UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ Curso de Graduação Pâmela Cristina Zanatta ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DE BACTÉRIAS PRESENTES NAS LENTES DE CONTATO E SEUS ESTOJOS DE ARMAZENAMENTO PERTENCENTES A ESTUDANTES DO CURSO DE FARMÁCIA DA UNOCHAPECÓ Chapecó – SC, 2010 PÂMELA CRISTINA ZANATTA ISOLAMENTO E IDENTIFICAÇÃO DE BACTÉRIAS PRESENTES NAS LENTES DE CONTATO E SEUS ESTOJOS DE ARMAZENAMENTO PERTENCENTES A ESTUDANTES DO CURSO DE FARMÁCIA DA UNOCHAPECÓ. Monografia apresentada à Unochapecó como parte dos requisitos para obtenção do grau de Bacharel em Farmácia. Orientadora: Msc. Maria Teresa Granella Lang Chapecó – SC, 2010 BANCA EXAMINADORA _______________________________ Prof. Msc. Maria Teresa G. Lang Farmacêutico – Bioquímico Professora Orientadora _____________________________ Prof. Esp. Lucinara R. Cembranel Marcos Farmacêutico – Bioquímico Professora da UNOCHAPECÓ _______________________________ Msc. Natália Gazzoni Scaravelli Farmacêutico – Bioquímico DEDICATÓRIA Aos meus pais Leda e Gilberto, Pelo carinho e compreensão, pois nos momentos difíceis sempre estiveram ao meu lado e se hoje alcancei o sucesso é porque essas pessoas maravilhosas sempre me apoiaram e acreditaram na minha capacidade. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, por estar comigo em todos os momentos, bons e ruins e por me proporcionar uma família especial. Agradeço aos meus pais pelo esforço, amor, compreensão e dedicação oferecidos a mim. Agradeço ao meu irmão, Patrick, pela paciência, amor e compreensão. Agradeço ao Leonardo por estar sempre ao meu lado, me apoiando e relevando muitos momentos de estresse. Agradeço à professora orientadora Maria Teresa Granella Lang pela colaboração com seus conhecimentos teóricos e práticos. Agradeço a todos os professores e colegas que, de alguma forma ou de outra contribuíram para o término do meu trabalho. Agradeço à técnica do laboratório de microbiologia da Unochapecó, Liliane Wanderley pela grande ajuda fornecida durante a realização das análises. Agradeço as minhas amigas, em especial Ana Daniela, Daiane, Gabriela e Luana que me ajudaram nos momentos difíceis e pelos bons momentos passados junto das mesmas. Agradeço aos acadêmicos voluntários pela participação no estudo, que acreditaram e confiaram suas lentes de contato e seus estojos de armazenamento para a análise, uma vez que sem a colaboração dos mesmos a pesquisa não teria continuado. Agradeço aos colaboradores da Farmácia Dose Certa, pela ajuda fornecida e pelos conhecimentos repassados nos estágios realizados. RESUMO Com os avanços na fabricação das lentes de contato (LC), muitas pessoas tem trocado os óculos por essa opção por motivos estéticos, corretivas e/ou terapêuticos. Porém, isso implica numa série de cuidados em relação à higiene e manutenção das LC pois as mesmas ficam em contato direto com a córnea. A contaminação das lentes de contato, dos seus estojos de armazenamento e dos produtos de manutenção são as principais causas da alteração da flora conjuntival predispondo infecções oculares. Essas infecções são de grande importância, uma vez que podem alterar a integridade do olho e causar destruição tecidual, podendo, inclusive culminar com perda significativa da visão. O objetivo do estudo foi isolar e identificar as bactérias das LC e dos seus estojos de armazenamento de estudantes do curso de farmácia da Unochapecó, identificando qual microorganismo é prevalente nesses dois locais de amostragem e avaliar se o tempo de uso interfere na contaminação microbiana das LC. Para isso, foram coletadas amostras de 12 estudantes do curso de farmácia da Unochapecó, voluntários assintomáticos, onde coletou-se amostras do olho direito e esquerdo antes e após 4 a 6h de uso; do estojo externamente e do estojo internamente no lado direito e esquerdo. Utilizou-se para as análises caldo BHI, Sangue, Mac Conkey, TSI, EPM/Mili e Sal Manitol. Das 84 amostras coletadas, 73 apresentaram crescimento em caldo BHI, onde em 19 isolados identificou-se mais de uma bactéria, o que demonstra o grande risco a que o usuário de LC esta exposto. Nas amostras coletadas após o uso de 4 às 6h da LC houve menor porcentagem de crescimento bacteriano em relação às LC antes do uso. Nos estojos de armazenamento também houve crescimento bacteriano nas amostras coletadas. No geral, as bactérias mais frequentemente isoladas foram Staphylococcus aureus e Staphylococcus coagulase negativo. Sendo assim, percebe-se a relevância de cuidados com a LC que envolvem desde higiene até manutenção adequadas para que uma vida mais saudável e agradável seja proporcionada ao usuário de LC. Palavras chave: Lente de contato, estojo de armazenamento e contaminação bacteriana. ABSTRACT With advances in the manufacture of contact lenses (CL), many people have exchanged glasses for this option for aesthetic reasons, corrective and / or therapeutic purposes. But contact lenses implies a lot of care that includes hygiene and maintenance because they are constantly in direct contact with the cornea. As Pens (2008), contamination of CL, their storage cases and maintenance products are the main causes of change in the conjunctival flora predisposing the eye to infections. These infections are of great importance since they may alter the integrity of the eye and cause tissue destruction and may even lead to significant loss of vision. The study objective was to isolate and identify bacteria from CL and its storage cases belonging to students of pharmacy at Unochapecó, identifying which organism is prevalent in these two sampling sites and to evaluate whether amount of time at using of CL interferes with microbial contamination of the CL. For this propose, samples were collected from 12 students of pharmacy at UNOCHAPECÓ. Samples were collected from right and left eyes before and after 4 to 6 hours of use, from both external and internal sides of the case and from the right and left containers. BHI, Blood, MacConkey, TSI, EPM / Mili and Mannitol Salt were used for analysis. From the 84 samples collected, 73 showed growth in BHI, in which 19 isolates were identified by more than a bacterium, which demonstrates the great risk that CL users are exposed to. In samples collected after 4 to 6 hours of using CL there was a lower percentage of bacterial growth in relation to CL before use. Bacterial growth in the samples also occurred inside the storage cases. In general, the bacteria most frequently isolated were Staphylococcus aureus and Staphylococcus negative coagulase. Thus, we see how important is to care for maintaining adequate hygiene measures concerning CL to ensure a healthier and more enjoyable life to CL users. Keywords: Contact lens, storage case and bacterial contamination. LISTA DE TABELAS Tabela 1: Identificação das amostras .....................................................................32 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Porcentagem da população estudada......................................................35 Gráfico 2: Faixa etária da população estudada.........................................................36 Gráfico 3: Tipo de uso da lente de contato da população em questão.....................36 Gráfico 4: Motivo do uso da LC.................................................................................37 Gráfico 5: Tipo da lente de contato...........................................................................37 Gráfico 6: Tempo de uso da lente de contato...........................................................38 Gráfico 7: Crescimento microbiológico no caldo BHI................................................40 Gráfico 8: Porcentagem de bactérias isoladas..........................................................42 Gráfico 9: Porcentagem de bactérias isoladas de amostras da LC do olho direito antes do uso...............................................................................................................43 Gráfico 10: Porcentagem das bactérias isoladas em amostras da LC do olho esquerdo antes do uso...............................................................................................44 Gráfico 11: Porcentagem das bactérias isoladas do estojo de armazenamento das LC externamente........................................................................................................45 Gráfico 12: Porcentagem das bactérias isoladas do estojo de armazenamento do lado direito interno......................................................................................................46 Gráfico 13: Porcentagem das bactérias isoladas do estojo de armazenamento do lado esquerdo interno.................................................................................................47 Gráfico 14: Porcentagem de bactérias isoladas de amostras da LC do olho direito após 4 a 6h de uso.....................................................................................................48 Gráfico 15: Porcentagem de bactérias isoladas de amostras da LC do olho esquerdo após 4 a 6h de uso.....................................................................................49 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Staphylococcus aureus .............................................................................60 Figura 2: Staphylococcus coagulase negativo .........................................................60 Figura 3: Bacillus sp. ................................................................................................60 Figura 4: Proteus sp. ................................................................................................60 Figura 5: Bacilo Gram negativo oxidase positivo .....................................................60 Figura 6: Crescimento filamentoso ..........................................................................60 Figura 7: Pseudomonas sp. .....................................................................................61 Figura 8: Escherichia