FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS CENTRO DE PESQUISA E DOCUMENTAÇÃO DE HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA DO BRASIL – CPDOC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA, POLÍTICA E BENS CULTURAIS MESTRADO PROFISSIONAL EM BENS CULTURAIS E PROJETOS SOCIAIS UM GUIA INFORMATIVO DOS CURSOS E OFICINAS ARTÍSTICAS E CULTURAIS DA LAPA – RIO DE JANEIRO APRESENTADA POR ROBERTO FERNANDES DUTRA DE SOUZA PROFESSOR ORIENTADOR ACADÊMICO PROFA. DRA. MARIANA CAVALCANTI Rio de Janeiro, julho 2012 2 FICHA CATALOGRÁFICA Souza, Roberto Fernandes Dutra de Um guia informativo dos cursos e oficinas artísticas e culturais da Lapa – Rio de Janeiro / Roberto Fernandes Dutra de Souza. – 2012. 167 f. Dissertação (mestrado) - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, Programa de Pós-Graduação em História, Política e Bens Culturais. Orientadora: Mariana Cavalcanti. Inclui bibliografia. 1. Lapa (Rio de Janeiro, RJ) – Vida cultural. 2. Renovação urbana. 3. Projetos culturais. 4. Instituições e sociedades culturais. I. Cavalcanti, Mariana. II. Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Programa de Pós-Graduação em História, Política e Bens Culturais. III. Título. CDD – 306 3 FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS CENTRO DE PESQUISA E DOCUMENTAÇÃO DE HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA DO BRASIL – CPDOC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA, POLÍTICA E BENS CULTURAIS MESTRADO PROFISSIONAL EM BENS CULTURAIS E PROJETOS SOCIAIS UM GUIA INFORMATIVO DOS CURSOS E OFICINAS ARTÍSTICAS E CULTURAIS DA LAPA – RIO DE JANEIRO APRESENTADA POR ROBERTO FERNANDES DUTRA DE SOUZA Rio de Janeiro, julho 2012 4 FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS CENTRO DE PESQUISA E DOCUMENTAÇÃO DE HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA DO BRASIL – CPDOC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA, POLÍTICA E BENS CULTURAIS MESTRADO PROFISSIONAL EM BENS CULTURAIS E PROJETOS SOCIAIS PROFESSOR ORIENTADOR ACADÊMICO PROFA. DRA. MARIANA CAVALCANTI ROBERTO FERNANDES DUTRA DE SOUZA UM GUIA INFORMATIVO DOS CURSOS E OFICINAS ARTÍSTICAS E CULTURAIS DA LAPA – RIO DE JANEIRO Dissertação de Mestrado apresentada ao Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil – CPDOC como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Bens Culturais e Projetos Sociais. Rio de Janeiro, julho 2012 . 5 6 DEDICATÓRIA Aos meus pais, “O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.” Fernando Pessoa 7 AGRADECIMENTOS Este trabalho não seria possível sem a ajuda de várias pessoas e instituições que gostaria de agradecer. Agradeço aos meus pais, Therezinha e Joaquim (in memoriam), por tudo que proporcionaram. Particularmente, a possibilidade de estudo em boas instituições que levaram a uma trajetória de satisfação e aprendizado. Na sequência, agradeço a minha orientadora, professora Mariana Cavalcanti, desde a acolhida inicial ao meu projeto, a ajuda em momento de dificuldades por doença, e o seu lado forte e incentivador que fizeram com que não desistisse, aceitando meus limites. A minha namorada e companheira Rose no compreender das dificuldades e dedicação para cumprir os compromissos assumidos. Aos colegas do mestrado, pela amizade e companheirismo no dia a dia na busca de tempo para o desempenho de atividades acadêmicas e profissionais. Foi muito bom conhecê-los, pois fizeram falta nos momentos finais onde a solidão imperou durante a elaboração da dissertação. Aos professores da banca, todos, pela ajuda em momento de dificuldades. Ao programa de Mestrado em Bens Culturais e Projetos Sociais, seu corpo docente e discente, aos funcionários da secretaria acadêmica, biblioteca, fotocópia e de apoio às aulas. A minha cadela Meg que se privou de muitos dos seus passeios sem reclamar, apesar do seu triste olhar. A Lapa por proporcionar prazer de conhecer o lado cultural diurno, pessoas interessantes e atividades estimulantes. A Marta Cavalcante da Fundição Progresso, sempre atarefada, que não economizou esforços nas entrevistas e informações. A todos os meus entrevistados pelo tempo disponível e pelas informações que forneceram à compreensão do meu objeto. E por fim, agradeço a todos aqueles que por ventura não foram mencionados, mas participaram de alguma forma na conclusão deste trabalho. 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO O autor e sua relação com o objeto de estudo ................................................... 13 16 CAPÍTULO 1 – A LAPA DA OCUPAÇÃO A DECADÊNCIA 1.1 As primeiras ocupações e o desenvolvimento da várzea denominada Lapa 1.2 Das primeiras grandes transformações no espaço urbano da Lapa à decadência ......................................................................................................... 1.3 Processos de Gentrificação ......................................................................... 1.4 O Projeto Corredor Cultural e a Revitalização da Lapa .............................. 1.5 O Projeto Quadra Cultural .......................................................................... 1.6 O Projeto Distrito Cultural Lapa ................................................................. 18 19 CAPÍTULO 2 – O BAIRRO DA LAPA NO SÉCULO XXI 2.1 A economia local e as instituições .............................................................. 2.2 Instituições e espaços culturais da Lapa: cursos e oficinas artísticas e culturais ............................................................................................................. 58 58 CAPÍTULO 3 – PROJETO PARA UM GUIA INFORMATIVO DOS CURSOS E OFICINAS ARTÍSTICAS E CULTURAIS DA LAPA – RIO DE JANEIRO 3.1 Introdução ................................................................................................... 3.2 Apresentação do projeto .............................................................................. 3.3 Objetivos do projeto .................................................................................... 3.3.1 Objetivo geral ........................................................................................... 3.3.2 Objetivos específicos ............................................................................... 3.3.3 Foco estratégico ....................................................................................... 3.4 Beneficiários ............................................................................................... 3.5 Metodologia ................................................................................................ 3.6 O produto .................................................................................................... 3.6.1 Características do produto ........................................................................ 3.7. Etapas de execução .................................................................................... 3.8. Avaliação de resultados .............................................................................. 3.9 Cronograma ................................................................................................. 3.10 Orçamento ................................................................................................. 3.11 Distribuição ............................................................................................... 3.12 O boneco do guia informativo ................................................................... 24 34 38 50 51 63 66 66 67 68 68 68 69 69 69 71 71 72 72 73 73 73 74 CONCLUSÃO 118 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 123 ANEXO I 130 ANEXO II 160 9 RESUMO O objetivo dessa dissertação é apresentar um projeto para produção de um guia informativo dos cursos e oficinas artísticas e culturais da Lapa, Rio de Janeiro. Em termos metodológicos, além da recuperação histórica acerca da memória do lugar, dos planos de intervenção e transformação urbana, do levantamento dos artistas, grupos e instituições culturais e suas diversas atividades diurnas, foram realizadas entrevistas com aplicação de questionários com a finalidade de coletar dados para subsidiar a elaboração dos textos para o guia. Desde o final do século XX vem sendo empreendido um processo de revitalização do bairro através de transformação das formas-conteúdos das edificações. A dinâmica do processo de gentrificação mescla da recuperação dos casarios e sua utilização por artistas, grupos e instituições culturais, a políticas públicas e projetos implementados mais recentemente direcionados a interesses privados vinculados ao turismo, ao capital imobiliário e a empreendimentos comerciais. É possível verificar atualmente uma forte atuação empresarial através do marketing urbano da Lapa noturna como lugar de boemia. Em detrimento das dezenas de atividades artísticas e culturais diurnas que muito contribuíram no processo de revitalização da Lapa. PALAVRAS-CHAVE: gentrificação e Lapa. Cursos, oficinas, instituições culturais, revitalização, 10 ABSTRACT The purpose of this dissertation is to present a Project for the production of an information guide of artistic and cultural courses and practices workshops in Lapa, Rio de Janeiro. In methodological terms, besides the historical recovering of the place’s memory, the urban intervention and transformation, the artistes, groups and cultural institutions inventory and their many daytime activities in Lapa, interviews were made with application of questionnaire in order to the collection of data for subsidize the instituting texts for the guide. Since the late twenty century has been undertaken a process of revitalization by transforming the forms-contents of buildings. The dynamics of the gentrification process mix from the row homes recovery and how they are used by artistes, groups and cultural institutions, to the public policies and projects lately implemented are targeted to the private interests linked to tourism, to real estate capital and commercial enterprises. Now days, it’s possible to verify a strong business performance by urban marketing of nightlife Lapa as a bohemian place. In detriment of dozens of daytime artistic and cultural activities that have contributed so much to the process of revitalization of the Lapa neighborhood. KEY-WORDS: Courses, practices workshops, cultural institutions, revitalization, gentrification and Lapa. 11 LISTA DE FOTOS Foto 1: Abertura da Avenida Mem de Sá em 1904........................................................ 27 Foto 2: Reurbanização da Lapa em 1975 ...................................................................... 33 Foto 3: Parte do conjunto de sobrados germinados recuperados em 2005 ................... 53 LISTA DE MAPAS Mapa 1: Os limites da várzea da Lapa século XVIII ..................................................... 20 Mapa 2: Novos limites da Lapa a partir de maio de 2012 ............................................. 58 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Lagoa do Boqueirão final do século XVIII .................................................... 22 12 LISTA DE ABREVIATURAS ACM – Área Central de Negócios AR – Argentina BAN – Biblioteca Alberto Nepomuceno CAL – Casa das Artes das Laranjeiras CDI – Comitê para Democratização da Informática CTAC – Centro de Artes Cênicas CTO – Centro Teatro do Oprimido ELA – Escola Livre das Artes EMUFRJ – Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro FEBARJ – Federação dos Blocos Afros e Afoxés do Estado do Rio de Janeiro FESK – Fábrica do Ator Excêntrico IAB – Instituto de Arquitetos do Brasil IBAM – Instituto Brasileiro de Administração Municipal IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística INEPAC – Instituto estadual do Patrimônio Cultural IPDH – Instituto Palmares de Direitos Humanos IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional IPTU – Imposto Predial Territorial Urbano MEC – Movimento de Educação e Cultura MIS – Museu da Imagem e do Som NEC – Núcleo de Educação e Cultura PUB – Plano Urbanístico Básico SAARA – Sociedade de Amigos das Adjacências da Rua da Alfândega SARCA – Sociedade dos Amigos da Rua da Carioca SBBA – Sociedade Brasileira de Belas Artes SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SMP – Secretaria Municipal de Planejamento UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro UNESCO – Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e a Cultura 13 INTRODUÇÃO Com intuito de compreender a dinâmica das diversas atividades culturais que se desenvolvem na Lapa diariamente nos horários diurnos, esse trabalho se concentra em fazer um levantamento sobre os artistas, grupos e instituições artísticas e culturais que promovem cursos e oficinas ao longo dos anos no bairro da Lapa. Esses atores sociais foram extremamente importantes como disseminadores de cultura e educação, para a profissionalização de um imensurável número de jovens, e também para com o processo de revitalização do bairro nas últimas três décadas. Esta pesquisa pretende mostrar um levantamento de dados referentes aos atores sociais que contribuíram como base para elaboração de um projeto de guia informativo dos cursos e oficinas artísticas e culturais do bairro da Lapa cuja produção tornou-se durante o trabalho de campo um dos objetivos do autor. Hoje em dia é comum encontrar referências sobre o bairro da Lapa nos jornais, revistas, reportagens de telejornal, internet, trabalhos acadêmicos e nas rodas de batepapo entre amigos. Falas que ressaltam e dão visibilidade as transformações ocorridas no bairro nos últimos anos. Transformações que ocorreram através de um processo de apropriação do patrimônio histórico-cultural e sua utilização por meio de novos usos e costumes que começou no final do século XX. Esse processo reiteradamente chamado de “revitalização”, apesar das inúmeras discussões acadêmicas sobre a utilização dessa palavra que muitos preferem chamar de “renovação ou reabilitação urbana” 1, caiu na linguagem popular e da mídia que em todo momento citam a revitalização da Lapa para se referir a processo de transformação do bairro pelo tombamento, recuperação e refuncionalização dos seus casarios. Para compreensão desse processo não basta ir à busca do “mito boêmio” ou ao período de decadência. É preciso entender como e porque se deu a ocupação desse espaço físico da cidade, seu desenvolvimento, as transformações em sua ambiência não restritas apenas àquelas que acontecem no espaço físico e que contribuíram para uma prolongada decadência, até ao ressurgimento como espaço de convívio urbano contemporâneo. Um processo que não pode ser ignorado e responsável por fluxos crescentes ligados ao lazer, cultura e turismo. 1 GOULART, 2005, p. 2. 14 Este trabalho é constituído de três seções. No primeiro capítulo, um breve olhar sobre a origem da ocupação sócio-espacial da Lapa do século XVIII em diante contribui para reflexão sobre as primeiras utilizações do solo e a influência desse passado na construção socioeconômica do bairro ao longo dos séculos. As formas sociais urbanas da Lapa e as representações construídas e introduzidas no lugar. Abordaremos as primeiras transformações funcionais do patrimônio edificado e algumas diversidades que resistem às marcas do tempo. Trataremos, portanto, em primeiro momento das transformações ocorridas no ambiente construído, e as que levaram o bairro a adquirir fama de boêmio que permaneceu vivo no imaginário popular carioca. Parte das características atribuídas ao carioca, malandragem, musicalidade e criatividade vêm da Lapa das décadas de 1920 e 1930, quando do auge da boemia no bairro. A Lapa “amoral” e boemia que foi reprimida pelo Estado varguista. Início de um longo período de decadência e degradação que durou da década de 1940 aos fins da década de 1980. Faremos ainda no primeiro capítulo uma discussão teórica sobre processos de gentrificação e o “processo de revitalização” do bairro da Lapa, que teve seu início atribuído à implantação do projeto Corredor Cultural e a outros projetos subsequentes. Processos físicos e sociais coexistentes, não necessariamente associados, que trataremos como renovação, revitalização, reabilitação, ou requalificação urbana, enquanto tendência de um processo de gentrificação de centros históricos e de tecidos urbanos significativos nas áreas centrais das grandes cidades. E também, o quanto e como as mudanças de formas e conteúdos do patrimônio edificado da Lapa influenciaram na concepção de Lapa como polo cultural. No segundo capítulo, inicialmente buscaremos demonstrar a importância que as atividades culturais promovidas pelos artistas, grupos e instituições artísticas e culturais têm para economia local. Particularmente, os cursos, oficinas e práticas que ocorrem diariamente no horário diurno e frequentados por inúmeras pessoas em espaços culturais no bairro. Atividades que geram emprego e renda nos locais onde elas acontecem e no comércio e serviços beneficiados pelo afluxo e demandas constantes de centenas de frequentadores. Para realização desta etapa, buscaremos entender a economia local no contexto do consumo da cultura, das relações sociais, e da importância do binômio cultura e educação que assume um papel de centralidade nas atividades culturais promovidas pelos atores sociais citados. E a seguir, discutiremos a problemática da falta de dados como elemento demonstrativo da importância dessas 15 atividades promovidas diurnamente e os efeitos nocivos do processo de enobrecimento do patrimônio edificado para as instituições culturais que se instalaram na Lapa no início do processo de revitalização do bairro. Na segunda parte deste capítulo faremos uma abordagem sobre as informações levantadas sobre os artistas, grupos, e instituições, seus cursos, oficinas e projetos sociais. Essas informações obtidas como resultado das pesquisas de gabinete e de campo serão disponibilizadas no ANEXO I. Para realização das pesquisas, primeiramente foi feito um levantamento de todos os atores sociais regularizados que promovem cursos e oficinas artísticas e culturais, profissionalizantes ou não, para indivíduos que queiram atuar no setor cultural. As informações obtidas nas pesquisas e entrevistas foram sistematizadas de forma a servirem como base para elaboração de um guia informativo de cursos e oficinas artísticas e culturais promovidos por artistas, grupos e instituições culturais da Lapa. A proposta desse produto cultural será apresentada no terceiro capítulo. A relevância desta pesquisa dá-se pelo fato de que em trabalho anterior realizado pelo autor percebeu-se o desconhecimento pela maioria dos frequentadores da Lapa e do público em geral da existência de dezenas de atividades culturais de aprendizagem, como também profissionalizantes realizadas nas instituições culturais nos horários diurnos. Fato que despertou-nos o interesse de aprofundar nesse conhecimento e disseminá-lo. No terceiro e último capítulo apresentaremos o projeto para elaboração do guia informativo como etapa final deste trabalho, juntamente com o boneco do guia propriamente dito na segunda parte. Uma proposta possível e presente na estrutura dos mestrados profissionais e que neste caso tem como objetivo preencher uma lacuna existente na divulgação dessa produção cultural existente na Lapa e beneficiar ao público em geral com informações pertinentes as oportunidades de crescimento e desenvolvimento intelectual, artístico e profissional. A Lapa está ganhando projeção nacional e internacional através da promoção do lugar como local de boemia. O marketing que está sendo utilizado para a divulgação do lugar enfatiza a noite e tem induzido ao aumento da frequência de visitantes, estimulado o turismo e inúmeros empresários a investirem em negócios, alguns padronizados e encontrados em outros locais ou lugares. A mercantilização da memória da Lapa como bairro boêmio é utilizada para dinamizar os atrativos de consumo dos bares, restaurantes e casas de show. Fato que nos chama a atenção para os efeitos da 16 gentrificação no bairro e como têm afetado as instituições e suas atividades culturais diurnas que por tantos anos movimentaram, e ainda movimentam a Lapa no seu dia a dia. Não se pode medir o “sucesso” de um processo de renovação urbana pelo retorno financeiro dos empreendimentos, a não ser que se tome a dimensão econômica como mais importante do que a dimensão cultural desta mesma economia. Por fim, acreditamos que com esse trabalho contribuiremos para estudos interdisciplinares da importância dos artistas, grupos e instituições culturais e suas atividades diurnas disseminadoras de cultura e profissionalizantes para com a revitalização e a manutenção de um equilíbrio sócio-espacial da Lapa. Além de documentar o levantamento das instituições que contribuem para o enobrecimento da Lapa como polo cultural. O autor e sua relação com o objeto de estudo A definição do tema deste trabalho deve-se em parte a trajetória profissional do autor e pelo trabalho que vem realizando nos últimos sete anos de planejamento e desenvolvimento local ligado a atividades de turismo cultural em localidades e municípios onde esta segmentação do turismo se busca desenvolver. Apesar da formação acadêmica em Engenharia Química, hoje, sinto-me impregnado pelo Turismo, pelos 29 anos dedicados ao tema, atuando no setor comercial, no público e nos últimos anos no terceiro setor como consultor. As experiências adquiridas no Governo com políticas públicas de turismo, privilegiadas pelo acesso a informações, programas, projetos, cursos e oficinas proporcionaram migrar e especializar-me em planejamento e desenvolvimento local para o Turismo. E nesses últimos anos venho desenvolvendo estudos acadêmicos e projetos profissionais na área de planejamento que me levaram ao contato com o objeto desse estudo, o bairro da Lapa. Dentre os trabalhos realizados destacam-se: Conservatória Criativa, Santa Teresa Criativa e Lapa Criativa 2, pelo Instituto IDEIAS e o Turista Aprendiz 3, no âmbito do Programa Monumenta, e MOB - Programa de Mobilização do Turismo Local, no âmbito dos preparativos da Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, ambos pelo IBAM 4. 2 Disponíveis em: <http://www.ideias.org.br/projeto/>. Disponível em: <http://www.turistaaprendiz.org.br>. 4 Disponível em: <http://www.ibam.org.br/projeto/25>. 3 17 A escolha do bairro da Lapa como tema da dissertação foi motivada como desdobramento do trabalho que atuei realizado pelo Instituto IDEIAS, em 2008, intitulado Lapa Criativa. O trabalho gerou um site5 e um relatório final, entregue ao contratante, que busca oferecer informações para consolidar o entendimento sobre o produto cultural Lapa, além de fornecer alternativas para valorizar a identidade cultural, embasar novas iniciativas de instituições públicas, incentivar o surgimento de novos negócios e aumentar as possibilidades de geração de ocupação e renda na localidade. Na pesquisa de campo foram realizados alguns levantamentos no horário diurno, e deparamos com uma quantidade muito maior do que a imaginada de instituições culturais com diversas atividades sendo promovidas. Naquele momento relatamos essa descoberta, mas não pode ser estudada mais profundamente porque não estava previsto no projeto. A única medida possível foi o levantamento já acordado para o site e a extensão de perfil de consumidor para os frequentadores das atividades dessas instituições. Este trabalho despertou para uma face desconhecida do bairro, a Lapa das atividades culturais diurnas. A busca por informações abriu portas de um universo até então desconhecido, mas que este trabalho não permitiu desvendá-lo. A partir de então, os cursos, oficinas e práticas artísticas e culturais dessa Lapa diurna passaram a interessar-me. E com o tempo despertou-me, além do encanto por áreas antigas da cidade, em desenvolver um trabalho acadêmico sobre a Lapa com recorte nos cursos e oficinas. Por fim a intenção acabou sendo reforçada pela constatação em estudos preliminares, em trabalhos acadêmicos sobre a Lapa e sua “revitalização”, tema que jamais havia sido citado como de importância, ainda mais como mola propulsora das atividades diurnas que movimentam diariamente o cotidiano do bairro nesse processo de renovação urbana. 5 http://www.lapacriativa.com.br 18 CAPÍTULO 1 – A LAPA DA OCUPAÇÃO A DECADÊNCIA O presente trabalho busca realizar um levantamento das atividades diurnas que acontecem nas diversas instituições culturais que se instalaram na Lapa, a partir da década de 1980. Seus cursos, oficinas e práticas artísticas e profissionalizantes, e os projetos sociais que desenvolvem ou participam, que foram importantes no processo de revitalização do bairro6. Importantes porque foram os artistas e grupos culturais, muitos deles fundadores ou ligados às instituições que iniciaram uma série de atividades culturais, sendo ainda os primeiros a ocuparem as edificações, muitas delas abandonadas ou em péssimo estado de conservação, e as transformarem por meio de novos usos. Pessoas atraíram pessoas que passaram a consumir e a movimentar o bairro. Inicialmente um processo lento de ocupação, mas a base da recuperação e transformação do espaço público Lapa, criando novas funções e estimulando as existentes. Embora, a periodização a ser analisada seja a passagem do século XX para o XXI, dedicaremos esse capítulo a uma apresentação da origem da ocupação do bairro, ainda que de forma breve a partir do século XVIII, como área de ocupação residencial periférica ao centro da cidade. Abordaremos a seguir sua decadência, e o ressurgimento do lugar por meio de um novo modo de empreender lazer e entretenimento, a utilização contemporânea do patrimônio construído, histórico ou não, para práticas voltadas para o consumo do lugar. A recuperação do ambiente com o enobrecimento das formasconteúdos e inserção de novos usos e valores as edificações. Os estágios da história pelos quais a Lapa passou não serão tratados apenas pelas datas célebres, pelos atos das autoridades ou de alguns nomes importantes, mas também, pelas condições de vida e aspectos da vida cotidiana das pessoas que ali conviveram, em diferentes épocas. As sucessivas épocas da história do Rio de Janeiro formam quadros em que não somente agem certos personagens que possuem o poder político, mas também as camadas sociais da população carioca que influenciam no destino da cidade, do mesmo modo, na organização espacial da Lapa. A história da 6 Desde 18/05/12, por meio da Lei n. 5407/2012 sancionada pelo prefeito Eduardo Paes, confere status de bairro à Lapa, que até então, segundo a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro a Lapa era uma subregião do Centro da cidade, e não um bairro com limites fisico-territoriais delimitados. Mais sempre se fez referência ao local como bairro uma vez que os próprios moradores e em geral o próprio imaginário popular carioca denominavam a Lapa como um bairro do Rio de Janeiro. 19 Lapa acompanha e participa dessa história maior, a da própria cidade e dos grupos sociais que dela fazem o seu território. 1.1 As primeiras ocupações e o desenvolvimento da várzea denominada Lapa A colonização portuguesa, na ocupação dos territórios conquistados ou descobertos era norteada por uma política de feitorias, agarradas ao litoral, e só começaram a transformar-se verdadeiramente em cidades a partir do século XVIII. Uma forma de ocupação bastante diferente da colonização espanhola que se caracterizou largamente pelo triunfo da linha reta, pela criação de núcleos de povoação estáveis, bem ordenados e na maioria das vezes nas regiões internas, e que correspondiam a um prolongamento da sua metrópole. Os espanhóis foram ladrilhadores que se sobressaíram por tornar suas cidades racionalizadas, enquanto, os portugueses foram semeadores de cidades irregulares, nascidas e crescidas ao acaso, rebeldes e desordenadas. Verdadeiros aglomerados urbanos que aproveitavam a silueta e as linhas naturais da paisagem7. E no Rio de Janeiro a ocupação não seria diferente, mais ainda, por apresentar formas geográficas bastante particulares, planícies e vales com pântanos e lagoas entre o mar e os maciços de topo arredondados. A história da Lapa, a princípio conhecida como Areias de Espanha 8, teve início no século XVIII a partir de um processo lento e bastante rarefeito de ocupação do seu espaço geográfico, paralelamente ao que ocorria bem próximo, no núcleo central da cidade, já bem adensado. Em 1751, entre a praia e o morro das Mangueiras foi erguido um seminário e uma capela em louvor a Nossa Senhora da Lapa do Desterro pelo padre Ângelo Siqueira Ribeiro de Prado. A data de fundação da igreja é considerada a data de fundação do bairro e, a partir daí, o Largo onde se encontrava a igreja passou a ser chamado de Lapa. Outra construção que marcaria a Lapa nesse início de ocupação seria a do Aqueduto Carioca, popularmente chamado de Arcos da Lapa, concluído em 1750. Sua idealização foi motivada pela necessidade de melhorias no abastecimento de água para a área central da cidade, trazer água do Rio Carioca, com nascente nas Paineiras, para o celeiro do núcleo de povoamento e grande várzea desenvolvimentista formada pelo retângulo 7 HOLANDA, 1995. De acordo com alguns pesquisadores a denominação era devido à semelhança das areias da praia com as areias das praias espanholas. 8 20 entre os morros do Castelo, São Bento, Conceição e Santo Antônio 9. Nesse período a população da cidade do Rio de Janeiro havia pulado de 12 mil habitantes do início do século para uma estimada em cerca de 30 mil pessoas10. Neste contexto expansionista, a cidade do Rio de Janeiro foi elevada à condição de capital da colônia e sede do vice-reinado por motivos econômicos e estratégicos, e por objetivos políticos, em 1763. E novamente, a cidade teve suas “funções urbanas [ampliadas], em virtude de suas novas funções políticoadministrativas”11. A necessidade de expansão do tecido urbano da cidade do Rio de Janeiro pressionado pelo crescimento populacional atingiu os limites da sua área central, entre eles a Lapa, que era uma área ocupada com chácaras e começou a sofrer alterações no seu espaço físico. Naquele momento a várzea da Lapa tinha como limites, a Lagoa do Boqueirão; o pequeno morro das Mangueiras; o morro do Desterro, atual bairro de Santa Teresa; e pelos morros do Senado e Santo Antônio, morros estes que contribuíram junto com os pântanos existentes na várzea para a pouca ocupação inicial por a cercarem e dificultarem a circulação da localidade para com outras mais adensadas e para o porto12. O mapa abaixo, apesar de ser de 1852, demonstra os limites físicos do bairro da Lapa representados pelos acidentes geográficos assinalados (Mapa 1). Mapa 1: Os limites da várzea da Lapa Fonte: Carta da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro de 1852. Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro (cart 309952). Na área assinalada vê-se o início da ocupação da Lapa: 1) Lagoa do Boqueirão; 2) Morro do Desterro; 3) Morro do Senado; 4) Morro Santo Antônio. 9 CARVALHO, 1990. Ibidem. 11 SILVEIRA, 2004, p. 60. 12 BENCHIMOL, 1992. 10 21 O Marquês do Lavradio13 que ficou dez anos a frente da administração colonial como Vice-Rei abriu ruas para melhorar a circulação, consertou muitos caminhos e aterrou pântanos em algumas partes da cidade. Aterrado os pântanos na Lapa foi possível a abertura da Rua do Lavradio pelo Marquês, em 1770, que ajudou a alavancar a Lapa como local de habitação nesse primeiro momento de sua história. A rua antes era apenas um caminho no limite da zona urbanizada, o Largo do Rocio, atual Praça Tiradentes, foi aberta como parte do saneamento dos encharcados, terreno que até então existia entre os Arcos da Lapa e o Largo 14. O Marquês mandou construir uma belíssima residência nessa rua, mas quase não a ocupou por ter que morar no Palácio dos Vice-Reis. Neste momento começavam a se instalar na Lapa, recém chegados a colônia, imigrantes portugueses. Comerciantes atraídos pelas facilidades de acesso ao centro tradicional e pelos muitos armazéns de mercadorias que chegavam das ditas terras do interior. Produtos agrícolas e víveres chegavam pela estrada Mata-Cavalos (atual Rua do Riachuelo) provenientes dos engenhos e pequenas propriedades rurais15 existentes a partir do entorno da Lapa até a Serra da Tijuca16. Surgiram, então, os primeiros sobrados a lado de casas térreas, onde as partes térreas eram locais de trabalho e comércio, e nos andares superiores moradia desses comerciantes portugueses. E para aumentar a área de ocupação da Lapa, no último quartel do século, durante o vice-reinado de Luís de Vasconcelos17, o morro das Mangueiras18 foi desmontado e sua terra utilizada para o aterro da Lagoa do Boqueirão (Figura 1). E logo após, contruído no local um lugar de lazer, o Passeio Público, cujo desenho e o ajardinamento original foi obra do mestre Valentim19. O Passeio Público foi a primeira praça pública planejada da cidade, “num prenúncio da ocupação daquela região e da expansão da cidade em direção ao Flamengo e Botafogo” 20 e que, juntamente com a abertura da “Rua das Belas Noites (hoje das Marrecas) tornaram o quarteirão um dos mais aprazíveis e procurados para edificações de casas de moradia”21. 13 Ocupou o cargo de Vice-Rei no período de 1769-1779. BENCHIMOL, op.cit. 15 OLINTO, 2009. 16 DUARTE, 2009. 17 Ocupou o cargo de Vice-Rei no período de 1779-1790. 18 O pequeno morro das Mangueiras ficava onde se encontra a Rua Visconde de Maranguape. 19 Um dos principais artistas do Brasil Colonial. Foi escultor, entalhador e urbanista no Rio de Janeiro. 20 BENCHIMOL, op. cit. p. 25. 21 CARVALHO, op. cit. p. 60. 