Área: CV ( ) CHSA ( X ) ECET ( ) MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA – MEC UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA – PROPESQ Coordenadoria de Pesquisa – CPES Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, Bloco 06 – Bairro Ininga CEP: 64049-550 – Teresina-PI – Brasil – Fone (86) 215-5564 – Fone/Fax (86) 3215-5560 E-mail: [email protected] ANÁLISE DOS INSTRUMENTOS ECONÔMICOS DOS PLANOS DIRETORES DOS MUNICÍPIOS DE CAMPO MAIOR E JOSÉ DE FREITAS, PIAUÍ Évilly Carine Dias Bezerra (bolsista do PIBIC/CNPq), Profª. Drª. Jaíra Maria Alcobaça Gomes (orientadora, Depto. de Economia) INTRODUÇÃO O desenvolvimento econômico é um dos principais objetivos de um país, para isso são utilizados instrumentos de planejamento. A Constituição Federal do Brasil de 1988 escolheu o Plano Diretor (PD) para orientar o desenvolvimento municipal (BRASIL, 1988). Assim também, ressaltou o Estatuto da Cidade, e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) (2000). A publicação deste, Cidades Sustentáveis, destaca o PD como instrumento de desenvolvimento socioeconômico. Dessa forma, a pesquisa aborda os PDs dos municípios de Campo Maior e José de Freitas, destaca os Instrumentos Econômicos (IEs) instituídos e sua relação com a política ambiental, as diretrizes e os objetivos propostos para o desenvolvimento econômico. Segundo Nusdeo (2006), para a proteção do meio ambiente são utilizados dois tipos de instrumentos, o de controle e o econômico. De acordo com Motta (2000), o IE altera os custos de produção e o consumo de determinados agentes econômicos, para a conquista da meta de uma política pública. Motta, Ruitenbeek e Huber (1996) consideram o IE relevante para elevar a qualidade ambiental e controlar os danos ao meio ambiente. De acordo com Braga (2001), a participação popular, ao cobrar a realização do PD evita que ele seja abandonado. No entanto, Lima (2012) pondera que muitos cidadãos desconhecem a necessidade de sua participação por não pertencerem a associações. O objetivo geral é analisar os instrumentos econômicos para a formação de cidades sustentáveis, presentes nos PDs de Campo Maior e José de Freitas. Os objetivos específicos são verificar os IEs, conforme a Política Ambiental Brasileira e do Piauí; Identificar as dificuldades para a implementação desses instrumentos e as barreiras institucionais e legais; Identificar as políticas de desenvolvimento econômico e sua contribuição para a formação de cidades sustentáveis. METODOLOGIA A área de estudo consiste nos municípios de Campo Maior e José de Freitas, localizados no território Carnaubais e Entre Rios, respectivamente, no estado do Piauí. As informações documentais referentes ao PD de Campo Maior e José de Freitas, foram obtidas através das leis municipais, Lei n. 09/2006 e Lei n. 1.138/2007, respectivamente. Para análise do PD de Campo Maior elaborou-se um “checklist” das seções “Do Meio Ambiente” e “Do Desenvolvimento Econômico”. Com a primeira foi realizada uma roda de conversa com os membros da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Campo Maior (SEMMARH) e com a segunda foi realizada uma roda de conversa com o ex-secretário do planejamento de Campo Maior. Os dados secundários para: população, área, bioma, faixas de salário mínimo, PEA, PIB e Valor Adicionado para 2000 e 2010, assim como os dados de empresas, de 2006 e 2010, foram coletados no sítio do IBGE. O IDH, porcentagem da pobreza e índice de GINI, de 1991, 2000 e 2010 foram obtidos no sítio do PNUD. Os territórios do Piauí foram extraídos do sítio da SEPLAN Piauí. RESULTADOS E DISCUSSÃO Procedeu-se análise gráfica e tabular dos indicadores demográficos e econômicos para configuração da estrutura econômica, dos municípios. Assim como a análise do conteúdo dos planos diretores. A tabela 1 mostra a estrutura demográfica e econômica dos municípios. Tabela 1 - Estrutura demográfica e econômica dos municípios - 2000/2010 INDICADORES DEMOGRÁFICOS População urbana% População rural % Dens. Demográfica (DD) SOCIOECONÔMICOS PIB (em mil reais) VA Agropecuária % VA Indústria % VA Serviço % Renda per capita Porcentagem da pobreza IDH Índice de GINI Número de empresas Campo Maior 2000 2010 José de Freitas 