática desde o início da formação. Espera-se que as inovações citadas subsidiem outras iniciativas que visem uma maior aproximação dos estudantes da prática profissional, e que sirva de parâmetro na organização e planejamento de outros conteúdos vinculados à saúde coletiva a serem incluí¬dos na formação profissional. Considera-se que a experiência da disciplina incorpora os três eixos do Pró-Saúde: a) orientação teórica devido ao seu referencial teórico que é o processo saúde/doença; b) cenários de prática pela integração ensino-serviço e diversificação dos cenários de aprendizagem e c) orientação pedagógica por meio da adoção de metodologias ativas de ensino-aprendizagem e pela e análise crítica da atenção primária. DESCRITORES Currículo. Odontologia. SUS. REFERÊNCIAS bibliográficas 1. Batista N et al.. O enfoque problematizador na formação de profissionais da saúde. Rev Saúde Pública 2005; 39 (2) 231-237. 2. Brasil. Lei n. 8080 – 19 set. 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organi- Revista da ABENO • 11(1):81-132 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia zação e o funcionamento dos serviços correspondentes, e dá outras providências. Diário Oficial, Brasília, 20 set. 1990. 3. Brasil. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. 3ª Conferência Nacional de Saúde Bucal, Brasília, DF, de 29 de julho a 1º de agosto de 2004 – Relatório Final. Disponível em: http://www.saude.sc.gov.br/Eventos/ConferenciaSaudeBucal/relatorio_nacional.pdf 4. Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde – Pró-Saúde. Série C. Projetos, Programas e Relatórios. Brasília, DF, 2005. 5. Conselho Federal de Educação. Resolução no. 04, de 03 de setembro de 1982. Fixa os mínimos de conteúdo e duração do curso de Odontologia. Ministério da Educação e Cultura. Diário Oficial, 16/09/1982 PET-Saúde UNIFOR no combate à dengue através da reciclagem Apresentador: Lucianna Leite Pequeno Autores: Lucianna Leite Pequeno, Ivana dos Santos Fonseca, Laís Aguiar de Oliveira, Natali Sales Martins, Lauana Rocha Bonfim Instituição: UNIFOR INTRODUÇÃO A dengue é um dos principais problemas de saúde pública no mundo. No Brasil, as condições socioambientais são favoráveis à expansão do Aedes aegypti. O aumento de sua ocorrência tem se tornado bastante preocupante para toda a sociedade, principalmente para as autoridades de saúde, em virtude da necessidade de aumento da capacidade dos serviços para atender pessoas acometidas com as formas mais graves da doença (Barreto, 2008). Deter o vetor é o único método viável de intervenção no controle da dengue, pois ainda não há vacina nem tratamento específico para combatê-la Existe um grande problema no combate ao mosquito, pois sua reprodução ocorre em qualquer recipiente utilizado para armazenar água, como por exemplo, pneus, folhas de plantas, caixas d’água e garrafas, tanto em áreas sombrias como ensolaradas. Esse fator facilita a disseminação da doença (Ministério da Saúde, 2011). A destinação final do lixo é um dos maiores problemas dos centros urbanos e a reciclagem de resíduos sólidos está entre as principais soluções para esse problema (Hisatugo, 2007). Resíduos sólidos são problemas sanitários, ambiental, econômico e estético; são materiais heterogêneos (inertes, minerais e orgânicos) que vêm da ação humana e da natureza, que podem ser utilizados parcialmente, gerando proteção a saúde pública e economia de recursos naturais. Não devemos enxergar o lixo como algo sujo e inútil em sua totalidade. O lixo pode ser fonte de riqueza e precisa ser separado para ser reciclado. Portanto, é preciso quebrar a cadeia de transmissão, eliminando o mosquito dos locais onde se reproduzem. Para a prevenção e medidas de combate à dengue, há a necessidade de se executar medidas de controle que exigem a participação e a mobilização de toda a comunidade, caso contrário, as ações isoladas poderão ser insuficientes para acabar com os focos da doença (Medronho, 2008). Medidas educativas são necessárias na produção de atitudes diferentes, modificando hábitos para contribuir para o avanço da conscientização sobre a problemática socioambiental, produzindo sujeitos atentos e participativos na melhoria da qualidade de suas vidas (Tavares, 2003). O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) consiste em uma estratégia conjunta dos Ministérios da Saúde e da Educação, destinado a fomentar grupos de aprendizagem tutorial em áreas estratégicas e prioritárias para o Sistema Único de Saúde (SUS), por meio de atividades de ensino, pesquisa e extensão (BRASIL, 2010). O Programa tem como pressuposto a educação pelo trabalho e disponibiliza bolsas para tutores, preceptores (profissionais do serviço) e estudantes de graduação da área da saúde, sendo uma das estratégias do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde, o PRÓ-SAÚDE, em implementação no país desde 2005. O PET-Saúde objetiva integrar ensino-serviço-comunidade, viabilizando o aperfeiçoamento e a especialização em serviço, bem como a iniciação ao trabalho, aos estágios e a vivências, dirigidos, respectivamente, aos profissionais e estudantes da área da saúde, de acordo com as necessidades do SUS. Em decorrência da epidemia de dengue instalada no município de Fortaleza e no estado do Ceará no primeiro semestre de 2011, bem como por ser esta temática um dos eixos prioritários definidos pela coordenação nacional do PET-Saúde, o fortalecimento e a ampliação das ações de combate à dengue foram incluídos como prioridade no plano de ação das atividades do Pet-Saúde da Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Objetivo Relatar a experiência dos alunos do PET-Saúde da UNIFOR no desenvolvimento de um projeto de educação em saúde para a prevenção da dengue durante o acolhimento odontológico do Centro de Saúde da Família (CSF) Edmar Fujita da Secretaria Executica Regional (SER) VI da Secretaria Municipal de Saúde de de Fortaleza, CE. Revista da ABENO • 11(1):81-132 99 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia Materiais e Método Trata-se de um relato de experiência, em uma CSF de Fortaleza- Ceará, realizada durante o acolhimento em saúde bucal com usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), no período de epidemia da dengue no município de Fortaleza e foi realizado de fevereiro a abril de 2011. A atividade educativa ocorreu semanalmente com a participação de integrantes do PETSaúde envolvendo alunos dos cursos de odontologia, fonoaudiologia e terapia ocupacional, juntamente à equipe de saúde bucal da Prefeitura Municipal de Fortaleza, integrante de uma equipe de saúde da família do C.S.F. Edmar Fujita, que fica no bairro Boa Vista. O acolhimento odontológico divide-se em três etapas: a primeira, uma atividade de caráter educativo geral e/ou específico; a segunda, o exame de necessidades odontológicas; e a terceira, o agendamento clínico para tratamento odontológico. Durante a etapa de caráter educativo, cada aluno, com a vivência de sua áreas de atuação, elaborou atividdaes de ducaçao em saúde, utilizando exposiçoes interativas, cartazes, panfletos, sobre a temática da dengue, seus sintomas e formas de prevení-la. A seguir, falou-se sobre os cuidados com o descarte do lixo e maneiras de reaproveitá-lo, que é uma forma de prevenir a dengue, já que o lixo pode se tornar criadouro do mosquito transmissor da doença. Para se estimular o aproveitamento do lixo, realizou-se uma demonstração prática de como se fabricar brinquedos e utensílios domésticos e de decoração a partir do lixo reciclável, reaproveitando materiais que seriam descartados no lixo doméstico. Os alunos utilizaram garrafas pet, cola, bandejas de isopor, papel e tesoura. Passo a passo, foi demonstrado como fazer porta-jóias, portaretratos, bombonieres, lembrancinhas de aniversário, etc. Depois, distribuíram-se esses mesmos materiais como base para que os usuários pudessem confeccionar seus próprios objetos. na continuidade do projeto para reutilização de outros materiais que, normalmente, vão para o lixo. Conclusão Oa alunos do PET-Saúde da UNIFOR perceberam que o trabalho multiprofissional motiva e amplia o olhar para os problemas de saúde e que se faz necessário que os trabalhadores da saúde atuem de forma interdisciplinar, abordando assuntos em suas atividades educativas que estão além de suas áreas específicas de atuação. Pôde-se notar ainda que se utilizar de mecanismos ligados a práticas cotidianas da população aproxima profissional/usuário e desperta maior interesse para educação em saúde, uma vez que existe a tendência de haver maior interesse dos pacientes pelo atendimento clínico, pela cura da doença, pelo remédio e não pela priorização da prevenção de problemas. Essa visão mais abrangente gera possibilidades e amplia os conhecimentos de forma dinâmica. Descritores Dengue. Odontologia e Educação e Saúde. Reciclagem. REFERÊNCIAS bibliográficas 1. Brasil. Ministério da Saúde. Programa Nacional de Controle da Dengue. Disponível em: < http://portal.saude.gov.br/saude/area.cfm?id_area= 920 > . Acesso em: 13 jun. 2011. 2. Barreto, Maurício L.; Teixeira, Maria Glória. Dengue no Brasil: situação epidemiológica e contribuições para uma agenda de pesquisa. Estudos Avançados: São Paulo, v. 22, n. 64, 14 out. 2008. 3. Hisatugo, Erika; Marçal Júnior, Oswaldo. Coleta seletiva e reciclagem como instrumentos para conservação ambiental: um estudo de caso em Uberlândia, MG. Sociedade & Natureza (online): Uberlândia, v. 19, n. 2, 2007. 4. Medronho, Roberto de Andrade. Dengue no Brasil: desafios para o seu controle. Cad. Saúde Pública: Rio de Janeiro, v. 24, n. 5, maio 2008. 5. Tavares, Carla; Freire, Isa Maria. “Lugar do lixo é no lixo”: estudo de assimilação da informação. Ciência da Informação: Brasília, v. 32, n. 2, 2003. Resultados Durante as atividades de ducaçao em saúde sobre a doença dengue e a fabricação dos objetos a partir do material reciclável, os usuários do SUS participantes do acolhimento odontológico se mostraram atenciosos e participativos, relatando experiências individuais vivenciadas sobre o tema, diferente do que normalmente acontecia quando se fazia educação em saúde apenas com exposições orais; antes, independente do tema, os usuários se mostravam desinteressados, dispersos e ansiosos por suas consultas clínicas. Foi também despertada a curiosidade e a empolgação na execução dos utensílios, demonstrando interesse inclusive 100 Pró-Saúde e PET-Saúde em uma UBASF: a percepção dos gestores e profissionais de saúde Apresentador: Lucianna Leite Pequeno Autores: Lucianna Leite Pequeno, Renata Cavalcanti Machado Costa, Sharmênia de Araujo Soares Nuto, Ticiana Campos Damasceno, Ticiane Pedrosa de Moura Instituição: UNIFOR INTRODUÇÃO Ao considerar que a Política Nacional de Atenção Revista da ABENO • 11(1):81-132 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia Básica (Brasil, 2006) atribui ao Ministério da Saúde a função de articular, junto ao Ministério da Educação, estratégias de indução a mudanças curriculares nos cursos de graduação na área da saúde, visando à formação de profissionais com perfil adequado à Atenção Básica, o Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (PRÓ-Saúde) foi lançado por meio da Portaria Interministerial MS/ MEC nº 2.101, de 03 de novembro de 2005, com o objetivo principal da integração ensino-serviço, garantindo a reorientação da formação profissional e assegurando uma abordagem integral do processo saúde-doença com ênfase na Atenção Básica, promovendo transformações na prestação de serviços à população (Brasil, 2009). Posteriormente, como forma de fortalecimento do já existente PRÓ-Saúde, foi criado o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde), instituído pela Portaria Interministerial MS/MEC N° 1.802/08, de 26 de agosto de 2008, com o objetivo de formar grupos de aprendizagem tutorial no âmbito da Estratégia Saúde da Família, caracterizando-se como instrumento para qualificação em serviço dos profissionais da saúde, bem como de iniciação ao trabalho e vivências dirigidos aos estudantes das graduações em saúde, de acordo com as necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Conforme a legislação vigente do Programa, o monitoramento e a avaliação dos grupos fundamenta-se em algumas diretrizes, incluindo a participação dos alunos em atividades de ensino, pesquisa e extensão (Brasil, 2009). As iniciativas do PRÓ-Saúde e PETSaúde, assim como outras que ampliem a relação ensino-serviço, devem ser fortalecidas, uma vez que a articulação entre as Instituições de Ensino Superior (IES) e o sistema de saúde potencializa respostas às necessidades concretas da população brasileira, mediante a formação de recursos humanos, a produção do conhecimento e a prestação dos serviços com vistas ao fortalecimento do SUS (Brasil, 2008). A Universidade de Fortaleza (UNIFOR), em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de Fortaleza, foi contemplada em 2008 com os programas PRÓ-Saúde e PET-Saúde, os quais possuem projetos envolvendo as Unidades Básicas de Saúde da Família (UBASF), da Secretaria Executiva Regional VI e dos cursos de graduação do Centro de Ciências da Saúde, incluindo Ciências da Nutrição, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Odontologia e Terapia Ocupacional. A avaliação, como componente da produção de conhecimento em saúde tem hoje grande relevância nas iniciativas voltadas para sua interpretação nas diversas dimensões do SUS. Esta deve fornecer suporte aos processos decisórios no âmbito do sistema de saúde, subsidiar a identificação de problemas e a reorientação de ações e serviços desenvolvidos, avaliar a incorporação de novas práticas sanitárias na rotina dos profissionais e mensurar o impacto das ações implementadas pelos serviços e programas sobre o estado da saúde da população (Oliveira, 2009). Sabe-se o quanto a institucionalização da avaliação em saúde é necessária para o adequado acompanhamento de programas, projetos e ações. Neste contexto, surge a necessidade de conhecer como gestores e profissionais de saúde avaliam a inserção dos alunos dos Projetos PRÓ-Saúde e PET-Saúde, bem como as atividades desenvolvidas por estes conforme objetivos dos programas. OBJETIVO Conhecer a percepção dos gestores e profissionais da saúde da UBASF Maria de Lourdes Ribeiro Jereissati acerca da inserção de alunos do PRÓ-Saúde e PET-Saúde da UNIFOR. MATERIAIS E MÉTODO Realizou-se estudo qualitativo por meio de entrevistas semiestruturadas, aplicadas a 19 profissionais de nível superior, previamente selecionados de forma intencional. O critério de inclusão foi o início do seu trabalho na unidade de saúde no ano anterior a 2008, de forma a garantir que todos os entrevistados estivessem presentes durante a inclusão dos projetos. Foram excluídos os profissionais que trabalhavam no turno noturno e os que se encontravam no período de férias ou licença maternidade durante a coleta de dados. A amostra final foi composta de 16 profissionais, sendo quatro cirurgiões-dentistas, quatro médicos, seis enfermeiros e dois gestores. A análise qualitativa ocorreu por meio da análise de conteúdo, preconizada por Bardin (2002). Por meio da análise de conteúdo, construíram-se quatro categorias de análise: Conhecimento sobre os projetos e seus objetivos; Processo de inserção dos alunos na UBASF e na comunidade; Benefícios dos projetos: realidade ou utopia; O que precisa ser aprimorado. Para a realização das entrevistas, os sujeitos foram informados quanto aos objetivos do estudo e, após os esclarecimentos, aceitaram participar voluntariamente a partir da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIFOR, processo N°128/2010. RESULTADOS A apresentação dos resultados foi possível conforme as categorias de análise apresentadas anterior- Revista da ABENO • 11(1):81-132 101 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia mente. Conhecimento sobre os projetos e seus objetivos - Quando indagados sobre a compreensão que tinham dos projetos PRÓ-Saúde e PET-Saúde e dos seus objetivos, a maioria dos sujeitos não apresentou consistência em sua resposta. Sobre o conhecimento acerca dos objetivos dos projetos para a UBASF, a maioria respondeu conhecer, embora também sem propriedade; outros não conheciam. Alguns dos entrevistados mostraram-se indiferentes a implantação das ações do PRÓ-Saúde e do PET-Saúde na UBASF (25% e 12,5% respectivamente), porém a grande maioria apresentou-se de maneira positiva frente à questão, considerando excelente (PRÓ - Saúde 18,8%; PET-Saúde 37,5%) e bom (PRÓ - Saúde 56,3% e PET- Saúde 50,0%). Processo de inserção dos alunos na UBASF e na comunidade - A ausência de integração dos alunos com os demais profissionais da unidade que não estejam desempenhando a função de preceptoria foi relatada. Este fato pode ser um dos determinantes para resistência destes profissionais em aderir às mudanças propostas pelos projetos de intervenção, principalmente aquelas relacionadas ao modelo assistencial centrado na doença. Em relação à aceitação da comunidade, a maioria dos entrevistados afirmou que a população tinha recebido a inserção dos estudantes nos serviços de forma positiva, porém houve divergência de pensamentos no que diz respeito ao entendimento de que os alunos em questão faziam parte dos projetos ou se estes estiveram inseridos como estagiários do local. Benefícios do projeto: realidade ou utopia - Quando indagados sobre os benefícios proporcionados pelos projetos, os sujeitos não discorreram muito sobre tema, restringindo-se à reforma da estrutura física da unidade, à oferta de serviços assistenciais e individuais; alguns relataram desconhecimento sobre aspectos que melhoraram na UBASF e na comunidade. Os benefícios foram identificados pela maioria dos entrevistados, destacando-se o que mais foi relatado: maior escuta do paciente; população mais participativa e informada; reforma da estrutura física; aumento do número de procedimentos realizados na unidade; inclusão de novos profissionais formando a equipe ampliada de saúde; presença de atividades diferenciadas; a vinda de novas tecnologias provenientes da parceria com a IES; e a melhoria na qualidade dos serviços. No entanto, a contribuição oferecida pelos projetos não foi evidenciada, ou não imperceptível para todos. Quando perguntados diretamente sobre a percepção dos benefícios do PRÓ-Saúde para a melhoria da infraestrutura da UBASF, a maioria dos entrevistados mos102 trou satisfação com a reforma, classificando-a como excelente (6,3%), boa (75%), regular (12%) e indiferente (6,3%). Apesar disso, quando questionados sobre as principais dificuldades encontradas em decorrência da inserção dos alunos, bem como da execução das ações previstas no PRÓ-Saúde e no PETSaúde, os entrevistados citaram principalmente a estrutura física em decorrência da indisponibilidade de salas. Outros obstáculos também foram citados, como: ausência de tempo dos profissionais da unidade; pouca integração entre o planejamento dos cursos e projetos; insuficiente continuidade das atividades; carência de material e ausência de estacionamento para os alunos no local. No que diz respeito à melhoria da qualificação e da educação permanente dos profissionais que atuam na UBASF, a maior parte dos entrevistados afirmou que estas têm sido proporcionadas pelo PRÓ-Saúde e PET-Saúde. O que precisa ser aprimorado - Os profissionais entrevistados acreditavam que os aspectos a serem aprimorados para melhor atender às necessidades do serviço e à formação dos profissionais de saúde eram: maior divulgação dos projetos durante as rodas de gestão da unidade, de modo que os objetivos pudessem ser discutidos com todos os profissionais que atuavam na UBASF; atualização científica dos profissionais; adequação da carga horária dos profissionais para atender os alunos fora do seu horário de trabalho e treinamento envolvendo os profissionais da unidade. CONCLUSÃO Na busca pelo aumento da inserção da formação da graduação em saúde no SUS, os projetos PRÓSaúde e PET-Saúde têm resultado em avanços e desafios. A inserção dos alunos para a adequação das diretrizes curriculares nacionais está sendo proporcionada e fortalecida pela atuação em saúde coletiva. Em relação à percepção dos profissionais de saúde e gestores da UBASF, ainda é preciso melhorar no que diz respeito à infraestrutura para melhor atender a inserção dos alunos. A maioria dos entrevistados de fato não sabia o que eram esses projetos, indicando uma possível falta de divulgação por parte dos seus integrantes e/ou pouco interesse dos profissionais que não estavam diretamente envolvidos. Embora alguns profissionais não reconhecessem a devida importância dos projetos para a UBASF, mais que a oportunidade desses profissionais estarem engajados ou desta fazer parte do PRÓ-Saúde e PET-Saúde, houve melhoria no processo de trabalho, na qualificação dos profissionais envolvidos, nos protocolos de atendimento e, consequentemente, na qualidade dos servi- Revista da ABENO • 11(1):81-132 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia ços ofertados, adequando as atividades desenvolvidas pelos projetos às necessidades da unidade. Descritores Programas Nacionais de Saúde. Avaliação de Programas e Projetos de Saúde. Serviços de Integração Docente-Assistencial. REFERÊNCIAS bibliográficas 1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. . Portaria 648/2006. Política nacional de atenção básica. Série Pactos pela Saúde 2006; v. 4. Brasília, 2006. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde – Pró-Saúde. Brasília, 2009. 3. Brasil. Ministério da Saúde.Portaria Interministerial nº 1.802/ MS/MEC. Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde). Diário Oficial da União nº 165. Brasília, 27ago. 2008; Seção 1, p 27. 4. Oliveira Darmet al.. A Utilização da Informação em Saúde Pelo Enfermeiro: Cenário de Integração entra Ensino e Serviço. 61° Congresso Brasileiro de Enfermagem. Transformação Social e Sustentabilidade Ambiental; 2009 dez. p.1592-1594; Ceará, Brasil. 5. Bardin L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2002. 