coli .........................................................................................61 Figura 9: Citrobacter freundii ....................................................................................61 LISTA DE APÊNDICES APÊNDICE I: Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa ......................................56 APÊNDICE II: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ...................................57 APÊNDICE III: Questionário ......................................................................................58 APÊNDICE IV: Fotos das bactérias isoladas ............................................................59 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................12 2 OBJETIVOS ..........................................................................................................14 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................15 3.1 Lentes de Contato ..........................................................................................16 3.2 Tipos de Lentes de Contato ..........................................................................18 Lentes de Contato Descartáveis .....................................................................18 Gelatinosas de Uso Prolongado......................................................................19 Gelatinosas de Alta Permeabilidade...............................................................19 Gelatinosas Cosméticas ou Coloridas ...........................................................19 Rígidas...............................................................................................................19 Rígidas Fluorcarbonadas ................................................................................20 Rígidas Fluorsiliconadas .................................................................................20 Rígidas Siliconadas ..........................................................................................20 Rígidas PMMA ...................................................................................................20 Lentes Especiais ...............................................................................................20 3.3 Estojo das Lentes de Contato .......................................................................20 3.4 Manutenção das Lentes de Contato .............................................................21 3.5 Soluções para Lentes de Contato ................................................................23 3.6 Contaminação das Lentes de Contato .........................................................23 3.7 Ceratite Bacteriana ........................................................................................25 3.8 Úlcera de Córnea Bacteriana.........................................................................25 3.9 Espécies Isoladas com Maior Frequência ...................................................26 3.10 Meios de Cultura Utilizados ........................................................................30 4 MATERIAL E MÉTODOS .....................................................................................32 4.1 Material ..........................................................................................................32 4.2 Métodos .........................................................................................................32 a) Busca de voluntários para a pesquisa .......................................................32 b) Obtenção das amostras dos estojos de armazenamento ..........................32 c) Obtenção das amostras das lentes de contato ..........................................33 d) Isolamento e identificação de bactérias .....................................................33 e) Tabulação dos resultados ..........................................................................34 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES .........................................................................35 5.1 Caracterização das amostras ......................................................................35 5.2 Crescimento Microbiológico ........................................................................39 6 CONCLUSÕES .....................................................................................................50 7 REFERÊNCIAS .....................................................................................................53 8 APÊNDICE ............................................................................................................56 12 1 INTRODUÇÃO Com o advento das lentes de contato (LC), muitas pessoas tem trocado os antigos óculos por essa opção devido a questões estéticas, corretivas e terapêuticas e, muitas vezes, por ser a única forma de corrigir a visão. Porém, sem os cuidados devidos, como higienização e manutenção adequada, as lentes podem significar um sério problema para a saúde por estar em contato direto com a córnea. De acordo com Ghanem; Kara-Jose (1998), a complicação mais temida é a úlcera de córnea, que pode resultar em perda significativa da visão. Com melhora de sua qualidade, o desenvolvimento de produtos para limpeza e conservação e a facilidade de aquisição pela população, o número de usuários de LC cresce diariamente (VIDOTTI, 2006). Segundo Oliveira et al., (2004), as LC representam um negócio lucrativo para as indústrias que ganham cerca de um bilhão de dólares por ano. Porém, significam um problema frequentemente ignorado, uma vez que a incidência de ceratite microbiana aumentou 435% nos últimos 40 anos. Conforme Pens (2008), a contaminação das lentes de contato, dos seus estojos de armazenamento e dos produtos de manutenção são as principais causas da alteração da flora conjuntival predispondo infecções oculares. Essas infecções são de grande importância, pois podem alterar a integridade do olho e causar destruição tecidual, podendo, inclusive culminar com perda significativa da visão. O mau uso das lentes, associado à má adaptação, contaminação, doenças oculares prévias e fatores ambientais, podem aumentar o número de infecções corneanas através da proliferação de microorganismos como bactérias, fungos, parasitas, vírus, onde o próprio uso da lente altera o mecanismo de defesa do olho (LIPENER; RAY, 2008). Assim sendo, conhecer os microrganismos causadores dos processos é de extrema relevância já que poderá contribuir nas formas de prevenção, tratamento e prognóstico das infecções oculares. O presente estudo teve o objetivo de isolar as bactérias presentes nas lentes de contato e em seus estojos de armazenamento pertencentes a estudantes do curso de farmácia da UNOCHAPECÓ, identificando qual microorganismo prevalente 13 nas LC e nos estojos, bem como analisando o tempo de uso das LC pelos usuários abordados. 14 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Isolar e identificar as bactérias presentes nas lentes de contato e em seus estojos de armazenamento pertencentes a estudantes do curso de Farmácia da UNOCHAPECÓ. 2.2 Objetivos Específicos Identificar o perfil de usuários de LC do curso de Farmácia da UNOCHAPECÓ; Isolar e identificar bactérias presentes nas LC antes do uso; Isolar e identificar bactérias presentes na LC após 4 a 6h de uso; Isolar e identificar bactérias presentes no estojo de armazenamento externamente; Isolar e identificar bactérias presentes no estojo de armazenamento internamente. 15 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Os olhos fazem parte do sistema sensorial e são receptores altamente complexos. Captam estímulos luminosos para que o sistema nervoso central possa exercer sua função integradora e coordenativa (PENS, 2008). Sua proteção inclui supercílios, cílios, pálpebras e glândulas lacrimais. As pálpebras possuem uma camada muito fina que reveste a córnea. A conjuntiva está intimamente relacionada com o sistema linfático, o que constitui uma barreira contra microrganismos. A lágrima contém enzimas que atuam como anti-sépticos naturais, como a lisozima, lactoferrina e betalisina (PENS, 2008). Conforme Pens (2008), a córnea é a parte anterior transparente e protetora do olho que está na região polar anterior do globo ocular. Junto com o cristalino ela tem a função de focar a luz através da pupila para a retina. Como não possui vasos sanguíneos e é desprovida de bainha de mielina nas inervações, propicia total transparência. Antes do nascimento, como o saco amniótico ainda não foi rompido, a conjuntiva e as pálpebras são estéreis. Durante o parto, a flora bacteriana ocular começa a se formar. Essa colonização por vezes é retardada pela aplicação tópica de nitrato de prata para profilaxia de gonorréia ou infecção por Chlamydia trachomatis. Após o nascimento então, a flora bacteriana é formada e permanece com a mesma característica no decorrer dos anos (UESUGUI et al., 2002). A maioria dos membros da flora normal são bactérias, porém fungos e protozoários também podem ser encontrados. O termo flora normal implica que esses agentes são inofensivos, pois para a maioria dos indivíduos eles não causam doenças. Eles são residentes do corpo humano saudável e são ocupantes permanentes (PELCZAR et al., 1996). Entretanto, os microrganismos que são transitórios do corpo humano saudável podem estabelecer-se por um curto período, mas tendem a ser excluídos por competição com os agentes residentes e por mecanismos imunológicos do hospedeiro. Esses microrganismos não são considerados flora normal (PELCZAR et al., 1996). A região externa do olho é colonizada por muitos microrganismos semelhantes aos que habitam a região periorbital, margens palpebrais e trato 16 respiratório alto. Mesmo que alguns desses microrganismos sejam patogênicos, infecções são raras já que existem os mecanismos de defesa do olho (SILVA, 2007). A maioria dos agentes da flora normal são comensais, isto é, beneficiam-se da associação com o hospedeiro que não é afetado. Outros apresentam uma associação mutualística: beneficiam o hospedeiro de alguma maneira, enquanto se desenvolvem no organismo. Outros podem ser patógenos oportunistas que causam infecções se ocorrer danos teciduais em sítios corpóreos específicos ou se a resistência do corpo às infecções está diminuída (PELCZAR et al., 1996). Essa flora bacteriana na superfície ocular contribui com a defesa do olho por inibir o aparecimento de microrganismos patogênicos. Com as mudanças na superfície ocular, os microrganismos podem se tornar mais resistentes às defesas naturais e aumentar sua capacidade de infecção (UESUGUI et al., 2002). Revestindo a pálpebra e cobrindo o globo ocular está a conjuntiva, uma membrana delicada que é uma continuação da pele na margem da pálpebra a qual está sendo continuamente lavada pelo fluxo das lágrimas que tende a remover os microrganismos. Assim, a flora da conjuntiva é escassa. Os principais organismos encontrados são: Staphylococcus epidermidis, Staphylococcus aureus, Corynebacterium sp., Streptococcus pneumoniae, Neisseria sp., Moraxella sp. e Haemophilus parainfluenzae (PELCZAR et al., 1996). A infecção pode ocorrer quando algum fator, como adição de medicamentos ou atrito causado pela colocação de lentes, modifica as condições normais do olho (PENS, 2008). 