A INSERÇÃO DO FENÔMENO DE CORRENTES DE DENSIDADE NA MECÂNICA DOS FLUIDOS AMBIENTAL Alexandre Augusto Barbosa Departamento de Engenharia Mecânica, Instituto de Engenharia Mecânica, EFEI 37500-000, Itajubá - MG, Brasil, tel: (035) 629-1153 Fazal Hussain Chaudhry Departamento de Hidráulica e Saneamento, Escola de Engenharia de São Carlos, USP São Carlos - SP, Brasil RESUMO INTRODUÇÃO A consciência para um tratamento adequado ao meio ambiente está se tornando cada vez maior desde os finais da década de 70, e para isso é necessária uma interdisciplinaridade entre os ramos da ciência para que este tratamento seja o mais eficaz. Hoje em dia a engenharia ambiental torna-se a ferramenta de larga utilização quando menciona-se proteção aos recursos naturais. Dentro dela a Mecânica dos Fluidos ocupa um lugar de destaque pelo fato de que estuda elementos que ocupam grande parte de nosso planeta. A Mecânica dos Fluidos Ambiental permite prever as respostas de sistemas ambientais às intervenções devido às obras ou outros controles. O estudo de correntes de densidade é uma classe de problemas relacionados aos escoamentos estratificados. Correntes de densidade ou correntes de gravidade são o resultado da interação entre dois ou mais fluidos de diferentes densidades, fato este que acontece em larga escala na natureza. Estas diferenças de densidades podem ser resultado de fluidos de diferentes temperaturas, diferentes concentrações de sedimentos em suspensão ou concentrações de sólidos dissolvidos, diferentes salinidades, ou de fluidos distintos. O assunto pode ser estudado nos mais diferentes campos da ciência :geofísica, hidráulica, limnologia, transferência de calor e massa, previsão do tempo,etc. Sua aplicação no gerenciamento ambiental vem despertando interesse cada vez maior. Este trabalho tem como objetivos principais uma revisão das principais características das correntes de densidade, bem como a importância destas para um controle ambiental. Podemos nos deparar com correntes de densidade resultantes de influxos densos e influxos pouco densos, ocorrendo em lagos e reservatórios estratificados ou não. Zonas de fluxo 1 2 3 4 5 θ FIGURA 1 - Propagação de uma corrente de densidade em um reservatório Os estudos principais se encontram em correntes de densidade que se propagam no fundo inclinado do reservatório, conforme mostra a figura 1. O fluxo inicial (zona 1) consiste de um fluxo de densidade ρo e pode ser analisado usando fluxos hidráulicos em camadas simples . Para uma posição determinada por um balanço entre a quantidade de movimento do influxo e a pressão resultante da diferença de densidade entre o influxo e a água receptora, o influxo pode vir a se tornar um fluxo superficial ou submergir abaixo da superfície (zona 2). Depois do ponto de submersão, tomam-se lugar 2 tipos de fluxo: mistura através da interface da corrente de densidade e diluição do fluxo da corrente de densidade. Dentro da zona 3 o fluxo inicial consiste de uma corrente de densidade de fundo propagando-se declive abaixo. Os fatores que afetam a velocidade de propagação da cabeça, a espessura da cabeça e a espessura do fluxo submerso atrás da cabeça foram inicialmente investigados por vários pesquisadores. Depois da passagem da cabeça um fluxo permanente toma lugar. Se o reservatório for estratificado, o denso fluxo submerso pode se estender a uma profundidade do reservatório onde este fluxo submerso atinge um equilíbrio estável em relação aos seus arredores. Para este ponto (zona 4), a corrente de densidade pode se separar do substrato em declive e formar uma intrusão ou interfluxo. Os fatores que afetam esta separação são similares àqueles que afetam a submersão na zona 2. Embora um grande número de experimentos para formação de intrusões em reservatórios com 2 