Delineação do Perfil do Aluno de um Curso de
Engenharia Química do Período Noturno de uma
Escola Particular - TEMPO DE ESTUDO
Luiz Henrique Schiavon (1), Maria Elizabeth Brotto (2), Maria Olívia Argüeso Mengod (3),
Raquel Cymrot (4) e Sonia Braunstein Faldini (5)
Resumo ? Uma pesquisa realizada entre uma população de
346 alunos, representando 64,92% dos alunos da 2ª a 6ª série,
do curso noturno de Engenharia Química das Faculdades
Oswaldo Cruz, uma Faculdade particular de São Paulo,
permitiu levantar informações sobre o tempo de estudo durante
o período de provas e fora dele, o número de disciplinas
cursadas e aprovadas, o sexo, a idade, o tempo gasto com
condução, a escola de origem no ensino médio e o exercício de
atividades profissional extracurriculares. As conclusões
basearam-se nos valores esperados dos testes de independência
pelo método do Quiquadrado.
Índice de Termos ? Engenharia química, ensino particular,
período noturno, tempo de estudo, testes de independência.
I. INTRODUÇÃO
A democratização do ensino na década de 60, com o
surgimento de cursos noturnos de ensino superior, permitiu
o crescimento da categoria trabalhador - estudante [1]. Dos
universitários brasileiros, 55% estudam a noite, sendo, que
no estado de São Paulo, 86% destes em instituições de
ensino superior privadas [2]. A máxima “ou bem estuda ou
bem trabalha” sintetiza o conflito trabalho x tempo [3].
Desde a sua instalação, o período noturno foi “reservado”
aos trabalhadores - estudantes considerados uma clientela
mais “difícil” e
“mais fraca” e a professores “mais
sacrificados” [4]. A discriminação aparece, muitas vezes, sob
a forma de uma “condescendência” com aqueles que chegam
a escola noturna. Trabalhar e estudar representa um desgaste
físico grande, uma alimentação precária e um repouso
insuficiente. A perspectiva de uma ascensão profissional ou
mesmo a ampliação do campo profissional, não importando
o curso em que é obtida a graduação, são algumas aspirações
dos trabalhadores - estudantes [5]. Os estudantes entra m na
vida universitária com uma visão utilitarista e imediatista
sobre o ensino superior, reconhecendo nela uma instituição
social que presta serviços à sociedade e deve oferecer a
Msc. Luiz Henrique Schiavon (1); Dr. Maria Elizabeth Brotto (2); Dr.
Maria Olívia Argüeso Mengod (3); Msc. Raquel Cymrot (4) e Dr. Sonia
Braunstein Faldini (5), Faculdades Oswaldo Cruz, Rua Brigadeiro Galvão –
540, São Paulo – SP, tel: (11) 3825-4266, fax: 3825-4266 r236, e-mail
[email protected]
melhor qualidade possível [6]. Pesquisas realizadas em
universidades particulares mostram o pouco conhecimento
sobre as características do seu alunado [7,8]. Por outro lado
dos resultados obtidos no provão e devido as mudanças
curriculares dos cursos de engenharia, faz-se necessário
conhecer o perfil atual dos estudantes destes cursos e em
particular do noturno. A formação de um bom profissional
necessita de ensino de boa qualidade que provoque
aprendizagem. Baseando-se na importância do tempo de
estudo na aprendizagem, foi realizado um questionário com
dez perguntas objetivas visando conhecer a parcela de tempo
dedicada ao estudo, em período de provas e fora dele, o
número de disciplinas cursadas e aprovadas, o sexo, a idade,
o tempo gasto com condução, a escola de origem no ensino
médio e o exercício de atividades profissionais
extracurriculares. A amostra consistiu de 346 alunos,
representando 64,92% dos alunos da 2ª a 6ª série, do curso
noturno de Engenharia Química das Faculdades Oswaldo
Cruz. O questionário foi também respondido por 50 alunos
do curso diurno de Engenharia Química objetivando uma
comparação entre os períodos. O mesmo questionário foi
aplicado aos alunos do curso noturno de Química Industrial
e do curso de Bacharelado em Química – diurno e noturno.
O curso noturno de Engenharia Química das Faculdades
Oswaldo Cruz, aberto na década de 60, tem de acordo com
os registros acadêmicos, alunos na sua grande maioria
técnicos químicos formados e trabalhadores de indústrias
químicas. Em pesquisa interna recente verificou-se que estes
alunos ocupam ou ocuparam posições de destaque na
Indústria.