3.1 Lentes de Contato As primeiras LC desenvolvidas foram as esclerais, sendo descritas por Adolf Fick em 1888. Ele teve a idéia de corrigir a irregularidade da córnea com conchas esclerais de vidro que melhoravam muito a visão do paciente. Em 1938, foi produzida a primeira LC do material polimetilmetacrilato (PMMA). Essas lentes foram sendo substituídas pelas lentes corneanas, mas com o surgimento das LC esclerais rígidas gás permeáveis o interesse retomou, uma vez que diminuíram as complicações decorrentes da hipóxia em comparação com a de PMMA para uso diário (LIPENER; LEAL, 2004). Segundo Ghanem et al. (2000), há no Brasil aproximadamente 1.700.000 usuários de LC. Desse total, cerca de 46% usam lentes hidrofílicas de uso diário, 16% hidrofílicas esféricas de uso prolongado, 5% descartáveis, 25% rígidas gáspermeáveis e 7% outros tipos. As LC possuem as mesmas funções corretivas dos óculos, porém são invisíveis sobre a córnea (PENS, 2008). A maioria das pessoas pode utilizar LC, entretanto, há restrições como idade do paciente, expectativa, condições psicológicas, grau de responsabilidade e presença de doenças oculares e sistêmicas. A LC é um objeto estranho em íntimo contato com a córnea e sua adaptação deve ser adequada. Seu uso deve ser controlado, pois o usuário está sempre sujeito a complicações, desde conjuntivites irritativas à úlceras de córnea (JOSE et al., 2001). O número de usuários de LC vem aumentando, mesmo com o crescente progresso tecnológico das cirurgias refrativas. Isso se deve ao desenvolvimento de novos materiais e desenhos, o que as tornam mais seguras, confortáveis, duráveis e favoráveis à correção da maioria das ametropias (JOSE et al., 2001). O desenvolvimento de novos materiais e desenhos, desenvolvimento de soluções multiuso, fácil acesso aos fabricantes estrangeiros, a popularização das lentes juntamente com a diminuição dos custos têm contribuído para o aumento no número de adaptações, modificando o comportamento e as características dos usuários (GHANEM et al., 2000). O sucesso do uso das LC requer uma lente adequada ao olho e depende de o paciente entender que as lentes possuem restrições bem como saber como se manuseia e sua aderência. Deve estar ciente sobre os métodos de conservação, ao esquema de uso e saber identificar os sintomas de perigo, bem como ter conhecimento do acesso rápido aos serviços especializados (JOSE et al., 2001). Portanto, a adaptação da LC é um processo contínuo e dinâmico, que exige amplo conhecimento oftalmológico do especialista, no sentido de selecionar e orientar os pacientes quanto às exigências requeridas. Assim, pode-se reduzir o aparecimento de complicações pelo uso de LC, aumentando a confiança de novos usuários (JOSE et al., 2001). 18 3.2 Tipos de Lentes de Contato Atualmente existe uma variedade de lentes de contato e a escolha de cada uma depende do oftalmologista (PENS, 2008). As LC podem ser classificadas de acordo com a natureza do material utilizado na fabricação, conforme a permeabilidade aos gases, a finalidade, a forma de uso, a descartabilidade e a curvatura (GHANEM; KARA-JOSE, 1998). De acordo com a natureza do material, Ghanem; Kara-Jose (1998) classifica as LC como rígidas (duras) as quais são dividas em polimetilmetacrilato (PMMA) e gás – permeáveis, e hidrofílicas (gelatinosas). Conforme as permeabilidade dos gases são conhecidas as que permitem a passagem de oxigênio do filme lacrimal para a córnea e do gás carbônico da córnea para o filme lacrimal como permeáveis aos gases sendo esse termo utilizado apenas para as LC rígidas. Quanto à finalidade, as LC podem ser terapêuticas para proteger a córnea, corretivas para corrigir vícios de refração ou regularização da superfície da córnea, e cosméticas para modificação da cor ou estética. As formas de uso conhecidas são diário, prolongado onde a LC é utilizada por um número ilimitado de horas num período de vigília, contínuo – durante o sono -, flexível, onde utiliza-se o uso prolongado com eventual contínuo ou ainda uso ocasional, na prática de esportes ou socialmente (GHANEM; KARA-JOSE, 1998). Ghanem; Kara-Jose (1998) classificam as LC de acordo com a descartabilidade. Podem ser: descartáveis de uso diário, descartáveis de uso semanal, troca a cada 30 dias e troca planejada com período mais de 30 dias. Conforme a curvatura, podem ser esféricas, na qual as superfícies anterior e posterior são esféricas, tórica, onde os dois meridianos principais possuem diferentes raios de curvatura e esférica que simula a curvatura da córnea com diferentes raios de curvatura do centro para a periferia. Lentes de Contato Descartáveis: surgiram em 1987 nos Estados Unidos com a perspectiva de reduzir a necessidade de manuseio e manutenção, a contaminação da superfície, a probabilidade de causar micro-trauma por inserção e remoção repetidas, complicações secundárias a depósitos e para evitar dessensibilização às soluções de manutenção (GHANEM et al., 2000). É uma lente de contado hidrofílica com alto teor aquoso e uma pequena vida útil, devendo ser substituída após alguns dias de uso. Como é trocada com 19 freqüência, os depósitos são mínimos e o paciente possui sempre uma LC praticamente nova (GHANEM; KARA-JOSE, 1998). Elas oferecem maior conveniência e praticidade o que facilita a adaptação, além da vantagem de substituição imediata em caso de perda ou dano (LOURENÇO et al., 2004). Elas podem ser utilizadas da seguinte maneira: uso contínuo de até 6 noites e 7 dias, descansando um dia e retornando no dia seguinte a utilizar outro par de lentes novos, ou uso diário descartando em 14 dias, segundo o FDA (The Food and Drug Administration) (GHANEM et al., 2000). Porém, o uso diário é recomendável já que o uso contínuo, mesmo diminuindo o número de complicações de um modo geral, provoca com mais frequência ceratite puntada superficial e edema corneano, aumentando o risco de úlcera de córnea (GHANEM et al., 2000). Segundo Lourenço et al. (2004), pessoas que dormem com as LC possuem um risco 20 vezes maior de contrair uma infecção. O lançamento das lentes de contato descartáveis no mercado brasileiro veio acompanhado com intensa propaganda demonstrando suas vantagens. Entretanto, houve pouco esclarecimento sobre suas limitações, causando um desentendimento sobre a filosofia de adaptação. Isso provocou diferentes orientações sobre esquema de uso e descartabilidade das lentes, causando desistência e complicações oculares facilmente evitáveis (GHANEM et al., 2000). Gelatinosas de Uso Prolongado: segundo Lourenço et al. (2004), são usadas pelo período médio de um ano devendo ser trocadas após esse período ou avaliadas por um oftalmologista, pois com o tempo as lentes acumulam depósitos em sua superfície, como proteínas, muco, além de microrganismos. Possuem custo menor que as descartáveis além de proporcionar uma maior correção específica para altas ametropias; Gelatinosas de Alta Permeabilidade: produzidas com silicone hidrogel, proporcionam maiores índices de transmissibilidade de oxigênio do que as descartáveis convencionais oferecendo maior segurança ao usuário; Gelatinosas Cosméticas ou Coloridas: disponíveis para pacientes com miopia de até 6 graus, elas vem se firmando como um acessório de beleza muito requisitado; Rígidas: apresentam várias vantagens sobre as gelatinosas como melhor qualidade de visão, maior durabilidade, resistência aos depósitos, facilidade de 20 manuseio, baixo custo, maior permeabilidade ao oxigênio. Também apresentam várias desvantagens como menor conforto, maior período de adaptação, menor estabilidade na superfície ocular; Rígidas Fluorcarbonadas: caracterizam-se pela baixa incidência de contaminação microbiológica, podendo corrigir altas ametropias e astigmatismo, além de ter alta transmissibilidade de oxigênio; Rígidas Fluorsiliconadas: possuem boa umectabilidade, resistência a depósitos e boa permeabilidade ao oxigênio. Porém possuem maior flexibilidade, podendo sofrer alterações em sua forma e diminuir a acuidade visual. O flúor promove uma boa umectabilidade e maior resistência aos depósitos; Rígidas Siliconadas: Produzidas por um polímero de silicone com acrilato (PMMA), apresentando boa permeabilidade ao oxigênio e boa estabilidade. Possui como desvantagens a baixa umectabilidade, podendo embaçar, menor resistência a arranhões e tendência a depositar proteínas e muco. Por serem hidrofóbicas, apresentam maior flexibilidade podendo causar baixa na acuidade visual. O PMMA serve para aumentar a rigidez e umectabilidade da LC; Rígidas de PMMA: as primeiras a serem introduzidas no mercado, mas, como não são gás permeável, não estão disponíveis no mercado. Possuem qualidade óptica excelente, são altamente transparentes e duráveis, resistente a depósitos e arranhões, porém possuem permeabilidade muito baixa. Lentes Especiais: usadas em certos tipos de astigmatismo irregular. Dentre as LC deste grupo estão a Sopper com duas curvaturas diferentes na mesma lente e a SoftPerm (LOURENÇO et al., 2004). As lentes de contato híbridas reúnem as qualidades dos materiais rígidos permeáveis aos gases e dos gelatinosos (hidrofílicos), onde o centro é formado pelo material rígido gás permeável e circundado pelo material hidrofílico (LEAL et al., 2007). 