FESURV - UNIVERSIDADE DE RIO VERDE FACULDADE DE AGRONOMIA MESTRADO EM PRODUÇÃO VEGETAL SELETIVIDADE DE PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS UTILIZADOS NA CULTURA DA SOJA AOS PARASITÓIDES DE OVOS Trichogramma pretiosum (HYMENOPTERA: TRICHOGRAMMATIDAE) E Telenomus remus (HYMENOPTERA: SCELIONIDAE) EM CONDIÇÕES DE LABORATÓRIO EDUARDO LIMA DO CARMO Magister Scientiae RIO VERDE GOIÁS - BRASIL 2008 EDUARDO LIMA DO CARMO SELETIVIDADE DE PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS UTILIZADOS NA CULTURA DA SOJA AOS PARASITÓIDES DE OVOS Trichogramma pretiosum (HYMENOPTERA: TRICHOGRAMMATIDAE) E Telenomus remus (HYMENOPTERA: SCELIONIDAE) EM CONDIÇÕES DE LABORATÓRIO Dissertação apresentada à Fesurv - Universidade de Rio Verde, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal, para a obtenção do título de Magister Scientiae. RIO VERDE GOIÁS - BRASIL 2008 EDUARDO LIMA DO CARMO SELETIVIDADE DE PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS UTILIZADOS NA CULTURA DA SOJA AOS PARASITÓIDES DE OVOS Trichogramma pretiosum (HYMENOPTERA: TRICHOGRAMMATIDAE) E Telenomus remus (HYMENOPTERA: SCELIONIDAE) EM CONDIÇÕES DE LABORATÓRIO Dissertação apresentada à Fesurv - Universidade de Rio Verde, como parte das exigências do Programa de PósGraduação em Produção Vegetal, para obtenção do título de Magister Scientiae. APROVAÇÃO: 22 de agosto de 2008 _______________________________________ Prof. Dra. Regiane Cristina O. de Freitas Bueno (Membro da banca) __________________________________ Prof. Dr. Marcelo da Costa Ferreira (Membro da banca) _______________________________________ Prof. Dr. Sergio de Oliveira Procópio __________________________________ Prof. Dr. Alessandro Guerra da Silva (Membro da banca) (Membro da banca) ________________________________________ Prof. Dr. Adeney de Freitas Bueno (Orientador) DEDICATÓRIA Aos meus pais, Rosário José do Carmo Neto e Celita Lima do Carmo, pelo apoio concedido durante toda a minha vida. Ao meu irmão, Marcos Lima do Carmo, por ter me incentivado a realizar essa conquista. Às minhas irmãs, Lilian Lima do Carmo Betoni e Fabíola Lima do Carmo D’alóia pelo carinho e solidariedade, dedicados. i AGRADECIMENTOS A Deus, por estar sempre ao meu lado. À Fesurv - Universidade de Rio Verde, pelo apoio na realização do curso. Ao professor, orientador e pesquisador da Embrapa Soja, Dr. Adeney de Freitas Bueno, sempre presente na realização deste trabalho. À Dra. Regiane Cristina Oliveira de Freitas Bueno, que contribuiu em grande parte na execução deste trabalho. À Embrapa Arroz e Feijão e à Embrapa Soja, pelos recursos físicos e financeiros concedidos. A todos os professores do Programa de Pós-graduação de Mestrado em Produção Vegetal pelos conhecimentos repassados. Aos meus amigos e colegas de curso, pela parceria e ajuda mútua no desenvolver do programa. Às amigas, Maria Mirmes de Paiva Goulart e Simone Silva Vieira, pelos esforços prestados a conclusão desse trabalho. Aos estagiários, das diversas instituições que passaram pela Embrapa Arroz e Feijão que contribuíram para a elaboração dos ensaios. Aos meus pais e irmãos, que me apoiaram durante a realização do curso. A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização desse projeto e que de certa forma me auxiliaram durante o curso. ii SUMÁRIO LISTA DE TABELAS....................................................................................................... v RESUMO GERAL............................................................................................................ vii GENERAL ABSTRACT................................................................................................... viii INTRODUÇÃO GERAL.................................................................................................. 1 CAPÍTULO 1. EMERGÊNCIA DE ADULTOS APÓS A AÇÃO DE PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS UTILIZADOS NA CULTURA DA SOJA SOBRE PUPAS DE Trichogramma pretiosum........................................................................................... 4 RESUMO........................................................................................................................... 4 ABSTRACT....................................................................................................................... 5 1. INTRODUÇÃO............................................................................................................. 6 2. MATERIAL E MÉTODOS........................................................................................... 7 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................... 9 4. CONCLUSÃO............................................................................................................... 15 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................... 16 CAPÍTULO 2. SELETIVIDADE DE INSETICIDAS UTILIZADOS NA CULTURA DA SOJA A PUPAS DE Trichogramma pretiosum EM CONDIÇÕES DE LABORATÓRIO SEGUNDO AS NORMAS DA IOBC.................................................. 20 RESUMO........................................................................................................................... 20 ABSTRACT....................................................................................................................... 21 1. INTRODUÇÃO............................................................................................................. 22 2. MATERIAL E MÉTODOS........................................................................................... 23 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................... 25 4. CONCLUSÃO............................................................................................................... 30 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................... 31 CAPÍTULO 3. SELETIVIDADE DE PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS UTILIZADOS NA CULTURA DA SOJA A ADULTOS DE Trichogramma pretiosum EM CONDIÇÕES DE LABORATÓRIO................................................................................................................. 34 RESUMO.......................................................................................................................... 34 ABSTRACT....................................................................................................................... 35 1. INTRODUÇÃO............................................................................................................. 36 2. MATERIAL E MÉTODOS........................................................................................... 37 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................... 40 4. CONCLUSÃO............................................................................................................... 45 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................... 47 CAPÍTULO 4. SELETIVIDADE DE DIFERENTES PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS A LARVAS E PUPAS DE Telenomus remus............................................................................ 51 RESUMO........................................................................................................................... 51 ABSTRACT....................................................................................................................... 52 1. INTRODUÇÃO............................................................................................................. 53 2. MATERIAL E MÉTODOS........................................................................................... 54 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................... 56 4. CONCLUSÃO............................................................................................................... 61 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................... 62 iii CAPÍTULO 5. ADAPTAÇÃO DA METODOLOGIA PADRÃO IOBC PARA ESTUDOS DE SELETIVIDADE COM Telenomus remus EM CONDIÇÕES DE LABORATÓRIO............................................................................................................. RESUMO........................................................................................................................... ABSTRACT....................................................................................................................... 1. INTRODUÇÃO............................................................................................................. 2. MATERIAL E MÉTODOS........................................................................................... 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................... 4. CONCLUSÃO............................................................................................................... 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................... CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................ ANEXOS........................................................................................................................... iv 65 65 66 67 68 71 76 77 81 82 LISTA DE TABELAS TABELA 1 Produtos fitossanitários testados em pupas de Trichogramma pretiosum em condições de laboratório..................................................................... 8 Efeito (E) de diferentes inseticidas na viabilidade do parasitismo (%) sobre pupas de Trichogramma pretiosum criadas em ovos de Anagasta kuehniella................................................................................................. 12 Efeito (E) de diferentes herbicidas na viabilidade do parasitismo (%) sobre pupas de Trichogramma pretiosum criadas em ovos de Anagasta kuehniella.................................................................................................. 14 Efeito (E) de diferentes fungicidas na viabilidade do parasitismo (%) sobre pupas de Trichogramma pretiosum criadas em ovos de Anagasta kuehniella.................................................................................................. 15 Inseticidas utilizados nos ensaios para avaliar a emergência e o parasitismo de Trichogramma pretiosum aplicados em sua fase de pupa 24 Efeito na viabilidade e emergência dos adultos de diferentes inseticidas sobre Trichogramma pretiosum, na fase de desenvolvimento de pupa.... 28 Influência na viabilidade e no parasitismo um e dois dias após a emergência dos parasitóides Trichogramma pretiosum........................... 29 Produtos fitossanitários testados em adultos de Trichogramma pretiosum em condições de laboratório.................................................... 40 Efeito de diferentes inseticidas sobre adultos de Trichogramma pretiosum, na redução do parasitismo (E) e na viabilidade do parasitismo observado um e dois dias após a emergência dos parasitóides (DAE) e classificação dos produtos (C) de acordo com as normas da IOBC....................................................................................... 42 TABELA 10 Efeito de diferentes herbicidas sobre adultos de Trichogramma pretiosum, na redução do parasitismo (E) e na viabilidade do parasitismo observado um e dois dias após a emergência dos parasitóides (DAE) e classificação dos produtos (C) de acordo com as normas da IOBC....................................................................................... 44 TABELA 11 Efeito de diferentes fungicidas sobre adultos de Trichogramma pretiosum, na redução do parasitismo (E) e na viabilidade do parasitismo observado um e dois dias após a emergência dos parasitóides (DAE) e classificação dos produtos (C) de acordo com as normas da IOBC....................................................................................... 45 TABELA 2 TABELA 3 TABELA 4 TABELA 5 TABELA 6 TABELA 7 TABELA 8 TABELA 9 v TABELA 12 Produtos fitossanitários testados em larvas e pupas de Telenomus remus em condições de laboratório............................................................... TABELA 13 Efeito de redução do parasitismo (E) de diferentes inseticidas sobre a mortalidade de larvas e pupas de Telenomus remus e na viabilidade de emergência dos parasitóides, seguido de classificação seletiva (IOBC)...................................................................................................... 56 58 TABELA 14 Efeito de redução do parasitismo (E) de diferentes herbicidas sobre a mortalidade de larvas e pupas de Telenomus remus e na viabilidade de emergência dos parasitóides, seguido de classificação seletiva (IOBC)...................................................................................................... 60 TABELA 15 Efeito de redução do parasitismo (E) de diferentes fungicidas sobre a mortalidade de larvas e pupas de Telenomus remus e na viabilidade de emergência dos parasitóides, seguido de classificação seletiva (IOBC)...................................................................................................... 61 TABELA 16 Produtos fitossanitários testados em adultos de Telenomus remus em condições de laboratório........................................................................... 70 TABELA 17 Efeito de diferentes inseticidas sobre a mortalidade de adultos de Telenomus remus, criados em ovos de Spodoptera frugiperda, na redução do parasitismo (E), classificação segundo as normas da IOBC (C) e viabilidade do parasitismo observado um e dois dias após a emergência dos parasitóides (DAE)......................................................... 72 TABELA 18 Efeito de diferentes herbicidas sobre a mortalidade de adultos de Telenomus remus, criados em ovos de Spodoptera frugiperda, na redução do parasitismo (E), classificação segundo as normas da IOBC (C) e viabilidade do parasitismo observado um e dois dias após a emergência dos parasitóides (DAE)......................................................... 74 TABELA 19 Efeito de diferentes fungicidas sobre a mortalidade de adultos de Telenomus remus, criados em ovos de Spodoptera frugiperda, na redução do parasitismo (E), classificação segundo as normas da IOBC (C) e viabilidade do parasitismo observado um e dois dias após a emergência dos parasitóides (DAE)......................................................... 75 vi RESUMO GERAL CARMO, Eduardo Lima, M. S., Universidade de Rio Verde, agosto de 2008. Seletividade de produtos fitossanitários utilizados na cultura da soja aos parasitóides de ovos Trichogramma pretiosum (Hymenoptera: Trichogrammatidae) e Telenomus remus (Hymenoptera: Scelionidae) em condições de laboratório. Orientador: Dr. Adeney de Freitas Bueno. A utilização de produtos fitossanitários no manejo da cultura da soja é necessária para reduzir as perdas na produção, causadas pelas pragas, patógenos e plantas daninhas. À medida que as aplicações desses produtos afetam a ação dos agentes de controle biológico, passam a interferir, nocivamente, no equilíbrio do agroecossistema. Sendo assim, realizou-se esse estudo com a finalidade de verificar o impacto que inseticidas, herbicidas e fungicidas utilizados na cultura da soja, causam às formas imaturas (ovo, larva e pupa) e adulta dos parasitóides de ovos Trichogramma pretiosum e Telenomus remus, de forma a identificar os produtos seletivos e, portanto, apropriados para uso no manejo integrado de pragas (MIP). Os ensaios foram realizados no período de julho de 2007 a fevereiro de 2008 no Laboratório de Criação de Insetos da Embrapa Arroz e Feijão, localizada no município de Santo Antônio de Goiás-GO. Nos estudos realizados com as fases imaturas, cartelas identificadas contendo posturas dos hospedeiros alternativos, Anagasta kuehniella e Spodoptera frugiperda, parasitadas por Trichogramma pretiosum (fase de pupa) e Telenomus remus (fase de larva e pupa), respectivamente, foram imersas em tratamentos fitossanitários preparados para um volume de aplicação de 200 L. ha-1, por cinco segundos. Após secagem, as cartelas foram introduzidas em sacos plásticos transparentes, e estes, acondicionados em ambiente controlado até a emergência dos adultos. Um segundo estudo foi realizado com cartelas contendo ovos de A. kuehniella, parasitados por T. pretiosum (fase de pupa), que receberam pulverização com inseticidas e foram mantidas em gaiolas de contato padronizadas pela International Organization of Biological Control (IOBC) sendo que, foram fornecidos ovos do hospedeiro alternativo (A. kuehniella) e alimentação (mel), um e dois dias após a emergência dos insetos. Nos estudos com indivíduos adultos, os parasitóides T. pretiosum e T. remus foram expostos a resíduos secos de produtos pulverizados sobre placas de vidro, através de gaiolas de contato descritas anteriormente, sendo oferecidos alimentação e ovos de hospedeiro alternativo, um e dois dias após a emergência dos insetos. Em todos os ensaios, avaliou-se o parasitismo contando-se os ovos parasitados e os que efetivamente tiveram a emergência dos parasitóides. O efeito negativo ao parasitismo de T. pretiosum e T. remus em relação ao tratamento testemunha foi calculado pela seguinte equação: E (%) = (1-Vt/Vc) x 100, onde: E (%) é a porcentagem de redução da viabilidade do parasitismo; Vt é a viabilidade do parasitismo médio para o tratamento testado e Vc é a viabilidade do parasitismo médio da testemunha. Os produtos foram classificados de acordo com as normas padronizadas pela (IOBC) em: classe 1 - inócuo (E < 30%); classe 2 - levemente nocivo (30% ≤ E ≤ 79%); classe 3 - moderadamente nocivo (80% ≤ E ≤ 99%); classe 4 - nocivo (E > 99%). Concluiu-se que, apesar das formas imaturas dos parasitóides estarem protegidas, no interior dos ovos dos hospedeiros podem ser afetadas, ainda que levemente, conforme o produto testado. Os resultados mostraram que o controle biológico exercido por T. pretiosum e T. remus pode ser afetado por aplicações de produtos fitossanitários, dependendo da escolha. Portanto, a adoção de produtos fitossanitários seletivos aos inimigos naturais deve ser sempre priorizada no MIPsoja, permitindo assim a preservação de agentes de controle biológico. Palavras-chave: controle biológico, controle químico, Glicine max, manejo de pragas. vii GENERAL ABSTRACT CARMO, Eduardo Lima, M. S., Universidade de Rio Verde, August 2008. Side-effects of pesticides used in soybean crop to the eggs parasitoids Trichogramma pretiosum (Hymenoptera: Trichogrammatidae) and Telenomus remus (Hymenoptera: Scelionidae) in laboratory conditions. Adviser: Dr. Adeney de Freitas Bueno. The use of pesticides in the management of soybean crop is needed to reduce losses of production, caused by pests, pathogens and weeds. As the applications of pesticides affect the action of the biological control agents, will interfere, so harmful, at the balance of ecosystem. So, this study was carried out in order to ascertain the impact that insecticides, herbicides and fungicides, used in soybean crop, causing the immature forms (egg, larvae and pupae) and the adult parasitoids of Trichogramma pretiosum and Telenomus remus to identify the selective products and therefore, approved for use in integrated pest management (IPM). The tests were carried out during July 2007 to February 2008 in the Creating Insects Laboratory of Embrapa Arroz e Feijão, located in Santo Antônio de Goiás-GO. In studies with the immature stages, cards containing postures of alternatives hosts Anagasta kuehniella and Spodoptera frugiperda, parasitized by T. pretiosum (pupae stage) and T. remus (larvae and pupae stages), respectively, were immersed in pesticides prepared for a application of bulk of 200 L. ha-1, for five seconds. After drying, the cards were introduced in transparent plastic bags, and these, wrapped in controlled environment until the emergence of adults. A second test was carried out with cards containing eggs of A. kuehniella, parasitized by T. pretiosum (pupae stage), with insecticides sprayed and kept in cages of contact standardized by the International Organization of Biological Control (IOBC) which have been provided eggs of the host alternative (A. kuehniella) and food (honey), one and two days after the emergence of insects. In tests with adults, the parasitoids were exposed to dry residual products sprayed on glass plates, through cages of contact above, being offered food and eggs of alternative host. The viability of parasitism (%) of all trials was assessed counting up the eggs parasitized and those who actually had the emergence of parasitoids. The negative effect of parasitism of T. pretiosum and T. remus in relation to the control treatment was calculated by the following equation: E (%) = (1-Vt/Vc) x 100, where: E (%) is the percentage of reduction of the viability of parasitism; Vt is the viability of the average parasitism for the treatment tested and Vc is the viability of parasitism average of control. The