14 22 Figura 1: Lagoa do Boqueirão final do século XVIII Fonte: Boqueirão e Arcos da Lapa. Óleo sobre tela de Leandro Joaquim. Acervo do Museu Histórico Nacional22. Neste processo de melhorias da Lapa e aumento da área de ocupação foram abertas, no vice-reinado do Conde de Resende23, as ruas dos Inválidos e do Resende. Essas novas ruas ajudaram a localidade a alavancar ainda mais a sua ocupação como local de habitação, que nesse período já começava a ser ocupada por sobrados e residências abastadas. Na Rua do Lavradio habitaram ou tinham residência o Marquês de Cantagallo, o Marquês de Olinda, o Conde de Caxias, o Visconde de Jaguari, a Baronesa do Flamengo, e outros ilustres da época. Na Rua dos Inválidos a Baronesa de Bambuí, o Visconde de Uruguai e o Visconde de São Lourenço. A Lapa começava a adensar-se com um conjunto razoável de edificações. A constante expansão da cidade acentua-se no século XIX, principalmente, devido a um importante fato político, a chegada ao Rio de Janeiro da Corte Portuguesa, em 1808. A transferência da sede da Monarquia para o Brasil foi causada pela invasão a Portugal pelos exércitos napoleônicos, e contribui para uma mudança radical nas relações urbanísticas e sociais da cidade. A esquadra aportou com nada menos que 15 mil pessoas. A Rainha de Portugal e o Príncipe Regente D. João VI e toda sua corte 22 Disponível em: <http://www.museuhistoriconacional.com.br/image/galeria26/mh-g26a012.htm>. Acesso em 04/07/2012. 23 Ocupou o cargo de Vice-Rei no período de 1790-1801. 23 “foram recebidos pelo povo da capital com ruidosos entusiasmos”24. Entretanto, eles representavam “quase um terço da população da cidade estimada em 50 mil habitantes”25. Essa expansão demográfica “foi responsável pela primeira [grande] crise habitacional da história da cidade”, um dos traços permanentes e marcantes da vida urbana no Rio de Janeiro, e também, pelo início dos “indícios de estratificação social”26. A falta de moradia para a “população real”, efeito imediato da vinda da Corte Portuguesa e dos seus agregados, foi solucionado com a simples “expulsão dos antigos moradores das suas residências”, que foram confiscadas27. Sendo a crise transferida para outros segmentos da população, que se viram obrigados a subalugar partes de suas residências a outrem ou então se deslocarem para áreas mais afastadas. É difícil relatar resumidamente o grave problema social e de moradia que adveio com a chegada da Corte Portuguesa ao Rio de Janeiro. Em outros centros urbanos, também ocorreram problemas de moradia, de forma aparentemente não tão problemática, mas o acentuado crescimento populacional, precipitado pela vinda da Corte Portuguesa, contribui para alterações urbanas de grandes proporções. O crescimento populacional dos grandes centros urbanos acarretou também no rápido crescimento dos bairros, mas os serviços urbanos sempre chegaram depois28. “Em menos de duas décadas após a chegada da corte, a população da cidade duplicou, alcançando aproximadamente 100 mil habitantes, em 1822, e 135 mil, em 1840”29. E em meados do século XIX o crescimento demográfico acentuava-se ainda mais na capital, reflexo de uma segunda revolução industrial que beneficiou economias coloniais. E como consequência do fortalecimento da economia do Rio de Janeiro, que se encontrava incorporada ao mercado mundial, novas áreas eram urbanizadas. Fatos que levaram, segundo Benchimol, precisamente em 1870, a marca populacional de aproximadamente 235 mil hab., de acordo com o censo realizado na época30. Um período que se caracteriza pela transição do modo agrário para o industrial, do escravismo para a época moderna; o capitalismo no Brasil, que teve como marcos bastante visíveis a Abolição da Escravatura e a Proclamação da República. 24 CARVALHO, op. cit. p. 63. BENCHIMOL, op. cit. p. 23. 26 SILVEIRA, op. cit. p. 62. 27 Ibidem. 28 GUTIERREZ, 1995. 29 BENCHIMOL, op. cit. p. 25. 30 Ibidem. 25 24 O contínuo processo expansionista da malha urbana no Rio de Janeiro durante o século XIX caracterizou-se pelo aumento da ocupação das periferias e pelo adensamento da ocupação da área central. Algumas obras de infraestrutura influenciaram na configuração da paisagem, na rentabilidade territorial, e na possibilidade de valorização dos investimentos em novas áreas. A expansão dos meios de transporte coletivos no último quartel do século beneficiou o surgimento de áreas residenciais de classes mais abastadas tanto na periferia do centro direção sul quanto no entorno do núcleo central. Enquanto, para direção norte ocorria o deslocamento das classes mais pobres devido à menor valorização territorial e falta de moradia para classe trabalhadora próxima aos locais de trabalho na área central. O deslocamento ao subúrbio, direção norte, do proletariado, amenizou a pressão sobre habitações populares na área central, mas instituiu outro tipo de hierarquia na cidade, a que diferenciava os habitantes não em função de relações de trabalho, e sim, aquele que Lefebvre chamou de “hierarquia das propriedades e dos proprietários, das casas e dos bairros”31. Neste momento a “Lapa era um bairro estritamente familiar, ocupado pela elite imperial, sendo uma área com características que representavam o universo tradicional da sociedade, onde a pulsão do sujeito se dava na casa, a intimidade do lar” 32. Uma Lapa onde havia ainda muitas “residências, famílias, que aos domingos e dias santos iam à missa, vida pacata, que passava carruagens e tilburis 33 e que das sacadas dos sobrados podia-se ver a praia, os barcos ancorados, a baía, o mar”34. Mas, também era uma Lapa de atividades comerciais no entorno dos Arcos. O cotidiano do bairro era mesclado pelas atividades profissionais de muitos dos seus habitantes. Pequenos comerciantes, açougueiros, vidraceiros, barbeiros, quitandeiros dentre outras atividades. A expansão dos meios de transporte com os bondes chegando ao Largo da Lapa e o aumento do valor do solo urbano na área central pela intensificação das atividades econômicas deu início a um período de grandes transformações no bairro. 1.2 Das primeiras grandes transformações no espaço urbano da Lapa à decadência A virada do século é marcada por grandes transformações na ambiência da Lapa, como reflexo do que acontecia na cidade. A população passava de 500.000 31 LEFEBVRE apud ABREU, 2003, p.172. COSTA, 2000, p. 55. 33 Carro de dois assentos, sem boléia, com capota, de duas rodas e puxado por um só animal. 34 DAMATA, 2007, p. 30. 32 25 habitantes e o crescimento da área urbana da cidade e a valorização imobiliária atingia em cheio a classe proletária que sempre era “empurrada” para mais longe dos seus locais de trabalho. Só que o preço das passagens, o tempo de viagem para o subúrbio, e as longas jornadas de trabalho inviabilizava para muitos residirem em locais distantes da área central, que experimentava um surto de atividades industriais. A área central formada de ruas estreitas e sujas, destituídas de simetria encontrava-se congestionada e atravancada face à intensificação do trânsito de homens e mercadorias. Suas ruas coexistiam armazéns, oficinas, fábricas, escritórios, bancos, prédios públicos, sobrados e casas térreas, cortiços e outras modalidades de habitações coletivas 35. E não suportavam mais o crescimento populacional da área central. A necessidade de muitos em residir próximo a centralidade era tanta que a solução foi a moradia em alta densidade e pagamento de altos aluguéis nos bairros periféricos. Entre eles a Lapa. A procura por moradia nesse bairro e em outros periféricos ao centro tradicional ocasionou uma valorização imobiliária. Os altos preços de locação alimentaram ainda mais um submercado imobiliário residencial já existente há alguns anos e utilizado pelos mais carentes, os cortiços, pensões e casas de cômodos. E na Lapa não foi diferente. Por sua localização, os bondes elétricos e muitas famílias mudando-se para novas moradias ao longo da Avenida Beira-Mar e bairros mais ao sul propiciou a transformação de antigos casarões, pequenos prédios e sobrados em casas de cômodos. Um negócio muito rentável aos proprietários ou herdeiros dos imóveis, que já vinha sendo praticado há muitos anos na área central da cidade, e também na periferia, mas intensificava-se nesta pela demanda. A municipalidade condenava a explosão de habitações coletivas e suas condições sanitárias, mas combatê-las contrariava muitos interesses, inclusive políticos36. Essas transformações na Lapa fazem o bairro começar a ser reconhecido como um local onde coexistiam dois ambientes, um diurno de características familiar e um noturno de boemia mal visto pelos antigos moradores. Ao apagar das luzes do século, começou a botar as unhas de fora37. Com a intensificação da movimentação diurna pelas atividades comerciais, como bares e restaurantes, camisarias, salão de beleza, tinturarias, sapatarias, e industriais, como a Fábrica de Cofres e Fogões Fundição Progresso, fabricante também de sacadas e grades de ferro, mais o alvoroço noturno 35 BENCHIMOL, op. cit. ABREU, 2003. 37 DAMATA, op.cit. p. 22. 36 26 pela vida boemia, alguns moradores incomodados deslocaram-se para outras áreas, os mais abonados para os terrenos ao longo da Avenida Beira-Mar e os novos bairros mais ao sul. E como consequência direta dessa transferência, em virtude de condições da época, muitas dos antigos casarões dessas famílias foram convertidos em casas de cômodos. Essa foi a forma encontrada pelo capital de obter mais lucro devido a demanda por habitação para a classe proletária. Esse problema crônico veio a se agravar nas primeiras duas décadas do século XX. Primeiramente, como consequência do plano para reformar a cidade abrangendo um amplo leque de iniciativas, no seu traçado urbanístico, na distribuição dos habitantes e nos costumes, idealizado pelo governo do Presidente Rodrigues Alves 38 e empreendido por Pereira Passos39 na primeira década do século. Um projeto utópico de desodorização do espaço urbano que se pretendia implantar, uma política sanitarista de purificação da cidade, mas que também tinha o pretexto de demarcação dos espaços de circulação dos diferentes grupos sociais. Um momento de violentas controvérsias entre as ações autoritárias e modernizadoras pelo ideal da transformação da cidade colonial numa metrópole “civilizada” e regenerada, e as redes sociais e políticas contrárias à renovação urbana. Mas, “prevalecia à posição de que o Estado devia assumir a execução dos melhoramentos e do saneamento”40. Na verdade, a posição do “princípio civilizador” capitaneado pelo Estado, servia ao mesmo tempo aos interesses mais gerais das classes dominantes e aos interesses particulares do capital. Não se pretende discutir em uma visão crítica a gestão de Francisco Pereira Passos, responsável por um período denominado pelos reformistas como “Era dos Melhoramentos” ou de “Era das Demolições ou Bota-Abaixo” pelas redes sociais e políticas contrárias as ações autoritárias de “renovação urbana”, que representam um momento de forte conexão nas relações entre as classes sociais e formas diferenciadas de ocupação do espaço urbano, e as transformações urbanas. Mas, apresentar para compreender nosso objeto de estudo o quanto as intervenções e mudanças ocasionadas pela Reforma Urbana de Pereira Passos foi responsável pelas sucessivas transformações na Lapa. 38 Exerceu o mandato de 1902-1906. Nomeado como Prefeito do Distrito Federal pelo, então, Presidenta da República Rodrigues Alves, em 1902, recebendo plena liberdade para legislar por decretos e remover os vários obstáculos para viabilizar os melhoramentos da capital. Exerceu o mandato de 1902-1906. 40 BENCHIMOL, op. cit. p.201. 39 27 Uma reforma que no fundo havia o intuito de excluir as camadas populares do centro da cidade. Erradicou pela simples demolição, centenas de prédios, e deixou desabrigadas dezenas de milhares de pessoas, trabalhadores e gente pobre, sobretudo expulsando-as da área central da cidade. Estudos de pesquisadores como as de Jaime Larry Benchimol, Lia Aquino de Carvalho, Maurício de Abreu, Niemeyer Lamarão e Oswaldo Porto Rocha discutem a perspectiva do projeto reforma como “uma verdadeira trama urdida pela burguesia e orquestrada pelo prefeito Pereira Passos”41. E Benchimol destaca ainda, que dentro do seu tempo o prefeito representava grupos econômicos e políticos. Na Lapa a ação mais direta da reforma de Pereira Passos foi a ligação entre o Largo da Lapa à Rua Frei Caneca com a abertura da Avenida Mem de Sá. Uma forma de livrar a localidade de alguns casebres e cortiços que ocupavam a região dos Arcos, inclusive sob ele (Foto 1). Segundo Souza Rangel 42 (1904), a abertura de avenidas “rasgaria as áreas onde as edificações se acham em piores condições, têm menor valor”43. Foto 1: Abertura da Avenida Mem de Sá em 1904 Fonte: Disponível em: http://caipirinhadebarril.blogspot.com.br/2010/01.htm. Acesso em 07/06/2012. 41 AZEVEDO, 2003, p.36. Alfredo Américo de Souza Rangel, engenheiro e trabalhou com Pereira Passos no projeto da Reforma. 43 RANGEL, 1904 apud BENCHIMOL, op. cit. p. 246. 42 28 Uma das consequências do alargamento de ruas e abertura de avenidas realizadas na Reforma, além da pura e simples expulsão de seus locais de moradia da população atingida e do aprofundamento da escassez de alojamentos para trabalhadores, foi o surgimento, ou talvez, a consolidação de um semicírculo de pobreza no entorno do centro da cidade44. O aumento brutal dos aluguéis pressionou as classes populares para os subúrbios, e potencializou a ocupação das áreas nas imediações do centro e para cima dos morros que o circundam, dando início ao surgimento das favelas. A maior intervenção da Reforma na Lapa foi a abertura da Avenida Mem de Sá, que demoliu inúmeras residências de população pobre e erradicou casebres e cortiços em área junto aos Arcos. Mas, nada adiantou essa tentativa de expropriar os pobres do bairro. Um progressivo rastro de desvalorização imobiliária, reflexo da deteriorização da qualidade de vida que vinha acontecendo no bairro, fez acelerar a substituição das famílias abastadas que habitavam sobrados e palacetes, por famílias de baixo poder aquisitivo. As nobres moradias eram transformadas em casas de cômodos para alugar, reproduzindo os modelos de habitações que fora tão combatido pela administração do prefeito Pereira Passos. Com todas essas transformações de ambiência, mais ainda a Lapa teve seus usos alterados. Por volta de 1910 já apresentava outra essência, principalmente no trecho entre o Largo e os Arcos, além de algumas residências familiares, casas de cômodos, cortiços que resistiam e do comércio em geral, surgiram algumas “casas e pensões suspeitas”45, estas de portas fechadas. De acordo com Gasparino Damata, as transformações em sua ambiência não eram apenas os efeitos da mudança antigos moradores por novos que chegavam. A proximidade com os teatros da Praça Tiradentes46 e da Rua do Lavradio, o Passeio Público, a orla da Avenida Beira-Mar, os cafés-concertos, os bondes elétricos que intensificam a vida urbana com o vai e vem das pessoas, traziam fama ao lugar que começava a torna-se famoso por sua vida noturna e o glamour de alguns lugares. Entre eles o Grande Hotel da Lapa 47 e o Hotel Guanabara, os preferidos dos políticos, palco de encontros, conspirações, estratégias e acordos que iriam tirar ou levar ao poder 44 DUARTE, op. cit. Os mais variados tipos de prostíbulos que tomaram algumas ruas. 46 O antigo Largo do Rocio que teve outras denominações passou a chamar de Praça Tiradentes em 1890. 47 Localizado onde hoje se encontra a Sala Cecília Meireles. 45 29 figuras da nossa história. Ali entre copos de vinho, “o destino da nação palpitava no coração da Lapa”48. A Lapa tornava-se famosa pela sua vida noturna e a coexistência de várias camadas sociais. Por um lado cabarés e cassinos famosos frequentados por gente elegante e pelo outro a Lapa dos cabarés baratos, prostíbulos, antros de jogatina e malandragem. Momento em que recaia sobre a Lapa o estigma da malandragem e da contravenção, além da boemia que já imperava nos seus cafés-concertos. E cada vez mais proliferava prostíbulos, casas de jogo, tabernas, night-clubs com shows de striptease, dos mais elegantes a aqueles bem suspeitos, e todo tipo de oferta para a vida boemia e desregrada. Fatos ligados à imagem do bairro da Lapa que lhe conferem a fama de marginal e vadio para grande parte população carioca49. A diversificação nos seus usos e costumes, a desvalorização do bairro como local de residência e a sua proximidade ao Centro, passou a atrair também “jovens estudantes, rapazes solteiros, jornalistas, escritores e artistas, uns pobres outros não, que vinham tentar a vida no grande centro urbano constituído pelo Rio de Janeiro” 50. Ocupavam sob a forma de aluguel de quartos, pensões, casas de cômodos ou mesmo em casas de famílias. A Lapa que chegou a ser chamada de Montmartre51 carioca. Era uma época que Paris tornou-se modelo de civilização moderna, entre nós e em cidades como Buenos Aires, Montevidéu e até Nova York e Londres, usava-se desde a língua francesa de forma pernóstica até os costumes, modismo, objetos oriundos da sagrada capital, era os anos da Belle Epóque. O paralelo entre a Lapa com o bairro parisiense, “a feição de Montmartre miniatura surgiu, no início da década de 1920, na mocidade boemia de Raul de Leone, Jayme Ovalle, Ribeira Couto, Di Cavalcanti, e outros” 52. Um momento que a Lapa abrigava a “boemia artística de literatos e músicos, artistas plásticos e jornalistas que, junto com o ambiente em geral [...] e os artistas oriundos das camadas baixas da população, definem um panorama de realidades e espaços mesclados” 53. A atmosfera boemia da Lapa lembrava o famoso bairro parisiense. 48 DAMATA, op. cit. p. 22. MARTINS, 2004. 50 COSTA, 1993, p. 198. 51 Bairro de Paris, na França, que a partir de 1860 tornou-se famoso por sua animada vida noturna e ponto de encontro de intelectuais e artistas. 52 MARTINS, op. cit. p. 25. 53 GARDEL, 1995, p. 71. 49 30 A Lapa tinha uma intensa vida noturna e era uma autêntica concentração de artistas. Os pintores Di Calvalcanti e Cândido Portinari, o poeta Manuel Bandeira, o maestro Villa-Lobos, o compositor e poeta Jayme Ovalle, o romancista Jorge Amado, o escritor Luís Edmundo, músicos e compositores como Sinhô, Francisco Alves, Jorge de Castro, Pixinguinha, Donga, João Pernambuco, Noel Rosa, e tantos outros foram pioneiros de uma boemia sempre renovada. E que se prolongaria por vários anos. Foram os artistas, alguns pertencentes aquilo que fora considerada a elite intelectual da boemia carioca, que retrataram em prosa, verso, composição ou tela, os personagens e peculiaridades do bairro. A Lapa inspirou muitas obras, entre elas, a canção de Nelson Gonçalves “História da Lapa” 54, composição de Wilson Batista e Jorge de Castro: Lapa dos capoeiras Miguelzinho, Camisa Preta Meia-Noite e Edgar Lapa, minha Lapa Boêmia A lua só vai pra casa Depois do sol raiar Falta uma torre na igreja Vou lhe contar, meu irmão Foi na briga de Floriano Foi um tiro de canhão E nesse dia a Lapa vadia Teve sua gloria Deixou o nome na historia. Segundo Damata, a Lapa atingiu sua plenitude em matéria de boemia, aí por volta de 1929. “Seu apogeu compreende de 1930 a 1938. Depois, começou a decair”55. Um dos fatos que contribuíram para a decadência do bairro foi o pacote de medidas moralizadoras colocadas em vigor pelo governo de Getúlio Vargas, que por decreto obrigou o fechamento imediato de todos os prostíbulos e cabarés da cidade. Um banho de água fria nas duas mais rentáveis diversões e atrações da Lapa. O que abalou fortemente a economia do bairro. As diversões adultas noturnas eram o sustentáculo econômico no período. A princípio não foi fácil acabar com a prostituição por decreto, mas a cruzada moralista promoveu uma caçada aos malandros e as prostitutas. Em uma passagem do livro de Luis Martins sobre a Lapa na era Vargas, ele narra, “a ditadura 54 55 Fonte: http://letras.terra.com.br/nelson-goncalves/1138520/ DAMATA, op. cit. p. 24. 31 parecia querer transformar a fisionomia de todas as coisas, inclusive a do nosso querido e inesquecível bairro”56. A decadência da Lapa acentuou-se profundamente, em 1940, e “ela só teve uma noite de completo esplendor, que relembrou a Lapa dos grandes dias, em 1945, quando se comemorou o fim da guerra”57. A partir de então, as coisas só pioraram. O fim do jogo, também alvo pelo governo logo após o fechamento dos cabarés e prostíbulos, a retirada dos bondes de circulação que interligavam o bairro a tantos outros, e depois, em 1957, o início de um processo de demolições de dezenas de construções para abertura de uma avenida, fizeram desaparecer quase por completo todo e qualquer resquício da Lapa que fascinava a uma legião de frequentadores. Os que costumavam movimentar a Lapa, escritores, jornalistas, artistas plásticos, cantores e compositores de cartaz, mulheres bonitas e famosas, malandros e valentões sumiram, foram procurar novos ares. A partir de então, os jovens da geração intelectual, os boêmios, compositores e cantores e tantos mais trocaram a Lapa pelas boates de Copacabana e bares badalados que floresciam em Ipanema. O bairro viveu seu estado de decadência e total abandono até o final da década de 1960. Concomitantemente, teve início uma “reurbanização”, desdobramento de um projeto modernizante de melhoria viária para a cidade, a Avenida Norte-Sul, que ligaria a Avenida Beira-Mar a zona norte por meio de um viaduto, uma das etapas de um projeto maior de Affonso Eduardo Reidy58 na era Vargas. O longo período entre o projeto de Reidy, o início do desmonte do morro de Santo Antônio59 e as obras fez com que elas alcançassem a data da transferência da Capital Federal do Rio de Janeiro para Brasília, em 1960. Coube então, ao recém criado governo do Estado da Guanabara resolver os rumos daquela enorme extensão criada para a abertura da avenida, já que com a transferência da capital os rumos do projeto modificaram-se por completo. Um novo projeto é desenhado e a realidade criada décadas mais tarde, foi completamente diferente da idealizada 60. Do sistema viário construiu-se apenas a Avenida República do Paraguai no enorme vazio existente na Lapa. Esse vazio a que nos referimos foi em consequência da demolição de parte considerável do casario do bairro e alargamento de algumas ruas como parte do Plano 56 MARTINS, op. cit. p. 200. DAMATA, op. cit. p.21. 58 ANDRADE, 2004. 59 A avenida passaria onde se encontrava o morro. O desmonte do morro deu-se na década de 1950. 60 ANDRADE, op. cit. 57 32 de Melhoramentos da cidade do Rio de Janeiro, executado a época pela prefeitura da Capital Federal, Plano até então, integrante do projeto de Reidy. O rastro de destruição nos quarteirões centrais da Lapa contribui, ainda mais, para a desestruturação do bairro, mais uma vez uma ação autoritária em benefício de outras áreas da cidade. E como se diz, a história se repete. Intervenção urbana radical orquestrada pelo Estado versus alterações sociais. Aqueles que residiam na área da construção da avenida tiveram de buscar novos locais, deixando para trás suas relações e práticas sociais. A inabilidade das autoridades em lidar com os problemas urbanos e públicos, normalmente, como não ocorre diálogo com a população as decisões são sempre de cima para baixo. As inúmeras vezes que a Lapa foi modificada nos seus usos e costumes, de lagoa e pântanos para uma grande várzea, de chácaras para palacetes, de carruagens para bondes elétricos, de vida familiar para vida boêmia, de construções a demolições, e tudo mais relatado nesse trabalho, enfim, várias e diferentes intervenções ao longo de sua existência, ocorreram constantes processos de desterritorialização e reterritorialização, segundo aqueles que estudam o espaço físico e social. O processo de desterritorialização acontece quando ocorre mudança no vínculo que nos une ao território. Uma perda de acessos a territórios econômicos, sociais, simbólicos, e outros. Contudo, como o homem é eminentemente social e sociável, este necessita de se adaptar às novas circunstâncias, aos novos territórios. Assim sendo, ao processo de desterritorialização está “quase” implícito o processo de reterritorialização. Um processo nem sempre bem sucedido, aonde o homem vai se adaptar a novos territórios61. Processos que não podem ser entendidos separadamente, e estão relacionados com a perda de raízes por parte de grupos e suas práticas culturais, cujo resultado pode levar a perda de identidade desses grupos com o lugar. Os novos usos e atribuições instituídos desestruturam as identidades precedentes, que estão intimamente ligadas ao modo como as pessoas utilizam o lugar, como elas próprias se organizam no espaço e como elas dão significado a ele. Esses processos acarretam instabilidade entre grupos segregados que não têm ou não podem exercer controle sobre seu território. E no processo de reterritorialização, esses grupos tentam se recolocar no território adequando-se às novas práticas e, para tal, alteram sua identidade, ou são empurrados para outros territórios62. Esse processo muitas vezes é o ponto negativo quando se 61 62 VAZ, 2010. HAESBAERT, 2004. 33 intervém em determinadas áreas com políticas e processos de gentrification63, assunto que discutiremos no item a seguir deste trabalho. Em 1975 é inaugurada pelo governador Chagas Freitas64 a “nova Lapa”, assim foi chamada. Contudo, não passou de uma “reurbanização” do vazio urbano deixado pelas demolições ocorridas para a construção das avenidas, mas sem a Norte-Sul que era a justificativa para fazê-las. Praticamente, foi entregue a avenida República do Paraguai com novas calçadas e uma praça junto aos Arcos, enquanto todo o resto da Lapa permanecia degradado e inseguro (Foto 2). Foto 2: Reurbanização da Lapa em 1975 Fonte: Disponível em: http://www.rioquepassou.com.br/2005/06/27/av-norte-sul-vi/ Neste momento, a Lapa tornara-se apenas um lugar de passagem, procurado durante o dia pelos transeuntes por seus restaurantes baratos e a noite se esvaziava a exceção de poucos que ainda frequentavam alguns estabelecimentos com funcionamento neste horário. Os moradores remanescentes eram em número bastante reduzidos em relação ao que já havia sido um dia. Em realidade, quase toda área central da cidade sofria um processo de esvaziamento da sua função residencial, principalmente devido às transformações urbanas no seu aspecto ambiental realizadas ao longo do 63 Usaremos neste trabalho gentrificação como tradução desse neologismo derivado do inglês gentry. Exerceu seu mandato de como Governador do Estado da Guanabara de março de 1970 a março de 1975, e depois, como Governador do Estado do Rio de Janeiro de março de 1979 a março de 1983. 64 34 século, como a construção das grandes avenidas Rio Branco, Chile, e Presidente Vargas, e pela abertura ou alargamento de outras ruas, assim como, pelo agudo processo de verticalização nas novas edificações de caráter comercial. A área central da cidade especializava-se cada vez mais nas funções financeiras e de negócios, o que requeria novos espaços e novas mudanças para o exercício de suas atividades, um contínuo processo de transformações urbanas. Todas essas mudanças acarretaram na diminuição da qualidade de vida para a função residencial na área central e fez com que ocorresse, também, um continuo processo de transferência dessa função para os bairros da zona norte e sul. “Sabe-se que determinadas atividades só se processam dentro de um suporte físico adequado e a substituição deste suporte quase sempre condiciona a mudança na qualidade das atividades ou sua própria extinção”65. E assim foi em quase toda área central do Rio, as constantes mudanças e transformações afastaram ou expulsaram as pessoas que ali residiam e praticamente extinguiu-se a função residencial, uma situação bem diferente do que já foi um dia. 1.3 Processos de Gentrificação A década de 1970 é marcada pela discussão em torno da preservação e recuperação de áreas centrais degradadas das cidades brasileiras. Um novo paradigma, seguindo tendência adotada em cidades norte-americanas e européias e discutida em encontros internacionais de preservação de patrimônio. As políticas dominantes propostas de recuperação dessas áreas centrais nas grandes cidades do mundo, naquele momento, se apoiavam na suposta necessidade de transformação da cidade pelo fator de valorização econômica, pelo mercado, pelo triunfo mercantil como mecanismo de mudança desses espaços urbanos com importância histórica e arquitetônica, muito em voga até hoje66. Os projetos de recuperação de áreas centrais degradadas perpassam, nos últimos anos, pela temática de se adequar esses espaços da cidade às necessidades de uso extensivo de turismo, lazer, cultura e consumo. Uma temática difícil de tratar, objeto de muitas discussões teóricas e políticas. Ainda mais, porque a intervenção urbana para alterar os usos e costumes nesses espaços urbanos busca a sua utilização 65 66 SMP apud Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro. Projeto Corredor Cultural, 1979, p. 15. PAOLI apud LEITE, 2007. 35 como áreas de entretenimento e consumo cultural, segmenta o seu uso e exclui certas parcelas da população, muitas vezes os próprios moradores da área atingida e ou do seu entorno. Um dos desafios, portanto, na recuperação e preservação de áreas centrais degradadas reside em adequar sua utilização sem alterar o conteúdo social, cultural e físico dos espaços afetados. Estudar as nuanças dos processos contemporâneos de recuperação, preservação e apropriação do patrimônio histórico-cultural das áreas centrais das cidades é de suma importância para se entender as atuais políticas de revitalização que reinventam lugares e recriam tradições, ao mesmo tempo em que dão novos usos ao patrimônio edificado criando novos lugares e apropriando-se de tradições de outrem, a partir de usos diferenciados que se faz do espaço público. As áreas centrais simbolizam a herança histórica, patrimônio urbano e marcos fundantes da cidade, mesmo eventualmente degradados. Revitalizá-las é dar nova vida ao espaço urbano apropriando-se de um capital ali imobilizado em infraestrutura e serviços, e revalorizando o patrimônio público e privado, adaptando o lugar a nova realidade urbana, sem descaracterizá-lo e recuperando suas funções sociais67. Essa revalorização se dá para que sejam realçados certos aspectos locais da tradição, adequados às políticas econômicas das cidades e aos interesses do mercado. É o que Harvey68 denomina de um novo modo de gestão da cidade, um empresariamento urbano cujas características estão entre a busca por financiamentos com parcerias público-privado, a execução de investimentos pontuais e especulativos, a visibilidade diante dos meios de comunicação, e o estímulo à criação de espaços de entretenimento voltados para o setor turístico e ao lazer da população. As áreas urbanas centrais históricas e seu patrimônio histórico-cultural edificado que passam por processos de gentrificação ou enobrecimento “são objetos de políticas urbanas e culturais que buscam recuperar seu patrimônio cultural e torná-lo passível de reapropriação por parte da população e do capital”69. O termo gentrification começou a ser utilizada no início da década de 1960, nos Estados Unidos, como referência a “um modelo de intervenção urbana que se expandia em larga escala em muitas cidades americanas, cuja principal característica era 67 YÁSIGI, 2005. HARVEY, 1996. 69 LEITE, 2009, p. 61. 68 36 a reabilitação residencial de certos bairros centrais das cidades”70. Na Inglaterra, mais ou menos na mesma época, sociólogos ingleses usavam o termo para designar em seus estudos o processo de substituição das classes populares por classe média e alta em bairros desvalorizados de Londres71. O termo gentrificação, portanto, foi inicialmente usado para designar reabilitação residencial. Mais tarde, Neil Smith trabalha o termo evidenciando como marca da contemporaneidade, como uma estratégia urbana global 72. Hoje o termo gentrificação tanto se refere à reabilitação de casarios antigos como pode englobar construções totalmente novas. A proliferação de processos de enobrecimento de cidades históricas em várias partes do mundo tem contribuído para o crescimento de novos estudos e conceitos nesta área. Rogério Leite, em seus estudos sobre o bairro do Recife Antigo/PE, utiliza o termo gentrificação73 “para designar a transformação dos significados de uma localidade histórica em um segmento do mercado, considerando a apropriação cultural do espaço a partir do fluxo de capitais”74, práticas que articulam atividades econômicas, como o consumo, à tradição e ao patrimônio na função de revalorização de localidades históricas. Mas, as práticas de gentrificação não se referem apenas ao enobrecimento patrimonial e aos empreendimentos econômicos que visam otimizar o patrimônio e o potencial de investimentos em áreas onde serão aplicadas. Referem se, sobretudo, a uma relação simbólica de poder, mediante aspectos estéticos arquitetônicos e urbanísticos que representam visualmente valores e visões de mundo de novos grupos sociais que buscam apropriar-se do lugar. As transformações do espaço público das grandes cidades por meio das práticas de gentrificação em áreas deterioradas, degradadas e abandonadas pelo poder público, mas que são importantes referências físicas e simbólicas da memória e da história da cidade é um assunto bastante polêmico. Aqueles que são o fator apresentam as idéias pelas vantagens. Sustentam, que trazem o funcionamento de serviços básicos e negócios para as áreas a serem enobrecidas, geram emprego e renda, e atende a demanda de se ter uma cidade com a estética mais bonita e melhor para se habitar. Realmente, o resultado mais visível é a mudança da paisagem urbana. Para os críticos 70 SMITH, 1996 apud LEITE op. cit. p.61. BIDOU-ZACHARIASEN, 2006 72 SMITH, 2006. 73 Usaremos neste trabalho gentrificação como tradução do neologismo inglês gentrification. 74 LEITE, 2007, p. 19. 