3.3 Estojo das Lentes de Contato Geralmente, as LC quando não estão em uso, são armazenadas nesse recipiente que encontra-se permanentemente banhado com a solução de conservação, onde as lentes ficam submersas. Com o tempo, esses estojos podem abrigar resíduos e constituir uma das causas da contaminação das LC (PENS, 2008). 21 Segundo a Sociedade Brasileira de Lentes de Contato e Córnea (Soblec), (2010), a limpeza do estojo deve ser feita pelo menos uma vez por semana com água quente e sem sabão, utilizando utensílio do tipo escova de dente. Deixar secar no ar e quando seco guardá-lo fechado. Caso a manipulação desse estojo seja inadequada, pode ocorrer um processo de contaminação contínuo, tanto no estojo como nas LC. A origem da contaminação pode ser da própria solução de limpeza, das lentes ou das mãos dos usuários contaminados com microrganismos (PENS, 2008). A recomendação é trocar o estojo a cada seis meses, pois nutrientes que desenvolvem microorganismos provenientes dos dedos ou da própria LC suja, podem acumular-se no estojo e propiciar uma contaminação das LC (Soblec, 2010). 3.4 Manutenção das Lentes de Contato Sabe-se que muitas das complicações decorrentes do uso das LC podem ser evitadas com manutenção adequada. Assim sendo, os usuários devem ser orientados quanto à limpeza e desinfecção das LC, para que essa manutenção seja adequada (ANDRADE SOBRINHO, s. d.) Segundo Andrade Sobrinho (s.d.), a sequência do processo de limpeza das LC é o seguinte: Higiene das mãos, olhos e anexos: lavar as mãos com sabonete neutro e secar em toalha que não solte fiapos, manter as unhas sempre asseadas e retirar as LC antes da remoção de maquiagem e aplicação de cremes; Limpeza das LC: é de extrema importância que a limpeza da superfície da LC seja realizada de forma apropriada, diariamente, pois a remoção dos resíduos superficiais reduzem de maneira significativa o número de microrganismos além de proporcionar uma melhor acuidade visual ao paciente, bem como facilita a desinfecção diminuindo o risco de complicações oculares. Esses depósitos decorrem geralmente de proteínas, muco, lipídeos e depósitos inorgânicos derivado da lágrima. Os tipos de limpadores são: Limpadores surfactantes: remove restos celulares, muco, lipídeos, cosméticos e outros depósitos. Podem ser iônicos – aniônico, catiônico e anfótero –, e não iônico; 22 Limpadores enzimáticos: removem os resíduos protéicos da superfície das LC e são utilizados após os limpadores surfactantes. Seu uso depende do tipo de LC, regime de uso, reposição e tipo de filme lacrimal do usuário. Os limpadores enzimáticos mais usados são: - Papaína: enzima proteolítica extraída do mamão papaia; - Pancreatina: derivada do pâncreas suíno, é encontrada em soluções de limpeza e deve ser aplicada diariamente, uma gota no estojo com a solução limpadora. Remove proteínas, lipídeos e mucina; - Subtilisina: extraída do Bacillus licheniformis, usada diariamente com a solução multiuso ou semanalmente em comprimido. Enxágue: após a limpeza, é necessário enxaguar as LC para retirar possíveis resíduos dos produtos utilizados, depósitos e microrganismos. Há possibilidade de realizar o enxágue com soluções de limpeza ou água salina, porém o primeiro é indicado uma vez que a água salina pode causar irritação ocular no usuário; Desinfecção: o olho possui diversas formas de defesa contra infecções naturais como a integridade do epitélio corneano, propriedades naturais antimicrobianas do filme lacrimal, ação de piscar, entre outras, porém muitas vezes essas barreiras são prejudicadas, deixando os olhos expostos a riscos. Portanto, a desinfecção deve ser levada em consideração. Existem dois métodos para desinfecção: Térmico: feito por aquecimento a 80 oC por 10 minutos, com as lentes embebidas em solução salina isotônica. A remoção dos depósitos deve ser realizada rigorosamente antes do tratamento térmico, uma vez que se houver depósitos protéicos, eles se fixarão na superfície, dificultando sua remoção. Contra indicado para LC rígida gás permeável, cosméticas, e LC hidrofílicas de alto conteúdo aquoso; Químico: proporciona um maior tempo de vida útil para a LC e mais comodidade ao usuário. Dividido em oxidativo e não oxidativo; - Oxidativo: desinfectante de amplo espectro, realizada com peróxido de hidrogênio 3%, transforma H2O2 em água e oxigênio, num processo oxidativo. Há necessidade de neutralização pois pode haver ceratite e hiperemia entre outros sintomas. Essa solução não está disponível no mercado nacional; 15 - 23 Não oxidativo: desinfecção obtida com a utilização de antimicrobianos como polihexamida, clorexidina, etc., de amplo espectro. Há disponibilidade nas soluções de multiuso indicadas para limpeza, enxágüe e desinfecção. 3.5 Soluções para Lentes de Contato Conforme Lui, et al. (2009), as soluções multiuso apresentam propriedades de limpeza, desinfecção, remoção de depósitos de proteínas e lubrificação, que simplificam as etapas dos cuidados por parte dos usuários. Vários são os princípio ativos usados nas soluções multiuso, dos quais destacam-se o poliquaternário-1 a 0,001%, o miristamidopropil dimetilamina a 0,0005% e o poliaminopropil biguanida a 0,0001%. 3.6 Contaminação das Lentes de Contato Para a instalação da infecção ocular é necessário que haja uma aderência, penetração, invasão, persistência e replicação do agente. Para destruir as células e tecidos oculares e provocar a invasão, o agente precisa produzir exotoxinas, proteases e endotoxinas (UESUGUI et al., 2002). Para exercer sua patogenicidade, a bactéria depende das condições do hospedeiro (TRABULSI; ALTERTHUN, 2005). Na maioria das vezes a infecção ocorre devido a perda de algum mecanismo de proteção (SILVA, 2007). As infecções bacterianas possuem importância na história da humanidade, uma vez que tem sido responsáveis por inúmeras doenças endêmicas e epidêmicas, muitas vezes com efeitos devastadores sobre a população humana (TRABULSI; ALTERTHUN, 2005). Conforme Trabulsi; Alterthun (2005) as infecções bacterianas dividem-se em dois grupos: exógenas e endógenas. A primeira ocorre quando os agentes atingem o hospedeiro a partir de uma fonte externa e as endógenas são infecções causadas por agente da flora normal do hospedeiro. É importante destacar que pode haver infecção sem doença, e este estado é chamado de infecção inaparente, onde muitas vezes as únicas manifestações do organismo é a resposta imunológica. Denomina-se infecção, o ato da bactéria se instalar e multiplicar-se no organismo do hospedeiro. A doença só ocorre quando a 24 bactéria expressa seu efeito patogênico e provoca manifestações clínicas (TRABULSI; ALTERTHUN, 2005). A superfície ocular é normalmente colonizada por uma microbiota bacteriana. Alterações da microbiota são observadas em várias situações, principalmente devido à diminuição da imunidade local e sistêmica do hospedeiro ou pela presença de microorganismos virulentos (SOLARI et al., 2004). Os olhos possuem um micro-habitat, formado pelo saco conjuntival com uma microbiota peculiar, apresentando um grande número de microorganismos oportunistas. Infecções oculares geralmente resultam de desequilíbrios como baixa da imunidade, lesão na integridade dos tecidos, uso de antimicrobianos ou a introdução de algum patógeno capaz de superar todas as defesas naturais e estabelecer-se (PENS, 2008). Para sobrevivência e multiplicação dos agentes infecciosos, há necessidade de condições apropriadas. Muitas vezes, encontram essa condição nos homens ou em outro animal. Os agentes infecciosos podem migrar de um organismo para outro com facilidade, causando, eventualmente, doenças ao encontrar um hospedeiro susceptível (TRABULSI; ALTERTHUN, 2005). O usuário de LC pode ter complicações induzidas, facilitadas e/ou agravadas com sua presença, além de outras, independentes de seu uso. Como estão em contato direto com a córnea, podem induzir alterações pelo trauma, pela diminuição da umidificação e oxigenação da córnea e da conjuntiva, bem como desencadear alergias e infecções (GHANEM; KARA-JOSE, 1998). As principais complicações se devem à LC mal adaptadas, mal conservadas ou contaminadas, intolerância ao material da LC, presença de patologias oculares prévias, interferência de fatores ambientais e uso incorreto da LC (GHANEM; KARAJOSE, 1998). O estojo das LC são frequentemente contaminados por microorganismos colonizadores primários, presentes na solução de limpeza, nas LC, nas mãos do usuário e ar, formando um biofilme e sujeitando as LC a um processo contínuo de contaminação (PENS, 2008). A úlcera por Pseudomonas aeruginosa é a infecção corneana mais frequente associada ao uso de LC. Pode começar em qualquer local da córnea e propagar-se rapidamente em extensão e profundidade, levando a uma necrose total. Esse agente tem sido encontrado constantemente em soluções de manutenção de pacientes que apresentaram úlcera, porém, é encontrado em qualquer fonte da natureza. Adere 25 facilmente ao polímero da LC, fato estimulado pela presença de depósitos em sua superfície (GHANEM; KARA-JOSE, 1998). 