225p. Inserção do graduando do curso de odontologia no PET Saúde da Família da Universidade de Fortaleza Apresentador: Lucianna Leite Pequeno Autores: Lucianna Leite Pequeno, Mariana Ramalho de Farias, Karol Silva de Moura, Maria Albertina Rocha Diógenes Instituição: UNIFOR INTRODUÇÃO O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) foi instituído pela Portaria Interministerial dos Ministérios da Saúde e da Educação MS/MEC Nº 1.802, de 26 de agosto de 2.008 e posteriormente regulamentado pela Portaria Interministerial nº 421, de 03 de março de 2010 (Brasil, 2008; 2010). O Programa tem como pressuposto a educação pelo trabalho e disponibiliza bolsas para tutores, preceptores (profissionais do serviço) e estudantes de graduação da área da saúde, sendo uma das estratégias do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde, o PRÓ-SAÚDE, em implementação no país desde 2005. O PET-Saúde objetiva integrar ensino-serviço-comunidade, viabilizando o aperfeiçoamento e a especialização em serviço, bem como a iniciação ao trabalho, aos estágios e a vivências, dirigidos, respectivamente, aos profissionais e estudantes da área da saúde, de acordo com as necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente, o PET-Saúde está dividido em áreas temáticas: PET Saúde da Família; PET Vigilância e PET Saúde Mental. A experiência apresentada por este trabalho é o PET Saúde da Família. Cada grupo PETSaúde/Saúde da Família é formado por um tutor acadêmico, 30 estudantes e seis preceptores. Na Universidade de Fortaleza (UNIFOR), o projeto ocorre pela implementação dos Sistemas Locais Saúde-Escola na Secretaria Executiva Regional VI do município de Fortaleza, Ceará, integrando a Estratégia de Saúde da Família com o ensino de graduação nas áreas de Ciências da Nutrição, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Odontologia e Terapia Ocupacional. O PET-Saúde/ Saúde da Família da UNIFOR, inicialmente, para o ano de 2009, foi estruturado em três grupos, envolvendo seis Centros de Saúde da Família (CSF). Conforme previsto em edital para o biênio 2010-2011, mais um grupo foi criado, totalizando quatro, sob a tutoria, cada um, de docentes da UNIFOR, sendo dois do curso de Odontologia, com pós-graduação em Saúde Coletiva, um do curso de Medicina com pósgraduação em Medicina de Família e Comunidade e Saúde Pública e um do curso de enfermagem, com pós-graduação em Educação em Saúde. As atividades são desenvolvidas em oito CSF, do município de Fortaleza, sob preceptoria de 24 profissionais da Estratégia Saúde da Família e do Núcleo de Apoio à Saúde da Família, sendo doze enfermeiros, seis odontólogos, quatro médicos, um farmacêutico e um psicólogo, responsáveis por cerca de 120 alunos. As equipes se constituem e atuam de forma a garantir não somente o multiprofissionalismo, mas a interdisciplinaridade para o desenvolvimento de ações como: inserção comunitária, por meio da apropriação do território e do desenvolvimento de projetos de extensão junto à comunidade adscrita; participação no serviço de saúde, a partir da observação e coparticipação da atenção ofertada e da construção de protocolos que permitam a reorientação dos serviços, conforme as necessidades da comunidade e de acordo com os princípios e diretrizes do SUS; educação permanente e co-gestão do processo de trabalho no território, mediante o desenvolvimento de atividades de ensino direcionadas aos alunos e profissionais do serviço por meio de discussões teórico-vivenciais. Os estudantes, sempre sob orientação dos preceptores e tutores, desenvolvem também projetos de pesquisa, Revista da ABENO • 11(1):81-132 103 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia objetivando a qualificação da atenção básica e reestruturação das redes de atenção à saúde, conforme os ciclos de vida. Considerando a necessidade de sensibilização e formação de recursos humanos em saúde com perfil adequado às necessidades e às políticas do país e à urgente implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de graduação da área da saúde, surgiu o interesse em compreender como esse processo ocorre em relação aos acadêmicos do curso de Odontologia da UNIFOR. Objetivo Relatar a experiência da inserção do graduando do curso de Odontologia nas atividades de ensino, pesquisa e extensão, do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde da Universidade de Fortaleza. Materiais e Método Relato de experiência, de caráter descritivo, dos processos de seleção e inserção, conduzidos pela coordenação do Programa, bem como das atividades desenvolvidas pelos alunos do curso de Odontologia no PET-Saúde/Saúde da Família da UNIFOR. A descrição da experiência refere-se ao período de 2009 a 2011. Para a sistematização dos dados, foram consultadas as fichas de cadastro do Sistema de Informação Gerencial do PET (SIGPET), os relatórios semestrais elaborados entre 2009 e 2011, os projetos de pesquisa registrados pelo Comitê de Ética e os projetos de extensão cadastrados na Vice-Reitoria de Extensão. Resultados Durante o período analisado, participaram do PET-Saúde/Saúde da Família cerca de 60 estudantes do curso de Odontologia da UNIFOR, abrangendo alunos matriculados do quarto ao décimo semestre. Desse total, 35 eram monitores bolsistas. Em relação aos projetos de extensão, foram desenvolvidos 37 projetos, os quais abordaram diversos temas consoantes as demandas identificadas durante o diagnóstico situacional da comunidade, do serviço de saúde e dos espaços sociais adscritos (UNIFOR, 2009; 2010; 2011). As atividades realizadas pelos projetos de extensão foram: educação em saúde nas escolas, creches e sala de espera das unidades de saúde; implantação da pósconsulta no ambulatório de hipertensão arterial sistêmica e diabetes melittus; implantação da sala de espera em ambulatório de puericultura; implantação do grupo de educação em saúde para gestantes; atividades educativas e lúdicas como meio de socialização de idosos; divulgação e esclarecimentos sobre o SUS; promoção e prevenção de saúde para adolescentes; ações antitabagistas; formação de grupo de hipertensos e diabéticos; oficina permanente de acolhi104 mento às gestantes; como identificar, prevenir e cuidar riscos ocupacionais do agente comunitário de saúde; criação do grupo de idosos; promoção da saúde infantil; saúde sexual e reprodutiva para adolescentes; acolhimento e sala de espera; programa saúde na escola; capacitação dos conselheiros locais de saúde; reestruturação do comitê territorial de prevenção e combate à violência contra a criança e o adolescente; nutrição e odontologia – uma prática interdisciplinar; prevenção de distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho; promoção e prevenção de DST/ HIV/AIDS; implantação do tratamento diretamente observado (TDO) para os portadores de tuberculose; capacitação de agentes comunitários de saúde; crescimento e desenvolvimento infantil; aleitamento materno; imunização; preenchimento do cartão vacinal; tuberculose; hanseníase; hipertensão; políticas públicas de saúde; estratégia de saúde da família; papel do agente comunitário de saúde; capacitação para cuidadores de idosos (UNIFOR, 2009; 2010; 2011). É importante ressaltar que os alunos do curso de Odontologia realizaram as atividades juntamente com os demais componentes do grupo, contemplando outras áreas da graduação em saúde, proporcionando e fomentando assim o trabalho interdisciplinar. Quanto às atividades de pesquisa, desenvolveram-se 53 projetos de pesquisa, contemplando as seguintes temáticas: avaliação da inserção dos alunos da graduação na atenção básica; avaliação da qualificação da atenção básica na estratégia de saúde da família; processamento de dados demográficos, socioeconômicos e epidemiológicos da ficha A por micro-áreas; abordagem problematizadora de educação alimentar com grupo de adolescentes; territorialização; avaliação da gestão local sobre acolhimento, participação social e promoção da saúde; puericultura coletiva: atuação interdisciplinar de integrantes do PET-saúde; risco ocupacional dos agentes comunitários de saúde; contexto das ações e estratégias dos trabalhadores de saúde na atenção à saúde da criança; atenção básica e condições crônicas como eixo estruturante das redes de atenção à saúde; percepções dos usuários sobre o acolhimento; atenção à saúde da criança: a comunidade ampliada de pesquisa dos agentes comunitários de saúde; análise da qualidade dos registros nas fichas de investigação domiciliar de óbitos infantil e fetal; direitos humanos e violência intrafamiliar e a sua relação com a mortalidade materna e infantil; percepção de jovens sobre gravidez na adolescência; percepção da família sobre a influência do vínculo familiar no desenvolvimento sexual de adolescentes; atenção Revista da ABENO • 11(1):81-132 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia à saúde do adolescente; percepção dos usuários do CAPSad sobre a dependência de crack e outras drogas; perfil epidemiológico de DST encontradas na cavidade oral em profissionais do sexo; perfil do planejamento familiar de pacientes de um centro de saúde da família; avaliação do processo de assistência domiciliar ao idoso; avaliação da prática de educação em saúde para adolescentes na rede básica de saúde da Regional VI (UNIFOR, 2009; 2010; 2011). Dessa forma, foram apresentados em eventos locais e nacionais 171 trabalhos científicos, evidenciando o estímulo e a capacidade de produção científica dos participantes do PET. A contribuição do PET-saúde na saúde do idoso através da formação de grupos na atenção básica Conclusão A própria história denuncia que os idosos sempre foram desassistidos de benefícios legais, sendo alvo de preconceito até os dias atuais, o que se torna um grande obstáculo para uma plena e sociável vivência da velhice. Os cuidados para uma pessoa idosa devem visar à manutenção de seu estado de saúde, com uma expectativa de vida ativa máxima possível, junto aos seus familiares e à comunidade, com independência funcional e autonomia. A Política de Promoção da Saúde determina o desenvolvimento de um conjunto de ações de saúde no âmbito individual e coletivo que abrangem: a promoção, a proteção, o diagnóstico, a reabilitação e manutenção da pessoa idosa. Visando atender às necessidades do Sistema Único de Saúde, as Instituições de Ensino Superior vem criando novos projetos político pedagógicos, que promovam de forma responsável a inserção de graduandos nas comunidades, a fim de que se formem profissionais com visão ética, humanista e política, visão crítica-reflexiva e criativa, cuidados à saúde centrado no sujeito do cuidado, saber e agir compartilhado em um trabalho em equipe, valorização da subjetividade por meio de uma escuta ativa e capacidade de atuação compartilhada e articulada. Enfim, um profissional com um novo saber fazer e saber ser em saúde. Através do Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde – PET-Saúde, acadêmicos da Universidade Federal da Paraíba- UFPB formaram um grupo de idosos na Unidade de Saúde Família Timbó II, no município de João Pessoa- PB. A criação de grupos de idosos constitui uma forma de inclusão social e veiculação de ações em saúde. A formação deste grupo tem por objetivo proporcionar a socialização de idosos cujos vínculos sociais encontram-se fragilizados, por meio de ações que levam à promoção da saúde física, social e mental. A partir das experiências vivenciadas, concluiu-se que o aluno do curso de Odontologia da UNIFOR, a partir da aproximação com o campo da atenção básica, desenvolveu uma visão integrada e ampliada do cuidado ao usuário. O PET-Saúde/Saúde da Família UNIFOR fortalece, a partir da integração de ensino, pesquisa e extensão, os processos formativos diferenciados para os acadêmicos do curso de Odontologia, agregando saber e reflexão crítica sobre a realidade do território e as necessidades sociais em saúde, contribuindo para formação de futuros profissionais comprometidos e em busca de mudanças sociais efetivas. Descritores Estudantes de Odontologia. Odontologia, Pesquisa sobre Serviços de Saúde. REFERÊNCIAS bibliográficas 1. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria Interministerial 1802 de 26 de Agosto de 2008. Institui o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde-PET SAÚDE. Brasília, 2008. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria Interministerial 421 de 03 de Março de 2010. Institui o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde-PET SAÚDE e dá outras providências. Brasília, 2010. 3. Universidade de Fortaleza. Centro de Ciências da Saúde. Coordenação do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde. Relatório Semestral. Fortaleza, 2009. 4. Universidade de Fortaleza. Centro de Ciências da Saúde. Coordenação do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde. Relatório Anual. Fortaleza, 2010. 5. Universidade de Fortaleza. Centro de Ciências da Saúde. Coordenação do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde. Relatório Semestral. Fortaleza, 2011. Apresentador: Luiza Helainne Pinto Narciso de Souza Autores: Luiza Helainne Pinto Narciso de Souza, Clarissiane Serafim Cardoso, Rianne Keith Bernardo da Silva, Josicléia Vieira de Abreu, Alexandre Medeiros Figueiredo Instituição: Universidade Federal da Paraíba - UFPB INTRODUÇÃO OBJETIVOS O objetivo é relatar a experiência de estudantes Revista da ABENO • 11(1):81-132 105 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia do PET-Saúde da UFPB, na formação de um grupo de idosos na USF Timbó II. As principais estratégias de ação foram: o desenvolvimento de habilidades pessoais no sentido de proporcionar-lhes autonomia; e fornecer informações que os tornassem aptos para mudanças de comportamento e atitudes produtoras de saúde. METODOLOGIA Adotou-se o método da problematização, no qual os temas surgem como práticas na vida das pessoas. Com essa proposição, as práticas educativas sugeridas no grupo, deixam de ter um caráter coercitivo, para propiciar a construção de um projeto educativo pautado na comunicação, confiança e envolvimento das pessoas. Para isso, foram realizados encontros semanais com os idosos, nos quais os acadêmicos realizaram atividades dinâmicas, dialogaram e debateram assuntos pré-determinados pelos integrantes dos grupos como, por exemplo, medidas para o envelhecimento saudável, promoção da saúde, atividade física, além de avaliação das condições físicas e psíquicas. As atividades foram desenvolvidas no segundo semestre de 2010. RESULTADOS Através de atividades lúdicas como: dinâmicas, brincadeiras, danças, alongamentos e relaxamentos, foram promovidas a socialização, a integração e a valorização sócio-cultural, permitindo aos mesmos, diversão e conhecimento. Com a execução de trabalhos manuais exercitou-se a atividade motora, visual e a auto-estima dos idosos. Já através da oficina de culinária, estimulou-se a promoção de uma alimentação saudável. O fato dos temas relacionados à saúde terem sido sugeridos pelo próprio grupo, foi possível atender algumas de suas necessidades, tais como: práticas nutricionais adequadas, incontinência urinária, higiene bucal e cuidado com as próteses, tabagismo, lombalgias, acompanhados de exercícios relacionados aos temas e relaxamentos, de modo a aproveitar o potencial de cada estudante dentro da sua área de atuação. Um dos pontos fortes da vivência foi a inserção da atividade de dança no grupo. A princípio os idosos rejeitaram a proposta, em especial os homens, alegando não ter mobilidade e talento para a dança, sugerindo que a dança é uma atividade para jovens. Foi enfocado sempre que a atividade seria adequada às suas limitações e que consistiria de uma atividade prazerosa e com movimentos fáceis. Outro destaque nas reuniões foram as oficinas de atividades manuais nas quais os idosos puderam produzir enfeites natalinos para suas casas. Este tipo de atividade os fez per106 ceber as potencialidades criativas e de trabalho, gerou satisfação e permitiu trabalhar os movimentos finos e precisos das mãos e dedos. Tal trabalho possibilitou a promoção de saúde a partir da inserção de atividade física e de acordo com relatos dos integrantes do grupo conseguiu contribuir para a melhoria do humor e auto-estima dos mesmos. É válido ressaltar a importância desta ação, pela mesma ter sido desenvolvida por uma equipe multidisciplinar em saúde, composta por uma Enfermeira, uma Dentista e um Agente Comunitário de Saúde, possibilitando diversos olhares sobre um mesmo tema, o que somado à estratégia de roda de conversa, potencializou a construção de um grupo que oferece voz e vez a todos, sem distinções, criando assim, um espaço dinâmico de cuidado e saber científico e popular. CONCLUSÃO Conclui-se que os grupos da terceira idade são imprescindíveis para promover o envelhecimento saudável e a inclusão social dos idosos, porquanto que, os estimulam a desenvolverem atividades que os reconhecem como seres ativos na sociedade. Para os acadêmicos esses espaços têm se tornado um cenário de ensino/aprendizagem. O grupo comunitário voltado para os idosos é uma forma de “escapar” dos problemas do dia-a-dia, já que alguns membros desabafavam sobre problemas domésticos e da própria comunidade, problemas como o uso e o tráfico de drogas. Desta forma, a equipe buscou recuperar, manter e promover autonomia, auto-cuidado e o bem estar da pessoa idosa. O PET- Saúde proporciona práticas que se fazem importantes para complementar a formação acadêmica, tornando os futuros profissionais mais aptos para o trabalho, e o fato do grupo de estudantes serem de cursos distintos, contribuiu nesse processo. Dentre todos os aprendizados, a sensibilidade para o cuidado com o próximo mostra-se como o desenvolvimento de maior potencial. Com o grupo de idosos da Unidade de Saúde da Família Timbó II, o olhar dos estudantes para com a terceira idade mudou; buscou-se compreender os conflitos e dificuldades daquela idade; respeitando e aprendendo lições da vasta experiência de vida. Não cabe somente à família zelar pelo bem estar do idoso, é responsabilidade da comunidade, e do Poder Público. Inserido nessa perspectiva, o trabalho no PET promove saúde e é um meio de se fazer valer a cidadania. Portanto, é na Atenção Primária que o idoso deverá encontrar apoio, para que, através de uma participação comunitária, possa apoderar-se de práticas que aumentem o controle sobre os determinantes da sua saúde, me- Revista da ABENO • 11(1):81-132 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia lhorando a sua qualidade de vida. Palavras-chave: saúde do idoso, atenção básica, saúde coletiva. Implantação da Teleodontologia no Amazonas Apresentador: Marcia Gonçalves Costa Autores: Márcia G. Costa, Cleinaldo A. Costa, Eliane Aranha, Lioney Cabral, Diego Regalado, Valber Martins Instituição: Universidade do Estado do Amazonas OBJETIVO Cumprir os objetivos do Organização Mundial da Saúde (OMS) de combate às iniqüidades de saúde de indivíduos e da população. A implantação da Teleodontologia/ Telessaúde gradativa nos 62 municipios do Estado do Amazonas, visa ainda, valorizar a inclusão na Constituiçào de 1988 do reconhecimento da saúde como um direito de todo cidadão e dever do Estado, assim como para a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), fundado nos objetivos de solidariedade e universalidade. METODOLOGIA A Teleodontologia, sob uma visão mais ampla, não só se referia a intercâmbios por videoconferências, mas também incluía trocas mediadas por linhas telefônicas e aparelhos de fax. Na década de 1990, muitas mudanças ocorreram na velocidade e nos meios de transferir dados, o que instigou os clínicos e especialistas a validar a Teleodontologia moderna, incitandoa a entrar com sucesso nesta nova era. Acredita-se que a educação e assistência a distância podem contribuir para a solução do problema bucal no Brasil. Tem como objetivo desenvolver as três áreas da odontologia: 1. Cuidado especializado, através da consultoria, sem deslocamento do especialista e nem do paciente; 2. Educação permanente mediada por teleconferência (rádio) ou videoconferência (televisão); e 3. Comunicação dentista-laboratório (complicações ou estética). A Implantação do Teleodontologia em Parintins, município do Amazonas aconteceu através da participação das coordenadoras da Teleodonto de Universidade de Odontologia de São Paulo (USP) Erika Serqueira e Dr. Rosangela Chao. e os coordenadores de Teleodonto Márcia Gonçalves Costa e alunos da Liga de Teleodonto do Pólo de Telemedicina da Amazônia e de Parintins (Dra. Leandra e ex-aluna Dimice atuando agora como profissional), em setembro de 2008. No entanto, a expansão da Teleodontologia e o interesse por parte dos profissionais da área Odontológica aqui no Amazonas, surge a partir da integração entre professores do curso de Odontologia da Universidade do Estado do Amazonas e a relevância dada aos cursos ministrados aos cirurgiões-dentistas e equipe multidisciplinar aos profissionais moradores desses municípios em que a distância geográfica é um fator limitante, para realização de atendimentos especializados, em janeiro de 2011. De acordo com a proposta do Projeto Nacional de Telessaúde, que visa a implementação da Atenção Básica, e capacitação de profissionais de saúde sobre temas relevantes a Saude da Família/Saúde Bucal reuniram-se na Escola Superior de Ciências da saúde, representantes da Saúde Bucal - SUSAM, Dra Melissa Kavati e Dr. Cassio e SEMSA, Dr. Sergio Machado, com a Coordenação do Pólo de Telemedicina, Dr. Cleinaldo Costa e Coordenadora de Teleodontologia, cirurgiã-dentista Márcia Costa para primeira reunião com a finalidade de que no dia 24 janeiro, firmassem parceria com a Telessaúde para capacitação de profissionais da Odontologia e áreas afins, abordando temas relevantes promovidos pela Escola Técnica do SUS – ETSUS., implementando as atividades do Pólo de Telemedicina da Amazônia, que é desenvolver atividades também na área de Odontologia – chamada Teleodontologia. Após março de 2011, criou-se rotina de atendimentos especializados através da disponibilidade do especialista em Estomatologia Lioney Cabral, promovendo palestras sobre Lesões cancerígenas e criando rotina de teleconsultas as quintas – feiras. Na área de orientação a tratamento de pacientes especiais para equipe multidisciplinar, Profa Eliane Aranha realiza rotina mensal de palestras, colocando em prática a teleducação na Odontologia. Na promoção em Saúde, a coordenação de TELEODONTOGIA atua na teleconsultoria e teleducação funcionando de forma sistemática para atendimento as demandas diárias. RESULTADOS ALCANÇADOS PELA TELEODONTOLOGIA DO AMAZONAS • Parceria com Faculdade Federal de Minas gerais – UFMG – teleducação; 10 videoconferencias transmitidas para o Amazonas; • 12 palestras de especialistas em temas nas especialidades de: Dentistica, Cirurgia Buco – Maxilo – Facial, Oclusão, Saúde Coletiva, e Estomatologia. • 03 teleconsultas, devido a recente implantação. • parcerias com diversos projetos tais como: Universidade Cidadã e Jovem doutor, ambos de extensão Revista da ABENO • 11(1):81-132 107 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia e aprovados no MEC, no Observatório da criança e adolescentes, qu visam a formação de multiplicadores de saúde. • participação em 02 duas Semanas UEA de Odontologia da universidade. • Alcance a 28 cirurgiões-dentistas, 15 auxiliares de saúde bucal de 26 municípios interessados e participantes nas palestras ministradas por videoconferências. Além de agentes comunitários de saúde, que integram as equipes de saúde da família. • Reconhecimento no Programa Brasil Sorridente, em visita do Coordenador Nacional de Saúde bucal ao Pólo de Telemedicina da Amazônia, no dia 14 de junho. • Divulgação do Teleodontologia e implantação do Brasil Sorridente Indígena no Amazonas na Reunião de parceria da Telessaúde e o Canadá, sobre saúde indígena.