71 37 dessa suposta necessidade de transformações em áreas centrais degradadas das cidades é que o processo de gentrificação transforma a cidade em mercadoria com pressupostos empresariais, um modelo de gestão que se concentra na rentabilidade mercantil e nos ganhos políticos pelas realizações. Para alguns a gentrificação insere positivamente por um lado, engenheiros, arquitetos, educadores, sociólogos, profissionais de cultura e turismo, assistentes sociais, e muitos outros, no processo de se pensar melhor a cidade. Mas que, para muitos daqueles que ocupam esse espaço público vêm grande parte de suas atividades, vistas pelos gestores públicos como incompatíveis com a área enobrecida, serem coibidas pela polícia e pela fiscalização que buscam evitar que essa população que habita ou frequenta a localidade mesmo antes das práticas de gentrificação serem efetivadas, possam resistir e desordenar o conjunto de mudanças que busca revitalizar essas áreas, por meio de novas funções, nova paisagem e novos hábitos aos seus cidadãos. O processo de gentrificação direciona as transformações, normalmente, para as funções especializadas de lazer, cultura e turismo, entretanto, mascaram o rompimento de certas interações sociais que existiam nos usos cotidianos do local antes da revitalização. A questão do enobrecimento de localidades pelas práticas de gentrificação é uma discussão que não se esgota em casos como o da Lapa no Rio de Janeiro, Recife Antigo em Pernambuco, Pelourinho na Bahia, San Telmo em Buenos Aires (AR), ou de outras localidades no Mundo. É um debate mundial sobre as representações e os destinos das cidades contemporâneas onde às mudanças se tornaram uma constância na vida das populações. E certamente, deve passar pela discussão: a melhor forma de recuperar uma localidade, Seja no vínculo de pertencimento dos habitantes a seu lugar (à maneira de Kelvin Lynch), seja reaprendendo a importância dos usos da cidade como “práticas do espaço” (ao modo de Certeau); ou, na direção contrária, dando aos locais significados de base empresarial, que transformam os pedaços da cidade (no sentido de Magnani) em seu oposto, “fragmentos” funcionais para a acumulação, com o que se montam as falsas localidades culturais espacializadas [...] (PRIOLI apud LEITE, 2007, p. 14). As experiências de gentrificação constatadas no Brasil e em várias partes do Mundo, as políticas públicas e práticas utilizadas no processo de gentrificação são muito diversas e possuem, fundamentalmente, suas próprias singularidades para cada localidade, mas que se entremeiam no âmago de um mesmo debate, combinando 38 práticas de enobrecimento patrimonial e requalificação urbana de áreas centrais das cidades. Não se pode entender esse debate claramente sem que se faça um estudo detalhado de cada caso. O cotidiano de um bairro “vai além dos usos planejados (mercantis, estratégicos, de apropriação do passado, saneadores), pois estes se rompem na produção real da heterogeneidade social e cultural de seus espaços”75. Porém, a despeito das várias experiências e em meio às incessantes discussões acerca das características e do próprio conceito de gentrificação, há um aspecto consensual entre os estudiosos do tema: “espaços enobrecidos resultam quase sempre em alterações substanciais de usos e usuários, e implicam invariavelmente demarcações socioespaciais excludentes”76. A revitalização do bairro da Lapa assinala o ponto de chegada de um percurso que se inicia com a reurbanização do vazio urbano criado pela demolição de dezenas de casarios dos quarteirões centrais do bairro, seguido da implantação do Projeto Corredor Cultural que veremos a seguir. Um processo onde ocorreram algumas práticas e ações do poder público, da iniciativa privada e da sociedade civil organizada. 1.4 O Projeto Corredor Cultural e a Revitalização da Lapa A política de preservação do patrimônio histórico e artístico nacional data de 1937, e tem no Decreto-Lei 25/1937, que define patrimônio histórico e artístico da União como “conjunto de bens móveis e imóveis existentes no País e cuja conservação seja de interesse público, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico”, o principal instrumento jurídico usado pelo IPHAN 77 até hoje78. Esse tema no Brasil abrange dois períodos distintos, o que vai de 1937 a 1970 e o de 1970 a 1980. O primeiro período o papel do Estado é mais centralizado na União quando surge o IPHAN, como sujeito de controle do patrimônio histórico. Um período em que a preservação do patrimônio era função incontestável do Estado, e por isso contava com recursos exclusivamente públicos. O segundo período, em parte devido à crise econômica e a falta de recursos públicos, inicia-se com uma nova fase quanto às políticas públicas de preservação, onde se destacam as idéias para a manutenção do patrimônio histórico de maneira mais descentralizada, junto com as influências da 75 LEITE, op. cit. p. 15. Ibidem, p.371. 77 Autarquia do Governo Federal, vinculada ao Ministério da Cultura. 78 CARVALHO, 2011, p. 118. 76 39 UNESCO e das Cartas Internacionais. O que proporcionou uma flexibilização na difícil tarefa de atribuir valor a certos bens que podiam ter relevância para certos estados e municípios, mas não para concepção do IPHAN a respeito de memórias e identidades nacionais. Como consequência das discussões iniciadas na década de 1970, subsidiadas e sobre influências da Carta de Veneza de 1964, depois reforçada pela Declaração de Amsterdã, do Conselho da Europa de 1975, e por fim, pelos parâmetros das considerações e recomendações da Carta de Nairóbi, de 1976, resultado da Conferência Geral da UNESCO, foi que ao final da década, uma nova política de preservação do patrimônio, que até então, era a de preservação de monumentos isolados, notáveis e singulares, modelos portadores de valores artísticos e históricos, representantes da história da arquitetura brasileira, passou também a considerar trechos inteiros como objeto de conservação. A noção da ambiência circunvizinha ao bem, que no caso do patrimônio edificado das cidades se traduz na prática pelo reconhecimento do valor arquitetônico e histórico do conjunto a ser preservado. A partir da nova divisão de tarefas entre a União, os Estados e os Municípios na preservação do patrimônio foi que o Rio de Janeiro de acordo com a noção mais ampla de patrimônio, não mais de uma obra isolada, de construções de séculos passados, mas também de obras de construções mais recentes e que expressem manifestações culturais à nossa evolução urbana, criou uma legislação municipal para o seu patrimônio histórico edificado, influenciada pelas idéias típicas dos anos 70 de utilização econômica do patrimônio como forma de desenvolvimento urbano e recuperação de áreas degradadas ou em fase de degradação. Segundo Françoise Choay, a recomendação adotada pela UNESCO relativa à proteção dos conjuntos históricos tradicionais e ao seu papel na vida contemporânea, “continua sendo a exposição de motivos e a argumentação mais complexa em favor de um tratamento não museal das malhas urbanas contemporâneas”79. Uma legislação que levou ao início de uma transformação que culminou na revitalização da Lapa, e que transformou completamente este bairro que se encontrava degradado em seu todo. O início de tudo foi quando foram realizados os estudos durante a gestão do Prefeito Israel Klabin80, em 1979, em que se propôs desenvolver uma das 79 80 CHOAY, 2001, p. 223. Exerceu o mandato de março de 1979 a junho de 1980. 40 diretrizes do Plano Urbanístico Básico de 1977 - PUB-RIO81, a revitalização do Centro do Rio de Janeiro. Foram, então, iniciadas as discussões na Secretaria Municipal de Planejamento - SMP para elaboração de um projeto com esse tema, que resultou no denominado Corredor Cultural, um plano urbanístico de revitalização com base na preservação arquitetônica. Os trabalhos foram desenvolvidos na Superintendência da SMP, cujo superintendente Armando Leitão Mendes instituiu o Grupo Executivo do Corredor Cultural, formado pela equipe técnica que contava com: Augusto Ivan de Freitas Pinheiro, Alice Amaral dos Reis, Maria Lucia de Carvalho Lima Neves, Ana Maria Graça Couto, e Cyd Ferreira de Souza, com o objetivo de estudar a renovação e a reabilitação do centro histórico da cidade. O Projeto Corredor Cultural buscava propostas de restabelecimento da função cultural na Área Central da Cidade do Rio de Janeiro. E o que seria Corredor Cultural foi conceituado como sendo “o espaço em que a função cultural se estabeleceu, de maneira contínua, no núcleo central da área urbana da cidade do Rio de Janeiro, segundo características específicas histórico-arquitetônicas e recreativas” 82. O objetivo básico desse projeto era criar condições de revitalização das atividades culturais e de entretenimento na Área Central, visto que estas atividades dependem de um suporte físico-espacial adequado. Estas atividades sempre estiveram presentes na área Central da cidade, mas foram perdendo-se com a área deixando de ser residencial. Como objetivo intermediário o projeto apresentava a busca pela consolidação e preservação de determinados espaços históricos e culturais, que fazem parte da memória da cidade, como os teatros, museus, a Sala Cecília Meireles, o Largo da Lapa, a Praça XV de Novembro, o Largo de São Francisco, conjuntos arquitetônicos, e bares, restaurantes e comércios tradicionais. E a Lapa por apresentar uma arquitetura representante de um período da história da cidade, considerada de relevância cultural e histórica, passou a fazer parte do tecido urbano do centro da cidade objeto do estudo. Segundo informações contidas no Projeto Corredor Cultural o ponto principal e base de todo o estudo de desenvolvimento do projeto foi a criação de um espaço urbano onde as atividades culturais, recreativas e de comércio diversificado ocorreriam com maior intensidade. Atraindo um fluxo intenso de indivíduos para além do dito 81 Elaborado após a fusão dos estados da Guanabara e Rio de Janeiro em 1975. Decreto nº 1269 de 27 de outubro de 1977, o plano dividia o território municipal em cinco Áreas de Planejamento, instituía os Projetos de Estruturação Urbana (PEU) para o planejamento local, respeitando as características dos diferentes bairros e criava políticas setoriais para o desenvolvimento econômico e social. 82 Conceituação para Corredor Cultural pela equipe técnica da SMP. Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro. Projeto Corredor Cultural, 1979, p.23. 41 horário comercial, inclusive nos finais de semana, devolvendo ao Centro da cidade a identidade com uma função que sempre lhe foi tradicional. A etapa preliminar do projeto foi um estudo da evolução da área central do Rio de Janeiro, área esta, que apesar de ter acolhido, durante um longo período até bem próximo da elaboração do projeto, atividades que caracterizam as áreas centrais na maioria das grandes cidades, pouco a pouco foi se transformando e especializando na função financeira e de negócios, principalmente na Avenida Rio Branco e seu entorno. E onde, concomitantemente, foi ocorrendo um processo de esvaziamento, como centro polarizador de outras atividades, como lazer e recreação, principalmente, porque naquele momento a função residencial era quase inexistente na área central e, o eixo principal dessas atividades havia se deslocado para a zona sul, a grande área de contínua expansão residencial. As funções comerciais, financeiras e de negócios que eram exercidas na Área Central dividiam-se em duas ambiências, atividades que utilizavam suportes físicos de menor porte, os sobrados ou pequenas edificações, que seriam o comércio varejista, os bares, restaurantes, casas de chá, leiterias, livrarias, antiquários, etc., que são atividades compatíveis com prédios antigos. Ao contrário, dos bancos, financeiras, grandes empresas, lojas de departamento, que necessitavam e utilizavam espaços maiores, e determinaram o chamado “processo de renovação urbana” no Centro da cidade, especialmente configurado pelo acentuado processo de verticalização. Onde, segundo o Projeto Corredor Cultural83, A possibilidade de convivência destas atividades em espaços físicos diferenciados como complementares uma das outras, é que vai determinar a dinâmica de uma Área Central e sua qualidade ambiental, considerandose o preço da terra e as pressões que por ventura existam para a densificação da área. Caso essa convivência não seja controlada por legislação específica a relação se desequilibra e o processo de especialização se aguça com perda de atividades importantes para o pleno funcionamento da Área Central. E era justamente o que vinha ocorrendo na área central do Rio de Janeiro. O desequilíbrio da relação entre as atividades com grande força de ocupação, as financeiras e as de negócios que movimentam grandes capitais, ocupavam os eixos principais e cada vez buscavam mais espaços. E as complementares que ocupavam o entorno dos eixos principais, eram pressionadas pelo aumento dos custos de aluguel 83 Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro. Projeto Corredor Cultural, 1979, p. 16. 42 como consequência da sofisticação dos eixos ou perdiam espaço físico devido ao contínuo aumento do preço da terra. E por falta, até então, de uma legislação específica para a área e seu entorno, medidas efetivas não podiam ser tomadas para evitar evidentes prejuízos econômicos e ambientais, com reflexos no comportamento social da população. Quando ocorrem grandes investimentos, inclusive públicos, feitos na Área Central de Negócios – ACN, nas periferias a essa área central de grande interesse econômico, certamente, pode-se esperar por sua deteriorização84. Como, normalmente é lenta a ocupação de novas atividades nessas áreas periféricas e, em diversos casos, não se realiza por não haver possibilidade de demanda efetiva, é preciso uma análise cuidadosa deste processo para não sofrer as consequências da incompreensão do fenômeno e não se ter uma ocupação racional do centro da cidade, vide o ocorrido na região da Cidade Nova. Neste caso, o que certamente será visível é o contraste entre ACN nova, verticalizada, sofisticada, e normalmente cara, e o velho centro, ou o que restou dele, geralmente confinado à periferia, em processo de deteriorização. Isso aconteceu na ACN do Rio de Janeiro e, na maioria dos grandes centros, onde o desenvolvimento das áreas centrais de negócios não foi acompanhado por um processo de preservação e revitalização dos conjuntos arquitetônicos e das áreas centrais antigas e históricas da cidade. Em entrevista concedida, Ivan Augusto de Freitas Pinheiro85 (2002) afirma que quando se pensou no Corredor Cultural para revitalização do lazer e entretenimento, na área central da cidade do Rio de Janeiro, foi nos arredores da ACN, com suas edificações antigas e históricas, que se fixou toda a atenção. E foram nessas áreas que se concentraram as intervenções para que se pudessem criar condições de implantação da função desejada, por meio de novos esquemas, ou pelo simples aproveitamento dos equipamentos existentes. O Projeto do Corredor Cultural agregou experiência precursora das chamadas intervenções de conservação, preservação e revitalização urbana no Brasil. Para os órgãos de preservação na época de sua implementação, o Corredor Cultural tinha apenas relevância modesta, “mas se encaixava muito bem no novo quadro de preservação do patrimônio no Brasil”, inclusive, a ideia de se preservar bens imateriais86. Com este projeto, o Rio de Janeiro, juntamente com Recife, foram as 84 Ibidem. Coordenador da equipe técnica do Corredor Cultural na SMP. 86 FREIRE; OLIVEIRA, 2002, p. 211. 85 43 primeiras cidades brasileiras a terem uma legislação municipal para preservar os seus prédios. Um projeto inovador como este, que abrangia uma extensa área, com certas semelhanças que a caracterizaram como homogêneas, mas que apresentavam usos, costumes e condições ambientais não tão semelhantes assim, exigia um nível de detalhamento bastante expressivo, em virtude, da complexidade do trabalho que deveria ser executado. A ideia do projeto era de se formar e preservar realmente um corredor em uma área contínua e homogênea de edificações remanescentes do “Rio Antigo”. De acordo com o projeto Corredor Cultural os trabalhos foram sistematizados pela equipe técnica da SMP e seguiram a seguinte metodologia: Primeiro um exame detalhado nos trabalhos já executados, observação direta, análise da malha viária, considerações ambientais, análise de projetos existentes (PPAA, PAL) e de decretos especiais na área, assim como, levantamentos de uso do solo e massa edificada/áreas livres. E também, o levantamento e avaliação dos instrumentos institucionais de competência municipal que poderiam ser utilizados para atuação do poder público de acordo com os objetivos do plano. Externamente à SMP foi ouvida a II Região Administrativa (Centro) no sentido de se identificar os problemas da área. E, paralelamente aos trabalhos desenvolvidos pela equipe técnica da SMP, foi instituída uma Câmara Técnica do Corredor Cultural com membros da sociedade intelectual da cidade, cuja finalidade era gerar idéias para a implantação do Plano e fornecer subsídios para elaboração dos projetos específicos. A Câmara Técnica era constituída por: Ítalo Campofiorito, José Rubem Fonseca, Rachel Jardim, Nélida Pinõn, Lélia Coelho Frota, Paulo Alberto M. de Barros e Sergio Cabral. Esse grupo trouxe para os técnicos da prefeitura uma visão mais poética da cidade, um espaço simbólico, da memória, da identidade, sem os clichês do urbanismo. E mais, o grupo deu uma legitimidade extraordinária ao Corredor Cultural, pois os depoimentos desses famosos, intelectuais, e bem considerados junto à sociedade sobre o projeto ganhou a imprensa. “Esse grupo foi fundamental para que o projeto vingasse” 87. Ainda, segundo Augusto Ivan de Freitas Pinheiro, que coordenava a equipe técnica, o superintendente Armando Mendes foi quem batizou o projeto de Corredor Cultural, era uma pessoa muito receptiva ao diálogo e a participação de entidades e da 87 PINHEIRO apud FREIRE; OLIVEIRA, op. cit. p. 209. 44 população em busca de soluções para as áreas a serem atingidas. Incentivava a sua equipe ao diálogo e a receber influências de fora. O prefeito Klabin que se mostrou como um empreendedor o apoiava e também fazia questão disso. Foi o prefeito que criou a Câmara Técnica e, uma figura importante para um novo comportamento dentro da própria prefeitura88 . Pelos motivos expostos acima o primeiro esboço do Corredor Cultural foi apresentado a um grupo de pessoas no Bar Luís, na Rua da Carioca. A equipe técnica, também, saía a fazer apresentações das linhas gerais do projeto em Universidades (UFRJ, Bennett), em Associações de classe (IAB) e locais de comerciantes (SARCA, SAARA), e em alguns Sindicatos. Na metodologia do projeto, a delimitação de uma área como pertencente a um Corredor Cultural caracteriza-se por conter diferentes características agrupadas nas seguintes categorias: Histórica; Arquitetônica-Ambiental; e Recreativa-Educacional, que marcam e mostram as etapas de como a cidade evoluiu89. A área então selecionada como Corredor Cultural tinha essas características das categorias nas quais estavam presentes e intrinsecamente ligadas tendo em vista a evolução da cidade que demandou sua implantação num determinado momento histórico, dentro de um dado espaço físico e com características arquitetônicas e urbanísticas ligadas às tendências de cada época90. Em um espaço em que a função cultural se estabeleceu ao longo do tempo de maneira contínua, podendo-se se classificar de “corredor”, a sua maior ou menor vitalidade vai depender da expansão natural do núcleo na medida em que a cidade evolui, e mais ainda, dos modelos urbanísticos adotados pelo órgão ou órgãos reguladores sobre o uso do solo e da fisionomia da cidade91. Para definição dos limites da área de abrangência do Corredor Cultural foram consideradas as áreas homogêneas, com as categorias elencadas, que possuíam capacidade instalada, mesmo que subutilizadas, e que propiciassem o desenvolvimento de cultura e recreação no Centro da cidade. Buscou-se, então, de acordo com esses parâmetros formar um corredor em uma área contínua que foi delimitada, na Lapa pelo aqueduto, se prolongava pelo Passeio Público, Cinelândia, Largo da Carioca, Largo de São Francisco, Praça Tiradentes, Saara e Campo de Santana. Além desta área contínua, 88 Ibidem SMP apud Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, op. cit. 90 Ibidem. 91 Ibidem. 89 45 identificou-se outro corredor, o da Praça XV de Novembro que se estendia da Igreja da Misericórdia até o antigo prédio da Alfândega, delimitado pelo mar e a rua 1º de Março. O potencial de utilização destas duas áreas sempre foi considerado notável pelos equipamentos existentes (cinemas, teatros, escolas, bibliotecas, bares, restaurantes e comércio atraente) e mais as excelentes características do suporte físico que abrigava todo o ambiente. Uma das premissas colocadas no debate quando da elaboração do projeto era de que a manutenção das atividades instaladas em um corredor é essencial para o funcionamento das áreas dentro de suas características espaciais e, sua maior vitalidade vai depender do real interesse de uma política global de vitalização para ele e seu entorno. Assim como, era essencial se ter boa acessibilidade, como o metrô, outros transportes e a integração entre eles, fatores esses que atrairiam novos visitantes, mas também especuladores que poderiam usufruir e também contribuir com novos investimentos para um melhor uso da infraestrutura instalada, que funcionava de maneira ociosa, até então, no horário noturno, nos finais de semana e em alguns lugares degradados. Na implantação do Projeto Corredor Cultural na área central do Rio de Janeiro verificou-se que havia áreas interessantes ao desenvolvimento de uma política de restabelecimento da função cultural no centro da cidade. Contudo, somente acionando a legislação não se poderia implantar eficientemente uma política de vitalização ou revitalização. Seriam necessárias, também, intervenções de caráter operacional a fim de se obter o maior rendimento da área e garantir sua continuidade. Assim, sem uma política de incentivos ao estabelecimento de determinadas atividades e restrições a outras não se poderia beneficiar determinados setores. Também no âmbito governamental, a promoção de determinados eventos (feiras, exposições, concertos de música, teatro ao ar-livre, etc.) seria essencial. E que para tal, seria necessário à revisão de uso do espaço público (praças, parques e ruas) com a finalidade de maximizá-lo. E assim foi com o estudo em nível de desenho urbano dos espaços a sofrerem intervenções fundamentais para o funcionamento do corredor, em termos de melhorias ambientais. Em algumas áreas foi necessário, inclusive, rever o dimensionamento das vias para uma distribuição equilibrada do tráfego de pedestres e veículos. Iluminação pública, mobiliário e outros equipamentos, também foram detalhados e deveriam ser melhorados. 46 A complexidade do detalhamento para a elaboração do projeto Corredor Cultural exigiu da prefeitura pensar o planejamento da cidade de forma global e sistemática. Entre a elaboração do projeto Corredor Cultural, que muito se pautou nos parâmetros das considerações e recomendações da Carta de Nairóbi, de 1976, resultado da Conferência Geral da UNESCO, juntamente com as da Carta de Veneza, de 1964, e a promulgação da Lei 92 passaram-se cinco anos. Segundo Augusto Ivan, o prefeito Julio Coutinho93 interrompeu o caminhar dos trabalhos por ter uma visão muito fechada às idéias do Corredor Cultural94. Ele não concordava com diversos pontos do projeto e, inclusive, ordenou a demolição da Fundição Progresso 95 por não aceitar a sua preservação. Mas, graças a um grande movimento em defesa do prédio, pela turma do Circo Voador, equipe do Corredor Cultural, arquitetos, formadores de opinião e outros, que conseguiram junto ao, então, governador do Estado do Rio de Janeiro, Chagas Freitas96, que o prédio fosse mantido. E logo a seguir, segundo Vanda Jacques da Intrépida Trupe, “a comissão que juntava gente do governo, da prefeitura e tal, pra discutir o corredor cultural, [...] resolveram colocar a Fundição dentro deste projeto de Corredor Cultural” 97. Somente com a posse do prefeito Jamil Haddad 98 escolhido pelo governador Leonel Brizola99 em seu primeiro mandato como governador, em 1983, é que os trabalhos seriam retomados. Saiu o decreto do Corredor Cultural, em 1983 e, a Lei que definia os parâmetros do projeto foi finalmente promulgada em 1984. Houve algumas resistências ao projeto, o que é normal em toda e qualquer transformação urbana, mais nem tanto do setor imobiliário porque os grandes edifícios comerciais de escritórios estavam se deslocando para Botafogo e, no Centro da cidade o eixo de maior interesse continuava a ser a Avenida Rio Branco. As maiores resistências ao projeto ocorreram dentro da própria prefeitura por conflitos de idéias e projetos, na 92 Lei nº 506, de Preservação Paisagística e Ambiental do Centro da Cidade do Rio de Janeiro, conhecida como a Lei do Corredor Cultural, aprovada em 17 de janeiro de 1984. 93 Exerceu o mandato de junho de 1980 a março de 1983. 94 PINHEIRO apud FREIRE; OLIVEIRA, op. cit. 95 A Fundição Progresso era o prédio da desativada Fábrica de Fogões Progresso que por tempos foi ameaçado de ser demolido. 96 Exerceu esse mandato de março de 1979 a março de 1983. 97 JACQUES apud SEBRAE, 2008, p. 100 98 Exerceu o mandato de março de 1983 a dezembro de 1983. 99 De março de 1975, ocasião da fusão do estado da Guanabara com o estado do Rio de Janeiro, até dezembro de 1985, os prefeitos da cidade do Rio de Janeiro eram eleitos pelo governador do estado. O governador Brizola exerceu seu mandato de março de 1983 a março de 1987, e foi o primeiro governador eleito por eleições diretas após o regime militar. 47 própria Secretaria de Planejamento e na Secretaria de Obras que não queriam abrir mão dos projetos de viadutos e alargamento de ruas. Mas, o prefeito Jamil Haddad bateu o martelo em prol do projeto100. Consideramos, então, como fatos marcantes que caracterizaram o início de um processo de renovação urbana na Lapa, a aprovação Lei do Corredor Cultural 101, em 1984, quando se gerou algumas condições básicas e necessárias para a realização de ações visando à preservação paisagística e ambiental de áreas do centro histórico da cidade, entre elas, a região que abrangia parte do bairro da Lapa. E quando o Circo Voador instalou-se defronte aos Arcos da Lapa em um terreno baldio cedido pela municipalidade, em 1982. O Circo Voador importante espaço cultural carioca, foi um projeto criado, inicialmente, para durar apenas um verão. Suas tendas instalaram-se no Pontal da Praia Arpoador, em janeiro de 1982, pelos produtores culturais, Perfeito Fortuna, Márcio Calvão, e Maurício Sette entre outros. Como a duração prevista da proposta era somente para aquele verão, quando serviu de palco para artistas veteranos, como Chico Buarque e Caetano Veloso, e os então novatos Barão Vermelho, Blitz, dentre outros, três meses depois o Circo foi retirado da praia pela Prefeitura. Motivados pelo sucesso e a insistência de alguns produtores e colaboradores, o grupo buscava outro terreno para se fixar e dar continuidade ao projeto e, sete meses depois o Circo aportava na Lapa, em terreno cedido junto aos Arcos, seu local desde então. Era a Lapa novamente no noticiário, mas desta vez, por um projeto de vanguarda, o sucesso do Circo no Arpoador acabou chamando a atenção para Lapa quando ali se instalou. Por que o Circo Voador? Bem, o Circo se instalou na Lapa em 1982, antes ainda da promulgação da Lei que criou o Corredor Cultural, e teve um papel fundamental no processo de revitalização da Lapa no início da década de 1980, justamente, porque se instalou em um momento que a Lapa se encontrava bastante degradada, tanto no seu aspecto ambiental quanto no social. Apesar das reformas realizadas na Lapa, no governo de Chagas Freitas na década anterior, estas não passaram de reformas do sistema viário que passava pelo Largo da Lapa. E o Circo Voador chamou a atenção para o estado de degradação que a localidade se encontrava. Segundo entrevista de Perfeito Fortuna, o início das atividades no Circo foi bastante 100 101 Freire; OLIVEIRA, op. cit. A Lei Municipal nº 506, promulgada em 17 de janeiro de 1984. 48 tímida, os primeiros shows havia apenas cerca de cinquenta pessoas102. Ainda, segundo ele, esse tímido início foi motivado por se localizar em uma área abandonada, longe da zona sul e em local pouco frequentado. O entorno do Circo era de terrenos remanescentes da abertura da Avenida Norte-Sul onde o mato crescia, o prédio da Fundição Progresso estava completamente abandonado, e a área junto aos Arcos onde hoje é a grande praça, não era urbanizada e cheia de mendigos, o que não tornava o Circo Voador um local convidativo com havia sido no período em que esteve no Arpoador. A parceria com a Rádio Fluminense FM 103, primeira rádio do Estado totalmente voltada para o rock que levou para o palco do Circo bandas que tocavam na programação da rádio, com intensa divulgação na rádio e em pequenos cartazes espalhados nos “points” frequentados pelos jovens na época, fez com que aos poucos, esses grupos se dirigissem a Lapa à procura de lazer e entretenimento nesse espaço cultural de vanguarda para todas as artes. Aos poucos jovens e artistas começaram a se apropriar da Lapa e trouxeram um novo alento aos bares e restaurantes tradicionais como o Bar Brasil e o Nova Capela. A Lapa recomeçou a virar o centro de diversão contemporânea com o Circo trazendo o movimento jovem. “Isto deu um salto grande e chamamos atenção pra um lugar do centro que não é tão de moradia, é um lugar de trabalho que à noite tem diversão”104. Já o Corredor Cultural que constitui experiência precursora das chamadas intervenções de preservação e revitalização urbana, a princípio, na Lapa abrangia apenas a região do Largo da Lapa até os Arcos. Mas, foi um instrumento importante para o início da revitalização pelo tombamento e valorização do conjunto arquitetônico significativo da ambiência cultural urbana da Lapa. Nesta primeira fase da implantação do projeto houve pouco ou quase nenhum investimento na recuperação do conjunto arquitetônico e histórico, com exceção de obras estruturantes no Largo da Lapa. Segundo Augusto Ivan Pinheiro, o projeto no início da década de 1980 foi marcado pelo “período de implantação (delimitação, criação do quadro legal e institucional)” 105. O antropólogo Darcy Ribeiro, ao assumir a Secretaria de Ciência e Cultura do Estado do Rio de Janeiro, na gestão do governador Leonel Brizola, de 1983 a 1987, reestruturou a política cultural no Estado. Quando, sob seu respaldo de autoridade científica e institucional, foram revistos os critérios de tombamentos de bens a serem 102 GUIA CULTURAL. 1ª ed. Rio de Janeiro: Câmara Cultural, ano 1, n. 01, mar. 2004. Rádio do Jornal “O Fluminense” sediada nas instalações do jornal em Niterói. 104 FORTUNA apud SEBRAE, op. cit. p. 98. 105 PINHEIRO, 2004, p. 76. 103 49 preservados, ou, sob a proteção do Estado, um patrimônio de extrema significação popular, indissoluvelmente ligado à memória afetiva dos cidadãos106. Os gestores do patrimônio deram início, então, ao que mudaria a noção de uso do patrimônio, quando começaram a perceber que, mobilizados e motivados a preservar o que lhes dizia respeito, os cidadãos poderiam ser capazes de ser agentes culturais. Com isso, abriramse as portas para que em um curto espaço de tempo pudessem ser revistos e colocados em prática às políticas de cessão de uso de diversos imóveis públicos sob a guarda do Patrimônio Imobiliário do Estado do Rio de Janeiro. Dentre eles um conjunto de sobrados germinados na Rua Mem de Sá, na Lapa. Em 1986, a Prefeitura do Rio de Janeiro passou a isentar do pagamento de taxas e impostos municipais (IPTU) os comerciantes e proprietários que mantivessem seus imóveis nas condições técnicas desejáveis, recuperados e conservados. Essa iniciativa atraiu comerciantes e investidores para o Centro da cidade, mas a Lapa ainda nesse momento era pouco beneficiada nesse sentido por ser uma área desvalorizada e, apresentava o seu IPTU já bastante reduzido, com valor insignificante para a recuperação dos imóveis. Contudo, eram políticas que corroboravam para o início da revitalização da Lapa. Ao final da década de 1980, o que movimentava a Lapa naquele momento era o Circo Voador, o Asa Branca que começou a funcionar depois do Circo, e a Escola de Música, a Sala Cecília Meireles, a Escola de Danças Maria Olenewa, o Cabaret Casanova e os restaurantes tradicionais, esses mais antigos. Segundo alguns produtores culturais e empresários da Lapa entrevistados conforme relatório do SEBRAE 107 foi na década de 1990, que realmente deslanchou a revitalização. O processo de revitalização foi lento, inclusive, podemos considerar como não finito devido à série de problemas ainda não solucionados, mas resultou em uma Lapa com associações ligadas a cultura, bens imóveis preservados, instituições culturais, espaços culturais, estabelecimentos de comércio cultural, diversos grupos e artistas culturais, monumentos preservados, espaços para eventos, eventos em um calendário cultural, dezenas de bares e restaurantes com música ao vivo e eventos. 106 107 CAMPOFIORITO, 1984. SEBRAE, op. cit. 50 1.5 O Projeto Quadra Cultural Na década de 1990, no início do segundo governo de Leonel Brizola108, membros de sua administração criaram um projeto de reutilização de parte dos sobrados da Lapa para atividades culturais. O projeto denominado Quadra da Cultura, destinou velhos sobrados na Rua Mem de Sá, por meio de cessão de uso de imóveis públicos que estavam sob a guarda do Patrimônio Imobiliário do Estado do Rio de Janeiro ocupados anteriormente por pequenos negócios, como de venda de móveis usados, para algumas instituições culturais. Dentre elas, o Grupo de Teatro Tá na Rua, de Amir Haddad, o Centro Teatro do Oprimido, de Augusto Boal, o Grupo Hombu de Teatro, o Instituto Palmares / Casa Brasil-Nigéria, e a Federação dos Blocos Afros e Afoxés do Rio de Janeiro. Havia ainda, outro sobrado integrante deste conjunto que seria destinado ao diretor Aderbal Freire, do Centro de Demolições e Construções de Espetáculos, que foi incendiado no período de desocupação, provavelmente de forma criminosa109. Segundo Olivar Bendelak, do Centro Teatro do Oprimido, quando eles foram para os sobrados, estavam completamente abandonados e a Lapa também, A revitalização foi iniciada com a ativação deste corredor cultural que temos aqui. Lembro que no início nem podíamos usar as casas direito, por que elas corriam o risco de cair. Fazíamos atividades somente ali na frente, íamos à praça, tentando, inclusive, chamar a atenção na tentativa de fazer um movimento cultural aqui. Então, hoje, quando nós vemos a Lapa revitalizada, acredito que a maioria das pessoas que aqui frequentam, não sabe que isto começou com estas casas aqui do Corredor Cultural (apud SEBRAE, 2008, p. 108). O Projeto Quadra Cultural contribui, ainda mais, para mostrar que aquela área era um local em vias de preservação e recuperação. Os bailes, festas, espetáculos, shows e atividades culturais no Circo Voador, na Fundição Progresso que começava timidamente, nos sobrados da Quadra Cultural, e no Asa Branca faziam aumentar o número de frequentadores e as atenções da mídia para a Lapa que se beneficiava da fama de bairro boêmio. A dita cultura erudita estava também presente nos concertos da Sala Cecília Meireles, na Escola de Danças Maria Olenewa, e na Escola de Música da UFRJ, tradicionais instituições que há muito lutavam pela preservação de seu patrimônio e de suas atividades em um ambiente degradado. Todas essas diversas 108 109 Exerceu o segundo mandato de março de 1990 a março de 1993. MAGALHÃES, 2006. 