pesticides were classified according to standard rules for (IOBC) in: class 1 - harmless (E < 30 %); class 2 - slightly harmful (30% ≤ E ≤ 79%); class 3 - moderately harmful (80% ≤ E ≤ 99%); class 4 - harmful (E > 99%). It was concluded that, despite the immature forms of parasitoids are protected within the eggs of the hosts may be affected, even slightly, as the product tested. The findings showed that the biological control exercised by T. pretiosum and T. remus can be affected by applications of pesticides, depending on the product chosen. Therefore, the adoption of selective pesticides to natural enemies should always be prioritized in the MIP-soy, as this will allow for the preservation of biological control agents. Key words: biological control, chemical control, Glicine max, pest management. viii INTRODUÇÃO GERAL A busca do homem por espaço vem tomando grandes e desastrosas proporções em relação ao meio ambiente. A demanda de alimentos pelo crescimento capitalista de países emergentes, a oscilação dos estoques mundiais e as especulações de mercado por investidores, impulsionam a abertura de novas áreas com potencial para exploração de produtos agrícolas. Entre as diversas atividades agrícolas, a cultura da soja destaca-se pela expressiva geração de divisas e abrangência de extensas áreas, desde o extremo norte até o sul do Brasil. O reflexo dessa monocultura, aliada à falta de informações e tecnologias adequadas, em algumas regiões, resultam em um uso abusivo de produtos fitossanitários que desestruturam as relações de equilíbrio dos agroecossistemas, trazendo inúmeras conseqüências indesejáveis como a ressurgência de doenças e pragas, outrora denominadas de secundárias, dentre outros aspectos negativos. Como se não bastasse, no âmbito do desenvolvimento desses produtos, cada vez, torna-se mais difícil o descobrimento de novas moléculas, diminuindo as opções de controle das pragas. Há de se ressaltar que a introdução de novas tecnologias pode aumentar ou não, a utilização dos produtos fitossanitários. Como exemplo, temos a introdução do sistema de plantio direto, que nas últimas décadas tornou-se primordial, principalmente na região dos cerrados, visando à conservação do solo. Porém, fez com que o uso de herbicidas, principalmente de glifosato, aumentasse de maneira considerável. Um exemplo de tecnologia que implica na aplicação de produtos fitossanitários, embora bastante contestado por parte da sociedade, são os materiais transgênicos como a soja RR e algodão Bt, que quando bem manejados, auxiliam no controle fitossanitário reduzindo a aplicação de herbicidas e inseticidas, respectivamente. Marco importante na sojicultura brasileira foi o aparecimento da doença ferrugem asiática, que se espalhou rapidamente pelas regiões produtoras do país, fazendo com que as aplicações de fungicidas que quase não realizadas anteriormente a esse fato, passassem a ser prática comum após a ocorrência da doença. O controle dessa doença tem exigido, em média, duas aplicações de fungicidas por safra, trazendo conseqüências indesejáveis ao manejo da cultura, como por exemplo, a diminuição da incidência de fungos entomopatogênicos o que resulta em um aumento do complexo de lagartas em decorrência da redução do controle biológico natural. 1 Um dos fatores de sucesso na viabilidade do agronegócio é a adoção do manejo integrado de pragas (MIP), que se caracteriza como um conjunto de medidas que atuam de forma consistente e harmoniosa, entre as quais se inclue a utilização de produtos fitossanitários seletivos, visando complementar o controle biológico natural, estabilizando as populações de insetos-praga abaixo do nível de dano econômico, conservando o meio ambiente e os organismos benéficos. Os produtos recomendados para serem utilizados no MIP são aqueles que apresentam boa eficiência no controle das pragas e características seletivas, causando o mínimo de impacto sobre os inimigos naturais e outros insetos benéficos. A manutenção de parasitóides, predadores e patógenos que exercem controle biológico das pragas de plantas cultivadas é adequada como fator de equilíbrio dinâmico, no ecossistema agrícola. Entre os agentes de controle biológico destacam-se os parasitóides de ovos Trichogramma pretiosum e Telenomus remus, ambos microvespas de ação agressiva e eficiente no controle de lepidópteros em geral e lagartas do gênero Spodoptera, respectivamente. Grande importância deve ser dada a estes parasitóides, pois atuam de forma antecipada a ação desfolhadora das lagartas, impedindo maiores danos, visto que o complexo destas que atualmente prejudicam a cultura da soja como Anticarsia gemmatalis Hübner, 1818 (Lepidoptera: Noctuidae), Pseudoplusia includens Walker, 1857 (Lepidoptera: Noctuidae) e Spodoptera spp., além de surgirem anualmente em grandes populações, adquiriram resistência a alguns inseticidas, de forma que várias aplicações de determinados produtos não reduzem o número de indivíduos dessas pragas, a um nível de dano aceitável. A pesquisa dos efeitos colaterais de produtos fitossanitários em organismos benéficos já é comum em muitos países, fornecendo informações relevantes a quem preconiza o programa de manejo integrado, para a escolha de produtos mais apropriados a serem recomendados. Em todo o mundo, o estudo de seletividade de produtos tem sido alvo de discussões, principalmente no que se refere às metodologias utilizadas, havendo muitas vezes diferenças nos resultados obtidos. Diante dessa situação, foi formado em 1974, o grupo de trabalho para cooperação científica internacional no estudo da seletividade de pesticidas a organismos benéficos, a International Organization of Biological Control (IOBC), sendo um de seus objetivos a resolução desse problema. A IOBC, desde então, tem promovido estudos para padronizar as metodologias de testes de seletividade, o que permite a comparação de resultados gerados nas mais diferentes partes do mundo. Vale destacar que as escalas de classificação de seletividade de produtos dessa organização são muito permissivas quando 2 comparadas a outras classificações de diferentes entidades de estudo, memo em condições de laboratório, onde a exposição dos insetos aos produtos é máxima. Entretanto, ainda não existe metodologia padronizada para testar a seletividade dos produtos a todos os inimigos naturais, como é o caso de T. remus, por exemplo. Ainda, mesmo para T. pretiosum, algumas outras metodologias menos onerosas e mais fáceis de serem realizadas, como a imersão de ovos parasitados em calda pesticida, tem sido utilizadas e recomendadas por pesquisadores. Em adição a isto, a cada ano, novas moléculas e novos produtos são colocados no mercado, sendo necessários novos testes de seletividade. A importância de se realizar testes de seletividade é que através destes, pode-se identificar produtos menos prejudiciais aos insetos benéficos. Além disso, alguns países requisitam esses testes para liberação de produtos no mercado para a atividade agrícola. Até o momento pouco se sabe sobre o efeito dos produtos fitossanitários utilizados na cultura da soja sobre os parasitóides de ovos T. pretiosum e T. remus havendo a necessidade de maiores informações a respeito, de forma a facilitar e incrementar o MIP da soja. Sendo assim, o objetivo desse estudo foi avaliar em condições de laboratório os efeitos dos principais inseticidas, herbicidas e fungicidas utilizados na cultura da soja, sobre Trichogramma pretiosum e adaptar a mesma metodologia para Telenomus remus na hipótese de se obter resultados condizentes. 3 CAPÍTULO 1 EMERGÊNCIA DE ADULTOS APÓS A AÇÃO DE PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS UTILIZADOS NA CULTURA DA SOJA SOBRE PUPAS DE Trichogramma pretiosum RESUMO Este trabalho objetivou avaliar o efeito de diferentes produtos fitossanitários na emergência de adultos de Trichogramma pretiosum quando aplicados em sua fase de pupa. Foram conduzidos três ensaios com 11 tratamentos e cinco repetições, sendo 10 tratamentos com produtos recomendados para a cultura da soja e testemunha. Ovos do hospedeiro alternativo Anagasta kuehniella, parasitados por T. pretiosum foram aderidos em cartelas de 1 cm2 (± 250 ovos) e posteriormente emergidas por cinco segundos nos tratamentos. Após secagem total, foram acondicionadas em ambiente controlado até a emergência dos adultos do parasitóide. Avaliou-se a viabilidade do parasitismo e a redução na emergência dos parasitóides foi classificada segundo as normas da International Organization for Biological Control. Os inseticidas flufenoxurom, diflubenzurom e metoxifenozide foram classificados como inócuos. Permetrina, beta-ciflutrina + imidacloprido e gama-cialotrina foram levemente nocivos à fase de pupa dos parasitóides. Clorpirifós e espinosade foram moderadamente nocivos. Os herbicidas avaliados, glifosato + imazetapir, 2,4-D amina, S-metolacloro, flumioxazina, clomazona, glifosato (Gliz®), dicloreto de paraquate, dicloreto de paraquate + diurom, glifosato (Roundup® Ready), glifosato (Roundup® Transorb) foram classificados como inócuos ou levemente nocivos. Os fungicidas estudados, tiofanato-metílico, flutriafol + tiofanato-metílico, carbendazim, tebuconazol, flutriafol, tebuconazol + trifloxistrobina, epoxiconazol + piraclostrobina, epoxiconazol, azoxistrobina, azoxistrobina + ciproconazol foram classificados como inócuos. Palavras-chave: parasitóide de ovos, seletividade, controle biológico, controle químico. 4 EMERGENCE OF ADULTS AFTER THE ACTION OF PESTICIDES USED IN SOYBEAN CROP ABOVE PUPAE OF Trichogramma pretiosum ABSTRACT This study aimed to evaluate the effect of different chemicals in emergence of adults of Trichogramma pretiosum when applied in their stage of pupa. Three tests were carried out with 11 treatments and five repetitions. Each trial tested 10 pesticides normally used in soybean crops and a control treatment. Eggs of the host Anagasta kuehniella was used and fixed on cards of 1 cm2 (± 250 eggs). These cards were emerged for five seconds in each treatments. After completely dry, were kept controlled environment until in the emergence of adults of the parasitoid . The parasitoid emergence was evaluated and the reduction in parasitism classified accordingly to the guidelines of the International Organization for Biological Control. The insecticides flufenoxuron, diflubenzuron and methoxyfenozide was classified as harmless. Permethrin, beta-cyfluthrin + imidacloprid and gamma-cyhalothrin were slightly harmful to the pupae of the parasitoids. Chlorpyriphos and spinosad were moderately harmful. The evaluated herbicides, glyphosate + imazethapyr, 2.4-D amine, Smetolachlor, flumioxazin, clomazone, glyphosate (Gliz®), paraquat, paraquat + diuron, glyphosate (Roundup® Ready), glyphosate (Roundup® Transorb) were classified as harmless or slightly harmful. The fungicides tested, methyl thiophanate, flutriafole + methyl thiophanate, carbendazin, tebuconazole, flutriafol, tebuconazole + trifloxystrobin, epoxyconazole + pyraclostrobin, epoxyconazole, azoxystrobin, azoxystrobin + cyproconazole were harmless to pupae of T. pretiosum. Key words: eggs parasitoid, selectivity, biological control, chemical control. 5 1. INTRODUÇÃO A soja se constitui em um dos principais geradores de divisas ao Brasil, tendo grande participação na economia nacional. De acordo com o levantamento do mês de março a área cultivada com o grão foi de, aproximadamente, 21,11 milhões de hectares, resultando em uma produção estimada de 59,9 milhões de toneladas (IBGE, 2008). O aumento da demanda de produtos alimentícios gerado pelo consumo dos estoques mundiais, especuladores internacionais e pelo crescimento de países emergentes fazem com que novas áreas sejam abertas e exploradas para a produção agrícola. Esse fato, aliado a baixa tecnologia adotada em algumas regiões, leva ao aumento abusivo do uso de produtos fitossanitários, causando a contaminação do ambiente e dos trabalhadores rurais. Uma parcela significativa do desequilíbrio biológico que ocorre em sistemas agrícolas deve-se, também, ao uso inadequado desses produtos que, aplicados de maneira indiscriminada, podem ocasionar a ressurgência de surtos de pragas secundárias e seleção de insetos resistentes às moléculas existentes (Nakano, 1986). Uma alternativa para a sustentabilidade do agroecossistema é o uso do manejo integrado de pragas (MIP) que, entre outras táticas, visa compatibilizar o uso do controle biológico com inseticidas seletivos aos inimigos naturais. O controle biológico merece destaque devido a sua sustentabilidade e baixo risco ao homem e ao ambiente. Entre os diversos agentes de controle biológico, os parasitóides de ovos do gênero Trichogramma têm sido muito utilizados na agricultura, principalmente devido a sua facilidade de criação e agressividade no controle de lepdópteros (Parra e Zucchi, 2004). No Brasil, a utilização de Trichogramma é ainda pequena se comparado com outros países da Europa e Ásia (Holanda, Rússia e China) (Parra et al., 2002). Entretanto, avanços com esse parasitóide tem sido conquistados visando o controle biológico de pragas do algodoeiro (Bleicher e Parra, 1989), do milho (Sá e Parra, 1994), de grãos armazenados (Inoue e Parra, 1998), da cana-de-açúcar (Botelho et al., 1999), do tomateiro (Pratissoli e Parra, 2000), dentre outros. O uso de parasitóides do gênero Trichogramma no controle de lagartas que atacam a cultura da soja tem grande potencial de sucesso visto que esse inimigo natural parasita ovos de praticamente todo complexo de lepdópteros-pragas da cultura (Bueno et al., 2007). Entretanto, muitas vezes o uso do controle químico, ainda, é indispensável devido ao desequilíbrio dos agroecossistemas, nos quais o controle biológico é pouco 6 eficiente. A seletividade de um determinado produto (fungicida, herbicida, inseticida, adubo foliar e outros) é o processo pelo qual se determina a eficácia deste à função a que se destina como exemplo, o controle de pragas, não prejudicando o desenvolvimento, a reprodução e a ação dos inimigos naturais. O trabalho de seletividade de produtos em fases imaturas (ovo, larva e pupa) é de grande importância tal como os estudos envolvendo a fase adulta e ainda, vale ressaltar que os estágios imaturos dos parasitóides de ovos se desenvolvem sob a proteção do córion que funciona como uma barreira a penetração dos produtos apresentando maior possibilidade de tolerância (Orr et al., 1989). Portanto, devido à escassez de trabalhos de seletividade de produtos utilizados na cultura da soja, realizou-se esse estudo com a finalidade de avaliar o impacto de tais produtos sobre a emergência dos adultos de Trichogramma pretiosum quando aplicados sobre a fase de pupa desse parasitóide. 2. MATERIAL E MÉTODOS Os experimentos foram conduzidos no Laboratório de Criação de Insetos da Embrapa Arroz e Feijão em Santo Antônio de Goiás-GO, conforme metodologia utilizada por Bueno et al., (2008), sendo que a linhagem de Trichogramma pretiosum Riley, 1879 (Hymenoptera: Trichogrammatidae) coletada na região de Rio Verde-GO (2006), foi multiplicada em ovos de Anagasta kuehniella Zeller, 1879 (Lepidoptera: Pyralidae), considerado o melhor hospedeiro alternativo para a criação da maioria das espécies de Trichogramma (Gomes, 1997). Para a realização dos bioensaios foram utilizadas cartelas previamente identificadas de 1cm2 contendo em média, 250 ovos de A. kuehniella (Anexo 1) parasitados por T. pretiosum com aproximadamente 80% de parasitismo, estimado através de contagem com quadrado de orifício central vazado (0,5 x 0,5 cm). Os parasitóides estavam na fase de desenvolvimento de pupa, que corresponde a 168-192 horas após o parasitismo (Consoli et al., 1999), sendo a fase de maior resistência à injúrias externas. Essas cartelas contendo os ovos parasitados foram imersas por cinco segundos em caldas de produtos fitossanitários, na diluição equivalente a um volume de aplicação de 200 L. ha-1, conforme recomendações dos fabricantes. Após secagem sobre papel absorvente, por duas horas, as cartelas foram armazenadas em sacos plásticos transparentes (4 x15 cm) e estes, acondicionados em sala climatizada com 7 temperatura de 28º C, umidade relativa do ar de 70% e fotofase de 14 horas, até a emergência dos adultos. Foram realizados três ensaios conduzidos em delineamento experimental inteiramente casualizado com diferentes inseticidas, herbicidas e fungicidas (Tabela 1), escolhidos ao acaso, dentro do portifólio de produtos utilizados na cultura da soja. Cada ensaio constava de 10 tratamentos e testemunha, repetidos por cinco vezes. Tabela 1. Produtos fitossanitários testados em pupas de Trichogramma pretiosum em condições de laboratório. Produtos Inseticidas Acefato Formulação Ingrediente ativo (i.a.) Grupo químico (g) de i.a. ha-1 750 PS Acefato Organofosforado 525 Cascade 100 EC Flufenoxurom Benzoiluréia 10 Connect 100/12,5 SC Imidacloprido + Beta-ciflutrina Neonicotinóide / Piretóide 100 + 12,5 Dimilin 80 WG Diflubenzurom Benzoiluréia 20 Intrepid 24 SC Metoxifenozide Diacilhidrazina 21,6 Intrepid 24 SC Metoxifenozide Diacilhidrazina 36 Lorsban 480 EC Clorpirifós Organofosforado 384 Stallion 150 CS Gama-cialotrina Piretróide 3,75 Talstar 100 EC Bifentrina Piretróide 5 Tracer Herbicidas Alteza 480 SC Espinosade Espinosinas 24 240/30 SL Glifosato + Imazetapir Glicina substituída / Imidazolinona 533,4* + 90 DMA 806 SL 2,4-D amina Ácido ariloxialcanóico 1209 Dual Gold 960 EC S-metolacloro Cloroacetanilida 1920 Flumyzin 50 WP Flumioxazina Ciclohexenodicarboximida 60 Gamit 500 EC Clomazona Isoxazolidinona 1000 Gliz 480 SL Glifosato Glicina substituída 2880* 100/200 SC Diurom + Dicloreto de paraquate Uréia / Bipiridilio 300 + 600 200 SL Dicloreto de paraquate Bipiridilio 600 R. Ready 480 SL Glifosato Glicina substituída 960* R. Transorb Fungicidas Celeiro 648 SL Glifosato Glicina substituída 1920* 100/500 SC Flutriafol + Tiofanato metílico Triazol / Benzimidazol 60 + 300 500 SC Tiofanato metílico Benzimidazol 400 Derosal 500 SC Carbendazim Benzimidazol 250 Folicur 250 EC Tebuconazol Triazol 150 Gramocil Gramoxone Cercobin Impact 125 SC Flutriafol Triazol 125 Nativo 100/200 SC Trifloxistrobina + Tebuconazol Estrobirulina / Triazol 60 + 120 Opera 50/133 SE Epoxiconazol + Piraclostrobina Triazol / Estrobirulina 30 + 79,8 Opus 125 SC Epoxiconazol Triazol 12,5 250 SC 200/80 SC Azoxistrobina Azoxistrobina + Ciproconazol Estrobirulina Estrobirulina / Triazol 50 60 + 24 Priori Priori Xtra * Ingrediente ativo expresso em equivalente ácido. 8 Foi avaliada a viabilidade do parasitismo através da contagem dos ovos parasitados e os que efetivamente tiveram a emergência dos parasitóides. Os resultados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. A redução na emergência de T. pretiosum em relação ao tratamento testemunha foi calculada pela seguinte equação: E (%) = (1-Vt/Vc) x 100, em que: E (%) é a porcentagem de redução da viabilidade do parasitismo; Vt é a viabilidade do parasitismo médio para o tratamento testado e Vc é a viabilidade do parasitismo médio observado para o tratamento testemunha. Os produtos fitossanitários foram classificados de acordo com as normas padronizadas pela “International Organization of Biological Control” (IOBC) em: classe 1 - inócuo (E < 30%); classe 2 - levemente nocivo (30% ≤ E ≤ 79%); classe 3 - moderadamente nocivo (80% ≤ E ≤ 99%); classe 4 - nocivo (E > 99%) (Hassan, 1992). 