(16 de junho) CONCLUSÃO • propicia enquanto ser humano e social, a formação do cidadão, do profissional e do profissionalcidadão; • possibilita um diálogo aberto entre Universidade e as Comunidades ao articular o saber popular e as práticas sociais das Comunidades como saber acadêmico e a prática social da vida universitária; • busca a promoção de ações de caráter multidisciplinar, interdisciplinar ou transdisciplinar, dentro de um processo de implantação gradativa, que resulte na integração e envolvimento com reconhecimento recíproco das Comunidades e a Universidade. Políticas públicas de incentivo à aproximação ensino-serviço nos cursos de saúde: a experiência da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto-USP Apresentador: Maria da Gloria Chiarello de Mattos Autores: Maria da Gloria Chiarello de Mattos, Marlívia Gonçalves de Carvalho Watanabe, Janete Cinira Bregagnolo, Marisa Semprini, Maria do Carmo Gullaci Guimarães Caccia Bava Instituição: Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto-USP INTRODUÇÃO Diante dos desafios enfrentados recentemente para a consolidação do Sistema Único de Saúde- SUS e da Atenção Primária em Saúde-APS (1) como seu 108 eixo estruturante, conformou-se a necessidade de mudança na educação visando formar profissionais que, ao desenvolverem ações de atenção em saúde, considerem a situação clinica individual, o contexto familiar, sócio-cultural e econômico das pessoas, os recursos disponíveis no setor saúde e intersetorial, desenvolvendo o planejamento e as ações nos serviços de saúde a partir da realidade vivida e em equipe interdisciplinar. Além disso, entende-se que a rede de serviços de atenção básica deve se constituir em um campo de práticas onde os vários cursos de formação de profissionais de saúde deveriam inserir seus alunos. Em 2004 a Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto-Universidade de São Paulo (FORP/USP) implantou uma nova estrutura curricular que visava, entre outras ações, aproximar a formação profissional da realidade social e dos serviços do SUS. Para tanto, foram instituídas disciplinas com atividades desenvolvidas junto a unidades de Saúde da Família do Distrito Oeste do município, desde os primeiros anos do curso, com complexidade e carga horária crescentes, finalizando com 120 horas de estágio desenvolvido em 4 semanas consecutivas por estudante no último ano (2). Tal iniciativa visa, assim, contribuir para o desenvolvimento da compreensão, por parte do estudante, do SUS, do trabalho em equipe multiprofissional e interdisciplinar, do processo saúde-doença como resultante de determinantes biológicos e sociais, da integralidade da atenção como eixo norteador da atenção em saúde, do processo de gestão dos serviços e da responsabilização pelo cuidado enquanto profissional de saúde. Ao participar do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde-Pró-Saúde (3), lançado em 2005 pelo Ministério da EducaçãoMEC e Ministério da Saúde-MS, a FORP-USP e a Secretaria Municipal de Saúde de Ribeirão Preto-SMSRP foram contempladas com recursos financeiros que permitiram adequar as unidades de saúde para que os estudantes pudessem ser incorporados às atividades desenvolvidas pelas equipes. O Programa tornou-se importante impulsor para o processo de mudanças curriculares visando a aproximação com os serviços, pois em muitos locais o grande entrave tem sido a falta de infra-estrutura nas unidades de saúde para receber estudantes das diversas áreas, principalmente da Odontologia, a qual necessita de aparatos tecnológicos específicos para o desenvolvimento de parte de suas ações, principalmente cirúrgico-reabilitadoras. Revista da ABENO • 11(1):81-132 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia Em 2008, a USP-Campus Ribeirão Preto e a SMS-RP iniciaram sua participação no Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde- PET-Saúde (4), com um projeto envolvendo os cursos de Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Nutrição, Odontologia e Terapia Ocupacional. A primeira versão do projeto contou com cinco grupos tutoriais, sendo que em 2010 esse número aumentou para sete, incluindo, no total, duzentas e cinqüenta e nove pessoas, entre docentes, profissionais e estudantes, distribuídos em cinco unidades de ensino superior e treze unidades de saúde. OBJETIVO Neste contexto, pretende-se descrever e analisar a experiência proporcionada pelos Programas PróSaúde e PET-Saúde na formação de profissionais pela FORP-USP. METODOLOGIA Para a análise do impacto desses programas na formação dos estudantes foram utilizados os relatórios de avaliação das referidas disciplinas (2006-2009) e os relatórios semestrais do PET-Saúde (USP/SMSRibeirão Preto) entre 2010 e 2011. RESULTADOS No período de 2006 a 2009, os resultados mostraram que a maioria dos estudantes relatou opiniões boas ou ótimas em relação às disciplinas desenvolvidas junto aos serviços de saúde: atendimento das expectativas (72,0 a 82,1%), compreensão do trabalho em equipe (87,4 a 91,9%), carga horária (65,8 a 82,4%), contribuição para a formação profissional (80,2 a 92,9%), articulação dos conteúdos (68,4 a 81,1%), importância do conteúdo desenvolvido (76,5 a 89,4%) e estratégias didático-pedagógicas (73,8 a 92,4%). Houve dois aspectos em que esses valores foram menores, porém ainda representando a maioria: bibliografia utilizada (51,3 a 62,3%) e instalações das unidades de saúde (54,3 a 63,9%). Entre os aspectos positivos apontados, destacam-se a possibilidade de compreender a Estratégia Saúde da Família (22,1%) e o trabalho em equipe (14,7%). Quanto aos aspectos que ainda necessitam ser melhorados, grande parte dos estudantes não fez nenhuma indicação (50,3%), porém, ainda aparece a necessidade de melhorar a infra-estrutura das unidades de saúde (14,2%). Observando-se a distribuição no decorrer dos anos, verifica-se melhora a partir de 2008, quando foram implementadas as primeiras ações do Pró-Saúde. Em relação às contribuições para a formação, foram destacadas a interação multiprofissional (21,4%), a possibilidade de vivenciar outros aspectos profissionais (18,7%) e experiências que extrapolam a saúde bucal (18,7%). Os relatórios do PET-Saúde apontam como reflexo positivo do programa a contribuição na ampliação da cobertura de ações de promoção de saúde nas unidades, a educação permanente dos trabalhadores, a oportunidade de aproximação com a realidade dos serviços de saúde e atuação multiprofissional dos estudantes, a aproximação ensino-serviço, entre outros. Foram também apontados aspectos que dificultam o desenvolvimento do projeto e que merecem esforço conjunto para seu aprimoramento, como a diferença no estágio de aproximação com os serviços dos diferentes cursos, a dificuldade de conciliação dos horários de trabalho e aulas para o desenvolvimento de atividades complementares por parte de trabalhadores e estudantes, grade-horário dos cursos não favorecendo atividades conjuntas, espaços físicos insuficientes em algumas unidades e distância da gestão no processo de integração ensino-serviço. CONCLUSÃO A interação ensino/serviço na formação em Odontologia é imprescindível, diante da atual conjuntura social, política, educacional e de mercado de trabalho. Os programas Pró-Saúde e PET-Saúde têm sido primordiais para viabilizar e motivar o desenvolvimento das atividades de ensino-aprendizagem junto aos serviços de saúde do curso de Odontologia da FORP-USP. Tais experiências favoreceram a aproximação, tanto da instituição de ensino como dos estudantes, com os serviços e profissionais de saúde, bem como com os demais cursos do Campus USP – Ribeirão Preto, apontando em reflexos importantes na formação de um profissional de saúde melhor preparado para enfrentar a realidade dos serviços e das demandas de saúde da população. Daí a importância da continuidade desses programas para que essas ações se consolidem dentro das instituições de ensino e dos serviços de saúde. REFERÊNCIAS bibliográficaS 1. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria GM 699 de 22 de março de 2006. Aprova e regulamenta o pacto pela saúde. Brasília, DF, 2006. 2. Watanabe, Marlivia Gonçalves de Carvalho. Mudanças curriculares no curso de Odontologia da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Um olhar para a aproximação com os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde. Ribeirão Preto: USP, 2007. 222 p. Tese (Livredocência) – Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2007. 3. Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Pró-saúde: programa nacional de reorientação da formação profissional em saúde. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2005. 77 p. (Série Revista da ABENO • 11(1):81-132 109 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia C. Projetos, Programas e Relatórios) 4. Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Educação. Portaria Interministerial nº 1.802, de 26 de agosto de 2008. Institui o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - PET Saúde. Brasília, DF, 2008. Programa de educação pelo trabalho para a saúde da Universidade de São Paulo campus Capital: a experiência da região do Butantã, São Paulo Apresentador: Maria Ercilia de Araujo Autores: Maria Ercilia de Araujo, Simone Rennó Junqueira, Fátima Corrêa Instituição: Universidade de São Paulo INTRODUÇÃO O modelo biomédico, proposto em 1910 por Abraham Flexner, de transformar o ensino na área da saúde em um modelo científico, tem se mostrado limitado na solução dos problemas de saúde da população, desde o final do século XX. A conceituação do processo saúde-doença ampliou-se, em razão do reconhecimento do papel dos determinantes sociais da saúde (DSS), representando novo desafio para os formuladores de políticas públicas de saúde. A vivência nos cenários de prática preconizada nos novos paradigmas da educação superior possibilita a associação entre teoria e prática na formação de profissionais. Em sala de aula, os DSS podem ser mais bem compreendidos após a vivência de estudantes em territórios vinculados aos serviços de saúde. Assim, é o serviço, em sua prática concreta, que mostra que o contexto socioeconômico não é externo ou alheio à saúde, mas é intrínseco, mediador. Considerando as necessidades de mudanças da formação profissional em saúde, foi recentemente implantado no Brasil, por parte do Ministério da Saúde, em parceria com o Ministério da Educação, o Programa de Reorientação da Formação dos Profissionais de Saúde – PRÓ-SAÚDE. Desde 2006, a Escola de Enfermagem, Faculdades de Medicina e Odontologia da Universidade de São Paulo (USP) conduzem a reorientação curricular, apoiadas pelo PRÓ-SAÚDE. Esse programa tem estimulado discussões para que a reestruturação curricular considere o contexto do trabalho como importante definidor do processo de formação; os cenários de prática como loci privilegiados para a geração de questões norteadoras da aprendizagem e a formação em saúde norteada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 110 Entretanto, a desejada aproximação com os serviços de saúde necessitava de uma maior articulação, para que não fosse uma via de mão única. Uma forma de incentivar a inserção de instituições de ensino nas Unidades de Saúde (US) foi a criação, pelos Ministérios da Saúde e da Educação, do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde). Este programa é destinado a viabilizar o aperfeiçoamento dos profissionais no serviço e a iniciação de estudantes ao trabalho favorecendo o ensino interdisciplinar. A articulação entre novos conceitos e práticas de saúde tem sido um dos elementos propulsores da mudança pretendida na formação superior e nos modelos assistenciais. No âmbito do ensino, o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde), dos Ministérios da Saúde e da Educação, dirigido aos estudantes dos cursos de graduação e preceptores dos serviços públicos, tutoriados por docentes, tem como pressuposto a educação pela vivência no ambiente de trabalho e caracteriza-se como instrumento para o fortalecimento da atenção básica. Assim, aquelas mesmas Unidades participantes do PRÓ-SAÚDE, por meio dos Cursos de Enfermagem, Medicina, Odontologia, Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional, participam do PET-Saúde 2009-2010, com suas respectivas disciplinas vinculadas à Atenção Primária em Saúde. Os objetivos dessa proposta são: 1) aprimorar a participação dos alunos de graduação no ensino de campo das disciplinas de Atenção Primária em Saúde e a aproximação com os profissionais da rede por meio de um projeto comum; 2) fortalecer o processo de reconhecimento das necessidades de saúde da população adstrita das Unidades de Saúde; 3) vivência em atividades acadêmicas que fortalecem a compreensão do trabalho em equipe, da atuação generalista e das ações de promoção à saúde como eixos da Estratégia Saúde da Família; 4) realizar um inquérito domiciliar sobre necessidades de saúde das famílias do território das US. Este trabalho descreve as experiências vivenciadas pelos integrantes do PET-Saúde USP Capital, enquanto estratégia de integração ensino-serviço, a fim de registrar e divulgar o trabalho articulado e, por isso, desafiador, em que diferentes áreas de formação da saúde se articularam para a concretização de um projeto comum, em consonância com o SUS. OBJETIVO A partir de projeto comum pretendeu-se aprimorar a participação de alunos no ensino de campo da saúde coletiva, fortalecer o processo de reconhecimento de necessidades de saúde da população adstri- Revista da ABENO • 11(1):81-132 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia ta às UBS e promover a criação de tecnologias interdisciplinares de atenção. METODOLOGIA Pesquisa qualitativa com análise etnográfica sobre os dois anos de participação do grupo no Programa. Os instrumentos de produção de informação foram a análise documental e a observação participante, a partir dos diários de campo. O PET Saúde/USP-Capital se desenvolveu pela parceria entre Universidade e Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo. Resultados e discussão No período 2009-2010 congregou seis áreas profissionais da saúde em quatro Unidades Básicas de Saúde (UBS) com Estratégia de Saúde da Família. No biênio seguinte, foram dez categorias profissionais em mais duas UBS. Ao todo, já participaram 342 pessoas, sendo 216 alunos dos cursos de medicina, enfermagem, fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, odontologia, nutrição, educação física, farmácia e psicologia. Em 2009-2010, participaram do Programa, 96 estudantes bolsistas (medicina, odontologia, enfermagem, fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional), 48 preceptores das UBS e 8 tutores. Em 2010-2011 foram 120 alunos, 60 preceptores, 10 tutores e 1 coordenador. As atividades realizadas foram: reconhecimento do território de abrangência das UBS, seminários de alinhamento conceitual (estudantes, preceptores e tutores); estudo de necessidades de saúde da população por meio de inquérito domiciliar e debates para ampliação e criação de tecnologias interdisciplinares de atenção. Além disso, foram realizados dois Seminários de alinhamento conceitual com os temas: “Territorialização e Saúde” e “Desafios da Atenção Básica no SUS e Necessidades em Saúde”. Reuniões técnicas em cada US permitiram que os alunos freqüentassem todos os serviços da US, acompanhassem o fluxo dos usuários e organizassem ações pontuais e específicas de educação em saúde, de acordo com a demanda da US. A avaliação pelos graduandos indicou a valorização do trabalho em equipe, ao atuarem em conjunto com alunos e preceptores de formação profissional distintas. O inquérito domiciliar possuía informações sobre o modo de vida e trabalho, indicadores de saúde (alimentação, morbidade, deficiência, medicação) e uso dos serviços de saúde. Foram entrevistadas 1.455 famílias, num total de 5.545 indivíduos. Foi possível caracterizar as formas de trabalhar e de viver dessas pessoas, seu ambiente domiciliar e entorno, recursos de saúde acionados, hábitos e atividades que realizam, problemas de saúde e de funcionalidade que enfren- tam. Essas informações têm um potencial de transformação da realidade epidemiológica no território e servirão para o planejamento de ações interdisciplinares de atenção primária em saúde. O desafio de integrar alunos de distintos cursos de graduação aos serviços de saúde, formando ‘equipes PET multiprofissionais’ não foi pequeno. As dificuldades encontradas relacionaram-se à falta de recursos (material de apoio, impressão de formulário), localização dos serviços (deslocamento dos alunos para as US distantes da sua unidade de ensino) e acadêmicas (horários incompatíveis entre estudantes e deles com a equipe das US). A partir de projeto comum e de seminários de alinhamento conceitual, pretendeu-se aprimorar a participação interdisciplinar de alunos no ensino de campo da saúde coletiva, fortalecer o processo de reconhecimento de necessidades de saúde da população adstrita às UBS e promover a criação de tecnologias interdisciplinares de atenção. Universidade e serviços de saúde articularam-se de maneira objetiva e construtiva, o que fortaleceu as experiências de educação permanente na região onde o projeto foi desenvolvido. O aprofundamento da integração com os serviços facilitou acolher as demandas de qualificação da Atenção Básica e aumentou a interlocução entre profissionais da rede e da Universidade, assim como tornou o ensino mais articulado à realidade assistencial do Sistema Único de Saúde em nível regional. A riqueza do debate sobre necessidades de saúde tem articulado ensino e assistência com importante protagonismo de preceptores e sensibilizado futuros profissionais para o trabalho na atenção básica em saúde. Universidade e serviços de saúde articularam-se de maneira objetiva e construtiva, o que fortaleceu as experiências de educação permanente na região onde o projeto foi desenvolvido. O aprofundamento da integração com os serviços facilitou acolher as demandas de qualificação da Atenção Básica e aumentou a interlocução entre profissionais da rede e da Universidade, assim como tornou o ensino mais articulado à realidade assistencial do Sistema Único de Saúde em nível regional. CONSIDERAÇÕES FINAIS A experiência favoreceu o ensino interdisciplinar em saúde, ao possibilitar aos estudantes o exercício da participação em estudos da realidade de vida, trabalho e saúde de usuários dos serviços e em propostas assistenciais compartilhadas, o que cria condições favoráveis para maior qualificação da atenção em saúde prestada tanto nesses serviços, que são campos de Revista da ABENO • 11(1):81-132 111 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia práticas para o projeto, como naqueles onde esses futuros profissionais vierem a se inserir. As limitações encontradas tornaram-se temas para elaboração de estratégias e/ou oportunidades para compreender a prática profissional e a necessidade da reformulação acadêmica da formação em saúde. No âmbito do ensino, o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) contribui para formação do futuro trabalhador e para o fortalecimento da atenção básica. O PET Saúde/USPCapital se desenvolveu pela parceria entre Universidade e Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, em Unidades Básicas de Saúde (UBS) com Estratégia de Saúde da Família. Este trabalho pretende analisar a participação no Programa. Trata-se de pesquisaação, que visa conhecer e intervir na realidade sobre a qual se pesquisa; com análise documental das atividades realizadas (reconhecimento do território, seminários de alinhamento conceitual; estudo de necessidades de saúde da população por meio de inquérito domiciliar e debates para a criação de tecnologias interdisciplinares de atenção). Em 20092010 foram 96 estudantes (medicina, odontologia, enfermagem, fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional), 48 preceptores das UBS e 8 tutores. Em 2010-2011 foram 120 alunos (agregaram-se alunos da farmácia, educação física, nutrição e psicologia), 60 preceptores, 10 tutores e 1 coordenador. Foi possível caracterizar as formas de trabalhar e de viver de quase 2.000 famílias, recursos de saúde acionados, hábitos e atividades que realizam, problemas de saúde e de funcionalidade que enfrentam. Universidade e serviços de saúde articularam-se de maneira objetiva e construtiva, o que fortaleceu as experiências de educação permanente, assim como tornou o ensino mais articulado à realidade assistencial do Sistema Único de Saúde. A riqueza do debate tem articulado ensino e assistência com importante protagonismo de preceptores e sensibilizado estudantes para o trabalho na atenção básica em saúde. Descritores Educação superior. Processo Saúde-Doença. Atenção Primária à Saúde. REFERÊNCIAS bibliográficas 1. Buss, P. M.; Pellegrini Filho, A. (2007). A saúde e seus determinantes sociais. Physis: Revista de Saúde Coletiva, 17(1), 7793. 2. Hellmann, D. B. (2010). Flexner at 100: the pyramid, a new organizational metaphor for academic medical centers. American Journal of Medicine, 123(7), 571-572. 