bem definidas camadas de estratificação tenham sido reportados, pequeno é o conhecimento acerca de um processo mais complexo de formação de intrusões em reservatórios continuamente estratificados. Estudos teóricos e experimentais da propagação de intrusões (zona 5) também têm sido relatados na literatura. Em reservatórios com camadas de diversas densidades ou continuamente estratificados, a velocidade de intrusão é limitada pela onda interna de propagação à frente de intrusão. A forma específica do fenômeno de corrente de densidade mostrado na figura 1 dependerá principalmente da definição se o influxo é permanente ou não, contínuo ou instantâneo em relação ao influxo flutuante Bo = g'Qo (zona 1); onde Qo é a taxa de influxo e g' = g ∆ρ ρo é a redução da aceleração da gravidade, baseada na diferença de densidade entre o influxo e uma densidade de água representativa do reservatório, ∆ρ = ρ o − ρ 1 . Em decorrência, a corrente de densidade pode ocasionar um fluxo flutuante e uma taxa de fluxo submerso que variam com a distância. O fluxo pode ser conservativo ou não, dependendo de deposição ou erosão.Também pode ser dentro de um canal de largura constante (correntes de densidade bidimensionais) ou pode se espalhar lateralmente ao entrar em um largo reservatório vinda de um rio de canal estreito (correntes tridimensionais). As correntes de densidade podem ser confinadas verticalmente em reservatórios rasos ou pelas camadas de estratificações nos reservatórios. Se o influxo é flutuante na superfície, ele irá se separar de seu leito em aclive e formar uma corrente em espalhamento. A diferença de densidade entre a corrente de densidade e seus arredores tem como função dupla controlar a velocidade de propagação e a espessura da cabeça e as características do fluxo submerso. O gradiente de pressão que governa a corrente declive abaixo é baseado em g’senθ. No caso de fluxos submersos uniformes, a força devido a este gradiente é contrabalanceada pelas tensões cisalhantes nos contornos e nas interfaces. Na maioria das aplicações ambientais o fluxo declive abaixo poderá ser turbulento, e troca turbulenta de fluido e quantidade de movimento poderá ocorrer através da interface da corrente de densidade. A natureza laminar ou turbulenta do fluxo pode ser determinada pelo valor do número de Reynolds; se este for maior que 103, haverá fluxo turbulento perto do contorno sólido. Entretanto, quantidade de mistura interfacial e a intensidade turbulenta na interface também dependerão da estabilidade interfacial. Isto é uma função do cisalhamento através da interface e do gradiente de pressão hidrostática perpendicular à interface, esta última igual a g’cosθ. Se o gradiente de densidade interfacial é grande e o cisalhamento interfacial pequeno, não haverá turbulência na interface e com isso esta região terá condições laminares. A estabilidade da interface pode ser expressa na forma do número de Richardson: Ri = g ′h U 2 cos θ (1) Diminuindo Ri, incrementa-se a intensidade de mistura na interface. Isto por sua vez incrementa a entrada do fluido de baixo momento na corrente de densidade representando um efetivo incremento no arrasto interfacial (Ellison e Turner, 1959). Esta dupla função da flutuação, acelerando e desestabilizando (componente g’senθ) e amortecendo e estabilizando (componente g’cosθ) é um aspecto chave na dinâmica das correntes de densidade. Ocorrência em Lagos e Reservatórios O problema de influxos correntes de densidade tem importantes aplicações em reservatórios e controle da qualidade de água. Conhecendo como os contaminantes no influxo (sais dissolvidos, excesso de calor, sólidos em suspensão, químicos) são transportados e dispersos, possíveis decisões podem ser acatadas quanto às colocações em diferentes níveis no reservatório