2000 2010 74,03 25,97 25,74 74,20 25,80 26,96 55,12 44,88 21,36 58,25 41,75 24,11 73.586 11,64 8,85 79,51 237,51 50,88 0,5 0,56 612 263.975 7,29 16,25 76,46 401,74 26,73 0,656 0,53 675 37.069 19,17 7,63 73,20 157,48 64,43 0,402 0,52 333 152.432 13,96 26,06 59,99 316,27 37,18 0,618 0,57 298 Verifica-se pelos indicadores demográficos que: em Campo Maior a DD esteve aproximadamente constante no período e que a zona urbana é a mais representativa. Pelos indicadores socioeconômicos, observa-se que o setor de serviços destinou a maior parcela para formação do PIB, a renda per capita cresceu 169% e 63 novas empresas surgiram. O IDH avançou para médio, a pobreza foi reduzida, assim como a desigualdade, conforme o índice de GINI. Observou-se que em José de Freitas houve crescimento da DD e a população entre as zonas é relativamente homogênea, entretanto a zona urbana se destacou. O setor de serviços apresentou a maior participação no PIB. A renda per capita cresceu 201%, o IDH avançou para médio e a pobreza foi reduzida. Todavia houve redução do número de empresas e elevação da desigualdade econômica, como mostra o índice de GINI. Os gráficos 1 e 2 representam a quantidade de pessoas, com renda, por faixas de salário mínimo em Campo Maior e José de Freitas. Os gráficos 1 e 2 mostram como a população se apropria da renda nos municípios. Em Campo Maior, conforme gráfico 1, há a tendência de: com a elevação da renda ocorrer redução da quantidade de pessoas com o rendimento analisado. Assim houve crescimento de pessoas que recebiam até dois salários mínimos, porém rendas superiores permaneceram no mesmo cenário, do período em destaque. Como observado no gráfico 2, em José de Freitas, 96% da população em 2010 tinha renda de até três salários mínimos. E até essa faixa houve crescimento expressivo, no período. Quando analisados os planos diretores para identificação de IE relativo à política ambiental, em Campo Maior foi encontrado incentivos fiscais à utilização de recursos naturais de forma sustentável e promoção ao estímulo do extrativismo da Carnaúba, e em José de Freitas, incentivos para a produção de biodegradáveis e recicláveis e incentivos a pesquisas para área agropecuária. Na roda de conversa realizada na SEMMARH e com o ex-secretário do planejamento de Campo Maior pode-se perceber que o plano diretor não é utilizado para formulação de atividades das secretarias, seu uso se limita, quando muito, a projetos que tenham o plano diretor como requisito. CONCLUSÃO Os municípios de Campo Maior e José de Freitas possuem distribuição de renda concentrada e desenvolvimento humano, segundo o PNUD, médio. O que poderia melhorar esses índices seria o plano diretor, pois objetiva o desenvolvimento. Mas este está sendo utilizado de forma indireta, assim a Constituição Federal e Estatuto da Cidade estão sendo desconsiderados. Apoio: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq; Universidade Federal do Piauí – UFPI/ Laboratório de Socioeconomia – LASE/PRODEMA. REFERÊNCIAS BRAGA, Roberto (orgs.). Política urbana e gestão ambiental: considerações sobre o plano diretor e o zoneamento urbano. 2001. Disponível em: <http://www.redbcm.com.br/arquivos/bibliografia/pol%C3%ADtica%20urbana%20e%20gest%C3%A3 o%20ambiental.pdf>. Acesso em: 23 jan.2014. BRASIL. Constituição (1988). Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 8 de agos. 2014. IBAMA. Cidades Sustentáveis: Subsídios à elaboração da Agenda 21 Brasileira. Brasília, 2000. MOTTA, Ronaldo Seroa. Instrumentos econômicos e política ambiental. Revista de Direito Ambiental, São Paulo; ano 5, n. 20, out./dez. 2000. MOTTA, Ronaldo Seroa da; RUITENBEEK, Jack; HUBER, Richard. Uso de instrumentos econômicos na gestão ambiental da América Latina e Caribe: Lições e recomendações. Rio de Janeiro: IPEA, 1996. NUSDEO, Ana Maria de Oliveira. O uso de instrumentos econômicos nas normas de proteção ambiental. Revista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 101, p. 357 - 378, jan./dez. 2006. LIMA, Antônia Jesuíta de. Planos diretores e os dilemas da governança urbana no Brasil. Textos & Contextos, Porto Alegre, v. 11, n. 2,2012, p. 362-375. Palavras-chave: Plano Diretor. Desenvolvimento. Política Ambiental.