II. METODOLOGIA
Os alunos pesquisados matriculados no ano de 2001,
cursaram disciplinas no ano de 2000 na Instituição. A
pesquisa foi aplicada em sala de aula entre os dias oito e
treze de março de 2001.
Foi realizada uma análise descritiva das variáveis
aleatórias estudadas com cálculo para as variáveis
quantitativas da média, moda, mediana, variância, desvio
padrão, coeficiente de variação e intervalo com c onfiança de
95% para a média.
A fim de testarmos se existe independência entre um par
de variáveis aleatórias, utilizou-se o teste Quiquadrado com
grau de liberdade (g.l.) igual a (r-1)(c-1) onde r e c são
respectivamente o número de níveis da 1ª e da 2ª variável.
O Quiquadrado observado, ? 2 obsv ,foi calculado por (1),
?
2
obsv
?
r
c
i? 1
j ?1
? ?
?o
? eij ?
2
ij
eij
(1)
em que: o ij é o valor observado da casela ij e e ij é o valor
esperado da casela ij e é calculado fazendo-se o produto das
marginais da observação o ij dividido pelo tamanho da
amostra.
Quando as suposições do teste Quiquadrado não forem
satisfeitas aplicamos o teste de Fisher que é baseado na
distribuição Hipergeométrica .
Nível de significância do teste é a probabilidade de
rejeitarmos a hipótese de que as variáveis aleatórias são
independentes, quando tal hipótese é verdadeira. Para todos
os testes realizados utilizamos um nível de significância de
5%.
Denotamos por “p” o nível descritivo do teste, isto é, a
probabilidade de rejeitarmos a hipótese de que as variáveis
aleatórias são independentes se encontrarmos um valor igual
ou mais extremo que o encontrado na amostra. Toda vez que
p > 0,05 não rejeitamos a hipótese testada.
No teste Quiquadrado, se o valor do Quiquadrado
observado for maior que o valor crítico tabelado do
Quiquadrado com o grau de liberdade correspondente para o
nível de significância do teste, rejeitamos a hipótese de
independência das variáveis aleatórias.
O teste de Fisher utiliza no seu cálculo a soma das
probabilidades de ocorrência da tabela de dados e de tabelas
com resultados ainda mais extremos.
Quando há rejeição da hipótese de independência,
analisamos os valores observados e esperados para
confirmar as prováveis causas da dependência.
A validação da amostra também foi feita através de testes
de independência entre as variáveis pertencerem ou não à
amostra e a variável conhecida na população (sexo, faixa
etária e nº de disciplinas cursadas).
Foram utilizados os programas de computação EXCEL e
SPSS.
III. R ESULTADOS
A. Análise Descritiva das Variáveis Consideradas
1) Quanto ao sexo : A percentagem de mulheres no curso
é de 41,18% mostrando a ampliação de seu espaço nas áreas
tecnológicas.
2) Quanto a idade: A idade dos alunos, em média, é de
23,89 anos, com intervalo de confiança [23,439; 24,340]. As
percentagens para alunos muito jovens, menos de 21 anos, e
para mais adultos, mais de 27 anos, são aproximadamente
iguais a 18%, e a maior percentagem, 38,37%, corresponde
a faixa de idade compreendida entre 21 e 24 anos.
3) Quanto a série: Apesar dos alunos que cursaram as seis
séries do ano 2000 terem respondido o questionário, para
efeito de análise de dados, anexou-se a 5a e 6a séries, uma
vez que, sendo formandos, restaram poucos alunos da 6ª
série. O número de alunos por série variou de 18,15% a
22,46% nas cinco séries investigadas.
4) Quanto ao número de disciplinas cursadas:
Praticamente, 60% dos alunos cursam de seis a oito
disciplinas. O número médio de disciplinas cursadas é de
6,69, com intervalo de confiança [6,494; 6,885]. Convém
ressaltar a percentagem, que corresponde aos alunos que
cursam de nove a onze disciplinas, de 16,27%,
consideravelmente elevada.
5) Quanto a percentagem de aprovação: Obteve-se esta
percentagem relacionando-se o número de disciplinas
aprovadas e o número de disciplinas cursadas. Os resultados
são mostrados na Tabela I.
TABELA I
P ERCENTAGEM DE APROVAÇÕES EM FUNÇÃO DO NÚMERO DE
QUESTIONÁRIOS RESPONDIDOS
% de Aprovações
Freqüência
%
0 ? 60
60 ? 80
80 ? 100
100
Total
18
15
35
269
337
5,34
4,45
10,39
79,82
100,00
O tratamento estatístico dos dados da Tabela I conduziu a:
média = 93,03; moda = 100,00; mediana = 100,00;
variância = 392,542; desvio padrão = 18,15; coeficiente de
variação = 0,20 e intervalo de confiança [91,089; 94,965].