3. Paim, J. S. (1993). Marco de referência para um programa de 112 educação continuada em Saúde Coletiva. Revista Brasileira de Educação Médica, 17, 1-44 Experiencia de consolidação do PET Saúde da Família na UABSF Parque Atheneu – Goiânia-GO Apresentador: Maria Goretti Queiroz Autores: Maria Goretti Queiroz, Cinthia Brito de Souza, Marinalva Pereira Carvalho, Newillames Gonçalves Nery, Renata Caixeta, Patrícia Rogana Gonçalves, Regiane Christine da Silva Instituição: Faculdade de Odontologia – UFG INTRODUÇÃO O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde na Estratégia Saúde da Família (PET Saúde/ SF) destina-se a fomentar grupos de aprendizagem tutorial na Estratégia Saúde da Família (ESF) (BRASIL, 2010). Foi criado a partir da necessidade de estimular o processo de integração ensino-serviço-comunidade e a capacitação pedagógica, onde profissionais que desempenham atividades no âmbito da Atenção Básica em Saúde possam orientar estudantes de graduação, no serviço público de saúde. O PET Saúde/SF foi instituído, através de portaria conjunta - Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES/MS), Secretaria de Atenção à Saúde (SAS/MS) e Secretaria de Educação Superior (SES/MEC) e tem como pressuposto a educação pelo trabalho, objetivando qualificar, em serviço, os profissionais de saúde, bem como a propiciar a iniciação ao trabalho e vivências aos acadêmicos dos cursos de graduação na área da saúde, de acordo com as demandas do Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 2010). Atendendo ao Edital n° 18, de 16 de setembro de 2009 a Universidade Federal de Goiás (UFG) em conjunto com Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS) elaborou projeto coletivo que foi aprovado em janeiro de 2010. Esse projeto tem como objetivo promover a articulação ensino-serviço-comunidade e ensino-pesquisa-extensão no âmbito da Estratégia da Saúde da Família, da SMS-Goiânia, mediante o trabalho multi e interdisciplinar entre os cursos da área da saúde da UFG e trabalhadores do SUS para a (re) orientação da atenção básica. Esse projeto está sendo desenvolvido desde 2010, com término previsto para 2012. Tem como eixo norteador as atividades de ensino, pesquisa, extensão, de educação permanente e a reorientação do modelo de atenção à saúde confor- Revista da ABENO • 11(1):81-132 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia me demandas identificadas em oficinas locais realizadas com as equipes de saúde da família dos Distritos Sanitários Norte, Leste e Campinas Centro. As unidades de saúde da SMS onde estão sendo realizado o projeto são a UABSF da Vila Pedroso, Santo Hilário, Recanto das Minas Gerais, Parque Atheneu, Leste Universitário, São Judas Tadeu, Guanabara I e III. OBJETIVOS Este trabalho objetiva relatar a inserção das atividades do PET Saúde/SF da UFG SMS na Unidade de Atenção Básica à Saúde da Família (UABSF) Parque Atheneu, nos anos de 2010 e 2011. MATERIAIS E MÉTODO O relato de experiência será feito a partir da percepção dos integrantes do grupo. Análise dos documentos oficiais e das memórias das atividades elaboradas pelos bolsistas e preceptores do PET. RESULTADOS O Grupo Tutorial PET Saúde/SF Parque Atheneu é composto por doze acadêmicos oriundos dos cursos de educação física, enfermagem, farmácia, medicina, nutrição e odontologia da Universidade Federal de Goiás (UFG) bem como uma tutora da Faculdade de Odontologia/UFG, e seis preceptores - profissionais de saúde da UABSF Parque Atheneu (unidade 201), atuando em equipe multiprofissional. A inserção do grupo PET Saúde/SF na referida unidade de saúde, ocorreu através de capacitação do grupo abordando temáticas como: PET Saúde/SF, SUS/ESF, bem como a dinâmica de funcionamento da unidade de saúde e o bairro em questão, constituindo um processo formativo para os acadêmicos participantes. Posteriormente, o grupo se reuniu para definir estratégias de apresentação do grupo PET Saúde/SF aos servidores, usuários e comunidade. Inicialmente foi proposta a construção do mural PET Saúde/SF destinado a divulgação das ações realizadas na unidade e dos resultados obtidos, assim como a troca de informações entre os integrantes do grupo tutorial. Foi realizada uma oficina de integração com o grupo e com os servidores da unidade de saúde. Nessa oficina foram identificados as necessidades e os problemas enfrentados pela população. Por meio da oficina foi possível identificar os problemas eram percebidos pelos diferentes profissionais da unidade, demonstrando haver uma sintonia na percepção dos mesmos sem, no entanto, haver comunicação entre os profissionais que ali atuavam. O fato dos problemas da região ser tratados isoladamente por diferentes equipes de trabalho estabelecia dificuldades que impediam e retardavam o desenvolvimento de ações conjuntas que determinariam melhorias significativas no ambiente de trabalho e na qualidade do atendimento prestado à população. A valorização dos profissionais de saúde e o estabelecimento de vínculos entre as diferentes equipes demonstravam que a integração entre o ensino e serviço seria um desafio, mas que poderia e merecia ser superado. Visando identificar os problemas do bairro e as necessidades de saúde da área de abrangência foi elaborado um questionário, contendo perguntas abertas, aplicado na forma de entrevistas individual e coletiva. Foram realizadas 74 entrevistas individualmente e 14 coletivas totalizando a participação aproximada de 130 pessoas. As respostas obtidas junto com as prioridades elencadas na oficina de integração serviram para elaborar a programação das atividades promocionais que estão sendo executadas pelo grupo Pet- Saúde Parque Atheneu. Dessa oficina foram priorizados os equipamentos sociais onde seriam desenvolvidas as atividades de promoção da saúde no bairro. Foi criado grupo de gestante e elaborado um cronograma de educação continuada com os Agentes Comunitários de Saúde (ACS). Para essa atividade os ACS identificaram os temas que deveriam ser abordados nesses encontros. Outra atividade que auxiliou estabelecer vínculo entre os participantes do grupo PET e desses com os usuários e os trabalhadores da unidade de saúde foi a Sala de Espera. Na sala de espera da unidade era exposto um tema sobre cuidados com a saúde, que se repetia durante toda a semana, nos períodos matutino e vespertino. Cada tema era preparado por um bolsista que também era responsável por confeccionar material educativo e o mural. Outra forma de inserção do grupo PET Saúde/SF na comunidade local foi por meio de visitas domiciliares. Estas servem como um importante instrumento de educação em saúde e contribuem para a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos. A assistência prestada aos moradores durante as visitas promove mudanças de comportamento, essenciais à promoção da saúde. Semestralmente é realizada uma reunião onde são apresentadas as atividades desenvolvidas pelos integrantes do PET e onde se estabelece as novas prioridades. Nessas reuniões participam todos os profissionais dessa unidade, diretoria técnica e administrativa da unidade e do Distrito sanitário Leste, além de representantes da Coordenação da Estratégia Saúde da Família – SMS. Revista da ABENO • 11(1):81-132 113 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia CONCLUSÃO INTRODUÇÃO A partir dos resultados preliminares, o grupo conclui que a experiência pode contribuir positivamente para uma atuação profissional pautada nas reais necessidades dos usuários do SUS. A atenção à saúde construída por meio da comunidade, universidade e o serviço é a forma que mais valoriza a atenção básica no modelo proposto e corresponde ao marco inicial junto ao processo de reorientação da formação profissional na área da saúde. Após um ano de atuação pode-se perceber uma maior autonomia tanto dos bolsistas, quanto dos preceptores na construção das atividades propostas e na busca de soluções dos problemas encontrados. Um desafio que ainda permanece para o grupo tutorial é a mobilização da comunidade para participar do planejamento das ações. Em todas as áreas da saúde, um dos desafios a ser enfrentado é realizar mudanças na formação. Diversas são as perspectivas e iniciativas de mudanças na formação dos profissionais da saúde, tanto na graduação, quanto na pós-graduação e educação permanente, as quais incluem a reflexão e transformação da interface ensino, trabalho e realidade do Sistema Único de Saúde (SUS). Com as propostas de mudança na formação dos profissionais de Saúde, orientadas pelas Leis Diretrizes e Bases da Educação, Diretrizes Curriculares e estimuladas pelo Ministério da Saúde por meio do Programa de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde), pretende-se chegar à formação de profissionais críticos, capazes de aprender a aprender, de trabalhar em equipe, de levar em conta a realidade social para realizar uma atenção humanizada e de boa qualidade. Mudanças na universidade também são necessárias para que a instituição esteja aberta às demandas sociais e seja capaz de produzir conhecimento relevante e útil para a construção do sistema de saúde. Como a formação de profissionais de saúde está ligada à produção dos cuidados e serviços em saúde, pretende-se, também, transformar o modelo de atenção, fortalecer a promoção e a prevenção, oferecer atenção integral e estimular a autonomia dos sujeitos na produção da saúde (Feuerwerker, 2005). Assim, refletindo sobre as relações entre o ensino, serviços de saúde e comunidade nasceu a Mostra Parceria Ensino–Serviço–Comunidade (MOPESCO), promovida pela Universidade Federal de Goiás, (UFG). As Faculdades de Enfermagem, Medicina, Odontologia, Nutrição e posteriormente a de Farmácia da UFG estabeleceram uma agenda de trabalho orientada à formação para o SUS por meio da abertura de espaços para inovações, debates e reflexão. Foram identificadas algumas estratégias a serem desenvolvidas com a finalidade de ampliação e fortalecimento desta parceria. Neste contexto está inserida a Mostra da Parceria Ensino-Serviço-Comunidade / UFG (MOPESCO) que tem como objetivo identificar e divulgar as ações de parceria ensino-serviço-comunidade junto a docentes, gestores, trabalhadores, estudantes, comunidade e representantes dos movimentos sociais, atendendo aos princípios do Pró-Saúde, visando fortalecer os esforços para a reorientação da formação em saúde. A MOPESCO é uma ação de extensão dos cursos participantes do Pró-Saúde I e II da UFG constituindo um espaço de troca entre o ensino, o serviço e a co- Descritores Multiprofissional. Acadêmicos. Participação Comunitária. Política de Saúde. REFERÊNCIAS bibliográficas 1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Portaria Conjunta No- 2, de 3 De Março De 2010. Brasília, 2010. Disponível em: < http://portal. saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/edital_7_marco_ de_2010.pdf > . Acesso em: 27 ago 2010. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria Interministerial no- 1.802, Diário Oficial da União. Seção 1, nº. 165, quarta-feira, 27 de agosto de 2008. Brasília, 2008. Disponível em: < http://www.prosaude.org/leg/pet-saudeago2008/1-portariaINTERMINISTERIAL-1.802-26agosto2008-PET- Saúde. Pdf > . Acesso em: 27 agosto 2010. 3. Brasil. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria conjunta nº. 3, de 30 de janeiro de 2009. Disponível em: < http://www.prosaude.org/leg/pet-saude-jan2009/selecionados_PET_saude_2009.pdf > . 4. Brasil. Ministério da Saúde. Portal da Saúde. PET Saúde: Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde. Brasília, 2009. Disponível em: < http://portal.saude.gov.br/portal/saude/ profissional/area.cfm?id_area= 1597 > . Parceria Ensino Serviço Comunidade: um caminho com diferentes olhares Apresentador: Maria Goretti Queiroz Autores: Maria Goretti Queiroz, Tatiana Oliveira Novais, Maria de Fátima Nunes, Jacqueline Rodrigues Lima, Veruska Prado Alexandre, Lucilene Maria Sousa, Vânia Cristina Marcelo, Simone Caetano Instituição: Faculdade de Odontologia – UFG 114 Revista da ABENO • 11(1):81-132 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia munidade para mostrar as práticas em saúde realizadas no serviço com o protagonismo dos alunos e da comunidade. Ela é anualmente planejada pela Comissão Gestora Local (CGL) e a sua coordenação é assumida por um dos cursos participantes, com o apoio dos demais. Os objetivos da MOPESCO são: divulgar e partilhar as ações da parceria ensino-serviço-comunidade, buscando fortalecer a reorientação da formação em saúde e da educação permanente; criar espaços de diálogo para planejamento, acompanhamento e avaliação das ações desenvolvidas; oportunizar a identificação de espaços nos âmbitos gestão, atenção, educação, organização e controle social no SUS; resgatar os conhecimentos desenvolvidos a partir das práticas dos movimentos sociais e comunidade conjugando com o saber científico e a prática da atenção à saúde dos serviços; desencadear ações de educação permanente para favorecer a implementação das mudanças curriculares e melhoria das práticas da atenção à saúde no SUS, com ações de ensino-pesquisa-extensão; favorecer a convivência multiprofissional e intersetorial. OBJETIVO O objetivo deste trabalho é apresentar a MOPESCO como estratégia pedagógica de integração entre o ensino, serviço e comunidade, por meio de um vídeo que apresenta a IV MOPESCO realizada em novembro de 2010. MÉTODOS Essa experiência exitosa será relatada na perspectiva de algumas de suas organizadoras, abordando a integração, diálogo e aproximação entre o ensino, serviço e comunidade. Para a construção do presente texto utilizou-se de análise documental dos Anais deste evento, que estão disponíveis no sítio www.odonto. ufg.br/mopesco, além dos relatórios técnicos do Prósaúde da Faculdade de Odontologia. RESULTADOS Desde a organização desta Mostra há a preocupação pedagógica do envolvimento da comunidade, estudantes e professores das diversas unidades acadêmicas da área da saúde, trabalhadores de saúde, participantes da Comissão de Integração Ensino Serviço, gestores das secretarias de saúde do Estado de Goiás e do Município de Goiânia. Ela acontece ao final do segundo semestre letivo. É um espaço onde é possível o diálogo entre o trabalho e a educação e são apresentadas experiências desenvolvidos junto aos serviços e comunidade, não apenas da UFG, mas de todas as pessoas sensibilizadas para a melhoria do SUS. A MOPESCO tem como desafio a mobilização da comunidade para trazê-la para dentro da Universidade e dos serviços de saúde de forma participativa e protagonista nas discussões sobre a formação, serviços de saúde, gestão e atenção à saúde. Entendendo que essas discussões devem ser necessariamente permeadas pela cultura, educação e política. Destaca-se ainda a consolidação da Mostra como espaço para a articulação de saberes, para a educação popular e potencializadora da re-orientação da formação e da atenção à saúde. A I MOPESCO foi realizada nos dias 29,30 de novembro e 01 de dezembro de 2007 e representou um marco na consolidação da parceria entre as faculdades envolvidas com o Pró-Saúde e demais parceiros internos e externos à UFG. O evento contou com uma programação intensa, com: rodas de conversa, painéis, pôsteres dialogados e comunicações coordenadas. E com atividades complementares, dentre elas: Cinema, Tenda Paulo Freire e a Trilha da vida entre outras. A I MOPESCA teve 900 inscrições, 80 trabalhos inscritos e 73aprovados. Destes trabalhos, 49 foram apresentados como pôsteres dialogados e 24 comunicações coordenadas. A II MOPESCO foi realizada nos dias 17 e 18 de novembro de 2008 com o mesmo formato da I Mostra. Neste evento participaram 800 inscritos. Foram inscritos 137 trabalhos e 105 aprovados, sendo 71 pôsteres dialogados e 34 comunicações coordenadas. Entre os dias 23 a 25 de novembro de 2009 foi realizada a III MOPESCO com o tema SUS a nossa casa! Simultaneamente aconteceram a Tenda Paulo Freire, a Exposição de trabalhos do Programa de Educação pelo trabalho para a Saúde UFG/SMS, Mesa de debate; urgência odontológica no SUS e a I PAVESCO – Mostra da produção áudio-visual do ensino-serviço e comunidade. Já na IV MOPESCO, destacam-se: a Mostra Fotográfica “SUS: Diferentes olhares”; Oficinas; Painéis; II PAVESCO – Produção Audiovisual da Parceria Ensino-Serviço-Comunidade; Rodas de conversa; Trabalhos Dialogados. As Modalidades de trabalhos são: Relato de experiência, Pesquisa, Produção Audiovisual (PAVESCO), Produção Literária, Produção Musical, Produção Teatral, Produção de Material Educativo, Produção Fotográfica). Na IV MOPESCO, em 2010, contou com mais 1.100 inscrições, a grande maioria de Goiânia e de cidades do interior e inscrições de outros estados, como Pará, São Paulo, Mato Grosso, Alagoas, Bahia, Tocantins e Distrito Federal. Neste ano (2011) a MOPESCO está na sua quinta Revista da ABENO • 11(1):81-132 115 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia edição, com o tema: “O SUS que fazemos, o SUS que queremos”. O formato no qual a MOPESCO é construída permite o diálogo entre os diferentes participantes a partir de suas experiências. As oficinas são voltadas para a disseminação e ampliação do debate sobre o tema proposto. Os temas são escolhidos a partir da consulta entre os vários parceiros da Mostra. Os painéis permitem o dialogo a respeito de um tema a partir de pontos de vista particulares ou experiências de modo a explorar variados aspectos. Nas rodas de conversa se reúnem os convidados do ensino, serviço e comunidade que provocam e coordenam o debate com os participantes da roda. Os trabalhos selecionados são reunidos por temas e distribuídos em rodas de diálogo, onde todos são apresentados e debatidos pelos próprios participantes. CONCLUSÃO Esta Mostra se constitui como lugar privilegiado onde é aguçada a percepção dos participantes acerca do cotidiano do cuidado e do ensino, e estes têm contato com experiências do próprio serviço e de outras unidades de ensino. Nesta Mostra se estimula a produção coletiva de conhecimento, estimulando o trabalho em equipe. Há a construção de espaços de cidadania, aonde profissionais do serviço e docentes, usuários e o próprio estudante vão estabelecendo seus papéis sociais na confluência de seus saberes e práticas, modos de ser, fazer e de ver o mundo. O desafio da MOPESCO é conservar o seu formato, pois não é mais um evento científico, mas um espaço de troca e construção de saberes alternativo e com identidade própria. Descritores Acordos de cooperação para a formação. Educação continuada. Formação de recursos humanos em saúde. REFÊRENCIAS bibliográficas 1. Feuerwerker, L. Modelos tecnoassistenciais, gestão e organização do trabalho em saúde: nada é indiferente no processo de luta para a consolidação do SUS. Interface -Comunic., Saúde. Educ., Local, v. 9, n. 18, p. 489-506, 2005. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/icse/v9n18/a03v9n18.pdf > . Acesso em: 28 jan. 2007. Educação em saúde – estratégia de cuidado integral e multiprofissional para gestantes Apresentador: Maria Luiza Alves Araújo Autores: Maria Luiza Alves Araújo, Ariany Paula Medeiros, Sara Zuculin, Evelin Gonçalves Souza, Paula Ferreira Barros, Talita Boaventura, Patricia Helena Costa Mendes, Ana Paula Ferreira Maciel, Mariano Fagundes Neto Instituição: Universidade Estadual de Montes Claros O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) objetiva iniciar os estudantes das graduações em saúde no trabalho da Estratégia Saúde da Família, oportunizando a vivência das ações desenvolvidas na atenção básica à saúde. Dentre estas atividades, destaca-se a educação em saúde que integra o saber científico com o popular. Um dos grupos prioritários que deve ser alvo da atividade de educação em saúde na Estratégia Saúde da Família é o grupo de gestantes, por se tratar de um período em que a mulher está mais susceptível a receber informações e modificar o comportamento. O objetivo deste trabalho é expor uma experiência de cuidado integral e multiprofissional, utilizando-se a educação em saúde como ferramenta para a adoção de novos hábitos em saúde por parte de um grupo de gestantes assistidas por uma equipe da Estratégia Saúde da Família. O projeto foi realizado no mês de janeiro de 2011 na Equipe de Saúde da Família Independência III, localizado no município de Montes Claros/MG, tendo como agentes facilitadores os acadêmicos da área da saúde da Universidade Estadual de Montes Claros, participantes do PET-Saúde, bem como os profissionais de saúde, que integram a equipe, sendo também preceptores do programa. O curso foi estruturado em sete oficinas, abordando temas chaves para as gestantes. Esse projeto foi de grande importância tanto para as gestantes, que avaliaram de forma positiva a atividade, quanto para os acadêmicos, que puderam adquirir conhecimentos de forma crítica e multidisciplinar. 2. Brasil. Pró-Saúde. Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde. Portaria Interministerial Nº 2.101, de 3 de Novembro de 2005. Institui o Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde – PróSaúde - para os cursos de graduação em Medicina, Enfermagem e Odontologia. Disponível em: < http://abennacional. org.br/direducacao/portarias/portariaprosaude21010. pdf > . Acesso em: 26 maio 2007. 116 Revista da ABENO • 11(1):81-132 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia Saúde do trabalhador: uma experiência de educação em saúde vivenciada pelo PET-Saúde Independência III - Montes Claros/MG PET Saúde/Vigilância em saúde a análise do perfil da dengue do município de Londrina como eixo estruturante do processo de formação Apresentador: Maria Luiza Alves Araújo Autores: Ana Cecília Versiani Duarte Pinto, Iram Alkmim Cerqueira, Felipe Ribeiro Néri, Marisa Carvalho Martins, Patrícia Helena Costa Mendes, Ana Paula Ferreira Maciel, Mariano Fagundes Neto Instituição: Universidade Estadual de Montes Claros Apresentador: Mariana Gabriel Autores: Maria Luiza Hiromi Iwakura Kasai, Maria Angelina Zequim Neves, Leia Pereira, Thiago Henrique Martins, Mayra Frasson Paiva, José Maria Balbo, Raquel Carvalho de Sousa, Larissa Fernandes Leite, Rafael Algusto Rafaelli, Josiane Cristina Morelli, Laíssa Yumi Saita, Mariana Gabriel Instituição: Universidade Estadual de Londrina A tualmente, o Ministério da Saúde desenvolve políticas públicas e incentiva ações em saúde voltadas para grupos vulneráveis, dentre estes o gênero masculino e os trabalhadores. Tais grupos procuram pouco as unidades de atenção primária à saúde ficando mais predispostos a agravos de doenças possivelmente evitáveis. Nesse sentido, uma importante ferramenta utilizada na estratégia saúde da família é a educação em saúde, uma vez que a compreensão dos condicionantes do processo saúde-doença oferece subsídios para a adoção de hábitos saudáveis. O presente trabalho tem por objetivo descrever, através de um relato de experiência, uma atividade de educação em saúde, relacionada às Doenças Sexualmente Transmissíveis, voltada para um grupo de homens trabalhadores de uma empresa de construção civil. A ação foi realizada por acadêmicos e preceptores do PET-Saúde da Estratégia Saúde da Família Independência III do município de Montes Claros/MG. A atividade de educação em saúde foi avaliada satisfatoriamente tanto pelos trabalhadores, que destacaram positivamente o fato de a ação ter sido desenvolvida em ambiente de trabalho, como pelos acadêmicos, que tiveram a oportunidade de vivenciar o trabalho em equipe e intersetorial. Pode-se concluir que a atenção à saúde do trabalhador é uma importante estratégia para atingir a população masculina em idade produtiva, prevenindo doenças e melhorando a qualidade de vida. Além disso, iniciativas como o PET-Saúde estão em consonância com a integralidade da assistência proposta pelo SUS, através de ações multidisciplinares que buscam a efetividade da atenção primária. INTRODUÇÃO O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde – PET Saúde/ Vigilância em Saúde (PET Saúde/VS) tem como pressuposto a educação pelo trabalho e é destinado a fomentar grupos de aprendizagem tutorial no âmbito da Vigilância em Saúde caracterizando-se como instrumento para qualificação em serviço dos profissionais da saúde, bem como de iniciação ao trabalho e vivências direcionadas aos estudantes dos cursos de graduação na área da saúde, de acordo com as necessidades do SUS, tendo em perspectiva a inserção das necessidades dos serviços como fonte de produção de conhecimento e pesquisa nas instituições de ensino. Em 2009, a Universidade Estadual de Londrina participou do programa PET Saúde com 300 acadêmicos dos cinco cursos da área da saúde do Centro de Ciências da Saúde (Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Medicina e Odontologia). Em continuidade ao trabalho desenvolvido e certos de que experiências podem contribuir para aprendizagens plurais, extrapolando o limite instrumental/técnico/científico característico dos currículos tradicionais dos Cursos da área da Saúde, o projeto PET Saúde/VS visou estreitar a relação entre a academia e os serviços de vigilância em Saúde por meio da participação dos acadêmicos dos cinco cursos junto às ações de COMBATE A DENGUE do município de Londrina. Em 2010 a Universidade Estadual de Londrina em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde teve aprovado projeto que objetivava aproximar os estudantes dos 5 cursos da área da Saúde da Universidade Estadual de Londrina com a temática Dengue. A opção dos participantes do PET Saúde/VS foi desenvolver os projetos de pesquisa e ensino no tema DENGUE justificando-se pela necessidade de refor- Revista da ABENO • 11(1):81-132 117 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia çar o enfrentamento de possível epidemia de dengue, reduzir o número de pessoas infectadas e doentes, consequentemente a diminuição dos casos graves e até mesmo de óbitos, através do desencadeamento de ações efetivas desenvolvidas pelos diversos setores da Rede Municipal de Saúde e da Sociedade Civil Organizada e, desta forma, atendendo à recomendação da Organização Mundial de Saúde e Ministério da Saúde (Brasil, 2009). Das doenças re-emergentes a de maior importância é a Dengue. Até 1967, a doença era considerada erradicada pela ausência do Aedes aegypti no país. A presença do Aedes aegypti foi registrada no município em 1986 e os primeiros casos da doença foram registrados em 1994. Desde então, ocorreram episódios epidêmicos da doença, inclusive com casos fatais. Considerando este panorama, as ações do PET Saúde/VS serão extremamente importantes para consolidar a qualificação da formação profissional e inserilos de forma decisiva nas Políticas Nacionais de Vigilância em Saúde e redução da dengue e outras endemias. OBJETIVO Consolidar a formação dos estudantes dos cursos de Odontologia, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia e Medicina com a diversificação/otimização dos espaços para a discussão/vivência interdisciplinar e transdisciplinar, para