51 atividades culturais aumentaram o fluxo de indivíduos segundo artigos vinculados na imprensa110, principalmente, nas noites de sexta-feira e sábado111. E muitos desses frequentadores ou novos frequentadores, até então, não haviam jamais frequentado o bairro. E a Lapa que ainda se encontrava bastante degradada, começou a transformar-se conforme o suceder das horas do dia e da noite. Bem no final da década de 1990, já existia um movimento natural de expansão dos domínios das atividades culturais de lazer e entretenimento em direção a Rua do Riachuelo e da Avenida Mem de Sá, “do outro lado dos Arcos” 112, termo que vem dos antigos e caiu no popular. Mas, foi no início da década de 2000 que a revitalização ganhou novamente um impulso. Por um lado, pelo projeto Distrito Cultural da Lapa que estava sendo instituído e pretendia ampliar a ideia do projeto Quadra Cultural, e por outro, pelos novos empreendimentos. 1.6 O Projeto Distrito Cultural Lapa Os projetos Quadra da Cultura e Distrito Cultural da Lapa são projetos do governo do Estado do Rio de Janeiro, diferentemente do Corredor Cultural que era do governo da municipalidade. Por meio desses projetos, o governo do Estado através da Secretaria de Estado de Cultura, impulsionava e participava mais efetivamente em todo o processo em curso no espaço urbano da Lapa. Tanto o projeto Quadra Cultural quanto o projeto Distrito Cultural da Lapa buscavam ações nas edificações do patrimônio imobiliário público, preocupados com a sua utilização, recuperação e construção de novos espaços destinados para atividades culturais. São projetos que foram voltados a tornar esse patrimônio cultural da Lapa em espaços públicos para uso extensivo de lazer, turismo e consumo cultural, que oferte cursos artísticos e profissionalizantes, implante serviços essenciais à comunidade local e do entorno, e destine espaços para atividades artísticas e culturais. A área de abrangência do projeto segundo o Decreto Estadual nº 26.459, de 07 de junho de 2000, denominado Distrito Cultural da Lapa, estendia do Largo da Lapa até 110 Revista Veja Rio, de 10 a 16 de abril de 2000 e Megazine (O Globo) de 07 de novembro de 2000 apud MAGALHÃES, 2006. 111 Segundo a Revista Veja (2000), duas mil pessoas nas noites de sexta-feira, somente no trecho junto aos Arcos. 112 O termo popular “do outro lado dos Arcos” refere-se a Avenida Mem de Sá e as Ruas Riachuelo, Lavradio e Gomes Freire e outras após os Arcos, enquanto “ do lado de cá dos Arcos” refere-se a Avenida Mem de Sá, as Ruas Joaquim Silva, Visconde de Maranguape, da Lapa e ao Passeio Público a partir dos Arcos. 52 o final da Rua do Lavradio, agregando as respectivas ruas: Rua do Riachuelo, Avenida Mem de Sá, Rua do Resende, Rua Gomes Freire, Rua do Lavradio, Rua da Relação, Rua dos Arcos, Travessa do Mosqueira, Rua Visconde de Maranguape e Rua Joaquim Silva. Era a expansão dos domínios da revitalização por decreto, mas era o caminho natural desta já que haviam muitos sobrados remanescentes do Rio Antigo em condições razoáveis naquela direção. O projeto tinha como um dos seus objetivos fazer parcerias com empresas públicas e privadas, para obtenção de recursos para a feitura de obras de recuperação, conservação e restauração dos sobrados já cedidos a instituições culturais. Poder público, iniciativa privada, comunidade acadêmica, e a sociedade civil organizada, em prol do bem estar social e de melhorias na ambiência da Lapa 113. Segundo o Decreto Estadual nº 26.459 de 07 de junho de 2000, assinado na época pelo, então, Governador Anthony Garotinho114, a Secretaria de Estado e de Cultura competia, principalmente115, Disponibilizar para o Projeto do Distrito Cultural da Lapa, imóveis de titularidade do Estado do Rio de Janeiro e/ou do RIOPREVIDÊNCIA, recebendo em contrapartida o pagamento de taxas de ocupação calculadas segundo os preços praticados pelo mercado e/ou autorizar a realização de empreendimentos que inclusive justifiquem a alienação ou a cessão de uso dos referidos imóveis para atender ao projeto proposto, também considerando os preços praticados no mercado. Um dos primeiros trabalhos foi o levantamento das fontes de pesquisa documental e iconográfica sobre a área, já se pensando no Centro de Documentação da Lapa, idealizado no projeto. Mas que nunca saiu do papel por falta de recursos. Em 2004, o projeto encontrava-se sobre a coordenação do Instituto do Patrimônio Cultural do Estado do Rio de Janeiro – INEPAC. E umas das primeiras ações do instituto foi uma parceria com a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos para confecção de um selo alusivo à Lapa, com o propósito de ajudar na recuperação dos sobrados. A Petrobrás, empresa parceira e patrocinadora do projeto, entrou com uma verba substancial que contribuiu para execução de quatro obras do projeto. A da sede do Museu da Imagem e do Som – MIS que além da recuperação do prédio teve também o 113 MAGALHÃES, op. cit. Exerceu o mandato de governador de 1º de janeiro de 1999 a 6 de abril de 2002. 115 Decretos Estaduais em vigor. Disponível em: <http://alerjln1.alerj.gov.br/decest.nfs/1d06f1d6596be4980325654c00612d5b/291e81660a23688603256c 33005ed98f?OpenDocument&Highlight=0,26459>. Acesso em 12 maio 2012. 114 53 seu acervo digitalizado com a verba conseguida, os sobrados das sedes da Federação dos Blocos Afros e Afoxés do Estado Rio de Janeiro - FEBARJ e do Instituto Palmares / Casa Brasil Nigéria, e a do Lampadário da Lapa no Largo, um belo monumento de 1905, obra do escultor Rodolfo Bernadelli. O imóvel do MIS encontrava-se em condições precárias e não estava em condições de preservar com segurança os valiosos arquivos do museu, entre eles, um importante arquivo da Rádio Nacional. Assim como, o imóvel da FEBARJ que faz parte de conjunto de sobrados germinados, também, encontrava-se bastante deteriorado. A FEBARJ é uma instituição não governamental que promove oficinas de percussão, dança, canto, culinária, poesia, confecção de roupas e exposição de artes plásticas, além de promover eventos e fazer um trabalho de divulgação da cultura afro-brasileira e de luta contra a discriminação racial, social, e de gênero. E por fim o imóvel do Instituto Palmares, também, um dos sobrados germinados e que se encontrava em iguais condições. O Instituto promove cursos de formação profissional e lançamentos de livros, exposições e pequenos shows, sempre procurando promover e divulgar a identidade e a cultura afro-brasileira. A recuperação desses imóveis criou condições de abrigar melhor as instituições e seu público. Foto 3: Parte do conjunto de sobrados germinados recuperados em 2005 Fonte: MAGALHÃES, R. A. de M. Disponível em: http:// inepac.rj.gov.br/modules.php?name=Content&PA=showpage&pid=45 www. Já o monumento Lampadário do Largo da Lapa, belíssimo patrimônio histórico que foi encomendado pelo prefeito Pereira Passos como marco da abertura da Avenida Mem de Sá, em 1906, tombado pelo INEPAC, submeteu-se a uma restauração buscando voltar a ter as suas formas originais. Algumas peças tiveram que ser 54 construídas para sanar o problema causado pela ação de vândalos que furtaram algumas partes. Mas, em 2006, o monumento foi entregue completamente restaurado. A fase seguinte do projeto foi a recuperação dos sobrados das instituições culturais, Grupo de Teatro Tá na Rua, Grupo Hombu de Teatro, e a Fábrica de Teatro Popular Augusto Boal, também conhecido como Centro Teatro do Oprimido, que juntos com os outros recuperados formam um conjunto de sobrados germinados situados do nº 31 ao nº 39 da Rua Mem de Sá. Outras etapas do projeto Distrito Cultural da Lapa, entretanto, não foram cumpridas por falta de verba, como o Centro de Documentação da Lapa – CDL, a Escola de Formação de Jovens Restauradores e a implantação do Espaço das Artes Hotel Bragança, através da restauração do antigo Hotel Bragança. O Largo da Lapa com a Igreja e o Lampadário recuperados, a pintura do prédio da Escola de Música da UFRJ e da pintura mural na fachada lateral do prédio pelo artista plástico Ivan de Freitas, a Sala Cecília Meireles reformada, o Museu da Imagem e do Som reformado e mais o conjunto de sobrados germinados reformado, ficava mais nítido naquele momento o processo de revitalização da Lapa. Os novos ares trouxeram uma maior quantidade de indivíduos que passaram a frequentar a Lapa, e novas áreas com atividades culturais surgiram. Uma abrangia o trecho das Ruas Joaquim Silva, Visconde de Maranguape, e o Largo da Lapa, composta de bares e restaurantes que já existiam ou foram abertos, e passaram a apresentar shows de música ao vivo. Toda essa movimentação do lado de cá e junto aos Arcos passou a atrair mais e mais pessoas, principalmente nos finais de semana como já mencionado, e trouxe junto dezenas de ambulantes de bebidas e comidas que se espalharam pela Rua Joaquim Silva, no calçadão junto aos prédios da Avenida Mem de Sá e na proximidade dos Arcos aproveitando a movimentação do Circo Voador e Fundição Progresso. Era o início de um processo de produção, distribuição, circulação e o consumo de bens e serviços culturais, tais como, produção de shows de música e dança, lançamentos de livros, festas e eventos culturais, produção de vídeos e filmagens, vendas de produtos culturais e artesanais, panfletagem dos diversos eventos, festas, oficinas e cursos, apresentações teatrais e muito mais, e que até hoje movimentam a economia local, que por ser mais focada na cultura e no entretenimento, atualmente é denominada de Economia da Cultura. No meio de tanta agitação, mais ainda a Lapa caía no gosto da imprensa que veiculava artigos sobre lugares, atrações, e sobre o renascimento da Lapa como lugar de cultura e boemia, sobre o público que a descobria como opção de lazer, e as novas casas 55 de shows que surgiam. A Lapa é um polo cultural da cidade, mas desde aquela época, o foco da imprensa é direcionado para as casas de shows, casas de eventos que, em geral, são eventos pagos. As instituições culturais com seus eventos pequenos, cursos, seminários, oficinas e práticas artísticas e profissionalizantes, enfim, atividades para a população, não são mencionadas. Todas as instituições socioculturais existentes na Lapa têm muita coisa a oferecer, mas, não têm apoio algum da imprensa. A Fundição Progresso tem cerca de 30 projetos diferentes maturando no seu interior, de escola de cinema a encontros de grafite e hip-hop, mas a mídia só comenta shows com tantas mil pessoas ou que fulano ou sicrano vai tocar, argumenta Vanda Jacques (2008) em entrevista116. Concomitantemente, com tudo que acontecia do lado de cá dos Arcos, empresários em busca de novos espaços para investir em novos empreendimentos, abriam do outro lado dos Arcos novas casas de música. As primeiras foram o Carioca da Gema e a Casa da Mãe Joana, aberta em 2000, logo em seguida, o Café Cultural Sacrilégio. Depois veio o Mistura Carioca, Casa Brasil Mestiço, Teatro Odisseia e outros tantos espaços culturais. Na primeira década do século XXI, os domínios das atividades culturais e boêmias expandem-se, tanto de um lado como do outro dos Arcos e, alcançam também a Rua do Lavradio que apresenta um belíssimo conjunto de imóveis históricos e arquitetônicos, em particular, o imóvel que foi construído para ser residência do Marquês do Lavradio, que abriga desde 1967 a Sociedade Brasileira de Belas Artes que apesar de ter cursos de desenho, pintura, escultura e outros, ainda hoje, são poucos conhecidos do público que frequenta a rua. A Rua do Lavradio começou a movimentar-se com as diversas lojas de antiquários que fizeram ali um ponto de referência de comercialização de objetos de arte e mobiliário antigo. Os próprios antiquários apostam na cultura promovendo shows de música e feiras de antiguidades e artesanato durante o dia, no primeiro sábado de cada mês, com artistas de ruas performáticos e bandas de música. O próprio Rio Scenarium transformou-se em um misto de antiquário com casa de shows e, devido ao sucesso acabou atraindo outros empreendimentos para sua proximidade como, o Mangue Seco, a Movelaria Café, o Céu Aberto, Varandas Gourmet, Santo Scenarium e alguns outros negócios onde a cultura está presente de alguma forma ou atividade, até uma bem antiga barbearia, ainda em funcionamento, comercializa pinturas de uma artista de arte naif. 116 JACQUES apud SEBRAE, op. cit. 56 Na Rua Riachuelo as atividades e estabelecimentos comerciais também se expandiram. Ao lado de bares e restaurantes e das tradicionais sinucas que já funcionavam a algum tempo, novos empreendimentos chegaram com a música como temática, o Rio Rock Blues Club, Satisfaction Rock Bar e a Lapa 40º Sinuca e Gafieira. E o Clube dos Democráticos, presente na Lapa desde 1931 em sua imponente sede é redescoberto. Local que acabou virando moda pela intensa programação semanal de samba, choro, gafieira, e MPB e, também, pelo fato do “Castelo dos Democráticos”, com é apelidado desde outrora, ser ambiente que remete ao Rio Antigo pela sua imponente sede de fachada “Art Décor” e interior com inspirações “Nouveau”. Entre as noites mais concorridas estão as de quarta feira, noite do forró, e as de sábado com o grupo Anjos da Lua, tocando grandes clássicos do samba em busca do resgate cultural da Lapa. Dentre as áreas de abrangência do Corredor Cultural, talvez tenha sido a Lapa o lugar mais beneficiado com as intervenções, deste projeto e de outros que surgiram subsequentemente. Hoje, no início da segunda década do século XXI, verifica-se que a Lapa foi o lugar do Corredor Cultural de maior surgimento de atividades culturais e negócios do setor de entretenimento nas últimas três décadas. A todo o momento aporta no noticiário a inauguração de um novo empreendimento cultural ou comercial. Inclusive, quando ocorreu na Lapa um lançamento imobiliário residencial, coisa rara na área central, o Residencial Cores da Lapa que teve no seu lançamento em 2005, todas as 688 unidades arrematadas em menos de duas horas, foi notícia de destaque nos cadernos de economia dos jornais pela procura e pelo pouco tempo de comercialização 117. Pensava-se até que o Centro retornaria a ter sua função residencial. Projeto que volta a ser discutido agora na região do Porto e nas proximidades da Leopoldina. Segundo o atual prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes118, em palestra a empresários, reforçou que a cidade busca ter na indústria de lazer, do entretenimento, do turismo, da cultura “vista como atividade econômica”, do esporte, da moda e do design, suas vocações para negócios que alavanquem a economia da cidade. E citou a Lapa como caso de sucesso. 117 LAGE, Janaina. Folha Online 10/11/2005; SAMBRANA, Carlos. Isto É Dinheiro. In: Mídia & Cia. Ed. 471, 27/set./2006; BRISOLLA, Fabio. Revista do O Globo. In: Lapa doce Lapa. Rio de Janeiro, n. 274, out., 2009. 118 Eleito em 2008 para um mandato de quatro anos com possibilidade de reeleição. Reunião com Associação Comercial do Rio de Janeiro. Revista do Empresário da ACRJ. Setembro/Novembro de 2008, nº 1395, ano 67. 57 O sucesso da Lapa deu-se em parte pela transformação do patrimônio em mercadoria cultural que permitiu usos diversificados de suas edificações e propiciou uma maior convergência de indivíduos que se expandiram com a própria dinâmica das modalidades de interações que se intensificam no bairro ao longo do processo de revitalização. Segundo Leite119, políticas culturais e novas práticas no processo de revitalização de espaços urbanos degradados permitem novas formas cotidianas de apropriação política dos lugares, e os qualificam como espaços públicos da cidade. Sendo o conceito de espaço público120 representado aqui, Como uma categoria sociológica constituída pelas práticas que atribuem sentidos diferenciados e estruturam lugares, cujos usos das demarcações físicas e simbólicas no espaço nos qualificam e lhes atribuem sentido de pertencimento, orientando ações sociais e sendo por estas delimitados reflexivamente. A Lapa projetou-se com um papel diferente do que havia no passado e tem, hoje, entre outros centros históricos do ambiente urbano das cidades brasileiras um papel também diferenciado em que tudo está vinculado à cultura, que fortalece e projeta este espaço urbano por sua identidade própria. São muitas as atividades culturais e econômicas, diurnas e noturnas, que movimentam hoje a Lapa e fazem a economia local não parar de crescer. Todo esse processo de expansão de atividades econômicas e culturais que já duram três décadas vem modificando a atmosfera paisagística e ambiental do bairro da Lapa, movimentando mais e mais a economia local, onde a cultura está cada vez mais associada à economia e vice-versa. 119 120 LEITE, op. cit. p.23. Ibidem. 58 CAPÍTULO 2 – O BAIRRO DA LAPA NO SÉCULO XXI 2.1. A economia local e as instituições Agora, em pleno século XXI já em sua segunda década, o bairro da Lapa 121 com limites geográficos plenamente estabelecidos por Lei (Mapa 2), precisa repensar os seus rumos como polo cultural. A economia do século será a economia do lazer, do entretenimento, da geração e difusão da informação sob todas as formas (técnica, científica, educacional, cultural). Mapa 2: Novos limites da Lapa a partir de maio de 2012 Fonte: Google Map 2012. Adaptado pelo autor. Desde o início da revitalização as diversas instituições e atividades culturais dão sustentabilidade a economia local. Centenas dessas atividades ocorrem diariamente nas instituições culturais há anos, em sua maioria em horários diurnos, e foram ao longo dos anos extremamente importantes como disseminadoras de cultura e educação, e para a profissionalização de um imensurável número de jovens. Elas são responsáveis por uma relativa estabilidade e continuidade nas relações socioambientais no bairro nessas 121 O bairro da Lapa desde sexta-feira, 18/05/12, teve pela Lei n. 5407/2012 seus limites geográficos delimitados a partir da Rua André Cavalcanti, limites com o bairro de Fátima, até quase a Praça Tiradentes, passando pela Rua do Lavradio, Avenida Mem de Sá, Rua Evaristo da Veiga, pela Praça Cardeal Câmara e pelo Passeio Público, indo até os limites com o bairro da Glória. 59 últimas décadas de transformações de usos e costumes causados, em parte, pelos empreendimentos. Movimentaram e movimenta cada vez mais uma legião de frequentadores para os ensaios, intercâmbios, cursos, oficinas e práticas artísticas e culturais, qualificações profissionais e outras dos projetos sociais oferecidas pelas instituições. Todas essas atividades movem parte da economia local e, também geram emprego e renda para centenas de pessoas que trabalham, seja nos locais onde elas acontecem ou nos comércios e serviços beneficiados pelo afluxo e demandas desses constantes frequentadores do bairro, principalmente durante o dia, em horário que as casas noturnas de “boemia” estão fechadas. Divulgar para o público em geral as oportunidades de crescimento intelectual pela cultura e educação, e as possibilidades de profissionalização e aperfeiçoamento profissional, motivou-nos a apresentar um produto cultural como etapa final deste trabalho. Proposta possível e presente na estrutura de mestrados profissionais. Apresentaremos como produto um projeto para publicação e distribuição de um guia informativo sobre os diversos cursos, oficinas e práticas artísticas e culturais que ocorrem nas instituições e espaços culturais. Projeto que se tornou o objetivo principal deste trabalho, e será detalhado no capítulo 3. O guia é um instrumento de divulgação que também busca chamar à atenção da comunidade artística e cultural local, governo, iniciativa privada e demais atores envolvidos com o desenvolvimento da Lapa e da cidade para essa quantidade de iniciativas e a importância de se incentivar e apoiar toda essa produção que alimenta a economia local e garante ao bairro ser considerado polo disseminador de cultura. Este é um momento em que crescem as incertezas para diversas instituições culturais que há muito desenvolvem seus trabalhos no bairro e encontram-se sob a pressão de aumento de custos e impostos, mais a especulação imobiliária pelo aumento do valor territorial. Segundo algumas instituições culturais122, a RIOPREVIDÊNCIA permissionária do direito de uso de alguns imóveis do Estado na Lapa, e também alguns proprietários de imóveis estão fazendo pressão para o reajuste dos aluguéis, inviabilizando a permanência de algumas instituições que desenvolvem trabalhos sociais e não geram grandes receitas. É o efeito perverso quando o patrimônio histórico arquitetônico se valoriza e torna-se alvo do mercado imobiliário. Antigos ocupantes dos imóveis, atividades tradicionais cotidianas, e atividades que se instalaram no início da 122 Foi mencionado nas entrevistas realizadas nas instituições. 60 revitalização, e por tal também incorporada ao cotidiano, passam a não resistir ao assédio de grupos econômicos com atividades comerciais padronizadas e semelhantes em todos os lugares que querem ter mais uma unidade naquele lugar, que agora é centro de atenção para o público e mídia. A prevenção desses efeitos perversos deve ser entendido do ponto de vista tanto da proteção do patrimônio e das atividades culturais que contribuíram para a revitalização do bairro quanto da proteção do seu público cativo e frequentador de longas datas. Chamado de “uma forma de proteção em segundo grau”, segundo Choay123 A falta de interação entre os diversos grupos, artistas e instituições culturais é um agravante em todo esse processo de desenvolvimento local. Durante entrevistas com agentes e produtores culturais foi relatado que existem algumas interações, mais são pontuais para determinadas ocasiões e eventos. Os interesses não são antagônicos, mas não existe uma associação para cuidar da Lapa por um todo, em defesa da cultura aliada aos interesses econômicos como fatores de desenvolvimento local. A grande mídia continua dando destaque a boemia e aos novos empreendimentos comerciais, que nos últimos tempos têm sido de bares e casas noturnas de nomes conhecidos que estão chegando a Lapa, e aos grandes eventos que levam de apenas uma vez milhares de pessoas. No artigo publicado recentemente no jornal, “Há algo de novo na Lapa”124, destaca haver um número crescente de apaixonados pela noite sendo atraídos para novas casas de show, restaurantes e bares, “que misturam decoração estilosa, gastronomia, boas cartas de bebidas, cervejas variadas e música de qualidade”, que abrem suas portas. Conforme destaca um dos entrevistados na matéria, “um conceito de bar mais chique”, com tíquete médio de consumo maior. É o lado nocivo da gentrificação a médio e longo prazo. Afasta os frequentadores tradicionais e comerciantes mais antigos passam o seu ponto para novos empreendimentos que chegam com novos conceitos e dispostos a investir pesado, inclusive, em um novo público. Quanto aos pequenos eventos e atividades diversas que ocorrem frequentemente nas diversas instituições e espaços culturais, raramente ou quase nunca são citados. Contudo, no sentido de se manter uma relativa estabilidade e continuidade das atividades culturais e das relações socioambientais no bairro em longo prazo é 123 CHOAY, 2001, p.233. GALDO, Rafael. Há algo de novo na Lapa: casas sofisticadas embalam a boemia. O Globo, Rio de Janeiro, 3 de jun. de 2012. 2ª edição, RIO, p. 32. 124 61 necessário fazer um estudo do contexto das instituições culturais e como se encontram para obter informações que possam resultar em um volume generalizado de dados e informações que demonstrem a importância dessas atividades nos fatos econômicos, sociais e políticos e o quanto contribuem para com a história do processo de enobrecimento e revitalização do bairro. Percebemos nas entrevistas a falta de informações e dados que permitam ser usados como argumento de convencimento ao poder público e a iniciativa privada da necessidade e importância, principalmente para pessoas de camadas sociais menos favorecidas e estudantes da rede pública, de se incentivar e apoiar as atividades culturais, em particular, as de qualificação e aperfeiçoamento profissional. As poucas informações e assimétricas não contribuem para analisar e demonstrar o quanto essas atividades movimentam a economia local e são importantes no cotidiano do bairro. Já as atividades puramente comerciais sempre estão divulgando seus novos estabelecimentos, empregos criados e volumes totais de faturamento. Muito bem vistos pelas autoridades pelos ganhos políticos e arrecadação de impostos. Mais que para manter os atuais níveis de crescimento é necessário que a Lapa continue atraindo o público pelos prazeres da arte e da cultura e não o público volátil que busca apenas divertimento, distração e consumo que são encontrados em muitos outros lugares. É difícil mensurar a importância das atividades culturais, e quase impossível fazer análises puramente frias e numéricas. O Governo Federal, a partir de 2003, iniciou em todo o Brasil uma coleta de informações em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, para sistematizar informações usando inicialmente as empresas formais que apesar de não corresponderem à realidade tornou-se o início de uma sistematização utilizando para tal o Cadastro Central de Empresas do setor cultural do Brasil125. A princípio o intuito da coleta era municiar órgãos de governo e privados com informações relacionadas ao setor da cultura. Contudo, após perceber a existência de cerca de 270 mil empresas culturais cadastradas no Brasil, 5,2 % do total de empresas do país126, segundo dados do cadastro de 2003, despertou no governo um interesse estratégico de atuação no setor, principalmente, no que se refere ao modelo de regulamentação e sua articulação com os demais setores do governo. Tarefa designada ao Ministro Gilberto Gil que enfatizou o papel ativo do Estado na formulação e implementação de políticas de cultura, e propôs poeticamente que “formular políticas 125 126 BOLAÑO, 2010. IBGE apud ibidem. 62 culturais é fazer cultura”127. Em 2007, os números já atingiam 321 mil empresas e correspondiam a 5,7 % do total de empresas do país128. Apesar do Ministério da Cultura, junto com o IBGE, fazerem ações no sentido de produzir séries históricas de informações culturais, ainda se está longe de obter dados que permitam à utilização dos instrumentos de análise quantitativa que permitam realizar análises críticas do setor. A análise qualitativa, a mais usada no setor, muitas vezes não é um bom instrumento de convencimento a determinados setores, principalmente, os patrocinadores e órgãos de fomento129. Outra dificuldade para a medição no setor é quando se busca segmentar as empresas do setor de cultura, deparase com um universo de empresas diverso e heterogêneo. O que torna a tarefa de segmentar e mensurar extremamente difícil. São empresas de atividades cinematográficas e de vídeo, fotografia, rádio, televisão e comunicação, artes cênicas, informática, bibliotecas, museus, arquivos, além de empresas ligadas ao lazer, entretenimento, educação profissional e outras. São empresas de diversas atividades culturais que agem como as das atividades econômicas tradicionais, sejam como, realizadoras de produto final, sejam como supridoras de bens e serviços intermediários que viabilizam o consumo do produto cultural130. Daí a necessidade de uma atenção ao processo com que as pessoas transcorrem para obter a qualificação para integrar esse complexo mercado de trabalho. Ainda mais, por ser real a necessidade de recursos humanos para os quadros das instituições culturais nacionais. A carência de pessoal e sua má distribuição tornam-se mais grave devido à ausência de políticas de valorização salarial e de formação, qualificação e atualização. Sendo considerada uma das maiores mazelas do campo cultural, nunca enfrentado pelas políticas culturais do país131. O Rio de Janeiro vem sofrendo nessas últimas décadas com a escassez de mão de obra especializada, por um lado, pela falta de escolas técnicas para o setor cultural, e por outro, o aquecimento da economia que tem levado as pessoas para outros setores econômicos. Os diversos cursos de qualificação e formação profissional, as oficinas e práticas artísticas e culturais da Lapa são frequentados por jovens e adultos que buscam 127 GIL, 2003, p. 11. IBGE apud BOLAÑO op. cit. 129 BOLAÑO, op. cit. 130 PRESTES FILHO, 2002, p.14. 131 RUBIM, 2010. 128 63 oportunidades no setor cultural e também por meio desses bens demandados para satisfazer uma necessidade ou desejo capaz de contribuir para sua realização social. Levando em consideração todas essas colocações e da necessidade de maior e melhor divulgação das oportunidades de qualificação e aperfeiçoamento profissional promovidos na Lapa, o próximo item deste capítulo, abordará as informações levantadas sobre os artistas, grupos, e instituições artísticas e culturais e seus cursos de qualificação e aperfeiçoamento profissional. 2.2 Instituições e espaços culturais da Lapa: cursos e oficinas artísticas e culturais O objeto da presente pesquisa são os cursos, oficinas e práticas artísticas e culturais que são oferecidos em diversas instituições e espaços culturais, assim como, por artistas e grupos, que trataremos aqui como atores sociais, que de alguma forma ofertam esses serviços ao público interessado em atividades culturais diurnas disponibilizadas na Lapa. Na maioria dos casos esses serviços não são a atividade principal desses atores sociais e são ofertados ao público como contrapartida social por meio de algum projeto desenvolvido ou como fonte extra de recurso. Em outros casos são a principal missão da instituição por meio de ação comunitária para um público de baixa renda. Nos casos em que os cursos e oficinas são de alguma forma fontes de renda, em quase sua maioria, são disponibilizados bolsas para alguns segmentos da sociedade. Alguns artistas e grupos culturais criaram uma instituição e as tem como sede. Outros se apoiam em alguma instituição por meio de cessão de espaço fazendo alguma parceria ou as utilizam através de aluguel do espaço para desenvolvimento de seus trabalhos artísticos e culturais. No trabalho de campo foi aplicado um questionário (ANEXO II) para obtenção de informações que muitas vezes são disponibilizadas de forma assimétrica, e onde se constatou também a não existência de nenhum material que dê informações sobre esses atores sociais ou divulgue seus serviços de cursos, oficinas e práticas artísticas e culturais, seja de maneira individual ou do todo existente na Lapa. A exceção de alguns sites próprios, a maioria desatualizado, e de pequenas notas no facebook ou no twitter dos próprios que informam que os serviços serão disponibilizados, mas sugerem que entrem em contato para mais informações. Em conversas informais com frequentadores do bairro e o público em geral que pelo menos algumas vezes já 64 estiveram na Lapa, poucos são aqueles conhecedores das atividades que são ofertadas nos diversos locais, inclusive, os representantes das instituições entrevistados onde se aplicou os questionários desconhecem por completo os serviços ofertados pelos outros e mesmo se determinados grupos ou instituições, quando não estão dentro do rol daqueles consagrados, existem e atuam na Lapa, demonstrando que a interatividade entre eles praticamente não existe. Se os agentes culturais radicados na Lapa desconhecem o universo das atividades promovidas nas diversas instituições e espaços culturais, mais ainda as desconhecem o público em geral da cidade do Rio de Janeiro. As informações sobre os cursos, oficinas e práticas artísticas e culturais são passadas pelo boca a boca por aqueles que frequentam as instituições ou por aquelas pessoas que estão sempre ligadas nas suas informações. Os investimentos realizados de divulgação por esses atores sociais são apenas para os shows, espetáculos e apresentações. No ANEXO I buscamos apresentar as informações obtidas sobre os atores sociais pesquisados por meio da aplicação de 28 questionários estruturados previamente aos entrevistados, número este correspondente aos artistas, grupos e instituições culturais identificados que promovem cursos, oficinas e práticas artísticas e culturais e legalizados para o exercício dessas atividades. Os entrevistados responderam ao questionário que seguiu um roteiro com perguntas abertas, que procuravam muitas das respostas que as informações obtidas nas análises preliminares sobre os atores sociais e suas atividades não eram suficientes para entender e organizar as informações que se buscava. Buscamos entender quando e como esses atores sociais iniciaram suas atividades, quando se estabeleceram na Lapa, que atividades desenvolvem, sobre o espaço de trabalho e o histórico do imóvel caso fosse interessante, se estabeleciam interações com outros na Lapa, e principalmente, descrevessem quais cursos e oficinas são propostos e os meios utilizados para divulgá-los. E por fim, se tinham ou participavam de algum projeto social. Também se pretendeu entender as questões convergentes e divergentes na fase atual do processo de transformação da Lapa que pontuam as relações entre esses atores ou suas atividades e os novos empreendimentos que vêm surgindo na Lapa. O fato de o público em geral desconhecer as atividades culturais diurnas da Lapa motivou-nos desenvolver através das informações coletadas nesse trabalho um guia informativo sobre os cursos e oficinas artísticas e culturais. As informações obtidas na aplicação dos questionários, mais as entrevistas diretas com os agentes culturais 65 representantes das instituições e levantamentos diversos em fontes secundárias foram sistematizadas e são apresentadas no ANEXO I. Essas sucintas informações sobre as instituições, artistas e grupos culturais permitiu-nos vislumbrar o universo de fatos, acontecimentos e trajetórias das muitas atividades da Lapa. Contudo, para serem disponibilizadas através de um guia informativo sobre os cursos, oficinas e práticas artísticas e culturais da Lapa que facilitará a consulta de estudantes, professores, moradores, visitantes, frequentadores, empreendedores, patrocinadores, colaboradores, governo e o público em geral interessados em conhecer melhor o universo dessas atividades culturais da Lapa que vão muito além da boemia tão divulgada e referendada pela mídia, será necessário à elaboração de textos concisos com seleção dos assuntos pertinentes para uma rápida e eficiente informação, o que qualquer guia deve expressar. Este guia será um produto cultural a ser apresentado no próximo e último capítulo por meio de um projeto para a sua elaboração e confecção. 