de tomadas para o abastecimento municipal, irrigação, etc. Os parâmetros da corrente da densidade, ou seja, velocidade de propagação, espessura, diluição, pontos de submersão e separação, podem ser usados para determinar a qualidade da água em diferentes profundidades. Ford et al. (1983) proporcionaram um sumário detalhado de observações de correntes de densidade em lagos e reservatórios. Hebbert et al. (1979) mediram o influxo de baixa temperatura, alta salinidade no Reservatório Wellington (Austrália). O Tennessee Valley Authrority (TVA) têm documentado correntes de densidade em 17 de seus reservatórios em termos de temperatura, alcalinidade e concentrações de cloro .Altinakar et al. (1990) realizaram ensaios sobre correntes túrbidas para a obtenção da quantidade de sedimento depositado no fundo de um declive. Devido ao fato de que as velocidades dentro das correntes de densidade são abaixo do nível de detecção da maioria dos sensores, medidas quantitativas dos perfis de velocidade não são usualmente relatadas. Alavian e Ostrowski (1992) conseguiram detalhadas medidas de velocidade e temperatura nos reservatórios de Watts Bar e Melton Hill com a passagem de uma corrente de densidade através do sistema de reservatório da TVA. Fenômenos semelhantes às correntes de densidade são encontrados em tanques de decantação e estações de tratamento de esgoto. Em tanques de resfriamento, os influxos são tipicamente menos densos que as águas receptoras, de modo que se forma uma corrente de densidade flutuante na superfície. O grau de diluição de água quente na região inicial e a convecção penetrativa determinarão o grau de eficiência e o custo de operação de uma usina termelétrica. Outras ocorrências, tais como, frentes frias, brisas do mar, tempestades de areia, fluxos de lava, de água e lama, de rios túrbidos e de magma também constituem correntes de densidade. PRINCIPAIS ZONAS DE FLUXO Nas considerações que se seguem, os subscritos das grandezas referem-se: o = influxo s = fluxo superficial p = fluxo de submersão b = fluxo submerso i = intrusão n = normal Fluxo Superficial O fluxo superficial acontece quando o progresso de um influxo mais leve que o meio receptor é impedido por forças de sustentação. Na região de grandes quantidades de movimento do fluido o fluxo é predominantemente função da declividade e da vazão da fonte. O escoamento, a partir de um certo ponto em que o número de Richardson tende a um valor constante e a taxa de mistura tende a um valor nulo,é considerado como um escoamento turbulento livre ( fluxo estratificado em 2 camadas) e forças cisalhantes são as principais a serem estudadas. Este tipo de fluxo tem como principais fatores governantes: quantidade de movimento da descarga, flutuação da descarga, difusão devido à turbulência, estratificação do meio receptor, estrutura das correntes no reservatório, contornos sólidos, troca de calor na superfície. Na análise do fluxo superficial (numa vista lateral do reservatório) são parâmetros importantes : a localização do ponto de separação, a espessura do fluxo superficial e a velocidade de propagação (figura 2). FIGURA 2 - Escoamento superficial em um reservatório Na separação as forças de sustentação são maiores que forças advectivas e o influxo flutua na superfície do ambiente aquático espalhando-se em todas as direções. Safaie (1979) desenvolveu uma relação empírica para a profundidade para a qual ocorre a separação: hs = 0,914ho Fo (2) onde: hs = profundidade de separação, ho = profundidade do influxo, Fo = número de Froude do influxo. 