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados obtidos permitiram constatar que a aplicação de flufenoxurom, diflubenzurom e metoxifenozide (nas duas dosagens) demonstrou uma viabilidade de parasitismo próxima à testemunha, sendo classificados como inócuos (classe 1) à fase de desenvolvimento de pupa de T. pretiosum (Tabela 2). Os dois primeiros são inseticidas do grupo das benzoiluréias, classificados como reguladores de crescimento que inibem a síntese de quitina dos insetos (Reynolds, 1987). Metoxifenozide é um inseticida do grupo das diacilhidrazinas, também regulador de crescimento que atua como agonista de ecdisteróide provocando aceleração do processo de ecdise (Dhadialla et al., 1998). Esses inseticidas, classificados como reguladores de crescimento, são normalmente destacados pela sua seletividade aos agentes de controle biológico (Santos et al., 2006) o que foi ratificado com os resultados verificados nesse estudo. Entretanto, em trabalhos utilizando o regulador de crescimento triflumurom foi verificado que este atuou nocivamente às formas imaturas (ovo, larva e pupa) de T. pretiosum, o que mostra a importância de realizar esses estudos para todas as fases do desenvolvimento e para todas as doses e formulações recomendadas dos produtos (Bueno et al., 2008). Essas diferenças, aqui percebidas, podem ser explicadas em virtude dos ingredientes ativos serem diferentes, apesar de pertencerem ao mesmo grupo químico. Lufenurom, outro inseticida do grupo dos reguladores de crescimento, 9 quando aplicado em superdosagem mediante a imersão de posturas de Spodoptera frugiperda Smith, 1797 (Lepidoptera: Noctuidae) e posteriormente parasitadas por T. pretiosum afetou a viabilidade dos descendentes quando comparado ao tratamento testemunha (Pratissoli et al., 2004). Questão a ser relevada em testes de seletividade, está relacionada com o tipo de ovos de hospedeiros utilizados, sendo que estes apresentam estruturas e disposições específicas, podendo conferir resultados diferentes. Com relação aos ovos do hospedeiro, características como permeabilidade do córion e das camadas adjacentes são variáveis de acordo com a espécie, a idade e o estádio de desenvolvimento do ovo (Cônsoli et al., 1999). Observou-se que as duas dosagens de metoxifenoside foram semelhantes aos resultados da testemunha, sendo que ambas foram sugeridas nesse estudo devido à tendência de se usar maior quantidade desse produto, por hectare, em virtude de grandes populações de lagartas ocorrentes a cada ano agrícola, na região dos cerrados. Ainda, com relação ao uso de metoxifenoside, resultados semelhantes foram descritos por Suh et al. (2000), que não observaram alteração na porcentagem de emergência e razão sexual de Trichogramma exiguum Pinto e Platner, 1978 (Hymenoptera: Trichogrammatidae), em relação à testemunha, quando ovos de Helicoverpa zea Boddie, 1850 (Lepdoptera: Noctuidae) parasitados, foram imersos nas caldas deste produto em suas concentrações comerciais. Assim como as fases de desenvolvimento, doses e formulações dos produtos e ovos de hospedeiros, a diferença de espécies deve ser considerada em testes de seletividade em virtude da fisiologia e ecologia dos insetos apresentarem diferenças entre si. O tratamento com bifentrina foi classificado como inócuo, apresentando uma viabilidade de parasitismo estatisticamente semelhante à testemunha (Tabela 2). Permetrina e gama-cialotrina reduziram a viabilidade do parasitismo em relação à testemunha, sendo classificados como levemente nocivos (classe 2). Ambos são inseticidas piretróides, de ação neurotóxica e que normalmente são considerados de baixa seletividade aos inimigos naturais (Cañete, 2005). Em trabalhos de seletividade com produtos da citricultura a Trichogramma atopovirilia Oatman e Platner, 1983 (Hymenoptera: Trichogrammatidae), através da imersão de ovos parasitados, o piretróide deltametrina não interferiu na porcentagem média de emergência desses parasitóides (Matos, 2007). Em trabalho conduzido com a utilização do piretróide lambdacialotrina através da imersão de ovos de A. kuehniella parasitados por duas linhagens de T. pretiosum (L9 e L10) não apresentou redução de emergência para o primeiro, sendo que o inverso ocorreu para a outra linhagem (Carvalho et al., 1999). Apesar de 10 pertencerem à mesma espécie, os indivíduos podem apresentar características intrínsecas que interfem na resposta de sobrevivência quando em contato com produtos fitossanitários. O produto composto beta-ciflutrina + imidacloprido apresentou comportamento levemente nocivo, apresentando uma viabilidade de parasitismo inferior ao tratamento testemunha (Tabela 2). Silva (2004) constatou que não houve alteração da fase embrionária em ovos de Chrysoperla externa Hagen, 1861 (Neuroptera: Chrysopidae) com o produto betaciflutrina, aplicado em pulverização. As diferentes metodologias de aplicação de produtos fitossanitários podem influenciar na seletividade destes, uma vez que a deposição na área a ser tratada apresente diferenças de uniformidade de cobertura de aplicação. Em trabalho realizado por (Matos, 2007), o inseticida imidacloprido causou efeito negativo sobre o período ovolarva do parasitóide T. pretiosum, em relação à testemunha, sendo que o efeito nocivo foi bastante reduzido quando o tratamento foi realizado nas fases de pré-pupa e pupa. O espinosade foi classificado como moderadamente nocivo (classe 3) por promover uma redução de 82,24 % na emergência dos parasitóides em relação ao tratamento testemunha (Tabela 2). O espinosade é um inseticida de origem natural, oriundo da fermentação da bactéria Sacharopolyspora spinosa, sendo um produto fitossanitário aceito na agricultura orgânica nos EUA e seletivo a alguns inimigos naturais (Williams et al., 2003). Contudo, essa formulação orgânica, comercializada nos EUA, é diferente da formulação testada nesse trabalho, que possui inertes não aceitos como produto orgânico. Resultados semelhantes para este produto foram obtidos em trabalho com cinco diferentes espécies de Trichogramma, incluindo T. pretiosum (Cañete, 2005). Comportamento nocivo do espinosade com a mesma formulação utilizada nesse ensaio foi relatado por Bueno et al. (2008) em todas as fases imaturas (ovo, larva e pupa) de T. pretiosum. Diferenças entre inertes podem ser responsáveis pela seletividade ou não de um produto, o que mostra a importância de se realizar os testes para cada formulação comercial do produto. Semelhante ao que foi observado com espinosade, clorpirifós reduziu a viabilidade do parasitismo em relação à testemunha, sendo enquadrado na classe 3, porém muito próximo à classificação 4, pois o efeito na redução do parasitismo foi de 98,91% (Tabela 2). Classificação mais seletiva para esse produto com uma linhagem de T. pretiosum provavelmente diferente a deste trabalho foi relatada por Hohmann (1991; 1993). Certamente, as dosagens utilizadas na condução de seus trabalhos foram diferentes a deste ensaio. A toxicidade ou seletividade de um produto fitossanitário é sempre dependente da dose utilizada 11 (Santos et al., 2006), o que mostra a importância de se considerar esse fator na escolha do produto mais seletivo. Tabela 2. Efeito (E) de diferentes inseticidas na viabilidade do parasitismo (%) sobre pupas de Trichogramma pretiosum criadas em ovos de Anagasta kuehniella. Viabilidade (%)1 Tratamento E (%) Classe2 1. Clorpirifós 0,69 ± 0,04 e 98,91 3 2. Espinosade 11,23 ± 1,30 de 82,24 3 3. Permetrina 24,30 ± 6,13 61,57 2 cd 4. Beta-ciflutrina + Imidacloprido 36,75 ± 3,69 bc 42,72 2 5. Gama-cialotrina 37,64 ± 6,05 bc 40,48 2 6. Bifentrina 47,36 ± 4,35 ab 25,12 1 7. Metoxifenozide 21,6 57,31 ± 4,12 a 9,38 1 8. Flufenoxurom 60,24 ± 3,47 a 4,75 1 9. Metoxifenozide 36 60,68 ± 4,12 a 4,05 1 10. Diflubenzurom 65,76 ± 2,56 a 0 1 11. Testemunha 63,24 ± 1,89 a - - CV (%) 35,34 1 Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P>0.05). 2 Classe 1 - inócuo (E < 30%), classe 2 - levemente nocivo (30% ≤ E ≤ 79%), classe 3 - moderadamente nocivo (80% ≤ E ≤ 99%), classe 4 - nocivo (E > 99%). Geralmente, a aplicação de herbicidas e fungicidas tem menor impacto sobre o controle biológico exercido por parasitóides e predadores, quando comparados aos inseticidas. Porém, estes químicos devem ser seletivamente considerados, pois na maioria das vezes, são negligenciados nesse aspecto e podem também ter efeito negativo sobre o controle biológico (Santos et al., 2006). Os herbicidas avaliados reduziram a viabilidade do parasitismo em relação à testemunha e foram classificados de inócuos a levemente nocivos (Tabela 3). Resultados semelhantes para a fase de pupa de T. pretiosum, envolvendo estudos de seletividade de herbicidas foram relatados por Bueno et al. (2008). Os produtos a base de glifosato testados, apesar de serem constituídos pelo mesmo sal, isopropilamina, foram administrados em doses diferentes de equivalente ácido e apenas Roundup® Transorb obteve classificação 2, sendo os demais, classificados como inócuos. Trabalho efetuado com oito formulações comerciais de glifosato (Roundup®, Roundup® WG, Roundup® Transorb, Polaris®, Gliz® 480 CS, Glifosato Nortox®, Glifosato 480 Agripec® e Zapp® Qi) em fases imaturas de T. pretiosum demonstrou que estes produtos reduziram a porcentagem de emergência, porém, foram classificados como inócuos (Nörnberg et al., 2008). Em testes de seletividade, produtos 12 glifosatos constituídos pelo sais isopropilamina, geralmente conferem melhor caráter seletivo quando comparados aos sais de amônio e potássio. Os herbicidas dicloreto de paraquate e 2,4-D amina proporcionaram as maiores reduções na viabilidade do parasitismo comparados à testemunha, obtendo a classificação 2. Estudo feito com exposição de adultos de T. pretiosum a resíduos secos de herbicidas utilizados na cultura do milho detectou que o produto dicloreto de paraquate foi nocivo (classe 4) a este parasitóide (Stefanello Júnior et al., 2008). O herbicida 2,4-D amina em combinação com MCPA não afetou o desenvolvimento de Trichogramma cacoeciae Marchal, 1927 (Hymenoptera: Trichogrammatidae) na diluição de 1,5% em água (FAO, 1997). Dicloreto de paraquate + diurom foi estatisticamente semelhante à testemunha no que diz respeito à viabilidade do parasitismo, sendo classificado como inócuo, porém apresentou diferença a dicloreto de paraquate. Apesar da mesma concentração de dicloreto de paraquate nos produtos testados, a explicação pode estar relacionada à maior estabilidade que diurom confere ao produto, ou à presença de inertes diferentes. O herbicida gramocil (paraquate + diurom) foi testado por Bastos et al. (2005), visando observar o parasitismo de T. pretiosum em ovos contaminados de A. kuehniella e Sitotroga cerealella Olivier, 1819 (Lepdoptera: Gelechiidae) sendo notadas diferenças em relação à testemunha. Os ingredientes ativos clomazona, flumioxazina e S-metolacloro reduziram a viabilidade do parasitismo, mas não diferiram estatisticamente da testemunha sendo enquadrados na classe 1 (inócuo). Na literatura, não foram encontrados trabalhos de seletividade para esses herbicidas na cultura da soja à T. pretiosum, reforçando a necessidade de testá-los em todas as fases de desenvolvimento do parasitóide. Os produtos herbicidas aqui testados, em sua maioria, são dessecantes e seus usos estão diretamente relacionados ao controle de ervas daninhas, sejam na dessecação para o plantio direto, no controle convencional ou em pós-emergência dirigida. Ademais, a mistura de inseticidas e herbicidas para o manejo de insetos e plantas daninhas, respectivamente (Silva et al., 2007), ou a utilização de herbicidas dessecantes, visando a antecipação da colheita (Magalhães et al., 2005), também podem afetar negativamente a população desse parasitóide. 13 Tabela 3. Efeito (E) de diferentes herbicidas na viabilidade do parasitismo (%) sobre pupas de Trichogramma pretiosum criadas em ovos de Anagasta kuehniella. Tratamento Viabilidade (%)1 E (%) Classe2 1. Dicloreto de paraquate 36,19 ± 3,87 d 41,28 2 3. 2,4-D amina 38,63 ± 1,57 2. Glifosato (Roundup Transorb) cd 37,31 2 41,61 ± 2,59 bcd 32,48 2 4. Glifosato + Imazetapir 44,91 ± 2,67 bcd 27,12 1 5. Dicloreto de paraquate + Diurom 45,05 ± 0,58 bcd 26,90 1 6. Clomazona 50,60 ± 3,19 abc 17,89 1 7. Glifosato (Roundup Ready) 50,83 ± 1,01 ab 17,51 1 8. Flumioxazina 51,30 ± 3,15 ab 16,76 1 9. Glifosato (Gliz) 51,69 ± 1,98 ab 16,13 1 58,94 ± 4,36 a 4,36 1 10. S-metolacloro 11. Testemunha 61,63 ± 1,20 a CV(%) 11,15 - - - - 1 Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P>0.05). 2Classe 1 - inócuo (E < 30%), classe 2 - levemente nocivo (30% ≤ E ≤ 79%), classe 3 moderadamente nocivo (80% ≤ E ≤ 99%), classe 4 - nocivo (E > 99%). Os fungicidas testados foram classificados como inócuos (classe 1) e suas viabilidades de parasitismo não diferiram da testemunha, com excessão do produto tebuconazol (Tabela 4). Em testes de seletividade para produtos da citricultura no controle do bicho-furão-doscitros, piraclostrobina foi considerado classe 2 à fase de pupa de T. atopovirilia em ovos de Gymnandrosoma aurantianum Lima, 1927 (Lepidoptera: Tortricidae) (Matos, 2007). A mesma autora relatou ainda, que o fungicida difenoconazol afetou a fase de pré-pupa do parasitóide reduzindo sua sobrevivência em ovos de A. kuehniella e G. aurantianum. Em estudo de seletividade, Bueno et al. (2008) demonstraram que o fungicida tebuconazol 200 + trifloxistrobina 100 g i.a. ha-1 foi nocivo (classe 4) à fase de ovo de T. pretiosum. No Brasil, o tebuconazol foi avaliado por Torres et al. (1996), que estudaram a sobrevivência de larvas e pupas de T. pretiosum submetidas à dose de 225 g i.a. ha-1, para a cultura do tomateiro, através da pulverização dos ovos de A. kuehniella. Os autores não observaram nenhum efeito do mesmo sobre a emergência do parasitóide ou sobre sua razão sexual. Um marco importante na sojicultura brasileira foi o aparecimento da ferrugem asiática. Aplicações de fungicidas em soja, que quase não eram realizadas antes da ferrugem, passaram a ser comuns após sua ocorrência e podem estar afetando direta ou indiretamente os inimigos naturais. Sendo assim, apesar de geralmente mais seletivos aos inimigos naturais, os fungicidas e herbicidas devem ser também testados para seletividade não só aos parasitóides de ovos, mas também aos fungos e bactérias entomopatogênicas que são de grande importância no 14 controle biológico natural na cultura da soja (Bueno et al., 2007). Os resultados aqui descritos indicam que a aplicação de herbicidas ou fungicidas não tem grande impacto na população de T. pretiosum, quando este se encontra em fase de pupa. Porém, é importante enfatizar que a fase adulta do parasitóide é normalmente mais sensível à aplicação dos produtos fitossanitários (Hassan, 1992) e deve ser também considerada na escolha do melhor produto a ser utilizado no MIP-soja. Tabela 4. Efeito (E) de diferentes fungicidas na viabilidade do parasitismo (%) sobre pupas de Trichogramma pretiosum criadas em ovos de Anagasta kuehniella. Tratamento Viabilidade (%)1 E (%) Classe2 1. Tebuconazol 40,70 ± 2,87 b 12,96 1 2. Flutriafol + Tiofanato metílico 40,92 ± 2,69 ab 12,50 1 3. Carbendazim 42,03 ± 5,50 ab 10,13 1 4. Tiofanato metílico 45,63 ± 1,45 ab 2,42 1 5. Epoxiconazol 45,27 ± 4,56 ab 0 1 6. Azoxistrobina 49,88 ± 3,22 ab 0 1 7. Azoxistrobina + Ciproconazol 51,93 ± 2,13 ab 0 1 8. Flutriafol 52,14 ± 2,25 ab 0 1 9. Epoxiconazol + Piraclostrobina 53,31 ± 1,66 ab 0 1 10. Tebuconazol + Trifloxistrobina 55,37 ± 1,99 a 0 1 11. Testemunha 46,76 ± 1,77 ab - - 13,79 - - CV (%) 1 Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P>0.05). 2Classe 1 - inócuo (E < 30%), classe 2 - levemente nocivo (30% ≤ E ≤ 79%), classe 3 moderadamente nocivo (80% ≤ E ≤ 99%), classe 4 - nocivo (E > 99%). 4. CONCLUSÃO Os inseticidas clorpirifós e espinosade são moderadamente nocivos a fase de pupa de Trichogramma pretiosum. Permetrina, gama-cialotrina e beta-ciflutrina + imidacloprido são levemente nocivos (classe 2). Os produtos reguladores de crescimento testados e bifentrina apresentam-se como inócuos. Herbicidas e fungicidas testados apresentam menor impacto quando comparados com os inseticidas. A fase de desenvolvimento de pupa de T. pretiosum apresenta resistência aos produtos fitossanitários testados. 15 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BASTOS, C. 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Testou-se 14 tratamentos, com quatro repetições em delineamento inteiramente casualizado, sendo a água, a testemunha. Ovos de Anagasta kuehniella, parasitados por T. pretiosum (fase de pupa), foram pulverizados com inseticidas e mantidos em gaiolas de contato, padronizadas pela International Organization for Biological Control, sendo oferecidos, após a emergência dos insetos, ovos de hospedeiro e mel. Avaliou-se a viabilidade das pupas e, a redução de emergência dos insetos, classificada de classe 1 (inócuo) a classe 4 (nocivo). O parasitismo e sua viabilidade foram avaliados no primeiro e segundo dia após a emergência dos parasitóides. Baculovírus anticarsia, baculovírus pseudoplusia, azadiractina, diflubenzurom, permetrina, thiametoxam e flufenoxurom foram inócuos (classe 1) sendo que, o parasitismo e sua viabilidade foram semelhantes à testemunha no primeiro dia com diferenças pequenas a esta no segundo dia após a emergência dos parasitóides. Lambdacialotrina + tiametoxam, lufenurom, e metoxifenoside, foram levemente nocivos (classe 2) às pupas e o parasitismo e sua viabilidade não diferiram da testemunha. Clorpirifós, espinosade, metomil e beta-ciflutrina + imidacloprido, foram classificados como moderadamente nocivos (classe 3) sendo que, no parasitismo e sua viabilidade ocorreram diferenças estatísticas em relação à testemunha. Palavras-chave: produtos fitossanitários, controle biológico, parasitóide de ovos. 20 SIDE-EFFECTS OF INSECTICIDES USED IN SOYBEAN CROP ON PUPAE OF Trichogramma pretiosum UNDER LABORATORY CONDITIONS ACCORDING TO THE RULES OF IOBC ABSTRACT This research was carried out at Embrapa Arroz e Feijão, St. Antônio de Goiás-GO, aiming to assess the impact caused by insecticides used on soybean crop on pupae of Trichogramma pretiosum. 14 treatments were tested, repeated four times in a completely randomized design, and the water, as control. Eggs of Anagasta kuehniella, parasitized (pupae stage), were directly sprayed with insecticides and kept in cages of contact, standardized by the International Organization for Biological Control. Eggs and honey were offered, after the emergence of insects. The feasibility of pupae was evaluated and the reduction of emergency, rated from class 1 (harmless) to class 4 (harmful). The parasitism and its viability were evaluated in the first and second days after the emergence of parasitoids. Baculoviru anticarsia, baculoviru pseudoplusia, azadiractyn, diflubenzuron, permethryn, thiametoxan and flufenoxuron were harmless (class 1) and, parasitism and its viability were similar to the control on the first day and this differed little on the second day after the emergence of the parasitoids. Lambdacialotryn + thiametoxan, lufenuron, and methoxyfenoside, were slightly harmful (class 2) to pupae and parasitism and its viability did not differ from the control. Chlorpyrifós, spinosad, methomyl and beta-cyfluthryn + imidacloprid, was class 3 (moderately harmful) and the parasitism and its viability occurred statistical differences in relation to the control. Key words: pesticides, biological control, eggs parasitoid. 21 1. INTRODUÇÃO O monocultivo de soja abrange extensas áreas e enfrenta problemas fitossanitários como o aumento de pragas, doenças e plantas daninhas. A utilização de inseticidas tem se intensificado de forma abusiva, prejudicando a atuação dos artrópodes benéficos, sendo que a preservação desses organismos nos agroecossistemas é importante para auxiliar na manutenção das populações de insetos-praga abaixo do nível de dano econômico. Para manejar as pragas, enfatizando a interação entre os controles, químico e biológico, é necessário conhecer as formas de seletividade (fisiológica e ecológica) e as condições de uso de um inseticida, para reduzir ou eliminar o seu impacto sobre os inimigos naturais (Corso et al., 1999). A “International Organization for Biological and Integrated Control of Noxious Animals and Plants (IOBC) West Paleartic Regional Section (WPRS)” criou em 1974 o “Working Group Pesticides and Beneficial Organisms” visando à elaboração de técnicas-padrão de testes de seletividade de produtos fitossanitários (Hassan, 1992, 1997; Zhang e Hassan, 2000). Essa organização tem desenvolvido e divulgado metodologias de laboratório, semi-campo e campo, as quais sugerem classificações e informações que servem de base para os programas de produção integrada, na Europa, no Brasil e em outras regiões. Na União Européia, o parasitóide Trichogramma foi escolhido como uma das espécies-padrão recomendadas pela IOBC para registro de novos produtos, envolvendo a realização de testes de seletividade. Este parasitóide de ovos se destaca por controlar a praga no primeiro estágio de desenvolvimento antes que ocorra o ataque à planta (Lundgren et al., 2002). Um dos estudos primordiais para a utilização de Trichogramma no campo é a seletividade de produtos químicos aos parasitóides (Parra, 1997). Ultimamente, no Brasil, vários trabalhos têm sido realizados com estudos de seletividade de pesticidas para Trichogramma pretiosum Riley, 1879 (Hymenoptera: Trichogrammatidae) (Carvalho et al., 2001, 2002). Entretanto ainda são escassos os trabalhos que utilizam técnicas padronizadas para estudos de seletividade de produtos fitossanitários a inimigos naturais e que melhor possibilitem a reprodutibilidade de resultados. Em relação ao capítulo anterior, os procedimentos metodológicos aqui utilizados foram diferentes, havendo contato da forma imatura do parasitóide com os inseticidas por aplicação pulverizada, sendo que a fase de emergência dos parasitóides ocorre no interior de gaiolas de contato, padronizadas, com fluxo de ar contínuo e avaliada a capacidade de 22 parasitismo destes. Desse modo, estudos sobre seletividade de produtos fitossanitários a inimigos naturais de pragas devem ser realizados com o intuito de gerar informações que possam auxiliar na tomada de decisão em programas de Manejo Integrado de Pragas (MIP) e na manutenção desses organismos nos agroecossistemas, de modo que estes atuem na regulação de populações de insetos-praga. Sendo assim, o objetivo desse estudo foi avaliar, em laboratório, o efeito que inseticidas utilizados na cultura da soja causam à forma de pupa, do parasitóide de ovos Trichogramma pretiosum segundo as normas padronizadas pela International Organization of Biological Control (IOBC). 