L'enseignement des mathématiques à l'école primaire, XIXe-XXe siècle. Études comparatives Brésil-France - Juin 2013 ____________________________________________________________________________ A aritmética nas escolas de primeiras letras no Rio de Janeiro: do Brasil Império à República L'arithmétique à l'école des premières lettres à Rio de Janeiro: du Brésil Empire à la République Aparecida Rodrigues Duarte Universidade Bandeirante do Brasil (UNIBAN) São Paulo/SP, Brasil Lucia Maria Aversa Villela Universidade Severino Sombra (USS) Vassouras/RJ, Brasil [email protected] Resumo: Após breve retrospectiva do que antecedeu a mudança de regime político no Brasil (de Império à República), situa-se a que espaço geográfico estamos nos referindo ao citar o “Rio de Janeiro”. Objetiva-se buscar evidências históricas sobre o ensino de matemática nas escolas de primeiras letras do espaço geográfico a que hoje chamamos de Estado do Rio de Janeiro, no intervalo de tempo entre 1870 e 1910. Introdução: Nosso objetivo é buscar evidências históricas sobre o ensino e em particular o ensino de matemática no espaço geográfico a que hoje chamamos de Estado do Rio de Janeiro, no intervalo de tempo de 1870 a 1910. Nesse encalço, como estamos em um seminário que reúne participantes internacionais, sentimos necessidade de localizar o que estava ocorrendo no Brasil no período que antecedeu à República. O país enfrentou muitas mudanças sociais, políticas e econômicas no período entre o início do Império (7 de setembro de 1822) e a chegada da República (15 de novembro de 1889). Do Brasil-Império ao Brasil-República: o Rio de Janeiro. Com a primeira Constituição foi instituída a Monarquia Constitucional. Neste documento foi oficializado que haveria quatro poderes: “o Poder Legislativo, o Poder Moderador, o Poder Executivo e o Poder Judicial” (BRASIL, Carta de Lei de 25 de março de 1824, Art. 10º), onde o Poder Moderador seria exercido pelo Imperador e o Poder Legislativo ficaria a cargo da Assembleia Geral, formada pela “Câmara de Deputados e Câmara de Senadores ou Senado” (Art. 14). Essa Constituição do L'enseignement des mathématiques à l'école primaire, XIXe-XXe siècle. Études comparatives Brésil-France - Juin 2013 ____________________________________________________________________________ Império mantinha a divisão do país em províncias e delegava participação dos cidadãos cujo ato “será exercitado pelas câmaras dos distritos e pelos conselhos, que com o título de - Conselho Geral da Província - se devem estabelecer em cada província, onde não estiver colocada a Capital do Império” (Art. 72). Os cidadãos que compunham a Assembleia Geral e os Conselhos Gerais de Províncias eram escolhidos por meio de “eleições indiretas, elegendo a massa dos cidadãos ativos em assembleias paroquiais” (Art. 90). Isto gerou descontentamento, uma vez que, na prática, o conceito de cidadania estava vinculado à posição social e ao patrimônio financeiro, o que excluía a maior parte da população. Também problemas de natureza econômica e financeira aumentaram o descontentamento em relação à atuação do primeiro Imperador (D. Pedro I). As pressões políticas e a necessidade de resolver a situação do trono português levaram o Imperador D. Pedro I, em 1831, a abdicar em favor de seu filho, que então possuía apenas cinco anos. Dessa forma, o país viveu um período de grandes agitações políticas, em que o governo foi exercido por regências. O Ato Adicional (BRASIL, Lei nº 16, de 12 de agosto de 1834), que aumentava o poder das províncias, não conseguiu acalmar os ânimos. Dentre as alterações na Constituição do Império realizadas pelo Ato Adicional de 1834 estava a separação da cidade do Rio de Janeiro – que era a capital do Império - do restante da antiga Província do Rio de Janeiro (Anexo 1). A cidade do Rio de Janeiro era a sede do governo desde 1763, ainda no Brasil-Colônia e, por meio da alteração de 1834 passou a constituir o Município Neutro ou Município da Corte (Anexo 2). Ao se separar esses espaços, o agora novo Município do Rio de Janeiro passou a ter como capital a cidade de Vila Real da Praia Grande, cujo nome foi alterado para Niterói, em 1835. Durante o Período Regencial, as lutas por mais espaço político1 estavam cada vez mais acirradas. Para enfraquecer o poder dos conservadores e ampliar as possibilidades dos liberais, em 1840, com uma antecipação de três anos, foi decretada a maioridade do Príncipe Regente, que recebeu o título de D. Pedro II (1825–1891) e foi Imperador do Brasil até a chegada da República. Cerca de quinze meses após a Proclamação da República, foi promulgada a primeira Constituição Republicana (BRASIL, Constituição da República dos Estados 1 O Partido Conservador surgiu em 1836 e defendia a centralização do poder e a força do Poder Executivo. O Partido Liberal foi criado no ano seguinte e reunia pessoas que lutavam pela maior autonomia das Províncias. L'enseignement des mathématiques à l'école primaire, XIXe-XXe siècle. Études comparatives Brésil-France - Juin 2013 ____________________________________________________________________________ Unidos do Brasil, 24 de fevereiro de 1891). Nela vê-se que foi instituído o regime federativo. As Províncias receberam o nome de Estados. Com o início do período republicano, a cidade do Rio de Janeiro passou à Capital Federal e seu espaço geográfico - o antigo Município Neutro (ou Município da Corte) - passou a constituir o Distrito Federal2, enquanto que a Província do Rio de Janeiro passou a compor o Estado do Rio de Janeiro. A primeira