66 CAPÍTULO 3 – PROJETO PARA UM GUIA INFORMATIVO DOS CURSOS E OFICINAS ARTÍSTICAS E CULTURAIS DA LAPA – RIO DE JANEIRO 3.1 Introdução Este capítulo apresenta um projeto para elaboração um guia informativo como etapa final desse trabalho. O projeto será detalhado em duas partes. A primeira será o projeto em si, e a segunda parte a apresentação do boneco do guia propriamente dito com as informações obtidas e sistematizadas para tal no trabalho de campo. Uma proposta possível e presente na estrutura dos mestrados profissionais. A proposta desse produto cultural, um guia informativo, é preencher uma lacuna observada em trabalho anterior a esse executado pelo autor e constatada mais uma vez durante o trabalho de campo da presente pesquisa. O público em geral da cidade do Rio de Janeiro e, particularmente, aquele que frequenta a Lapa, não conhece o universo dos serviços promovidos pelos diversos artistas e grupos, ou pelas instituições artísticas e culturais nos horários diurnos no bairro. E também, que a divulgação dessas atividades diurnas é feita de forma isolada e sem apoio da mídia, interessada apenas na Lapa boêmia. Proposta muito bem recebida pelos agentes culturais locais que se interessaram pela pesquisa e prestaram informações consideradas por eles como pertinentes, fruto de anos respondendo as demandas dos interessados por informações sobre as atividades que promovem e os locais aonde acontecem. Inclusive, devido a uma demanda do autor, sobre se interagem uns com os outros, e a quase totalidade das respostas que não, levou a alguns, incentivados pelo autor, a pensar na possibilidade da busca pela formação de um grupo de discussão dos problemas de divulgação e elevação dos custos que atingem suas atividades. Muitas delas, como é o caso dos cursos e oficinas, canceladas ou adiadas porque as turmas formadas não atingem o número suficiente para viabilizá-las, problema que seria amenizado com uma melhor divulgação. Como contrapartida a atenção recebida dos profissionais obrigados muitas vezes a exercer várias funções nas instituições, e consequentemente, sem tempo para pesquisadores acadêmicos, aliado a constatação que a Lapa passa por um momento difícil para os artistas e grupos culturais pela pressão exercida pelas forças econômicas de mercado sobre seus espaços, o autor propôs ceder o fruto deste trabalho para que seja pauta de uma reunião futura para o grupo que se tentará formar. Resultado que caso 67 concretize se adéqua a demanda por uma maior aproximação entre a academia e a sociedade civil na solução dos seus problemas. Nessa perspectiva, a viabilização da produção do produto desse projeto, poderá implicar na formação de um fórum de discussão entre os agentes culturais atuantes na Lapa para que tornem as atividades promovidas por eles diurnamente, conhecidas e disseminadoras da importância cultural que elas representam para a Lapa continuar e ampliar sua vocação como importante polo cultural da cidade do Rio de Janeiro. Envolver os agentes culturais para viabilizar a produção desse produto cultural constitui uma estratégia para fortalecer a interatividade entre eles e beneficiar a população com acesso a informações de forma organizada. 3.2 Apresentações do projeto A proposta de se fazer um guia informativo dos cursos e oficinas artísticas e culturais promovidos no bairro da Lapa se faz necessária pela inexistência de qualquer instrumento de disseminação e divulgação coletiva dessas atividades culturais existentes no bairro diurnamente. O maior diferencial desse guia é divulgar de forma coletiva os principais artistas, grupos e instituições culturais, e os cursos e oficinas que contribuem para a profissionalização, crescimento intelectual e desenvolvimento pessoal dos indivíduos que procuram nessas atividades satisfazer suas demandas ligadas à cultura e a realização social. O guia buscará gerar condições para que o leitor descubra o universo de opções culturais ofertadas diurnamente e tão poucas conhecidas, por meio de um simples e único instrumento, de fácil portabilidade e consulta. Proporcionando- lhe uma visão do que as instituições, artistas e grupos culturais são, fazem, e oferecem. Propõe-se um guia com um mapa que proporciona uma visão espacial onde se encontram as atividades na Lapa e com uma seção com descrição objetiva das 28 instituições, artistas e grupos culturais selecionadas por meio de pesquisa que protagonizam as atividades culturais diurnas que se pretende divulgar. Com fotos, localização e informações básicas para contato. Cursos, oficinas e práticas artísticas e culturais são os principais focos do guia e destacados para melhor visualização. Um guia que seja uma fonte de inspiração e um instrumento de descoberta. 68 3.3 Objetivos do projeto 3.3.1 Objetivo geral Promover a disseminação e a divulgação dos cursos, oficinas e práticas artísticas e culturais propostos por artistas, grupos e instituições culturais que ocorrem diurnamente no bairro da Lapa, por meio da elaboração de um guia informativo impresso que busca beneficiar a curto e médio prazo os artistas, grupos e instituições com o aumento da procura por suas atividades e ao público em geral pelo conhecimento das ofertas de oportunidades para profissionalização, crescimento intelectual e desenvolvimento pessoal. 3.3.2 Objetivos específicos ▪ Fortalecer o relacionamento interinstitucional, promovendo a integração entre os artistas, grupos e suas instituições e as demais; ▪ Estimular o associativismo e o cooperativismo empresarial entre os agentes culturais, os profissionais do setor de entretenimento cultural e as instituições; ▪ Chamar a atenção do poder público e da população em geral que a revitalização da Lapa vai muito além das atividades comerciais noturnas e da importância de preservar a Lapa como polo disseminador de cultura e gerador de emprego e renda por meios de atividades culturais; ▪ Disponibilizar ao público em geral por meio de um instrumento prático as informações pertinentes aos artistas, grupos e instituições e suas atividades artísticas, culturais e profissionalizantes; ▪ Informar o público da importância e da quantidade de atividades culturais no cotidiano do bairro que movimentam a economia local no horário diurno; ▪ Estimular ações de contrapartida e responsabilidade social; ▪ Disseminar a história dos artistas, grupos e instituições que compõem o universo cultural do bairro e contribuem para fazer da Lapa um polo cultural da cidade; ▪ Possibilitar aumento de emprego e renda para os instrutores de cursos e oficinas; ▪ Oferecer as instituições uma proposta de elaboração de um único instrumento de divulgação dos seus cursos e oficinas em oferta em toda a Lapa; 69 ▪ Chamar a atenção de possíveis apoiadores e patrocinadores de projetos socioculturais para Lapa e suas atividades culturais diurnas. 3.3.3 Foco estratégico ▪ Fortalecer um relacionamento interinstitucional; ▪ Ampliar o conhecimento das atividades artísticas e culturais promovidas em horários diurnos; ▪ Aumentar a competitividade das instituições culturais. 3.4 Beneficiários Estudantes das escolas da rede pública municipal e estadual da Lapa e seu entorno; jovens carentes que são atendidos por projetos sociais em instituições na Lapa e seu entorno; pessoas que buscam profissionalização para atuar em segmentos da Economia da Cultura e na Economia Criativa; artistas e profissionais que buscam aperfeiçoamento profissional nas artes cênicas, música, dança, audiovisual, e produção de espetáculos; idosos que buscam atividades artísticas como terapia ocupacional; público em geral frequentador da Lapa; e os próprios empreendedores das atividades artísticas e culturais. 3.5 Metodologia Utilizamos com estratégia para se chegar ao produto final, um guia informativo, o estudo comparativo de vários tipos de guias e as recomendações de um designer gráfico para esse tipo de produto. O formato ou tamanho foi definido em observância aos guias consultados que eram ilustrados com fotos, de fácil portabilidade e baixo custo. Para se chegar ao tamanho definido utilizou-se da Tabela de Formatos de Papéis e a Tabela de Aproveitamento132 para escolher aquele que atendesse as necessidades do guia quanto ao texto, as ilustrações e a quantidade de informações a serem disponibilizadas. 132 Disponível em: <http://www.sudipel.com.br/ferramentas-online>. Acesso em 16/06/2012. 70 A padronização gráfica para impressão adotada, respectivamente, na produção do texto e na solução gráfica, utiliza apenas um tipo de fonte para não dificultar a leitura e o conjunto da aplicação. Os especialistas em artes gráficas sugerem que ao máximo sejam utilizados três tipos de fontes, caso necessário. Contudo sobre a fonte escolhida utilizamos suas variações, normal, negrito e itálico. Para escolha da fonte consideramos a legibilidade, ou seja, a clareza que o leitor deve ter para reconhecer as letras e ler sem problemas. As fontes do grupo das Lapidárias, consideradas uniforme e com seus desenhos sem serifa, são as mais legíveis de todas e recomendadas para textos curtos em impressos. No grupo a escolha recaiu na fonte Times New Roman, tamanho 10, por se adequar melhor ao formato das páginas e aos tamanhos dos textos, levando em consideração que por questões estéticas, organizacionais e pelo volume de cursos e informações a serem disponibilizadas em certos casos, decidimos dedicar pelo menos uma página a cada artista, grupo ou instituição. Os textos são justificados quanto à tipologia e o objetivo do design gráfico escolhido, foi o bom senso e a criatividade bem aplicada na busca da disseminação da informação ao leitor, chamando a atenção por meio de destaque, aos cursos e aos dados de localização e contatos com os artistas, grupos e instituições culturais. O formato dado ao texto busca passar uma mensagem clara de maneira que possa ser lido sem problemas. Para escolha do papel a ser utilizado, primeiro levamos em conta a gramatura, fator preponderante tanto na composição do custo quanto na qualidade do impresso. A gramatura escolhida, de 75 g/m², atende plenamente esse projeto e é a que apresenta menor custo versus qualidade do impresso. O formato definido buscou o aproveitamento do papel gráfico, evitando desperdício no corte por questões de custo e de consciência ecológica. E é também, o recomendado por designers gráficos para esse tipo de produto. Quanto a sua cor, optamos pelo papel levemente amarelado e com alto grau de opacidade, o mais recomendado para baratear custo e o que evita cansaço visual e transparência no texto e figuras de uma página em relação ao verso desta. Já a textura, optamos pelo de superfície lisa, levando em conta apenas a questão do aspecto. O tipo de papel a ser utilizado poderá ser o Pólen Rústico, o Capa Texto ou o Papel Reciclado, papéis tipo multiuso de base florestal renovável. Todos os três indicados para impressões finas, baratear custo e ter boa qualidade de impressão. Quanto ao conteúdo dos textos levamos em consideração dentro do conjunto de informações mencionadas pelos agentes culturais nas pesquisas e entrevistas, aquelas 71 que destacaram como muito importantes, mostravam o diferencial do trabalho de cada um, descreviam a ambiência da instituição ou do espaço onde se realizam as atividades, contavam o histórico do artista, grupo ou instituição, e as que mencionavam cursos, oficinas e projetos sociais, assim como, os dados de contatos. Tudo de maneira que cada artista, grupo, ou instituição pudesse ser apresentado em uma página do guia. Com exceção de pouquíssimos casos em que os cursos, oficinas e projetos sociais destacados são tantos que fomos obrigados a dar-lhes duas páginas. Sem que com isso o projeto fosse prejudicado na sua estética organizacional. Na organização do miolo para impressão os itens dentro da seção “Artistas, Grupos e Instituições” seguiram a lógica de suas localizações em relação à rua conforme se encontram no mapa e na mesma sequência. Como complemento de conteúdo, uma página de apresentação do guia e uma com breve histórico do bairro, uma página com o sumário, um mapa de duas folhas com índice no verso (encarte colado na última página após índice remissivo), mais as folhas de praxe em publicações como folha de rosto e expediente, e por fim um índice remissivo. Os versos da capa e contracapa poderão ser utilizados para os possíveis patrocinadores e ou apoiadores do projeto. A tiragem escolhida atende ao número de pessoas que circulam pelas instituições e espaços culturais diurnamente, os mais interessados nas atividades que se pretende divulgar por um todo. E também, a relação custo-benefício para produção de um impresso com o volume de páginas projetado. 3.6 O produto 3.6.1 Características do produto O produto elaborado, um guia informativo impresso, tem um projeto que reúne originalidade e qualidade a um custo acessível. A tiragem anual deverá ser de 10.000 exemplares e apresentação objetiva que atende a demanda por informações sobre cursos, oficinas e práticas artísticas e culturais com textos claros e concisos. O guia impresso deverá conter em torno de 40 páginas de miolo, ilustradas, e medindo 147 mm de largura e 210 mm de altura. O papel das folhas deverá ser de gramatura de 75 g/m² e a capa 125 g/m². A capa, miolo e mapa deverão ter impressão 72 em quatro cores mais o preto, a encadernação do tipo colada (sem costura) e capa tipo mole e flexível. 3.7 Etapas de execução O boneco do projeto do guia está pronto, podendo ser visualizado na segunda parte desse projeto. A reunião do grupo executor do projeto é imprescindível para definição de formas financiamento do projeto. Sendo a possibilidade de patrocínio a mais viável para produção em um curto espaço de tempo. A oferta dos versos da capa e contracapa, locais tradicionais de destaque em publicações aliado ao fato que muitas empresas já são apoiadoras e patrocinadoras de diversos projetos nas instituições e espaços culturais presentes no guia informativo, poderá facilitar o financiamento. Muitas empresas investem para associar sua marca em iniciativas que beneficiam projetos culturais e sociais, e o guia, além desses, beneficia Lapa por um todo. A etapa seguinte à reunião é solicitar que cada um dos 28 selecionados que constam do guia façam uma revisão no texto, dando o aprovo para confecção. A próxima etapa, então, deverá ser a de um designer gráfico para prepará-lo para impressão. Tendo como alternativa a utilização da escola de informática CDI Comunidade Francisco na Fundição Progresso, uma das instituições que consta do guia e administra um curso de designer gráfico em sua grade. Por suas ações em prol do social e da Lapa, o CDI certamente abraçará a iniciativa de dar aos jovens deste projeto social a oportunidade de fazerem um produto gráfico para a Lapa. Etapa esta ser possível de cumprir-se em 10 dias. E como etapa final, levantamento de orçamento em gráficas, e envio para produção após obter recursos para financiamento do projeto. A estimativa é que todas essas etapas possam ser cumpridas em 30 dias. 3.8 Avaliação dos resultados O resultado desse guia informativo como divulgador dos cursos e oficinas poderá ser avaliado por aplicação de pesquisa de uma única pergunta no ato de inscrição ou matrícula das atividades ofertadas. Como soube da existência do curso ou oficina? Contudo, o guia é um produto que busca suprir uma lacuna encontrada em relação às atividades diurnas do bairro da Lapa, que é a falta de divulgação. Sendo que a 73 amplitude dos benefícios que esse produto trará vai muito além de um possível aumento do número de participantes nas atividades propostas pelos artistas, grupos e instituições culturais da Lapa. 3.9 Cronograma Os trabalhos para a produção de guia deverão ser desenvolvidos em 4 (quatro) semanas a contar da apresentação do Projeto. Etapas / Atividades semanas 1 2 3 4 5 1. Reunião de apresentação do Projeto 2. Captação de patrocínio 3. Revisão de textos 4. Diagramação gráfica para impressão: Designer Gráfico 5. Enviar para gráfica 6. Reunião de apresentação do produto e futuras ações 3.10 Orçamento Custo estimado total para produção do guia impresso: R$ 48.000,00 (quarenta e oito mil reais). O valor poderá ter decréscimo com a utilização de designer gráfico do CDI Fundição como parceiro/colaborador e também da gráfica, com uma cota de patrocinador pela contrapartida de um local no guia para sua logomarca. 3.11 Distribuição Os guias informativos serão colocados em todos os locais onde se realizam as atividades propostas que integram o impresso, de acordo com o público que recebem diariamente ou mensalmente. Uma quantidade deverá ser destinada junto com uma carta de apresentação a direção de algumas instituições locais como escolas, igrejas, associações de classe, estabelecimentos e casas noturnas e outros, para levar-lhes ao conhecimento do trabalho que está sendo realizado em prol da Lapa como polo cultural 74 e convidando a participar de reuniões futuras e divulgar para quem interessar possa. A distribuição será gratuita. 3.12 O boneco do guia informativo Será apresentado nas páginas a seguir o boneco do guia informativo. As páginas estão numeradas conforme este documento133. 133 A numeração observada nas páginas segue a dissertação. No projeto gráfico o mapa é encarte com índice mapa no verso. A página 1 corresponde à folha de rosto; p. 2: expediente; p. 3-4: sumário; p. 5: apresentação; p. 6: breve histórico da Lapa; p.7-37: artistas, grupos e instituições culturais; p. 38-39: índice remissivo (ver sumário do guia informativo no projeto). 75 GUIA INFORMATIVO – BONECO DO PROJETO GRÁFICO 75 Patrocínio: Apoio: 76 UM GUIA INFORMATIVO DOS CURSOS E OFICINAS ARTÍSTICAS E CULTURAIS DA LAPA RIO DE JANEIRO Brasil 77 MAPA DA LAPA ÍNDICE DOS ARTISTAS, GRUPOS E INSTITUIÇÕES CULTURAIS 1. CASA GIRA MUNDO 2. BANDO FILHOTES DE LEÃO 3. INSTITUTO DO ATOR 4. STUDIO STANISLAVSKI 5. RÁDIO MADAME SATÃ 6. ESCOL DE MÚSICA DA UFRJ 7. ESCOLA ESTADUAL DE DANÇA MARIA OLENEWA 8. CENTRO TEATRO DOS OPRIMIDOS – CTO RIO 9. CASA DE CULTURA HOMBU 10. INSTITUTO TÁ NA RUA 11. FEDERAÇÃO DOS BLOCOS AFROS E AFOXÉS DO RJ 12. INSTITUTO PALMARES DE DIREITOS HUMANOS 13. CIRCO VOADOR 14. FUNDIÇÃO PROGRESSO 15. INTRÉPIDA TRUPE 16. ARMAZÉM COMPANHIA DE TEATRO 17. TEATRO DE ANÔNIMO 18. ARCOS DIGITAL FILMES 19. CDI COMUNIDADE FRANCISCO FUNDIÇÃO 20. RIO MARACATU 21. ROBERTA FLÁVIA DANÇA CONTEMPORÂNEA 22. ALUANDÊ CAPOEIRA ANGOLA 23. RIO ROCK E BLUES CLUB 24. PRODUTORA ESCOLA CINEMA NOSSO 25. SOCIEDADE BRASILEIRA DE BELAS ARTES – SBBA 26. CENTRO DE ARTES CÊNICAS – CTAC 27. PORTAL DE ACESSO À ARTE 28. SOCIEDADE BRASILEIRA DE MÚSICA SACRA 78 79 UM GUIA INFORMATIVO DOS CURSOS E OFICINAS ARTÍSTICAS E CULTURAIS DA LAPA RIO DE JANEIRO 2012 80 EXPEDIENTE PESQUISA E TEXTO CAPA COORDENAÇÂO GERAL FOTOGRAFIA MAPA TEXTOS ADCIONAIS PROJETO GRÁFICO REVISÃO IMPRESSÃO ACOMPANHAMENTO GRÁFICO APOIO Copyright © 2012 Roberto Dutra Todos os direitos reservados GXXX Guia informativo dos cursos e oficinas artísticas e culturais da Lapa – Rio de Janeiro / Roberto Fernandes Dutra de Souza.2012. xx p.: il. mapa; 21 cm. ISBN XXX-XX-XXX.-XX-X 1. Lapa - Guia. 2. Artistas, grupos e instituições culturais – descrição 3. Cursos e oficinas artísticas e culturais – indicadores. 1. CDD X.XX.XX 81 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO 5 BREVE HISTÓRICO DA LAPA 6 ARTISTAS, GRUPOS E INSTITUIÇÕES CULTURAIS 7 1. CASA GIRA MUNDO 7 2. BANDO FILHOTES DE LEÃO 8 3. INSTITUTO DO ATOR 9 4. STUDIO STANISLAVSKI 10 5. RÁDIO MADAME SATÃ 11 6. ESCOL DE MÚSICA DA UFRJ 12 7. ESCOLA ESTADUAL DE DANÇA MARIA OLENEWA 13 8. CENTRO TEATRO DOS OPRIMIDOS – CTO RIO 14 9. CASA DE CULTURA HOMBU 15 10. INSTITUTO TÁ NA RUA 16 11. FEDERAÇÃO DOS BLOCOS AFROS E AFOXÉS DO RJ 17 12. INSTITUTO PALMARES DE DIREITOS HUMANOS 18 13. CIRCO VOADOR 19 14. FUNDIÇÃO PROGRESSO 21 15. INTRÉPIDA TRUPE 23 16. ARMAZÉM COMPANHIA DE TEATRO 25 17. TEATRO DE ANÔNIMO 26 18. ARCOS DIGITAL FILMES 27 19. CDI COMUNIDADE FRANCISCO FUNDIÇÃO 28 20. RIO MARACATU 29 21. ROBERTA FLÁVIA DANÇA CONTEMPORÂNEA 30 22. ALUANDÊ CAPOEIRA ANGOLA 31 23. RIO ROCK E BLUES CLUB 32 82 24. PRODUTORA ESCOLA CINEMA NOSSO 33 25. SOCIEDADE BRASILEIRA DE BELAS ARTES – SBBA 34 26. CENTRO DE ARTES CÊNICAS – CTAC 35 27. PORTAL DE ACESSO À ARTE 36 28. SOCIEDADE BRASILEIRA DE MÚSICA SACRA 37 ÍNDICE REMISSIVO ARCOS DA LAPA 2012 38 83 APRESENTAÇÃO O Guia Informativo dos Cursos e Oficinas Artísticas e Culturais da Lapa é dedicado as pessoas que buscam aperfeiçoamento profissional no setor cultural, educação e oportunidade de crescimento intelectual e cultural. É igualmente dedicado a aquelas que queiram descobrir as centenas de atividades culturais diurnas realizadas nas instituições e espaços culturais da Lapa. Muitas por de trás das portas de antigos casarões que compõem um dos mais belos conjuntos de casarios do “Rio Antigo”. Para todas essas pessoas e a quem interessar possa esse guia pode ser uma fonte de inspiração e um instrumento de descoberta. O guia é fruto de duas paixões: a Lapa e os cursos e oficinas com enfoques artísticos e culturais. É impossível apresentar num só livreto as riquezas e detalhes culturais das atividades, instituições, espaços culturais e dos artistas. O encantamento com todos os cursos e oficinas da Lapa levou-nos pelos quatro cantos do bairro e a oportunidade de descobrir a diversidade das atividades artísticas, culturais e educacionais que este guia ajudará você a descobrir. O guia mostra os artistas, grupos e instituições culturais que atuam ou têm sede na Lapa, como se formaram ou iniciaram suas atividades, um pouco de suas trajetórias, trabalhos sociais e os cursos e oficinas que promovem, assim como, endereços e contatos. Cada página dele mostra o potencial de diversos atores sociais com o intuito de registrar e divulgar o que há de melhor neste pedaço privilegiado por tantas atividades artísticas e culturais. 84 BREVE HISTÓRICO DA LAPA O bairro da Lapa, a princípio conhecido como Areias de Espanha, teve o início de sua efetiva ocupação no século XVIII. Em 1751, junto à praia era erguido um seminário e uma capela em louvor a N. S. da Lapa do Desterro. E desde então, o largo onde se encontra a igreja passou a ser chamado de Largo da Lapa. Outra construção que marcaria o bairro foi à construção do Aqueduto Carioca, concluído em 1750 e popularmente chamado de Arcos da Lapa. O Vice-Rei Marquês do Lavradio, em medos do século, ajudou a impulsionar a localidade como local de moradia. Aterrou pântanos, abriu a hoje denominada Rua do Lavradio e construiu uma belíssima residência no local. A partir da chegada Família Imperial ao Brasil, em 1808, acentuouse ainda mais ocupação e crescimento da cidade durante todo século. E ao final deste, a Lapa já contava com muitos arruamentos e construções. Mas foi na virada do século que a Lapa ficou marcada. Era o início da existência de duas ambiências. A diurna residencial e comercial, e a noturna de boemia com cafés-concerto, teatros, cabarés, cassinos e prostíbulos. Boemia que lhe deu a fama de bairro boêmio, mais durou apenas até o fim da década de 1940, quando veio então, a decadência do bairro com as medidas moralistas do governo Vargas, e posteriormente, demolição de inúmeros casarios. A Lapa só ressurge, então, a partir década de 1980, com o projeto Corredor Cultural de valorização do patrimônio edificado, o Circo Voador, a abertura de novos empreendimentos e a vitalização de outros já existentes. A revitalização da Lapa se deu pela transformação do bairro em polo cultural e local de lazer noturno. Hoje, em pleno século XXI, a Lapa se destaca pelas centenas de atividades culturais diurnas e pela intensa programação de lazer e entretenimento noturno. 85 ARTISTAS, GRUPOS E INSTITUIÇÕES CULTURAIS 1. Casa Gira Mundo: Fábrica de Artes e Variedades A Casa Gira Mundo é um espaço cultural idealizado por grupo de artistas que se formou no Rio, em 2008. Em funcionamento desde 2010, além de ser um espaço de trabalho e criação artística do grupo Bando Filhotes de Leão, objetiva a capacitação e o intercâmbio com artistas de diversas linguagens. A programação e as atividades são bastante variadas de acordo com o mês e visam promover cursos, oficinas, intercâmbio, palestras, seminários, workshops, exposições, feiras de moda e artesanato, cine-club e apresentações de teatro. Dentre os cursos e oficinas que promove, destacam-se: ▪ Seminário de Economia Criativa; ▪ Oficina de Formação de Palhaço com profissionais convidados; ▪ Oficinas de Música para tocar pandeiro, gaita, sanfona e rabeca; ▪ Encontro de Artistas para criação de uma história e apresentação; A instituição promove um projeto social: o Projeto Casa da Invenção, direcionado para estudantes de escolas públicas, que por meio de contação de história, apreendem literatura, e pela oralidade, apreendem e vivenciam antigas brincadeiras de roda e a confecção de brinquedos populares. Quando também são exibidos filmes e realizadas rodas de conversas com pais e professores. As oficinas que esse projeto social promove, são: ▪ Oficina de Criação Literária ▪ Oficina de Contação de Histórias ▪ Oficina de Confecção de Brinquedos Populares Funcionamento: de 2ª a 6ª feira das 10 h às 19 h. Sábados e domingos nos horários de atividades e eventos. Rua da Lapa, 175 sobrado (esquina com Joaquim Silva) – Lapa CEP: 20.021 – 180 Tel.: (21) 2507-3672 Website: http://casagiramundo.blogspot.com E-mail: [email protected] Facebook: Casa Gira Mundo 86 2. Bando Filhotes de Leão Bando Filhotes de Leão Grupo profissional de teatro formado, em 2008, com o intuito de desenvolver pesquisas sobre intervenção urbana, performance e teatro de excentricidades. O grupo tem sua sede na Casa Gira Mundo na Lapa desde 2010, onde promove seus ensaios e atividades complementares como o intercâmbio por meio de oficinas com outros artistas e grupos teatrais, e apresentações de espetáculos teatrais. O grupo aprofunda as práticas e investigações sobre o “excêntrico” e o método da montagem de atrações inspirados pela FEKS (Fábrica do Ator Excêntrico), onde os elementos espaço, objeto e figura são componentes catalisadores dos potenciais poéticos da cada quadro que montam, tendo como força criativa a Poesia e a Literatura Fantástica. Este método foi desenvolvido, em 1920, pela vanguarda russa para trabalhar com jovens de 18 a 24 anos, a arte como elemento transformador da sociedade. As oficinas e as apresentações na Casa Gira Mundo são gratuitas e têm como objetivos o aprofundamento no processo de criação coletivo e colaborativo e a disseminação de cultura. ▪ Oficina de intercâmbio para artistas profissionais. Funcionamento: aberto em horários de ensaios e atividades. Rua da Lapa, 175 sobrado (esquina com Joaquim Silva) – Lapa CEP: 20.021 – 180 Tel.: (21) 2507-3672 Website: http://www.bandofilhotesdeleao.com.br E-mail: [email protected] 87 3. Instituto do Ator O Instituto foi criado em 2008 com intuito de promover pesquisas e experimentação sobre o teatro e a arte do ator, ser um local de apresentações de trabalhos teatrais, e também um espaço para ensaios e estudos teóricos e práticos, sempre voltados para a arte representar, seu aprimoramento e especialização. A coordenação é realizada por atores e diretores do Grupo Stanislavski que formam uma associação. Localizado em um antigo casarão tombado o instituto conta com dois salões multiuso que funcionam como teatro e local para ensaios e oficinas de teatro. As principais atividades que promove são espetáculos teatrais, oficinas de aperfeiçoamento de atores, workshops de teatro (produção, atuação, direção e outros mais), sessões de cinema com filmes ligados ao teatro ou filmes antigos correlacionados com a temática, e grupo de estudo com leituras de textos de Jerzy Grotowski, com orientação da diretora e pedagoga Celina Sodré que comanda o instituto. Os cursos que promove são oficinas e práticas de qualificação profissional, dentre eles: ▪ trabalho de interpretação individual, dupla e pequenos grupos; ▪ núcleos de pesquisa: desenvolver diversas reflexões sobre a arte do ator; ▪ training físico e vocal. O Instituto promove o trabalho social “Damas em Cena” que faz parte do “Projeto Damas”, da Prefeitura, que busca dar apoio psicológico e preparar jovens travestis e transexuais para inserção na sociedade e no mercado de trabalho. O instituto promove um curso prático e teórico de formação de ator e montagem de espetáculos teatrais com esse grupo. Funcionamento: aberto em horários de atividades. Rua da Lapa, 161 sobrado (entrada pela Rua Joaquim Silva) – Lapa CEP: 20.021 – 180 Tel.: (21) 2224-8848 Website: http://institutodoator.blogspot.com.br E-mail: [email protected] Facebook: Instituto do Ator 88 4. Studio Stanislavski Companhia de teatro dirigida por Celina Sodré formou-se em 1991 objetivando ser um centro de pesquisa e formação teatral, onde se investiga a narrativa a partir do método de interpretação do teatrólogo, diretor e ator russo, Constantin Stanislavski e das práticas do diretor polonês Grotowski. As pesquisas desenvolvidas pelo Studio Stanislavski ajudaram a criar e produzir mais de 30 espetáculos apresentados em temporadas e festivais no Brasil e no exterior. A diretora da companhia, Celina Sodré, também é professora de interpretação da CAL – Casas das Artes de Laranjeiras, famosa instituição cultural de formação de atores. O grupo Studio Stanislavski tem como sede, desde 2008, o Instituto do Ator na Lapa, e promove cursos de qualificação para atores e grupos de artes cênicas, que se destaca o de: ▪ aperfeiçoamento e especialização para interpretação e direção teatral tendo como base os trabalhos de Stanislavski e Grotowski. Funcionamento: aberto em horários de atividades. Rua da Lapa, 161 sobrado (entrada pela rua Joaquim Silva) – Lapa CEP: 20.021 – 180 Tel.: (21) 2224-8848 E-mail: [email protected] Facebook: Instituto do Ator Studio Stanislavski - Os fantasmas de Guerra e Paz 89 5. Rádio Madame Satã A Rádio Madame Satã é a rádio comunitária da Lapa em atividade desde 1999, e posiciona-se na FM 92.1. A rádio é um projeto da ONG ExCOLA que trabalha com crianças que estavam nas ruas do bairro. Na sua programação, além de música, programas noticiosos e dicas culturais. A rádio promove por meio da ONG ExCOLA alguns cursos de capacitação profissional e geração de renda. Entre eles os cursos do Salão Escola de Beleza Afro para jovens do sexo feminino em situação de risco social. ▪ Curso de capacitação profissional de cabeleireiro na temática afro e manicure. Funcionamento: segunda a sexta, das 11 h às 18 h. Rua da Lapa, 181 – Lapa CEP: 20021-180 Tel.: (21) 2517-3315 Website: http://madamesataradio.blogspot.com.br E-mail: [email protected] Facebook: Radio Madame-Satã Curso de Cabeleireiro Afro 90 6. Escola de Musica da UFRJ - EMUFRJ A Escola de Música é a mais antiga instituição de ensino da música do Brasil. É uma escola pública que oferece curso de graduação, pósgraduação e cursos de extensão. A instituição promove muitos eventos culturais próprios e acolhe outros tantos em seus espaços. Entre os seus principais patrimônios estão a Biblioteca Alberto Nepomuceno – BAN, um rico acervo musical e documentos históricos sobre a história da música brasileira, que hoje conta com uma biblioteca virtual do acervo, e o Salão Leopoldo Miguez, uma das mais importantes salas de concerto do País, onde se encontra um belíssimo órgão de tubos Tamburini. A origem da escola data de 1841 quando a Sociedade de Música solicitou ao governo imperial a criação de um Conservatório de Música. Com a Proclamação da República, o Conservatório deu lugar ao Instituto Nacional de Música, sendo transferido em 1913 para onde hoje funciona a escola, à Rua do Passeio. A atual designação Escola de Música deu-se em 1965 em Decreto do Governo Militar. Na reurbanização da Lapa na década de 1970 evitou-se a demolição do prédio da Escola de Música, que demoliu vários prédios vizinhos. Hoje a Escola, além dos cursos de graduação e pós-graduação, oferece cursos de extensão em música abertos ao público externo à universidade. Os cursos de extensão oferecidos são: ▪ Curso de Musicalização Infantil para crianças de 6 a 8 anos; ▪ Curso Básico para crianças e adolescentes, de 8 anos a 16 anos; ▪ Curso Intermediário para adolescentes e adultos. Funcionamento: segunda a sexta, das 8 h às 17 h. Rua do Passeio, 98 - Lapa CEP: 20021-290 Tel.: (21) 2240-1391 Website: www.musica.ufrj.br E-mail: [email protected] Facebook: Escola de Música UFRJ Twitter: Escola de Música @EMUFRJ 91 7. Escola Estadual de Dança Maria Olenewa A Escola foi fundada em 1927 tendo como finalidade a formação de bailarinos profissionais e funcionava em uma pequena sala no 3º andar do Teatro Municipal. Após longa trajetória e formação de muitos bailarinos, em 1975, a escola foi oficializada como Escola Profissionalizante de 2º Grau. No ano de 1977, a então diretora Lydia Costallat, encontra um velho prédio abandonado pertencente ao Estado no Largo da Lapa, que lhe é e transforma-se na sede da escola. A Escola de Dança continua até hoje com seu principal objetivo: o de formar profissionais em dança, através de um curso rigorosamente técnico. Depois de algumas idas e vindas desde sua fundação, a Escola voltou em 1995 a pertencer ao Teatro Municipal do Rio de Janeiro. E seguindo a tradição de ser a primeira escola de dança clássica fundada no Brasil, continua trabalhando pelo padrão de qualidade em prol da dança