2. MATERIAL E MÉTODOS Este trabalho foi conduzido no Laboratório de Criação de Insetos da Embrapa Arroz e Feijão, no município de Santo Antônio de Goiás-GO. Cartelas de papel identificadas e contendo aproximadamente 250 ovos do hospedeiro alternativo Anagasta kuehniella Zeller, 1879 (Lepdoptera: Pyralidae) foram oferecidas ao parasitismo por T. pretiosum durante 24 horas e posteriormente, quando os parasitóides estavam na fase de desenvolvimento de pupa receberam pulverização com inseticidas, através de equipamento pressurizado com CO2 utilizando-se volume de aplicação equivalente a 200 L. ha-1. Após um período de secagem de três horas, as cartelas foram introduzidas em gaiolas de contato (Anexo 2) padronizadas pela International Organization for Biological Control (IOBC) para a emergência dos parasitóides (Hassan, 1992). As gaiolas de contato foram constituídas de uma moldura quadrada de alumínio (13 cm de comprimento x 1,5 cm de altura x 0,6 cm de espessura) sendo o fundo e a cobertura constituídos por placas de vidro (13 x 13 cm x 2 mm de espessura). Em três dos lados da moldura, haviam seis orifícios de ventilação, vedados na face interior por um fino tecido preto, de forma a evitar a fuga dos insetos. No quarto lado, havia uma abertura (3,5 x 1 cm) com função de entrada de cartelas contendo ovos de hospedeiro e mel, e outro orifício para conexão do tubo de emergência, quando o teste é realizado para adultos do parasitóide, sendo este lacrado externamente por fita adesiva e papel cartão. As placas de vidro foram fixadas à moldura por pulseiras elásticas e a circulação interna de ar das gaiolas foi exercida por 23 mangueiras plásticas conectadas a um exaustor (Anexo 3), de maneira que a formação de gases fosse expelida para o ambiente externo. No primeiro e segundo dia após a emergência dos parasitóides (DAE) foram fornecidas novas cartelas contendo ovos de A. kuehniella, inviabilizados por luz ultravioleta (Anexo 4), devido às lagartas serem canibais e as primeiras recém-eclodidas consumirem o restante dos ovos. Ainda, nessas cartelas foram colocados pequenos filetes de mel para alimentação dos parasitóides. Aos três DAE, as gaiolas foram desmontadas e as cartelas com ovos parasitados colocadas em sacos plásticos transparentes até a emergência dos parasitóides para posterior contagem destes, dos ovos parasitados e ovos parasitados com orifício, para análise dos dados. Realizaram-se dois ensaios, nos quais foram testados 14 tratamentos inseticidas (Tabela 5) sendo estes escolhidos dentro do portifólio da cultura da soja, em delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições e testemunha. Tabela 5. Inseticidas utilizados nos ensaios para avaliar a emergência e o parasitismo de Trichogramma pretiosum aplicados em sua fase de pupa. Inseticidas Actara Formulação Ingrediente ativo (i.a.) Grupo químico (g) i.a. ha-1 250 WG Tiametoxam Neonicotinóide 150 Baculovírus Anticarsia - Baculovírus anticarsia Biológico 165x109 cpi* Baculovírus Pseudoplusia - Baculovírus pseudoplusia Biológico 10x1011 cpi* Cascade 100 EC Flufenoxurom Benzoiluréia 10 Connect 100/12,5 SC Imidacloprido+Beta-ciflutrina Neonicotinóide/Piretróide 72g + 9 Dimilin 80 WG Diflubenzurom Benzoiluréia 20 106/141 SC Lambdacialotrina+Tiametoxam Piretróide/Neonicotinóide 21,2g + 28,2 Intrepid 24 SC Metoxifenozide Diacilhidrazina 36 Lannate 215 SL Metomil Metilcarbamato de oxima 215 Lorsban 480 EC Clorpirifós Organofosforado 480 Match 50 CE Lufenurom Benzoiluréia 7,5 Neem Azal 1,2 EC Azadiractina Tetranortriterpenóide 12 Tracer 480 SC Espinosade Espinosinas 12 Valon 384 CE *Corpos poliédricos de inclusão. Permetrina Piretróide 49,92 Engeo Pleno A viabilidade dos ovos pulverizados com inseticidas, os quais continham as pupas, a capacidade de parasitismo dos adultos emergidos bem como a viabilidade dos ovos por estes parasitados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. A redução de emergência dos adultos em relação ao tratamento testemunha foi calculada pela equação E (%) = (1-Vt/Vc)x100, em que: E(%) é a 24 porcentagem de redução da viabilidade do parasitismo, Vt é a viabilidade do parasitismo médio para o tratamento testado e Vc é a viabilidade do parasitismo médio observado para o tratamento testemunha. Os produtos foram classificados de acordo com as normas padronizadas pela International Organization of Biological Control (IOBC) em: classe 1 inócuo (E < 30%); classe 2 - levemente nocivo (30% ≤ E ≤ 79%); classe 3 - moderadamente nocivo (80% ≤ E ≤ 99%); classe 4 - nocivo (E > 99%) (Hassan, 1992). 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os tratamentos com diflubenzurom e flufenoxurom quando aplicados na fase de pupa de T. pretiosum não influenciaram sobre a emergência deste parasitóide, gerando um resultado semelhante à metodologia utilizada no primeiro capítulo e classificados como inócuos. O parasitismo dos adultos recém-emergidos bem como a viabilidade dos ovos por estes parasitados apresentaram resultados estatísticos semelhantes à testemunha. Ambos são ingredientes ativos que atuam na inibição da síntese de quitina dos insetos, sendo considerados como produtos reguladores de crescimento e que, geralmente, são citados como produtos seletivos aos agentes de controle biológico (Gazzoni, 1994), o que pode ser observado nesse trabalho (Tabelas 6 e 7). Lufenurom, outro regulador de crescimento, reduziu a emergência dos parasitóides, porém, não alterou os subsequentes parâmetros avaliados sendo classificado como levemente nocivo (classe 2). Em trabalho com inseticidas utilizados na cultura do tomate, Ciociola Jr. et al. (1999), verificaram que diflubenzurom não afetou a emergência de adultos de T. pretiosum em relação à testemunha. Redução na porcentagem de emergência de T. pretiosum provenientes do parasitismo de ovos de A. kuehniella foi detectada quando estes foram distribuídos em plantas de tomateiro após 24 horas da pulverização com lufenurom, sendo tal produto considerado levemente persistente (Carvalho et al., 2002). Trabalhando com inseticidas reguladores de crescimento e analisando o impacto causado por estes à T. pretiosum, Carvalho et al. (1994), observaram que flufenoxurom reduziu a percentagem de emergência de adultos. Os produtos clorfluazurom, teflubenzurom, triflumurom, todos reguladores de crescimento, foram seletivos a duas linhagens de T. pretiosum (L9 e L10), quando aplicados na fase de pupa, sendo que a porcentagem de emergência e número de ovos 25 posteriormente parasitados, não diferiram significativamente da testemunha (Carvalho et al., 2001). O produto metoxifenozide reduziu a viabilidade de emergência de T. pretiosum, porém não afetou o parasitismo e a emergência, posteriores, sendo classificado como levemente nocivo (Tabelas 6 e 7). Esse produto se constitui como um inseticida ecdisteróide, que também se enquadra no grupo dos reguladores de crescimento. Ovos de A. kuehniella parasitados por T. pretiosum quando tratados com metoxifenozide na dose de 19,2 g i.a. ha-1 tiveram parasitismo com viabilidade superior à 90% sendo semelhante ao tratamento testemunha em todas as fases imaturas de desenvolvimento do parasitóide (ovo, larva e pupa) (Rocha e Carvalho, 2004). Testando a seletividade de produtos para o controle da brocagrande (Helicoverpa zea) Boddie, 1850 (Lepidoptera: Noctuidae) e da traça-do-tomateiro (Tuta absoluta), Meyrick, 1917 (Lepidoptera: Gelechiidae), Castelo Branco et al. (2003) observaram que o inseticida metoxifenozide não reduziu significativamente o número de ovos parasitados por T. pretiosum quando comparados à testemunha. Entretanto, estudos complementares ainda devem ser realizados com o metoxifenozide, principalmente relacionados aos efeitos no parasitismo quando a fase adulta do parasitóide é exposta ao tratamento químico, pois estudo de seletividade de Rocha e Carvalho (2004) mostrou que o parasitismo de T. pretiosum é reduzido significativamente quando adultos do parasitóide entram em contato com ovos da praga previamente tratados com esse inseticida. De certa forma, nem sempre os inseticidas reguladores de crescimento de insetos podem ser considerados totalmente seletivos, sendo que esse efeito dependerá do produto e sua dose, espécie e estádio de vida do inseto estudado. Tais produtos podem não causar prejuízos aos insetos adultos, mas muitas vezes, podem causar problemas nos estádios imaturos assim como na progênie dos inimigos naturais (Pratissoli et al., 2004). Nesse âmbito, vários fatores de influência podem ser mencionados, como a textura e disposição dos ovos dos hospedeiros, que podem favorecer ou dificultar a penetração dos produtos, tipo de teste utilizado (laboratório, semi-campo ou campo) no que diz respeito às áreas de refúgio e exposição aos produtos e seus resíduos, dentre outros. O produto clorpirifós, praticamente anulou todos os parâmetros avaliados, apresentando uma classificação 3 (98,64%), muito próxima à classe 4. É um produto organofosforado que atua no sistema nervoso dos insetos apresentando, normalmente, pouca seletividade aos artrópodes benéficos como visto nesse estudo (Tabelas 6 e 7). No entanto, clorpirifós 150 g i.a. ha-1 foi levemente nocivo a ovos de Chrysoperla externa Hagen, 1861 26 (Neuroptera: Chrysopidae, provocando a redução de 43,7% na viabilidade dos ovos e afetando em 20% a sobrevivência das larvas de primeiro estádio originadas dos ovos tratados (Ferreira et al., 2005). Em pesquisa com cinco espécies de Trichogramma, Cañete (2005) detectou a emergência apenas para T. pretiosum quando os ovos sofreram aplicação de clorpirifós 1 e 7 dias após o parasitismo sendo que, a porcentagem de ovos parasitados para todas as espécies, foi nula. Ressalta-se novamente aqui, as diferenças de comportamento intra e extra-específicas dos insetos, assim como as diferentes doses administradas nos experimentos. O tratamento com metomil foi moderadamente nocivo, de maneira que o parasitismo e a viabilidade apresentaram reduções, principalmente no segundo DAE (Tabelas 6 e 7). Estudando a variação da população de inimigos naturais observados na cultura do algodão, pulverizada com metomil, Nunes (1999) observou redução média de 28,3% no número de predadores com o uso desse inseticida. Em relação aos diferentes ambientes de teste, laboratório e campo, por exemplo, deve-se considerar que a exposição dos insetos aos produtos, no primeiro caso, é predominantemente maior não possuindo área de refúgio e implicando em resultados mais agressivos dos produtos testados. O inseticida espinosade foi moderadamente nocivo, prejudicando o parasitismo (Tabelas 6 e 7). A toxicidade de espinosade foi constatada por Cônsoli et al. (2001), sobre estágios imaturos (ovo, larva e pupa) de Trichogramma galloi Zucchi, 1988 (Hymenoptera: Trichogrammatidae). Espinosade foi considerado como nocivo por Giolo et al. (2007), pois este reduziu em 100% o parasitismo de T. pretiosum ao trabalharem com fitossanidade da cultura do pessegueiro. O ingrediente ativo permetrina não afetou a emergência de T. pretiosum, bem como o parasitismo 1 e 2 DAE, apresentando resultados estatisticamente iguais à testemunha (Tabelas 6 e 7). É um inseticida do grupo dos piretróides, que por sua vez, são químicos neurotóxicos de baixa seletividade, principalmente à fase adulta dos insetos. Trabalho com a utilização desse produto demonstrou uma redução da viabilidade de ovos de Doru luteipes Scudder, 1876 (Dermaptera: Forficulidae) em torno de 71,4% sendo que os adultos emergentes tiveram alta taxa de sobrevivência (Simões et al., 1998). Os compostos beta-ciflutrina + imidacloprido e lambdacialotrina + tiametoxam foram moderadamente nocivos (Tabelas 6 e 7). Ambos contêm um inseticida do grupo dos piretróides e outro do grupo dos neonicotinóides, respectivamente. Em estudo de seletividade com inseticidas da cultura do algodão, Czepak et al. (2005) constataram aos três dias após a 27 aplicação dos inseticidas, que o tiametoxam demonstrou ser seletivo, enquanto os inseticidas betaciflutrina e imidacloprido reduziram a população de artrópodes predadores em mais de 60%, sendo considerados moderadamente tóxicos. Tabela 6. Efeito na viabilidade e emergência dos adultos de diferentes inseticidas Trichogramma pretiosum, na fase de desenvolvimento de pupa. Pupas Tratamentos 1 E (%) Classe2 Viabilidade (%) Ensaio 1 1. Betaciflutrina + imidacloprido 9,70 ± 1,72 d 88,54 3 2. Clorpirifós 3. Espinosade 1,15 ± 0,53 d 98,64 3 9,06 ± 2,11 d 89,30 3 4. Lambdacialotrina + Tiametoxam 30,22 ± 2,68 c 64,29 2 5. Lufenurom 55,23 ± 4,81 b 34,74 2 6,12 ± 3,38 d 92,77 3 7. Metoxifenozide 43,54 ± 3,64 bc 48,55 2 8. Testemunha 84,63 ± 4,58a - - 21,29 - - 88,09 ± 2,67 ab 11,21 1 6. Metomil CV (%) Ensaio 2 1. Azadiractina 2. Baculovírus anticarsia 96,64 ± 1,30 a 2,58 1 3. Baculovírus pseudoplusia 92,91 ± 1,35 ab 6,35 1 4. Diflubenzurom 93,33 ± 2,54 ab 5,93 1 5. Flufenoxurom 90,19 ± 5,14 ab 9,09 1 7. Permetrina 85,81 ± 5,08 ab 13,51 1 6. Tiametoxam 82,78 ± 2,47 b 16,57 1 8. Testemunha 99,21 ± 0,58 a - - 6,28 - - CV (%) 1 Médias seguidas pela mesma letra na coluna, no mesmo ensaio, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P > 0.05). 2Classe 1 - inócuo (R < 30%), classe 2 - levemente nocivo (30% ≤ R ≤ 79%), classe 3 moderadamente nocivo (80% ≤ R ≤ 99%), classe 4 - nocivo (R > 99%). Os inseticidas a base de baculovírus foram estatisticamente semelhantes à testemunha (Tabela 6 e 7). São vírus que contaminam e matam as lagartas, conforme sua especificidade e são reportados na literatura como seletivos, conforme apresentado nesse estudo. Não se observou diferença significativa entre baculovírus anticarsia e a testemunha, na viabilidade de ovos do predador Doru luteipes pulverizados por diferentes inseticidas em estudo realizado por Simões et al. (1998). Em trabalho com seletividade de compostos biológicos aplicados na cultura do algodão colorido, BRS Verde, Bellizzi et al. (2005) observaram que o tratamento com baculovírus anticarsia foi seletivo aos predadores Doru luteipes e Cycloneda sanguinea Linnaeus, 1763 (Coleoptera: Coccinelidae). 28 Azadiractina é o termo aplicado a um grupo de compostos limonóides com ação inseticida, extraídos de sementes da árvore Nim (Azadirachta indica). Trabalhando com a formulação comercial Natuneem®, na dosagem de até 1%, Britto et al. (2006) concluíram que o produto foi seletivo na viabilidade dos ovos dos ácaros predadores Euseius alatus DeLeon, 1966 (Acari: Phytoseiidae) e Phytoseiulus macropilis Banks, 1905 (Acari: Phytoseiidae). Ovos de Diatraea saccharalis Fabricius, 1794 (Lepdoptera: Pyralidae) emergidos em óleo emulsionável de nim nas concentrações de 0,33; 0,53 e 1% e posteriormente, oferecidos ao parasitismo por T. galloi reduziram o parasitismo a 0% (Broglio-Micheletti et al., 2006). Tabela 7. Influência na viabilidade e no parasitismo um e dois dias após a emergência parasitóides Trichogramma pretiosum. 1 DAE Parasitismo Viabilidade (%)1 (%)1 Tratamentos 2 DAE Parasitismo (%)1,2 Viabilidade (%)1 Ensaio 1 1. Betaciflutrina + imidacloprido 5,91 ± 1,49 bc 38,30 ± 3,39 bc 1,79 ± 1,44 cd 11,11 ± 11,11 c 2. Clorpirifós 0,18 ± 0,18 c 0,00 ± 0,00 3. Espinosade 5,61 ± 2,89 bc 47,04 ± 2,15ab 0,00 ± 0,00 c d - 2,10 ± 1,99 cd 14,52 ± 14,52 bc 4.Lambdacialotrina +Tiametoxam 19,44 ± 4,83 b 51,74 ± 5,11ab 26,01 ± 5,45a 74,56 ± 2,60a 5. Lufenurom 51,72 ± 1,77a 74,92 ± 7,08ab 21,56 ± 5,21a 84,02 ± 8,01a 6. Metomil 4,04 ± 2,48 bc 76,61 ±13,74ab 7. Metoxifenozide 8. Testemunha CV (%) 3,88 ± 2,70 bcd 69,42 ± 11,53a 56,27 ± 6,07a 74,28 ± 8,27ab 18,00 ± 8,28ab 62,66 ± 12,64ab 56,84 ± 2,83a 84,09 ± 6,38a 17,17 ± 1,55ab 76,98 ± 5,61a 26,16 24,63 37,74 29,26 Ensaio 2 1. Azaractina 46,47 ± 1,59a 85,56 ± 4,76a 48,02 ± 3,72ab 76,50 ± 8,63a 2. Baculovírus anticarsia 53,25 ± 2,76a 82,90 ± 2,37a 52,13 ± 2,18ab 85,40 ± 5,97a 3. Baculovírus pseudoplusia 63,47 ± 2,65a 94,62 ± 2,87a 40,55 ± 5,25 b 83,74 ± 10,32a 4. Diflubenzurom 64,65± 10,50a 71,76 ± 4,33a 47,99 ± 2,58ab 81,36 ± 2,09a 5. Flufenoxurom 57,07 ± 7,27a 79,73 ± 9,33a 58,96 ± 5,22a 82,04 ± 7,05a 6. Permetrina 56,21 ± 5,53a 90,22 ± 3,57a 48,06 ± 1,63ab 83,55 ± 5,27a 7. Tiametoxam 61,94 ± 6,74a 84,64 ± 7,20a 39,82 ± 6,38 b 80,12 ± 4,44a 8. Testemunha 52,22 ± 2,90a 81,48 ± 5,90a 46,59 ± 2,87ab 67,20 ± 6,20a CV (%) 20,21 13,11 1 15,87 16,82 Médias seguidas pela mesma letra na coluna, no mesmo ensaio, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P > 0.05). 2Resultados transformados em √(X+1). 29 4. CONCLUSÃO Clorpirifós, espinosade, metomil e betaciflutrina + imidacloprido são moderadamente nocivos (classe 3) à fase de pupa de Trichogramma pretiosum e prejudicam o parasitismo dos insetos emergentes. Metoxifenozide, lambdacialotrina + tiametoxam e lufenurom são levemente nocivos (classe 2) a pupas de T. pretiosum e não prejudicam o parasitismo dos insetos emergentes. Os demais inseticidas utilizados: baculovírus anticarsia, baculovírus pseudoplusia, azadiractina, diflubenzurom, permetrina, tiametoxam e flufenoxurom são inócuos (classe 1) a pupas de T. pretiosum e não prejudicam o parasitismo dos insetos emergentes. O método de aplicação por pulverização sobre pupas de Trichogramma pretiosum demonstra resultados semelhantes ao método de imersão efetuado no capítulo anterior. 30 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BELLIZZI, N.C.; LOPES JR, D.H.; GUIMARÃES, R.R.; BISCAIA, J.C.; BOTEGA, D.B.; RIBEIRO, W.C.; RIBEIRO, V.C. Seletividade de insetidas biológicos aos inimigos naturais em Algodoeiro colorido. PRP/UEG, 2005. BRITO, H.M.; GONDIM Jr, M.G.C.; OLIVEIRA, J.V.; CÂMARA, C.A.G. Toxicidade de natuneem sobre Tetranychus urticae koch (Acari: Tetranychidae) e ácaros predadores da família Phytoseiidae. Ciência e Agrotecnologia, v.30, n.4, p.685-691, 2006. BROGLIO-MICHELETTI1, S.M.F.; SANTOS, A.J.N.; BARROS, J.L.P. Ação de alguns produtos fitossanitários para adultos de Trichogramma galloi zucchi, 1988 (Hymenoptera: Trichogrammatidae) Ciência e Agrotecnologia, v.30, n.6, p.1051-1055, 2006. CAÑETE, C.L. Seletividade de inseticidas a espécies de Trichogramma (Hymenoptera: Trichogrammatidae). 2005, 106p. 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Rationalising the standard method to test the side-effects of pesticides on Trichogramma cacoeciae, reducing the number of parasitoids tested. IOBC/WPRS Bulletin, v.23, p.49-53, 2000. 33 CAPÍTULO 3 SELETIVIDADE DE PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS UTILIZADOS NA CULTURA DA SOJA A ADULTOS DE Trichogramma pretiosum EM CONDIÇÕES DE LABORATÓRIO RESUMO Este trabalho objetivou avaliar, em laboratório, o impacto causado por produtos fitossanitários utilizados na cultura da soja a adultos do parasitóide de ovos Trichogramma pretiosum. Foram conduzidos ensaios com inseticidas, herbicidas e fungicidas, em delineamento inteiramente casualizado, com quatro repetições, tendo a água como testemunha. Os parasitóides foram expostos a resíduos secos de produtos pulverizados sobre placas de vidro, através de gaiolas de contato, sendo oferecidos, alimentação e ovos de hospedeiro alternativo, no primeiro e segundo dia após a emergência dos insetos. A viabilidade do parasitismo foi avaliada e a redução na emergência dos parasitóides classificada de classe 1 (inócuo) a classe 4 (nocivo), segundo normas da International Organization for Biological Control. Os resultados obtidos permitiram constatar que os inseticidas diflubenzurom, lufenurom, flufenoxurom e metoxifenozide apresentaram-se inócuos. Espinosade foi moderadamente nocivo (classe 3). Beta-ciflutrina + imidacloprido obteve classificação 3 e 4. Acefato, clorpirifós e os produtos piretróides, foram nocivos. Dentre os herbicidas, 2,4-D amina foi inócuo, os demais reduziram o parasitismo. Os fungicidas classificaram-se entre 1 e 2 (levemente nocivo). Palavras-chave: controle biológico, controle químico, manejo integrado de pragas, parasitóide de ovos. 34 SIDE-EFFECTS OF PESTICIDES USED IN SOYBEAN CROPS IN ADULTS OF Trichogramma pretiosum IN LABORATORY CONDITIONS ABSTRACT This study aimed to evaluate, in laboratory, the impact caused by pesticides used in soybean crop to adults of the eggs parasitoid Trichogramma pretiosum. Tests were carried out with insecticides, herbicides and fungicides, in a completely randomized design, with four repeats, taking the water as a control. The parasitoids were exposed to dry waste products sprayed on glass plates, through cages of contact, being offered, food and eggs of alternative host, in the first and second day after the emergence of the insects. The feasibility of parasitism was evaluated and the reduction in the emergence of parasitoids rated from class 1 (harmless) to class 4 (harmful), according standards of the International Organization for Biological Control (IOBC). The results showed that the insecticides diflubenzuron, lufenuron, flufenoxuron and methoxyfenoside had to be harmless. Spinosad was moderately harmful (3). Beta-cyfluthrin + imidacloprid classification has won 3 and 4. Acephate, chlorpyrifos and pyrethroids products were harmful. Among the herbicides, 2.4-D amine was harmless while the others reduced parasitism. The fungicides was classified between 1 and 2 (slightly harmful). Key words: biological control, chemical control, integrated pest management, eggs parasitoid. 