3.7 Ceratite Bacteriana Importante causa de déficit visual, a ceratite bacteriana ocorre principalmente quando há alguma alteração nos mecanismos de defesa corneanos. Segundo Alves; Andrade (2000), cerca de 90 % dos casos de ceratites bacterianas são causadas por organismos incluídos nos grupos Micrococcaceae, Pseudomonaceae e Enterobacteriaceae, sendo os microrganismos mais comumente encontrados causando infecções são Pseudomonas sp., Staphylococcus sp., Streptococcus sp. e Proteus sp. Calcula-se um aumento de 10 a 15 vezes no risco de ceratite infecciosa no uso continuado de lentes de contato quando comparado com o uso diário. As principais causas das complicações relacionadas ao uso de LC são: falta de obediência às instruções de manutenção e troca das lentes, que propiciam o aparecimento de depósitos, que, além de causar turvação e desconforto visual, podem causar reações imunoalérgicas o que facilita a aderência de microrganismos e consequentemente infecções (ALVES; ANDRADE, 2000). Os sintomas incluem dor, lacrimejamento, fotofobia, diminuição da visão, secreção purulenta e hiperemia conjuntival (ALVES; ANDRADE, 2000). 3.8 Úlcera de Córnea A úlcera corneana é um grave problema ocular pelo seu potencial de destruição da estrutura transparente da córnea (SILVA, 2007), sendo a complicação mais grave associada ao uso de LC. Ela se desenvolve pelo rompimento da barreira epitelial seguido por invasão do estroma corneano por microrganismos patogênicos. As principais causas do rompimento da barreira epitelial incluem hipóxia que provoca edema, trauma por inserção e remoção das LC, reações tóxicas aos preservativos das soluções, LC com defeito ou com depósitos (GHANEM; KARAJOSE, 1998). Ocorre, geralmente, devido a uma infecção bacteriana, fúngica ou viral, podendo ser consequência de um traumatismo. As bactérias, na maioria dos casos 26 Staphylococcus sp., Pseudomonas sp. e Streptococcus pneumoniae, podem infectar e ulcerar a córnea após lesão ocular como penetração de corpo estranho no olho ou irritação por LC (SILVA, 2007). Conforme afirma Silva (2007), a úlcera bacteriana é rara na ausência de fatores predisponentes. A maior parte dos casos esta relacionada com trauma ou doença ocular. No entanto, o amplo uso de LC tem aumentado os relatos de úlcera de córnea relacionados ao seu uso. As bactérias, principalmente as Gram positivas, são os microrganismos mais isolados de úlceras corneanas e a maioria delas faz parte da microbiota ocular. Os fungos aparecem em segundo lugar na ordem de freqüência. Streptococcus pneumoniae, Staphylococcus coagulase negativo e Staphylococcus aureus são as bactérias mais envolvidas em processos infecciosos corneanos. As bactérias Gram negativas, principalmente Pseudomonas aeruginosa e Klebsiella pneumoniae também possuem relatos de infecção corneana (SILVA, 2007). Segundo Silva (2007), Staphylococcus coagulase negativo e Corynebacterium sp. são os principais componentes da microbiota conjuntival, porém possuem baixa patogenicidade infectando úlceras de córnea produzidas por enfermidades oculares crônicas ou injúrias oculares Staphylococcus aureus são componentes importantes da microbiota ocular e possuem muitos fatores de patogenicidade sendo um agente freqüente de úlceras corneanas. Streptococcus pneumoniae é o principal agente etiológico das conjuntivites bacterianas e ocupa importante posição entre os agentes das úlceras de córneas associadas a diversas enfermidades ou cirurgias oculares (SILVA, 2007). Pseudomonas aeruginosa e Serratia marcescens são os principais bacilos Gram negativos isolados em úlceras infecciosas, principalmente em usuários de LC. Essas bactérias podem aderir-se às células da córnea, fato favorecido pelas condições de estresse proporcionado pelo uso de LC. Podem sobreviver em ambientes inóspitos e com poucos nutrientes, como soluções utilizadas para preservar as LC (SILVA, 2007). 3.9 Espécies Isoladas com Maior Frequência Staphylococcus aureus 27 Geralmente é necessário haver um comprometimento significativo do hospedeiro para que ocorra infecção por S. aureus, como um corte na pele ou a inserção de um corpo estranho, um folículo piloso obstruído ou um comprometimento do sistema imune. A doença causada por S. aureus pode ser: resultado de uma infecção invasiva real, sobrepondo os mecanismos de defesa do organismo e com produção de substâncias extracelulares que facilitam a invasão; devida a toxinas na ausência de infecção ou uma combinação de infecção e intoxicação (HARVEY et al., 2008). Segundo KONEMAN et al. (2001), o S. aureus é o patógeno humano mais importante entre os estafilococos devido à sua significativa virulência. Representante da flora normal das pessoas, especialmente nas narinas da maioria dos adultos, em pregas cutâneas, períneo, axilas e vagina, também comporta-se como agente de importantes infecções oportunístas. Segundo o autor, os estafilococos podem causar diversos processos infecciosos, na maioria das vezes resultante da falha nos mecanismos de defesa dos indivíduos, associação com outros patógenos ou na presença de corpos estranhos. Uma vez que as LC podem ser classificadas como um corpo estranho, a presença dessas bactérias colonizando o olho, representa um fator de risco para o desenvolvimento de processos infecciosos. O S. aureus possui várias propriedades que contribuem para sua patogenicidade, porém esses fatores de virulência não se encontram em todas as cepas da espécie. Entre as propriedades, ressalta-se a formação de cápsula, proteína A, constituintes da parede celular, enzimas específicas, hemolisinas e toxinas (KONEMAN et al., 2001). Bacillus sp. Os bastonetes Gram positivos são encontrados em abundância no ambiente e formam um grupo que inclui bactérias que raramente causam doenças (SCHAECHTER et al., 2002). As bactérias do gênero Bacillus são tipicamente bastonetes que poduzem endosporos. São comuns no solo e somente algumas são patogênicas para humanos. Diversas espécies produzem antibióticos (TORTORA et al., 2007). A maioria das cerca de 70 espécies de Bacillus são achadas no solo e na água, e geralmente são encontradas em laboratórios clínicos como contaminantes 28 veiculados pelo ar. B. anthracis, causador do carbúnculo (antraz), é o membro do gênero de maior importância clínica (HARVEY et al., 2008). De acordo com Tortora et al. (2007), o Bacillus anthracis causa o antraz, uma doença que ataca gado, ovelhas e cavalos e que pode ser transmitida para o homem. O Bacillus thuringiensis é provavelmente o patógeno microbiano de insetos mais conhecido. Ele produz cristais intracelulares de glicoproteínas tóxicas quando esporula. O Bacillus cereus é uma bactéria comum no meio ambiente e ocasionalemente é identificada como sendo a causa de intoxicação alimentar, especialmente e alimentos contendo amido. Raramente outras espécies de bacilos estão implicadas em lesões oportunistas, em particular após um trauma ou a colocação de dispositivos artificiais e cateteres. Uma espécie comumente identificada é o Bacillus cereus. Linhagens dessa espécie produzem uma exotoxina que destrói os tecidos (HARVEY et al., 2008). Essas três espécies do gênero Bacillus são diferentes de forma importante, especialmente em suas propriedades causadoras de doenças. Entretanto, elas são relacionadas intimamente e os taxonomistas as consideram variantes de uma mesma espécie, mas que diferem nos genes carregados nos plasmídeos, que são facilmente transferidos de uma bactéria para outra (TORTORA et al., 2007). Bacilos Gram negativos Os membros da ordem Enterobacteriales são bastonetes Gram negativos, anaeróbicos facultativos que, se forem capazes de se locomover, fazem-no por meio de flagelos peritríquicos. Morfologicamente são retos e possuem necessidades nutricionais simples. É um importante grupo de bactérias, comumente chamados de entéricos pois habitam o trato intestinal de humanos e outros animais. A maioria dos entéricos são fermentadores ativos de glicose e outros carboidratos. Os entéricos possuem fimbrias que auxiliam na aderência às superfícies ou às membranas mucosas. Os pili sexuais especializados auxiliam na transferência de informação genética entre as células, que muitas vezes inclui resistência a antibióticos (TORTORA et al., 2007). Segundo Tortora et al. (2007), os entéricos, como muitas bactérias, produzem proteínas denominadas bacteriocinas, que causam a lise de espécies erelacionadas. 29 As bacteriocinas talvez auxiliem na manutenção do balanço ecológico de vários entéricos no intestino. Escherichia coli A espécie E. coli é um dos habitantes mais comuns do trato intestinal. Sua presença na água e nos alimentos é um indicador de contaminação fecal. A E. coli geralmente não é patogênica, porém pode causar infecção do trato urinário e graves doenças de origem alimentar (TORTORA., 2007). Essa bactéria possui fímbrias ou pili que são importantes para sua aderência na superfície das mucosas do hospedeiro, e linhagens diferentes podem ser móveis ou imóveis. A maioria das linhagens é capaz de fermentar lactose, o que as diferencia dos patógenos intestinais mais importantes. E. coli produz ácido e gás quando fermenta carboidratos (HARVEY et al., 2008). Dependendo da relação com homem, pode-se distinguir dois grande grupos de amostras: um que habita os nossos intestinos desde o nascimento até a morte, denominado E. coli comensal, e outro que causa diferentes tipos de infecções, conhecido como E. coli patogênica (TRABULSI; ALTERTHUM, 2005). Proteus sp. Proteus sp. desenvolve-se em ágar como um “enxame”, com muitos flagelos, movem-se para fora da colônia e revertem para células normais com apenas alguns flagelos e motilidade limitada. Esse gênero está envolvido em muitas infecções do trato urinário e em feridas (TORTORA et al., 2007). Pseudomonas aeruginosa A espécie anaeróbica de Pseudomonas patógenas melhor conhecida em humanos é a P. aeruginosa que sobrevive em ambientes úmidos e é frequentemente encontrada na terra, água, esgoto, ar e ocasionalmente na flora normal da pele e intestinos. A P. aeruginosa parece ser patogênica somente quando é introduzida em áreas isentas de defesas normais, quando superposta a uma infecção estafilocócica, infecção mista ou ainda quando acomete pacientes debilitados por extensas queimaduras ou lesões traumáticas (KONEMAN et al., 2001). Esta espécie tem sido associada a uma ampla variedade de infecções como bacteremias; infecções do trato urinário; infecções do trato respiratório, e infecções 30 de ouvido e oculares, resultando, muitas vezes, em septicemia fatal. A P. aeruginosa produz uma série de fatores de virulência. Algumas cepas, por exemplo, produzem polissacarídeos extracelulares, que podem impedir a fagocitose, prejudicando a difusão de antibióticos e facilitando a colonização pelo patógeno (MATA, 2007). A doença causada por P. aeruginosa começa com a fixação e a colonização dos tecidos do hospedeiro. Os pili das bactérias medeiam a adesão, e uma cápsula de glicocálice reduz a efetividade dos mecanismos normais de eliminação do organismo. O dano aos tecidos do hospedeiro facilita a aderência e a colonização. P. aeruginosa dá origem a numerosas toxinas e produtos extracelulares, que promovem a invasão local e a disseminação do organismo (HARVEY et al., 2008). Segundo Alves e Andrade (2000), Pseudomonas aeruginosa tipicamente produz uma úlcera extensa, rapidamente progressiva, frequentemente com hipópio. O estroma é necrótico, com material amarelo esverdeado aderido na superfície da úlcera. O edema corneano estende-se além do local do infiltrado, causando um aspecto de vidro fosco. 