Com relação a Tabela I mere ce destaque o alto índice de
aprovação.
6) Quanto ao tempo de estudo: Os períodos considerados
foram: de 2a a 6a feira sem provas, de 2a a 6a feira com
provas, final de semana sem provas, final de semana com
provas, semanal sem provas e semanal com provas.
Realizou-se também um levantamento do número de horas
de estudo por disciplina, sem provas e com provas, e a % de
horas estudadas na época de provas.
O valor médio do tempo de estudo de 2a a 6a feira sem
provas é 1,70 h, com intervalo de confiança [1,470; 1,935], e
com provas 5,34 h, com intervalo de confiança [4,796;
5,894], representando um aumento de 314%.
O valor médio do tempo de estudo no final de semana sem
provas é 1,37 h, com intervalo de confiança [1,18; 1,57], e
com provas 5,33 h, com intervalo de confiança [4,862;
5,806], representando um aumento de 389%.
Durante a semana, o valor médio do tempo de estudo sem
provas é 3,08 h, com intervalo de confiança [2,729; 3,425], e
com provas 10,68 h, com intervalo de confiança [9,840;
11,517], representando um aumento de 347%.
Convém mencionar que tanto de 2a a 6a feira, quanto no
final de semana, fora da época de provas, mais de 90% dos
alunos estudam menos do que 5 h.
O valor médio de horas de estudo por disciplina sem
provas é 0,48 h/disciplina, com intervalo de confiança
[0,418; 0,534] e com provas é 1,62 h/disciplina, com
intervalo de confiança [1,487; 1,761].
A percentagem do número de horas de estudo com provas,
em relação ao número de horas total (sem e com provas),
resulta em um valor médio de 79,39 h / h, com intervalo de
confiança [77,669; 81,118].
7) Quanto a escola de origem no ensino médio e o
período: A escola cursada no ensino médio pode ter sido
pública ou particular, e o período diurno ou noturno. 53,71%
dos alunos freqüentaram escolas particulares e 52,82% dos
alunos freqüentaram o período diurno.
8) Quanto a atividade profissional: Esta pode ser estágio
ou trabalho, na área do curso ou não. 29,76% dos alunos
estagiam e 72,56 % dos alunos trabalham, alguns estagiam e
trabalham simultaneamente. 93,35% exercem alguma
atividade profissional, sendo que destes, 80,95% atuam na
área de Engenharia Química.
9) Quanto ao tempo gasto diariamente com a atividade
profissional, com a condução e com a atividade profissional
e a condução: Na atividade profissional considerando-se
todos os alunos pesquisados, inclusive os que não tem
atividade, o valor médio é 7,92 h , com intervalo de
confiança [7,667; 8,172], e entre aqueles que tem atividade
profissional o valor médio é 8,49 h, com intervalo de
confiança [8,363; 8,612].
Na condução ( trajeto: casa, trabalho, faculdade e casa) o
valor médio é 2,69 h, com intervalo de confiança [2,574;
2,815]. Praticamente, 60% dos alunos gastam de duas a
quatro horas diárias com a condução.
No total, atividade profissional e condução, o valor médio
é 10,62 h, com intervalo de confiança [10,314; 10,926].
B. Discussão dos Testes de Independência
A Tabela II contém um resumo dos testes de
independência realizados e discutidos a seguir.
1) Sexo , horas de estudo e aprovação:
Existe
dependência entre sexo e horas de estudo, em época de
provas. O sexo feminino estuda mais porém não logra maior
aprovação, se esforçando mais para atingir os mesmos
objetivos do sexo masculino.
2) Idade e horas de estudo: O tempo de estudo não
depende da idade do estudante. Entrou na faculdade adquiriu
uma certa responsabilidade que independe da idade.
3) Idade e aprovação: A aprovação só depende da idade
no período diurno onde os mais velhos tem menor
aprovação. Esta diferença entre período noturno e diurno
pode estar associada à maior aprovação nos últimos anos do
curso que só são ministrados no período noturno. No período
diurno, o curso só tem os três primeiros anos.