1/ 2 A espessura do fluxo após o ressalto hidráulico pode vir a se tornar uniforme quando o influxo for contínuo e com o respectivo número de Richardson tendendo a um valor “normal”. Duas outras importantes características de um fluxo superficial são sua espessura e sua velocidade de propagação. Koh (1976) determinou que para uma descarga contínua bidimensional, onde forças de inércia e de sustentação se contrabalanceiam (antes do domínio de tensões interfaciais), a velocidade de propagação é dada por: Us = 103 , ( g' qo ) 1/ 3 (3) [m2/s]. onde: qo = fluxo por unidade de largura Estas equações devem ser usadas com cautela, pelo fato de que seus pressupostos básicos não são verificados. Além disso, transferência de calor na interface ar-água e tensões cisalhantes devido ao vento induzem mistura vertical que pode rapidamente eliminar o fluxo superficial resultando na inaplicabilidade destas equações. interface na região de transição entre as 2 seções poderá ser determinada. Isto implicará na estabilidade da posição do ponto (ou linha) de submersão. Vários modelos simplificados foram propostos para prever o ponto no qual o influxo submerge sob a água do lago ou reservatório. Todos estes modelos têm como condições : • fluxo uniforme e permanente; • perfis de velocidade uniformes; • largura e densidade constantes para lagos e/ou reservatórios; • sem mistura na interface. Uma expressão geral para a profundidade do ponto de submersão é dada por: Fluxo de Submersão 2 O fluxo de submersão ocorre quando um influxo mais pesado que o do meio receptor é retido por forças de sustentação (zona 2-figura 1). Na maioria dos casos de um fluxo pesado entrando em um lago ou reservatório a largura do fluxo irá aumentar com a distância corrente abaixo em relação à desembocadura do rio e assim, o processo de submersão será tridimensional. Quando da formação da corrente de densidade, a profundidade desta poderá ser determinada pelas características do influxo da fonte, pelos atritos na interface e pela taxa de mistura na interface. A estabilidade do ponto de submersão dependerá da estabilidade na posição da interface, que por sua vez depende do balanço de forças no campo de escoamento (superfície livre e interface como contorno superior e fundo como contorno inferior). A configuração da interface dependerá somente da declividade do fundo e características do influxo. q hp = 12 o Fo g ′ (4) Fluxo Submerso Após a região de submersão a corrente de densidade está estabelecida (zona 3 - figura 1). A dinâmica do fluxo submerso dependerá da topografia do fundo e da estratificação do ambiente. Três tipos de correntes podem ser estudadas: 1) correntes de densidade bidimensionais (delimitada por paredes laterais); 2) correntes de densidade tridimensionais (não delimitada lateralmente); 3) correntes de densidade em um canal de rio com seção transversal triangular; Em cada um destes casos o fenômeno é caracterizado por um número de Richardson constante. As equações diferenciais para correntes em regime permanente (figura 4) foram primeiramente estabelecidas por Ellison e Turner (1959): FIGURA 3 - Definição da zona de submersão. Se um comprimento suficiente do fundo existir, haverá a formação de uma corrente de densidade uniforme representando o balanço entre forças de gravidade e forças de atrito.Portanto, se as forças entre as seções 1-1 e 2-2 na figura 3 estão equilibradas, a localização da figura 4 - Configuração de uma corrente de densidade tridimensional d U h = EU ( ) b dx b b (5) ( ) ( ) d U 2h = −C U 2 − 1 d S g′h 2 cos θ + S g′h sen θ (6) d b 2 b dx b b 2 dx 1 b d g ′U h = 0 (7) ( b b) dx onde: E = coeficiente de entrada = razão entre velocidade de entrada Ve e velocidade principal Ub);Cd = coeficiente de arrasto para a tensão cisalhante no fundo; S1 e S2 =constantes para a não-uniformidade dos perfis de densidade; Ub e hb = velocidade e espessura do fluxo submerso. Para fluxos em equilíbrio, o número de Richardson é independente de x e o valor do número de Richardson é chamado de