brasileira, do aperfeiçoando na formação de bailarinos e de uma escola que se adapte às novas exigências do mundo globalizado sem perder suas características originais. Hoje seu currículo não se restringindo apenas ao Ballet Clássico, constando várias formas de dança, além de diversas matérias teóricas, a fim de oferecer aos alunos outras opções para o atual mercado de trabalho. A Escola promove cursos livres e o de formação profissional: ▪ Curso Preparatório; ▪ Curso Básico; ▪ Curso Médio; ▪ Curso Adulto Iniciante. ▪ Curso Profissionalizante para formação para bailarino profissional: Para ingresso no curso para se tornar bailarino profissional é necessário teste de aptidão. E a idade mínima exigida para inscrever-se no teste para seleção é de 8 anos. Funcionamento: segunda a sexta, das 8 h às 18 h. Rua Visconde de Maranguape, 15 - Lapa CEP: 20021-390 Tel.: (21) 2224-6721 Website: www.eedmo.com.br 92 8. Centro Teatro do Oprimido – CTO O CTO é um centro de pesquisa e disseminação da metodologia do Teatro dos Oprimidos. Em seus cursos, oficinas, e seminários são produzidos projetos socioculturais, espetáculos teatrais e produtos artísticos, tendo como alicerce a Estética do Oprimido. Augusto Boal, fundador do CTO, iniciou o desenvolvimento da metodologia em 1971. Preso e exilado percorreu a América Latina sistematizando o Teatro do Oprimido enquanto metodologia de trabalho e de pesquisa, depois, seguiu para a Europa, onde funda o CTO-Paris, em 1979. Em 1986, retorna ao Brasil convidado por Darcy Ribeiro, então, Secretário de Educação do Rio, que tinha o objetivo de tornar a linguagem teatral acessível a todos. Boal, então, capacita educadores culturais para serem multiplicadores da metodologia e funda o CTO-Rio. O CTO pratica um Teatro-Fórum onde o espectador adquire voz e movimento, som e cor, e pode assim exprimir desejos e ideias. Em 1993, o CTO consegue um imóvel do Governo do Estado no Corredor Cultural da Lapa. Hoje, o CTO-Rio é um espaço de convergência de ideias onde acontecem atividades culturais diversas como ensaios, laboratórios, oficinas, apresentações, seminários de dramatização, palestras, debates, exposições e mostras que compõem a pesquisa e o desenvolvimento da Estética do Oprimido. Cursos e oficinas que promove: ▪ Curso de Formação Internacional: dramaturgia do Teatro Fórum; ▪ Curso de Formação Internacional: imagem, palavra e som; ▪ Oficina Arco-Íris do Desejo: técnicas introspectivas do Teatro do Oprimido; ▪ Seminários Raízes e Asas I: conceitos pedagógicos do Teatro do Oprimido; ▪ Seminário Raízes e Asas III: fundamentos teóricos da “Práxis Curinga”; ▪ Montagem de Espetáculo de Teatro-Fórum; ▪ Laboratório Madalenas: experiência cênica voltada para mulheres; ▪ Estética do Oprimido: Som. Funcionamento: segunda a sexta, das 10 h às 19 h. Avenida Mem de Sá, 31 – Lapa CEP: 20230-150 Tel.: (21) 2232-5826 / 2215-0503 Website: www.ctorio.org.br E-mail: [email protected] Facebook: Centro de Teatro do Oprimido Twitter: Centro TeatroOprimido @cto_brasil 93 9. Casa de Cultura Hombu A Casa de Cultura Hombu é um centro cultural e sede do Grupo de Teatro Hombu que há 35 anos dedica-se à infância e à juventude. O grupo de teatro é formado por atores, músicos e educadores que desde sua criação, em 1977, vem dedicando-se ao teatro para crianças e adolescentes, e tem nos seus textos sua maior preocupação, por serem suas peças direcionadas a um público infanto-juvenil. O grupo é referência e um dos mais antigos no Rio de Janeiro dedicado ao gênero. Sua pesquisa de linguagem trabalha constantemente o intercâmbio entre a literatura, a música e o teatro, onde a interdisciplinaridade educacional aparece no palco nas adaptações dos textos de escritores famosos como Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Guimarães Rosa e outros. O grupo estabeleceu-se desde 1993, em um antigo sobrado na Avenida Mem de Sá, na Lapa, onde hoje é a Casa de Cultura Hombu. O centro cultural, além de ser local de ensaios do grupo, promove eventos, recitais de poesia, festas fechadas para o pessoal de cinema e teatro, oficinas de dança, percussão e teatro. A casa tem dois ambientes, na frente, um grande salão onde funciona as sextas e sábados festas fechadas e eventos, e na parte de trás, um teatro para ensaios e apresentações do Grupo Hombu e outros. A Casa Cultural Hombu oferece cursos e oficinas para jovens, muitas delas com a participação dos pais. As oficinas são com integrantes do Grupo Hombu ou com outros que também utilizam o espaço cultural para essas atividades. Entre elas: ▪ Oficina de Teatro: O Pano Azul, com textos de Cecília Meireles; ▪ Curso para Atores. Funcionamento: aberto em horários de atividades. Avenida Mem de Sá, 33 - Lapa CEP: 20230-150 Tel.: (21) 2224-5734 Facebook: Hombu Casa de Cultura 94 10. Instituto Tá Na Rua para as Artes, Educação e Cidadania O Instituto Tá Na Rua promove regularmente festas, cursos, oficinas, ensaios e apresentações teatrais. Primeiro surgiu o Grupo de Teatro Tá Na Rua a partir de um coletivo de atores em busca de espaços livres e abertos e a interação entre atores e expectadores. O espaço aberto da rua era o palco alternativo que o grupo buscava para desenvolvimento do seu trabalho, fruto de uma insatisfação com os estreitos limites da atividade e da linguagem do teatro tradicional. Desde os primeiros anos na década de 1980 o grupo vivencia intensa experimentação na rua, inicia oficinas teatrais para atores e não atores, e monta também espetáculos em teatros convencionais, mas sempre desconstruindo a linguagem da dramaturgia da sala de teatro tradicional. Seguindo sua pesquisa de linguagem cênica para os espaços abertos, expandiu os limites e enveredou pelo universo dos grandes espetáculos e eventos populares, entre os quais o Carnaval. A partir de 1993 o grupo passou a ocupar um imóvel do Corredor Cultural na Lapa, cedido para uso pelo Governo do Estado. E a partir de 1999 passou a denominar-se Instituto Tá Na Rua para as Artes, Educação e Cidadania. O grupo faz apresentações e ensaios no sobrado e promovem alguns cursos de qualificação em artes cênicas com o diretor de teatro Amir Haddad e atores do Tá Na Rua, tais como: ▪ Oficina Desiniciação ao Teatro: oficina de formação de ator; ▪ Oficina Supernova: oficina despressurização corporal; ▪ Oficina Studio A: oficina para atores profissionais e estudantes de teatro. Funcionamento: em horários de atividades. Avenida Mem de Sá, 35 – Lapa CEP: 20230-150 Tel.: (21) 2220-0678 Escritório: Av. Rio Branco 179 – 5º andar – Centro Website: www.tanarua.art.br E-mail: [email protected] e [email protected] Facebook: Cine Teatro Tá Na Rua Twitter: Grupo Tá Na Rua @grupotanarua 95 11. Federação dos Blocos Afros e Afoxés do Rio de Janeiro A FEBARJ é uma associação das entidades, grupos e instituições afros voltados ao trabalho de integrar e divulgar a cultura afro-brasileira, tendo como uma de suas bandeiras a luta contra a discriminação racial, social e de gênero. Em seu espaço cultural promove vários eventos com a finalidade de preservar, valorizar e expandir a cultura afro-brasileira utilizando atividades educacionais e culturais, sobretudo a música e a dança, como elementos de informação e de fortalecimento da identidade étnica. Promove bailes hip hop, apresentações dos blocos Orunmilá e Agbara e desenvolve oficinas de percussão, dança e ensaio para o público. A associação ocupa um dos imóveis germinados do Corredor Cultural na Lapa cedido pelo Estado desde 1993, contudo, devido às péssimas condições para uso à época, só foi possível realmente ocupá-lo e desenvolver as diversas atividades da associação em sua plenitude a partir de 2005, quando foi feito uma completa reforma de interior e cobertura e restauração da fachada. Atualmente, além das diversas atividades culturais, a associação oferece oficinas de: ▪ Oficina de Percussão ▪ Oficina de Dança Afro Funcionamento: segunda a sábado, das 10 h às 22 h. Avenida Mem de Sá, 37 - Lapa CEP: 20230-150 E-mail: [email protected] Oficina de Dança Afro 96 12. Instituto Palmares de Direitos Humanos O Instituto Palmares de Direitos Humanos – IPDH foi fundado em 1989, por um grupo de negros, com formação nas áreas acadêmica, artística, social, técnica e política, com o objetivo de exercer uma prática de excelência na luta pela superação do racismo, da discriminação e da intolerância. O instituto é uma organização que busca contribuir para a inclusão, inovação e integração comunitária e situar-se como referência histórica da população Afro-Brasileira e Indígena. O IPDH ocupa um imóvel do Corredor Cultural na Lapa desde 1993, e como outros de um conjunto de sobrados germinados da Avenida Mem da Sá encontrava-se bastante deteriorado quando da cessão de uso pelo Governo do Estado. A partir da instituição do projeto do Distrito Cultural da Lapa iniciaram-se obras de recuperação do sobrado e, em 2005 foi inaugurada a sede do IPDH, a Casa de Cultura Brasil Nigéria, com fachada, interior e cobertura totalmente recuperadas. Iniciava-se plenamente, então, um ciclo de atividades que promove ações de valorização cultural e de formação profissional. Esse ciclo foi interrompido em julho de 2010 devido a incêndio que destruiu parte significativa do acervo iconográfico e bibliográfico, assim como da estrutura física do imóvel. Interditado o imóvel pela Defesa Civil, o curso de prévestibular comunitário, os ensaios da Companhia Rubens Barbot Teatro de Dança, programa de intercâmbio, cinema do IDPH, recitais de poesia, e reuniões de diversos segmentos do movimento negro tiveram que sair temporariamente do local. Cursos que oferece neste momento: ▪ Pré-vestibular Comunitário: para negros e carentes. Funcionamento: segunda a sábado, das 10 h às 22 h. Avenida Mem de Sá, 39 - Lapa CEP: 20230-150 Tel.: (21) 2221-9313 Website: www.ipdh.blogspot.com.br E-mail: [email protected] Facebook: Ipdh Instituto Palmares Twitter: IPDH @ipdhbr 97 13. Circo Voador O Circo Voador é um dos principais espaços culturais do Rio de Janeiro e promove, regularmente, shows, festas e muitas outras atividades culturais. O Circo Voador instalouse defronte aos Arcos da Lapa em um terreno baldio cedido pela municipalidade, em 1982. O Circo surgiu de um projeto criado para durar apenas um verão, inicialmente suas tendas instalaram-se no Pontal da Praia Arpoador, em janeiro de 1982, pelos produtores culturais Perfeito Fortuna, Márcio Calvão, e Maurício Sette, entre outros. Com duração prevista somente para aquele verão, serviu de palco para artistas veteranos, como Chico Buarque e Caetano Veloso e os então novatos, Barão Vermelho, Blitz, dentre outros, três meses depois o Circo foi retirado da praia pela Prefeitura. A insistência de alguns produtores e colaboradores, o grupo buscou outro local para se fixar e, sete meses depois o Circo aportava na Lapa, em terreno cedido pela municipalidade junto aos Arcos, seu local desde então. Hoje, é considerado um caso de sucesso e que, junto com a Fundição Progresso, formam os mais importantes espaços culturais da Lapa. O Circo é hoje um Ponto de Cultura, e além dos shows e festas, sua atividade principal, o Circo tem algumas atividades sociais, como a Creche do Circo que existe desde 1982 e atende a 80 crianças em horário integral. Outro projeto social do Circo, além da creche, é o ELA – Escola Livre de Artes, que inclui várias oficinas e cursos. Entre eles: ▪ Acrobacia Aérea; ▪ Acrobacia de Solo; ▪ Capoeira Regional; ▪ Curso Samba de Mesa – curso de percussão; ▪ Danças de Salão com o Grupo Fábrica; ▪ Dança – Salsa e Zouk; ▪ Dança – Gafieira e Forró; ▪ Oficina de Danças Populares; ▪ Oficina de Ritmos Populares; ▪ Oficina de Teatro para a Melhor Idade; ▪ Oficina de Percussão com o Bloco Quizomba; ▪ Teatro e Dança Inclusivos da CIA Livre Acesso, para portadores de deficiência. 98 O Circo tem também o espaço MEC - Movimento de Educação e Cultura, inaugurado em 2007. O MEC é outro projeto sociocultural do Circo Voador, localizado na Rua Joaquim Silva, também na Lapa, em uma casa que estava abandonada e foi totalmente reformada com recursos do próprio Circo Voador para abrigá-lo. A escola oferece cursos e oficinas para jovens e adultos da Lapa e comunidades carentes do entorno, com o objetivo de capacitar e atualizar as pessoas para o mercado de trabalho. Os cursos são mantidos por patrocinadores e parte do que arrecadado na bilheteria do Circo. O MEC promove cursos de: ▪ Curso de Informática Básico e Avançado; ▪ Curso de Inglês e Espanhol; ▪ Curso de Português e Redação; ▪ Curso de Matemática. Circo Voador Rua dos Arcos s/n. – Lapa CEP: 20230-060 Tel: (21) 2533-0354 Website: www.circovoador.com.br/#/cursos Website Blog: http://novasdocirco.blogspot.com.br E-mail da Escola Livre de Artes: [email protected] Facebook: Circo Voador Twitter: Circo Voador @circo_voador MEC: Movimento de Educação e Cultura – Estação Joaquim Silva Funcionamento: segunda a sexta, das 11 h às 18 h. Rua Joaquim Silva, 42 – Lapa CEP: 20241-110 Tel.: (21) 2222-2916 E-mail do MEC: [email protected] 99 14. Fundição Progresso A antiga e desativada Fábrica de Fogões e Cofres Fundição Progresso, construída em 1881, é hoje um dos centros culturais mais inovadores e importantes do Rio de Janeiro. Muitos conhecem a Fundição Progresso como casa de espetáculos por seus shows e festas, mas poucos conhecem como centro cultural e Ponto de Cultura com muitos artistas, grupos, companhias e instituições de várias artes que têm ali sua sede e local para ensaios, espetáculos, eventos, e instrução de cursos, oficinas e práticas artísticas e culturais, e projetos sociais. A ocupação do prédio que se encontrava abandonado começou em 1987, quando o Estado cedeu para uso o prédio ao Circo Voador para extensão de suas atividades artísticas e culturais. Mas, a proposta que fez a Fundição progredir foi quando Perfeito Fortuna, em 1999, chamou grupos artísticos diversos para ocuparem a Fundição e desenvolverem suas propostas de trabalho. A imensa determinação de um grupo de pessoas transformou esse monumento histórico num centro de cultura e educação. A Fundição Progresso tem um projeto sociocultural que envolve todos os artistas e educadores que atuam nesse espaço de cultura e inovação. O Núcleo de Educação e Cultura Fundição Progresso – NEC Projeto Escola promove uma imersão artística dentro do centro cultural para alunos do 1º e 2º grau do ensino médio de escolas da rede pública com oficinas de música, teatro, graffiti, circo, filosofia e cenografia. O objetivo do projeto é apresentar aos jovens os produtos culturais da casa, identificar suas aptidões, desenvolver talentos, e colocar essa produção no cenário cultural da cidade do Rio de Janeiro, por meio de parcerias e solidariedade de muitos, que encaminham esses jovens à profissionalização e ao mercado de trabalho. 100 De acordo com a programação anual, os jovens podem escolher aulas entre os cursos: ▪ Oficina de Criação Poética; ▪ Introdução á Filosofia; ▪ Leitura e produção de textos e críticas; ▪ Mostras de filmes e debates; ▪ Tecnologia em Graffiti: fotografia, desenho, animação, decoração de ambiente e graffiti; ▪ Lapa, Educação e Carnaval: oficinas práticas de arte, fantasia e cenografia; ▪ e mais todos os cursos ofertados pelos artistas, grupos, e instituições com sede nos espaços da Fundição Progresso. A Fundição Progresso tem outro projeto social que é a doação de mantimentos para diversas instituições sociais cadastradas. Esses mantimentos são arrecadados em todos os shows quando o público em geral paga meia-entrada portando 1 kg de alimento não perecível para doação. Funcionamento: sob consulta com a administração da Fundição Progresso. Rua dos Arcos, 24 – Fundição Progresso CEP: 20230-060 Tel.: (21) 2220-5070 Website: www.fundicacaoprogresso.com.br E-mail: [email protected] e [email protected] E-mail geral: [email protected] Facebook: Fundição Progresso Twitter: Fundição Progresso @Fundicao Centro Cultural Fundição Progresso 101 15. Intrépida Trupe A Intrépida Trupe é uma associação de artistas de natureza privada que formou um grupo de teatro profissional que utiliza artes circenses de acrobacias aéreas com tecido, trapézios e outras modalidades de aparelhos, e acrobacias de solo. Radicada na Fundição Progresso, ocupa um o seu galpão sede intitulado Espaço de Criação Intrépida Trupe, desde 1999. Seus espetáculos mostram uma linguagem cênica teatral bastante incomum, fortemente inspirados no circo e na magia dos seus desdobramentos, extrapolando a pura exibição técnica, para introduzir a dança, a música e o teatro, com humor e poesia. A Intrépida Trupe nasceu em 1986, com a missão cultural do Circo Voador na Copa do Mundo do México. O grupo formou-se inicialmente de fragmentos da Escola Nacional de Circo da Praça da Bandeira, somados a algumas dançarinas do grupo Coringa, junto com atores do grupo Manhas e Manias e do designer da Banda Blitz. O amplo espaço na Fundição de ensaio e espetáculos ao público proporcionou ao grupo colocar em prática um dos seus objetivos que é a disseminação das técnicas circenses aliadas a espetáculos teatrais. Os artistas da Intrépida promovem oficinas e práticas de iniciação e qualificação profissional. Os cursos oferecidos regularmente são em sua maioria para jovens e adultos. ▪ A Cobra na Bacia para crianças e adolescentes; ▪ Práticas Acrobáticas Aéreas; ▪ Laboratório do Corpo Aéreo; ▪ Acrobacia Aérea; ▪ Técnica e criação em Acrobacia Aérea; ▪ Acrobacia de Solo; ▪ Tecido, Trapézio e Dinâmica de Movimento; ▪ Dinâmica Acrobática. 102 A Intrépida tem um projeto social denominado “Programa Intrépida Social” que é voltado para jovens de 16 a 25 anos, de baixa renda, residentes nas localidades Lapa e seu entorno, matriculados ou ter concluído no mínimo o ensino fundamental na rede pública de ensino. É um programa de iniciação em artes circenses por meio de oficinas gratuitas. O projeto oferece 70 bolsas de gratuidade e faz parte do Prêmio Funarte/Petrobrás Carequinha de Estímulo ao Circo. Os cursos do Programa Intrépida Social são: ▪ Acrobacia Aérea, Acrobacia de Solo e Técnicas de Montagem Circense. Funcionamento: aberto regularmente em horários de ensaio e cursos. Rua dos Arcos, 24 – Fundição Progresso – Galpão da Intrépida CEP: 20230-060 Tel.: (21) 2220-1977 Website: http://www.intrepidatrupe.com.br E-mail: [email protected] e [email protected] Facebook: Intrépida Trupe Twitter: Intrépida Trupe @intrepidatrupe Espetáculo da Intrépida Trupe na Fundição 103 16. Armazém Companhia de Teatro É uma companhia de teatro onde a tônica do seu trabalho é a diversão e a filosofia. Sob a direção de Paulo de Moraes a companhia busca o aprimoramento de sua linguagem própria, o seu jeito de falar das coisas, sua identidade de palco. Construindo dramaturgia própria e proporcionando uma discussão relevante sobre o homem contemporâneo. O Armazém Companhia de Teatro foi formado em 1987, em Londrina. Mudouse para o Rio no início de 1998, e logo, consegue um dos galpões da Fundição Progresso para ser sua sede. A Companhia mantém um núcleo permanente de criação (atores, figurinistas, cenógrafos, músicos), que propicia crescimento artístico e uma integração na proposta de novos desafios. A companhia promove pelo menos uma vez por ano cursos de qualificação, entre eles: ▪ Oficina de Dramaturgia; ▪ Oficina de Interpretação. Funcionamento: terça a sexta, das 11 h às 18 h. Rua dos Arcos, 24 – Fundição Progresso – Espaço Armazém CEP: 20230-060 Tel.: (21) 2210-2190 Website: www.armazemciadeteatro.com.br E-mail: [email protected] Facebook: Armazém Companhia de Teatro Twitter: Armazém Cia de Teatro @armazemteatro 104 17. Teatro de Anônimo O Teatro de Anônimo é uma associação de artistas profissionais formada em 1986. O grupo define sua técnica profissional e artística como “Teatro Popular Circense”, com enfoque principal na arte da comicidade, nas técnicas acrobáticas de números aéreos e no universo teatral das festas populares. Desde 2005, ocupa um dos galpões da Fundição Progresso, denominado Pavilhão Teatro de Anônimos. É um teatro-cabaré e espaço multiuso que abriga as atividades criativas do grupo, tais como: montagem, produção e apresentações de espetáculos, seminários, oficinas e eventos artísticos e cooperativos. Um espaço de trabalho que também está a serviço para experimentação, estudo, troca de conhecimento e intercâmbio com outros grupos nacionais ou internacionais. Em 2010, o Teatro de Anônimos tornou-se Ponto de Cultura e respondem pela realização de um programa de oficinas de especialização para cerca 80 artistas na área de comicidade, acrobacia aérea e gestão. O grupo promove também, desde 1999, regularmente, a oficina de acrobacia aérea que tem o objetivo de desenvolver o potencial físico e artístico de cada indivíduo através do contato com aparelhos (trapézio, corda, tecido, bambu e lira). Outras oficinas práticas com diferentes enfoques voltadas para o público profissional ou não, também são oferecidas. As oficinas e cursos ofertados são: ▪ Oficina de Acrobacia Aérea: para acrobatas aéreos com experiência; ▪ Composição, Interpretação e Ação em Cena: para artistas cênicos; ▪ Gestão para Autonomia: para estudantes, artistas e produtores; ▪ Jogo como Técnica – Aprimoramento de Números: para palhaços; ▪ Oficina de Acrobacia Aérea: para adultos iniciados ou não em acrobacia; ▪ Circo Teatro Atuação: para crianças e adolescentes; ▪ Coisa de Palhaço: para atores e atores circenses. Funcionamento: aberto regularmente em horários de ensaio e cursos. Rua dos Arcos, 24 – Fundição Progresso – Galpão Teatro de Anônimo CEP: 20230-060 Tel.: (21) 2240-0930 / 2240-2478 Website: http://www.teatrodeanonimo.com.br E-mail: [email protected] Facebook: Teatro de Anônimo Twitter: Teatro de Anônimo @teatrodeanonimo 105 18. Arcos Digital Filmes A Arcos Digital Filmes, fundada em 1990, oferece permanentemente, cursos, workshops e oficinas ministradas por reconhecidos profissionais da área, atuando nas áreas de formação, produção e exibição. E escola e produtora ocupa desde a fundação um espaço na Fundição Progresso, e foi das uma das primeiras instituições a ter um espaço sede no local. A Arcos Digital é uma unidade formadora de profissionais que oferta uma grade intensiva de cursos para quem deseja incrementar o currículo com conhecimentos de cinema e TV, ou têm intenção de qualificar-se para trabalhar na área. Os cursos em sua maioria não são necessários conhecimentos prévios. São eles: ▪ Assistente de Direção; ▪ Aplicativos para Plataformas Móveis; ▪ Ator de Cinema e TV; ▪ Câmera para TV, Vídeo e Cinema Digital; ▪ Coordenação de Produção; ▪ Edição e Finalização; ▪ Figurino para Cinema e TV; ▪ Noções Básicas de Pro Tolls; ▪ Realidade Virtual; ▪ Roteiro de Cinema e TV; ▪ Som direto para Cinema e TV; ▪ Novas Mídias e Redes Sociais para Empresas; ▪ Modelagem e Realidade Virtual. A Arcos Digital Filmes disponibiliza bolsas de estudo para jovens de baixa renda, faixa etária de 18 a 24 anos e matriculados na rede pública de ensino. Funcionamento: diariamente Rua dos Arcos, 24 – Fundição Progresso CEP: 20230-060 Tel.: (21) 2532-4308 / 2215-4541 Website: http://arcosdigitalfilmes.blogspot.com.br E-mail: [email protected] Facebook: Arcos Digital Filmes 106 19. CDI Comunidade Francisco Fundição Localizado na Fundição Progresso, desde 2009, o CDI Comunidade Francisco, é um dos espaços de inclusão digital da rede da ONG Global CDI que tem por missão transformar vidas e fortalecer comunidades de baixa renda através do uso das tecnologias da informação e comunicação. O CDI desenvolve o projeto idealizado por Rodrigo Baggio que desde os 12 anos faz trabalhos voluntários e reuniram suas duas aptidões: a informática e o trabalho social. Criado em 1995, o CDI após 17 anos de trabalho conta com 717 espaços de inclusão social no Brasil e no mundo. Neste período já transformou 1,45 milhões de vidas, está presente em 12 países, e acumula mais de 60 prêmios internacionais. Presentes em diversas comunidades de baixa renda, penitenciárias, instituições psiquiátricas e de atendimento a portadores de deficiência, aldeias indígenas e ribeirinhas, centros de ressocialização de jovens privados de liberdade, entre outros locais, esses centros de tecnologia da informação da informação vêm melhorando a qualidade de vida das populações de baixa renda e fomentando atitude empreendedora. O CDI na Fundição promove os cursos e oficinas de: ▪ Curso Básico; ▪ Curso de Edição de Vídeo; ▪ Oficinas de Sistema Operacional; ▪ Oficinas de Redes Sociais; ▪ Oficinas Gimp (programa de criação e edição de imagens); ▪ Oficinas de Word; ▪ Oficina de Manutenção Preventiva; ▪ Oficina de Excel básico e avançado; ▪ Oficina Design Gráfico; ▪ Internet. Funcionamento: segunda a sexta, das 12 h às 21 h. Rua dos Arcos, 24 – Fundição Progresso – 1º piso CEP: 20230-060 Tel.: (21) 2292-8458 Website: www.cdi.org.br E-mail: [email protected] Facebook: CDI Comunidade Francisco Fundição Twitter: ONG CDI @ongCDI 107 20. Rio Maracatu O grupo Rio Maracatu foi fundado em 1997 no Rio de Janeiro. Criado por músicos pernambucanos e cariocas com intuito de resgatar e valorizar uma parte importante da cultura musical brasileira, o Maracatu, com base no maracatu de baque virado, uma tradição do Recife – PE. O grupo desenvolve a partir do maracatu um trabalho de pesquisa e execução de ritmos, cantos, e danças tradicionais brasileiras, como Ciranda, o Côco, o Jongo, o Samba, e outros. Radicados na Fundição Progresso desde 2001, o Rio Maracatu promove cursos de qualificação: ▪ Oficina de Percussão, para iniciantes e para alunos regulares; ▪ Oficina de Dança; ▪ Oficina de Samba do Maracatu. Nas oficinas de percussão são passados toques característicos do maracatu de baque virado, acompanhados das toadas tradicionais das Nações do Recife/PE, e noções fundamentais de cada instrumento da orquestra. Já a oficina de dança é dedicada ao ensino e aprendizado dos passos característicos do maracatu e das danças populares brasileiras. E na oficina de samba são trabalhados os instrumentos tradicionais de uma bateria de escola de samba como, caixa, repique, surdo, tamborim, chocalho e agogô. Desde que o grupo foi para a Fundição Progresso, já passaram pelas oficinas de qualificação cerca de 2.000 pessoas. Funcionamento: apenas nos horários de oficinas e ensaios. Rua dos Arcos, 24 – Fundição Progresso - Espaço Atmosfera CEP: 20.230 – 060 Tel.: (21) 9919-1932 / 8151-9095 E-mail: [email protected]. Para oficina percussão. E-mail oficina de dança: [email protected]. E-mail de oficina de samba do maracatu: [email protected]. 108 21. Roberta Flávia Dança Contemporânea Desde 2011 a professora Roberta Flávia de dança contemporânea e conscientização do corpo e do movimento estabeleceu-se na Lapa, no Espaço Atmosfera da Fundição Progresso. Formada pela Angel Vianna Escola e Faculdade de Dança, em 2008, e pela Escola de Artes Cênicas da UniverCidade, em 2004, administra o curso livre de dança contemporânea onde por meio da metodologia Angel Vianna de conscientização do movimento, pesquisa e explora as infinitas possibilidades que cada corpo pode desenvolver, no caminho para construir a dança. Alia no curso, técnicas de dança, improvisos, pesquisas corporais, conscientização do corpo e do movimento e exercícios e jogos que estimulam a relação com o outro. A professora oferece no Espaço Atmosfera da Fundição Progresso o curso de: ▪ Curso livre de Dança Contemporânea: para iniciantes maiores de 18 anos. Funcionamento: sábados das 10 h às 11h30 (horário do curso). Rua dos Arcos, 24 – Fundição Progresso – Espaço Atmosfera CEP: 20230-060 Tel.: (21) 7555-9992 E-mail: [email protected] Facebook: Aulas de Dança Contemporânea Twitter: Roberta Flavia @robertaflavia Dança Contemporânea: momento de relaxamento 109 22. Aluandê Capoeira Angola O Aluandê é um grupo de capoeira fundado em junho de 2005 por Célio Gomes, formado em Contra Mestre de Capoeira pelo Mestre Cobra Mansa. O grupo tem como objetivo de resgatar, valorizar, documentar e realizar eventos relativos ao africanismo contido na cultura brasileira, em especial a Capoeira Angola. Capoeira caracterizada por envolver e estimular o desenvolvimento de ritmo, flexibilidade, resistência física e cultural. O grupo Aluandê é uma associação cultural de direitos privados sem fins lucrativos, radicada na Fundição Progresso desde 2005. Além das aulas regulares, todos os anos realizam encontros que visam à discussão da prática da capoeira angola como preservação cultural e o papel dos angoleiros como militantes e não somente praticantes de capoeira. As aulas de capoeira são livres, sem prazo de duração. O Alunandê Capoeira de Angola promove na Fundição Progresso no Espaço Atmosfera o curso de: ▪ Capoeira Angola Funcionamento: segundas, quartas e sextas, das 20 h às 22 h. Rua dos Arcos, 24 – Fundição Progresso – Espaço Atmosfera CEP: 20230-060 Tel.: (21) 8729-1382 / 7459-8757 Website: http://aluandecapoeirangola.blogspot.com.br E-mail: [email protected] e [email protected] Facebook: Aluandê Capoeira Angola Twitter: Aluandê Capoeira Angola @ aluande 110 23. Rio Rock e Blues Club O Rio Rock e Blues Club é uma associação privada de frequentadores desse espaço cultural de divulgação de bandas novas de rock e blues. Os associados têm acesso livre pagando apenas uma taxa de contribuição mensal e poderão assistir shows, eventos variados, dançar e curtir noites agradáveis. Os acompanhantes e convidados dos associados pagam taxa de ingresso podendo se associar ou não. De quinta-feira a domingo, shows com bandas variados que mudam a cada semana. O espaço é aberto para novos talentos e grupos inéditos com intuito de divulgar a música e os músicos. O clube localiza-se onde funcionou a antiga Farmácia Jesus, em 1936, e depois abrigou por alguns anos o Bar Negro Gato. No clube funciona a Escola do Rock que tem como objetivo profissionalizar pessoas que queiram trabalhar no show business. A Escola oferece cursos para quem quer aprender rápido e começar a trabalhar no mundo da música e do entretenimento. Os cursos são abertos tanto para quem quer trabalhar na área quanto para aqueles que gostariam de aprender a profissão apenas por hobby. Entre os cursos que promove estão: ▪ Curso de Bartender e atendimento; ▪ Curso de DJ; ▪ Curso de Técnico de Som; ▪ Curso de Iluminadores. Funcionamento: quarta a domingo, a partir das 19 h. Rua do Riachuelo 20 – Lapa CEP: 20230-014 Tel.: (21) 2222-2334 / 7874-0069 Website: www.riorockebluesclub.com.br E-mail: [email protected] Facebook: Rio Rock & Blues Club Twitter: Rio Rock & Blues @riorockeblues 111 24. Produtora Escola Cinema Nosso A produtora-escola foi criada em 2009. É uma organização social, cuja missão institucional é ampliar o universo cultural e contribuir para o desenvolvimento de habilidades profissionais de crianças, adolescentes e jovens oriundos das classes populares através da linguagem audiovisual. A produtora funciona como uma empresa júnior proporcionando um ambiente de trabalho próximo ao mercado audiovisual. Já a escola oferece cursos regulares e oficinas livres em diversas linguagens e tecnologias associadas à produção audiovisual (cinema, cinema de animação e videografismo ou motion design) para adolescentes, jovens e estudantes da rede pública de ensino nos municípios do Rio de Janeiro e Grande Rio. Os cursos têm duração de 4 meses e são inteiramente gratuitos. Durante as aulas, os alunos realizam exercícios fílmicos nos quais são protagonistas de todo o processo educativo, desenvolvendo um olhar crítico e criativo sobre o audiovisual. A escola também promove oficinas livres abertas, não só aos alunos, mas ao público em geral também. Os cursos e oficinas ofertados são: ▪ Cinema Básico – Luz; ▪ Cinema Intermediário – Câmera; ▪ Cinema Avançado – Ação; ▪ Cinema de Animação; ▪ Motion Design; ▪ Oficina Livre de Cinema; ▪ Oficina Livre de Som. Funcionamento: segunda a sexta das 9 h às 18 h. E finais de semana em horários de atividades. Rua do Rezende, 80 – Lapa CEP: 20231-092 Tel.: (21) 2505-3300 Website: www.cinemanosso.org.br E-mail: [email protected] Facebook: Produtora Escola Cinema Nosso Twitter: Cinema Nosso @ cinemanosso_rj 112 25. Sociedade Brasileira de Belas Artes - SBBA Instituição cultural de natureza privada, fundada em 1910, pelo artista Aníbal Mattos com o nome de Centro Artístico Juventas. Em 1919 teria seu nome mudado, pelo que permanece até os dias de hoje. Reduto da arte acadêmica há anos, a Sociedade mantém diversas atividades. Além do importante acervo de quadros e esculturas, representativo da arte brasileira, e uma biblioteca com cerca de 3000 livros, a sociedade oferece aos associados e ao público em geral, diversos cursos de pintura e escultura. A sede da Sociedade ocupa, após décadas de muitas mudanças de endereço, o belíssimo casarão colonial, conhecido como o Solar do Marquês do Lavradio, desde 1967. Entre os cursos que promove estão: ▪ Curso de Desenho; ▪ Curso de Pintura; ▪ Curso de Escultura; ▪ Curso de Restauração. Funcionamento: segunda a sexta, das 13h às 18h30 Rua do Lavradio, 84 – Lapa CEP: 20230-070 Tel.: (21) 2509-6718 / 2509-7079 Website: http://sbba.valabol.uol.com.br O imóvel que abriga a SBBA é um imponente imóvel que foi construído para ser a residência do Vice-Rei do Brasil, o Marquês do Lavradio, em 1765. Ao longo de sua existência o imóvel já abrigou diversos órgãos públicos, como a Casa da Suplicação, o Tribunal da Relação, Tribunal do Desembaraço e outros, e depois, uma série de outras ocupações na República. Depois de muitos anos abandonado, foi cedido à sociedade em 1967. Desde o início de 2012, o imóvel passa por uma reforma e restauração financiada pelo Ministério da Cultura/IPHAN. A fachada atual é uma composição eclética resultado de reforma sofrida no século XIX, contudo, seu interior continua praticamente em estilo arquitetônico colonial. 