a análise da situação de saúde na lógica da Vigilância em Saúde, bem como estimular a pesquisa, fortalecer a produção científica, sistematizando e publicando os resultados aferidos. MATERIAIS E MÉTODO Após a apropriação do conhecimento teórico, através de estudos embasados por pesquisa bibliográfica, leituras, discussão de casos e momentos de discussão em encontros semanais, no primeiro ano as atividades foram desenvolvidas em etapas e, como primeira ação, o reconhecimento do território, através da Territorialização, que permite conhecer de modo mais aprofundado, como vivem e como se organizam social, econômica e culturalmente as pessoas que estão nas áreas atingidas pela dengue e conhecer a área de atuação dos agentes de combate a dengue. Na sequência, o conhecimento das principais fontes de informação da Atenção Básica, Epidemiológicas e Assistenciais mais utilizadas pelo setor de Vigilância em Saúde da SMS e Comitê de combate a dengue o que possibilitou aos estudantes realizarem o levantamento do perfil de morbimortalidade da população por diferentes regiões do município em relação a dengue. Também foram realizadas visitas de 118 observação e acompanhamento para compreensão do funcionamento e padrão de utilização dos serviços de atendimento a dengue pela população por diferentes regiões do município. A atividade final do primeiro ano do Projeto foi a realização de pesquisa entre os estudantes do Curso de Odontologia cujo objetivo foi avaliar o nível de conhecimento dos estudantes do curso de Odontologia da Universidade Estadual de Londrina a respeito da dengue. Para esta pesquisa foi aplicado questionário estruturado às cinco séries do curso de Odontologia, com 21 questões de múltipla escolha. Após devidamente informados acerca dos objetivos da pesquisa, todos os participantes assinaram Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Posteriormente, foi entregue aos estudantes o gabarito com as respostas comentadas. Nesta pesquisa os alunos envolvidos no Projeto tiveram a oportunidade de cumprirem mais uma etapa que foi a tabulação, análise comparada, discussão dos resultados e disseminação da informação. RESULTADOS A atividade realizada nos espaços geográficos compreendidos pelas áreas de abrangência das Unidades de Saúde – Territorialização - os alunos dos cursos participantes puderam reconhecer os limites espaciais, barreiras geográficas (antrópicas, sociais e naturais), acesso à UBS, ocupações irregulares e áreas ambientalmente frágeis (áreas de risco ambiental). Eles entrevistaram profissionais das Unidades de Saúde, pacientes e moradores das áreas de abrangência onde realizaram a atividade, agentes comunitários de saúde (ACS’s) e os agentes do controle de endemias (ACE’s), buscando entender as relações entre os espaços geográficos e os processos de saúde/doença, bem como a integração (ou não) das ações de combate a dengue entre os ACS’s e ACE’s. O resultado desta vivência foi apresentado na III MOSTRA CIENTÍFICA DO CCS/UEL, evento promovido pela Universidade Estadual de Londrina/Centro de Ciências da Saúde, em dezembro de 2010 para estimular a Iniciação Científica e que foram apresentados oito painéis resultantes das experiências dos alunos: Reconhecimento espacial e observação de fatores de risco para a dengue na área de abrangência do Centro de Saúde Anibal Siqueira Cabral - UBS Cafezal; Vigilância em Saúde com enfoque na educação para o trabalho; Processo de Territorialização da Área de Abrangência do Centro de Saúde Municipal Dr. Eugênio Molin; Territorialização da Área de Abrangência da UBS Itapoã, com enfoque na Vigilância em Saúde; Reconhecimento ambiental da Área de Abran- Revista da ABENO • 11(1):81-132 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia gência do Centro Municipal de Saúde Dr. Ody Silveira; Análise da Territorialização e da Vigilância em Saúde com enfoque no combate à Dengue na UBS Central do Município de Jataizinho; O Território como aprendizado e Estudo sobre atual situação epidêmica de Dengue no Território do Centro de Saúde Municipal Dr. Aroldo Marques Sardenberg - UBS Vila Brasil do Município de Londrina. A pesquisa aplicada aos estudantes do Curso de Odontologia mostrou que as questões que apresentaram o maior número de acertos foram às relacionadas ao conhecimento comum com média de acertos de 76,9% e questões de conhecimento específico, a média de acertos entre as séries foi de 38,0%. Os estudantes da quinta série não demonstraram conhecimento superior às outras séries tanto nas questões de conhecimento comum, quanto nas de conhecimento específico. Os resultados desta pesquisa foram apresentados no 24º Congresso Odontológico de Bauru, realizado em maio de 2011. CONCLUSÃO As atividades realizadas até o momento objetivaram mostrar o papel que o projeto PET Saúde/Vigilância em Saúde vem proporcionando na formação intelectual de caráter individual e coletivo de acadêmicos dos cursos envolvidos desde a inscrição do projeto até o seu primeiro ano de vigência. Utilizando da síntese de relatos de experiências, buscou-se correlacionar as horas de estudo teórico, atividades realizadas em campo, palestras com profissionais de diferentes áreas da saúde, com a mudança no nível de percepção de atuação dos futuros profissionais da saúde nos diversos níveis de complexidade do SUS e também o entendimento de todo o complexo que envolve o cuidado à saúde de uma população. Inicialmente com a proposta de elaboração de um projeto que abordasse a Vigilância em Saúde no Município de Londrina, pôde-se observar a dimensão que um único tema consegue alcançar. Abordar o tema “Dengue” tornou-se completamente pertinente para inserir os alunos na lógica da Vigilância em Saúde. Com um grupo heterogêneo composto de alunos dos Cursos de Graduação em Enfermagem, Fisioterapia, Farmácia, Medicina e Odontologia, Tutores e Preceptores, desenvolveu-se o trabalho multiprofissional, interdisciplinar e transdisciplinar, com troca de experiências e vivências. A carência de conhecimento sobre o assunto era algo compartilhado por todos, em mais de um aspecto da doença, seja ela no epidemiológico, comportamento do vírus, tratamento clínico, peculiaridades do vetor, diagnóstico precoce, conhe- cimento de sintomatologias inicias e trabalho já realizado pelo Município e Ministério da Saúde. Os resultados até aqui apresentados demonstram a necessidade de se fortalecer a aprendizagem voltada a Vigilância em Saúde, preparando melhor o futuro profissional. Descritores Dengue. Vigilância. Educação em Saúde. Bibliografia consultada 1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Diretrizes nacionais para prevenção e controle de epidemias de dengue / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2009. 160 p. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos). 2. Londrina. Prefeitura do Município. Secretaria Municipal de Saúde. Plano municipal de saúde de Londrina – 2008-2011. Londrina: ASMS, 2008. 3. Londrina. Prefeitura do Município de Londrina. Secretaria de Planejamento. Diretoria de Planejamento. Gerência de Pesquisa e Informações. Perfil do Município de Londrina – 2008. Londrina/PR: Secretaria de Planejamento, 2008. 4. Londrina. Secretaria Municipal de Saúde. Conselho Municipal de Saúde. Relatório Anual de Gestão da Saúde – Ano 2008. Londrina/PR: Secretaria Municipal de Saúde, 2008. Relato de experiência de formação do Conselho Gestor em USF da cidade de Maceió Apresentador: Marília Tenório Autores: Marília Tenório Instituição: UFAL C omo meio de introduzir os acadêmicos de diversas áreas no meio do serviço público como experiência profissional foi criado o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - PET-Saúde que é regulamentado pela Portaria Interministerial nº 421, de 03 de março de 2010, Como uma das ações intersetoriais direcionadas para o fortalecimento de áreas estratégicas para o Sistema Único de Saúde - SUS, de acordo com seus princípios e necessidades, o Programa tem como pressuposto a educação pelo trabalho. (Ministério da Saúde,2011). O PET- Saúde tem como objetivo além de trabalhar áreas específicas de cada curso de graduação, envolver também o aluno além de seu campo de atuação, trabalhando em conjunto com outras áreas para promover o melhor para a comunidade em que atuam. Com este intuito foram desenvolvidos três eixos a serem trabalhados: controle social, humanização e mortalidade infantil. Revista da ABENO • 11(1):81-132 119 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia O tema selecionado para nossa unidade foi controle social e nosso intuito era o trabalho de formação do conselho gestor da Unidade Básica de Saúde Frei Damião iniciou-se juntamente com a implementação do Pet-Saúde II na unidade. Ao reunir o grupo misto, composto por acadêmicos de Odontologia e Enfermagem e seus respectivos preceptores, foi realizado uma avaliação sobre qual dos 3 eixos citados anteriormente melhor se encaixaria nas necessidades da unidade e então foi estabelecido o eixo do controle social, já que o conselho gestor local há aproximadamente 8 anos, encontrava-se desativado, sendo nossa objetivo principal reativá-lo e deixá-lo em condições operantes. A estratégia utilizada a princípio foi a realização de grupo de estudo entra as alunas, dando enfoque no tema para compreender do que se tratava e qual a melhor forma de introduzi-lo. Em seguida, realizouse uma apresentação para todos na unidade para que pudessem de maneira geral visualizar qual seria o trabalho que o PET-Saúde pretendia executar, levando conhecimento amplo de controle social. A partir desta apresentação formou-se uma comissão interna para formação doconselho gestor composta por acadêmicos do PET, preceptores e funcionários da unidade que dispuseram-se a participar. Com esta comissão foram realizadas reuniões quinzenais para trabalhar temas previamente selecionados, como controle social (conselhos e conferências), princípios do SUS, NOBS, Leis 8080 e 8142, pacto pela saúde, que foram discutidos de maneira interativas e dinâmicas, sendo sempre realizada aplicação de questionários para servir de avaliação do método e direcionar os próximos encontros e a maneira de aplicar o conhecimento adquirido na comunidade. Encerrando este ciclo de entendimento na unidade, passou-se a trabalhar com a comunidade, convidando-os através de cartazes colocados em pontos estratégicos das micro-áreas do Frei Damião a participar de palestrar, reuniões ofertadas pelos integrantes do PET e por convidados. Relato de Experiência PET Atividades específicas Apresentador: Marília Tenório Autores: Marília Tenório Instituição: UFAL D entre as atividades de educação e promoção de saúde o nosso objetivo principal ao longo de nossa caminhada era priorizar a atenção básicas as 120 crianças, desta forma a maior parte delas foram desenvolvidas nas escolas e creches da comunidade do Frei Damião, no Benedito Bentes II. O PET Odontologia é um dos desmembramentos do Pet geral e não diferente do contexto como um todo, tem como objetivo inserir a Odontologia dentro de um conceito mais amplo e social. Desta forma incentivando aos acadêmico a estender sua área de atuação além do consultório odontológico. Uma das prioridades do Pet Odontologia consiste no incentivo a educação e promoção em saúde. A educação em saúde é um campo multifacetado, para o qual convergem diversas concepções, das áreas tanto da educação, quanto da saúde, as quais espelham diferentes compreensões do mundo, demarcadas por distintas posições político-filosóficas sobre o homem e a sociedade. O nosso enfoque principal consiste em instruções sobre higiene bucal, desta forma fazíamos uso de jogos e músicas educativas sobre o tema para que pudéssemos atrair a atenção das crianças, tornando o momento mais lúcido e proporcionando o aprendizado da mesma de forma mais interativa. Além disso orientávamos utilizando escova e macromodelo sobre o método de escovação, uso de fio dental, dentre outras orientações que contribuíam para o estabelecimento da manutenção de boa saúde bucal. Dando continuidade a atividade, posteriormente era realizada a escovação supervisionada, bem como aplicação tópica de flúor e seleção de casos mais urgentes que deveriam ser encaminhados para a unidade básica de saúde Frei Damião. Nossas atividades não ficaram restritas apenas com as crianças, foram realizadas apresentações para os agentes comunitários de saúde do PSF Frei Damião a respeito das principais doenças bucais e também de outros assuntos que não envolviam a Odontologia em si, temas estes como a anemia falciforme e outros. Vídeo “Dia-a-dia da clínica ampliada do curso de Odontologia Universidade Estadual de Maringá-PR” Apresentador: Marina de Lourdes Calvo Fracasso Autores: Marina de Lourdes Calvo Fracasso, Renata Correa Pascotto, Mirian Marubayashi Hidalgo, Carina Gisele Costa Bispo, Vanessa Cristina Veltrini Instituição: Universidade Estadual de Maringá - PR O projeto pedagógico do Curso de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá – PR tem Revista da ABENO • 11(1):81-132 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia como meta a formação de um cirurgião dentista com sólida formação generalista, adequado às necessidades de saúde da população, à política de saúde vigente no país e ao mercado de trabalho, contemplando 20% da sua carga horária curricular em atividades de estágio supervisionado, vinculada a uma comunidade de alto risco social. Dentre muitos projetos desenvolvidos no curso, a integração entre as atividades do estágio supervisionado em saúde coletiva e o atendimento clínico intramuros possibilitou trabalhar na intervenção do processo saúde-doença de uma comunidade com altas demandas, na perspectiva da Clínica Ampliada, permitindo a construção coletiva de um fluxograma que tornasse ágil o atendimento clínico para estes usuários. O atendimento odontológico na Clínica Ampliada é desenvolvido por equipe composta por acadêmicos do 3º e 5º séries, apoiada por uma equipe multidisciplinar de docentes da área de Odontologia, Pós – graduandos do Mestrado em Clínica Integrada e Assistente Social. A partir do acolhimento o usuário segue um fluxo de atendimento, com o objetivo central para elaboração de um plano de tratamento individualizado, integrado e mais próximo a realidade do usuário. Posteriormente, o paciente é direcionado aos acadêmicos, para o tratamento reabilitador, respeitando a complexibilidade dos procedimentos e áreas de atuação de cada série. Dentro deste contexto, tornou-se necessário a elaboração de um portifólio de documentos específicos para a Clínica Ampliada, dentre eles se destaca: cartão de atendimento, termo de ciência, cartão de agendamento, prontuário clínico único, fichas de referência e contra-referência, ficha de alta e questionário de satisfação do paciente. Com o objetivo da divulgação, calibração e treinamento de todos os envolvidos neste atendimento e a partir da necessidade de se criar um material didático mais dinâmico, interessante e significativo para as propostas da Clínica Ampliada intramuro, o Grupo PET-Odontologia-UEM aceitou o desafio de elaborar um vídeo para melhorar o entendimento sobre a organização e funcionamento da clínica ampliada da UEM direcionada para os acadêmicos, docentes e agentes universitários. Conclui-se, portanto, que a documentação institucional, por meio de vídeo, das atividades desenvolvidas no âmbito da Clinica Ampliada, representa uma boa estratégia para divulgação do atendimento clínico de forma transparente, objetiva e acessível a todos os atores envolvidos no atendimento a população. Além do mais, permite a troca de experiências e saberes com outras entidades educacionais. Portifólio de documentos da clínica ampliada do curso de odontologia da UEM Apresentador: Mitsue Fujimaki Hayacibara Autores: Mitsue Fujimaki Hayacibara, Luciene Silvério Padilha, Cristiane Muller Calazans, Arivaldo de Jesus Vicente, Laurindo Zanco Furquim, Vera Lúcia Pereira Correa, Raquel Sano Suga Terada Instituição: Universidade Estadual de Maringá INTRODUÇÃO O Curso de Odontologia da UEM, desde 1992, vem discutindo e tentando operacionalizar a proposta pedagógica inovadora à época, de um Currículo Integrado que visa a formação do profissional generalista, voltado às necessidades da população. A pertinência desse enfoque foi realçada pela convergência com as Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Odontologia, estabelecidas em 2002. Vários projetos, propostas e iniciativas vem sendo executadas ao longo dos anos e mais recentemente, em 2007, as discussões ganharam força com a criação da “Clínica do PSF”. Esta foi resultado das necessidades levantadas com as atividades de territorialização do Estágio Supervisionado, e esta clínica é hoje denominada “Clínica Ampliada”, pois visa o atendimento integral das necessidades, tem o objetivo de produzir saúde e autonomia aos indivíduos e comunidade. Estes avanços são fruto de um trabalho coletivo de docentes, agentes universitários e discentes que, entendendo a necessidade de um campo de práticas no qual o futuro profissional pudesse se espelhar construíram um modelo de atendimento para as clínicas de graduação baseado nos pressupostos da clínica ampliada. Muitas iniciativas têm propiciado o fortalecimento do movimento por mudanças no processo de formação profissional na área da saúde como o PróSaúde, o PET-Saúde, a Política Nacional de Humanização, Política Nacional de Educação Permanente em Saúde, dentre outras, e tem impulsionado este caminhar no Curso de Odontologia da UEM. A partir de 2009, várias mudanças na rotina das clínicas de graduação vêm ocorrendo de maneira lenta e gradativa e para tanto, uma série de documentos tem sido elaborados. Desta maneira, o objetivo deste trabalho é apresentar um portifólio de documentos da Clínica Ampliada da UEM, que tem o papel de assegurar a divulgação, entendimento, documentação e motivação dos atores envolvidos na atenção Revista da ABENO • 11(1):81-132 121 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia odontológica para um cuidado resolutivo, humanizado e integral. MATERIAIS E MÉTODO Foram consultadas as memórias das reuniões semanais do Colegiado Permanente de Avaliação da Clínica Ampliada (COPACA), relatórios dos eventos realizados e todos os documentos elaborados por esse grupo de trabalho. Após análise, foram selecionados os principais documentos que representassem avanços no processo de implementação da Clínica Ampliada. RESULTADOS Colegiado Permanente de Avaliação da Clínica Ampliada (COPACA) O COCAPA é composto por docentes, discentes e agentes universitários e teve início em 2009, quando foram realizadas 26 reuniões. Já em 2010, ocorreram 33 reuniões. E para 2011, o grupo estabeleceu 35 encontros. Estes tem sido o espaço para a discussão dos processos de trabalho, o momento para pensar as mudanças e é onde ocorre o fortalecimento do grupo para os avanços conseguidos na implementação da Clínica Ampliada. Portifólio de documentos Dentre os vários documentos desenvolvidos pelo COPACA, pode-se destacar: 1- Prontuário Único do paciente, elaborado com a participação de todas as áreas da Odontologia, incluindo a odontopediatria; 2- Manual da Clínica Ampliada, primeiro material de capacitação produzido em 2010, que contém o Fluxograma da Clínica Ampliada, a descrição da operacionalização do atendimento, Fases do planejamento integrado que auxilia o aluno a elaborar um plano de tratamento integrado, Critérios para a indicação de procedimentos de acordo com as séries, áreas e grau de complexidade, Fichas de referência e contra-referência e Ficha de alta; 3- Instrutivo da Clínica Ampliada, material produzido em 2011, que contem a nova ficha de avaliação do desempenho dos alunos em clínica da graduação, contemplando os propósitos de avaliação por competência, painel com as informações sobre a organização do atendimento na Clínica Odontológica da UEM, questionário de satisfação do usuário pré e pós-atendimento, roteiro para seminários de planejamento integrado de casos clínicos das equipes de trabalho, composição das equipes composta por alunos do 3º., 4º. e 5º. anos, tutorados por mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Odontologia Integrada e orientador por docentes, Regulamento da Clínica Ampliada e informações sobre o papel do controle social. Inicialmente a propos122 ta passou pela fase de sensibilização e informação, para num segundo momento apoiar a implementação e organização, e por fim, realizar a avaliação das mudanças, tendo como meta alcançar o comprometimento dos atores envolvidos com a Clínica Ampliada e a autonomia dos usuários na manutenção de sua saúde. Assim, todos os documentos elaborados tem se mostrado fundamentais para apoiar este processo que está em andamento. Principais avanços A formação do profissional de saúde passa por uma educação para além do domínio técnico-científico, mas também deve incluir práticas com relevância social, buscando a qualidade de saúde da população, tanto nos aspectos epidemiológicos do processo saúde-doença, quanto nos aspectos de organização da gestão e estruturação do cuidado à saúde (Cecim & Feuerwerker, 2004). A concretização da Clínica Ampliada é cada vez mais vital para qualificar os serviços de saúde. Esta experiência tem dado subsídios para uma nova visão do cuidado integral aos alunos de graduação e pós-graduação, já que este é um dos cenários de práticas vivenciados durante o Curso de Odontologia. Além disso, a Clínica Ampliada tem proporcionado a vivência de uma gestão colegiada, no formato de roda, que se traduz pela valorização de cada ator e pelo desenvolvimento do potencial individual. Dentre os avanços, podemos citar a maior resolutividade dos problemas, menor dificuldade nos enfrentamentos e conflitos e maior comprometimento e satisfação de todos neste processo de construção coletiva. Uma tradução possível para o significado do trabalho em Clínica Ampliada está contida no verbo tecer. Tecer, abrir, começar, costurar, pintar, unir, fiar e entrelaçar. Um novo modo de trabalhar. Uma forma diferente de tecer as sutis relações humanas, profissionais, de saberes, do ensino com o serviço e a comunidade, visando uma atenção integral. Um desafio e tanto que tem sido o norte daqueles que lutam pela consolidação do SUS. CONCLUSÃO Assim, conclui-se que a gestão colegiada, ou em forma de roda, tem permitido os circuitos de troca, aprendizagem recíproca e reflexão crítica, construção de novas práticas e formas de se relacionar, além de ajudar a diminuir as resistências à mudança, conseguir o envolvimento e a inclusão de um maior número de integrantes, mantendo este processo dinâmico em constante aprimoramento. Além disso, a partir desta forma de gestão foi possível construir co- Revista da ABENO • 11(1):81-132 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia letivamente documentos que tem sido essenciais para a implementação da Clínica Ampliada e para que o processo de qualificação do cuidado ocorra de maneira sustentável. Descritores Odontologia. Sistema Único de Saúde. Humanização da Assistência. REFERÊNCIAS bibliográficas 1. Brasil. Ministério a Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Humanização da atenção e Gestão do SUS. Clínica Ampliada e Compartilhada/Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS – Brasília: Ministério da Saúde, 2009. 2. Cecim, RB, Feuerwerker, LCM. O Quadrilátero da Formação para a Área da Saúde: Ensino, Gestão, Atenção e Controle Social.: Rev. Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 14(1):41- 65, 2004. 