4) Série e horas de estudo: Os alunos da primeira série
estudam mais com ou sem provas. A partir da segunda série,
os alunos estudam quase nada quando não há provas e os
alunos da quinta e sexta série estudam mais que os outros
quando há provas. O aluno que ingressa na faculdade se
esforça mais, por estar passando por uma experiência
TABELA II
T ESTES DE I NDEPENDÊNCIA
VARIÁVEIS:
Sexo X h de estudo sem provas
Sexo X h de estudo com provas
Eng Noturno
p
Conclusão
0,835 N/ Rej H0
0,049
Rej H0
Sexo X % de aprovação
0,060
Idade X h de estudo sem provas
0,891
Idade X h de estudo com provas
Idade X % de aprovação
0,502
0,708
N/ Rej H0
Série X h de estudo sem provas
0,000
Série X h de estudo com provas
Série X % de aprovação
0,013
0,046
Rej H0
Rej H0
Ensino Médio X h de estudo sem provas
0,969
N/ Rej H0
Ensino médio X h de estudo com provas
0,214
Ensino médio X % de aprovação
Atividade X h de estudo sem provas
0,064
0,389
N/ Rej H0
N/ Rej H0
Atividade X h de estudo com provas
0,014
Atividade X % de aprovação
% de aprovação X h de estudo por disciplina s/ provas
0,467
0,057
% de aprovação X h de estudo por disciplina c/ provas
0,391
N/ Rej H0
Nº de disciplinas X h de estudo por disciplina s/ provas
0,003
Nº de disciplinas X h de estudo por disciplina c/ provas
h de atividade+condução X h de estudo sem provas
0,004
0,742
Rej H0
Rej H0
h de atividade+condução X h de estudo com provas
0,481
h de atividade+condução X % de aprovação
Área X h de estudo sem provas
0,494
0,295
Área X h de estudo com provas
0,050
Rej H0
Área X % de aprovação
0,225
Nº de disciplinas X h de estudo sem provas
Nº de disciplinas X h de estudo com provas
0,018
0,000
N/ Rej H0
Rej H0
Nº de disciplinas X % de aprovação
0,080
Série X Atividade
0,864
N/ Rej H0
N/ Rej H0
N/ Rej H0
Rej H0
N/ Rej H0
Rej H0
N/ Rej H0
N/ Rej H0
N/ Rej H0
N/ Rej H0
N/ Rej H0
N/ Rej H0
Rej H0
N/ Rej H0
N/ Rej H0
Ho: as duas variáveis aleatórias são independentes, Ha: as duas variáveis
aleatórias não são independentes, Nível de significância do teste = 0,05 e
p = Nível descritivo do teste.
inédita. Os alunos da quinta e sexta série estudam mais para
terminar o curso. No curso diurno, os alunos estudam mais
porém este estudo não depende da proximidade das provas e
nem da série cursada.
5) Série e aprovação: Os alunos da terceira série noturno
tem menor aprovação. Nesta série são oferecidas as
disciplinas específicas de engenharia. O aluno precisa
relacionar conhecimentos básicos e aplicá-los.
6) Ensino médio de origem , estudo e % aprovação: Não
há dependência ou seja os alunos avaliados, logram
aprovação independentemente de terem vindo de um ensino
médio particular ou público, diurno ou noturno. A escola de
origem também não interfere no seu tempo de estudo. Este
resultado é de estranhar uma vez que os alunos de escolas
públicas se queixam sempre do baixo nível de ensino, da
pouca cobrança e de geralmente
serem alunos trabalhadores.
7) Estudo por disciplina e número de disciplinas: Existe
dependência entre o tempo de estudo por disciplina e o
número de disciplinas. Quem tem muitas disciplinas estuda
mais porém o tempo dedicado por disciplina é menor em
relação a quem tem menos disciplinas, com ou sem provas.
O aluno tem um tempo limitado para cada atividade que
exerce, se tem um maior número de disciplinas passa mais
tempo na faculdade.
8) Aprovação e tempo de estudo por disciplina : A
aprovação não depende das horas estudadas. Se a aprovação
do estudante não depende de quanto ele estuda, então,
provavelmente, esta depende dos critérios de avaliação e
aprovação. Uma outra justificativa para este resultado pode
ser que o número de horas estudadas está sempre aquém do
necessário.
9) Horas de atividade e condução e aprovação: Não há
dependência, indicando que o aluno se tem mais tempo
disponível não o utiliza para o estudo.
Prováveis
justificativas para este fato seriam: saturação, cansaço ou
ainda um nível de exigência que não o obrigue a estudar
tanto.