113 26. Centro de Artes Cênicas – CTAC O CTAC é uma instituição pública de caráter técnico da Fundação Nacional de Artes – Funarte voltada para as áreas técnicas de infraestrutura das artes cênicas (cenotécnica, cenografia, arquitetura cênica, indumentária, administração e produção teatral), tendo como objetivos o resgate, a reciclagem, a organização e difusão de conhecimentos técnicos. A escola técnica do CTAC procura capacitar jovens, e ou todo aquele sujeito que deseja aprender técnicas de cenografia que ao longo dos anos sempre foram assimiladas apenas pela prática do dia a dia por aqueles que tinham oportunidade de ingressar em alguma companhia, teatro, televisão e outros. Os cursos ofertados são ministrados por instrutores de renome no cenário nacional e, a partir de 2012, as oficinas ganharam um novo formato, sendo divididas em dois módulos, o básico e o avançado. Um módulo para novos interessados em artes cênicas e o outro para reciclagem de profissionais mais experientes. O programa de oficinas do CTAC valoriza a qualificação dos profissionais do chamado “backstage” e contribui para o desenvolvimento específico da área e para a troca de experiências e relatos. Os cursos oferecidos que incluem noções teóricas e práticas são: ▪ Oficina de Sonoplastia; ▪ Oficina de Cenografia; ▪ Oficina de Iluminação Cênica ▪ Oficina de Figurino Funcionamento: segunda a sexta, das 9h às 18 h. Rua do Lavradio, 54 – Lapa CEP: 20230-070 Tel.: (21) 2279-8122 / 2279-8190 / 2279-8188 Website sobre o CTAC: www.ctac.gov.br Website sobre os cursos: www.funarte.gov.br/teatro E-mail: [email protected] e [email protected] Facebook: Funarte Twitter: Funarte @Funarte 114 27. Portal de Acesso à Arte É uma escola de arte criada, em 2002, pela senhora Rubenita Portal, daí o nome da escola, inicialmente com o objetivo de ajudar as colegas de trabalho do IBGE que após aposentadoria encontravam-se em depressão por perda de funcionalidade e algumas pela viuvez. Arte e pintura como terapia ocupacional. Devido ao grande número de pessoas interessadas pelos cursos, a escola abriu suas portas a todos e a todas as idades. Hoje, dez anos depois de sua abertura, já passaram pelos ateliês cerca de 3.000 pessoas. Pelo menos uma vez por ano é realizada uma exposição para apresentar e divulgar ao público os objetos feitos durante o ano pelos alunos. Os cursos e oficinas de trabalhos manuais e artesanato que promove são: ▪ Pintura em Tela; ▪ Mosaico; ▪ Boneca Country; ▪ Pintura em Vidro e Porcelana; ▪ Técnicas diversas de decoupagem. A escola encontra-se no mesmo imóvel da Associação dos Ex-Combatentes na Rua do Lavradio. Ocupando o 2º andar desse imóvel de três pavimentos, preservado e uns dos mais antigos da rua. Funcionamento: de 2ª a 6ª feira, das 9 h às 18 h. Rua do Lavradio, 40 – 2º andar Tel.: (21) 2232-3838 CEP: 20230-070 E-mail: [email protected] 115 28. Sociedade Brasileira de Música Sacra A sociedade é uma instituição com princípios adventistas de ensino de música. No início, em 1999, quando iniciou suas atividades ensinava apenas músicas cristãs, mas atraía poucos interessados. O repertório foi aumentado, e hoje, vai da música popular brasileira ao pop internacional, sem deixar de lado o repertório de música sacra. Promovem cursos de música com aprendizado em alguns instrumentos musicais e teoria musical. A sociedade oferece bolsas de estudo para carentes que são atendidos por algumas instituições localizadas na Lapa e no seu entorno. Os cursos oferecidos são abertos a todas as idades. Dentre eles destacam-se: ▪ Aprendizado em Violão; ▪ Aprendizado em Piano; ▪ Aprendizado em Violino; ▪ Aprendizado em Teclado; O imóvel da escola é uma das mais antigas construções localizada na Rua do Lavradio. Tem três pavimentos e, segundo relatos, foi uma senzala no século XIX. Após anos de abandono o imóvel foi ocupado em 1954 pela Associação dos Ex-Combatentes, que permanece até hoje ocupando parte do imóvel. Todo o prédio pertence ao RIOPREVIDÊNCIA e faz parte do patrimônio público imobiliário do Estado do Rio de Janeiro e, está em regular estado de conservação. Funcionamento: de 2ª a 5ª feira, das 8 h às 20 h, e 6ª feira, das 8 h às 16 h. Rua do Lavradio, 40 – 1º andar. CEP: 20230-070 Tel.: (21) 2242-9224 / 8004-6402 E-mail: [email protected] 116 ÍNDICE REMISSIVO A Acervo Musical 12 Quadros 34 Afro 11, 17, 18 Aluandê Capoeira 31 Apresentação teatral 7, 9, 14, 15, 16, 23, 25, 26 Arcos, rua 19, 21, 23, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31 Arcos Digital Filmes 27 Armazém Companhia de Teatro 25 Associação 17, 23, 26 Audiovisual 27, 33 Augusto Boal 14 B Bailarinos 13 Ballet Clássico 13 Bando Filhotes de Leão 7, 8 Biblioteca 12, 34 Brincadeiras de Roda 7 Brinquedos Populares 7 Curso de Informática 19, 28 Inglês 19 Interpretação 9, 15, 19, 25, 26 Música 12, 34 Mosaico 36 Piano 37 Pintura 34, 36 Pré-vestibular 18 Profissionalizante 13, 21, 25 Reforço Escolar 19 Restauração 34 Som 12, 27, 32, 33 Teatro 7, 8, 9, 10, 14, 15, 16, 25 Teclado 37 Violão 37 Violino 37 Curso Qualificação 9, 10, 16, 23, 25, 26, 27, 29 D Damas em Cena 9 Dança 10 Direção Teatral 13, 17, 19, 29, 30 C E Capacitação profissional 11, 13, 23, 26, 27, 35 Capoeira 19, 31 Casa de Cultura Brasil-Nigéria 18 Hombu 15 Casa Gira Mundo 7, 8 CDI Comunidade 28 Celina Sodré 9, 10 Centro de Artes Cênicas 35 Teatro do Oprimido 14 Cinema 7, 9, 18, 33 Circo 21, 23, 26 Circo Voador 19 Comicidade 26 Contação de história 7 CTO Rio 14 Curso de Acrobacia 19, 23, 26 Bartender 32 Bonecas 36 Cabeleireiro 11 Cinema 27, 31 Dança 15, 17, 19, 29, 30 Decoupagem 36 Desenho 34 DJ 32 Escultura 34 Iluminação 32 Encontro de artistas 7 Ensaios 7, 8, 9, 10, 14, 15, 16, 17, 18 Escola 12, 13, 27, 35, 36, 37, 33 Escola de Dança 13 Música 12, 37 Espaço Cultural 7, 9, 15, 17, 19, 21 Espetáculos teatrais 7, 9, 14, 23, 25, 26 F Fábrica do Ator Excêntrico 8 FEBARJ 17 FEKS 8 Filmes 7, 9, 21, 27 Formação de ator 9, 14 Fundição Progresso 21, 23, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31 G Graffiti 21 Grotowski 10 Grupo de teatro 8, 9, 10, 15, 16, 23, 25, 26 H História da música brasileira 12 Hombu 15 I Informática 19, 26 117 Instituto do Ator 9 Instituto Palmares 18 Instituto Tá Na Rua 16 Intercâmbio7, 8, 15, 18, 26 Interpretação 10 Intrépida Trupe 23 Pós-graduação em música 12 Produtora 27, 33 Produtora Escola Cinema Novo 33 Projeto Casa da Inovação 7 Projeto Damas 9 Projeto Social 7, 9, 19, 21, 23, 27, 28 J R Jerzy Grotowski 9 Joaquim Silva, rua 19 Radio Madame Satã 11 Rezende, rua 33 Riachuelo, rua 32 Rio Maracatu 29 Rio Rock Blues Club 32 Roberta Flávia Dança Contemporânea 31 L Lapa, rua da 7, 8, 9, 10, 11 Lavradio, rua do 34, 35, 36, 37 Literatura Fantástica 8 M S Núcleo de pesquisa 9, 10 Sala de Concerto 12 Seminários 7, 14, 26 Shows 19, 21 Sociedade Brasileira de Belas Artes 34 Música Sacra 37 Solar do Marquês do Lavradio 34 Stanislavski 10 Studio 10 O T Oficina de Acrobacia 19, 23, 26 Cenografia 35 Cinema 27, 33 Circo 21, 23 Confecção de Brinquedos 7 Contação de História 7 Criação Literária 7 Dança 15, 17, 19, 29, 30 Dramaturgia 14, 16, 25 Figurino 35 Formação de Palhaços 7, 26 Graffiti 21 Iluminação 35 Literatura 7, 21 Música 7, 21 para Atores 7, 8, 9, 15, 14 Percussão 15, 17, 19, 29 Sonoplastia 35 Teatro 7, 8, 9, 14, 15, 16, 19, 21 Tá Na Rua 16 Teatro 7, 8, 9, 10, 14, 15, 14, 23, 25, 26 Teatro Cabaré 26 Circense 23, 26, de Anônimo 26 Fórum 14 infantil-juvenil 15 Oprimido 14 Training físico e vocal 9 Travestis e transexuais 9 Manicure 11 Maracatu 29 Mem de Sá, avenida 15, 16, 17, 18 Montagem de espetáculos 8, 9, 14 Música 7, 12, 29, 37 N P Palestras 7, 14 Palhaço 7, 26 Passeio, rua 12 Poesia 8, 15, 18 Ponto de Cultura 16, 19, 21, 26 U Universidade 12 V Vanguarda russa 8 Visconde de Maranguape, rua 13 W Workshop 7, 9, 27 118 CONCLUSÃO A proposta deste trabalho foi realizar um levantamento dos artistas, grupos e instituições, seus cursos e oficinas artísticas e culturais, profissionalizantes ou não, que desempenham há anos um papel importante no processo de “revitalização” da Lapa. Os dados coletados e analisados surpreenderam pela quantidade de ações, comprometimento e dedicação com que desempenham o papel de disseminadores de cultura, e principalmente, pela descoberta de um número expressivo de jovens de classes menos favorecidas atendidas pelas iniciativas. Na busca pela conclusão desse trabalho consideramos que algumas perguntas já foram respondidas ao longo da dissertação. No entanto, destacamos aqui como contribuição para possíveis outros trabalhos acadêmicos que consideramos a revitalização da Lapa como um processo ainda em aberto, face da quantidade de problemas apresentados por aqueles que moram, trabalham e frequentam o bairro. Calçadas mal conservadas, esgoto correndo junto ao meio-fio, crianças abandonadas e cometendo pequenos furtos, população de rua, tráfico de drogas a luz do dia, prédios em risco de desabamento e a falta de uma política pública para manutenção e permanência de dezenas de atividades culturais que beneficiam a população local, do entorno e também de muitas outras partes da cidade do Rio de Janeiro. Atualmente as instituições contam com pouco ou quase nenhum apoio para manutenção de suas atividades, salvo algumas com patrocínio de estatais do governo federal ou por ser Ponto de Cultura. As que ocupam imóveis públicos deparam-se com dificuldades para permanecerem nos imóveis cedidos. Os imóveis pertencentes ao Patrimônio Imobiliário do Estado do Rio de Janeiro localizado na Lapa, disponibilizados por cessão de uso a diversas instituições culturais passaram a incorporar a carteira imobiliária do RIOPREVIDÊNCIA com a finalidade, segundo Lei Estadual 3.198/99, de aumentar a poupança para o pagamento de benefícios previdenciários atuais e futuros dos funcionários públicos estaduais. Visando à obtenção de renda para capitalizar o Fundo, realizaram reavaliações de taxas de ocupação, principalmente, nos imóveis da Lapa agora valorizados pelo enobrecimento do bairro, e colocaram muitas das instituições que fazem uso desses imóveis e estão no bairro desde o início da revitalização contra a parede. Ameaçando-as inclusive, com despejo caso não aceitassem os novos valores, sem ao menos levar em conta que os artistas, grupos e instituições ocupam os imóveis desde quando estavam em péssimas condições 119 estruturais. Esses atores sociais investiram dinheiro próprio na recuperação dos imóveis e se atualmente estão valorizados é devido ao esforço de anos de trabalho que conduziram a Lapa ao estágio que hoje se encontra. Este aumento de custo ameaça a continuidade de inúmeros projetos socioculturais. Essa atitude da Rioprevidência, querer que os ocupantes paguem “preço de mercado” se quiserem permanecer no local, sinaliza uma mudança na política de ocupação dos antigos casarios. É a transformação da Lapa em um shopping a céu aberto, a mercantilização da cultura, visto que atividades comerciais e os grandes empresários é que podem bancar preço de mercado. O que aparenta ser, como sustenta Paulo César, Presidente da FEBARJ, mais uma forma de exclusão social na Lapa134. O diretor de teatro Amir Haddad, do grupo Tá Na Rua, também coloca: “As condições de vida cultural das pessoas já são tão difíceis. Você recebe um imóvel, investe, e de repente você ter que pagar um aluguel de mercado, é te obrigar a colocar ali atividades de mercado também” 135 . A própria Fundição Progresso viu-se impossibilitada de aumentar os projetos sociais e dedicar-se mais a atividades lucrativas, entende-se “shows”, para honrar os novos valores cobrados de taxa de ocupação sem repassá-los para as diversas instituições que abriga em seu interior. Muitas discussões, mobilizações, união, resistência e apelos ocorreram nesses últimos anos. Até que finalmente, em 2010, conseguiu-se para aqueles que ocupam os imóveis do Corredor Cultural, desenvolvem projetos sociais e não tem como arcar com esse aumento de custos, a renovação dos contratos de permissão de uso para ocupação dos imóveis pelo período de dez anos, podendo ser prorrogado, um acordo com o governo do Estado do Rio de Janeiro. Já aqueles que ocupam imóveis particulares não têm a mesma sorte. É o lado perverso do enobrecimento de áreas históricas até pouco tempo degradadas. Valorização patrimonial e especulação imobiliária. Então, deparamos com um dilema. Ao mesmo tempo em que nos discursos políticos cita-se dar acesso à maior parte da população aos produtos, serviços e eventos culturais e inserir nossos artistas populares e, principalmente, os nossos micros e pequenos produtores culturais no mercado, e não ter políticas culturais que respaldem essas atividades na Lapa é inverter totalmente o sentido das coisas. 134 CÉZAR, Paulo. Entrevista ao jornal INVERTA. Disponível em: <http://inverta.org/jornal/ediçãoimpresa/285/especial/folder_contents/>. Acesso em 16/07/2012. 135 HADDAD Amir, ibidem. 120 Durante a dissertação mostramos o quanto o processo de transformação do bairro, através da “revitalização” foi importante para Lapa que se encontrava degradada e abandonada. A princípio, um processo que trouxe muitas melhorias, contudo, a revalorização observada atualmente está trazendo cadeias de entretenimento e restaurantes famosos embalados pela evocação da tradição de boemia e sucesso de alguns empreendimentos. Neste momento a Lapa encontra-se inserida no roteiro das noites cariocas do turismo e entretenimento como ambiente pretensiosamente ligado às raízes do Rio de Janeiro. Muitos dos lugares são iguais aos da zona sul, mas na Lapa adquirem caricaturas e nomes da boemia e malandragem rotulando-os de genuinamente ou tipicamente cariocas. Os esforços iniciais em dar ao processo de revitalização um caráter cultural por meio da apropriação dos espaços por artistas, grupos e instituições que disseminam arte e cultura vem sendo anulado pela montagem do cenário noturno da “Lapa Boêmia” para o turismo e lazer. A Lapa diurna da cultura, geradora de emprego e renda para atores sociais e culturais está sendo esquecida e corre riscos nesse processo, se algo não for feito. A saída das instituições culturais para outros lugares poderá tornar a Lapa “um lugar do espetáculo noturno”. O processo de revitalização da Lapa não pode se pautar apenas na atual tendência de valorização do passado. E necessário à valorização das atividades culturais do cotidiano diurno para que se mantenha o lugar com vida e movimentado durante todo dia, senão durante o dia voltará a ser um lugar de passagem com os estabelecimentos noturnos fechados e apenas alguns restaurantes funcionando para o público que trabalha no bairro ou próximo. As atividades culturais diurnas atendem a pessoas de todas as partes da cidade do Rio de Janeiro, e municípios do entorno, mas particularmente são uma alternativa de lazer e educação para a população residente. Apesar do bairro não ter um contingente de habitantes que possa chamar de bairro residencial, não podemos esquecer que seu entorno é bastante habitado e a função habitacional pode aos poucos voltar com outros empreendimentos residenciais como o Cores da Lapa. A revitalização de áreas degradadas se sustenta com políticas que valorizem a função residencial. Cabe destacar, portanto, que devemos pensar na Lapa e seu processo de requalificação em dois momentos. O do lazer e entretenimento noturno e o das atividades educacionais e culturais diurnas, e como uma pode complementar a outra. É muito importante que não se apague a Lapa decadente e as mazelas que ainda são percebidas em algumas ruas e locais, mais evidentes nos horários diurnos quando moradores que não têm condições de participar do lazer noturno elitizado estão mais 121 presentes na rua. O processo de revitalização deve ser repensado e os moradores devem ser beneficiados também, com políticas públicas sociais e culturais. Os gestores municipais e estaduais deveriam tratar os amplos e complexos problemas sociais na Lapa e no entorno, da mesma forma que tratam a “revitalização urbana” e propor um projeto de “revitalização social”. Um processo democrático de renovação urbana deveria pensar em todos aqueles que compõem o universo do lugar. Nesse sentido é importante que autoridades públicas percebam o quanto as atividades diurnas são importantes para população de baixa renda, particularmente, estudantes da rede pública, para a população local e do entorno da Lapa. É o público mais beneficiado pelas atividades educacionais e profissionalizantes disponibilizadas por meio de bolsas de estudo por instituições que se preocupam com uma contrapartida social como ideologia de vida, onde o apoio oficial é pouco ou quase nenhum. As ações implementadas pelas instituições culturais proporcionam inúmeros resultados positivos para aqueles que são atendidos e precisam ser divulgados. Não existem mecanismos de divulgação desses números. Na pesquisa de campo muitas das instituições não sabiam informar quantos se formaram ou passaram pelas atividades culturais e projetos sociais. Demonstrando que essa informação não é buscada e não representa o que seria um fator de diferencial, além dos conteúdos, formas e valores dessas atividades, para com as puramente comerciais do lazer noturno. Diante do exposto, concluímos ser necessária a união dos atores sociais e culturais das instituições, para unidos formarem um grupo de discussão dos rumos da Lapa e aonde se quer chegar. Formulamos o guia informativo dos artistas, grupos e instituições, seus cursos e oficinas, como instrumento de divulgação desses importantes atores sociais e suas atividades culturais do cotidiano do lugar. Instrumento este que para sua produção poderá proporcionar a aproximação, união e formação de um grupo representativo das instituições. Em nosso estudo concluímos que o processo de revitalização, renovação, requalificação ou reabilitação da Lapa, mesmo tendo sido iniciado com iniciativas culturais que procuravam beneficiar o público em geral, particularmente, os moradores do lugar e seu entorno, por meio de projetos socioculturais nas diversas instituições culturais que se instalaram na Lapa, tem seus efeitos de gentrificação. Onde observamos uma mobilidade social e espacial e o poder público direcionado no sentido de favorecer 122 a revalorização do espaço urbano em associação a interesses privados vinculados ao turismo, ao capital imobiliário e a empreendimentos comerciais. Devemos estar atentos porque não basta resgatar o passado para o sucesso de empreendimentos de renovação urbana como o que vem ocorrendo na Lapa. A memória da cidade é produzida a cada dia. E um bairro como a Lapa recheado de tempo vivido por seus transeuntes e habitantes é preciso registrar as memórias coletivas que estão vivas no cotidiano do lugar e que auxiliarão a compreender no futuro aquelas que se considerarão importantes para o resgate desse nosso tempo, da sociedade ou cidade. E para tal esperamos ter contribuído com este trabalho sobre uma parte importante da cultura local pouco citada. 123 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU, Maurício de A. A Evolução Urbana da Cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: IPLANRIO, 1997. 2ª ed. _______. Da habitação ao habitat: a questão da habitação popular no Rio de Janeiro e sua evolução. Revista Rio de Janeiro, n.10, maio-agosto, 2003, p. 35-63. ANDRADE, Carlos F. S. L. Os projetos para a Esplanada de Santo Antônio, em três décadas da Revista de Engenharia, da Prefeitura do Distrito Federal. Disponível em: <http://www.docomomo.org.br/seminario%208%20pdfs/157.pdf>. Acesso em 01/07/2012. ANDRADE, Moacyr. Lapa: alegres trópicos. 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Casa Gira Mundo: Fábrica de Artes e Variedades136 A Casa Gira Mundo é um espaço cultural idealizado por um grupo de artistas que se formou no Rio, em 2008. A realização do ideal de ter um espaço de trabalho e criação artística ocorreu após a formação de uma associação pelos artistas e locação do imóvel na Lapa, em 2010. A Casa tem uma linha de ação pautada na Arte, na Cultura Popular, na Criatividade de tecnologias sociais, na Economia Criativa, na Interatividade de coletivos. E entre os objetivos da instituição estão à capacitação e o intercâmbio com artistas de diversas linguagens e cidades. Além de local de trabalho do grupo Bando Filhotes de Leão, o espaço serve de “residência cultural” para que outros artistas de dança, música, teatro ocupem bimestralmente o espaço, utilizando-se de sua estrutura para desenvolvimento de pesquisas e práticas que ao final de dois meses, são apresentados ao público. A programação e as atividades são bastante variadas de acordo com o mês e visam oferecer cursos, oficinas, intercâmbio, palestras, seminários, workshops, exposições, feiras de moda e artesanato, cine-club e apresentações de teatro. Dentre os cursos e oficinas oferecidos, destacam-se: ▪ Seminário de Economia Criativa; ▪ Oficina de Formação de Palhaço com profissionais convidados; ▪ Oficinas de Música para tocar pandeiro, gaita, sanfona e rabeca; ▪ Encontro de Artistas para criação de uma história e apresentação ao público. A instituição desenvolve um projeto social denominado Projeto Casa da Invenção, direcionado para estudantes de escolas públicas, que por meio de contação de história, apreendem literatura, e pela oralidade, apreendem e vivenciam antigas brincadeiras de roda e a confecção de brinquedos populares. Quando também são exibidos filmes e realizadas rodas de conversas com pais e professores. As oficinas oferecidas nesse projeto social são: ▪ Oficina de Criação Literária ▪ Oficina de Contação de Histórias ▪ Oficina de Confecção de Brinquedos Populares 136 Informações fornecidas ao autor em entrevista com a atriz e integrante da direção da instituição Isabel Viana. 132 2. Bando Filhotes de Leão 137 Grupo profissional de teatro formado, em 2008, com o intuito de desenvolver pesquisas sobre intervenção urbana, perfomance e teatro de excentricidades. Em seu primeiro ano, montou o musical de rua “O Califa da Rua do Sabão”, de Arthur Azevedo. Depois montou a leitura performática “O Bailado do Deus Morto”, com texto de Flávio de Carvalho. Em 2009, criou a instalação cênica “Relicário” inspirado na literatura realista-fantástica da América Latina. No final de 2010 deu início à pesquisa do segundo espetáculo da trilogia do Fantástico “Beco do Bandeira” inspirado na obra de Manuel Bandeira. Agora em 2012 iniciará estudos e experimentações para o terceiro espetáculo da trilogia, com título provisório: "Tlom- o universo visível é uma ilusão". O grupo tem sua sede na Casa Gira Mundo na Lapa, desde 2010, que além de ser local para ensaio, tem como atividades complementares o intercâmbio por meio de oficinas com outros artistas e grupos teatrais e apresentações. O grupo aprofunda as práticas e investigações sobre o “excêntrico” e o método da montagem de atrações inspirados pela FEKS (Fábrica do Ator Excêntrico), onde os elementos espaço, objeto e figura são componentes catalisadores dos potenciais poéticos da cada quadro que montam, tendo como força criativa a poesia e a literatura fantástica. Este método foi desenvolvido, em 1920, pela vanguarda russa para trabalhar com jovens de 18 a 24 anos, a arte como elemento transformador da sociedade. As oficinas e as apresentações desse trabalho são gratuitas. O objetivo é o aprofundamento no processo de criação coletivo e colaborativo. Oficinas que são oferecidas pelo grupo: ▪ Oficina de intercâmbio para artistas profissionais. 3. Instituto do Ator138 A instituição foi criada em 2008 com intuito de realizar pesquisas e experimentação sobre o teatro e a arte do ator, ser um espaço de apresentações de trabalhos teatrais, além de, ser um espaço para ensaios e estudos teóricos e práticos, sempre voltados para a arte representar, seu aprimoramento e especialização. 137 Informações fornecidas ao autor em entrevista com a atriz e integrante do grupo Bando Filhotes de Leão, Isabel Viana. 138 Informações fornecidas ao autor em entrevista com a assistente de direção, Carolina Caju. A 133 coordenação é desenvolvida por um grupo de atores e diretores do Grupo Stanislavki que formam uma associação. O instituto foi aberto pela necessidade de se ter um local fixo para fazer pesquisas, ensaios e realizar de oficinas de capacitação. Localizado em um antigo casarão o instituto conta com dois salões multiuso que funcionam como teatro e local para as oficinas de teatro. As principais atividades que promove são espetáculos teatrais, oficinas de aperfeiçoamento de atores, workshops de teatro (produção, atuação, direção e outros mais), sessões de cinema com filmes ligados ao teatro ou filmes antigos correlacionados com a temática, e grupo de estudo com leituras de textos de Jerzy Grotowski, com a orientação da diretora e pedagoga Celina Sodré que comanda o instituto. Os cursos que oferecem são oficinas e práticas de qualificação profissional, dentre eles: ▪ trabalho de interpretação individual, dupla e pequenos grupos; ▪ núcleos de pesquisa para desenvolver diversas reflexões sobre a arte do ator; ▪ training físico e vocal. O Instituto desenvolve o trabalho social “Damas em Cena” dentro do projeto social da Prefeitura “Projeto Damas” que busca dar apoio psicológico e prepara jovens travestis e transexuais para inserção na sociedade e no mercado de trabalho. O instituto é executor de um trabalho prático e teórico de formação de ator e montagem de espetáculos teatrais com esse grupo. 4. Studio Stanislavski139 Companhia de teatro dirigida por Celina Sodré que se formou em 1991 com o intuito de ser um centro de pesquisa e formação teatral onde se investiga a narrativa a partir do método das ações físicas de Stanislavski140 e o conceito de Memória Física de Grotowski141. Stanislavski passou sua vida a sistematizar um conjunto de regras, diretrizes e exercícios que pudessem dar a qualquer ator o instrumento com o qual pudesse desenvolver sua interpretação da forma melhor possível, além de conseguir o total controle físico sobre si mesmo. As pesquisas desenvolvidas pelo Studio Stanislavski ajudaram a criar e produzir mais de 30 espetáculos apresentados em 139 Informações fornecidas ao autor em entrevista com a assistente de direção, Carolina Caju. Método de interpretação do ator e da atriz desenvolvido na arte dramática pelo teatrólogo, diretor e ator russo, Constantin Stanislavski, no final do século XIX e começo do XX. 141 Diretor polonês, discípulo de Stanislavski, desenvolveu experiências práticas a partir de alguns termos, procedimentos e noções vindas de Stanislavski, reviu o conceito das ações físicas, e criou soluções criativas ao trabalho do mestre que nunca conheceu diretamente. 140 134 temporadas e festivais no Brasil e no exterior. A diretora da companhia, Celina Sodré, também é professora de interpretação da CAL – Casas das Artes de Laranjeiras, famosa instituição cultural de formação de atores. O grupo Studio Stanislavski tem como sede, desde 2008, o Instituto do Ator na Lapa, e promove cursos de qualificação para atores e grupos de artes cênicas, em que se destaca o de: ▪ aperfeiçoamento e especialização para interpretação e direção teatral tendo como base os trabalhos de Stanislavski e Grotowski. 5. Rádio Madame Satã142 A Rádio Madame Satã é a rádio comunitária da Lapa em atividade desde 1999, e posiciona-se na FM 92.1. A rádio é um projeto da ONG ExCOLA que trabalha com crianças que estavam nas ruas do bairro. Na sua programação, além de música, programas noticiosos e dicas culturais. A rádio oferece por meio da ONG ExCola alguns cursos de capacitação profissional e geração de renda. Entre eles os cursos do Salão Escola de Beleza Afro para jovens do sexo feminino em situação de risco social. ▪ Curso de capacitação profissional de cabeleireiro na temática afro e manicure. 6. Escola de Musica da UFRJ - EMUFRJ143 A Escola de Música é a mais antiga instituição de ensino da música do Brasil. É uma escola pública que oferece curso de graduação, pós-graduação e cursos de extensão, e também, proporciona muita atividade cultural através de sua intensa produção artística através da Orquestra Sinfônica da UFRJ, da Orquestra Juvenil da UFRJ, do UFRJazz Ensemble, do Conjunto Vocal Brasil Ensemble – UFRJ, do Coral Infantil da UFRJ, além de tantos outros eventos que a casa acolhe. Entre o seu patrimônio está a Biblioteca Alberto Nepomuceno – BAN, que contem um rico acervo de obras raras, partituras manuscritas de música brasileira, arquivo musical e documentos históricos sobre a história da música brasileira, e que hoje, conta ainda com uma biblioteca virtual do seu acervo. A escola tem também o Salão Leopoldo Miguez, uma das mais importantes salas de concerto do País, onde se encontra um belíssimo 142 Informações obtidas disponíveis em: <http://www.excola.org.br>. Acesso em: 01/06/2012, e em entrevista por telefone com o Fábio Campos (DJ Mosca). 143 Informações obtidas disponíveis em: <http://www.musica.ufrj.br>. Acesso em: 03/06/2012, e em entrevista aplicada na secretaria de extensão. 135 órgão de tubos Tamburini. A origem da escola data de 1841 quando a Sociedade de Música solicitou ao governo imperial a criação de um Conservatório de Música. Com a Proclamação da República, em 1889, o Conservatório deu lugar ao Instituto Nacional de Música, sendo transferido em 1913 para onde hoje funciona a escola, à Rua do Passeio. Na década de 1920, um novo prédio é inaugurado com as feições que guarda até hoje e o instituto foi incorporado à Universidade do Rio de Janeiro. Em 1934, a universidade passa a chamar-se Universidade do Brasil e o Instituto Nacional de Música torna-se Escola Nacional de Música. A atual designação Escola de Música foi estabelecida em 1965 em Decreto do Governo Militar que transformou a Universidade do Brasil em Universidade Federal do Rio de Janeiro. Na década de 1970 evitou-se a demolição do prédio de aulas da Escola de Música, por ocasião da reurbanização da Lapa, que demoliu vários prédios vizinhos. Hoje a Escola, além dos cursos de graduação e pósgraduação, oferece cursos de extensão em música abertos ao público externo à universidade. Os cursos de extensão oferecidos são: ▪ Curso de Musicalização Infantil (para crianças de 6 a 8 anos); ▪ Curso Básico (para crianças e adolescentes, de 8 anos a 16 anos); ▪ Curso Intermediário (para adolescentes com idade mínima de 16 anos e adultos). 7. Escola Estadual de Dança Maria Olenewa144 Escola fundada em 1927 tendo como finalidade a formação de bailarinos profissionais. Em seu início a escola era em uma pequena sala no 3º andar do Teatro Municipal. Após longa trajetória e formação de muitos bailarinos, em 1975, a Escola foi oficializada como Escola Profissionalizante de 2º Grau, dando possibilidade aos alunos de obterem um Certificado reconhecido. No ano de 1977, a então diretora Lydia Costallat, encontra um velho prédio abandonado pertencente ao Estado no Largo da Lapa que é cedido para ser a sede da escola. E em 1978, a escola é transferida para este que seria sua sede própria e, onde permanece até os dias atuais. A Escola continua até hoje no seu objetivo principal: o de formar profissionais em dança, através de um curso rigorosamente técnico. Depois de idas e vindas desde sua fundação, a Escola voltou a pertencer ao Teatro Municipal do Rio de Janeiro em 1995. Hoje, seguindo a tradição de ser a primeira escola de dança clássica fundada no Brasil, continua trabalhando pelo 144 Informações fornecidas ao autor em entrevista com a diretora da escola, Maria Luisa Noronha. 136 padrão de qualidade em prol da dança brasileira, do aperfeiçoando na formação de bailarinos e de uma escola que se adapte às novas exigências do mundo globalizado sem perder suas características originais. Atualmente, a escola não se restringe apenas ao Ballet Clássico, constando do seu currículo várias formas de dança, além de diversas matérias teóricas, a fim de oferecer aos alunos outras opções para o atual mercado de trabalho. A Escola oferece cursos livres de: ▪ Curso Preparatório; ▪ Curso Básico; ▪ Curso Médio; ▪ Curso Adulto Iniciante. E o curso de formação para bailarino profissional: ▪ Curso Profissionalizante. Para ingresso no curso para se tornar bailarino profissional é feito um teste de aptidão. E a idade mínima exigida para inscrever-se no teste para seleção é de 8 anos. 8. Centro Teatro dos Oprimidos – CTO145 O CTO é uma associação sociocultural, um centro de pesquisa e disseminação que desenvolve metodologia específica do Teatro do Oprimido. Nos laboratórios, oficinas e seminários são elaborados e produzidos projetos socioculturais, espetáculos teatrais e produtos artísticos, tendo como alicerce a Estética do Oprimido. A história e a trajetória do CTO tiveram início em 1971, quando Augusto Boal, seu fundador, é preso e exilado. Após alguns anos percorrendo a América Latina sistematizando o Teatro do Oprimido enquanto metodologia de trabalho e de pesquisa chega à Europa. Estabelecese primeiro em Lisboa, e depois em Paris, onde funda o CTO-Paris, em 1979. Em 1986, retorna ao Brasil convidado por Darcy Ribeiro, então, Secretário de Educação do Estado do Rio de Janeiro, com o objetivo de tornar a linguagem teatral acessível a todos. A proposta de Darcy Ribeiro era implantar a Fábrica de Teatro Popular, um projeto de Boal para formação de multiplicadores do Teatro do Oprimido. Do primeiro grupo de animadores e educadores culturais capacitados por Boal, surgiu à ideia do CTO-Rio com direção artística do próprio Augusto Boal, com filosofia e ações que visam à democratização dos meios de produção cultural como forma de expansão intelectual de 145 Informações fornecidas ao autor em entrevista com o ator e curinga do CTO, Olivar Bendelak. 137 seus participantes, além da propagação do Teatro do Oprimido como meio para o fortalecimento da cidadania. O CTO põe em prática um Teatro-Fórum onde o espectador adquire voz e movimento, som e cor, e pode assim exprimir desejos e ideias: para isso foi inventado o Teatro do Oprimido146. Em 1993, o CTO consegue um imóvel do governo do estado na Lapa para ser sua sede por meio de cessão de uso, só sendo possível ocupá-lo totalmente com todas as atividades em 2001, após reformas. Hoje, o CTO-Rio é um espaço de convergência de ideias onde acontecem atividades culturais diversas como ensaios, laboratórios, oficinas, apresentações, seminários de dramatização, palestras, debates, exposições e mostras que compõem a pesquisa e o desenvolvimento da Estética do Oprimido. Entre os cursos e oficinas que o CTO oferece, estão: ▪ Curso de Formação Internacional: dramaturgia do Teatro Fórum; ▪ Curso de Formação Internacional: imagem, palavra e som; ▪ Oficina Arco-Íris do Desejo: técnicas mais introspectivas do Teatro do Oprimido; ▪ Seminários Raízes e Asas I: conceitos pedagógicos do Teatro do Oprimido; ▪ Seminário Raízes e Asas III: fundamentos teóricos da “Práxis Curinga”; ▪ Montagem de Espetáculo de Teatro-Fórum; ▪ Laboratório Madalenas: experiência cênica voltada para mulheres; ▪ Estética do Oprimido: Som. 9. Casa de Cultura Hombu147 A Casa de Cultura Hombu é um centro cultural e sede do Grupo de Teatro Hombu que há 35 anos dedica-se à infância e à juventude. O grupo de teatro é formado por atores, músicos e educadores que desde sua criação, em 1977, vem dedicando-se ao teatro para crianças e adolescentes, e tem nos seus textos sua maior preocupação, por serem suas peças direcionadas a um público infanto-juvenil. O grupo é referência e um dos mais antigos no Rio de Janeiro dedicado ao gênero. Há um estilo Hombu em suas peças infantis que nunca foi imitado, ressalta o diretor Amir Haddad, do grupo Tá Na Rua. Sua pesquisa de linguagem trabalha constantemente o intercâmbio entre a literatura, a música e o teatro. E a interdisciplinaridade educacional aparece no palco nas adaptações dos textos de escritores famosos como Carlos Drummond de Andrade, 146 147 BOAL, Augusto. O arco-íris do desejo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996. Informações fornecidas ao autor em entrevista com o ator Beto Coimbra. 