valor normal Rin: Rin = En + Cd S2 tan θ − 1 S1 En 2 (8) ⎛ 3hb ⎞ − 1⎟ E − Cd ⎜ ⎝ bb ⎠ Rin = h ⎛ ⎞ 3 b S E − S tan θ ⎜1 + ⎟ 2 2 bb ⎠ 1 ⎝ (13) E ( Rin ) ∝ (14) 1 ⎛ B h cos θ ⎞ 3 Ub = ⎜ b b (15) ⎟ ⎝ ARi ⎠ onde: b e A são a largura e a área da corrente de densidade. Para pequenos valores de E (pouca declividade), h e b tendem a ser constantes a partir de um ponto a jusante e o número de Richardson: Rin = (9) hn = En ( x − xo ) + ho (10) A velocidade normal do fluxo é uma constante: 1/ 3 (11) O principal destes resultados é uma relação funcional entre a taxa de entrada E e o número de Richardson, Ri. Dados experimentais (Alavian et al.,1992), tomados sobre uma grande variedade de condições de fluxo, números de Reynolds, rugosidades de paredes e agentes de sustentação (sal, etc.), mostram um grande número de relações. A mais usada é a lei potencial: E = Eo Ri −1 (16) Rin = Cd + E S2 tan θ − S1 E (17) Interfluxo Integrando: ⎛ g ′U b hb cos θ ⎞ Un = ⎜ ⎟ Rin ⎝ ⎠ Cd S2 tan θ Para grandes declives: A equação para a profundidade normal hn: dhn = En dx dhb db ∝1 b dx 3 dx (12) Estas relações para E = f(Ri) são válidas para números de Reynolds elevados e razões g`/g pequenas. Para correntes tridimensionais (Alavian, 1986) temos: Se a densidade do fluxo submerso for parecida com a densidade de uma camada em um ambiente estratificado em repouso, o fluxo de densidade irá se separar do fundo e propagar-se horizontalmente nesta camada. O fenômeno de intrusão devido às correntes de densidade é análogo ao problema da retirada seletiva em tanques e reservatórios (Imberger et al., 1976). Neste caso o fenômeno é governado por relações entre forças viscosas e de inércia e pelo número de Prandtl. Através do seguinte parâmetro adimensional : R = Fi Gr 1/ 3 (18) onde: Fi = número de Froude densimétrico da intrusão e Gr = número de Grashof. Nestes dois adimensionais: qi = influxo por unidade de largura;C = comprimento do reservatório; N = freqüência de flutuação ou de Brunt-Väisälä (tomada sobre a espessura da intrusão, hi). Com o auxílio do parâmetro R podem ser 3 tipos de regime para as intrusões: 1) Para R > 1, há o domínio do equilíbrio entre forças de inércia e de sustentação : 2) Quando Pr-5/6 < R < 1, viscosidade e forças de flutuação dominam: 3) Quando R < Pr-5/6, viscosidade e difusão dominam. Os valores para os comprimentos, velocidades e espessuras das intrusões são apresentados na Tabela 1. Tabela 1 - Principais características das intrusões regimes comprimento velocidade espessura 1 2 1 2 13 1 0,44( qi N ) t 0194 , ( g'i hi ) ⎛ qi 2 ⎞ 2,99⎜⎜ ⎟⎟ ⎝ g 'i ⎠ 2 5 1 x 2 0,57CR 3 t 6 5,5CGr 6 3 3 ςCR 4 Gr 1 8 x 1 CR 5 Gr 1 6 O problema do regime não-permanente Em trabalhos teóricos mais recentes, entretanto com resultados comparados aos trabalhos experimentais já citados e outros mais antigos, têm-se procurado o desenvolvimento de métodos numéricos para a previsão de velocidades e profundidades do fluxo submerso em toda a extensão do declive quando da propagação da corrente de densidade, isto é, antes do estabelecimento de um fluxo permanente. Nesta propagação é interessante o estudo temporal das variáveis principais desmembrando em 2 partes a corrente de densidade : corpo e cabeça. A figura 5 retrata esta proposição. A região logo atrás da cabeça e superior ao corpo da corrente é uma zona de baixa densidade devido à mistura com o meio receptor. Através de análise dimensional temos que a velocidade de propagação da parte anterior da cabeça é dada por U c∗ = Uc 1 ( g ′qo ) 3 Segundo Britter e Linden (1980) esta velocidade depende pouco do ângulo do declive θ. Em seus trabalhos dhc experimentais verificaram que cresce linearmente à dx jusante e que esta relação é uma função linear de θ. O fato dhc dhb de que é bem maior que (este tende a ser dx dx