10) Atividade na área , horas de estudo e aprovação:
Independentemente de trabalhar ou não na área, o aluno
estuda mais em época de provas, mostrando maior
responsabilidade e vontade de ser aprovado. Por outro lado o
aluno que trabalha na área estuda menos em época de provas
do que o aluno que não trabalha na área. O aluno que
trabalha na área, por estar mais familiarizado com o assunto,
pode necessitar de menos horas de estudo. A aprovação
ocorre independentemente de exercer atividade na área.
11) Período , horas de atividade e condução: O estudante
do período diurno tem menos horas atividade, geralmente
este estudante faz estágio em meio período ou leciona no
período vespertino ou noturno.
12) Curso , tempo de estudo e aprovação: O
comportamento dos estudantes entre os cursos pesquisados é
muito semelhante, mostrando uma tendência da geração
atual e será analisado num trabalho futuro.
justifica o tratamento paternalista reservado a eles como
forma de compensação e aceitação pelo seu desempenho
futuro. Desempenho este não necessariamente associado a
profundos conhecimentos adquiridos na graduação.
- A independência entre tempo de estudo, escola de origem
e aprovação é um indicativo de que a política utilizada no
ensino noturno deve ser revista. Provavelmente o aluno
oriundo de escola de ensino médio particular diurna tem uma
base mais sólida, do que o aluno de escola de ensino médio
público noturno, e talvez por estar mais habituado a estudar,
na universidade poderá estudar menos ou de uma forma mais
sistemática. Não se pode ignorar a realidade do aluno do
noturno, a escola precisa organizar-se, levar em conta as
características de vida desse aluno porém cuidar para que
não haja prejuízo no seu aprendizado. Esta conclusão
reforça a opinião de Furlani [2] quanto a
aproveitar
plenamente o tempo em que o estudante passa na escola,
com um projeto político e pedagógico, que propicie sua
participação plena como cidadão.
Agradecimentos ? Os autores agradecem às “Faculdades
Oswaldo Cruz” pela permissão concedida para a realização
desta pesquisa entre os alunos da Escola Superior de
Química e da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
IV. CONCLUSÃO
- O tempo de estudo, semanal, levantado foi de 3,08 horas
sem provas e 10,68 horas com provas, e o número de horas
de estudo por disciplina foi de 0,48 h/disciplina sem provas e
1,62 h/disciplina com provas. O tempo de estudo é
insuficiente para um total diário de quatro horas - aula por
noite. De acordo com a demanda seria apropriado pelo
menos um tempo de estudo igual [2], disponibilidade essa,
incompatível para quem gasta em média 10,62 h/dia entre
trabalho e condução.
- A universidade noturna é uma alternativa para os
trabalhadores mas deve ser aperfeiçoada, visando a sua
melhor formação. A sociedade não pode responsabilizar
apenas a instituição de ensino pelo nível de conhecimentos
dos profissionais egressos de seus cursos noturnos e nem a
instituição pode exigir de seus estudantes muito mais do que
eles podem oferecer. Por outro lado, o fato desses alunos
do noturno serem bem sucedidos, após sua graduação, não
[1] C.J. Ferretti e F. Madeira, “Educação / Trabalho: reinventando o
passado”, Cadernos de Pesquisa . São Paulo, n o 80, pp. 75-86. Fev.
1992.
[2] L.M.T. Furlani, A claridade da noite: os alunos do ensino superior
noturno, São Paulo: Cortez. 1998, pp.12-13, 100-103.
[3] A.T.D. Rodrigues, Ou bem estuda ou bem trabalha: a relação
escola/trabalho a partir da representação do aluno excluído –
evadido, Dissertação de Mestrado, FAE/UFMG, 1984.
[4] C.P. Carvalho, A ilusão da escola e a realidade do trabalho: o ensino
de 1 o grau de uma unidade escolar de Ribeirão Preto , Dissertação
de Mestrado, UFSCar, 1981.
[5] M. P. Sposito, O trabalhador – estudante. Um perfil do aluno do curso
superior noturno, São Paulo: Loyola. 1989.
[6] J.T.P. Sousa, “Estudo do aluno universitário para a construção de um
projeto pedagógico”. MEC/INEP. Série Documental em Relatos de
Pesquisa, 4, Maio 1993.
[7] J. Paul e Z.D. Ribeiro, “As condições de vida e de trabalho dos
alunos de ensino superior brasileiro ?
O caso das universidades
de Fortaleza ”, Educação Brasileira . vol. 13, pp. 71 -127, 1 o sem.
1991.
[8] M.E. Castanho, Universidade à noite: fim ou começo de jornada?,
Campinas: Papirus, 1989, pp. 13.
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Delineação do Perfil do Aluno de um Curso de Engenharia Química