Constituição do Estado do Rio de Janeiro foi promulgada em 9 de abril de 1892. As escolas de primeiras letras e a formação de professores na Província do Rio de Janeiro e no Município Neutro No século XIX, a sociedade brasileira buscava novos rumos para a educação tomando como base as ideias europeias e norte-americanas. Foram criadas novas escolas e promovidos debates abertos a toda sociedade civil. Essas mudanças eram, entretanto, vagarosas e fragmentadas, resultado do conservadorismo de origem agrária e sustentada por mão de obra escrava, responsável pela lenta passagem de uma sociedade rural e agrícola para urbana e comercial. Essa transição ganha impulso no final do século XIX, quando ocorre o fortalecimento da burguesia urbanoindustrial, a abolição da escravatura, a queda da monarquia e consequente proclamação da República (ARANHA, 2006). Tentando localizar as condições da educação de primeiras letras, no período entre o Brasil-Império e o Brasil-República, privilegiaremos determinados fatos históricos, dentre os quais alguns merecem ser melhor analisados ao longo da pesquisa a se desenvolver nos próximos anos. Cerca de seis meses após a Independência, o imperador D. Pedro I ordenava que se criasse “nesta Côrte uma Escola de primeiras lettras, na qual se ensinar[ia] pelo methodo do ensino mutuo3, sendo em beneficio, não sómente dos militares do 2 Em 1960, com a mudança da capital do país para Brasília, a região anteriormente correspondente ao Distrito Federal recebeu a classificação de cidade-estado – o Estado da Guanabara. Posteriormente, em 1975, houve a reunião desta cidade ao Estado do Rio de Janeiro. A partir de então, a cidade de Niterói deixou de ser a capital e a cidade do Rio de Janeiro passou a ser a capital do Estado do Rio de Janeiro. 3 Mas este não foi o primeiro documento a se referir ao ensino mútuo no Brasil: Hipólito José da Costa de Mendonça, responsável pelo jornal Correio Brasiliense , “em 1816 publicou, em Londres, sete artigos no Jornal Correio Braziliense, do qual era o principal editor, difundindo as vantagens do método para instruir a população” (CASTANHA, 2012, p. 3). Outra comprovação encontra-se na ordem que concedia “a João Batista de Queiroz uma pensão L'enseignement des mathématiques à l'école primaire, XIXe-XXe siècle. Études comparatives Brésil-France - Juin 2013 ____________________________________________________________________________ Exercito, mas de todas as classes dos meus subditos que qu[isessem] aproveitar-se de tão vantajoso estabelecimento” (BRASIL; Decreto, de 1º de março de 1823). No artigo 179, inciso 32, da Constituição do Império, outorgada em 1824, constava que a instrução pública seria garantida a todos os cidadãos, no entanto, essa Constituição não se pronunciou sobre a criação de escolas que garantissem essa gratuidade. Isto só veio a ser citado no artigo 1º da Lei Imperial de 15 de outubro de 1827, onde rezava que “em todas as cidades, vilas e lugares mais populosos, haverão as escolas de primeiras letras que forem necessárias”. Apesar dos esforços, estatísticas educacionais revelam que, em 1867, haviam 107.483 alunos matriculados nas escolas primárias, correspondendo a cerca de 10% das crianças brasileiras da época, em idade escolar (PILETTI; PILETTI, 2012). Pelo que consta em relatório emitido em meados de 1889 (veja Anexo 3), no caso específico da Província do Rio de Janeiro, temos as informações de que em 1888 tinha-se 455 escolas de primeiras letras distribuídas em uma superfície que, segundo dados de 18724, era de cerca de 40.396 km2 e uma população de 326.972 habitantes, não se computando “a população que ainda então constituía o elemento servil” (ALMEIDA, 1889, p. 5). No Ato nº 10, de 1835, rezava que se instituísse “na Capital da Província do Rio de Janeiro huma Escola Normal para nella se habilitarem as pessoas, que se destinarem ao magistério de instrução primária, e os Professores actualmente existentes, que não tiverem adquirido a necessária instrução nas Escolas de Ensino na conformidade da Lei de quinze de Outubro de mil oitocentos e vinte sete” (BRASIL, Decreto nº 10, de 10 de abril de 1835, Art. 1º). O segundo artigo explicita que “A mesma Escola será regida por hum Director, que ensinará. Primo: a ler e escrever pelo methodo Lancasteriano, cujos princípios theoricos e práticos explicará. Segundo: as quatro operações de Arithmetica, quebrados, decimaes e proporções. Tertio: noções geraes de Geometria theocrica e pratica. Quarto: Grammatica de Língua Nacional. Quinto: elementos de Geographia. Sexto: os princípios de Moral Christã, e da Religião do Estado”. Assim, no ano de 1835, a partir de uma iniciativa pública, foi criada a primeira escola normal do Brasil e das Américas A Escola Normal de Niteroi, capital da annual, para ir á Inglaterra aprender o systema Lencasterianno” (BRASIL. Decreto de 3 de julho de 1820) 4 Ano do primeiro censo demográfico do país. L'enseignement des mathématiques à l'école primaire, XIXe-XXe siècle. Études comparatives Brésil-France - Juin 2013 ____________________________________________________________________________ Província do Rio de Janeiro, não era laica5 e teve como seu primeiro diretor o Tenente Coronel José da Costa Azevedo. Em relatório de 1836 há elogios sobre a atuação desse professor e, além de apresentar detalhes sobre despesas com aluguel da casa, pagamento do diretor e pensão de dez alunos pensionistas, prevê-se o gasto para que se produza a impressão e a encadernação de uma obra que o referido diretor “se propoem a traduzir para uso da Escola; a