3. Hayacibara MF, Terada RSS, Takeshita WN. (org.) Manual da Clínica Ampliada do Curso de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá: Clichetec, 2010. Implementação do Pró-Saúde no Curso de Odontologia da UEM Apresentador: Raquel Sano Suga Terada Autores: Raquel Sano Suga Terada, Mitsue Fujimaki Hayacibara, Luiz Fernando Lolli, Cynthia Junqueira Rigolon, Mariliani Chicarelli da Silva, Mirian Marubayashi Hidalgo Instituição: Universidade Estadual de Maringá E ste trabalho objetivou relatar a implantação do Pró-saúde no curso de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e as atividades realizadas até o ano 2010. Trata-se de um estudo documental retrospectivo de consulta a relatórios técnicos e financeiros das duas cartas acordos do projeto. Uma equipe de seis docentes do Departamento de Odontologia da UEM se encarregou de avaliar todo o material e relacionar as principais ações desenvolvidas. Neste processo, foram fundamentais as constituições de comitês gestor e de acompanhamento e a contratação de assessorias administrativa e pedagógica de recursos humanos. Dentre as ações, destacam-se a atuação nas atividades extramurais, a re-inserção de acadêmicos nos serviços municipais de saúde de Maringá, o estabelecimento de parceria com a Secretaria de Saúde de Marialva, a criação da Clínica Ampliada em Odontologia, os fóruns para relato de experiência e avaliação, os levantamentos epidemiológicos e o projeto de heterocontrole das águas de abastecimento público de Maringá. Conclui-se que a implantação do Pró-Saúde serviu como marco inicial do processo de mudança com a constituição de uma massa crítica de docentes engajados na formação dos profissionais de saúde e trabalhando de forma colegiada. Persistem como desafios a integração multiprofissional e a mudança do paradigma curativista para o de promoção de saúde. Inserção do aluno de odontologia no SUS: contribuições do PróSaúde Apresentador: Simone Dutra Lucas Autores: Andréa Clemente Palmier, João Henrique Lara do Amaral, Marcos Azeredo Furquim Werneck, Maria Inês Barreiros Senna, Simone Dutra Lucas Instituição: Faculdade de Odontologia da UFMG O objetivo deste trabalho é descrever a experiência da disciplina Ciências Sociais Aplicadas à Saúde (CSAS) da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais (FO-UFMG). Em resposta às recomendações das Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Odontologia e do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde), desde 2004, a FO-UFMG tem se mobilizado para mudar seu currí¬culo, dando atenção especial à diversificação dos cenários de aprendizagem. Em 2007, a Disciplina de CSAS foi reformulada, permitindo a inserção dos discentes no Sistema Único de Saúde (SUS) no iní¬cio de sua formação profissional, quando a realidade e a prática do SUS são os objetos do ensino. Esse movimento reforçou as expectativas de que essa inserção é viável. Espera-se que as mudanças na disciplina funcionem como um projeto piloto, subsidiando outras iniciativas que visem uma maior aproximação dos estudantes à prática profissional, e que sirva de parâmetro na organização e planejamento de outros conteúdos vinculados à saúde coletiva a serem incluí¬dos na formação profissional. Programa de Teleodontologia da UFMG Apresentador: Simone Dutra Lucas Autores: Simone Dutra Lucas, Rogéli Tiburcio da Cunha Peixoto Instituição: Faculdade de Odontologia da UFMG INTRODUÇÃO O programa de Teleodontologia da Faculdade de Odontologia da UFMG teve início em 2005 com o Revista da ABENO • 11(1):81-132 123 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia Projeto BH Telessaúde. Atualmente o programa conta também com outros dois: um desenvolvido na Faculdade de Medicina e o outro no Hospital das Clínicas, ambos da UFMG. Objetivo Aproximar profissionais dos serviços de saúde e alunos do conhecimento produzido na Universidade resultando em aprimoramento das práticas profissionais e ao mesmo tempo diminuindo o número de encaminhamentos de pacientes para distantes centros especializados e promovendo atualização ou mesmo uma segunda opinião aos profissionais. Descrição da atividade O programa conta com duas atividades: videoconferências e teleconsultorias. As videoconferências do BH Telessaúde são realizadas mensalmente e tem duração de uma hora e meia. Na Faculdade de Medicina as videoconferências são quinzenais e levam uma hora. Tanto a Faculdade de Medicina quanto o Hospital das Clínicas realizam teleconsultorias on line e off line. Considerações finais O projeto de extensão apresenta um série de atividades muito relevantes por propiciar uma atualização permanente à distância através de videoconferêcias e teleconsultorias aos profissionais de saúde e aos estudantes da UFMG. Entretanto, o programa tem uma capacidade de alcance bem maior considerando seu ilimitado potencial. A telemática tem uma relevância social inquestionável à medida que encurta distâncias, estimula a integração dos docentes e discentes com o serviço, amplia o conhecimento e melhora o desempenho dos profissionais da saúde. Programa de teleodontologia da UFMG Apresentador: Simone Dutra Lucas Autores: Rogeli Tiburcio Ribeiro da Cunha Peixoto, Simone Dutra Lucas Instituição: Faculdade de Odontologia da UFMG INTRODUÇÃO Percebe-se no cenário atual do desenvolvimento da tecnologia da informação e comunicação uma promessa explícita de importantes contribuições para os projetos da área de saúde. O compartilhamento de conhecimentos acena com a possibilidade de uma assistência mais segura com renovação e aprimoramento permanente sobre a capacitação dos profissionais. Para tal, a telemática sendo definida como a “manipulação e utilização da informação pelo uso 124 combinado de computador, seus acessórios e meios de comunicação” se destaca e se firma como um instrumento político e estratégico neste objetivo das ações de saúde. Quando esta ferramenta é empregada a serviço da saúde ela adota o nome de e-saúde ou, mais comumente, telessaúde. A Organização Mundial de Saúde (OMS) do século XXI considera que a principal expectativa referente à saúde coletiva será alcançada por meio da melhoria do acesso aos recursos de maior e melhor qualidade disponíveis na área de saúde para a maior parte da população. Nessa perspectiva, a telessaúde se coloca indispensável para o alcance dessa meta de abrangência da assistência à população no que se refere à sua saúde. Várias são as modalidades da prática de telessaúde: a telemedicina, a teleenfermagem e a teleodontologia. A aplicação desta prática vem sendo usada como teleeducação objetivando a educação permanente de profissionais que atuam nos serviços públicos e de alunos de graduação nas faculdades ligadas à área da saúde. Também a teleconsultoria tem sido utilizada como recurso de assistência aos trabalhadores de saúde de regiões remotas com disponibilização de laudos ou segunda opinião de especialistas locados em pólos centrais. A teleeducação na graduação pode propiciar interação professor/aluno on line no que tange às videoconferências e também, através das teleconsultorias on line ou off line, como recursos certamente muito úteis, especialmente, nos estágios rural ou urbano fora dos espaços da Universidade. Como suporte assistencial, aproxima o profissional do serviço ao conhecimento produzido na universidade, que com isto contribui com uma assistência mais respaldada e, portanto, mais efetiva. A proposta se coloca como relevante, pois aproxima docentes de profissionais já habilitados que estão nos serviços e nem sempre têm oportunidade de atualizar seus conhecimentos ou mesmo ouvir uma segunda opinião quando têm dúvidas nas situações clínicas enfrentadas. A aproximação da universidade e sociedade tem sido cada vez mais ambicionada, pois, abre um caminho de mão dupla. Assim, o programa de Teleodontologia tem potencial para ocupar o importante papel de ligação da universidade com a sociedade, contribuindo na melhoria da assistência prestada e direcionando a produção de conhecimentos para atender às reais necessidades da população. A experiência da Faculdade de Odontologia com essa tecnologia iniciou-se em 2005 através do projeto de extensão “Telessaúde Bucal”, em parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte. Posteriormente, foi criado um programa constituído de três Revista da ABENO • 11(1):81-132 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia projetos alocados, além da Prefeitura de Belo Horizonte, na Faculdade de Medicina e Hospital das Clinicas, ambos da UFMG. OBJETIVOS a)realizar videoconferências e teleconsultorias; b)capacitar o corpo discente da disciplina Estágio Supervisionado e de outras disciplinas da Faculdade de Odontologia para que possam usufruir mais desse recurso; c)viabilizar a produção de recursos pedagógicos a serem disponibilizados a diferentes disciplinas, projetos, profissionais, estudantes e ao público em geral, seja em processos de educação permanente, seja em ações educativas e informativas; d)consolidar e reforçar as ações da Liga Acadêmica de Telessaúde da UFMG – LITEL. Essa liga congrega estudantes das Faculdades de Medicina, Enfermagem e Odontologia, e até o momento, está sediada na escola de Medicina e tem pouco impacto nas demais unidades por não existir ainda nas mesmas uma adequada estrutura de suporte para as ações desenvolvidas; e)explorar a telemática como instrumento de suporte assistencial e de educação permanente na Odontologia através de videoconferências e teleconsultorias; f)fornecer aos alunos da FO/UFMG, educação permanente e supervisão à distância nas ações realizadas dentro e fora da Faculdade (internato/ projetos); g)propiciar educação permanente e suporte assistencial aos profissionais do serviço; h)disponibilizar as videoconferências já realizadas para a comunidade acadêmica; i) apresentar o projeto em eventos científicos. METODOLOGIA Participam das videoconferências realizadas na Faculdade de Medicina cerca de 50 municípios do estado de Minas Gerais. Na Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte há 147 Unidades Básicas de Saúde em condições de participar das videoconferências realizadas neste município. É importante ressaltar que a disciplina Estágio Supervisionado ministrada no 9º período da FOUFMG conta com estudantes em algumas destas Unidades tanto no interior do Estado como em Belo Horizonte. As videoconferências são realizadas mensalmente na Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte e quinzenalmente na Faculdade de Medicina com duração de 90 e 60 minutos respectivamente. Após a exposição do confe- rencista abre-se a discussão com os participantes com o objetivo de sanar dúvidas sobre o cotidiano do trabalho em saúde. Ambas seguem um cronograma proposto no início de cada semestre, com temas sugeridos pelos participantes do programa sempre em horários pré-estabelecidos. O projeto BH Telessaúde equipou a rede assistencial com a tecnologia de telemática e a Rede Nacional de Telessaúde implantou nos municípios selecionados, os insumos tecnológicos necessários para seu funcionamento. A Faculdade de Odontologia, através do presente programa organiza e subsidia as ações relacionadas à saúde bucal. Fica a cargo deste projeto a organização da seleção de conteúdos para as videoconferências, de consultores, do agendamento e do fluxo de contatos para a obtenção de teleconsultorias e emissão de segunda opinião tanto no sistema off line como on line. Pelo fato de não termos uma equipe de professores em esquema de plantão para o projeto são realizadas predominantemente teleconsultorias off-line. Atualmente os alunos do Estágio Supervisionado contam com aulas teóricas sobre Teleodontologia e mecanismo de acesso à plataforma no tocante a videoconferência e teleconsultoria. Busca-se ampliar a formação de outros discentes para o uso desta ferramenta. Pretendese estabelecer na Faculdade de Odontologia um espaço equipado com a tecnologia necessária para gerar as videoconferências. Esse espaço atenderá não só o Teleodontologia como também outros possíveis projetos que necessitarão desse suporte tecnológico. Com a instalação dos equipamentos na Faculdade de Odontologia a participação dos estudantes de diferentes períodos do curso poderá ser ampliada tanto para disciplinas extra muros como intra muros. Profissionais do serviço serão também convidados a participar o que propiciará uma maior aproximação entre os mesmos e a comunidade da Faculdade de Odontologia. As atividades da coordenação do projeto, junto à Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, consistem da organização e acompanhamento de videoconferências mensais destinadas às Unidades Básicas de Saúde. A partir dos temas sugeridos pelos profissionais da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte são convidados um conferencista, preferencialmente da UFMG, e um profissional do serviço para proferir a videoconferência. Já as atividades desenvolvidas pela coordenação do projeto junto à Faculdade de Medicina da UFMG envolvem a organização e acompanhamento de videoconferências quinzenais e ainda das teleconsultorias. A partir dos temas sugeridos pelos profissionais dos mu- Revista da ABENO • 11(1):81-132 125 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia nicípios participantes do projeto, convida-se um ministrador, preferencialmente da UFMG, para proferir a videoconferência. As teleconsultorias desenvolvidas na Faculdade de Medicina são geradas a partir de dúvidas que levam os profissionais do interior do estado de Minas Gerais a solicitarem uma segunda opinião de especialistas. A coordenação encaminha tais demandas para os especialistas e o retorno aos solicitantes é feito com as respostas emitidas pelos consultores. O Hospital das Clínicas realiza teleconsultorias e conta com três teleconsultores cadastrados que respondem às dúvidas de profissionais de aproximadamente 600 municípios do estado de Minas Gerais, distintos daqueles alocados na Faculdade de Medicina. RESULTADOS No ano de 2010, o projeto desenvolvido junto à Prefeitura Municipal de Belo Horizonte atingiu, em média, 43 Unidades Básicas de Saúde e cerca de 120 profissionais por videoconferência. Nas videoconferências da Faculdade de Medicina, o número de municípios e de participantes variou entre 15 e 50, respectivamente. Nas teleconsultorias realizadas junto à Faculdade de Medicina os temas mais demandados pelos profissionais foram patologia e cirurgia. O número de teleconsultorias do projeto desenvolvido junto ao Hospital das Clínicas foi de 122 e 365 em 2009 e 2010, respectivamente. Por se tratar de uma metodologia moderna de ensino/aprendizagem, a avaliação do impacto destas tecnologias nas práticas profissionais das equipes de saúde bucal são realizadas através de um questionário on-line. CONCLUSÕES O programa de extensão apresenta um série de atividades muito relevantes por propiciar uma atualização permanente à distância através de videoconferêcias e teleconsultorias aos profissionais de saúde e aos estudantes da UFMG, especialmente àqueles que se encontram em áreas distantes dos grandes centros. Entretanto, o programa tem uma capacidade de alcance bem maior considerando seu ilimitado potencial. Finalmente destacamos que a telemática tem uma relevância social inquestionável à medida que encurta distâncias, estimula a integração dos docentes e discentes com o serviço, amplia o conhecimento e melhora o desempenho dos profissionais da saúde. DESCRITORES Telessaúde. Odontologia. Educação. REFERÊNCIAS bibliográficas 1. Masotti AS, Jardim JJ, Oshima H, Pacheco JFM. Ensino a distância em odontologia via internet: o que está sendo produzi- 126 do no Brasil? Rev Odonto Ciênc. 2002 Jan./Mar.; 17(35):96-102 2. Cook J, Austen G, Stephens C. Videoconferencing: what are the benefits for dental practice? Br Dental J. 2000 Jan; 188(2):67-70 3. Moraes MAS, Cavalcanti CAT, Sá EMO, Drumond MM. Telessaúde bucal: uma concepção diferente de teleodontologia. In: Santos AF, Souza C, Alves HJ, Santos SF, editors. Telessaúde: Um instrumento de suporte assistencial e educação permanente. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006. p. 95-128 4. Litwin E. Educação à distância: temas para o debate de uma nova agenda educativa. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001. 5. Moraes MAS, Drumond MM, Resende EJC, Santos SF, Cavalcanti CAT, Sá EMO. Teleodontología: Educación permanente a distancia. Latin Am J Telehealth. 2009 Abr. 1(1): 97-104. O trabalho interdisciplinar: desafios e conquistas do PET Saúde da Prainha sob o olhar da odontologia Apresentador: Janaína Espíndola Autores: Janaína Espíndola, Luiza Schmidt, Débora Martini, Thaise Goronzi, Rafael Sebold, Daniela Carcereri Instituição: UFSC O Programa de Educação pelo Trabalho (PET – Saúde da Família), criado em 2008 através de parceria entre o Ministério da Saúde e o Ministério da Educação, e orientado pela regulamentação do Sistema Único de Saúde (SUS), tem como objetivo a integração entre diferentes cenários de ensino aprendizagem, incentivando o acadêmico de graduação a conhecer o Sistema e a desenvolver ações. O Programa insere estudantes em locais de atuação profissional, propiciando experiência interdisciplinar voltada para o trabalho com a comunidade e incentiva a qualificação do profissional de saúde através do contato com a academia e da realização de pesquisas no âmbito da atenção primária de saúde. Vem somar esforços potencializando as ações do Programa Pró-saúde que visa a reorientação da formação em saúde na direção do SUS. O Centro de Saúde (CS) do bairro Prainha, em Florianópolis-SC, é cenário de prática de um Grupo Pet Saúde da Família. É composto por acadêmicos de Medicina, Psicologia, Serviço Social, Educação Física, Odontologia e Enfermagem, por preceptores que atuam como profissionais da Estratégia de Saúde da Família (médico, enfermeiro e cirurgião-dentista) e do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (assistente social, psicólogo e educador físico) e uma professora tutora da UFSC. O presente Revista da ABENO • 11(1):81-132 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia trabalho apresenta o relato das ações desenvolvidas pelo grupo Pet-saúde da Família no Centro de Saúde da Prainha, envolvendo 6 cursos de graduação da área da saúde da UFSC, trabalhadores da SMS e comunidade, ressaltando ações pedagógico-assistenciais desenvolvidas na área de Odontologia. O CS Prainha compreende uma construção de dois andares, possuindo 31 salas, sendo que 2 delas são exclusivas para atendimento odontológico. Nele atuam três equipes de saúde da família responsáveis por três áreas de abrangência (130, 131, 132). Trata-se de uma unidade docente-assistencial onde atuam estudantes de oito diferentes cursos da área da saúde por meio das disciplinas de interação Comunitária e /ou de estágios. As atividades desenvolvidas caracterizam-se como atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão na perspectiva interdisciplinar, contribuindo assim para a formação de profissionais com perfil adequado ao trabalho na atenção básica e comprometidos com as demandas sociais da comunidade. Os estudantes de odontologia participam das seguintes atividades: Atividades de ensino São desenvolvidas no centro de saúde e na comunidade de acordo com os pressupostos da Estratégia Saúde da Família. Destacam-se: participação em reuniões de planejamento (de área e gerais do CS), em grupos de atenção, acompanhamento de visitas domiciliares, atividades coletivas em escolas e creches (epidemiológicas, educativas, preventivas e tratamento restaurador atraumático); oficinas de oroscopia destinadas a estudantes de medicina, participação no acolhimento, conhecimento do trabalho desenvolvido pelos diferentes setores do CS tais como a farmácia, a sala de vacina, marcação de consultas, a recepção, serviços da equipe de enfermagem e medicina; e o atendimento clínico odontológico. Atividades de pesquisa A Odontologia participa da realização das duas pesquisas que estão em andamento no CS Prainha. A primeira tem por objetivo conhecer a percepção dos usuários em relação à qualidade dos serviços prestados no CS, possibilitando a reavaliação do atendimento e dos serviços. A coleta de dados utilizou questionários com perguntas objetivas e subjetivas. As estudantes aplicaram os questionários na comunidade auxiliadas pelos agentes comunitários de saúde. Um banco de dados foi organizado e atualmente o grupo se dedica à análise dos mesmos. A segunda pesquisa tratará da percepção dos usuários e profissionais de saúde sobre o processo saúde-doença. Como metodologia serão utilizados os círculos de cultura propostos por Paulo Freire. Atualmente o grupo encontra-se em fase de capacitação para aplicação do método. Atividades de extensão São atividades desenvolvidas em horários distintos das atividades de ensino e que envolvem a participação na comunidade. Um exemplo é o Fórum de Saúde que tem por objetivo proporcionar uma maior articulação entre os profissionais de saúde e a comunidade. Mostra-se fundamental para a construção de um planejamento em saúde voltado para o atendimento das necessidades dos usuários. Além disso, pretende sensibilizar usuários e trabalhadores para a criação do Conselho Local de Saúde do bairro. Em agosto de 2010 foi realizado o primeiro Fórum que contou com a participação de 35 pessoas, entre profissionais, moradores do bairro e estudantes PET. Percebeu-se que a participação desses nos espaços de discussão ainda é reduzida. Reafirma-se, portanto, a necessidade de divulgação sobre a importância dos espaços de controle social, considerando que a participação social dos usuários na gestão dos serviços de saúde é essencial para a qualificação do trabalho nos Centros de Saúde e para a democratização do conhecimento e construção da cidadania. Esse trabalho foi apresentado na Semana de Pesquisa e Extensão (SEPEX) da UFSC como forma de refletir sobre a temática. Programa Saúde na Escola – PSE Articula os diferentes profissionais e estudantes em torno da temática configurando-se como excelente campo para o planejamento e desenvolvimento de ações interdisciplinares. Outras atividades como: participação em campanhas de vacinação, de prevenção de câncer de mama, ações relativas à saúde do idoso e saúde da mulher. CONSIDERAÇÕES FINAIS O PET Saúde gerou oportunidades de vinculação entre os profissionais da saúde e os bolsistas da área de Odontologia. Possibilitou refletir sobre a realidade de ampliar o acesso dos usuários do CS Prainha à saúde e à educação e estimulou a participação social. Além disso, o fato do PET Saúde da Família da Prainha contar com a participação de profissionais que atuam no NASF, fortaleceu a construção de um trabalho integrado e voltado para a interdisciplinaridade. Destaca-se a contribuição para ressignificação do ensino na medida em que possibilita a utilização de instrumentais teóricos e técnicos aprendidos na academia e também propicia um olhar diferenciado para Revista da ABENO • 11(1):81-132 127 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia o SUS e, em especial, para a atenção primária de saúde. Por fim, cabe ressaltar que foram muitos os desafios encontrados para a atuação deste grupo PET, entre eles, a pouca disponibilidade de horários dos participantes e a formação acadêmica voltada para a especificidade. Estes aspectos dificultaram o estabelecimento de atividades multiprofissionais e a consolidação da interdisciplinaridade. Questão esta que continua sendo um dos maiores desafios do programa PET- Saúde da Família no CS Prainha. Descritores Formação de Recursos Humanos. Serviços de Integração Docente-Assistencial. Educação em Odontologia. REFERÊNCIAS bibliográficas 1. Baltazar, Mariângela M. de M.; MOYSÉS, Samuel Jorge; BASTOS, Carmem Célia B. C. Profissão, docente de Odontologia: o desafio da Pós-Graduação na formação de professores. Trabalho, Educação e Saúde, Rio de Janeiro, v.8, n.2, p. 285-303, jul.