64º Congresso Nacional de Botânica Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013 MORFOLOGIA DOS FRUTOS, DAS SEMENTES E DESENVOLVIMENTO DE PLÂNTULA DE Anemopaegma laeve DC. (BIGNONIACEAE) 1* 1 1 Milene M. S. Castro , Tiana S. Silva , Eliane da S. Ferreira Universidade Estadual do Sudoeste, Departamento de Ciências Biológicas.* [email protected] Introdução A família Bignoniaceae possui uma ampla distribuição nos neotrópicos, inclui cerca de 82 gêneros e 830 espécies, dessas 350 ocorrem no Brasil [2]. Anemopaegma laeve DC. é uma espécie endêmica do semiárido brasileiro. Caracteriza-se pelo hábito lianescente, pseudoestípulas foliáceas, folhas 2-3folioladas, gavinhas simples, flores amareloesbranquiçada, cápsula deiscente, oblongo-oval, orbicular, com dispersão anemocórica e sementes aladas [5]. Sabe-se que a importância de fornecer informações sobre aspectos morfológicos de espécies de caatinga, pode ser seguramente empregada em trabalhos que auxiliem na interpretação e reconhecimento das espécies através de frutos, sementes e plântulas, subsidiando estudos ecológicos, agronômicos e taxonômicos [4]. dias de crescimento e mantiveram-se aderidos às plantas durante os 120 dias subseqüentes. Dados similares foram reportados para Jacaranda brasiliana (Lam.) Pers. e de Tabebuia aurea (Manso) Benth. & Hook. f. ex S. Moore (Bignoniaceae) [1] podendo essa ser uma característica das Bignoniaceae. Entretanto, foi verificado que a persistência dos cotilédones de Spondias tuberosa Arruda e Schinopsis brasiliensis Engl., (Anacardiaceae) espécies típica das caatingas permaneciam durante 60 e 180 dias, respectivamente. Foi verificado, também, em Anemopaegma laeve que na fase inicial apresentava heterofilia, ou seja, folhas simples subcoriáceas, transformando-se em trifolioladas posteriormente. Observações similares foram constatadas T. aurea e J. brasiliana [1], outras espécies de Bignoniaceae, podendo indicar uma característica da família. Miquel [3] caracterizou as plântulas em cinco tipos morfológicos: epígeo-foliácea, epígeo-carnosa, semihipógea, hipógea e tipo “Durio”. Poucos estudos sobre essa espécie têm sido realizados e diante disso, este trabalho objetiva descrever os aspectos morfológicos do fruto, da semente e do desenvolvimento das plântulas de A. laeve a fim de ampliar os estudos e os conhecimentos a cerca da biologia dessa espécie. Metodologia Para realização desse trabalho foram coletadas 260 sementes de 10 frutos de A. laeve provenientes de duas populações naturais do município de Feira de Santana, Bahia, no período de outubro de 2012 a abril de 2013. Esses frutos foram previamente ensacados com tule para evitar a dispersão. As sementes foram selecionadas e tratadas com o método de escarificação mecânica e em seguida semeadas sobre papel absorvente umedecidos com água destilada. A germinação das sementes e o desenvolvimento da plântula foram acompanhados e fotografados diariamente e analisados posteriormente. Resultados e Discussão Anemopaegma laeve apresentam cápsulas septrifragas, castanhas quando maduras, oblongo-ovais, orbiculares, estipitadas, com cálice persistente. Internamente apresenta um replo esbranquiçado onde as sementes ficam fixas. As sementes são arredondadas, aladas, esbranquiçadas com alas hialinas, na região central encontra-se o núcleo seminífero. O embrião é castanho com duas porções reniformes (Figura). As sementes de A. laeve germinaram após cinco dias de semeadura, com o rompimento dos tegumentos pela radícula. As plântulas apresentam cotilédones do tipo epígeo-carnosos segundo a classificação de Miguel [3]. Os cotilédones foram libertados dos tegumentos em média no quinto dia e adquiriram coloração verde após12 Figura. Anemopaegma laeve. A. fruto; B. replo; C. semente; D. embrião; E. semente com nove dias de germinação; F. semente com 14 dias de germinação. Escalas: A, B, C, E, F = 1 cm; D= 5 mm. Conclusões Os frutos, as sementes e plântulas de Anemopapegma laeve apresentaram os caracteres morfológicos bastante homogêneos entre os 10 frutos analisados, com heterofilia na fase jovem. Deste modo, são bastante confiáveis para identificação, podendo ser empregados em estudos de regeneração de ambientes natural. Referências Bibliográficas [1] Cabral, Barbosa & Simabukuro.2004. Crescimento de plantas jovens de Tabebuia aurea (Manso) Benth. & Hook. f. ex S. Moore submetidas a estresse hídrico. Acta Botanica Brasilica 18(2): 241-251. [2] Lohmann, L.G. & Ulloa, C.U. 2007. Bignoniaceae. In: iPlants prototype checklist. Disponível em: http://www.iplants.org (Accessed 10 junho 2013). [3] Miquel, S.1987. Morphologie fonctionelle de plantules d‘espèces forestières du Gabon. Bulletin du Muséum National d’Histoire Naturelle 9:101-21. [4] Parra, P. 1984. Estudio de la morfologia externa de plântulas de Calliandra gracilis, Mimosa albica, Mimosa arenosa, Mimosa camporum y Mimosa tenuiflora. Revista de La Facultad Agronomia 13: 311-50. [5] Silva, M. M. & Queiroz, L. P. 2003. A família Bignoniaceae na região de Catolés, Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. Sitientibus serie Ciências Biológicas. 3( ½):3-21.