impressão de suas lições de Arithmetica e Grammatica da Lingua Nacional aos discípulos d’ella” (Relatório do Diretor de Instrução Pública da Província do Rio de Janeiro, U814, 1836). A princípio essa escola, em obediência ao Decreto nº 10 de 1835, adotou o método lancasteriano. Esse método não obteve muito sucesso e aos poucos foi abandonado ou aplicado de forma mesclada com outros métodos. Paulatinamente essas disciplinas foram separadas por ano, impondo, progressivamente a seriação escolar (VICENTINI; LUIGLI, 2009). Por achar que se estava investindo muito dinheiro na Escola Normal de Niterói, Couto Ferraz, quando presidente da Província do Rio de Janeiro, fechou-a. 6 [...] em 1849, substituindo-a pelos professores adjuntos , regime que adotou no Regulamento de 1854 ao exercer o cargo de ministro do Império. Os adjuntos atuariam nas escolas como ajudantes do regente de classe, aperfeiçoando-se nas matérias e práticas de ensino. Por esse meio seriam preparados os novos professores, dispensando-se a instalação de Escolas Normais. Mas esse caminho não prosperou. Os cursos normais continuaram a ser instalados, e a pioneira escola de Niterói foi reaberta em 1859. (SAVIANI, 2009, p. 145) Na legislação de 1854, citada por Saviani, destacamos o artigo 47: Art. 47. O ensino primario nas escolas publicas comprehende: A instrucção moral e religiosa, A leitura e escripta, As noções essenciaes da grammatica, Os principios elementares da arithmetica, O systema de pesos e medidas do municipio. Póde comprehender tambem: 5 6 Com relação à França, a primeira “Escola Normal laica surge cinco anos após a eclosão da Revolução Burguesa”, mas “funcionou apenas de janeiro a maio de 1795” (MARTINS, 2009, p. 174). O artigo 35 do Decreto 1331-A, de 17 de fevereiro de 1854, fala sobre os professores adjuntos: Art. 35. A classe dos professores adjuntos será formada dos alumnos das escolas publicas, maiores de 12 annos de idade, dados por promptos com distincção nos exames annuaes, que tiverem tido bom procedimento, e mostrado propensão para o magisterio. Serão preferiveis, em igualdade de circunstancias, os filhos dos professores publicos que estiverem no caso do Art. 27, e os alumnos pobres. (BRASIL, Decreto 1331-A, de 17 de fevereiro de 1854) L'enseignement des mathématiques à l'école primaire, XIXe-XXe siècle. Études comparatives Brésil-France - Juin 2013 ____________________________________________________________________________ O desenvolvimento da arithmetica em suas applicações praticas, A leitura explicada dos Evangelhos e noticia da historia sagrada, Os elementos de historia e geographia, principalmente do Brasil, Os principios das sciencias physicas e da historia natural applicaveis aos usos da vida, A geometria elementar, agrimensura, desenho linear, noções de musica e exercicios de canto, gymnastica, e hum estudo mais desenvolvido do systema de pesos e medidas, não só do municipio da Côrte, como das provincias do Imperio, e das Nações com que o Brasil tem mais relações commerciaes. (BRASIL, Decreto nº 1.331-A, de 17 de fevereiro de 1854). Esta legislação de 1854, conhecida como Reforma Couto Ferraz, veio, em consonância com o “artigo 1º do Decreto nº 630 de 17 de Setembro de 1851, Approvar o Regulamento para a reforma do ensino primario e secundario do Municipio da Côrte”. O Decreto nº 630, de 1851, foi assinado pelo Visconde de Mont'alegre, com rubrica do Imperador. Deste documento destacamos a alínea 6ª do artigo 1º: As Escolas publicas de instrucção primaria serão divididas em primeira e segunda classe. Nas de segunda classe o ensino deve limitar-se á leitura, calligraphia, doutrina christã, principios elementares do calculo e systemas mais usuaes de pesos e medidas. Nas de primeira classe o ensino deve, alêm disto, abranger a grammatica da lingua nacional, e arithmetica, noções de algebra e de geometria elementar, leitura explicada dos evangelhos, e noticia da historia sagrada, elementos de geographia, e resumo da historia nacional, desenho linear, musica e exercicios de canto. (BRASIL, Decreto nº 630, 15 de setembro de 1851, Art. 1º, 6ª) Mas, pelo que se vê no documento de 1854, foram usados outros nomes para as duas partes que compunham o ensino primário: Art. 48. As escolas publicas primarias serão divididas em duas classes. A huma pertencerão as de instrucção elementar, com a denominação de escolas do primeiro gráo. A outra as de instrucção primaria superior com a denominação de escolas do segundo gráo. (BRASIL, Decreto nº 1331-A, de 17 de fevereiro de 1854) Quanto ao ensino secundário, o Decreto de 1851 cita que: Haverá hum Externato, onde ficarão reunidas as Aulas publicas de instrucção secundaria, que actualmente existem no Municipio da Côrte, e o Governo o completará com as cadeiras que faltarem, a fim de que o seu curso de estudos comprehenda as mesmas materias que se ensinarem no Collegio de Pedro II, cujo plano e estatutos deverá o Governo reformar em harmonia com os Regulamentos que expedir para a organisação, e regimen do Externato, regulando a fórma dos exames, e a maneira pela qual deva ser conferido o gráo de Bacharel em letras. (DECRETO nº 630, 15 de setembro de 1851, Art. 1º, 7ª) L'enseignement des mathématiques à l'école primaire, XIXe-XXe siècle. Études comparatives Brésil-France - Juin 2013 ____________________________________________________________________________ No documento de 1854, vê-se no artigo 77º (ver Anexo 4) que o secundário no Município Neutro continuava a cargo do Colégio Pedro II7. Retomemos as informações sobre as tentativas de