-out. 2010. 2. Campos, Francisco Eduardo de et al.. O SUS como Escola: a responsabilidade social com a atenção à saúde da população e com a aprendizagem dos futuros profissionais de saúde. Revista Brasileira de Educação Médica, Rio de Janeiro, v. 33, n. 4, p.513-514, out./dez. 2009. 3. Morita, Maria Celeste; HADDAD, Ana Estela. Interfaces da área da Educação e da Saúde na perspectiva da formação e do trabalho das equipes de Saúde da Família. In: MOYSÉS, Simone Tetu; KRIGER, Léo, MOYSÉS, Samuel Jorge (Orgs.). Saúde Bucal das Famílias: Trabalhando com Evidências. São Paulo: Artes Médicas, 2008. p. 268-276. 4. Morita, Maria Celeste; HADDAD, Ana Estela; ARAÚJO, Maria Ercília. Perfil atual e tendências do cirurgião-dentista brasileiro. Maringá: Dental Press, 2010. p. 17-19. Disponível em: < http:// cfo.org.br/wp-content/uploads/2010/04/PERFIL_CD_BR_ web.pdf > . Acesso em: 20 set. 2010. Atuação do PET-Saúde no trabalho em equipe em uma unidade de Saúde da Família Apresentador: Rianne Keith Bernardo da Silva Autores: Rianne Keith Bernardo da Silva Instituição: UFPB INTRODUÇÃO Durante as atividades do PET-Saúde realizadas na Unidade de Saúde da Família Grotão II, a qual se localiza no bairro Grotão, João Pessoa – PB, os estudantes deste programa tiveram a oportunidade de atuar no contexto do Hiperdia, realizando atividades semanais na USF e construindo conhecimento sobre as práticas de serviço em saúde no contexto da Atenção Primária. Sendo assim, a participação ativa dos 128 estudantes nestas atividades possibilitou que os mesmos se tornassem sujeitos atuantes do processo de produção do cuidado juntamente com as equipes. Nos protocolos de atendimento aos usuários da atenção básica preconizados pelo Ministério da Saúde observa-se freqüentemente a importância da abordagem multiprofissional. Uma vez que a hipertensão arterial é uma doença multifatorial, que envolve orientações voltadas para vários objetivos, seu tratamento poderá requerer o apoio dos diversos profissionais da saúde. No entanto, no início das nossas atividades na Unidade, percebemos a existência de problemas na organização do trabalho da equipe que se configurava como um entrave para as ações do Hiperdia. Durante estas ações, era perceptível que alguns profissionais acumulavam mais atribuições que outros, gerando uma divisão de trabalho injusta, resultando na desorganização do atendimento e insatisfação do usuário. A partir disto, pode-se observar que, o simples fato dos profissionais atuarem em um mesmo espaço não significa que eles constituam uma equipe. Para que sejam considerados como tal, eles precisam estar organizados para atender o usuário em sua integralidade, tomando para si o dever de cuidar. Reconhecendo assim que, para contornar os obstáculos do trabalho em saúde, é importante que sejam levados em consideração as opiniões e olhares de todos os atores daquela realidade. OBJETIVO o presente trabalho tem por objetivo relatar a experiência dos estudantes do PET-Saúde nas atividades interdisciplinares do Hiperdia na USF Grotão II e a sua atuação no contexto do trabalho em equipe, no que se refere ao planejamento de ações, organização do cuidado, divisão de tarefas e avaliação contínua do processo de trabalho. Um dos principais desafios era transformar o Hiperdia numa atividade na qual todos os profissionais da equipe e estudantes do PET-Saúde participassem de forma ativa no decorrer das ações, estando engajados e, ao mesmo tempo, comprometidos com a produção do cuidado, fazendo com que os mesmos se sentissem co-responsáveis pela eficácia do serviço. A intenção era que houvesse uma cooperação mútua entre os membros da equipe e estudantes do PET-Saúde, evitando assim que, alguns se sobrecarregassem mais que os outros – problema que contribuía para que o atendimento não fosse realizado como deveria, gerando uma demora na realização de consultas e entrega de medicação. METODOLOGIA UTILIZADA As atividades foram desenvolvidas durante o perí- Revista da ABENO • 11(1):81-132 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia odo que vai de agosto a novembro de 2010 e contaram com a participação dos estudantes do PET-Saúde, de profissionais da Unidade, tais como a médica, a enfermeira, a auxiliar de enfermagem e as Agentes Comunitárias de Saúde. Como o trabalho em equipe é fundamental para que as ações em saúde presentes na Estratégia de Saúde da Família possam obter impacto na comunidade, de acordo com os princípios da Integralidade, Universalidade e Resolutividade preconizados pelo SUS, percebe-se a necessidade de que os profissionais entendam essa importância e que, em conjunto, busquem estratégias para desenvolver o trabalho em saúde de acordo com a realidade da população assistida, tendo em vista as suas limitações, potencialidades e carências mais urgentes, possibilitando assim a promoção do cuidado de forma integral. Para obter tal êxito foi fundamental a realização de reuniões de equipe, para a discussão do papel de cada integrante nas atividades do Hiperdia, na tentativa de se buscar estratégias eficazes para a melhor organização do trabalho, proporcionando uma melhor resultado das ações inerentes ao programa. Neste sentido, o Protocolo de Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus representou um elemento norteador das atitudes a serem tomadas através de seus objetivos. Outro fator importante foi o planejamento de ações interdisciplinares realizado pelos estudantes do PET-Saúde junto aos profissionais de saúde, levando em consideração as atribuições de cada um. A partir das discussões e reflexões realizadas, foram feitas algumas pactuações importantes para que as atividades obtivessem o sucesso desejado, como, por exemplo, a divisão de tarefas entre a equipe e estudantes. Todos tiveram a oportunidade de contribuir com suas idéias e sugestões sobre o assunto caracterizando um planejamento baseado nos olhares de todos os profissionais. Após as reflexões, foram anotadas as sugestões que pareciam mais oportunas para a realidade da Unidade, fazendo-se as devidas atribuições a cada profissional no que se refere às ações do Hiperdia dali em diante. RESULTADOS A partir das mudanças e estratégias tomadas pela equipe, constatamos que a divisão de tarefas e a cooperação entre seus membros favoreceram a melhoria do atendimento aos pacientes hipertensos e diabéticos de acordo com o protocolo de Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus elaborado pelo Ministério da Saúde. Através do diálogo e das constantes atividades desenvolvidas em grupo, aos poucos foi possível criar uma relação de companheirismo, que fez com que os profissionais enxergassem os estudantes do PET-Saúde como parceiros, além de sujeitos atuantes no serviço proporcionado pela USF aos seus usuários. A atuação em atividades de cunho multidisciplinar possibilitou a todos os envolvidos a oportunidade de conhecer as contribuições especificas das diferentes áreas, essa integração garantiu a articulação de diversos saberes e profissionais da saúde - aspectos fundamentais para o desenvolvimento do trabalho em equipe numa Unidade de Saúde da Família. A cooperação mútua em torno de um objetivo coletivo possibilitou a criação de um ambiente de trabalho mais agradável no qual cada membro sentiu-se importante para o restante do grupo e para o desenvolvimento das atividades na USF. Isto contribuiu para que houvesse uma maior satisfação do profissional, o que trouxe mais motivação para o trabalho e com isso, conseqüentemente, uma melhora no seu desempenho profissional. Ao longo das atividades, o que via-se era uma equipe inteira trabalhando com um mesmo objetivo, um colaborando com o outro e todos juntos com uma finalidade em comum: o cuidado. Ficou mais do que provado que com o trabalho em equipe sendo desempenhado de forma adequada, o que antes era um trabalho individualista e estressante para os profissionais, poderia se transformar em um momento de promoção à saúde, com direito à satisfação profissional e sentimento de parceria entre os membros da equipe. CONCLUSÃO Nessa perspectiva percebe-se que a relação entre profissionais de saúde é um aspecto de relevância no processo de adesão às ações de um determinado programa como o Hiperdia. Para tanto, é necessário que a equipe possua momentos destinados à reflexão e à pactuação de ações, onde cada profissional possa interferir/opinar no processo de planejamento de atividades a serem desenvolvidas na Unidade. Daí a importância de que o profissional de saúde inserido na Estratégia de Saúde da Família possua a visão mais adequada do que é o trabalho em equipe dentro do seu contexto, a partir deste entendimento, será possível a reorientação de práticas em busca de melhorias dentro no serviço prestado à comunidade. Portanto é necessário que cada membro do grupo se identifique com as ações desenvolvidas e visualizem a si próprios como seres indispensáveis para que as metas e os objetivos almejados sejam alcançados. Deve-se destacar que a realização de reuniões com todos os profissionais da unidade é uma ferramenta de significativa importância para que se possa discutir sobre Revista da ABENO • 11(1):81-132 129 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia determinadas questões que levem à concretização de objetivos e metas cruciais para promover o cuidado. Como no caso do Hiperdia, por exemplo, a reunião realizada com a equipe foi fundamental para que o atendimento realizado exclusivamente naquele dia fosse reorientado, de forma que houvesse um acompanhamento mais eficiente de cada usuário e um melhor controle da entrega de medicamentos. A participação dos estudantes do PET – Saúde foi importante no sentido de contribuir em todas as etapas do processo. Desde as reflexões até a implementação das ações. Esse “botar a mão na massa” como mais um membro da equipe tem sido um diferencial em relação à aprendizagem e na conquista do reconhecimento do trabalho. Descritores Saúde da Família. Serviços de Saúde. Qualidade da Assistência à Saúde. Saúde dos adolescentes: relato de experiência do PET-Saúde 2010/2011 Apresentador: Helena Maria Antunes Paiano Autores: Martha Maria Vieira Salles Artilheiro, Selma Cristina Franco, Tatiane Karoline Gazolla, Andréia Karin Lovera, Helena Maria Antunes Paiano, Ana Carolina Rudey, Denise Vizzoto Instituição: Universidade da Região de Joinville O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde é um projeto político-pedagógico apoiado pelos Ministérios da Saúde e da Educação, Secretaria Municipal de Saúde e UNIVILLE dentro da política de reorientação da formação de profissionais de saúde que busca a inserção dos acadêmicos de Medicina e Odontologia na rede básica junto às equipes de Saúde da Família, na medida em que este cenário propicia reflexões críticas sobre o modelo assistencial, as possibilidades e limites do modelo flexneriano e do uso da tecnologia, a necessidade de se atuar intersetorialmente, o trabalho em equipe multidisciplinar e multiprofissional, entre outros. Tem como proposta a saúde do adolescente, área esta cuja política municipal de atenção à saúde não está estabelecida, apesar do município de Joinville possuir uma rede básica estruturada e composta por 56 unidades de saúde, no âmbito municipal, não se construiu, até o momento, uma política de assistência voltada para as necessidades sentidas deste grupo etário. Entende-se que esta política deva ser implantada 130 na forma de ações programáticas organizadas a partir da rede básica e segundo os princípios do SUS, a partir das necessidades identificadas pelos próprios adolescentes. Entende-se que esta política deva ser implantada na forma de ações programáticas organizadas a partir da rede básica e segundo os princípios do SUS, a partir das necessidades identificadas pelos próprios adolescentes. Face a esta realidade, a realização de um diagnóstico das necessidades sentidas de saúde deste grupo etário, praticamente desassistido na atualidade na grande maioria dos municípios brasileiros, constitui etapa fundamental para subsidiar o planejamento de qualquer tipo de intervenção no âmbito da Saúde Pública.O objetivo é possibilitar a compreensão dos determinantes sociais, culturais, comportamentais, psicológicos e ecológicos do viver, adoecer e morrer das pessoas, dentro da organização do Sistema Único de Saúde (SUS). pós o diagnóstico das necessidades de saúde dos adolescentes, com avaliação do perfil sócio-demográfico, da identificação das principais necessidades e/ou problemas de saúde geral/bucal e acesso aos serviços de saúde, foi elaborada uma proposta de intervenção educativa, construída pelos preceptores, acadêmicos, professores das escolas, equipes das unidades de saúde e adolescentes. As atividades foram desenvolvidas semanalmente em 4 instituições de ensino fundamental público: Rosa Maria Berezoski do Jardim Paraíso I/II, Pauline Parucker do Boehmerwaldt, Ana Hilda Krischs do Dom Gregório e Lacy Luíza Flores do Itinga Continental, localizadas na periferia de Joinville, com 2.060 alunos, do 60 ao 90 ano. Entre as atividades realizadas, houve sensibilização para a importância das reuniões periódicas entre todos os participantes do PET-Saúde, pesquisa e aprofundamento sobre os temas: saúde bucal/ alimentação; sexualidade/DST/planejamento familiar; violência/drogas; saúde mental e hábitos saudáveis (atividades físicas, lazer e risco de doenças crônicas). A pesquisa foi aprovada no COEP 116/10 e após a autorização dos pais ou responsáveis, foram realizadas as atividades com os adolescentes: levantamento de dados como peso, altura, pressão arterial e índice de massa corporal; distribuição aos alunos da Caderneta do Adolescente do Ministério da Saúde com seus respectivos dados; o Inquérito Saúde dos Escolares, contendo 33 perguntas a respeito dos temas citados anteriormente. Os dados foram sistematizados no programa Epidata. Em relação aos resultados, do total de 566 questionários aplicados, 254 (45%) dizem respeito a ESF do Jardim Paraíso I/II; 108 (19%) a ESF do Boehmerwaldt; 103 (18%) a ESF Dom Gregó- Revista da ABENO • 11(1):81-132 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia rio e 101 ou 18% a ESF do Itinga Continental. Quanto a procura pelos serviços de saúde, a maioria (418 ou 74%) procurou o serviço. Destes, 252 procuraram serviços públicos como o posto de saúde, 87relataram a procura pelo pronto atendimento, 45 pelo pronto socorro, enquanto 66 procuraram o consultório privado, 38 procuraram outros serviços não especificados, enquanto 146 (26%) relataram não ter procurado e 2, 0% não responderam. Quanto a saúde bucal, 286 ou 50% classificaram como regular e 265 (37%) como boa. Destes, 137 (24%) relataram ir ao dentista mais de 2 vezes ao ano ou de 6/6 meses e 98 (17%) procura o profissional todo mês . 10 ou 2% classificaram como ruim, mesmo que 106 (19%) procuram o dentista uma vez ao ano e 145 ou 26% apenas quando dói, enquanto 78 ou 14% nunca vai, 5 (1%) não responderam e não foi encontrado dado para 2, 0% da amostra. Quando perguntado sobre o motivo da procura, a dor foi relatada por 19% da amostra e 15% para colocar aparelho dentário. Já para restaurar/ obturar, extração dentária, tratamento de canal e sangramento de gengivas, foi de 12%, 8%, 4,% e 2% respectivamente, sendo 15% por outros motivos. Em relação ao que estraga os dentes, 81% relataram a falta de higiene e quando perguntado sobre como realiza a limpeza a maioria da amostra (97%), relatou que costuma limpar os dentes e a boca com escovação com pasta de dente após as refeições e 76% relataram escovar a língua. Apesar de 53% ter relatado que a falta do fio dental estraga os dentes, apenas 49% relatou utilizar o mesmo. Ainda, 59% utilizam enxagüatório bucal e/ou bochecho com flúor e 5% utilizam outras modalidades. Também 66% da amostra relataram que a alimentação inadequada estraga os dentes. Assim, as ações desenvolvidas pelo PET-Saúde em 2010 propiciaram a articulação entre ensino, pesquisa e extensão, gerando conhecimentos com aplicabilidade concreta. A receptividade de todos incentivou as intervenções propostas, sendo que diretores e professores relataram melhora significativa no auto cuidado e interesse dos alunos sobre os temas propostos. Para 2011 estão previstas atividades dinâmicas sobre promoção de saúde, além de esclarecimento de dúvidas sobre os temas e o inquérito epidemiológico (CPO-D) aos 12 anos. Será elaborado um relatório como subsídio para uma proposta de programa no âmbito municipal contendo ações de promoção, proteção e recuperação da saúde do adolescente. Conclui-se que o projeto propiciou o aprendizado inter e multidisciplinar a todos os envolvidos, incentivo a pesquisa e trabalhos científicos, mas principalmente despertar o acadêmico para uma reflexão crítica da co-responsabilidade do “fazer” saúde e da efetiva inserção da sua práxis na Atenção Primária. Vídeos Selecionados Vídeo de divulgação do Conselho Local de Saúde - Mandacaru/ Maringá-PR Autores: Margareth Calvo Pessutti Nunes, Andréia Medeiros Pires Maruiti, Cleide Maria Luiz Santiago, Osvaldo Fagundes Dias Instituição: UEM - Universidade Estadual de Maringá O s Conselhos Locais de Saúde em Maringá foram criados em 2001, com o objetivo de estarem mais próximos das comunidades e de suas necessidades, organizando uma política municipal de saúde com legitimidade de toda a população. O Conselho Local de Saúde – Mandacaru, iniciou suas atividades neste período também, acolhendo as necessidades dos usuários moradores da região e trabalhadores da unidade de saúde. Como esta participação da comunidade na gestão dos serviços de saúde é algo muito recente, ainda não se tem uma atuação e entendimento por parte dos conselheiros e da comunidade como um todo de qual é o papel do conselho local de saúde. Neste sentido, o objetivo da produção do vídeo sobre a atuação do conselho é de divulgar e sensibilizar a comunidade local sobre o papel deste e como podem participar na construção da política de saúde em conjunto com o órgão gestor. A partir de 2008 a UEM, Complexo de Saúde que fica geograficamente na área de abrangência deste conselho e em especial o Departamento de Odontologia que desenvolve ações com os acadêmicos nesta área (visitas domiciliares, prevenção e orientação de higiene bucal no Centro de Educação Infantil e atendimento clínico dos casos classificados como prioridade, discussão de casos com a equipe 21 da Estratégia Saúde da Família) conquistou uma vaga no Conselho, sentindo a necessidade de divulgar as ações deste também para os acadêmicos que participam de uma reunião anual do conselho. A partir des- Revista da ABENO • 11(1):81-132 131 Trabalhos selecionados para apresentação • I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PET- Saúde e Telessaúde da área de Odontologia ta necessidade, os representantes do conselho local no Comitê Gestor do Pró-Saúde da Odontologia, solicitaram a produção do vídeo para divulgar este, como uma das deliberações da plenária da reunião do Conselho. Sendo aprovado pelo Comitê Gestor, foi elaborado um roteiro para produção do vídeo. Com o vídeo deseja-se realizar uma compilação do trabalho realizado pelo conselho explorando de forma rica, educativa e dinâmica. Deseja-se que alcance também a divulgação do conselho na sala de espera da Unidade Básica de Saúde, motivando a comunidade a participar das reuniões e decisões de forma organizada e coletiva, esclarecendo que a atuação do conselho não tem caráter individualista, mas de toda uma população adstrita, com vistas à construção de um SUS que dá certo. Além de poder utilizá-lo didaticamente junto aos acadêmicos de odontologia nas disciplinas que integram a Saúde Coletiva e no Estágio Supervisionado que atuam nos Equipamentos de Saúde da região. Mestres do Sorriso Autores: Angéllica Falcão Leite, Renata Lúcia Cruz Cabral, Valdenice de A. Menezes, Rossana Barbosa Leal, Leógenes Maia, Petrônio Martelli Instituição: Faculdade ASCES A verdadeira formação profissional não deve almejar apenas o aspecto técnico-científico, tem que ser mais ampla, preocupando-se com aspectos sociais e humanistas, formando profissionais que não visem unicamente o “contexto curativo”, mas que vejam o paciente como um todo. Com base nessa premissa e com uma visão interdisciplinar o “Mestres do Sorriso”, Projeto de Extensão da Faculdade ASCES, integra alunos dos cursos de Odontologia, de Enfermagem e de Fisioterapia, cujo objetivo é a utilização de atividades lúdicas por meio de músicas educativas e de brincadeiras com crianças em ambiente nosocomial, visando à prevenção e a promoção em saúde, realizando orientações acerca dos cuidados de higiene geral e bucal; além de proporcionar o sorriso e a alegria, ajudando crianças e acompanhantes a enfrentar a tensão desencadeada pela enfermidade e internação. O Projeto funciona como Atividade Complementar e as visitas realizadas semanalmente na pediatria do Hospital Regional do Agreste, CaruaruPE. Antes das atividades práticas, são realizadas aulas teóricas com os alunos-integrantes, a fim de orientálos sobre as atividades práticas, nos mais diversos as- 132 suntos, incluindo: biossegurança, abordagem das crianças e seus responsáveis, pintura de rosto, desenvolvimento de músicas (paródias) e brincadeiras lúdico-educativas, sendo ministradas por uma equipe de professores de Odontologia e Enfermagem, e por uma Psicóloga; cabendo aos participantes do Projeto o desenvolvimento de brincadeiras nos leitos com as crianças hospitalizadas, utilizando o lúdico, a brincadeira para realizar orientações sobre saúde geral e bucal, incluindo a distribuição de kits de higiene bucal, seguida da escovação supervisionada. Diversos são os resultados alcançados, podendo ser considerados os seguintes aspectos: o impacto da experiência na Instituição preparando o aluno para uma atuação profissional em equipe, por integrar alunos dos cursos de Odontologia, Enfermagem e Fisioterapia, atuação esta, alicerçada em um processo de aprendizado que reforça o aspecto humanista e social da formação profissional dos discentes; o alcance social do “Mestres do Sorriso” que recebe diversas solicitações para a realização das atividades educativas, junto a Programas de cunho social-educativo; tornado-se ainda prudente destacar o estímulo à pesquisa através do desenvolvimento de Trabalhos de Pesquisas, com trabalhos enviados a Congressos e Pré-projetos elaborados para a realização de Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs). Contudo, uma vez que o perfil profissional extrapola a formação técnico-científica e preocupa-se numa visão holística com os aspectos sóciohumanos, o “Mestres do Sorriso” além do aporte de promoção em saúde, também integra estudantes, acompanhantes e pacientes hospitalizados, procurando minimizar as tensões inerentes ao ambiente nosocomial, totalizando atualmente cerca de 3.000 crianças assistidas desde o início do Projeto. Revista da ABENO • 11(1):81-132 Índice de artigos v. 11, n. 1, janeiro/junho - 2011 Autores Alencar, Carlos Henrique . . . . . . . . . . . . 23 Almeida, Adeane Loureiro de. . . . . . . . . 