35 1. INTRODUÇÃO Os danos causados por pragas agrícolas, insetos e ácaros, podem alcançar grandes proporções, razão pela qual são empregadas medidas de controle entre as quais as mais importantes são os métodos culturais, físicos, controle biológico e químico. O plantio de soja na região dos cerrados, característico de uma atividade monocultora, sofre ataque de várias pragas, dentre elas, destaca-se o complexo de lepdópteros e percevejos. O uso constante e de forma, muita das vezes, indiscriminada de produtos fitossanitários no combate às pragas, tem trazido conseqüências indesejáveis como a ressurgência e a explosão populacional de insetos anteriormente considerados de importância secundária, além da seleção de populações resistentes a ação dos inseticidas (Flint e Gouveia, 2001). A importância crescente da questão ambiental, em grande parte levantada na obra "Primavera Silenciosa", de Rachel Carson, publicada em 1962, provocou dois direcionamentos no cenário de utilização de produtos fitossanitários: o primeiro foi a adoção de um novo conceito de controle de insetos, chamado de Manejo Integrado de Pragas, (MIP); o segundo foi a busca de novos inseticidas substitutos aos até então existentes (basicamente clorados, organofosforados e carbamatos), menos agressivos ao meio ambiente, aos animais e ao próprio homem, bem como aos inimigos naturais. O programa de manejo integrado de pragas (MIP) tem o objetivo de minimizar os impactos ao ambiente, uma vez que o uso de produtos fitossanitários é ainda indispensável na agricultura e sua má utilização pode prejudicar a ação do controle biológico que deve ser sempre preservado (Lenteren, 2000). O conceito de MIP abrange a utilização, de forma harmônica, de táticas múltiplas, como o controle químico e biológico para a manutenção das pragas abaixo do nível econômico de dano e a conservação do ambiente (Corso et al., 1999). Os produtos mais adequados para serem utilizados no MIP são aqueles que combinam um bom controle da praga com o menor impacto sobre a atividade dos inimigos naturais, sendo essa integração de produtos químicos com o controle biológico, na maioria dos casos, crucial para o sucesso do agronegócio (Santos et al., 2006). A seletividade é a chave de sucesso do MIP em sistemas que visam reduzir a população de insetos nocivos, sem alterar ou promovendo o mínimo possível de alteração em outros componentes do agroecossistema e do ambiente de uma maneira geral (Cruz, 1995). 36 Dentre os inimigos naturais, os parasitóides do gênero Trichogramma vêm sendo utilizados em todo o mundo, como agente de controle biológico, pelo fato de ter uma ampla distribuição geográfica, ser altamente especializado e eficiente, ter sido constatado parasitando ovos de pragas de milho, arroz, soja, cana-de-açúcar, sorgo, algodão, beterraba, tomate, florestas, pomares, hortaliças, oliveira, banana, mandioca e ornamentais (Nikonov et al., 1991; Hassan, 1993). No Brasil, a utilização de Trichogramma pretiosum Riley, 1879 (Hymenoptera: Trichogrammatidae) é ainda pequena se comparado com outros países da Europa e Ásia (Parra et al., 2002). Estudos de seletividade com produtos fitossanitários a organismos benéficos devem ser regionalizados e direcionados a cada programa específico de manejo de cada cultura (Degrande et al., 2002). O mesmo autor relata que testes de seletividade de produtos fitossanitários a adultos de diferentes espécies de Trichogramma têm sido realizados no Brasil, no entanto não existe até o momento nenhum acordo nacional de uniformização metodológica ou padronização de procedimentos para avaliar os efeitos colaterais de produtos fitossanitários. Estudos de seletividade de produtos fitossanitários a Trichogramma foram conduzidos no Brasil, predominantemente para frutíferas e olerícolas (Hohmann, 1993; Carvalho et al., 2003; Cañete, 2005; Morandi Filho et al., 2006; Moura et al., 2006; Matos, 2007), e poucos foram os trabalhos em culturas anuais, sobretudo na cultura da soja. Considerando que para a cultura da soja há uma escassez de estudos relacionados à seletividade de químicos ao parasitóide em questão, este trabalho teve como objetivo, avaliar o impacto que os produtos fitossanitários, utilizados na sojicultura, causam sobre a fase adulta do parasitóide de ovos Trichogramma pretiosum em condições de laboratório segundo as normas padronizadas da International Organization for Biological Control (IOBC). 2. MATERIAL E MÉTODOS Os trabalhos foram conduzidos segundo as normas padronizadas da International Organization for Biological Control (IOBC) (Hassan, 1992), no Laboratório de Criação de Insetos da Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO. Cartelas de papel contendo pupas do parasitóide de ovos T. pretiosum, prestes a emergirem (coloração escura), foram recortadas no tamanho de 7 x 1cm (± 1500 pupas) e introduzidas em tubos de ensaio de 37 mesma medida (tubos de emergência) (Anexo 5). Uma gotícula de mel foi colocada na parede interior desses tubos, que foram vedados com filme plástico e mantidos em ambiente controlado a uma temperatura de 28ºC, umidade relativa do ar de 70% e fotofase de 14 horas, até a emergência dos insetos. No momento da emergência dos insetos realizou-se o preparo das caldas pesticidas que foram aplicadas manualmente com equipamento de pressão controlada com CO2 (4,2 kgf. cm-2) e ponta de pulverização de cone vazio (TXVK-4), em placas de vidro (13 x 13 cm) (Anexo 6). O volume aplicado foi calibrado para depositar 1,75 ± 0,25 mg de calda por cm2, controlado através da pesagem das placas de vidro em balança eletrônica de precisão, antes e após a pulverização dos tratamentos. Após um período de três horas de secagem, em temperatura ambiente, as placas de vidro foram fixadas às gaiolas de contato (Anexo 7). Os tubos de emergência foram cobertos com papel alumínio (Anexo 8), e posteriormente foram liberados os orifícios para a saída dos parasitóides com a retirada do filme plástico e na sequência foram conectados às gaiolas de contato (Anexo 9), de maneira que os parasitóides fossem atraídos pela luminosidade no interior das mesmas. As gaiolas de contato utilizadas nos ensaios foram construídas com uma moldura de alumínio (13 x 1,5 x 0,6 cm de cada lado) e duas placas de vidro de 2 mm (13 x 13 cm), anteriormente citadas. Nas bordas da moldura, foram colocadas fitas de espuma plástica adesivas de forma a acomodar as placas de vidro. Em três dos lados da moldura existiam seis orifícios de ventilação, com diâmetro de 1 cm, vedados internamente por um fino tecido de cor preta, de maneira a evitar a fuga dos insetos. No quarto lado, havia dois orifícios, um de 3,5 x 1 cm para a introdução de alimento (mel) e dos ovos do hospedeiro alternativo Anagasta kuehniella Zeller, 1879 (Lepdoptera: Pyralidae) a serem parasitados e outro de 1 cm de diâmetro, para a conexão do tubo de emergência. As duas superfícies das placas de vidro com o filme seco de pesticida constituíram o fundo e a cobertura interiores da gaiola. As superfícies exteriores (não tratadas) das placas de vidro foram cobertas com papel cartão preto, com um quadrado vazado central de 7 x 7 cm, constituindo a área de contato dos parasitóides com o pesticida em teste, em função da atração pela luminosidade. Após a montagem, as gaiolas foram identificadas e envoltas por elástico para manter a fixação dos componentes (moldura, placas de vidro e papel cartão). O fluxo de ar interno das gaiolas de contato foi exercido por um exaustor, conectado por mangueiras plásticas evitando a permanência de gases no interior destas. Passadas 20 horas da conexão dos tubos de emergência às gaiolas de contato, os mesmos foram retirados e vedados com filme plástico para posterior aferição do número de 38 insetos que entraram nas gaiolas (machos e fêmeas). Após isso, esperado um período de 4 horas, foram colocadas nas gaiolas de contato, cartelas contendo ovos inviabilizados do hospedeiro alternativo A. kuehniella (± 3000) e pequenas gotas de mel para alimentação dos parasitóides (Anexo 10), sendo esse processo repetido após mais 24 horas. Após um dia do último fornecimento de ovos e mel, as gaiolas foram desmontadas e as cartelas foram transferidas para sacos plásticos transparentes (4 x 15 cm) até a emergência dos adultos. Foram realizados ensaios em delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições, com diferentes produtos fitossanitários (Tabela 8) escolhidos ao acaso dentro do portifólio de produtos utilizados na cultura da soja e a água, o tratamento testemunha. A viabilidade do parasitismo foi avaliada contando-se o número de ovos parasitados e o número de ovos que efetivamente tiveram a emergência dos parasitóides, de forma que os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. A redução no parasitismo de T. pretiosum em relação ao tratamento testemunha foi calculada pela equação E(%) = (1-Vt/Vc) x 100, onde: E(%) é a porcentagem de redução no parasitismo; Vt é o parasitismo médio para o tratamento testado e Vc é o parasitismo médio observado para o tratamento testemunha. Os produtos foram classificados de acordo com as normas padronizadas pela IOBC em: classe 1 - inócuo (E < 30%); classe 2 levemente nocivo (30% ≤ E ≤ 79%); classe 3 - moderadamente nocivo (80% ≤ E ≤ 99%); classe 4 - nocivo (E > 99%) (Hassan et al., 1992). 39 Tabela 8. Produtos fitossanitários testados em adultos de Trichogramma pretiosum em condições de laboratório. Pesticidas Formulação Ingrediente ativo (i.a.) Grupo químico (g) de i.a. ha-1 750 PS Acefato Organofosforado 525 Inseticidas Acefato Cascade 100 EC Flufenoxurom Benzoiluréia 10 Connect 100/12,5 SC Imidacloprido + Beta-ciflutrina Neonicotinóide / Piretóide 100 + 12,5 Dimilin 80 WG Diflubenzurom Benzoiluréia 20 Intrepid 24 SC Metoxifenozide Diacilhidrazina 21,6 Lorsban 480 EC Clorpirifós Organofosforado 384 Match 50 EC Lufenurom Benzoiluréia 7,5 Stallion 150 CS Gama-cialotrina Piretróide 3,75 Talstar 100 EC Bifentrina Piretróide 5 Tracer 480 SC Espinosade Espinosinas 24 Valon 384 CE Permetrina Piretróide 49,92 Alteza 240/30 SL Glifosato + Imazetapir Glicina substituída / Imidazolinona 533,4* + 90 DMA 806 SL 2,4-D amina Ácido ariloxialcanóico 1209 Dual Gold 960 EC S-metolacloro Cloroacetanilida 1920 Gliz 480 SL Glifosato Glicina substituída 2880* Gramoxone 200 SL Dicloreto de paraquate Bipiridilio 600 R. Ready 480 SL Glifosato Glicina substituída 960* R. Transorb 648 SL Glifosato Glicina substituída 1920* 100/500 SC Flutriafol + Tiofanato metílico Triazol / Benzimidazol 60 + 300 Cercobin 500 SC Tiofanato metílico Benzimidazol 400 Derosal 500 SC Carbendazim Benzimidazol 250 Folicur 250 EC Tebuconazol Triazol 150 Impact 125 SC Flutriafol Triazol 125 Nativo 100/200 SC Trifloxistrobina + Tebuconazol Estrobirulina / Triazol 60 + 120 Opera 50/133 SE Epoxiconazol + Piraclostrobina Triazol / Estrobirulina 30 + 79,8 Opus 125 SC Epoxiconazol Triazol 12,5 Priori 250 SC Azoxistrobina Herbicidas Fungicidas Celeiro Priori Xtra 200/80 SC Azoxistrobina + Ciproconazol * Ingrediente ativo expresso em equivalente ácido. Estrobirulina 50 Estrobirulina / Triazol 60 + 24 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os inseticidas diflubenzurom, lufenurom, flufenoxurom e metoxifenozide apresentaram parasitismo semelhante à testemunha após o primeiro e segundo dia da emergência dos parasitóides. Porém, a viabilidade do parasitismo, nesse período, foi inferior para flufenoxurom. Tais produtos, denominados como reguladores de crescimento de insetos, 40 foram classificados como inócuos à fase adulta de T. pretiosum (Tabela 9) e normalmente, são destacados na literatura pela sua seletividade aos agentes de controle biológico (Santos et al., 2006). Entretanto, nem sempre os inseticidas reguladores de crescimento de insetos podem ser considerados totalmente seletivos, sendo que esse efeito dependerá da dosagem, estádio e espécie do inseto estudado (Pratissoli et al., 2004). O mesmo autor trabalhando com aplicações de lufenurom em adultos de Spodoptera frugiperda Smith, 1797 (Lepidoptera: Noctuidae) e fornecendo seus ovos a T. pretiosum constatou diminuição do parasitismo quando comparado ao tratamento testemunha. Em estudos de seletividade de produtos utilizados na cultura do tomate ao parasitóide T. pretiosum, Rocha e Carvalho (2004), obtiveram as classificações 2 para lufenurom e 3 para metoxifenozide. Essas diferenças nas classificações, em relação a este estudo, podem ser explicadas devido à diferença de espécies de inimigos naturais e/ou linhagens de Trichogramma, que está diretamente envolvida com a resposta dos insetos às doses dos produtos utilizadas. Os piretróides bifentrina, gama-cialotrina e permetrina foram classificados como nocivos, sendo que anularam praticamente todo o parasitismo e a viabilidade nos dois dias de avaliação (Tabela 9). Inseticidas desse grupo são geralmente considerados como produtos pouco seletivos aos inimigos naturais (Cañete, 2005). Utilizando o piretróide lambdacialotrina, Carvalho et al. (1999) observaram que o parasitismo de T. pretiosum em ovos de A. kuehniella foi reduzido por até 31 dias após a aplicação. Trabalhando com a cultura de algodão, Bastos et al. (2006) detectaram que a aplicação de deltametrina afetou significativamente a capacidade de parasitismo de T. pretiosum, causando uma redução de parasitismo acima de 80% em relação à testemunha. O produto à base de beta-ciflutrina + imidacloprido obteve classificação 3 e 4 para o primeiro e segundo DAE, sendo considerado como moderadamente nocivo e nocivo, respectivamente (Tabela 9). Este produto constitue-se em uma mistura que resulta na ação conjunta de um inseticida do grupo dos piretróides e outro do grupo dos neonicotinóides. Ambos, ingredientes ativos que agem no sistema nervoso dos insetos e são reportados na literatura como não seletivos. Imidacloprido reduziu significativamente a longevidade de fêmeas de T. pretiosum, quando essas foram expostas a resíduos desse composto e que esse inseticida aumenta a sua toxidade com o passar do tempo (Moura et al., 2004). 41 Tabela 9. Efeito de diferentes inseticidas sobre adultos de Trichogramma pretiosum, na redução do parasitismo (E) e na viabilidade do parasitismo observado um e dois dias após a emergência dos parasitóides (DAE) e classificação dos produtos (C) de acordo com as normas da IOBC. Tratamento Parasitismo (%)1 1 DAE Viabilidade (%)1 E (%) C2 Parasitismo (%)1 2 DAE Viabilidade (%)1 E (%) C2 0,00 ± 0,00 b - 100 4 0,00 ± 0,00 b - 100 4 Ensaio 1 1. Acefato 2. Bifentrina 3. Diflubenzurom 0,00 ± 0,00 b 53,36 ± 10,91a - 100 4 92,71 ± 6,31a 6,74 1 - 100 4 28,48 ± 7,83a 0,00 ± 0,00 b 80,97±5,01a 14,84 1 4. Lufenurom 63,95 ± 0,42a 82,86 ± 5,95a 0 1 26,22 ± 14,00a 72,59±4,06a 21,64 1 5. Testemunha 57,21 ± 13,44a 89,80 ± 5,25a - - 33,45± 63,87±7,87a - - 12,66 - - 38,57 14,04 - - - 100 4 0,00 ± 0,00 b - 100 4 68,56 ± 3,78 b 2,93 1 100,00 ± 0,00a 99,5 4 CV (%) 38,67 5,42a Ensaio 2 1. Clorpirifós 2. Flufenoxurom 3. Gama-cialotrina 0,00 ± 0,00 b 54,27 ± 3,89a 0,35 ± 0,33 b 47,99 ± 3,19a 0,00 ± 0,00 b 67,70 ± 4,87 b - 0 1 100 4 4. Metoxifenozide 55,32 ± 8,38a 82,94 ± 7,25ab 1,06 1 40,67 ± 4,65a 80,03 ± 6,05ab 0 1 5. Testemunha 55,91 ± 7,19a 34,63 ± 7,65a 84,48 ± 1,76a CV (%) 77,33 ± 2,85 b - - - - 27,34 13,45 - - 29,33 15,35 - - 98,3 3 0,00 ± 0,00 b - 100 4 Ensaio 3 1.Beta-ciflutrina + imidacloprido 2. Espinosade 1,18 ± 0,95 b 92,27 ± 3,88a 3,75 ± 1,83 b 95,17 ± 4,83a 94,5 3 0,63 ± 0,45 b 95,00 ± 5,00a 98,70 3 3. Permetrina 0,45 ± 0,45 b 96,20 ± 0,00a 99,3 4 0,00 ± 0,00 b - 100 4 85,03 ± 4,96a - - 84,90 ± 1,05a - - 9,55 - - 4,88 - - 4. Testemunha 67,85 ± 1,55a CV (%) 21,48 47,85 ± 21,75a 53,88 1 Médias seguidas pela mesma letra na coluna, no mesmo ensaio, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P>0.05); 2Classe 1 - inócuo (E < 30%), classe 2 - levemente nocivo (30% ≤ E ≤ 79%), classe 3 moderadamente nocivo (80% ≤ E ≤ 99%), classe 4 - nocivo (E > 99%). Os organofosforados clorpirifós e acefato foram classificados como produtos nocivos (classe 4) de forma que reduziram o parasitismo a 0% nos dois dias de avaliação (Tabela 9). Alta toxicidade de resíduos de clorpirifós foi constatada à Trichogramma platneri Nagarkatti, 1975 (Hymenoptera: Trichogrammatidae), causando 100% de mortalidade durante 21 dias de avaliação (Brunner et al., 2001). Resultados semelhantes com a utilização de acefato foram observados por Rocha e Carvalho (2004) que verificaram uma redução do parasitismo de T. pretiosum de 94,6%. O ingrediente ativo espinosade apresentou um parasitismo inferior à testemunha, mas não interferiu na viabilidade dos ovos parasitados e foi classificado como moderadamente nocivo (Tabela 9). Resultados semelhantes com espinosade na formulação similar a este trabalho foram obtidos por Cañete (2005), estudando várias espécies de Trichogramma. Em 42 seus estudos de seletividade, Cleary e Scholz (2002) consideraram espinosade extremamente tóxico quando exposto a adultos de T. pretiosum, com 0% de sobrevivência. Dentre os herbicidas testados, 2,4-D amina foi o único que obteve resultado seletivo a adultos de T. pretiosum para os dois dias de avaliação, sendo que todos os demais tiveram classificações que variaram de levemente nocivo (classe 2) a nocivo (classe 4) (Tabela 10), ressaltando a importância de se testar a seletividade desses compostos aos inimigos naturais conforme já destacado anteriormente. Os herbicidas a base de glifosato causaram uma redução no parasitismo de T. pretiosum. As classificações de seletividade dos diferentes produtos comerciais que contém o glifosato são dependentes do tipo de sal de suas formulações, sendo que em estudo com diferentes produtos a base de glifosato, Giolo et al. 2005, observaram que para Roundup Original® e Gliz 480® CS (sal isopropilamina) uma classificação moderadamente nociva (classe 3) e Roundup WG® (sal de amônio) uma classificação levemente nociva (classe 2). Glifosato 720 + imazetapir 90 g i.a. ha-1 causou uma redução menos acentuada do parasitismo em comparação aos demais tratamentos com glifosato. Como seletividade tem, geralmente, uma relação com a dose do ingrediente ativo estudado (Santos et al., 2006), o tratamento de glifosato + imazetapir teve um menor impacto sobre o parasitismo de T. pretiosum em relação aos demais tratamentos com esse sal, provavelmente devido a menor concentração de glifosato. Flumioxazina foi classificado como levemente nocivo (classe 2). Dicloreto de paraquate foi, dentre os herbicidas testados, o que se apresentou mais nocivo aos adultos de T. pretiosum. Estudo feito com exposição de adultos de T. pretiosum a resíduos secos de herbicidas utilizados na cultura do milho detectou que o produto dicloreto de paraquate foi nocivo (classe 4) a este parasitóide (Stefanello Júnior et al., 2008). 43 Tabela 10. Efeito de diferentes herbicidas sobre adultos de Trichogramma pretiosum, na redução do parasitismo (E) e na viabilidade do parasitismo observado um e dois dias após a emergência dos parasitóides (DAE) e classificação dos produtos (C) de acordo com as normas da IOBC. Tratamento E (%) C2 Parasitismo (%)1,3 2 DAE Viabilidade (%)1 E (%) C2 78,75 ± 4,21a 96,21 3 0,00 ± 0,00 c - 100 4 77,00 ± 4,49a 5,15 1 59,67 ± 4,26a 90,75 ± 2,95a 0 1 64,00 ± 1,00ab 93,50 ± 2,72a 31,59 2 27,33 ± 7,84ab 92,00 ± 4,88a 44,57 2 34,50 ± 13,50 bc 92,00 ± 5,13a 63,12 2 4,50 ± 2,50 bc 78,00 ± 13,00a 90,95 3 23,50 ± 6,50 c 84,00 ± 6,61a 74,62 2 6,50 ± 2,50 bc 90,00 ± 10,00a 87,07 3 23,50 ± 10,50 c 75,00 ± 8,01a 75,03 2 4,00 ± 2,00 bc 70,67 ± 13,37a 91,58 3 61,67 ± 11,17ab 96,75 ± 1,03a 33,82 2 31,50 ± 19,50ab 79,00 ± 9,59a 37,36 2 93,50 ± 2,50a 83,75 ± 4,15a - - 49,50 ± 9,50a 88,00 ± 5,21a - - - - - - Parasitismo (%)1 Ensaio 4 1. Dicloreto de 3,50 ± 1,04 c paraquate 2. 