se implantar escolas de formação de professores para o ensino primário. Focalizaremos agora o como isto foi conduzido no Município Neutro, onde a primeira experiência relacionada à criação de um espaço específico para a melhor qualificação de professores surgiu a partir da “iniciativa de um grupo de professores públicos da Corte” (LÔBO, s/d, p.2). Ainda segundo esta autora, foi inaugurada: [...] em 25 de março de 1874, com o nome de Escola Normal do Município da Corte. Em novembro de 1875, suas atividades chegam ao fim em razão da autorização dada ao executivo pela Câmara dos Deputados para criar a Escola Normal da Corte, para ambos os sexos, em 1875. (LÔBO, s/d, p.2). Posteriormente, em 1880, surge outra iniciativa para se instituir uma Escola Normal, na Corte. Seu primeiro diretor foi o Bacharel Benjamim Constant Botelho de Magalhães. Ao longo dos seus primeiros doze anos de existência (1880/1892) a Escola Normal teve nove diretores e seu Regimento foi alterado seguidamente (1881/1883/1986). Funcionando provisoriamente em prédios cedidos por outras escolas - inicialmente na Escola Politécnica, no Largo de São Francisco, depois na Rivadávia Corrêa e posteriormente na Estácio de Sá -, a Escola Normal somente terá seu próprio prédio nos anos de 1930, situado na rua Mariz e Barros, edifício construído na administração de Fernando de Azevedo na Direção da Instrução Pública do Distrito Federal. (LÔBO, s/d, p. 5) Essa escola de formação de professores existe até hoje, com o nome de Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro (ISERJ). Em dezembro de 2005 foi inaugurado o Centro de Memória Institucional do ISERJ (CEMI/ ISERJ)8, que possui 7 8 O Colégio Pedro II surgiu, com este nome, em 1837. A origem do Colégio Pedro II remonta ao Seminário dos Órfãos de São Pedro, criado pela provisão do bispo D. frei Antonio de Guadalupe em 1739, no Rio de Janeiro. Depois de 27 anos, passou a se chamar Seminário de São Joaquim e exerceu também a função de escola, representando um polo de cultura. Esse papel ganhou ainda mais relevância com a expulsão dos jesuítas, em 1759. Sem os religiosos, os jovens da Colônia ficaram com poucas opções de ensino. A educação era feita em casa com preceptores ou em seminários ligados às paróquias locais. O Seminário de São Joaquim foi transformado em Colégio Pedro II graças a um decreto publicado em 1837. A iniciativa foi do ministro interino do Império, Bernardo Pereira de Vasconcellos, durante a Regência de Pedro de Araújo Lima (1793-1870). O nome dado à escola foi estratégico, já que dava a ideia de que a instituição pertencia ao imperador. (SANTOS, 2010). Há notícias sobre o CEMI/ ISERJ em http://cemiiserj.blogspot.com.br/. Ao visitá-lo, vê-se a boa vontade dos funcionários e, infelizmente, a precariedade de condições técnicas que enfrentam. L'enseignement des mathématiques à l'école primaire, XIXe-XXe siècle. Études comparatives Brésil-France - Juin 2013 ____________________________________________________________________________ boa quantidade de vestígios sobre esse passado, embora a maior parte do acervo ainda não esteja catalogado e tratado. Ao pesquisarmos as décadas de 1870 e 1880 encontramos no Rio de Janeiro algumas iniciativas tomadas por professores primários do Município Neutro no que diz respeito às condições de seu campo profissional e as tentativas de se organizar a classe. Um exemplo é o Manifesto dos Professores Públicos de Instrução Primária da Corte, de 1871 (ALBUQUERQUE, 2004), em que um grupo de três professores assumiu a liderança e redigiu um conjunto de quatro cartas9, em reação a comentários emitidos pelo Conselheiro Paulino José Soares de Souza no relatório apresentado à Assembleia Legislativa, em 1868. Outro exemplo nos é trazido por Lopes (2010), a partir da análise de exemplares da Revista O Ensino Primário de 1884 e 1885, que tratava sobre o universo dos professores do Município Neutro. O artigo: Observa que os redatores da revista, professores adjuntos da rede pública, visivelmente ameaçados pela exigência de frequentarem o curso da Escola Normal recém-criada (1880), empenham-se em “salvaguardar a dignidade do magistério publico” por meio de artigos que abordam questões de interesse da classe, nos quais retratam a situação precária dos professores primários e o controle a que eram submetidos por parte do Estado. (LOPES, 2010, p. 139) Lopes (2010, p. 141) também cita que os professores públicos das escolas primárias, iniciaram um movimento de classe e chegaram a criar uma Associação dos Professores Públicos da Corte, em 1877. A Decisão Imperial nº 77, de 6 de novembro de 1883, aprovava “Regimento interno para as escolas públicas primárias do 1º grau do município da Corte”. Em seu Art. 37, tratava da divisão das classes para as escolas primárias. Art. 37. Em cada escola primária serão os alunos divididos em três classes, que ocuparão lugares distintos na sala. À 1ª classe, ou elementar, pertencerão os que não souberem ler. À 2ª, ou de transição, os que principiarem a ler com desembaraço. À 3ª classe, ou superior, os que forem capazes de leitura corrente. (BRASIL, Decisão Imperial nº 77, de 6 de novembro de 1883). Nos artigos de 41 a 43 orientava-se o professor a utilizar os alunos da segunda e terceira classes como monitores, mas as lições das turmas de primeira classe só poderiam ser tomadas por monitores escolhidos entre os alunos da terceira classe. A Decisão 77, em seu artigo 45, fazia referência ao plano de ensino e permitia verificar como o professor deveria proceder relativamente aos conteúdos de