3.10 Meios de Cultura Utilizados Conforme MOURA et al. (2002), os meios de cultura geralmente utilizados no laboratório de bacteriologia clínica contêm substâncias essenciais para a reprodução das bactérias de interesse médico. Estes meios são formulados para permitir o crescimento seletivo de certos microorganismos ou ainda, para demonstrar outras propriedades biológicas como hemólise, formação de esporos, produção de enzimas, etc. Os meios escolhidos devem permitir o crescimento dos microorganismos apropriados, garantindo assim a qualidade das análises, na identificação adequada e confiável dos microorganismos. O caldo BHI (Infusão de Cérebro e Coração) é um meio derivado de cérebro, coração, peptona e dextrose, onde a peptona e a infusão são fontes de nitrogênio, carbono, enxofre e vitaminas e a dextrose é um carboidrato que os microrganismos utilizam para fermentação. É utilizado para cultivo de estreptococos, pneumococos, meningococos, enterobactérias, não fermentadores, leveduras e fungos (Agencia Nacional de Vigilância Sanitária, s. d.). O meio de cultura MacConkey é classificado como diferencial, designado para separar vários microorganismos que dependem da utilização de carboidratos, 31 fermentação, oxidação e atividade enzimática, ou ainda seletivo, por inibir o crescimento de algumas bactérias específicas (MOURA et al., 2002). Já os meios como ágar Sangue de carneiro são ditos como meios enriquecidos, pois contém em sua formulação elementos como sangue, soro ou outros nutrientes (MOURA et al., 2002). O meio de cultura TSI (tríplice açúcar ferro) contém três açúcares: 0,1%glicose, 1,0% lactose, 1,0% sacarose, vermelho de fenol para detecção da fermentação de carboidratos e sulfato de ferro para perceber a produção de sulfato de hidrogênio (indicado pela cor preta na base do tubo). A fermentação é indicada pela mudança da cor do indicador de pH de vermelho para amarelo. O ágar fundido é deixado solidificar, formando uma superfície inclinada. A porção inclinada ou bico, exposta em toda sua superfície ao oxigênio atmosférico, é aeróbia. A porção inferior, denominada profundidade ou fundo, está protegida do ar e é relativamente anaeróbia. É utilizado para diferenciar bacilos Gram negativos com base na fermentação de carboidratos, produção de sulfato de hidrogênio e gás (Agência Nacional de Vigilância Sanitária, s. d.). 32 4 MATERIAL E MÉTODOS 4.1 Material O presente estudo realizou-se com estudantes universitários do curso de Farmácia da UNOCHAPECÓ, assintomáticos, usuários de lentes de contato, de fevereiro a abril de 2010. Isolou-se microrganismos do estojo de armazenamento das LC, interna e externamente e das LC antes do uso e após 4 a 6 h de uso. Para realização da pesquisa, o projeto foi submetido à Comissão de Ética, cuja aprovação encontra-se registrada no APÊNCICE I. A todos os voluntários aplicou-se um questionário (APÊNDICE III), com questões envolvendo dados pessoais, tipo de LC, procedimento de higienização, tempo e forma de utilização, histórico clínico e terapêutico, tratamentos e medicamentos utilizados durante alguma infecção. 4.2 Métodos a) Busca de voluntários para a pesquisa Para encontrar voluntários interessados em participar da presente pesquisa, enviou-se e-mails pedindo a colaboração e em visita as salas, onde, com a aprovação do professor ministrando a disciplina naquele momento, era explicado o objetivo do estudo e questionava-se a disponibilidade e interesse dos estudantes em participar do estudo. Assim sendo, 12 estudantes do curso de Farmácia mostraram interesse em colaborar com a pesquisa. Cada voluntário foi identificado com um número de 1 (um) a 12 (doze). b) Obtenção das amostras dos estojos de armazenamento Após leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE II), os estojos foram cedidos para amostragem. Em condições assépticas, com swab, foi obtida amostra da região externa do estojo e inoculado em caldo BHI (Brain Heart Infusion) identificado com o número do voluntário e região de coleta conforme Tabela 1. Após, o estojo foi aberto e, com outro swab estéril, foi 33 obtida a amostra do líquido de manutenção presente no estojo internamente e inoculado em caldo BHI, devidamente identificado. Identificação Abreviatura Olho direito antes do uso ODA Olho esquerdo antes do uso OEA Estojo por fora EF Estojo dentro direito EDD Estojo dentro esquerdo EDE Olho direito depois do uso ODD Olho esquerdo depois do uso OED Tabela 1: Identificação das amostras c) Obtenção das amostras das lentes de contato O usuário apresentou-se no laboratório de microbiologia da Unochapecó para ceder as LC com as mesmas imersas na solução de manutenção dos estojos de armazenamento. Antes do uso, obteve-se a amostra da LC com swab, do olho direito e depois do olho esquerdo, em condições assépticas e inoculado em caldo BHI, devidamente identificado. O usuário, após desinfecção das mãos com água, sabão e álcool 70%, colocou as LC. Após 4 a 6h de uso, o usuário retornou ao laboratório para coleta da amostra após o uso. Com o mesmo procedimento de desinfecção das mãos, o usuário retirou as LC para obtenção das amostras com swab, em procedimento asséptico e após inoculou-se em caldo BHI identificado. d) Isolamento e identificação de bactérias As análises foram realizadas no laboratório de microbiologia da Unochapecó e as técnicas aplicadas para análise das amostras foram seguidas segundo Konemam (2001). Incubou-se os caldos BHI em estufa, 37oC por 24h; Após incubação do caldo, inoculou-se em Ágar Sangue e Mac Conkey com alça de platina e incubou-se em 37ºC por 24h; 34 Com o crescimento no Ágar Sangue e Mac Conkey, retirou-se uma alíquota desse material, fixou-se em lâmina e corou-se pela coloração de Gram da seguinte maneira: - Cobriu-se o esfregaço com violeta de metila por aproximadamente 15 segundos; - Escorreu-se o corante e lavou-se em um filete de água corrente; Cobriu-se a lâmina com lugol por aproximadamente 1 minuto; - Escorreu-se o lugol e lavou-se em um filete de água corrente; - Adicionou-se álcool/cetona sobre a lâmina; descorando-a, até que não desprenda mais corante; - Lavou-se em um filete de água corrente; - Cobriu-se a lâmina com safranina e deixou-se agir por aproximadamente 30 segundos; - Lavou-se em um filete de água corrente; - Deixou-se secar ao ar livre; - Colocou-se uma gota de óleo de imersão sobre o esfregaço; e leu-se em objetiva de imersão (100 X) (MARTINS et al., 2001) . Amostras bacilos Gram negativos foram analisadas a morfologia no microscópio e a característica de crescimento no ágar TSI (Triple Sugar Iron), EPM/MILI e prova da oxidase (Agência Nacional de Vigilância Sanitária, s. d.). Amostras cocos Gram positivas foram analisadas a morfologia no microscópio e realizou-se a prova da catalase, onde, em uma lâmina, colocou-se colônias das bactérias em questão e adicionado Peróxido de Hidrogênio 3% (Agência Nacional de Vigilância Sanitária, s. d.). Catalase negativos observou-se a hemólise; Catalase positivos foram inoculados em Agar Sal-manitol e incubadas em estufa 37oC-24h. e) Tabulação dos resultados Os resultados foram tabulados utilizando-se o programa Microsoft Office Excel 2007. 35 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES 5.1 Caracterização da amostra A pesquisa em questão envolveu 12 acadêmicos do curso de Farmácia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó usuários de lentes de contato, sendo 8 acadêmicos do sexo feminino e 4 do sexo masculino (Gráfico 1) com idades entre 18 e 35 anos (Gráfico 2), diferente do estudo realizado por Aguiar et al. (2006), que ao realizar pesquisa semelhante com 50 alunos de Medicina usuários de LC, observou a prevalência do sexo masculino com 62% do total de entrevistados. Em outro estudo realizado com acadêmicos de Medicina por Vidotti e Kamegasawa (2006), obteve-se 62,6% de usuários de LC do sexo feminino. Porém, deve ser levado em consideração a superioridade feminina no curso de farmácia da UNOCHAPECÓ, onde, segundo a Coordenação do Curso de Farmácia, cursam 247 acadêmicos, sendo 17% do sexo masculino e 83% do sexo feminino. Gráfico 1: Prevalência do sexo na população estudada 36 Gráfico 2: Faixa etária da população estudada Conforme questionário aplicado no dia da coleta, 59% dos usuários utilizam LC descartáveis, 33% LC de uso prolongado e 8% ocasional, sendo 83% por motivos terapêuticos e 17% pela estética proporcionada pela LC (Gráfico 3 e 4). Nos estudos de Aguiar et al. (2006) e Vidotti; Kamagasawa (2006), a motivação do uso da LC é estética com 56%, diferente dos acadêmicos desse estudo. Com o mesmo método, foi estabelecido tipo de lente utilizado pelo usuário, sendo 92% gelatinosa e 8% tórica, como ilustra o Gráfico 5. Na pesquisa de Aguiar et al. (2006), a mesma proporção de utilização de LC gelatinosa foi encontrada, destacando-se com 94% das respostas obtidas. Gráfico 3: Tipo de uso da LC da população em questão 37 Gráfico 4: Motivo do uso da LC Gráfico 5: Tipo da lente de contato Quando questionados quanto ao tempo de uso da lente de contato, foram relatados: diário ou ocasional, 67% das respostas; 37% responderam usar a LC por 16h; 25% por 15h e 12h e 13% por 6h consecutivas (Gráfico 6). Isso demonstra que os usuários de LC estudados conhecem o risco de contaminação ocular no uso prolongado da LC, uma vez que o estudo de Alves; Andrade (2000) informa um aumento de 10 a 15 vezes no risco de ceratite infecciosa no uso continuado de lentes de contato quando comparado com o uso diário. 