2,4-D amina 88,50 ± 3,75a 3.Flumioxazina 4. Glifosato (Gliz®) 5. Glifosato (R.Original®) 6. Glifosato (R.WG®) 7. Glifosato + imazetapir 8. Testemunha CV(%) 21,60 1 DAE Viabilidade (%)1 11,56 25,59 17,30 1 Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P>0.05); 2 Classe 1 - inócuo (E < 30%), classe 2 - levemente nocivo (30 ≤ E ≤ 79%), classe 3 - moderadamente nocivo (80 ≤ E ≤ 99%), classe 4 - nocivo (E > 99%); 3Estatística realizada nos dados transformados em √(X+0,5). A maioria dos fungicidas testados foi inócua e nenhum classificado como nocivo (classe 4) a adultos de T. pretiosum (Tabela 11). Os ingredientes ativos azostrobina (estrobirulina), azoxtrobina + ciproconazole (estrobirulina + triazol), carbendazim (benzimidazol), tebuconazol + trifloxtrobina (estrobirulina + triazol) e tiofanato-metílico (benzimidazol) não interferiram no parasitismo e na viabilidade dos ovos, sendo considerados inócuos para o primeiro e segundo DAE. Avaliando o efeito seletivo de fungicidas utilizados na cultura da maçã a T. pretiosum, Manzoni et al. (2006), observaram que as estrobirulinas, cresoxim-metílico e piraclostrobina, o benzimidazol tiofanato-metílico, e o triazol tebuconazole, não reduziram o parasitismo das fêmeas quando expostas a seus resíduos, sendo classificados como inócuos. Resultado similar foi obtido por Hassan (1994) para os fungicidas triforina (triazol) e tiofanato-metílico que também foram classificados como inócuos em trabalhos realizados com o parasitóide Trichogramma cacoeciae Marchal, 1927 (Hymenoptera: Trichogrammatidae). Ainda, com relação aos produtos triazóis, o fungicida difenoconazol (triazol) foi considerado inócuo por Matos, 2007 em trabalho com seletividade de produtos da citricultura a Trichogramma atopovirilia Oatman e Platner, 1983 (Hymenoptera: Trichogrammatidae) apesar de este reduzir o parasitismo das fêmeas em 24,42%, porém não diferindo estatisticamente da testemunha. Esse resultado coincide com o 44 obtido por Sterk et al. 1999 que observaram que o fungicida difenoconazol foi inócuo em testes com adultos de T. cacoeciae. Poucos são os trabalhos de seletividade de fungicidas a T. pretiosum, sendo a maioria realizada com produtos de culturas como olericulas e frutíferas. Logo, percebe-se a necessidade de se trabalhar com produtos de culturas anuais, como por exemplo, a soja, haja vista a sua extensa área de plantio no Brasil. Tabela 11. Efeito de diferentes fungicidas sobre adultos de Trichogramma pretiosum, na redução do parasitismo (E) e na viabilidade do parasitismo observado um e dois dias após a emergência dos parasitóides (DAE) e classificação dos produtos (C) de acordo com as normas da IOBC. Parasitismo (%)1 1 DAE Viabilidade (%)1 E (%) C2 Parasitismo (%)1 65,77 ± 8,08ab 93,01 ± 0,87a 17,25 1 58,29 ± 10,97a 61,67 ± 4,41abc 92,78 ± 1,56a 22,41 1 66,95 ± 6,54ab 93,83 ± 2,9 a 15,77 36,89 ± 2,84 c 90,88 ± 4,83a 50,72 ± 2,19 bc Tratamento 2 DAE Viabilidade (%)1 E (%) C2 94,04 ± 2,11 ab 0 1 60,95 ± 8,30a 91,21 ± 2,56 ab 0 1 1 53,94 ± 3,14a 89,19 ± 3,78 ab 0 1 53,58 2 44,10 ± 8,55a 93,99 ± 3,75 ab 4,46 1 82,21 ± 3,45a 36,19 2 59,55 ± 6,40a 92,74 ± 4,18 ab 0 1 Ensaio 5 1. Azoxistrobina 2. Azoxistrobina + Ciproconazole 3. Carbendazim 4. Epoxiconazole + Piraclostrobina 5. Flutriafol + Tiofanato metílico 6. Tebuconazol + Trifloxistrobina 7. Tiofanato metílico 66,69 ± 8,04ab 90,53 ± 3,00a 16,09 1 50,92 ± 4,57a 97,57 ± 2,43 a 0 1 63,59 ± 6,60abc 90,09 ± 3,36a 19,98 1 51,24 ± 3,90a 74,45 ± 6,93 b 0 1 8. Testemunha 79,48 ± 3,86a 92,89 ± 6,30a - - 46,16 ± 9,59a 87,99 ± 5,13 ab 7,77 - - 27,96 CV (%) 18,68 9,31 - - - - Ensaio 6 1. Epoxiconazole 52,52 ± 7,13ab 89,02 ± 2,96a 31,12 2 17,30 ± 7,31 b 86,67 ± 3,85a 76,81 2 2. Flutriafol 26,84 ± 13,41 b 79,53 ± 4,20a 64,80 2 8,07 ± 3,84 b 75,45 ± 5,42a 89,18 3 3. Tebuconazole 53,19 ±13,25ab 90,92 ± 1,95a 30,24 2 26,40 ± 10,21 b 91,92 ± 0,86a 64,61 2 4. Testemunha 76,24 ± 5,91a 85,83 ± 2,69a - - 74,59 ± 2,56a 79,08 ± 4,26a - - 7,09 - - - - CV (%) 40,25 36,82 9,57 1 Médias seguidas pela mesma letra na coluna, no mesmo ensaio, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P>0.05). 2Classe 1 - inócuo (E < 30%), classe 2 - levemente nocivo (30% ≤ E ≤ 79%), classe 3 moderadamente nocivo (80% ≤ E ≤ 99%), classe 4 - nocivo (E > 99%). 4. CONCLUSÃO Os inseticidas diflubenzurom, lufenurom, flufenoxurom, metoxifenozide, o herbicida 2,4-D amina e os fungicidas azoxistrobina, tebuconazole + trifloxistrobina, carbendazin, 45 azoxistrobina + ciproconazole e tiofanato metílico são inócuos (classe 1) à adultos de T. pretiosum; Os inseticidas espinosade, os herbicidas glifosato (Gliz®), glifosato (Roundup Original®), glifosato (Roundup WG®), glifosato + imazetapir, flumioxazina e os fungicidas epoxiconazol, tebuconazol, flutriafol são classificados de levemente nocivos (classe 2) a moderadamente nocivos (classe 3) à adultos de T. pretiosum, em condições de laboratório, devendo assim, os mesmos serem testados em condições de semi-campo e campo conforme as recomendações da IOBC; Os inseticidas bifentrina, acefato, clorpirifós, gamma-cialotrina, permetrina, betaciflutrina + imidacloprido e o herbicida dicloreto de paraquate são classificados como nocivo (classe 4) à adultos de T. pretiosum, em pelo menos um dos dias de avaliação realizados em condições de laboratório e, também deverão os mesmos serem testados em condições de semi-campo e campo conforme as recomendações da IOBC. 46 5. 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BioControl, v.44, n.1, p.99-117, 1999. 50 CAPÍTULO 4 SELETIVIDADE DE DIFERENTES PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS A LARVAS E PUPAS DE Telenomus remus RESUMO O trabalho com seletividade de produtos fitossanitários a artrópodes benéficos revela importantes ferramentas para adoção de um programa de manejo integrado de pragas, na cultura da soja. O que se preconiza com isso é a conciliação de produtos eficazes ao controle das pragas e que possuam pouca ou nenhuma nocividade aos agentes de controle biológico. Este estudo objetivou verificar o impacto causado por diferentes produtos utilizados na cultura da soja, na emergência do parasitóide de ovos Telenomus remus, quando aplicados nas fases de larva e pupa (seis e dez dias após o parasitismo, respectivamente). A pesquisa foi realizada no Laboratório de Criação de Insetos da Embrapa Arroz e Feijão, no município de Santo Antônio de Goiás-GO. Três ensaios, com 11 tratamentos e cinco repetições, foram conduzidos em laboratório com inseticidas, fungicidas e herbicidas, separadamente. Cada ensaio foi conduzido com 10 tratamentos e testemunha. Todos os produtos foram testados nas doses recomendadas para a cultura da soja. Ovos de Spodoptera frugiperda parasitados por T. remus, foram imersos em caldas pesticidas por cinco segundos e, após secagem total, foram acondicionados em sacos plásticos e conservados em ambiente controlado, até a emergência dos adultos dos parasitóides. A viabilidade do parasitismo foi avaliada e a redução na emergência dos parasitóides classificada segundo as normas da “International Organization for Biological Control” (IOBC). Os resultados mostraram que os inseticidas flufenoxurom, diflubenzurom, metoxifenozide foram seletivos e clorpirifós nocivo às fases imaturas do parasitóide. Espinosade foi classificado como inócuo para larvas e pupas de T. remus, bem como o inseticida beta-ciflutrina + imidacloprido. Gama-cialotrina foi inócuo para pupas de T. remus. Já bifentrina foi levemente nocivo para ambas as fases de desenvolvimento do parasitóide. Acefato mostrou-se inócuo. Com relação aos fungicidas e herbicidas, todos os produtos testados foram inócuos (classe 1) ou levemente nocivos (classe 2) para as formas imaturas do parasitóide Telenomus remus. Palavras-chave: controle químico, controle biológico, seletividade, inimigo natural. 51 SELECTIVITY OF DIFFERENT PESTICIDES TO LARVAE AND PUPAE OF Telenomus remus ABSTRACT The work with side-effects of pesticides on beneficial arthropods reveals importants tools to those who want to lead an effective program of integrated pest management, on soybean crop. What advocating with this is the reconciliation of effective pesticides to control of pests and that possessing little or no power to harmful biological control agents. This study aimed to evaluate the impact caused by different chemicals in the emergence of the eggs parasitoid, Telenomus remus, when sprayed on the larvae and pupae stage (six and ten days after the parasitism, respectively). The research was carried out in the Laboratory for Creating Insects of Embrapa Arroz e Feijão, in the municipality of Santo Antonio de Goiás-GO. Three trials, with 11 treatments and five replications, were carried out in the laboratory with insecticides, fungicides and herbicides. Each test was carried out with 10 treatments and a control. All chemicals were tested at rates used in soybean crops. Eggs of Spodoptera frugiperda parasitized by T. remus, were immersed in treatments for five seconds and after completely dry, they were packed in plastic bags and kept in a controlled environment, until the emergence of adults of parasitoids. The viability of parasitism was evaluated and the reduction in the emergence of the parasitoids classified according to the rules of the International Organization for Biological Control (IOBC). The results showed that the insecticides flufenoxuron, diflubenzuron, methoxyfenozide were harmless and chlorpyrifos harmful to the immature stages of the parasitoid. Spinosad was classified as harmless for larvae and pupae of T. remus as well as the insecticide beta-cyfluthrin + imidacloprid. Gamacyhalothrin was harmless to pupa of T. remus. However, byfenthrin was slightly harmful to both phases of the development of the parasitoid. Acephate was harmless. Regarding to the fungicides and herbicides, all products tested were harmless (class 1) or slightly harmful (class 2) for larvae and pupae of T. remus. Key words: biological control, chemical control, selectivity, natural enemy. 52 1. INTRODUÇÃO O Brasil é um dos principais produtores e exportadores de grãos do mundo. Tomandose como exemplo, a soja, Glycine max (Merril), de acordo com o 7º levantamento da CONAB (2008) cerca de 21,16 milhões de hectares foram plantados com o grão (safra 2007/08), estimando-se uma produção em torno de 60 milhões de toneladas. A cada ano, novas fronteiras são estabelecidas devido à demanda de grãos, acarretando um uso crescente e, muitas vezes, desorganizado de produtos fitossanitários, que desestabilizam as relações de equilíbrio dos agroecossistemas, ocorrendo seleção de plantas daninhas, doenças e pragas resistentes e em altas populações, além da contaminação do homem e meio ambiente. O uso constante e de forma muitas das vezes indiscriminada de produtos fitossanitários, tem trazido conseqüências indesejáveis como a ressurgência das pragas chaves e a explosão populacional de pragas anteriormente consideradas de importância secundária, além da seleção de populações desses insetos resistentes a ação dos inseticidas (Flint e Gouveia, 2001). Para tentar minimizar este quadro alarmante, têm-se enfatizado o emprego de programas de manejo integrado de insetos pragas (MIP) (Lenteren, 2000). O conceito de MIP preconiza a utilização de diversas táticas de controle de forma harmônica visando complementar o controle biológico natural e mantendo assim as populações de pragas agrícolas abaixo do nível de dano econômico, conservando o ambiente e os artrópodes benéficos. Nesse contexto, o controle biológico é de grande importância para a sustentabilidade do sistema agrícola, entretanto, o controle químico ainda é considerado indispensável na cultura da soja. O uso de inseticidas e acaricidas seletivos, bem como herbicidas, fungicidas e outros produtos químicos e biológicos deve ser priorizado, para que sejam alcançados os objetivos do MIP (Degrande e Gomez, 1990). Com relação às pragas da cultura da soja, importância deve ser dada ao complexo de lagartas do gênero Spodoptera, dentre as quais destacando-se S. frugiperda Smith, 1797 (Lepidoptera: Noctuidae), S. eridania Cramer, 1782 (Lepidoptera, Noctuidae) e S. cosmióides, Walk, 1858 (Lepidoptera: Noctuidae) que ocasionam prejuízos econômicos, principalmente na região Centro-Oeste, o que pode estar relacionado com a eliminação de seus inimigos naturais devido ao uso crescente de produtos fitossanitários na cultura. Essas espécies, que tradicionalmente não eram importantes para a cultura da soja, estão sendo consideradas pragas 53 nas regiões de cultivo no cerrado. Alguns estudos de biologia foram realizados com diferentes espécies de Spodoptera em diversos hospedeiros, demonstrando que estas atacam desde plantas cultivadas como soja (Abdullah et al., 2000), milho (Pitre e Hogg 1983) e algodoeiro (Habib et al., 1983), até plantas utilizadas para reflorestamento como a Bracatinga (Mattana e Foerster 1988). O controle biológico dessas lagartas é realizado por parasitóides, predadores e patógenos responsáveis por exercerem um equilíbrio dinâmico no ecossistema agrícola. Entre os inimigos naturais, destaca-se o parasitóide de ovos Telenomus remus Nixon, 1967 (Hymenoptera: Scelionidae) que é a espécie mais comum do gênero e já foi observada parasitando cinco diferentes espécies de Spodoptera. Cada fêmea durante sua vida reprodutiva produz cerca de 270 parasitóides (Morales et al., 2000) e realiza a oviposição de apenas um ovo por hospedeiro, sendo o superparasitismo raro nessa espécie (Cave, 2000). Atuam efetivamente sobre os ovos, parasitando inclusive aqueles das camadas internas, além de apresentar alta capacidade de dispersão e de busca pelo hospedeiro (Cruz, 1995). Esse parasitóide tem sido utilizado em larga escala em programas de MIP na Venezuela, através de liberações inundativas em áreas de milho, obtendo-se índices de parasitismo de até 90% (Ferrer, 2001). Isso demonstra o grande potencial que essa espécie tem no controle biológico aplicado de lagartas do gênero Spodoptera. Sendo assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar o impacto que diferentes produtos fitossanitários causam na emergência de Telenomus remus quando aplicados nas fases imaturas de larva e pupa desse parasitóide. 2. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido segundo a metodologia de Bueno et al. (2008) com adaptação aos insetos utilizados no Laboratório de Criação de Insetos da Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás-GO. Cartelas identificadas, com posturas de S. frugiperda parasitadas por T. remus (Anexo 11), seis e dez dias após o parasitismo, representando as fases de larva e pupa (Hernández e Díaz, 1996), respectivamente, foram imersas por 5 segundos em caldas pesticidas preparadas para um volume de aplicação de 200 L. ha-1 (Anexo 12). Após secagem sob papel absorvente, por duas horas, foram introduzidas em sacos 54 plásticos transparentes de 4 x15 cm (Anexo 13) e acondicionadas em ambiente controlado a uma temperatura de 28º C, umidade relativa do ar de 70% e fotofase de 14 horas, até a emergência dos adultos. A viabilidade do parasitismo foi avaliada contando-se os ovos parasitados e os que efetivamente tiveram a emergência dos parasitóides, sendo posteriormente submetida à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. A redução na emergência de T. remus em relação ao tratamento testemunha foi calculada pela equação E (%) = (1-Vt/Vc) x 100, onde: E(%) é a porcentagem de redução da viabilidade do parasitismo; Vt é a viabilidade do parasitismo médio para o tratamento testado e Vc é a viabilidade do parasitismo médio para a testemunha. Foram testados 30 tratamentos e testemunha em delineamento inteiramente casualizado, repetidos por cinco vezes, sendo que os produtos utilizados foram escolhidos ao acaso dentro do portifólio da cultura da soja (Tabela 12) e classificados de acordo com as normas da (IOBC) em: classe 1 - inócuo (E < 30%); classe 2 - levemente nocivo (30% ≤ E ≤ 79%); classe 3 moderadamente nocivo (80% ≤ E ≤ 99%); classe 4 - nocivo (E > 99%) (Hassan, 1992). 55 Tabela 12. Produtos fitossanitários testados em larvas e pupas de Telenomus remus condições de laboratório. Pesticidas Formulação Ingrediente ativo (i.a.) Grupo químico (g) de i.a. ha-1 Inseticidas Acefato 750 PS Acefato Organofosforado 525 Cascade 100 EC Flufenoxurom Benzoiluréia 10 Connect 100/12,5 SC Imidacloprido + Beta-ciflutrina Neonicotinóide / Piretóide 100 + 12,5 Dimilin 80 WG Diflubenzurom Benzoiluréia 20 Intrepid 24 SC Methoxifenozide Diacilhidrazina 21,6 Intrepid 24 SC Methoxifenozide Diacilhidrazina 36 Lorsban 480 EC Clorpirifós Organofosforado 384 Stallion 150 CS Gama-cialotrina Piretróide 3,75 Talstar 100 EC Bifentrina Piretróide 5 Tracer 480 SC Espinosade Espinosinas 24 Alteza 240/30 SL Glifosato + Imazetapir Glicina substituída / Imidazolinona 533,4* + 90 DMA 806 SL 2,4-D amina Ácido ariloxialcanóico 1209 Dual Gold 960 EC S-metolacloro Cloroacetanilida 1920 Flumyzin 50 WP Flumioxazina Ciclohexenodicarboximida 60 Gamit 500 EC Clomazona Isoxazolidinona 1000 Gliz 480 SL Glifosato Glicina substituída 2880* Herbicidas Gramocil 100/200 SC Diurom + Dicloreto de paraquate Uréia / Bipiridilio 300 + 600 Gramoxone 200 SL Dicloreto de paraquate Bipiridilio 600 R. Ready 480 SL Glifosato Glicina substituída 960* R. Transorb 648 SL Glifosato Glicina substituída 1920* 100/500 SC Flutriafol + Tiofanato metílico Triazol / Benzimidazol 60 + 300 500 SC Tiofanato metílico Benzimidazol 400 Derosal 500 SC Carbendazim Benzimidazol 250 Folicur 250 EC Tebuconazol Triazol 150 Impact 125 SC Flutriafol Triazol 125 Nativo 100/200 SC Trifloxistrobina + Tebuconazol Estrobirulina / Triazol 60 + 120 Opera 50/133 SE Epoxiconazol + Piraclostrobina Triazol / Estrobirulina 30 + 79,8 Fungicidas Celeiro Cercobin Opus 125 SC Epoxiconazol Triazol 12,5 Priori 250 SC Azoxistrobina Estrobirulina 50 Estrobirulina / Triazol 60 + 24 Priori Xtra 200/80 SC Azoxistrobina + Ciproconazol * Ingrediente ativo expresso em equivalente ácido. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A viabilidade do parasitismo observada nos tratamentos com flufenoxurom, diflubenzurom e metoxifenozide foi sempre superior a 80% e estatisticamente igual ao 56 tratamento testemunha. Portanto, esses produtos foram classificados como inócuos (classe 1) a ambas as fases imaturas (larva e pupa) de T. remus, nas respectivas doses testadas (Tabela 13). Flufenoxurom e diflubenzurom são inseticidas reguladores de crescimento do grupo das benzoilfeniluréias e metoxifenozide, outro inseticida regulador de crescimento sendo do grupo das diacilhidrazinas. Em relação aos resultados do capítulo 1, que apesar de terem sido utilizados, parasitóide (estágio larval) e hospedeiro diferentes, percebe-se a semelhança dos resultados para esses produtos quando aplicados nos estágios imaturos dos parasitóides. Os inseticidas reguladores de crescimento são normalmente destacados pela sua seletividade aos agentes de controle biológico (Santos et al., 2006). Porém, estudos mostraram semelhantes resultados com Trichogramma pretiosum Riley, 1879 (Hymenoptera: Trichogrammatidae) utilizando como hospedeiro alternativo Anagasta kuehniella Zeller, 1879 (Lepdoptera: Pyralidae) que inseticidas reguladores de crescimento podem ser classificados como nocivos, dependendo do produto e dose testados e da fase de desenvolvimento do parasitóide utilizada no bioensaio (Bueno et al., 2008). Lufenurom, outro inseticida do grupo dos regulares de crescimento ocasionou redução no parasitismo por T. pretiosum quando comparado ao tratamento testemunha (Pratissoli et al., 2004). Esse contraste pode estar relacionado com as diferenças existentes entre as espécies de parasitóides testados e entre os ovos dos hospedeiros, sendo que os ovos de S. frugiperda, além de serem mais espessos que os de A. kuehniella, podem também estarem dispostos em posturas realizadas em camadas, o que dificulta a penetração e ação dos produtos (Cônsoli et al., 1999). Os inseticidas acefato e beta-ciflutrina + imidacloprido também não reduziram a viabilidade do parasitismo de T. remus em relação à testemunha, sendo classificados como inócuos (classe 1) para larvas e pupas do parasitóide (Tabela 13). Ambos são produtos que agem por contato e ingestão, atingindo e desorganizando o sistema nervoso dos insetos. O inseticida acefato foi prejudicial ao parasitismo de T. pretiosum causando redução superior a 80%, sendo classificado como classe 3 (Rocha e Carvalho, 2004). Estudo de seletividade realizado por Silva (2004) detectou que não houve alteração da fase embrionária em ovos de Crysoperla externa, Hagen, 1861 (Neuroptera: Chrysopidae) com o produto beta-ciflutrina, aplicado em pulverização. Ressalta-se novamente, semelhança entre as duas metodologias, de aplicação pulverizada e imersão e ainda, resultados próximos aos obtidos no primeiro capítulo. Trabalho com o inseticida imidacloprido causou efeito significativo sobre o período ovo-larva do parasitóide T. pretiosum, em relação à testemunha e demais fases testadas sendo que, o efeito nocivo foi bastante reduzido quando o tratamento ocorreu nas fases de pré-pupa 57 e pupa (Matos, 2007). A fase de pupa destaca-se como a fase mais resistente a aplicação de produtos, devido à maior rigidez e impermeabilidade das estruturas do inseto, aliados a proteção do ovo hospedeiro. Tabela 13. Efeito de redução do parasitismo (E) de diferentes inseticidas sobre a mortalidade de larvas e pupas de Telenomus remus e na viabilidade de emergência dos parasitóides, seguido de classificação seletiva (IOBC). Larvas Tratamento 1 Viabilidade (%) Pupas E (%) Classe 2 1 Viabilidade (%) E (%) Classe2 1. Acefato 84,55 ± 6,68a 5,60 1 77,30 ± 7,85ab 10,11 1 2. Bifentrina 3. Beta-ciflutrina + imidacloprido 4. Clorpirifós 42,95 ± 11,01 b 52,05 2 54,73 ± 8,21 b 36,37 2 86,50 ± 3,10a 3,41 1 84,78 ± 6,80a 1,42 1 100 4 5. Diflubenzurom 85,88 ± 5,25a 4,11 1 6. Espinosade 76,14 ± 3,63a 14,99 1 7. Flufenoxurom 87,80 ± 1,19a 1,97 1 8. Gama-cialotrina 35,31 ± 4,38 b 60,57 9. Metoxifenozide 98,70 ± 0,77a 0 10. Metoxifenozide 80,06 ± 2,94a 10,61 11. Testemunha 89,56 ± 2,95a 14,12 CV (%) 0,00 ± 0,00 c 0,00 ± 0,00 c 84,53 ± 6,38a - 100 4 1,71 1 - - 88,14 ± 4,64a 0 1 2 60,57 ± 7,37ab 29,57 1 1 86,18 ± 2,80a 0 1 1 79,64 ± 5,72ab 7,39 1 - - 86,00 ± 4,21a - - - - - - 19,19 1 Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P>0.05). Classe 1 - inócuo (E < 30%), classe 2 - levemente nocivo (30% ≤ E ≤ 79%), classe 3 - moderadamente nocivo (80% ≤ E ≤ 99%), classe 4 - nocivo (E > 99%). 