Desenho e Aritmética. Segundo essas recomendações legais, o professor deveria indicar 9 Manifesto dos Professores Públicos de Instrução Primaria da Corte (1871). Rio de Janeiro: Typografia. J. Villeneuve& Cia. Há um exemplar na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro. L'enseignement des mathématiques à l'école primaire, XIXe-XXe siècle. Études comparatives Brésil-France - Juin 2013 ____________________________________________________________________________ pontos, fazendo com que os alunos ligassem esses pontos por meio de linhas retas, nomeando-as conforme as posições que tomassem, como perpendiculares, oblíquas, horizontais ou verticais. Também os alunos desenhariam vários polígonos e figuras geométricas simples, quando o professor indicaria o nome das figuras e faria com que a classe o repetisse em voz alta. O artigo também recomendava o uso de um contador mecânico para efetuar os exercícios de numeração. O professor, nessa atividade, seria auxiliado pelos monitores encarregados de verificar os exercícios dos outros alunos. O professor principiaria pela leitura dos números de 1 a 10, em seguida de 10 a 100, e assim por diante, até 1000. Sempre com o auxílio do contador mecânico, os alunos aprenderiam as quatro operações. Quanto ao sistema métrico, as aulas visavam a distinção das unidades fundamentais pelos seus nomes, a finalidade a qual destinavam e a forma como seriam empregadas. Para tanto seriam utilizados exercícios de ordem prática, como o uso do metro para medir móveis e a extensão da sala, da balança para pesar objetos, etc. Como se pode notar, enfatizava-se o método da memorização de conceitos aritméticos onde o conceito de número estava associado à contagem e à ordenação. A obra de autoria de Antonio Feliciano de Castilho (1853), intitulada “Método Castilho para o ensino rápido e aprazível: do ler impresso, manuscrito e numeração e do escrever”, retrata esse período. Nessa obra, o autor, que ficara cego aos 6 anos de idade em consequência de sarampo, faz uso da memorização das letras por figuras e histórias de todos os caracteres e sinais, além de introduzir o ritmo, “a freqüência do canto, das palmas, das marchas” (p. XLVI - Anexo 5)10. Segundo Castilho (1853), o canto, acrescido dos movimentos dos pés e das mãos facilitavam a memorização e motivavam os alunos ao aprendizado. Para auxílio ao canto, Castilho sugere o uso de um compassador (Anexo 6), denominado por “contador mecânico” pelo artigo 45, e recomendava seu uso para contagem, em voz alta, de um a cem. Propunha, igualmente, o uso dos dedos das mãos para a contagem. Mas outros esforços foram realizados para que se ampliasse a cultura dos cidadãos, e, atendendo a este fim, existiram as chamadas Conferências Populares da Glória. Tinham por objetivo divulgar as ciências e “[...] se realizaram em escolas da Freguesia da Glória, no Município da Corte, iniciaram-se em 23 de novembro de 1873 10 Nesse anexo, Castilho comenta sobre a publicação de “Aritmetica Popular para servir de complemento à leitura e escrita pelo método Castilho”, de José Maria Latino Coelho (CASTILHO, 1853, p. 317) e sobre a eficácia de seu método em detrimento do método mútuo. Em 1855, Castilho esteve no Brasil possivelmente em 1855. L'enseignement des mathématiques à l'école primaire, XIXe-XXe siècle. Études comparatives Brésil-France - Juin 2013 ____________________________________________________________________________ sob a iniciativa e coordenação do conselheiro Manoel Francisco Correia, senador do Império” (FONSECA, 1996, p. 135). Esses encontros, que ficaram também conhecidos por “Tribuna da Glória”, ocorreram continuamente até 1889, tendo sido reiniciada em 1891. De início aconteciam aos domingos pela manhã, mas depois passaram a uma frequência de duas vezes por semana, tendo sido inclusive construído um prédio “para tal fim (as indicações sugerem a atual Escola Amaro Cavalcanti, no Largo do Machado, construída entre 1874 e 1875)” (FONSECA, 1996, p. 135). Sobre essas conferências, a partir da listagem apresentada em Fonseca (1996), destacamos a necessidade de se tentar fazer um estudo em torno de algumas palestras, dado a pertinência com a presente pesquisa (Anexo 7). Considerações finais Há muito a se pesquisar sobre a matemática veiculada no ensino primário no espaço geográfico correspondente ao atual Estado do Rio de Janeiro, do período imperial ao início do período republicano, principalmente no que corresponde à atual cidade do Rio de Janeiro. Há diversos locais em que é possível coletarmos vestígios desse passado e, assim, subsidiar estudos comparativos mais amplos: tais como a Biblioteca Nacional, o Centro de Memória do Instituto de Educação do Rio de Janeiro (CEMI), o Arquivo Público da Cidade do Rio de Janeiro. Além disso, vestígios históricos também podem ser encontrados na vasta quantidade de relatórios dos Diretores da Instrução Pública da Província do Rio de Janeiro no portal Brazilian Government Document Digitization Project (http://brazil.crl.edu/). Estes acervos nos permitem explorar legislações, atas e relatórios, jornais e periódicos, livros, provas e exames de seleção. Mesmo que em fase inicial de investigação, foi possível verificar que, na década em que antecedeu a Proclamação da República e nas duas posteriores – período de 1880 a 1910 – encontramos alterações significativas no âmbito da educação no Brasil. Nesse sentido, entendemos que se faz necessário analisar, por exemplo, a chamada Reforma Benjamin Constant (BRASIL, Decreto nº 981, de 8 de novembro de 1890), que “Approva[va] o Regulamento da Instrucção Primaria e Secundaria do Districto Federal”, bem como as ações advindas de sua implantação nos anos seguintes, no que tange ao ensino primário no então Distrito Federal. L'enseignement des mathématiques à l'école primaire, XIXe-XXe siècle. Études comparatives Brésil-France - Juin 2013 ____________________________________________________________________________ Referências: ALBUQUERQUE, Daniel Cavalcanti. Manifestantes na Educação do Século XIX: o manifesto de julho de 1871. 