16 Almeida, Maria Eneide Leitão de. . . . . . 23 Amante, Cláudio José . . . . . . . . . . . . . . . 62 Amaral, João Henrique Lara do. . . . . . . 29 Battisti, Fabiana. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 Bergami, Rita Helena . . . . . . . . . . . . . . . . 9 Borges, Tassia Silvana. . . . . . . . . . . . . . . . 35 Britto Codato, Lucimar Aparecida. . 43, 51 Buffon, Marilene da Cruz Magalhães. . . . 9 Carcereri, Daniela Lemos. . . . . . . . . . . . 62 Carvalho, Denise Siqueira de . . . . . . . . . . 9 Coelho, Tenile Carvalho. . . . . . . . . . . . . 76 Costa, Patrícia Ferreira . . . . . . . . . . . . . . 39 Daniel, Edevar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 Daronco, Alexandre. . . . . . . . . . . . . . . . .35 Ferrari, Wesley Fernando . . . . . . . . . . . . 55 Ferreira, Cássio Murilo . . . . . . . . . . . . . . . 9 Frossard, Wanda Terezinha Garbelini . . 51 Frota, Myrna Maria Arcanjo . . . . . . . . . . 23 Gabriel, Mariana . . . . . . . . . . . . . . . . 19, 43 Geraldo, Larissa Cristiane. . . . . . . . . . . . . 9 Higasi, Maura Sassahara . . . . . . . . . . . . . 51 Iwaki Filho, Liogi. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 Iwaki, Lilian Cristina Vessoni . . . . . . . . . 55 Jorge, Lidiane da Silva. . . . . . . . . . . . . . . 23 Kai, Lícia Kiyomi Kamoi . . . . . . . . . . . . . . 9 Lucas, Simone Dutra. . . . . . . . . . . . . 29, 71 Machado, Cristiane Pimentel Hernandes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 Madureira Junior, Joelcio Santos . . . . . . . 9 Maia, Mariana Ribeiro. . . . . . . . . . . . . . . 39 Mariot, Cristhiane Aparecida . . . . . . . . . . 9 Marques, Beatriz Baldo. . . . . . . . . . . 35, 47 Massaoka, Suely Tsuha. . . . . . . . . . . . . . . 43 Massaro, Débora Cássia da Costa . . . . . . . 9 Mattevi, Gianina Salton. . . . . . . . . . . . . . 62 Medeiros, Carla Patrícia Perpétua . . . . . 39 Menezes, Léa Maria Bezerra de . . . . . . . 23 Miranda, Leonardo de Paula . . . . . . . . . 39 Moraes, Renita Baldo. . . . . . . . . . . . . . . . 47 Mosimann, Maria Carolina. . . . . . . . . . . . 9 Novaes, Izabel Maia. . . . . . . . . . . . . . . . . 16 Oliveira Sobrinho, Tarcísio Angelo de. . 39 Oliveira, Elisa Ribeiro de. . . . . . . . . . . . . 43 Oliveira, Márcia Maria Benevenuto de. . 51 Oliveira, Milca Lopes de. . . . . . . . . . . . . 76 Padilha, Ana Clara Loch. . . . . . . . . . . . . 62 Palmier, Andréa Clemente . . . . . . . . . . . 29 Pecharki, Giovana Daniela . . . . . . . . . . . . 9 Peixoto, Rogeli Tiburcio Ribeiro da Cunha. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 Pieralisi, Neli . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 Possuelo, Lia Gonçalves. . . . . . . . . . . . . . 35 Rath, Inês Beatriz da Silva. . . . . . . . . . . . 62 Rauber, Alexandre. . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 Reibnitz, Marynes Terezinha. . . . . . . . . . 62 Reis, Magda de Sousa. . . . . . . . . . . . . . . .47 Reis, Tatiana Carvalho. . . . . . . . . . . . . . . 39 Sangiorgio, João Paulo Menck . . . . . . . . 51 Santos Junior, Paulo Rosa dos. . . . . . . . . 16 Santos, Gisele Blitzkow S. dos. . . . . . . . . . 9 Santos, Marcos Moura Baptista dos . . . . 35 Senna, Maria Inês Barreiros . . . . . . . . . . 29 Silva, Grasiela Garret da . . . . . . . . . . . . . 62 Silva, Mariliani Chicarelli da. . . . . . . . . . 55 Silva, Micheli Chabat da . . . . . . . . . . . . . 47 Silveira, Charlene do Santos. . . . . . . . . . 35 Slomp Junior, Helvo. . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 Sonda, Eduardo Chaida . . . . . . . . . . . . . 35 Souza Neto, Antonio Carlos de. . . . . . . . 16 Takeshita, Wilton Mitsunari . . . . . . . . . . 55 Tanaka, Elisa Emi. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 Veltrini, Vanessa Cristina. . . . . . . . . . . . . 55 Werneck, Marcos Azeredo Furquim. . . . 29 Educação em Odontologia. . . . . . 19, 23, 43, 47, 51, 62 Educação Superior. . . . . . . . . . . . . . . 39, 51 Ensino. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23, 29 Epidemiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 Estudantes de Odontologia. . . . . . . . . . . 19 Experiência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 Formação de Recursos Humanos. . . 43, 62 Odontologia. . . . . . . . . . . 16, 29, 35, 47, 71 Odontologia Comunitária. . . . . . . . . . . . 47 Odontologia Preventiva. . . . . . . . . . . . . . 47 Programa Saúde da Família . . . . . . . . . . 39 Recursos Humanos em Odontologia. . . 62 Saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 Saúde Bucal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 Saúde Coletiva. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 Saúde da Família. . . . . . . . . . . . . . . . . 9, 76 Sistema Único de Saúde . . . . . . . . . 7, 39,43 SUS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 Telessaúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 Tuberculose . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 Vigilância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 Educational Measurement . . . . . . . . 19, 23 Epidemiology. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 Experience. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 Family Health. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9, 76 Family Health Program. . . . . . . . . . . . . . 39 Health. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16, 47 Health Systems. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 Higher Education . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 Human Resources Formation. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43, 62 Learning. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 Mouth Neoplasms . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 Oral Health . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 Preventive Dentistry. . . . . . . . . . . . . . . . . 47 Primary Health Care. . . . . . . . . . . . . . . . 76 Self-Examination. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 Social Sciences. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 Students, Dental. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 Surveillance . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 Teaching. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23, 29 Telehealth. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 Tuberculosis. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 Unified Health System. . . . . . . . . . . . 39, 43 Unified Health System (SUS). . . . . . . . . 29 Descritores Aleitamento Materno. . . . . . . . . . . . . . . .51 Aprendizagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 Atenção Primária à Saúde. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 Auto-exame . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 Avaliação Educacional. . . . . . . . . . . . 19, 23 Câncer Bucal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 Ciências Sociais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 Currículo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 Diagnóstico Precoce . . . . . . . . . . . . . . . . 55 Educação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 Descriptors Breast feeding . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 Dental Education. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 Community Dentistry . . . . . . . . . . . . . . . 47 Curriculum. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 Dental Education. . . . . . . . . . . . . . . . 43, 62 Dental Staff. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 Dentistry. . . . . . . . . . . . . . 16, 29, 35, 47, 71 Dentistry Education. . . . . . . . . . . . . . . . . 47 Early Diagnosis. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 Education. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 Education, Dental . . . . . . . . . . . . . . . 19, 23 Education, Higher. . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 Revista da ABENO • 11(1):133 133 Índice de resumos v. 11, n. 1, janeiro/junho - 2011 Autores A D L Abreu, Josicléia Vieira de . . . . . . . . . . . 105 Abreu, Mauro Henrique Nogueira Guimarães. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93 Alexandre, Veruska Prado. . . . . . . . . . . 114 Amaral, João Henrique Lara do . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93, 97, 123 Aranha, Eliane. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107 Arantes, Bárbara Morais . . . . . . . . . . . . . 84 Araújo, Evânia Luiza . . . . . . . . . . . . . . . . 87 Araujo, Maria Ercilia de. . . . . . . . . . . . . 110 Araújo, Maria Luiza Alves. . . . . . . . 116,117 Artilheiro, Martha Maria Vieira Salles. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130 Dalmolin, Bernadete Maria. . . . . . . . . . . 87 Damasceno, Ticiana Campos . . . . . . . . 100 Dias, Osvaldo Fagundes. . . . . . . . . . . . . 131 Diógenes, Maria Albertina Rocha. . . . . 103 Laroque, Mariane Baltassare. . . . . . . . . . 83 Leal, Rossana Barbosa. . . . . . . . . . . . . . 132 Leite, Angéllica Falcão. . . . . . . . . . . . . . 132 Leite, Larissa Fernandes . . . . . . . . . . . . 117 Lemos, Vânia Aita de. . . . . . . . . . . . . . . . 86 Lima, Beatriz Santana de Souza. . . . . . . 86 Lima, Jacqueline Rodrigues . . . . . . . . . 114 Linden, Maria Salete Sandini. . . . . . . . . 87 Lolli, Luiz Fernando . . . . . . . . . . . . . . . 123 Lovera, Andréia Karin. . . . . . . . . . . . . . 130 Lucas, Simone Dutra. . . . . . . . 97, 123, 124 B Balbo, José Maria. . . . . . . . . . . . . . . . . . 117 Barros, Paula Ferreira. . . . . . . . . . . . . . 116 Bava, Maria do Carmo Gullaci Guimarães Caccia. . . . . . . . . . . . . . . . 108 Bercht, Solange . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86 Berlinck, Teresa Cristina Ávila . . . . . . . . 95 Bighetti, Tania Izabel. . . . . . . . . . . . . . . . 83 Bispo, Carina Gisele Costa. . . . . . . . . . .120 Boaventura, Talita . . . . . . . . . . . . . . . . . 116 Bonfim, Lauana Rocha . . . . . . . . . . . . . . 99 Bregagnolo, Janete Cinira. . . . . . . . . . . 108 C Cabral, Lioney . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107 Cabral, Renata Lúcia Cruz . . . . . . . . . . 132 Caetano, Simone. . . . . . . . . . . . . . . . . . 114 Caixeta, Renata . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112 Calazans, Cristiane Muller. . . . . . . . . . . 121 Caovilla, Jairo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87 Carcereri, Daniela. . . . . . . . . . . . . . . . . 126 Cardoso, Clarissiane Serafim. . . . . . . . . 105 Carvalho, Marinalva Pereira. . . . . . . . . 112 Carvalho, Raquel Baroni de . . . . . . . . . . 96 Castilhos, Eduardo Dickie de . . . . . . . . . 83 Cerqueira, Iram Alkmim. . . . . . . . . . . . 117 Corralo, Daniela Jorge. . . . . . . . . . . . . . . 87 Corrêa, Fátima. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110 Correa, Vera Lúcia Pereira . . . . . . . . . . 121 Costa, Cleinaldo A. . . . . . . . . . . . . . . . . 107 Costa, Márcia Gonçalves. . . . . . . . . . . . 107 Costa, Renata Cavalcanti Machado. . . . 100 134 E Espíndola, Janaína. . . . . . . . . . . . . . . . . 126 F Fagundes Neto, Mariano. . . . . . . . 116, 117 Farias, Mariana Ramalho de. . . . . . . . . 103 Figueiredo, Alexandre Medeiros . . . . . 105 Flores, Renata Zolin. . . . . . . . . . . . . . . . . 83 Fonseca, Graciela Soares. . . . . . . . . . . . . 90 Fonseca, Ivana dos Santos. . . . . . . . . . . . 99 Fracasso, Marina de Lourdes Calvo . . . 120 Franco, Selma Cristina. . . . . . . . . . . . . . 130 Funk, Paulo do Prado . . . . . . . . . . . . . . . 87 Furquim, Laurindo Zanco. . . . . . . . . . . 121 G Gabriel, Mariana . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117 Gazolla, Tatiane Karoline . . . . . . . . . . . 130 Gonçalves, Carla Beatrice Crivellaro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87 Gonçalves, Caroline Marinho. . . . . . . . . 96 Gonçalves, Patrícia Rogana. . . . . . . . . . 112 Gondim, Messias Aragão. . . . . . . . . . . . . 95 Goronzi, Thaise. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126 Grando, Alberi. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87 H Hayacibara, Mitsue Fujimaki. . . . . 121, 123 Hidalgo, Mirian Marubayashi. . . . 120, 123 Hugo, Fernando Neves. . . . . . . . . . . . . . 86 J Junqueira, Simone Rennó. . . . . . . . . . . 110 K Kasai, Maria Luiza Hiromi Iwakura . . . 117 Krahl, Mônica Krahl . . . . . . . . . . . . . . . . 87 Revista da ABENO • 11(1):134-5 M Maciel, Ana Paula Ferreira . . . . . . 116, 117 Magro, Maria Lúcia Dal. . . . . . . . . . . . . . 87 Magro, Miriam Lago . . . . . . . . . . . . . . . . 87 Maia, Leógenes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132 Manéa, Analu Sparrenberger. . . . . . . . . 83 Marcelo, Vânia Cristina. . . . . . . . . . 84, 114 Martelli, Petrônio. . . . . . . . . . . . . . . . . . 132 Martini, Débora. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126 Martins, Marisa Carvalho. . . . . . . . . . . . 117 Martins, Natali Sales. . . . . . . . . . . . . . . . .99 Martins, Thiago Henrique. . . . . . . . . . .117 Martins, Valber. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107 Maruiti, Andréia Medeiros Pires. . . . . . 131 Mattos, Maria da Gloria Chiarello de . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108 Medeiros, Ariany Paula. . . . . . . . . . . . . 116 Mendes, Patricia Helena Costa. . . 116, 117 Menezes, Adriana Ferreira de. . . . . . . . . 81 Menezes, Valdenice de A. . . . . . . . . . . . 132 Miguel, Luiz Carlos . . . . . . . . . . . . . . 90, 92 Morelli, Josiane Cristina . . . . . . . . . . . . 117 Moura, Karol Silva de . . . . . . . . . . . . . . 103 Moura, Ticiane Pedrosa de. . . . . . . . . . 100 N Néri, Felipe Ribeiro. . . . . . . . . . . . . . . . 117 Nery, Newillames Gonçalves. . . . . . . . . 112 Neves, Maria Angelina Zequim. . . . . . . 117 Novais, Tatiana Oliveira. . . . . . . . . . . . . 114 Nunes, Ângela Antunes. . . . . . . . . . . . . . 86 Nunes, Margareth Calvo Pessutti . . . . . 131 Nunes, Maria de Fátima. . . . . . . . . . . . .114 Nuto, Sharmênia de Araujo Soares. . . .100 O Oliveira, Laís Aguiar de. . . . . . . . . . . . . . 99 P Padilha, Luciene Silvério. . . . . . . . . . . . 121 Padovez, Letícia Moraes Porto . . . . . . . . 88 Paiano, Helena Maria Antunes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90, 92,130 Paiva, Mayra Frasson . . . . . . . . . . . . . . . 117 Palmier, Andréa Clemente . . . . 93, 97, 123 Pascotto, Renata Correa . . . . . . . . . . . . 120 Peixoto, Rogéli Tiburcio da Cunha . . . 123 Peixoto, Rogeli Tiburcio Ribeiro da Cunha. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124 Pequeno, Lucianna Leite. . . . . . . . . . . . . . . . . . 81, 99, 100,103 Pereira, Leia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117 Pinto, Ana Cecília Versiani Duarte. . . . 117 Q Queiroz, Maria Goretti . . . . . . 84, 112, 114 R Rabello, Camila Zimmermann. . . . . . . . 87 Rafaelli, Rafael Algusto. . . . . . . . . . . . . 117 Ramin, Eliane. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90, 92 Ramos, Maria Eliza Barbosa . . . . . . . . . . 95 Regalado, Diego. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107 Rigolon, Cynthia Junqueira. . . . . . . 88, 123 Rocha, Joyce Cristina Chevi da. . . . . . . . 95 Rodrigues, Ana Áurea Alécio de Oliveira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90 Rosa, Arisson Rocha da. . . . . . . . . . . . . . 86 Rossoni, Eloá . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86 Rudey, Ana Carolina . . . . . . . . . . . . . . . 130 S Saita, Laíssa Yumi. . . . . . . . . . . . . . . . . . 117 Santiago, Cleide Maria Luiz . . . . . . . . . 131 Santos, Karina Tonini dos. . . . . . . . . . . . 96 Schmidt, Luiza. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126 Sebold, Rafael. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .126 Semprini, Marisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108 Senna, Maria Inês Barreiros . . . . . . 97, 123 Silva, Eraldo Schunk . . . . . . . . . . . . . . . . 88 Silva, Mariliani Chicarelli da. . . . . . . . . 123 Silva, Regiane Christine da. . . . . . . . . . 112 Silva, Rianne Keith Bernardo da. . 105, 128 Slavutzky, Sonia Maria Blauth de . . . . . . 86 Sousa, Lucilene Maria. . . . . . . . . . . . . . 114 Sousa, Raquel Carvalho de. . . . . . . . . . 117 Souza, Cinthia Brito de. . . . . . . . . . . . . 112 Souza, Evelin Gonçalves . . . . . . . . . . . . 116 Souza, Luiza Helainne Pinto Narciso de. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105 Revista da ABENO • 11(1):134-5 Souza, Maria Isabel de Castro de . . . . . . 95 T Tanaka, Flávia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88 Teixeira, Alex Ferreira. . . . . . . . . . . . . . . 83 Tenório, Marília. . . . . . . . . . . . . . . 119, 120 Terada, Raquel Sano Suga. . . . . . . 121, 123 Thurow, Leandro Leitzke . . . . . . . . . . . . 83 Toassi, Ramona Fernanda. . . . . . . . . . . . 86 V Vasconcelos, Mara. . . . . . . . . . . . . . . . . . 93 Veltrini, Vanessa Cristina. . . . . . . . . . . . 120 Vicente, Arivaldo de Jesus. . . . . . . . . . . 121 Vizzotto, Denise. . . . . . . . . . . . . . 90, 92,130 W Warmling, Cristine Maria . . . . . . . . . . . . 86 Watanabe, Marlívia Gonçalves de Carvalho. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108 Werneck, Marcos Azeredo Furquim. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97, 123 Wibelinger, Lia Mara. . . . . . . . . . . . . . . . 87 Z Zuculin, Sara . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116 135 Normas para apresentação de originais I.Missão - A Revista da ABENO - Associação Brasileira de Ensino Odontológico é uma publicação quadrimestral que tem como missão primordial contribuir para a obtenção de indicadores de qualidade do ensino Odontológico, respeitando os desejos de formação discente e capacitação docente, com vistas a assegurar o contínuo progresso da formação profissional e produzir benefícios diretamente voltados para a coletividade. Visa também produzir junto aos especialistas a reflexão e análise crítica dos assuntos da área em nível local, regional, nacional e internacional. II.Originais - Os originais deverão ser redigidos em português ou inglês e digitados na fonte Arial tamanho 12, em página tamanho A4, com espaço 1,5 e margem de 3 cm de cada um dos lados, perfazendo o total de no máximo 17 páginas, incluindo quadros, tabelas e ilustrações (gráficos, desenhos, esquemas, fotografias etc.) ou no máximo 25.000 caracteres contando os espaços. III.Ilustrações - As ilustrações (gráficos, desenhos, esquemas, fotografias etc.) deverão ser limitadas ao mínimo indispensável, apresentadas em páginas separadas e numeradas consecutivamente em algarismos arábicos. As respectivas legendas deverão ser concisas e localizadas abaixo e precedidas da numeração correspondente. Nas tabelas e nos quadros a legenda deverá ser colocada na parte superior. As fotografias deverão ser fornecidas em mídia digital, em formato tif ou jpg, tamanho 10 x 15 cm, em no mínimo 300 dpi. Não serão aceitas fotografias em Word ou Power Point. Deverão ser indicados os locais no texto para inserção das ilustrações e de suas citações. IV.Encaminhamento de originais - Solicita-se o encaminhamento dos originais de acordo com as especificações descritas no item II para o endereço eletrônico www.abeno. org.br. A submissão “on-line” é simples e segura pelo padrão informatizado disponível no site, no ícone “Revista Online”. Somente opte pelo encaminhamento pelo correio diante da necessidade de publicação de ilustrações em formato tif/jpg e alta resolução (veja especificações no item III). Endereço: Revista da ABENO - Associação Brasileira de Ensino Odontológico - Rua Pernambuco, 540 - 1º andar - Clínica Odontológica da UEL. CEP: 86020-120, Centro - Londrina - PR V. A estrutura do original 1. Cabeçalho: Quando os artigos forem em português, colocar título e subtítulo em português e inglês; quando os artigos forem em inglês, colocar título e subtítulo em inglês e português. O título deve ser breve e indicativo da exata finalidade do trabalho e o subtítulo deve contemplar um aspecto importante do trabalho. 2.Autores: Indicação de apenas um título universitário e/ou uma vinculação à instituição de ensino ou pesquisa que indique a sua autoridade em relação ao assunto. 3.Resumo: Representa a condensação do conteúdo, expondo metodologia, resultados e conclusões, não excedendo 250 palavras e em um único parágrafo. 4.Descritores: Palavras ou expressões que identifiquem o conteúdo do artigo. Para sua determinação, consultar a lista de “Descritores em Ciências da Saúde - DeCS” (http://decs.bvs.br) (no máximo 5). 136 5.Texto: Deverá seguir, dentro do possível, a seguinte estrutura: a)Introdução: deve apresentar com clareza o objetivo do trabalho e sua relação com os outros trabalhos na mesma linha ou área. Extensas revisões de literatura devem ser evitadas e quando possível substituídas por referências aos trabalhos bibliográficos mais recentes, onde certos aspectos e revisões já tenham sido apresentados. Lembre-se que trabalhos e resumos de teses devem sofrer modificações de forma a se apresentarem adequadamente para a publicação na Revista, seguindose rigorosamente as normas aqui publicadas. b)Material e métodos: a descrição dos métodos usados deve ser suficientemente clara para possibilitar a perfeita compreensão e repetição do trabalho, não sendo extensa. Técnicas já publicadas, a menos que tenham sido modificadas, devem ser apenas citadas (obrigatoriamente). c)Resultados: deverão ser apresentados com o mínimo possível de discussão ou interpretação pessoal, acompanhados de tabelas e/ou material ilustrativo adequado, quando necessário. Dados estatísticos devem ser submetidos a análises apropriadas. d)Discussão: deve ser restrita ao significado dos dados obtidos, resultados alcançados, relação do conhecimento já existente, sendo evitadas hipóteses não fundamentadas nos resultados. e)Conclusões: devem estar baseadas no próprio texto. f)Agradecimentos (quando houver). 6.Abstract: Resumo do texto em inglês. Sua redação deve ser paralela à do resumo em português. 7.Descriptors: Versão dos descritores para o inglês. Para sua determinação, consultar a lista de “Descritores em Ciências da Saúde - DeCS” (http://decs.bvs.br) (no máximo 5). 8.Referências bibliográficas: Devem ser ordenadas alfabeticamente, numeradas e normatizadas de acordo com o Estilo Vancouver, conforme orientações publicadas no site da “National Library of Medicine” (http://www. nlm.nih.gov/bsd/uniform_requirements.html). Para as citações no corpo do texto deve-se utilizar o sistema numérico, no qual são indicados no texto somente os números-índices na forma sobrescrita. A citação de nomes de autores só é permitida quando estritamente necessária e deve ser acompanhada de número-índice e ano de publicação entre parênteses. Todas as citações devem ser acompanhadas de sua referência bibliográfica completa e todas as referências devem estar citadas no corpo do texto. As abreviaturas dos títulos dos periódicos deverão estar de acordo com o “List of Journals Indexed in Index Medicus” (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/ query.fcgi?db=journals). A exatidão das referências bibliográficas é de responsabilidade dos autores. VI. Endereço - E-mail, telefone e fax de todos os autores. Obs.: Qualquer alteração de endereço, telefone ou e-mail deve ser imediatamente comunicada à Revista. § Revista da ABENO • 11(1):136