2 Larvas e pupas de T. remus quando tratados com bifentrina tiveram uma viabilidade do parasitismo estatisticamente inferior ao tratamento testemunha com uma redução de 52,05 e 36,37% para larvas e pupas, respectivamente (Tabela 13). Este tratamento foi classificado como levemente nocivo (classe 2). Gama-cialotrina também foi classificado como levemente nocivo (classe 2) para larvas de T. remus. Porém, a fase de pupa foi mais tolerante, sendo o produto classificado como inócuo (classe 1). Bifentrina e gama-cialotrina são inseticidas do grupo dos piretróides que são químicos neurotóxicos que agem no sistema nervoso do inseto, paralisando e matando-os rapidamente. Inseticidas desse grupo são geralmente classificados como produtos pouco seletivos aos inimigos naturais (Cañete, 2005). Manzoni et al. (2007) e Bueno et al. (2008) relataram o efeito nocivo de alguns inseticidas piretróides às fases imaturas dos parasitóides de ovos T. pretiosum e T. atopovirilia Oatman e Platner, 1983 (Hymenoptera: Trichogrammatidae). Entretanto, é preciso levar em consideração que os bioensaios conduzidos nesse estudo foram realizados com fases protegidas, dentro dos ovos dos hospedeiros. Em geral, na fase de adulto, os parasitóides são mais sensíveis à ação de 58 produtos (Hassan et al., 1992) e o impacto causado também na fase adulta deve ser estudado e avaliado na tomada de decisão de escolha do melhor produto para ser utilizado no MIP. O inseticida a base de espinosade foi seletivo a T. remus na fase de larva e pupa (classe 1) sendo que, a viabilidade do parasitismo foi igual à testemunha (Tabela 13). Esse resultado difere do encontrado no primeiro capítulo, no qual esse produto foi classificado como moderadamente nocivo (classe 3), possivelmente devido à diferença dos ovos de hospedeiros utilizados. Ainda, resultados nocivos do espinosade foram relados por Bueno et al. (2008) e Cañete (2005) a T. pretiosum em fases imaturas. O organofosforado clorpirifós foi nocivo as fases de larva e pupa do parasitóide causando uma redução de 100% na viabilidade do parasitismo, o que fez com que esse produto fosse classificado como nocivo (classe 4). Classificação bem próxima (classe 3), também foi obtida no primeiro capítulo, no qual ocorreu uma redução na viabilidade de 98,91%. Entretanto, Hohmann (1991 e 1993) e Bueno et al. (2008) obtiveram resultados menos danosos do clorpirifós ao parasitóide T. pretiosum. Essas diferenças são provavelmente devido às menores doses testadas por estes autores. A toxicidade ou seletividade de um produto é sempre dependente da dose utilizada, o que mostra a importância de se considerar esse fator na comparação entre químicos na escolha do produto mais seletivo. Todos os herbicidas obtiveram a classificação 1 (inócuo) para a fase de larva, sendo que para a fase de pupa, variaram de 1 a 2 (levemente nocivo) (Tabela 14), com destaque para os produtos constituídos de glifosato. Tal fato pode ter ocorrido devido às disposições das posturas no que diz respeito ao número de camadas e consequentemente, a menor ou maior exposição ao produto aplicado. Ainda, deve-se ressaltar a quantidade de escamas e cera sobre os ovos, colocadas pelas mariposas com o objetivo de proteger suas posturas. Trabalho efetuado com oito formulações comerciais de glifosato (Roundup®, Roundup® WG, Roundup® Transorb, Polaris®, Gliz® 480 CS, Glifosato Nortox®,Glifosato 480 Agripec® e Zapp® Qi) em fases imaturas de T. pretiosum demonstrou que estes produtos reduziram a porcentagem de emergência, porém, foram classificados como inócuos (Nörnberg et al., 2008). 59 Tabela 14. Efeito de redução do parasitismo (E) de diferentes herbicidas sobre a mortalidade de larvas e pupas de Telenomus remus e na viabilidade de emergência dos parasitóides, seguido de classificação seletiva (IOBC). Larvas Tratamento 1,2 Viabilidade (%) Pupas E (%) Classe 3 Viabilidade (%)1 E (%) Classe3 1. Clomazona 73,29 ± 4,81a 0 1 35,86 ± 9,68ab 35,89 2 2. Dicloreto de paraquate 3. Dicloreto de paraquate + diurom 4. 2,4-D amina 69,23 ± 7,63a 0 1 51,84 ± 7,42ab 7,32 1 72,29 ± 8,30a 0 1 48,80 ± 3,85ab 12,76 1 56,01 ± 10,93a 17,77 1 47,24 ± 4,54ab 15,54 1 5. Flumioxazina 66, 86 ± 8,66a 1,84 1 55,84 ± 8,05a 0,17 1 6. S-metolacloro 55,00 ± 8,78a 19,25 1 44,13 ± 4,84ab 21,10 1 7. Glifosato (Gliz®) 68,37 ± 8,01a 0 1 35,46 ± 5,84ab 36,59 2 8. Glifosato (Roundup® Ready) 67,79 ± 8,74a 0,47 1 36,46 ± 5,81ab 34,81 2 9. Glifosato (Roundup®Transorb) 49,72 ± 9,14a 27,01 1 42,66 ± 8,15ab 23,73 1 10. Glifosato + imazetapir 79,42 ± 6,98a 0 1 25,91 ± 4,67 b 53,67 2 11. Testemunha 68,11 ± 4,04a - - 55,93 ± 4,37a - - - - 31,15 - - CV 7,45 1 Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P>0.05). Médias originais seguidas pela análise estatística realizada nos dados transformados em Log X. 3Classe 1 inócuo (E < 30%), classe 2 - levemente nocivo (30% ≤ E ≤ 79%), classe 3 - moderadamente nocivo (80% ≤ E ≤ 99%), classe 4 - nocivo (E > 99%). 2 Os fungicidas testados não apresentaram diferença nas viabilidades das larvas e pupas em comparaçào com o tratamento testemunha, porém apresentaram classificações que variaram de 1 a 2. É importante enfatizar que a utilização de produtos fitossanitários seletivos é uma importante estratégia dentro do MIP, favorecendo a preservação dos inimigos naturais nos agroecossistemas. Ao ressaltar a importância do uso de produtos seletivos deve ser considerado não somente os inseticidas, mas também os herbicidas e fungicidas. Estes são, na maioria das vezes, negligenciados nesse item e podem também ter efeito sobre o controle biológico (Santos et al., 2006), principalmente em outras fases de desenvolvimento. Bueno et al. (2008) demonstraram que o fungicida tebuconazole 200 + trifloxistrobina 100 g i.a. ha-1 foi nocivo à fase de ovo de T. pretiosum, resultado este, provavelmente devido à diferença das espécies estudadas, fase de vida e dosagem testada. Deve-se observar que nas condições de laboratório, os ovos parasitados foram submetidos à máxima exposição aos produtos e que os compostos que se revelaram tóxicos para T. remus e podem ter seus efeitos reduzidos quando aplicados em campo. Outro item a ser analisado é o fato de que a degradação dos compostos pela ação da luz, geralmente é acelerada (Rocha e Carvalho, 2004). Dessa forma, recomendase que os produtos classificados como nocivos em condições de laboratório sejam também testados em condições de campo, para confirmar ou não a toxicidade ao inimigo natural (Hassan, 1992) em pesquisas futuras. 60 Tabela 15. Efeito de redução do parasitismo (E) de diferentes fungicidas sobre a mortalidade de larvas e pupas de Telenomus remus e na viabilidade de emergência dos parasitóides, seguido de classificação seletiva (IOBC). Larvas Tratamento Pupas Viabilidade(%) E (%) Classe2 1 47,00 ± 5,26a 38,17 2 16,09 1 71,61 ± 4,76a 5,80 1 70,04 ± 13,13a 21,40 1 54,93 ± 5,77a 27,74 1 4. Epoxiconazole 5. Epoxiconazole + piraclostrobina 6. Flutriafol 7. Flutriafol + tiofanatometílico 8. Tebuconazole 9. Tebuconazole + trifloxistrobina 10. Tiofanato-metílico 68,92 ± 10,69a 22,66 1 49,93 ± 8,76a 34,32 2 57,14 ± 9,19a 35,87 2 53,93 ± 5,89a 29,06 1 57,91 ± 12,48a 35,01 2 47,73 ± 3,56a 37,21 2 65,56 ± 3,39a 26,43 1 66,59 ± 4,36a 12,40 1 51,82 ± 7,19a 41,85 2 59,48 ± 7,67a 21,76 1 67,50 ± 7,35a 24,25 1 56,33 ± 8,08a 25,90 1 44,01 ± 10,63a 50,61 2 69,31 ± 10,81a 8,82 1 11. Testemunha 89,11 ± 3,18a - - 76,02 ± 8,72a - - 29,91 - - - - 1. Azoxistrobina 2. Azoxistrobina + ciproconazole 3. Carbenzadim CV (%) 1 Viabilidade (%) E (%) Classe 62,85 ± 8,74a 29,47 74,77 ± 5,35a 2 1 26,49 1 Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P>0.05).2Classe 1 - inócuo (E < 30%), classe 2 - levemente nocivo (30 ≤ E ≤ 79%), classe 3 - moderadamente nocivo (80 ≤ E ≤ 99%), classe 4 - nocivo (E > 99%). 4. CONCLUSÃO Dentre os inseticidas testados às fases imaturas de larva e pupa de Telenomus remus, clorpirifós apresenta-se como o produto mais nocivo (Classe 4), seguido por bifentrina e gama-cialotrina que são levemente nocivos (classe 2). Os demais inseticidas (metoxifenozide, flufenoxurom, acefato, beta-ciflutrina + imidacloprido e diflubenzurom) são inócuos (classe 1). Herbicidas e fungicidas nas doses testadas deste trabalho possuem efeitos menos indesejáveis às fases imaturas do parasitóide (larva e pupa) quando comparados aos inseticidas. Os resultados encontrados nesse capítulo se assemelham aos do primeiro, sugerindo que a metodologia utilizada pode ser também praticada a Telenomus remus. 61 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABDULLAH, M.D.; SARNTHOY,O.; CHAEYCHOMSRI, S.; Comparative study of artificial diet and soybean leaves on growth, development and fecundity of beet armyworm, Spodoptera exígua (Hubner) (Lepidoptera: Noctuidae). Journal Nat. Science, v.34, p.339344, 2000. 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Tese (Doutorado em Entomologia) – Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG. 2004. 64 CAPÍTULO 5 ADAPTAÇÃO DA METODOLOGIA PADRÃO IOBC PARA ESTUDOS DE SELETIVIDADE COM Telenomus remus EM CONDIÇÕES DE LABORATÓRIO RESUMO Com o objetivo de adaptar a metodologia IOBC, avaliando o impacto causado por produtos fitossanitários da cultura da soja a adultos do parasitóide de ovos Telenomus remus, realizouse este trabalho no Laboratório de Criação de Insetos da Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás-GO. Foram utilizados tratamentos inseticidas, herbicidas e fungicidas, em delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições e a água como testemunha. Adultos do parasitóide foram expostos a resíduos secos de pesticidas em gaiolas de contato, sendo oferecidos alimentação e ovos de hospedeiro alternativo, de maneira que avaliou-se o parasitismo e sua viabilidade e classificada a redução do parasitismo desde classe 1 (inócuo) a classe 4 (nocivo). Os resultados obtidos permitiram constatar que os inseticidas clorpirifós, acefato, beta-ciflutrina + imidacloprido, espinosade e demais piretróides testados, foram nocivos aos parasitóides. Metoxifenozide, diflubenzurom, flufenoxurom foram inócuos. Dentre os herbicidas, dicloreto de paraquate apresentou-se como um produto nocivo. Os produtos a base de glifosato foram inócuos apenas no primeiro dia após a emergência, sendo nocivos no dia seguinte. Dicloreto de paraquate + diuron e clomazona foram seletivos no primeiro dia e moderadamente nocivos (classe 3) no segundo dia. Glifosato + imazetapir e 2,4-D amina foram inócuos (classe 1). Todos os fungicidas testados foram seletivos. Palavras-chave: controle biológico, controle químico parasitóide de ovos, manejo integrado de pragas, seletividade. 65 ADAPTATION OF THE IOBC STANDARD METHODOLOGY FOR STUDIES OF SELECTIVITY WITH Telenomus remus IN LABORATORY CONDITIONS ABSTRACT With the aim to adapt the methodology IOBC evaluating the impact caused by pesticides used in soybean crop to adults of the eggs parasitoid Telenomus remus, this work was carried out in the Laboratory for Creating Insects of Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás-GO. Treatments were used insecticides, herbicides and fungicides, in a completely randomized design with four repetitions with water as a control. Adults of parasitoid were exposed to dry residues of pesticides in cages of contact, being offered, food and eggs of alternative host, so that avalue the parasitism and its viability and classified the reduction of parasitism from class 1 (harmless) to class 4 (harmful). Clorpyrifós, acephate, beta-cyfluthrin + imidacloprid, spinosad and other pyrethroids tested, were harmful to parasitoids. Methoxyfenozide, diflubenzuron, flufenoxuron were harmless. Among the herbicides, paraquat who presented himself as a harmful product. The glyfosates were safe only in the first days after the emergency, and damaging the following day. Paraquat + diuron and clomazone were selective on the first day and moderately harmful (class 3) in the second day. Glyphosate + imazethapyr and 2.4-D amine were safe (Class 1). All fungicides tested were selective. Key words: biological control, chemical control, eggs parasitoid, integrated pest management, side-effects. 66 1. INTRODUÇÃO Desde a década de 50, quando se iniciou a "revolução verde", foram observadas profundas mudanças no processo tradicional de trabalho na agricultura, bem como nos impactos sobre o ambiente e a saúde humana. Novas tecnologias, muitas baseadas no uso extensivo de produtos fitossanitários foram disponibilizadas para o controle de doenças, aumento da produtividade e proteção contra insetos e outras pragas (Moreira et al., 2002). O número de aplicações de inseticidas tem aumentado ao longo dos anos sendo comum em algumas propriedades, a utilização de mais de cinco aplicações para a cultura da soja durante o período de safra. No momento, a preocupação é com a seleção de populações resistentes aos produtos químicos utilizados, verificada em algumas regiões e a diminuição da diversidade de agentes de controle biológico em conseqüência do uso inadequado dos pesticidas (Cruz et al., 2002). Dentre as formas de controle, o químico ainda é o método mais utilizado, devendo ser entendido, também, como uma forma potencial de se aumentar a ação dos organismos benéficos em um determinado agroecossistema, através de sua seletividade. Pesquisas sobre os efeitos colaterais de produtos fitossanitários em organismos benéficos têm-se tornado obrigatórias em diversos países, fazendo com que se estabeleçam linhas de ação internacionalmente aprovadas e em regime de urgência, oferecendo informações aos usuários de programas de manejo integrado (Hassan et al., 1994). A “International Organization for Biological and Integrated Control of Noxious Animals and Plants (IOBC) and West Paleartic Regional Section (WPRS)” criaram em 1974 o “Working Group Pesticides and Beneficial Organisms” visando à elaboração de técnicas-padrão de testes de seletividade de produtos fitossanitários (Hassan, 1992, 1997; Zhang e Hassan, 2000). Até o momento, não existe no Brasil uma padronização de procedimentos de pesquisa para avaliar seletividade sobre a maioria dos organismos benéficos, nos diferentes cultivos. A respeito de artrópodes benéficos, importância deve ser dada ao parasitóide de ovos Telenomus remus Nixon, 1937 (Hymenoptera: Scelionidae) que é a espécie mais comum do gênero e já foi observada parasitando cinco diferentes espécies de lagartas Spodoptera. Cada fêmea durante sua vida reprodutiva produz cerca de 270 parasitóides (Morales et al., 2000) e realiza a oviposição de apenas um ovo por hospedeiro, sendo o superparasitismo raro nessa espécie (Cave, 2000). Atuam efetivamente sobre os ovos, parasitando inclusive aqueles das camadas internas, além de apresentar alta capacidade de dispersão e de busca pelo hospedeiro (Cruz e 67 Figueiredo, 1994). Esse parasitóide tem sido utilizado em larga escala em programas de Manejo Integrado de Pragas (MIP) na Venezuela, através de liberações inundativas em áreas de milho, obtendo-se índices de parasitismo de até 90% (Ferrer, 2001). Isso demonstra o grande potencial que essa espécie tem no controle biológico aplicado de lagartas do gênero Spodoptera, podendo auxiliar no controle biológico de pragas da soja. No capítulo 3, os testes baseados na metologia IOBC foram feitos para adultos de T. pretiosum sendo que nesse capítulo, foi sugerida a utilização de adultos do parasitóide T. remus, com algumas modificações nos ensaios e com intuito de se obter resultados semelhantes a outros trabalhos, visto que para produtos da cultura da soja, os estudos de seletividade são escassos, principalmente ao parasitóide em questão. Dessa forma, objetivou-se, neste trabalho, estudar os efeitos que produtos utilizados na cultura da soja, causam a adultos do parasitóide de ovos, Telenomus remus, em condições de laboratório, utilizando-se da metodologia padrão da IOBC, adaptada para estudos de seletividade no Brasil, de maneira a se obter resultados condizentes. 2. MATERIAL E MÉTODOS Os ensaios foram realizados no Laboratório de Criação de insetos da Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás-GO, de acordo com as normas padronizadas pela International Organization for Biological Control (IOBC) (Hassan, 1992). Tubos de ensaio, denominados de tubos de emergência (Anexo 14), contendo uma gotícula de mel em sua parede interior, receberam posturas de Spodoptera frugiperda Smith, 1797 (Lepdoptera: Noctuidae) parasitadas por Telenomus remus (± 250 ovos), sendo posteriormente, vedados com filme plástico e armazenados em ambiente controlado, a uma temperatura de 28ºC, umidade relativa do ar de 70% e fotofase de 14 horas, até a emergência dos insetos. Neste momento, placas de vidro (13 x 13 cm) receberam aplicações de produtos através de equipamento pressurizado de CO2 de forma a depositar 1,75 ± 0,25 mg de calda por cm2, passando por um período de secagem de três horas em temperatura ambiente. Posteriormente, essas placas foram fixadas em molduras de alumínio, com ar interno circulante, exercido por um exaustor, constituindo assim, as gaiolas de contato. 