27ª Reunião Anual da ANPED, 2004. Disponível em www.anped.org.br/reunioes/27/gt02/p022.pdf. Acesso em 22 abri 2013. ALMEIDA, M. Ribeiro. Relatorio do Diretctor da Instrucção Publica da Provincia do Rio de Janeiro, Nictheroy, 1 julho 1889. Brazilian Government Document Digitization Project: Hartness Guide to Statistical Information. Chicago, EUA: Center for Research Libraries (CRL). Disponível em http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/823/000193.html ARANHA, Maria Lucia de Arruda. História da educação e da pedagogia: geral e Brasil. 3 ed. São Paulo: Moderna, 2006. BRASIL. Carta de Lei, de 25 de março de 1824. Manda observar a Constituição Política do Império, oferecida e jurada por Sua Majestade o Imperador. Disponível em http://www.dircost.unito.it/cs/docs/Brasile%201824.htm. _______ Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, 24 de fevereiro de 1891. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao91.htm. _______ Decreto, de 3 de julho de 1820. Concede a João Batista de Queiroz uma pensão annual, para ir á Inglaterra aprender o systema Lencasterianno. Disponível em http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret_sn/anterioresa1824/decreto-38863-3-julho1820-567988-publicacaooriginal-91352-pl.html _______. Decreto, de 1º de março de 1823. Crêa uma Escola de primeiras lettras, pelo methodo de Ensino Mutuo para instrucção das corporações militares. Disponível em http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret_sn/anterioresa1824/decreto-38742-1- marco-1823-567536-publicacaooriginal-90852-pe.html ________. Decreto nº 10, de 10 de abril de 1835. Cria uma Escola Normal na capital da Província do Rio de Janeiro. Disponível em http://www.infoiepic.xpg.com.br/hist_ato10.htm _______. Decisão Imperial nº 77 do Ministério do Império, de 6 de novembro de 1883. Aprova o regimento interno para as escolas públicas primárias do 1º grau do município da Corte. Coleção das Decisões do Governo do Império do Brasil de 1883. Rio de Janeiro: Tipografia Nacional, 1884, p. 76-91. Revista HISTEDBR On-line, L'enseignement des mathématiques à l'école primaire, XIXe-XXe siècle. Études comparatives Brésil-France - Juin 2013 ____________________________________________________________________________ Campinas, número especial, p. 297-308, mai2012 - ISSN: 1676-2584. Disponível em http://www.fae.unicamp.br/revista/index.php/histedbr/article/download/3359/2982. _______. Decreto nº 630, de 17 de setembro de 1851. Autorisa o Governo para reformar o ensino primario e secundario do Municipio da Côrte. 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Louis de Freycinet. - Escala [ca. 1:840000], 25 Lieues moy de France [25 ao grau] = [13,20 cm]. - [S.l. : s.n.], 1824. Disponível em http://purl.pt/3426. L'enseignement des mathématiques à l'école primaire, XIXe-XXe siècle. Études comparatives Brésil-France - Juin 2013 ____________________________________________________________________________ FONSECA, Maria Rachel Fróes da. As 'Conferências Populares da Glória': a divulgação do saber científico. Hist. cienc. saude-Manguinhos [online]. 1996, vol.2, n.3, pp. 135-166. ISSN 0104-5970. GOULARTI FILHO, Alcides. História Econômica da Construção Naval no Brasil: Formação de Aglomerado e Performance Inovativa. Revista EconomiA, Brasília(DF), v.12, n.2, p.309–336, mai/ago 2011. Disponível em www.anpec.org.br/revista/vol12/vol12n2p309_336.pdf. LÔBO, Yolanda Lima. Memória e Educação: a Escola Normal da Corte. s/d. Disponível em .historia.fcs.ucr.ac.cr congr-ed brasil ponencias lima lobo.doc. LOPES, Sonia de Castro. 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Études comparatives Brésil-France - Juin 2013 ____________________________________________________________________________ Anexo 1: Carte de la Province de Rio de Janeiro – 1824, de FREYCINET, Louis de L'enseignement des mathématiques à l'école primaire, XIXe-XXe siècle. Études comparatives Brésil-France - Juin 2013 ____________________________________________________________________________ Ficha Bibliográfica (visualização ISBD) [454708] FREYCINET, Louis de Carte de la province de Rio de Janeiro [Material cartográfico / par M. Louis de Freycinet. - Escala [ca. 1:840000], 25 Lieues moy de France [25 ao grau] = [13,20 cm]. - [S.l. : s.n.], 1824. - 1 mapa : p&b, com traçados color. ; 29,90x53,70 cm em folha de 50,20x67,90 cm http://purl.pt/3426. - O exemplar, C.C. 219 A., apresenta duas cotas antigas inscritas no verso . - Contém ainda escalas gráficas de "60 Milles marins"-"18 Legoas Portugaises" e "10 Myriamètres". - No canto inferior direito contém inserto o "Plan des Environs du Cap Frio". - Escala ca. 1:190000, determinada com o valor calculado 2,90 cm correspondente a "3 Milles" marítimas. CDU 918.153(084.3) 912"18"(084.3) L'enseignement des mathématiques à l'école primaire, XIXe-XXe siècle. Études comparatives Brésil-France - Juin 2013 ____________________________________________________________________________ Anexo 2 Mappa do Municipio Neutro / organisado e desenhado por E. de Maschek 187_ L'enseignement des mathématiques à l'école primaire, XIXe-XXe siècle. Études comparatives Brésil-France - Juin 2013 ____________________________________________________________________________ Mappa do municipio neutro / organisado e desenhado por E. de Maschek. Maschek, E. de. URL objeto digital http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_cartografia/cart209447.jpg http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_cartografia/cart209447.jpg Dados de edição Rio de Janeiro : Laemmert, [187-?]