constante) se deve a uma intensa mistura na região da cabeça e ao influxo da região do corpo da corrente para a parte da cabeça. Akiyama et al. (1994) desenvolveram um modelo numérico bidimensional híbrido formulado com base no método das características para o corpo da corrente e o método de Runge-Kutta-Gill para a cabeça. Seu modelo foi calibrado com dados experimentais existentes. Alguns resultados experimentais são também mostrados para comparação com os simulados; contudo, a simulação não é comparada a uma grande variedade de dados experimentais que refletissem amplas variações das características de fluxo, do reservatório e da fonte. Choi e Garcia (1995) trabalharam com o método dos elementos finitos acoplado à técnica de PetrovGalerkin para correntes túrbidas utilizando um sistema hiperbólico de 3 equações quase-bidimensionais, as quais são : continuidade, quantidade de movimento e conservação de massa para a deposição de sedimento no fundo do declive. Todas as equações retratam regimes não-permanentes. Suas simulações são comparadas com valores experimentais de outros autores e elas prevêem velocidades de propagação da cabeça e do corpo da corrente de densidade bem como a quantidade de material depositado. RECOMENDAÇÕES FIGURA 5 - Propagação da cabeça da corrente de densidade num declive. De Akiyama e Stefan (1994) São necessários mais estudos tanto na parte de experimentação laboratorial para se determinar os perfis de velocidade e densidade das correntes de densidade (figura 6), bem como avanços nas soluções analíticas e numéricas para as equações 5, 6 e 7, principalmente para os fluxos de submersão e fluxo submerso. [12]Koh, R.C.Y. (1976). “Buoyancy-driven gravitational spreading.” Proceedings 15th Int. Coastal Engineering Conference, Honolulu, Hawaii, 2956-2975. [13] Safaie, B. (1979). “Mixing of buoyant surface jet over sloping bottom.” Journal Waterway, Port, Coastal and Ocean Engineering Division, ASCE, 105(4), 357-373. FIGURA 6 - Perfis de velocidade e de densidade REFERÊNCIAS [1] Akiyama, J., Ura, M., e Wang, W. (1994). “Physicalbased Numerical Model of Inclined Starting Plumes”. Journal of Hydraulic Engineering, 120(10), 1139-1158. [2] Alavian, V. (1986). “Behavior of density currents on an incline.” Journal of Hydraulic Engineering, ASCE, 112(1), 27-42. [3] Alavian, V., e Ostrowski, P., Jr. (1992). “Use of density current to modify thermal structure of TVA Reservoirs.” Journal of Hydraulic Engineering, ASCE, 118(5), 688-706. [4] Alavian, V., Jirka, G.H., Denton, R.A., Johnson, M.C. e Stefan, H.G. (1992). “Density currents entering lakes and reservoirs”. Journal of Hydraulic Engineering, 118(11), 1464-1489. [5] Altinakar, S., Graf, W.H. e Hopfinger, E.J. (1990). “Weakly depositing turbidity current on a small slope”. Journal of Hydraulic Research, 28, 55-80. [6] Britter, R.E. e Linden, P.F. (1980). “The motion of the front of gravity current travelling down an incline”. Journal of Fluid Mechanics, 99, 131- 543. [7] Choi, S. e Garcia, M.H. (1995). “Modeling of onedimensional turbidity currents with a dissipativegalerkin finite element method”. Journal of Hydraulic Research, 33(5), 623-648. [8] Ellison, T.H., e Turner, J.S. (1959). “Turbulent entrainment in stratified flows.” Journal of Fluid Mechanics, 6, 423-448. [9] Ford, D.E., e Johnson, M.C. (1983). “An assessment of reservoir density currents and inflow processes.” TR E-83-7, USAE Waterways Experiment Station, Vicksburg, Mississipi. [10]Hebbert, B., Imberger, J., Loh, I., e Patterson, J. (1979). “Collie river underflow into the Wellington reservoir.” Journal of the Hydraulic Division, ASCE, 105(5), 533-545. [11]Imberger, J., Thompson, R.T., e Fandry, C. (1976). “Selective withdrawal from a finite rectangular tank.” Journal of Fluid Mechanics, 78, 489-512.