68 As gaiolas foram construídas com uma moldura quadrada de alumínio (13 x 1,5 x 0,6 cm de cada lado) e duas placas de vidro de 2 mm (13 x 13 cm), anteriormente citadas. Três dos lados da moldura apresentavam seis orifícios de ventilação, com diâmetro de 1cm, vedados internamente por um fino tecido de cor preta, de maneira a evitar a saída dos parasitóides. O quarto lado era constituído de dois orifícios: um de 3,5 x 1 cm com função de introdução de alimento (mel) e ovos do hospedeiro alternativo (S. frugiperda) a serem parasitados e outro de 1 cm de diâmetro, denominado de orifício de conexão do tubo de emergência. As duas superfícies das placas de vidro com o filme seco de pesticida constituíram o fundo e a cobertura interiores da gaiola. As superfícies exteriores (não tratadas) das placas de vidro foram cobertas com papel cartão preto, com um quadrado central de 7 x 7 cm removido, constituindo a área de contato dos parasitóides com o produto em teste, em função da atração pela luminosidade. As gaiolas foram identificadas e envoltas por elástico para manter a fixação dos componentes (moldura, placas de vidro e papel cartão). Após três horas de montadas com fluxo de ar circulante, os tubos de emergência foram envolvidos com papel alumínio, sendo retirado o filme plástico de vedação e conectados aos orifícios de emergência. Passadas 20 horas de contato desconectaram-se os tubos de emergência lacrando-os novamente para posterior contagem de insetos no interior das gaiolas. O orifício de emergência foi vedado com fita adesiva sendo que 4 horas mais tarde, foram fornecidas cartelas identificadas, contendo posturas de S. frugiperda (± 400 ovos) com filetes de mel (Anexo 15). Essas cartelas foram retiradas do interior das gaiolas após mais 24 horas com auxílio de uma pinça e um pincel espanador sendo introduzidas em sacos plásticos transparentes com ar e, no mesmo instante, novas cartelas foram introduzidas, repetindo-se o mesmo procedimento de retirada e armazenagem. Após isso, as gaiolas foram desmontadas e o número de parasitóides no interior destas, averiguado para posterior aferição. Os ensaios foram conduzidos em delineamento inteiramente casualizado, com quatro repetições (Anexo 16), com diferentes inseticidas, herbicidas e fungicidas (Tabela 16), e testemunha. A viabilidade do parasitismo foi avaliada contando-se os ovos parasitados e os que efetivamente tiveram a emergência dos parasitóides, de forma que os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. A redução no parasitismo de T. remus em relação ao tratamento testemunha foi calculada pela equação E(%) = (1-Vt/Vc) x 100, onde: E(%) é a porcentagem de redução no parasitismo; Vt é o parasitismo médio para o tratamento testado e Vc é o parasitismo médio 69 observado para o tratamento testemunha e os agroquímicos classificados de acordo com as normas padronizadas pela IOBC em: classe 1 - inócuo (E < 30%); classe 2 - levemente nocivo (30% ≤ E ≤ 79%); classe 3 - moderadamente nocivo (80% ≤ E ≤ 99%); classe 4 - nocivo (E > 99%). (Hassan, 1992). Tabela 16. Produtos fitossanitários testados em adultos de Telenomus remus em condições de laboratório. Pesticidas Formulação Ingrediente ativo (i.a.) Grupo químico (g) i.a. ha-1 Inseticidas Acefato 750 PS Acefato Organofosforado 525 Cascade 100 EC Flufenoxurom Benzoiluréia 10 Connect 100/12,5 SC Imidacloprido + Beta-ciflutrina Neonicotinóide / Piretóide 100 + 12,5 Dimilin 80 WG Diflubenzurom Benzoiluréia 20 Intrepid 24 SC Metoxifenozide Diacilhidrazina 36 Lorsban 480 EC Clorpirifós Organofosforado 384 Stallion 150 CS Gama-cialotrina Piretróide 3,75 Talstar 100 EC Bifentrina Piretróide 5 Tracer 480 SC Espinosade Espinosinas 24 Alteza 240/30 SL Glifosato + imazetapir Glicina substituída / Imidazolinona 533,4* + 90 DMA 806 SL 2,4-D amina Ácido ariloxialcanóico 1209 Dual Gold 960 EC S-metolacloro Cloroacetanilida 1920 Flumyzin 50 WP Flumioxazina Ciclohexenodicarboximida 60 Gamit 500 EC Clomazona Isoxazolidinona 1000 Gliz 480 SL Glifosato Glicina substituída 2880* 100/200 SC Diurom + Dicloreto de paraquate Uréia / Bipiridilio 300 + 600 200 SL Dicloreto de paraquate Bipiridilio 600 R. Ready 480 SL Glifosato Glicina substituída 960* R. Transorb 648 SL Glifosato Glicina substituída 1920* 100/500 SC Flutriafol + Tiofanato metílico Triazol / Benzimidazol 60 + 300 500 SC Tiofanato metílico Benzimidazol 400 Derosal 500 SC Carbendazim Benzimidazol 250 Folicur 250 EC Tebuconazol Triazol 150 Herbicidas Gramocil Gramoxone Fungicidas Celeiro Cercobim Impact 125 SC Flutriafol Triazol 125 Nativo 100/200 SC Trifloxistrobina + Tebuconazol Estrobirulina / Triazol 60 + 120 Opera 50/133 SE Epoxiconazol + Piraclostrobina Triazol / Estrobirulina 30 + 79,8 Opus 125 SC Epoxiconazol Triazol 12,5 Priori 250 SC Azoxistrobina Estrobirulina 50 Estrobirulina / Triazol 60 + 24 Priori Xtra 200/80 SC Azoxistrobina + Ciproconazol * Ingrediente ativo expresso em equivalente ácido. 70 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os inseticidas diflubenzurom e flufenoxurom foram classificados como inócuos no primeiro DAE (Tabela 17), resultado esse, semelhante ao teste com T. pretiosum (capítulo 3). Porém, no dia seguinte foram considerados como levemente nocivos devido à menor percentagem do parasitismo. Tais produtos são do grupo dos reguladores de crescimento e geralmente, na literatura, são classificados como produtos seletivos (Santos et al., 2006), como observado nesse trabalho. Efeitos adversos de diflubenzurom sobre adultos de Trichogramma cacoeciae Marchal, 1927 (Hymenoptera: Trichogrammatidae) não foram verificados por Hassan et al. (1987). Entretanto, em trabalhos realizados por Bueno et al. (2008) com fases imaturas do parasitóide de ovos Trichogramma pretiosum Riley, 1879 (Hymenoptera: Trichogrammatidae) observaram que alguns inseticidas utilizados na cultura da soja, denominados reguladores de crescimento, atuaram de forma não seletiva, demonstrando a necessidade de realizar estudos para todas as fases do desenvolvimento e todas as doses recomendadas de produtos. Bueno e Freitas (2004) relataram que lufenurom, um produto regulador de crescimento, foi extremamente nocivo às fases de ovo e larva do predador Chrysoperla externa Hagen, 1861 (Neuroptera: Chrysopidae). Rocha e Carvalho (2004) atribuíram a classificação levemente nociva (classe 2) para lufenurom e triflumurom ao trabalharem com adultos de T. pretiosum. Outro produto utilizado e de mesmo agrupamento (regulador de crescimento), foi metoxifenoxide, classificado como inócuo (classe 1) e novamente o resultado apresentou-se condizente com o estudo do capítulo 3. Resultados similares foram obtidos por Giolo et al. (2007), que avaliando a seletividade de produtos comerciais destinados à cultura do pessegueiro ao parasitóide de ovos T. pretiosum, classificaram o ingrediente ativo metoxifenozide como inócuo (classe 1). Os piretróides gama-cialotrina e bifentrina são químicos neurotóxicos e normalmente, classificados como não seletivos, concordando com os resultados dessa pesquisa (Tabela 17). Ambos esses produtos reduziram o parasitismo a zero, sendo classificados como nocivos. Testando a seletividade de resíduos secos de produtos da citricultura, ao ácaro predador Iphiseiodes zuluagai Denmark e Muma, 1972 (Acari: Phytoseiidae), Reis et al. (1998) detectaram que os piretróides acrinatrina, bifentrina e fenpropatrina foram nocivos (classe 4). Trabalhando com produtos aplicados na cultura da macieira para o controle da mosca das frutas (Anastrepha fraterculus) Wiedemann, 1830 (Diptera: Tephritidae), Monteiro (2001) 71 demonstrou em seus experimentos que o piretróide deltametrina, provocou 100% de mortalidade ao ácaro predador Neoseiulus californicus Mcgregor, 1954 (Acari: Phytoseiidae). Acefato e clorpirifós foram nocivos (classe 4) (Tabela 17). São produtos pertencentes ao grupo químico organofosforado, sendo considerados altamente tóxicos, como mostrado no ensaio aqui realizado bem como no estudo do capítulo 3. Em pesquisa com acefato, através de imersão de folhas de laranjeira e posterior contato com adultos da vespa predadora Protonectarina sylveirae Saussure, 1854 (Hymenoptera: Vespidae) Galvan et al. (2002) constataram 100% de mortalidade. Com a finalidade de verificar o efeito de produtos fitossanitários empregados na plantação da seringueira aos inimigos naturais Euseius concordis Chant, 1959 (Acari: Phytoseiidae) e Neoseiulus anonymus Chant e Baker, 1965 (Acari: Phytoseiidae), Ferla e Moraes (2006) observaram que o ingrediente ativo acefato foi nocivo (classe 4), às duas espécies. Clorpirifós foi classificado como um inseticida altamente tóxico a adultos de T. cacoeciae por Hassan et al. (1988). A toxicidade de inseticidas organofosforados a adultos de Trichogramma spp. também foi constatada por Castelo Branco e França (1995). Tabela 17. Efeito de diferentes inseticidas sobre a mortalidade de adultos de Telenomus remus, criados em ovos de Spodoptera frugiperda, na redução do parasitismo (E), classificação segundo as normas da IOBC (C) e viabilidade do parasitismo observado um e dois dias após a emergência dos parasitóides (DAE). Tratamento Parasitismo (%)1 1 DAE Viabilidade (%)1 E (%) C 0,00 ± 0,00 c - 100 4 2 Parasitismo (%)1 2 DAE Viabilidade (%)1 E (%) C2 0,00 ± 0,00 b - 100 4 0,00 ± 0,00 b - Ensaio 1 1. Acefato 2. Clorpirifós - 100 4 3. Diflubenzurom 83,95 ± 3,37a 83,61 ± 2,55a 7,05 1 4. Espinosade 26,53 ± 3,79 b 82,29 ± 2,92a 70,6 2 5. Flufenoxurom 65,17 ± 14,20a 62,27 ±20,68a 27,8 1 6. Gama-cialotrina 0,00 ± 0,00 c 0,00 ± 0,00 b - 26,13 ± 15,95 b 67,70 ± 7,68a 100 4 76,9 2 100 4 69,3 2 - 100 4 0,00 ± 0,00 b - 100 4 7. Metoxifenoside 36 81,36 ± 8,09a 72,63 ± 6,52a 9,93 1 86,10 ± 8,03a 91,52 ± 2,84a 0 1 8. Testemunha 90,32 ± 4,13a 85,17 ± 4,09a CV (%) Ensaio 2 1. Beta-ciflutrina + Imidacloprido 2. Bifentrina 3. Testemunha CV (%) 0,00 ± 0,00 c 19,67 ± 11,38 b 64,47 ± 1,16a 84,53 ± 3,37a - - 81,92 ± 5,91a - - 25,64 21,46 - - 51,25 13,04 - - 1,36 ± 1,36 b 100 ± 100a 98,2 3 0,00 ± 0,00 b - 100 4 0,00 ± 0,00 b - 100 4 0,00 ± 0,00 b - 100 4 - - 60,95 ± 2,67 b 78,83 ± 5,69a - - - - 14,93 - - 76,17 ± 6,56a 14,42 77,79 ± 5,60a 13,61 1 29,70 Médias seguidas pela mesma letra na coluna, no mesmo ensaio, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P > 0.05); 2Classe 1 - inócuo (E < 30%), classe 2 - levemente nocivo (30 ≤ E ≤ 79%), classe 3 moderadamente nocivo (80 ≤ E ≤ 99%), classe 4 - nocivo (E > 99%). 72 O produto espinosade apresentou-se levemente nocivo no primeiro DAE, sendo que, tornou-se nocivo no dia seguinte (Tabela 17). Resultados esses bem próximos ao trabalho com T. pretiosum (capítulo 3). A sobrevivência de T. pretiosum, em contato com espinosade pulverizado sobre folhas de algodão, foi significativamente reduzida em relação ao controle (Ruberson e Tillman, 1999). O inseticida espinosade apresentou impacto na população dos parasitóides Diadegma leontiniae Brethes, 1923 (Hymenoptera: Ichneumonidae) Apanteles sp., Actia sp. e Oomyzus sokolowskii, Kurdjumov (Hymenoptera: Eulophidae) quando foram amostradas larvas de Plutella xylostella Linnaeus, 1758 (Lepdoptera: Plutellidae) em cabeças de repolho (Villas Bôas et al., 2004). O tratamento com beta-ciflutrina + imidacloprido demonstrou resultado idêntico ao capítulo 3 no qual o produto foi considerado moderadamente nocivo no primeiro DAE e nocivo no dia seguinte (Tabela 17). Tal produto resulta na ação conjunta de um inseticida do grupo dos piretróides e outro do grupo dos neonicotinóides, respectivamente. Agem no sistema nervoso dos insetos e são descritos na literatura como ingredientes ativos não seletivos, confirmado por esse trabalho. Trabalhando com a cultura do algodão Sujii et al. (2007), relataram que o uso de inseticidas químicos como o imidaclopride controlou satisfatoriamente a população de lagartas Alabama argillacea Hübner, 1818 (Lepidoptera: Noctuidae) apenas na primeira geração, o que pode estar relacionado à menor incidência de parasitismo neste tratamento quando comparado com a testemunha, nas gerações seguintes. Ao ressaltar a importância de produtos seletivos a serem usados no Manejo Integrado de Pragas da soja, deve-se considerar não somente os inseticidas, mas também os herbicidas e fungicidas, que normalmente são negligenciados neste requisito e, muitas vezes, podem ter impactos negativos aos inimigos naturais contribuindo, assim, para o desequilíbrio do agroecossistema (Santos et al., 2006). Deve-se frizar o aumento da utilização de herbicidas por conta da introdução de variedades RR e da prática legislativa do vazio sanitário, bem como as aplicações de fungicidas, que quase não eram realizadas na cultura, passaram a ser comuns após a ocorrência da ferrugem asiática e podem estar afetando direta ou indiretamente a presença dos inimigos naturais no agroecossistema. Dentre os herbicidas testados (Tabela 18), flumioxazina, S-metalocloro, glifosato + imazetapir e 2,4-D amina foram inócuos, sendo esse resultado semelhante ao encontrado no capítulo 3. Os produtos a base de glifosato: Roundup Ready®, R. Transorb® e Gliz 480® causaram uma redução de parasitismo significativa no segundo DAE dos insetos. As classificações de seletividade dos diferentes produtos comerciais que contém o glifosato são 73 dependentes do tipo de sal de suas formulações, sendo que, os produtos testados, Roundup Original®, Roundup Transorb® e Gliz 480® CS (sal isopropilamina) com classificação moderadamente nociva (classe 3) e Roundup WG® (sal de amônio) como levemente nocivo (classe 2), à T. pretiosum, obtiveram resultados semelhantes aos encontrados neste estudo para T. remus nas doses recomendadas para a cultura da soja (Giolo et al., 2005). Dicloreto de paraquate + diurom e clomazona reduziram o parasitismo no segundo DAE (classe 3). Dicloreto de paraquate foi nocivo, diferindo de dicloreto de paraquate + diurom talvez pela presença de diurom ou por apresentar diferentes constituintes inertes, em sua composição. Resultado bem similar ao encontrado no capítulo 3. Estudo feito com exposição de adultos de T. pretiosum a resíduos secos de herbicidas utilizados na cultura do milho detectou que o produto dicloreto de paraquate foi nocivo (classe 4) a este parasitóide (Stefanello Júnior et al., 2008). Tabela 18. Efeito de diferentes herbicidas sobre a mortalidade de adultos de Telenomus remus, criados em ovos de Spodoptera frugiperda, na redução do parasitismo (E), classificação segundo as normas da IOBC (C) e viabilidade do parasitismo observado um e dois dias após a emergência dos parasitóides (DAE). Tratamento Parasitismo (%)1 1 DAE Viabilidade (%)1 E (%) C2 Parasitismo (%)1,3 2 DAE Viabilidade (%)1 E (%) C2 - 100 4 92,25 3 0 1 Ensaio 4 1. Dicloreto de paraquate 4,83 ± 2,84 b 88,97 ± 4,97a 93,61 2. Dicloreto de paraquate 74,71 ± 1,18a 79,73 ± 6,45a 1,13 + Diurom 3. 2,4-D amina 83,93 ± 3,23a 90,36 ± 3,41a 0 1 4. Clomazona 86,08 ± 2,90a 91,61 ± 1,31a 0 1 8,43 ± 5,34 bc 96,30 ± 2,10a 86,32 3 5. Glifosato (R.Original) 86,92 ± 3,98a 93,39 ± 0,75a 0 1 5,43 ± 5,12 bc 91,99 ± 6,68a 91,18 3 6. Glifosato + Imazetapir 68,19 ± 7,23a 88,34 ± 5,54a 9,76 1 83,70 ± 5,44a 7. S-metalacloro 81,52 ± 5,06a 87,97 ± 5,20a 0 1 38,31 ± 22,70 bc 88,52 ± 1,48a 8. Testemunha 75,56 ± 5,24a 86,59 ± 3,70a CV(%) 11,02 8,74 3 0,00 ± 0,00 c 1 4,78 ± 4,78 bc 88,51 ± 4,42a 68,03 ± 21,00ab 78,82 ± 6,20a 91,35 ± 2,90a 0 1 37,82 2 - - 61,60 ± 12,99ab 86,16 ± 6,84a - - - - 55,84 10,56 - - 0 1 Ensaio 5 1. Flumioxazina 76,19 ± 13,40a 69,99 ± 7,86a 2. Glifosato (Gliz) 74,59 ± 12,54a 80,28 ± 9,31a 3. Glifosato (R.Transorb) 91,90 ± 3,82a 91,86 ± 1,29a 4. Testemunha CV(%) 76,17 ± 6,56a 77,79 ± 5,60a 14,42 13,61 24,61 ± 2,69 b 2,08 1 0,00 ± 0,00 c 0 - 1 - 0,00 ± 0,00 c 60,95 ± 2,67a - - 29,70 1 76,40 ± 10,13a 56,62 2 - 100 4 - 100 - 4 - - - 78,83 ± 5,69a 14,93 Médias seguidas pela mesma letra na coluna, no mesmo ensaio, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P>0.05); 2Classe 1 - inócuo (E < 30%), classe 2 - levemente nocivo (30% ≤ E ≤ 79%), classe 3 moderadamente nocivo (80% ≤ E ≤ 99%), classe 4 - nocivo (E > 99%); 3Estatística realizada nos dados transformados em √(X+0,5). 74 Todos os fungicidas testados foram seletivos ao adulto de T. remus (Tabela 19). Notase que para esses produtos, o parasitóide T. remus apresentou uma ligeira maior resistência quando comparado a T. pretiosum (capítulo 3). Resultados semelhantes foram obtidos por Manzoni et al. (2007) quando trabalharam com seletividade de produtos na produção integrada de maçã aos parasitódes T. pretiosum e T. atopovirilia. Tabela 19. Efeito de diferentes fungicidas sobre a mortalidade de adultos de Telenomus remus, criados em ovos de Spodoptera frugiperda, na redução do parasitismo (E), classificação, segundo as normas da IOBC (C) e viabilidade do parasitismo observado um e dois dias após a emergência dos parasitóides (DAE). Tratamento (g) de i.a. ha-1 Ensaio 6 1. Azoxistrobina 2. Azoxistrobina + Ciproconazole 3. Carbendazin 4. Epoxiconazol + Piraclostrobina 5. Tebuconazol 6. Tebuconazol + Trifloxistrobina 7. Tiofanato metílico 8. Testemunha CV (%) Parasitismo (%)1 1 DAE Viabilidade (%)1 E (%) C2 Parasitismo (%)1 2 DAE Viabilidade (%)1 E (%) 46,00 ± 12,82a 71,41 ± 11,94a 14,81 1 42,13 ± 8,61a 83,57 ± 4,27a 23,41 1 49,25 ± 11,64a 83,43 ± 5,44a 8,79 1 20,25 ± 14,25a 68,66 ± 26,99a 63,18 2 46,83 ± 13,91a 71,23 ± 10,22a 13,27 1 49,13 ± 6,92a 90,44 ± 4,24a 10,68 1 48,50 ± 1,15a 97,86 ± 1,65a 10,19 1 39,00 ± 12,20a 91,30 ± 1,30a 29,09 1 64,67 ± 2,20a 87,07 ± 5,30a 0 1 45,25 ± 5,25a 86,95 ± 1,80a 17,73 1 61,00 ± 7,05a 85,84 ± 1,99a 0 1 50,00 ± 5,97a 87,53 ± 2,19a 9,09 1 57,38 ± 7,42a 73,49 ± 9,77a 0 1 28,50 ± 7,32a 89,42 ± 3,69a 48,18 2 54,00 ± 2,93a 70,38 ± 6,35a - - 55,00 ± 5,96a 83,75 ± 3,66a - - 30,63 17,28 - - 37,83 12,81 - - C2 Ensaio 7 1. Flutriafol 2. Flutriafol + Tiofanatometílico 3. Testemunha CV (%) 66,70 ±13,81a 74,70 ±10,22a 6,48 1 81,32 ± 7,93a 97,40 ± 2,10a 8,53 1 75,78 ± 7,64a 91,89 ± 2,59 a 0 1 83,85 ± 10,07a 92,69 ± 2,13a 5,69 1 71,32 ± 6,18a 72,03 ± 1,85a - - 88,91 ± 10,01a 83,12 ± 8,30a - - 10,75 - - 16,86 7,41 - - 22,59 Ensaio 8 1. Epoxiconazol 84,48 ± 5,15a 87,02 ± 3,45a 0 1 79,93 ± 7,78a 88,93 ± 4,34a 0 1 2. Testemunha 76,17 ± 6,56a 77,79 ± 5,60a - - 60,95 ± 2,67 b 78,83 ± 5,69a - - 14,42 13,61 - - 29,70 14,93 - - CV(%) 1 Médias seguidas pela mesma letra na coluna, no mesmo ensaio, não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P>0.05). 2Classe 1 - inócuo (E < 30%), classe 2 - levemente nocivo (30% ≤ E ≤ 79%), classe 3 moderadamente nocivo (80% ≤ E ≤ 99%), classe 4 - nocivo (E > 99%). 75 4. CONCLUSÃO Os inseticidas diflubenzurom, flufenoxurom, metoxifenozide, bem como os herbicidas 2,4-D amina, flumioxazina, S-metolacloro, glifosato + imazetapir e todos os fungicidas testados nesse trabalho, são inócuos à adultos de Telenomus remus. Clorpirifós, acefato, betaciflutrina + imidacloprido, espinosade, gama-cialotrina, bifentrina e dicloreto de paraquate são nocivos ao parasitóide de ovos Telenomus remus; Os produtos glifosatos a base de sal isopropilamina, apresentam-se nocivos após o primeiro dia de emergência dos insetos. Os resultados obtidos nesse experimento adaptado às normas padronizadas IOBC, são semelhantes a outros trabalhos conduzidos com diferentes inimigos naturais. 76 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BUENO, A.F.; BUENO, R.C.O.F.; PARRA, J.R.P.; VIEIRA, S.S. Effects of pesticides used in soybean crops to the egg parasitoid Trichogramma pretiosum. Ciência Rural, v.38, n.6, no prelo, 2008. BUENO, A.F.; FREITAS, S. Effect of the insecticides abamectin and lufenuron on eggs and larvae of Chrysoperla externa under laboratory conditions. BioControl v.49,p.277–283, 2004. CASTELO BRANCO, M.; FRANÇA, F. Impacto de inseticidas e bioinseticidas sobre adultos de Trichogramma pretiosum. 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As espécies aqui estudadas, não apresentaram diferenças acentuadas de comportamento, frente à aplicação dos produtos, mas vale ressaltar que a fase adulta de ambas, apresenta-se mais sensível quando comparada às fases imaturas, devido estas estarem mais protegidas e que os fungicidas e herbicidas avaliados neste estudo possuem propriedade seletiva maior, que os inseticidas aqui testados. É importante ainda, salientar que nas condições de laboratório, as formas imatura e adulta dos parasitóides de ovos T. remus e T. pretiosum foram submetidos à máxima exposição aos produtos. Sendo assim, os produtos considerados seletivos serão, com certeza, também seletivos em condições de campo. Entretanto, os compostos que se revelaram nocivos podem ter seus efeitos negativos reduzidos quando aplicados em situação de campo devido a uma grande diversidade de fatores como a presença de abrigos e o fato de que a degradação dos compostos pela ação da luz, geralmente é acelerada em condições de campo. Por isso, recomenda-se que os inseticidas, herbicidas e fungicidas classificados como 2, 3 e 4, em laboratório, devem avançar na seqüência dos testes propostos pela IOBC, sendo avaliados em testes a campo, em condições específicas da cultura da soja e sistema de manejo. A metodologia IOBC adaptada e testada para o parasitóide T. remus proporcionou resultados semelhantes ao trabalho conduzido com T. pretiosum. Sendo assim, fica como uma sugestão para novos trabalhos envolvendo a seletividade de produtos. Uma conduta eficaz no manejo integrado de pragas na cultura da soja requer conhecimento dos insetos-praga, bem como de suas populações de nível de controle e principalmente, a conciência de aplicação de produtos fitossanitários seletivos aos inimigos naturais. 81 ANEXOS 82 ANEXO 1. Cartela com ovos de Anagasta kuehniella parasitados por Trichogramma pretiosum. ANEXO 2. Gaiola de contato preparada para teste de avaliação do efeito de inseticidas a fase de pupa de Trichogramma pretiosum. ANEXO 3. Exaustor de gases formados no interior das gaiolas de contato. 83 ANEXO 4. Equipamento com luz ultravioleta para inviabilização de ovos de Anagasta kuehniella. ANEXO 5. Tubo de emergência contendo Trichogramma pretiosum na fase de pupa. ANEXO 6. Aplicação de produtos fitossanitários com equipamento de pressão em placas vidro. 84 ANEXO 7. Gaiola de contato padronizada pela IOBC. ANEXO 8. Tubo de emergência recoberto com papel alumínio. ANEXO 9. Tubo de emergência conectado à gaiola de contato. 85 ANEXO 10. Cartela contendo ovos inviabilizados de Anagasta kuehniella e mel. ANEXO 11. Cartela com postura de Spodoptera frugiperda parasitada por Telenomus remus. ANEXO 12. Imersão de cartela com ovos parasitados em calda fitossanitária. 86 ANEXO 13. Cartela introduzida em saco plástico após imersão e secagem. ANEXO 14. Tubos de emergência contendo Telenomus remus na fase de desenvolvimento de pupa. ANEXO 15. Cartela identificada contendo postura de Spodoptera frugiperda e mel. 87 ANEXO 16. Prateleira de metal contendo ensaio com gaiolas padronizadas pela IOBC. 88