. Tipo de Documento Material cartográfico Matéria Ferrovias - Rio de Janeiro (RJ) – Mapas Fazendas - Rio de Janeiro (RJ) - Mapas. Estradas - Rio de Janeiro (RJ) - Mapas. Rio de Janeiro (RJ) - Mapas. Descrição 1 mapa col. 71 x 103cm. Identificador cart209447 L'enseignement des mathématiques à l'école primaire, XIXe-XXe siècle. Études comparatives Brésil-France - Juin 2013 ____________________________________________________________________________ Anexo 3 Distribuição de escolas na Província do Rio de Janeiro, por Municípios, em 1888. Fonte: RODRIGO TORRES. Relatorio do Director da Instrucção Publica da Província do Rio de Janeiro, Nictheroy, 1 de Julho de 1889, p. 5. L'enseignement des mathématiques à l'école primaire, XIXe-XXe siècle. Études comparatives Brésil-France - Juin 2013 ____________________________________________________________________________ Anexo 4 Alguns artigos referentes ao ensino secundário do Colégio Pedto II, de acordo com decreto de 1854 Da Instrucção publica secundaria Art. 77. Em quanto não for creado o externato de que trata o § 7º do Art. 1º do Decreto nº 630 de 17 de Setembro de 1851, a instrucção publica secundaria continuará a ser dada no Collegio de Pedro II e nas aulas publicas existentes. Art. 78. O curso do Collegio continuará a ser de 7 annos. As materias de cada anno, sua distribuição por aulas, o systema das lições, o methodo dos exames, o rigimen interno do estabelecimento e a distribuição de premios até o numero de tres no fim de cada anno lectivo do curso, farão objecto de hum Regulamento especial que será organisado pelo Conselho Director, e sujeito á approvação do Governo. Art. 79. Haverá no Collegio as seguintes cadeiras: 2 de latim, 1 de grego, 1 de inglez, 1 de francez, 1 de allemão, 1 de philosophia racional e moral, 1 de rhetorica e poetica, que comprehenderá tambem o ensino da lingua e litteratura nacional, 2 de historia e geographia, ensinando o professor de huma a parte antiga e media das referidas materias, e o da outra a parte moderna, com especialidade a historia e geographia nacional, 1 de mathematicas elementares, comprehendendo arithmetica, algebra até equações do 2º gráo, geometria e trigonometria rectilinea, 2 de sciencias naturaes, sendo huma de historia natural com as primeiras noções de zoologia, botanica, mineralogia e geologia, e outra de elementos de physica e chimica, comprehendendo somente os principios geraes e os mais applicaveis aos usos da vida. Art. 80. Alêm das materias das cadeiras mencionadas no Artigo antecedente, que formão o curso para o bacharelado em letras, se ensinarão no Collegio huma das linguas vivas do meio dia da Europa, e as artes de desenho, musica e dansa. Farão os alumnos exercicios gymnasticos, debaixo da direcção de hum mestre especial. Poderão ser creadas, quando as circumstancias o permittirem, huma cadeira de elementos de mechanica, e de geometria descriptiva; e bem assim separar-se da cadeira de historia moderna a historia e geographia nacional, formando esta huma aula especial. Art. 81. O ensino das materias, que não constituem o curso litterario, será regulado de maneira que não perturbe o estudo das outras. Fonte: Decreto nº 1331 A, de 17 de fevereiro de 1854. L'enseignement des mathématiques à l'école primaire, XIXe-XXe siècle. Études comparatives Brésil-France - Juin 2013 ____________________________________________________________________________ Anexo 5 CASTILHO, Antonio Feliciano de. Método Castilho para o ensino rápido e aprazível: do ler impresso, manuscrito e numeração e do escrever. 2. ed. Lisboa: Imprensa Nacional, 1853, p. XLVI. http://purl.pt/185/1/sc-28857-p_JPG/sc-28857-p_JPG_24-C-R0150/sc-28857p_0050_xlvi_t24-C-R0150.jpg L'enseignement des mathématiques à l'école primaire, XIXe-XXe siècle. Études comparatives Brésil-France - Juin 2013 ____________________________________________________________________________ Anexo 6 CASTILHO, Antonio Feliciano de. Método Castilho para o ensino rápido e aprazível: do ler impresso, manuscrito e numeração e do escrever. 2. ed. Lisboa: Imprensa Nacional, 1853, p. 316 - 318. http://purl.pt/185/1/sc-28857-p_JPG/sc-28857-p_JPG_24-C-R0150/sc-28857p_0383_316_t24-C-R0150.jpg L'enseignement des mathématiques à l'école primaire, XIXe-XXe siècle. Études comparatives Brésil-France - Juin 2013 ____________________________________________________________________________ http://purl.pt/185/1/sc-28857-p_JPG/sc-28857-p_JPG_24-C-R0150/sc-28857p_0384_317_t24-C-R0150.jpg L'enseignement des mathématiques à l'école primaire, XIXe-XXe siècle. Études comparatives Brésil-France - Juin 2013 ____________________________________________________________________________ http://purl.pt/185/1/sc-28857-p_JPG/sc-28857-p_JPG_24-C-R0150/sc-28857p_0385_318_t24-C-R0150.jpg L'enseignement des mathématiques à l'école primaire, XIXe-XXe siècle. Études comparatives Brésil-France - Juin 2013 ____________________________________________________________________________ Anexo 7 “Conferências Populares da Glória”: seleção de palestras