38 O mesmo ocorre com o uso durante o sono. No mesmo estudo citado anteriormente, os autores realçam o perigo da Pseudomonas que é especialmente capaz de aderir-se à superfície da lente, especialmente na presença de depósitos. A hipóxia durante o fechamento palpebral (durante o sono), resulta em compromisso da barreira epitelial, permitindo a adesão e subsequente invasão do organismo. Gráfico 6: Tempo de uso da lente de contato A solução de limpeza mais utilizada pelos acadêmicos é a Opti-free®, que destacou-se com 67% das respostas. Já a solução Renu Plus® permaneceu com 33% das respostas dos usuários. A solução de limpeza é muito importante para a manutenção das LC, uma vez que as mesmas permanecem imersas nessa solução no estojo de armazenamento grande parte de sua vida útil. Portanto, escolher produtos de procedência confiável com estudos científicos amplos podem reduzir a proliferação bacteriana dentro do estojo de armazenamento e consequentemente a contaminação da LC. Os acadêmicos relataram usar a solução indicada pelo oftalmologista, que, conforme Andrade Sobrinho (s. d.), são adequadas para o fim a que se destinam. De acordo com Lui, et al (2009), soluções multiuso para LC têm sido cada vez mais utilizadas. Apresentam propriedades de limpeza, desinfecção, remoção de depósitos de proteínas e lubrificação, que simplificam as etapas dos cuidados por parte dos usuários. 39 Conforme questionário, todos os acadêmicos voluntários da pesquisa afirmam submeter as LC a revisões periódicas por profissionais especializados. Isso demonstra que os usuários de LC do curso de Farmácia da Unochapecó conhecem a importância da adaptação, manutenção, prevenção e do reconhecimento das complicações que podem existir no usuário devido o uso das LC. Segundo o questionário, 50% dos estudantes apresentam sintomas esporádicos ao utilizar a LC tais como irritação, coceira, ardência, entre outros. O restante da população não sente quaisquer sintomas. Para Aguiar et al. (2006), 22% dos entrevistados já apresentaram algum episódio de alergia ocular, 12% já sofreram com a ceratite/úlcera corneana, 6% já tiveram qualquer complicação relacionada a LC e 60% não apresentaram nenhum sintoma. Essas complicações se devem muitas vezes pela negligência do usuário, mas também pela falta de orientações e instruções adequadas. De qualquer maneira, higiene das mãos, das LC e manutenção do estojo de armazenamento são procedimentos indispensáveis para que os efeitos adversos propiciados pelo uso de LC sejam reduzidos e uma vida mais saudável seja proporcionada ao usuário. 5.2 Crescimento Microbiológico Das 84 amostras coletadas, 73 apresentaram crescimento microbiano em caldo BHI (Gráfico 7), sendo que todas as amostras foram coletadas em procedimento estéril e individualizadas, o que demonstra que, mesmo com os cuidados devidos que muitos dos usuários fazem, como lavagem das mãos e utilização de líquidos apropriados para manutenção e lavagem das LC, a contaminação microbiológica ainda ocorre. 40 Gráfico 7: Crescimento microbiológico no caldo BHI Quando semeadas em Ágar Sangue e Mac Conkey respectivamente, houve crescimento microbiano com colônias diferentes para a mesma amostra e até crescimento filamentoso, característico de fungos. Das 73 amostras coletadas em que houve crescimento em caldo BHI, 19 obtiveram crescimento de mais de uma bactéria do mesmo local de isolamento, o que demonstra a diversidade de bactérias a que as LC estão expostas, mesmo sendo manuseadas de forma correta. As bactérias encontradas nas amostras foram: - Staphylococcus aureus; - Staphylococcus coagulase negativo; - Bacillus sp.; - Bacilo Gram negativo oxidase positiva; - Pseudomonas sp.; - Proteus sp.; - Citrobacter freundii; - Escherichia coli. Das amostras coletadas, 27% estavam contaminadas com Staphylococcus aureus (Figura 1), 22% com Staphylococcus coagulase negativo (Figura 2), 19% com Bacillus sp. (Figura 3), 12% com Proteus sp. (Figura 4), 6% com Bacilo Gram negativo oxidase positivo e crescimento característico de fungos (Figuras 5 e 6), 3% 41 com Pseudomonas sp. e Escherichia coli (Figuras 7 e 8) e 2% com Citrobacter freundii (Figura 9), conforme ilustra o Gráfico 8. O estudo em questão demonstra que, as LC são importantes meios de contaminação ocular, uma vez que abrigam uma grande variedade de microorganismos de importância médica que, ao encontrarem um organismo susceptível podem induzir uma infecção e causar grandes transtornos para os usuários da LC. Segundo pesquisa realizada por Uesugui et al. (2002), que analisou 785 prontuários oftalmológicos do banco de dados do Laboratório de Microbiologia da Santa Casa de São Paulo, houve identificação dos patógenos oculares mais freqüentes, onde destacam-se o S. aureus com 7%, P. aeruginosa com 3,9%, S. epidermidis com 2,2% dos isolados de ceratite bacteriana. Os resultados da pesquisa citada estão de acordo com o estudo realizado, pois as bactérias encontradas como patógenos oculares nos prontuários da Santa Casa também foram isolados dos acadêmicos de Farmácia da Unochapecó, demonstrando assim a grande suscetibilidade de contaminação induzida pelas LC. Já em conjuntivites, no mesmo estudo, S. aureus é o responsável por 22,9% das infecções, seguido por Candida sp. com 6,6%, S. epidermidis com 5,2% e P. aeruginosa com 2,4%. Silva (2007), analisou os casos de úlcera bacteriana e o patógeno mais freqüentemente causador dessa patologia foi S. coagulase negativo, ocorrendo em 33,3% dos casos. S. aureus foi identificado em 16,7% das úlceras, Bacillus sp. em 16,7% e por último S. saprophyticus em 12,5% dos casos. P. aeruginosa foi a bactéria Gram negativa mais isolada das amostras com um total de 8,3% dos isolados. 42 Gráfico 8: Porcentagem de bactérias isoladas Nas amostras da LC do olho direito antes do uso, em 27% isolou-se S. aureus, em 20% isolou-se Bacillus sp. e S. coagulase negativo. Houve crescimento de Proteus sp, Pseudomonas sp. e bacilo Gram negativo oxidase positivo em 7% das amostras e em 6% isolou-se Escherichia coli e colônias características de fungos (Gráfico 9). 43 Gráfico 9: Porcentagem de bactérias isoladas de amostras da LC do olho direito antes do uso Nas LC do olho esquerdo antes do uso, as amostras apresentaram praticamente o mesmo padrão de isolamento, onde a maioria, ou seja, 32% das amostras demonstraram crescimento de S. aureus, 19% de Bacillus sp. e 25% de S. coagulase negativo. Pseudomonas sp, Proteus sp, Escherichia coli e crescimento característico de fungos perfizeram 6% dos isolados bacterianos, conforme ilustra o Gráfico 10. 44 Gráfico 10: Porcentagem das bactérias isoladas em amostras da LC do olho esquerdo antes do uso Também foram obtidas amostras do estojo de armazenamento das LC do lado externo, uma vez que esse local é manuseado com frequencia pelo usuário e também é colocado em superfícies, bolsas e mochilas, correndo o risco de estar contaminado com várias bactérias patógenas. No estudo em questão a bactéria que prevaleceu com 33% das amostras foi S. aureus, seguido por S. coagulase negativo com 20%, Bacillus sp. e Proteus sp. com 13%. Pseudomonas sp., Escherichia coli e crescimento característico de fungos cresceram em 7% das amostras coletadas (Gráfico 11). Segundo o estudo de Alves e Andrade (2000), cerca de 90% dos casos de ceratite bacteriana são causados por organismos incluídos no grupo Micrococcaceae, Streptococcus sp., Pseudomonas sp. e Enterobacteriaceae (Citrobacter, Klebsiella, Enterobacter, Serratia, Proteus), onde os organismos mais comumente isolados são: Pseudomonas sp, Staphylococcus sp, Streptococcus sp e Proteus sp, demonstrando assim que os usuários de LC desse estudo estão susceptíveis à ceratite bacteriana. 45 Gráfico 11: Porcentagem das bactérias isoladas do estojo de armazenamento das LC externamente Mesmo com a importância que o estojo significa na vida útil das LC, houve crescimento microbiano no lado interno dos mesmos, com 92 % das amostras com crescimento microbiano positivo. Embora com valores menores, mas igualmente altos, o estudo elaborado por Pens (2008), demonstrou que 71% dos estojos estavam contaminados. Apesar dos estudantes afirmarem em questionário realizar limpeza dos estojos de armazenamento das LC, os resultados demonstraram que os métodos não estão sendo eficientes para desinfecção dos mesmos. Identificando-se os microorganismos isolados, 36% refere-se a Staphylococcus aureus, 22% a Bacillus sp., 14% a Proteus sp. e 7% corresponde a Staphylococcus coagulasenegativo, bacilo gram negativo oxidase positivo, Citrobacter freundii e crescimento característico de fungos, conforme mostra o Gráfico 12. 46 Gráfico 12: Porcentagem das bactérias isoladas do estojo de armazenamento do lado direito interno Já no lado esquerdo interno do estojo de armazenamento das LC, 31% das bactérias isoladas foram Staphylococcus aureus, 15% Bacillus sp., Staphylococcus coagulase negativo e bacilo Gram negativo oxidase positivo. Em 16% isolou-se Proteus sp. e em 7% colônias indicativas de fungos (Gráfico 13). 47 Gráfico 13: Porcentagem das bactérias isoladas do estojo de armazenamento do lado esquerdo interno Nos isolados bacterianos de amostras da LC do olho direito após 4 a 6h de uso, apenas em 7 das 12 amostras houve crescimento microbiano em caldo BHI, demonstrando que as propriedades enzimáticas da lágrima, que contém a lisozima, lactoferrina e betalisina, possuem mesmo um poder anti séptico. Entre os mecanismos de defesa do olho destacam-se a ação de limpeza proporcionadas pelas pálpebras durante o ato de piscar, o epitélio corneal íntegro e o filme lacrimal, que contém imunoglobulinas e enzimas com atividade antimicrobiana (LUI, et al., 2009). Nos isolados, 34% pertencem ao grupo dos Staphylococcus coagulasenegativo, 22% de Bacillus sp. e Staphylococcus aureus e 11% de bacilo Gram negativo oxidase positivo e Proteus sp. (Gráfico 14). 48 Gráfico 14: Porcentagem de bactérias isoladas de amostras da LC do olho direito após 4 a 6h de uso Nas amostras da LC do olho esquerdo após 4 a 6h de uso, o mesmo ocorreu com relação a ação de enzimas lacrimais existentes no olho, onde em duas amostras não houve crescimento microbiológico. Das bactérias isoladas, como nas amostras de LC do olho direito após o uso, a maioria dos isolados pertence ao Staphylococcus coagulase-negativo, perfazendo 37% do total de amostras. Em seguida vem o Bacillus sp. com 27%. Em 18% das amostras houve crescimento de Proteus sp. e em 9% Staphylococcus aureus e Citrobacter freundii (Gráfico 15). 49 Gráfico 15: Porcentagem de bactérias isoladas de amostras da LC do olho esquerdo após 4 a 6h de uso As conjuntivites, ceratites e endoftalmites podem ameaçar a integridade do olho e produzir significativa destruição tecidual. São problemas que necessitam de diagnóstico e terapia apropriada e precoce para melhorar seu prognóstico, principalmente no caso das ceratites e endoftalmites. Conhecimento do agente causador, do processo e progressão da doença, bem como estabelecimento de tratamento coerente e eficaz influenciam sobremaneira sua evolução e prognóstico (UESUGUI et al, 2002). A adaptação das LC é um processo contínuo e dinâmico, sujeito a alteração, a qualquer momento, podendo tanto curar como provocar doenças. O usuário pode estar bem com sua LC durante anos; contudo, a situação ocular pode se modificar a qualquer momento porque o olho, a LC e possíveis fatores ambientais estão constantemente interagindo. A importância da manutenção das lentes de contato é fundamental para se obter sucesso e manter a continuidade de seu uso, já que as complicações oculares devido à falta de obediência dos usuários em relação à manutenção e ao período de troca, em conjunto com a ausência de motivação estão entre as principais causas da desistência do paciente (LIPENER; RAY, 2008). 50 Assim sendo, percebe-se a total relevância na preservação e manutenção das LC e do seu local de armazenamento, pois várias bactérias potencialmente patogênicas foram isolados destes locais. Mesmo não havendo de fato uma contaminação citada pelos usuários das LC, a existência destes microrganismos comprovam que o risco existe e medidas devem ser tomadas para que o mesmo diminua. Segundo Lui et al. (2009), o contato de microrganismos com a superfície ocular, por meio da LC ou da solução contida no estojo contaminado, contribui para o desenvolvimento de infecção. Assim, torna-se importante a higiene das mãos, o uso adequado das soluções para desinfecção e manutenção das LC, a limpeza do estojo de armazenamento para prevenir problemas futuros que poderão surgir com o não cumprimento dessas medidas higiênicas. 51 6 CONCLUSÕES A pesquisa envolvendo 12 acadêmicos do curso de Farmácia da Unochapecó, usuários de LC, demonstrou que 67% eram do sexo feminino e 33% do sexo masculino, com idades entre 18 e 35 anos. No estudo 59% dos acadêmicos utilizam LC descartáveis, 33% LC de uso prolongado e 8% LC ocasional, onde 83% são por motivos terapêuticos e 17% pela estética proporcionada pela LC em comparação com os óculos. Em relação ao tempo de uso 67% afirmaram em questionário usar diária ou ocasionalmente; 37% utilizam por 16h; 25% por 15h e 12h e 13% por 6h consecutivas. A solução multiuso mais utilizada pelos acadêmicos é Opti-free®, com 67% das respostas, seguida pela solução Renu Plus® com 33% das respostas. Das 84 amostras coletadas, 73 apresentaram crescimento em caldo BHI. Destas, 19 apresentaram mais de uma bactéria na mesma amostra, demonstrando a diversidade de microrganismos em contado íntimo com a córnea dos usuários de LC. Das amostras coletadas, 27% estavam contaminadas com S. aureus, 22% com S. coagulase negativo, 19% com Bacillus sp., 12% com Proteus sp., 6% com bacilo Gram negativo oxidase positivo e crescimento característico de fungos, 3% com Pseudomonas sp. e E. coli e 2% com Citrobacter freundii. Nas amostras coletadas da LC antes da utilização da mesma, houve uma maior porcentagem de crescimento microbiano se comparado com a LC após 4h a 6h de uso, demonstrando que as propriedades enzimáticas do olho ajudam na defesa do mesmo, funcionando como um anti-séptico contra possíveis patógenos oculares. Nos isolados do estojo de armazenamento externamente também houve significativo crescimento microbiano, o que era esperado, uma vez que os estojos ficam armazenados nos mais diversos locais, não merecendo o cuidado devido. Uma vez que o estojo esta contaminado externamente, a probabilidade de contaminar as LC é maior já que o usuário precisa abrir o estojo para colocação das mesmas. Nas amostras da parte interna do estojo de armazenamento houve crescimento microbiano, o que não era esperado, uma vez que as soluções multiuso utilizadas pelos usuários deveriam inibir o crescimento de microrganismos no local. 52 Conforme a pesquisa, os métodos de desinfecção dos estojos não está sendo eficaz, pois 92% das amostras apresentaram crescimento microbiológico. Encontrou-se várias bactérias contaminando as amostras, porém, salienta-se a presença de Pseudomonas sp. nas amostras das LC e dos estojos de armazenamento dos estudantes do curso de Farmácia da UNOCHAPECÓ, bactéria frequentemente encontrada como causadora de úlcera bacteriana e ceratite infecciosa e que possui alto poder patogênico. Percebe-se também a inibição dos mesmos microrganismos nas LC após a utilização das mesmas em comparação com as LC antes do uso, sendo Pseudomonas sp, Escherichia coli e crescimento característico de fungos, fato que salienta a importância das enzimas lacrimais na defesa do olho. Portanto, o estudo em questão salienta a importância dos cuidados e da manutenção adequadas pelos usuários de lentes de contato, bem como dos seus estojos de armazenamento, uma vez que as lentes de contato estão em contato íntimo com a córnea e podem transmitir bactérias patogênicas, causando uma infinidade de infecções, inclusive úlcera de córnea a qual pode causar perda significativa da visão. 53 7 REFERÊNCIAS AGUIAR, G. M. et al. Estudo sobre o uso de lentes de contato em acadêmicos de Medicina. Revista da Faculdade de Ciências Médicas de Sorocaba, v. 8, n. 4, p. 25-28, 2006. ALVES, M. R.; ANDRADE, B. B. A. Úlcera de córnea bacteriana. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia, São Paulo, v. 63, n. 3, p. 495-498, dez. 2000. ANDRADE SOBRINHO, M. V. Manutenção e Manuseio das Lentes de Contato. São Paulo. Disponível em: <http://publico.soblec.com.br/pub/publicacoes/562f5c999a752853e46ced46f9dfe6b0. pdf>. Acesso em 09 maio 2009. GHANEM, C. C.; KARA-JOSE, N. 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A pesquisa tem o objetivo de isolar bactérias presente nas lentes de contato e nos seus estojos de armazenamento e os procedimentos utilizados não atentam contra a saúde do participante. As informações serão utilizadas para que possamos compreender melhor a doença causada pelas bactérias presente em lentes de contato e seus estojos de armazenamento. A participação no projeto é voluntária. Os procedimentos não implicarão em nenhum custo ao participante que terá acesso as informações mediante o contato com o pesquisador responsável. Os benefícios resultantes da participação no projeto serão relacionados à avaliação completa da lente de contato e seu estojo de armazenamento. A participação no projeto envolverá: - Responder 17 questões sobre o uso das lentes; - Permitir que seja coletado amostras das lentes de contato e de seus estojos de armazenamento; O nome do colaborador não será publicado juntamente com os dados obtidos na pesquisa. Eu,__________________________________, declaro ter sido informado e concordo em participar, como voluntário, do projeto de pesquisa acima descrito. Chapecó, ___de___________de 20__. ____________________________________________ Nome e assinatura do participante ou responsável legal 59 APÊNDICE III Nome:________________________________________________ Idade: _______anos Sexo: ____M ____F Endereço:_____________________________________________________ _____________________________________________________________ Contato: Email:_________________________________________________ Telefone:____________________ Profissão: _____________________________________________________ Tipo de lente:____________________________________ A quanto tempo usa lente de contato: ____0 a 1 ano ____1 a 2 anos ____2 a 3 anos ____ mais de 3 anos Tempo que possui a mesma lente: ____0 a 1 ano ____1 a 2 anos ____2 a 3 anos ____ mais de 3 anos Tipo de uso: ____Ocasional ____Diário ____Prolongado Se diário, qual o tempo (horas) aproximado de uso:____________________ Motivo do uso da lente de contato: ____Terapêutico ____Estético A lente passa por revisão profissionais periódicas: ____Sim ____Não Tipo de desinfetante e marca utilizada:_______________________________ Tipo de solução de manutenção e sua marca:__________________________ Cuidados ao manusear a lente:_____________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ Sintomas clínicos: ____Esporádicos ____Inexistentes ____Frequentes Tratamentos oculares já realizados e medicamentos: ______________________________________________________________ 60 ANEXO IV Figura 1: Staphylococcus aureus Figura 3: Bacillus sp. Figura 5: Bacilo Gram negativo oxidase positivo Figura 2: Staphylococcus coagulase negativo Figura 4: Proteus sp. Figura 6: Crescimento filamentoso 61 Figura 7: Pseudomonas sp. Figura 9: Citrobacter freundii Figura 8: Escherichia coli