altamente relevantes à presente pesquisa Data 23/11/1873 Nº Autor 1 Manuel Francisco Correia Título Ensino primário obrigatório Fonte Conf. Popul. RJ. nº4, abril/ 1876 (íntegra) 11/01/1874 11 Manuel Francisco Correia Escolas normais Conf. Popul. RJ. nº5, maio/ 1876 (íntegra) 12/04/1874 36 Manuel Jesuíno Ferreira Instrução pública Conf. Popul. RJ. nº4, abril/ 1876 (íntegra) 25/06/1874 56 Antonio Ferreira Viana 02/07/1874 58 Antonio Ferreira Viana 09/07/1874 60 Antonio Ferreira Viana 16/07/1874 62 Antonio Ferreira Viana 23/7/1874 64 Antonio Ferreira Viana 06/08/1874 68 Antonio Ferreira Viana 20/08/1874 72 Antonio Ferreira Viana Curso de Pedagogia: considerações gerais Curso de Pedagogia: leis fundamentais da ciência Curso de Pedagogia: necessidade e liberdade Curso de Pedagogia: ainda necessidade e liberdade Curso de Pedagogia: unidade; 1ª lei pedagógica; educação cristã. Curso de Pedagogia: variedade; 2ª lei pedagógica. Curso de Pedagogia: lei da harmonia 27/08/1874 74 Antonio Ferreira Viana 03/09/1874 76 Antonio Ferreira Viana 10/09/1974 78 Antonio Ferreira Viana Jornal do (resumo) Jornal do (resumo) Jornal do (resumo) Jornal do (resumo) Jornal do (resumo) Jornal do (resumo) Jornal do (aviso) Curso de Pedagogia: grandeza d’alma Jornal do (resumo) Curso de Pedagogia: grandeza d’alma; Jornal do exemplos (resumo) Curso de Pedagogia: lei da gradação. Jornal do (resumo) Commercio, RJ, 27/06/1874, p. 4 Commercio, RJ, 04/07/1874, p. 3 Commercio, RJ, 11/07/1874, p. 3 Commercio, RJ, 18/07/1874, p. 3 Commercio, RJ, 25/07/1874, p. 4 Commercio, RJ, 08/08/1874, p. 3 Commercio, RJ, 18/08/1874, p. 4 Commercio, RJ, 29/08/1874, p. 3 Commercio, RJ, 05/09/1874, p. 4 Commercio, RJ, 12/09/1874, p. 4 L'enseignement des mathématiques à l'école primaire, XIXe-XXe siècle. Études comparatives Brésil-France - Juin 2013 ____________________________________________________________________________ 17/09/1974 80 Antonio Ferreira Viana Curso de Pedagogia: a linguagem. 24/09/1974 82 Antonio Ferreira Viana 01/10/1974 84 Antonio Ferreira Viana Curso de Pedagogia: leis da conveniência e da progressão decrescente. Curso de Pedagogia: a família 08/10/1974 87 Antonio Ferreira Viana Curso de Pedagogia: o enjeitado 15/10/1974 89 Antonio Ferreira Viana 22/10/1874 91 10/01/1875 108 24/01/1875 110 02/05/1875 124 14/08/1875 190 28/07/1878 248 Curso de Pedagogia: o Estado e a Escola Antonio Ferreira Viana Curso de Pedagogia: a Igreja e a Escola Carlos Victor Boisson11 Métodos de ensino das matemáticas elementares, especialmente da geometria Carlos Victor Boisson Métodos de ensino das matemáticas elementares, especialmente da geometria (cont.) Antenor Augusto Ribeiro Educação dos Sentidos Guimarães Herman Luiz Gade Algumas palavras sobre a marinha nacional e o sistema trajano12 Barão de Tautphoeus Organização do ensino primário e secundário no Brasil Jornal do Commercio, RJ, 19/09/1874, p. 4 (resumo) Jornal do Commercio, RJ, 26/09/1874, p. 2 (resumo) Jornal do Commercio, RJ, 03/10/1874, p. 4 (resumo) Jornal do Commercio, RJ, 10/10/1874, p. 4 (resumo) Jornal do Commercio, RJ, 17/10/1874, p. 3 (resumo) Jornal do Commercio, RJ, 24/10/1874, p. 4 (resumo) Diário do Rio de Janeiro, RJ, 12/01/1875, p. 2 (resumo). Diário do Rio de Janeiro, RJ, 26/01/1875, p. 2 (resumo). Jornal do Commercio, RJ, 01/05//1875, p. 3 (aviso). Conf. Pop., RJ, nº 8, agosto 1876 (íntegra) Jornal do Commercio, RJ, 27/07/1878, p. 1 (aviso) 11 No Plano Diretor Ambiental de Porto Feliz (www.portofeliz.sp.gov.br/.../30c51be2f32c47337b9b6219963e1435.pdf ), elaborado em 2008, na página 33, há referência a um documento de 1860: “Carta topográfica do Rio Tietê construída e oferecida a S. M. o Imperador pelo engenheiro geógrafo bacharel Carlos Victor Boisson, sendo dados que lhe foram fornecidos, atualmente os mais exatos que existem”. 12 O título se refere ao método utilizado pelo “construtor Trajano Augusto de Carvalho, que, após servir ao AMC [Arsenal de Marinha da Corte] até 1874, se empregou no estaleiro de John Maylor. Herman Luiz Gade, que trabalhou junto com Carvalho, também projetou navios que foram construídos no estaleiro da Ponta da Areia” (GOULARTI FILHO, 2011, p. 315). L'enseignement des mathématiques à l'école primaire, XIXe-XXe siècle. Études comparatives Brésil-France - Juin 2013 ____________________________________________________________________________ 03/11/1878 262 Antonio Zeferino Candido13 22/06/1879 282 Barão de Tautphoeus 24/10/1880 346 Domingos José Bernardino de Almeida 12/12/1880 353 Eliseu de Sousa Martins 13 Métodos de ensino e desenvolvimento intelectual do país Organização do ensino primário no Brasil Educação prática das crianças pobres nos asilos. Influência que eles exercem na sociedade. Meios de realizar. Ensino primário científico. Jornal do Commercio, RJ, 02/11/1878, p. 2 (aviso) Jornal do Commercio, RJ, 21/06/1879, p. 2 (aviso) Jornal do Commercio, RJ, 25/10/1880, (resumo). Jornal do Commercio, RJ, 13/12/1880, (resumo). Antonio Zeferino Candido foi “professor de matemáticas da Universidade de Coimbra. que, no ano de 1878, fez uma verdadeira turnê de propaganda [do método João de Deus] realizando conferências em várias cidades da província de São Paulo e do Rio. Aqui é importante esclarecer que temos duas questões interessantes: uma coisa é o método, outra a missão de Zeferino no Brasil” (HILS ORF apud MENEZES, 2006, p. 15) L'enseignement des mathématiques à l'école primaire, XIXe-XXe siècle. Études comparatives Brésil-France - Juin 2013 ____________________________________________________________________________