138 Cecília Meireles, Lygia Bojunga, Guimarães Rosa e outros. O grupo estabeleceu-se desde 1993, em um antigo sobrado na Avenida Mem de Sá, na Lapa, onde hoje é a Casa de Cultura Hombu. O centro cultural, além de ser local de ensaios do grupo, promove eventos, recitais de poesia, festas fechadas para o pessoal de cinema e teatro, oficinas de dança, percussão e teatro. Às vezes ocorrem até cursos de culinária sobre cozinha brasileira. A casa tem dois ambientes, na frente, um grande salão onde funciona as sextas e sábados festas fechadas, e na parte de trás, um teatro para ensaios e apresentações do Grupo Hombu e grupos de fora. O teatro tem capacidade para 60 pessoas. A Casa de Cultura Hombu oferece cursos e oficinas para jovens, muitas delas com a participação dos pais. As oficinas são com integrantes do Grupo Hombu ou com outros que também utilizam o espaço cultural para essas atividades. São elas: ▪ Oficina de Teatro O Pano Azul, com textos de Cecília Meireles; ▪ Curso para Atores. 10. Instituto Tá Na Rua para as Artes, Educação e Cidadania148 Primeiro surgiu o Grupo Tá Na Rua a partir de um coletivo de atores em busca de espaços livres e abertos e a interação entre atores e expectadores, não encontrados entre paredes institucionalizadas das salas de espetáculos convencionais. O espaço aberto da rua era o palco alternativo que o grupo buscava para desenvolvimento do seu trabalho, fruto de uma insatisfação com os estreitos limites da atividade e da linguagem do teatro tradicional. Nos primeiros anos da década de 1980 o grupo vivencia intensa experimentação na rua e, simultaneamente, inicia oficinas teatrais para atores e nãoatores em vários espaços, festivais e eventos pelo Brasil afora. O grupo também montou espetáculos em teatros convencionais, mas sempre desconstruindo a linguagem da dramaturgia da sala de teatro tradicional. E, seguindo o caminho de investigação e de pesquisa por uma linguagem cênica para os espaços abertos, expandiu os limites das apresentações em rodas de rua e enveredou pelo universo dos grandes espetáculos e eventos populares, entre os quais o Carnaval. Em 1989 o grupo estreou no Sambódromo do Rio, organizando a histórica Comissão de Frente e o carro abre-alas repleto de mendigos no célebre enredo “Ratos e urubus larguem minha fantasia”, assinado por Joãozinho Trinta. Também fizeram diversas encenações de Cortejos e Autos pelo país, 148 Informações fornecidas ao autor em entrevista com ator do grupo Tá Na Rua, Herculano Dias. 139 movimentando milhares de pessoas nas ruas nessas encenações. O grupo ocupa desde 1993 um imóvel do Corredor Cultural na Lapa, cedido para uso pelo governo do Estado, e transformado em sede que, segundo Amir Haddad, em um momento em que a fama da Lapa era os assaltos, tráfico de drogas, mendicância, e prostituição. Em 1999 o Tá Na Rua constitui-se como ONG e passa a denominar-se Instituto Tá Na Rua para as Artes, Educação e Cidadania. E em 2004, o instituto é reconhecido pelo Ministério da Cultura como Ponto de Cultura. O sobrado é local de ensaios, festas, oficinas, apresentações teatrais, etc. Além das apresentações que o grupo faz na própria casa, seus integrantes e Amir Haddad promovem cursos de qualificação em artes cênicas, tais como: ▪ Oficina Desiniciação ao Teatro: oficina de formação de ator; ▪ Oficina Supernova: oficina despressurização corporal; ▪ Oficina Studio A: oficina para atores profissionais e estudantes de teatro. 11. Federação dos Blocos Afros e Afoxés do Rio de Janeiro – FEBARJ149 A FEBARJ é uma associação das entidades, grupos e instituições afros voltada ao trabalho de integrar e divulgar a cultura afro-brasileira, tendo como uma de suas bandeiras a luta contra a discriminação racial, social e de gênero. Em seu espaço cultural promove vários eventos com a finalidade de preservar, valorizar e expandir a cultura afro-brasileira utilizando atividades educacionais e culturais, sobretudo a música e a dança, como elementos de informação e de fortalecimento da identidade étnica. Promove bailes hip hop, apresentações dos blocos Orunmilá e Agbara e desenvolve oficinas de percussão, dança e ensaio para o público. A associação ocupa um dos imóveis germinados do Corredor Cultural na Lapa cedido pelo Estado desde 1993, contudo, devido às péssimas condições para uso à época, só foi possível realmente ocupá-lo e desenvolver as diversas atividades da associação em sua plenitude a partir de 2005, quando foi feito uma completa reforma de interior e cobertura e restauração da fachada. Atualmente, além das diversas atividades culturais, a associação oferece oficinas de: ▪ Oficina de Percussão ▪ Oficina de Dança Afro 149 Informações fornecidas ao autor em entrevista com o presidente do grupo afro Orunmilá, Paulo César Xavier. 140 12. Instituto Palmares de Direitos Humanos – Casa Brasil Nigéria150 O Instituto Palmares de Direitos Humanos – IPDH foi fundado em 2 de janeiro de 1989, por um grupo de negras e negros, com formação nas áreas acadêmica, artística, social, técnica e política, com o objetivo de exercer uma prática de excelência na luta pela superação do racismo, da discriminação e da intolerância. O instituto é uma organização que busca contribuir para a inclusão, inovação e integração comunitária e situar-se como referência histórica da população Afro-Brasileira e Indígena. O IPDH centra os seus esforços e recursos em iniciativas de desenvolvimento e promoção de inclusão social e no combate a discriminação racial, por meio de programas, projetos e ações próprias, ou em parcerias com outras organizações da sociedade civil, órgãos do governo, e com instituições multilaterais e agências globais de fomento e desenvolvimento. Essas articulações possibilitaram o atendimento a centenas de pessoas nas áreas de formação para o trabalho, educação, desenvolvimento sustentável, formação política, formação artística e organização para a autogestão comunitária. O IPDH ocupa um imóvel do Corredor Cultural na Lapa desde 1993, e como outros de um conjunto de sobrados germinados da Avenida Mem da Sá encontrava-se bastante deteriorado quando da cessão de uso pelo governo do estado. A partir da instituição do projeto do Distrito Cultural da Lapa iniciaram-se obras de recuperação do sobrado. E, em agosto de 2005 foi inaugurada a sede do IPDH, a Casa de Cultura Brasil Nigéria, com fachada, interior e cobertura totalmente recuperadas. Iniciava-se plenamente, então, um ciclo de atividades que promove ações de valorização cultural e de formação profissional. Esse ciclo foi interrompido em julho de 2010 devido a incêndio que destruiu parte significativa do acervo iconográfico e bibliográfico, assim como da estrutura física do imóvel. Interditado o imóvel pela Defesa Civil, o curso de prévestibular comunitário, os ensaios da Companhia Rubens Barbot Teatro de Dança, programa de intercâmbio, cinema do IDPH, recitais de poesia, e reuniões de diversos segmentos do movimento negro tiveram que sair temporariamente do local. Cursos que oferece neste momento: ▪ Pré-vestibular Comunitário: para negros e carentes. 150 Informações obtidas disponíveis em: < http://www.ipdh.blogspot.com.br>. Acesso em 04/06/2012, e em entrevista por telefone com Maria Catarina de Paula do Conselho Executivo da Casa Brasil Nigéria. 141 13. Circo Voador151 O Circo Voador foi um projeto criado para durar apenas um verão. Inicialmente suas tendas instalaram-se no Pontal da Praia Arpoador, em janeiro de 1982, pelos produtores culturais Perfeito Fortuna, Márcio Calvão, e Maurício Sette, entre outros, com o intuito de movimentar a cena cultural carioca com apresentações de astros da MPB e de novos grupos de rock. Com duração prevista somente para aquele verão, quando serviu de palco para artistas veteranos, como Chico Buarque e Caetano Veloso e os então novatos, Barão Vermelho, Blitz, dentre outros, três meses depois o Circo foi retirado da praia pela Prefeitura. Motivados pelo sucesso e a insistência de alguns produtores e colaboradores, o grupo buscou outro terreno para se fixar e dar continuidade ao projeto e, sete meses depois o Circo aportava na Lapa, em terreno cedido pela municipalidade junto aos Arcos, seu local desde então. O Circo trouxe a Lapa novamente ao noticiário, mas desta vez, por um projeto de vanguarda. A parceria entre o Circo Voador e a Rádio Fluminense trouxe aos poucos o público que lotava o espaço no Arpoador para a Lapa. Foram anos de trabalho, projetos sociais, e sucesso para o Circo se firmar como um dos mais importantes espaços culturais carioca, até 1996 quando teve seu alvará cassado por problemas políticos. Em meados de 2001, após movimento da sociedade artística em prol da reabertura do Circo, a prefeitura lança um concurso nacional de projetos de arquitetura para construção no local de um novo e moderno Circo Voador. A proposta era de um projeto que se baseasse na criação de formas e espaços dinâmicos com forte identidade sem, contudo, abandonar o despojamento, marca principal do Circo Voador original. Aprovado em 2001, a obra do projeto vencedor foi concluída em 2004. Depois de 8 anos fechado, o Circo reabre imponente e presente mais uma vez na vida cultural da Lapa. E hoje, é considerado um caso de sucesso e que, junto com a Fundição Progresso, formam os mais importantes espaços culturais da Lapa. O Circo é hoje um Ponto de Cultura, e além dos shows e festas, sua atividade principal, o Circo tem algumas atividades sociais, como a Creche do Circo que existe desde 1982 e atende a 80 crianças em horário integral. Outro projeto social do Circo, além da creche, é o ELA – Escola Livre de Artes, que inclui várias oficinas e cursos. Entre eles: ▪ Acrobacia Aérea; 151 Informações fornecidas ao autor em entrevista com coordenadora do MEC - Circo Voador, Débora Duarte. 142 ▪ Acrobacia de Solo; ▪ Capoeira Regional; ▪ Curso Samba de Mesa – curso de percussão; ▪ Danças de Salão com o Grupo Fábrica; ▪ Dança – Salsa e Zouk; ▪ Dança – Gafieira e Forró; ▪ Oficina de Danças Populares; ▪ Oficina de Ritmos Populares; ▪ Oficina de Teatro para a Melhor Idade; ▪ Oficina de Percussão com o Bloco Quizomba; ▪ Teatro e Dança Inclusivos da CIA Livre Acesso, para portadores de deficiência. Tem também o MEC - Movimento de Educação e Cultura, inaugurado em 2007. O MEC é outro projeto sociocultural do Circo Voador, localizado na Rua Joaquim Silva, também na Lapa, em uma casa que estava abandonada e foi totalmente reformada com recursos do próprio Circo Voador para abrigá-lo. A escola oferece cursos e oficinas para jovens e adultos da Lapa e comunidades carentes do entorno, com o objetivo de capacitar e atualizar as pessoas para o mercado de trabalho. Os cursos são mantidos por patrocinadores e parte do que é arrecadado na bilheteria do Circo. O MEC oferece cursos: ▪ Curso de Informática Básico e Avançado; ▪ Curso de Inglês e Espanhol; ▪ Curso de Português e Redação; ▪ Curso de Matemática. 14. Fundição Progresso152 A antiga e desativada Fábrica de Fogões e Cofres Fundição Progresso, construída em 1881, é hoje um dos centros culturais mais inovadores e importantes do Rio de Janeiro. Muitos conhecem a Fundição Progresso como casa de espetáculos por seus shows e festas. Mas, muitos ainda desconhecem que além de uma casa de shows o local é um centro cultural com muitos artistas, grupos, companhias e instituições de 152 Informações fornecidas ao autor em entrevista com a administradora do Centro Cultural Fundição Progresso, Marta Cavalcanti. 143 várias artes que têm ali sua sede ou local para ensaios, eventos, e instrução de cursos, oficinas e práticas artísticas e culturais. A ocupação do prédio que se encontrava abandonado começou em 1987, quando a Prefeitura e o Estado cederam para uso o prédio ao Circo Voador para extensão de suas atividades artísticas e culturais. O péssimo estado de conservação do imóvel, a falta de recursos, e a proposta inicial para espaço não fizeram a Fundição progredir. E foi justamente, a proposta inicial que levou o produtor cultural e sócio do grupo que administrava o espaço, Perfeito Fortuna, a afastar-se da sociedade. Perfeito retornou mais de uma década depois a cena cultural carioca, em março de 1999, após um período na Amazônia. E, em eleição ocorrida no período, foi aclamado presidente da ONG Fundição de Arte e Progresso. Ao assumir, ele chamou grupos artísticos diversos, alguns antigos parceiros dos seus tempos na administração do Circo Voador, para ocuparem a Fundição e desenvolverem suas propostas de trabalho. A proposta posta em prática, e em vigor até hoje, é o desenvolvimento de diversas culturas, experimentando e pondo ao alcance do público, iniciativas pioneiras, diferenciadas e autônomas nas áreas de arte, educação, e projetos sociais. A imensa determinação de um grupo de pessoas transformou esse monumento histórico num centro de cultura e educação. Várias obras, melhoramentos arquitetônicos, e medidas fundamentais de segurança foram executadas e a casa de espetáculos que também faz parte do conjunto arquitetônico foi completamente concluída com estrutura profissional condizente o porte do espaço. São vários os grupos profissionais e autônomos que ocupam os diversos espaços da Fundição como a Intrépida Trupe (teatro/circo), Armazém Companhia de Teatro (teatro), Teatro de Anônimo (teatro/circo), a Arcos Digital Filmes (vídeo/cinema), o Rio Maracatu (música/dança), Aluandê Capoeira Angola (capoeira) e tantos outros, que colocam ao público eventos, espetáculos, cursos, oficinas e práticas artísticas e culturais. Além desses grupos, alguns na fundição desde 1999, que desenvolvem um trabalho cultural e educacional, a própria Fundição Progresso tem um projeto sociocultural que envolve todos os artistas e educadores que atuam nesse espaço de cultura e inovação. O Núcleo de Educação e Cultura Fundição de Paz e Progresso – NEC Projeto Escola é um projeto da Fundição que oferece uma imersão artística dentro do centro cultural para alunos do 1º e 2º grau do ensino médio de escolas da rede pública com oficinas de música, teatro, graffiti, circo, filosofia e cenografia. 144 O objetivo do projeto é apresentar aos jovens os produtos culturais, identificar suas aptidões, desenvolver talentos, e colocar essa produção no cenário cultural da cidade do Rio de Janeiro. E, por meio de parcerias e solidariedade de muitos, esses jovens são encaminhados à profissionalização e ao mercado de trabalho. O NEC conta com patrocínio da ELETROBRÁS e com apoio institucional de FURNAS. O NEC também é Ponto de Cultura, por meio de convênio firmado com a Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro e o Ministério de Cultura. De acordo com a programação anual, os jovens podem escolher aulas entre os cursos: ▪ Oficina de Criação Poética; ▪ Introdução á Filosofia; ▪ Leitura e produção de textos e críticas; ▪ Mostras de filmes e debates; ▪ Tecnologia em Graffiti: fotografia, desenho, animação, gráfica, decoração de ambiente e graffiti; ▪ Lapa, Educação e Carnaval: oficinas práticas de arte, fantasia e cenografia; ▪ e mais todos os cursos ofertados pelos artistas, grupos, companhias e instituições radicadas nos espaços da Fundição Progresso. A Fundição Progresso tem outro projeto social que é a doação de mantimentos para diversas instituições sociais cadastradas. Esses mantimentos são arrecadados em todos os shows quando o público em geral paga meia-entrada portando 1 kg de alimento não perecível para doação. A Fundição Progresso Centro Cultural tem um dos galpões, como denominam os grandes salões, que não é usado permanentemente por apenas um grupo, e o administra para servir a várias atividades. O Espaço Atmosfera, um espaço multiuso localizado no segundo piso com capacidade de até 80 pessoas, para cessão ou locação de horários. Esse espaço tem como objetivo a circulação de conhecimento com a elaboração e produção de atividades artísticas e culturais que venham a resultar na socialização dos resultados para as comunidades. O espaço é utilizado por diversos profissionais, regularmente ou eventualmente, para cursos, oficinas e práticas artísticas e culturais, espetáculos de circo e teatro, shows, exposições, conferências, e outras formas de expressão e comunicação. Muitos profissionais que não têm sede fixa na Fundição ou em outro local têm o espaço atmosfera praticamente como sua sede em determinados horários, já que estão presente na Fundição com as suas atividades há anos nas horas que tem direito a uso. 145 15. Intrépida Trupe153 A Intrépida Trupe é uma associação de artistas de natureza privada que formou um grupo de teatro profissional que utiliza artes circenses de acrobacias aéreas com tecido, trapézios e outras modalidades de aparelhos, e acrobacias de solo, numa linguagem cênica bastante incomum. Tudo com muita expressão corporal, música e dança nas elaborações das coreografias e nas encenações teatrais. A Intrépida Trupe nasceu em 1986, no México, com a missão cultural do Circo Voador na Copa do Mundo. O grupo formou-se inicialmente de fragmentos da Escola Nacional de Circo da Praça da Bandeira, somados a algumas dançarinas do grupo Coringa, junto com atores do grupo Manhas e Manias e pelo designer da Banda Blitz. Passados 26 anos de existência, o grupo revolucionou a linguagem do circo no Brasil. Seus espetáculos mostram uma linguagem cênica fortemente inspirada no circo e na magia de seus desdobramentos, extrapolando a pura exibição técnica, para introduzir a dança, a música e o teatro, com humor e poesia. A Intrépida ocupa o seu galpão sede na Fundição Progresso, intitulado Espaço de Criação Intrépida Trupe, desde 1999, quando o produtor cultural Perfeito Fortuna assumiu a administração da Fundição. A ocupação desse espaço na Lapa transformou a trajetória do grupo, que com esse novo e amplo espaço para ensaiar e apresentar-se ao público pode colocar também em prática um dos seus objetivos específicos que era a disseminação das técnicas circenses aliadas a espetáculos teatrais. O espaço é composto por um grande salão multiuso que funcionam para os ensaios, cursos, e espetáculos do grupo. O salão tem cerca de 300 m² de área, pé direito de 7,5 m, e capacidade de público nos espetáculos de 220 espectadores. No dia a dia o salão é dividido em duas grandes salas para os cursos e ensaios. As principais atividades que promove são espetáculos teatrais e cursos. Os cursos que oferece são oficinas e práticas de iniciação e qualificação profissional. E já capacitaram, desde 2000, cerca de 10.000 pessoas. Os cursos oferecidos regularmente são: ▪ A Cobra na Bacia com Alexandre Souto, Rodrigo Garcez, Rafael Rocha e Vanda Jacques. Público alvo: crianças e adolescentes; ▪ Práticas Acrobáticas Aéreas com Rafael Rocha. Para jovens e adultos; ▪ Laboratório do Corpo Aéreo com Julio Nascimento. Para jovens e adultos; 153 Informações fornecidas ao autor em entrevista com as fundadoras e diretoras da Intrépida Trupe, Vanda Jacques e Beth Martins. 146 ▪ Acrobacia Aérea com Carol Cony. Para jovens e adultos; ▪ Técnica e criação em Acrobacia Aérea com Leonardo Senna. Para jovens e adultos; ▪ Acrobacia de Solo com Rodrigo Garcez. Para jovens e adultos; ▪ Tecido, Trapézio e Dinâmica de Movimento com Camila Moura. Para jovens e adultos; ▪ Dinâmica Acrobática com Guilherme Veloso. Para jovens e adultos. A Intrépida tem um projeto social denominado “Programa Intrépida Social” que é voltado para jovens de 16 a 25 anos, de baixa renda, residentes nas localidades Lapa e seu entorno, matriculados ou ter concluído no mínimo o ensino fundamental na rede pública de ensino. É um programa de iniciação em artes circenses por meio de oficinas gratuitas. O projeto oferece 70 bolsas de gratuidade e faz parte do Prêmio Funarte/Petrobrás Carequinha de Estímulo ao Circo. Os cursos do Programa Intrépida Social são: ▪ Acrobacia Aérea, Acrobacia de Solo e Técnicas de Montagem Circense. 16. Armazém Companhia de Teatro154 O Armazém Companhia de Teatro foi formado em 1987, em Londrina. Mudou-se para o Rio no início de 1998, e logo, consegue um espaço para sua sede na Fundição Progresso. Depois disso, já em meados de 2000, obteve patrocínio da Petrobrás Distribuidora para manutenção da companhia. A Companhia sempre buscou seus principais objetivos, manter um núcleo permanente de criação (atores, figurinistas, cenógrafos, músicos) que propicia crescimento artístico e uma integração na proposta de novos desafios, e seguir um trabalho de formação de público com espetáculos onde a diversão e filosofia são a tônica dominante. Sob a direção de Paulo de Moraes a companhia busca sempre o aprimoramento de sua linguagem própria, seu jeito de falar das coisas, a sua identidade de palco, construindo uma dramaturgia própria e proporcionando uma discussão relevante sobre o homem contemporâneo. A companhia oferece pelo menos uma vez por ano cursos de qualificação, entre eles: ▪ Oficina de Dramaturgia; ▪ Oficina de Interpretação. 154 Informações fornecidas ao autor em entrevista com a assistente de produção, Fernanda Camargo. 147 Desde 1998, participaram cerca de 500 pessoas das oficinas de qualificação na Fundição Progresso. 17. Teatro de Anônimo155 O Teatro de Anônimo é uma associação de artistas profissionais de natureza privada que se formou em 1986, com intuito de por meio de seu trabalho artístico, realizar uma parceria cidadã com a sociedade civil. Os principais objetivos do grupo são a prática da montagem, produção e apresentações de espetáculos, qualificação profissional de outros atores, e aperfeiçoamento de técnicas e modelos autênticos de gestão e administração compartilhada, baseada na solidariedade, criatividade e cooperação. O grupo define sua técnica profissional e artística como “Teatro Popular Circense”, com enfoque principal na arte da comicidade, nas técnicas acrobáticas de números aéreos e no universo teatral das festas populares. O grupo ocupa, desde 2005, um espaço de 200 m² e com capacidade para 150 espectadores na Fundição Progresso denominado “Pavilhão Teatro de Anônimo”, que é um teatro-cabaré. É um espaço multiuso que abriga as atividades criativas do grupo, tais como: seminários, oficinas, e eventos artísticos e cooperativos. Um espaço de trabalho que também está a serviço para experimentação, estudo, troca de conhecimento e intercâmbio com outros grupos nacionais ou internacionais. O grupo tem também uma estrutura para montagem de espetáculos em qualquer espaço, denominado “tomara que não chova”. É uma estrutura de circo sem lona que necessita de espaço para ocupação e montagem de 18 X 18 m e permite a lotação de 300 espectadores. Com essa estrutura podem apresentar todos os seus espetáculos, oficinas e intercâmbios em qualquer lugar que tenha uma área livre correspondente. O Teatro de Anônimos é responsável desde 1996, pela produção de um evento internacional que se realiza no Brasil. O “Encontro Internacional de Palhaços Anjos do Picadeiro é um evento que figura entre os maiores do gênero no mundo. Em todas as suas edições já reuniu cerca de 400 grupos e artistas nacionais e internacionais, e formou uma grande rede de intercâmbio. A partir de 2010, o Teatro de Anônimos tornou-se Ponto de Cultura e respondem pela realização de um programa de oficinas de especialização para cerca 80 artistas na área de comicidade, acrobacia aérea e gestão. 155 Informações fornecidas ao autor em entrevista com a atriz-trapezista, Regina de Oliveira. 148 Além dos cursos como Ponto de Cultura, o grupo oferece oficina regular de acrobacia aérea que é administrada desde 1999, e tem como objetivo o desenvolvimento do potencial físico e artístico de cada indivíduo através do contato com aparelhos (trapézio, corda, tecido, bambu e lira). Outras oficinas práticas com diferentes enfoques também são oferecidas, voltadas para o público profissional ou não. Desde que o grupo instalou-se na Lapa, já foram capacitadas nas oficinas de iniciação e qualificação profissional cerca de 2.000 pessoas. As oficinas e práticas artísticas e profissionalizantes oferecidas são: ▪ Oficina de Acrobacia Aérea – O Exercício da Criação. Para acrobatas aéreos com experiência; ▪ Composição, Interpretação e Ação em Cena. Para artistas cênicos; ▪ Gestão para Autonomia. Para estudantes, artistas e produtores; ▪ Jogo como Técnica – Aprimoramento de Números. Para palhaços; ▪ Oficina de Acrobacia Aérea (regular). Para adultos iniciados ou não em técnicas de acrobacia; ▪ Circo Teatro Atuação. Para crianças e adolescentes; ▪ Coisa de Palhaço. Para atores e atores circenses. O Teatro de Anônimo já participou de diversos projetos sociais na área de educação realizados por eles mesmos ou convidados como parceiros de instituições privadas como Afroreggae, Cirque du Soleil, e públicas, estaduais e municipais. Assim como, nos encontros e festivais que participam, por onde passaram um número incalculável de jovens pelas oficinas de circo, de teatro, comicidade popular e produção. 18. Arcos Digital Filmes156 Desde sua inauguração em 1990, a Arcos Digital Filmes oferece permanentemente cursos, workshops e oficinas ministradas por reconhecidos profissionais da área, atuando nas áreas de formação, produção e exibição. Desde então, a Arcos Digital ocupa um espaço na Fundição Progresso e também, foi uma das primeiras instituições a se instalarem no local. Esta unidade formadora de profissionais oferta uma grade intensiva de cursos para quem deseja incrementar o currículo com conhecimentos de cinema e TV, ou têm 156 Informações fornecidas ao autor em entrevista com o Nestor Junior, da Administração da Arcos Digital Filmes. 149 intenção de se qualificar para trabalhar na área. Os cursos em sua maioria não são necessários conhecimentos prévios. Durante todos esses anos de atuação já passaram pelos cursos cerca de 8.000 pessoas e muitas delas ingressaram com sucesso no mercado de trabalho. A grade de cursos disponibilizados é: ▪ Assistente de Direção; ▪ Aplicativos para Plataformas Móveis; ▪ Ator de Cinema e TV; ▪ Câmera para TV, Vídeo e Cinema Digital; ▪ Coordenação de Produção; ▪ Edição e Finalização; ▪ Figurino para Cinema e TV; ▪ Noções Básicas de Pro Tolls; ▪ Realidade Virtual; ▪ Roteiro de Cinema e TV; ▪ Som direto para Cinema e TV; ▪ Novas Mídias e Redes Sociais para Empresas; ▪ Modelagem e Realidade Virtual. Da parceria entre Arcos Digital Filmes e a Titânia – Educação, Arte e Meio Ambiente, em 2007, surgiu um projeto social intitulado Projeto 5 Visões - P5V que havia sido concebido no ano 2000, quando um grupo de educadores liderados pela Arcos Digital Filmes se reuniu para, ao lado de profissionais de cinema, elaborar um programa de escola técnica profissionalizante em audiovisual. O projeto funciona na Fundição Progresso e tem como objetivo formar uma categoria profissional desatendida pelas instituições de ensino: a base da cadeia produtiva do setor cinematográfico. A implantação do projeto deu-se no âmbito do programa Escola de Fábrica do Governo Federal, patrocinado pela Petrobrás, com o objetivo de promover a inclusão social de jovens de baixa renda, faixa etária de 18 a 24 anos e matriculados na rede pública de ensino, através da iniciação profissional. Em 2007 foram realizados quatro cursos profissionalizantes, o de Técnicos de Maquinista/ Eletricista, Operação de Câmera de Vídeo, Som Direto e Cenotécnico, com 600 horas de duração e certificação. E, cerca de 60 alunos receberam a formação técnica nesses cursos de audiovisual. O projeto recebeu o Prêmio Avon Cultura de Vida, que permitiu a produção de dois filmes de curtametragem, tendo os alunos trabalhado como estagiários em suas 150 áreas de formação, ocupando diversas funções nas fichas técnicas dos curtas, podendo ser identificados pela sigla P5V ao lado dos seus nomes. Em 2009, os curtas “Um Dia de Sorte” e “Maria Julia” participaram de diversas mostras e festivais. E no Festival de Grandes Curtas, de Pelotas, o Um Dia de Sorte foi premiado na categoria de melhor ator, e foi selecionado para final da categoria melhor filme com 12 outros filmes, escolhidos entre 360 filmes da mostra. Em 2010 iniciaram a 2ª edição do P5V com mais quatro cursos gratuitos para 66 jovens alunos de baixa renda, abrangendo seis profissões: Projecionista em Digital e 35mm (inédito no Brasil), Artesão de Figurino e Maquiagem, Maquinista/Eletricista e Som Direto. Ao final do processo de ensino/aprendizagem dois curtas-metragens também foram produzidos como projeto de graduação: o “Doido pelo Rio”, selecionado para a mostra competitiva da Première Brasil, uma das mais importantes do Festival do Rio 2011, e o “Passe”. Da mesma forma que na 1ª edição do projeto, muitos formandos desta última inseriram-se no mercado. O projeto e os filmes produzidos pela P5V já receberam diversas indicações e prêmios, sendo o último, em 30 de maio de 2012, no qual o P5V ficou entre os 5 vencedores do Prêmio Rio Sociocultural 2011. Mas, o maior resultado do projeto foi esses jovens terem suas realidades e expectativas de vida modificadas para melhor. 19. CDI Comunidade Francisco Fundição157 O CDI Comunidade, na Lapa, é um dos espaços de inclusão digital que faz parte da rede da organização não governamental global CDI que tem por missão transformar vidas e fortalecer comunidades de baixa renda através do uso das tecnologias da informação e comunicação. O CDI desenvolve um projeto idealizado por Rodrigo Baggio que desde os 12 anos faz trabalhos voluntários e reuniram suas duas aptidões: a informática e o trabalho social. Entre as diversas iniciativas realizadas por ele está a primeira campanha de arrecadação de computadores realizada no Brasil, quando criou no Morro Santa Marta a Escola de Informática e Cidadania (EIC), hoje CDI Comunidade Santa Marta. Assim nasceu o CDI em 1995, uma organização apartidária que utiliza a tecnologia da informação para melhorar a qualidade de vida das 157 Informações fornecidas ao autor em entrevista com Patrícia Baldoni do CDI Fundição. 151 populações de baixa renda e fomentar o exercício pleno da cidadania e da atitude empreendedora. Hoje, após 17 anos de trabalho o CDI já conta com 717 espaços de inclusão social no Brasil e no mundo. Neste período, o projeto já transformou 1,45 milhões de vidas. Atualmente, o CDI está presente em 12 países. Uma grande rede coordenada e monitorada por 16 escritórios regionais nacionais e internacionais. Esses centros de tecnologia da informação e comunicação estão presentes em comunidades de baixa renda, penitenciárias, instituições psiquiátricas e de atendimento a portadores de deficiência, aldeias indígenas e ribeirinhas, centros de ressocialização de jovens privados de liberdade, entre outros locais, seja nos centros urbanos ou em zonas rurais. Nessa trajetória de 17 anos acumula nada mais do que 60 prêmios internacionais. O CDI Regional Rio de Janeiro atende a 12 municípios e conta com 75 CDI’s Comunidades. E até 2011, já foram registrados 6.630 educandos formados158. A Fundição Progresso na Lapa abriga o CDI Comunidade Francisco desde novembro de 2009. E oferece os cursos e oficinas: ▪ Curso Básico; ▪ Curso de Edição de Vídeo; ▪ Oficinas de Sistema Operacional; ▪ Oficinas de Redes Sociais; ▪ Oficinas Gimp (programa de criação e edição de imagens); ▪ Oficinas de Word; ▪ Oficina de Manutenção Preventiva; ▪ Oficina de Excel básico e avançado; ▪ Oficina Design Gráfico; ▪ Internet. 20. Rio Maracatu O grupo Rio Maracatu foi fundado em 1997 no Rio de Janeiro. Criado por músicos pernambucanos e cariocas com intuito de resgatar e valorizar uma parte importante da cultura musical brasileira, o Maracatu, com base no maracatu de baque virado, uma tradição do Recife – PE. 158 Dados de 2011. 152 O grupo desenvolve a partir do maracatu um trabalho de pesquisa e execução de ritmos, cantos, e danças tradicionais brasileiras, como Ciranda, o Côco, o Jongo, o Samba, e outros. Radicados na Fundição Progresso desde 2001, o Rio Maracatu oferece cursos de qualificação como: ▪ Oficina de Percussão, para iniciantes e para alunos regulares; ▪ Oficina de Dança; ▪ Oficina de Samba do Maracatu. Nas oficinas de percussão são passados toques característicos do maracatu de baque virado, acompanhados das toadas tradicionais das Nações do Recife/PE, e também, outros ritmos. Aprendem-se noções fundamentais de cada instrumento da orquestra. Já a oficina de dança é dedicada ao ensino e aprendizado dos passos característicos do maracatu e das danças populares brasileiras. E na oficina de samba são trabalhados os instrumentos tradicionais de uma bateria de escola de samba como, caixa, repique, surdo, tamborim, chocalho e agogô. Desde que estão radicados na Fundição Progresso, já passaram pelas oficinas de qualificação cerca de 2.000 pessoas. 21. Roberta Flávia Dança Contemporânea159 Desde 2011 a professora Roberta Flávia de dança contemporânea e conscientização do corpo e do movimento estabeleceu-se na Lapa, no Espaço Atmosfera da Fundição Progresso. Formada pela Angel Vianna Escola e Faculdade de Dança, em 2008, e atriz, formada pela UniverCidade em 2004, administra o curso livre de dança contemporânea onde por meio da metodologia Angel Vianna de conscientização do movimento, pesquisa e explora as infinitas possibilidades que cada corpo pode desenvolver no caminho para construir a dança. Alia no curso, técnicas de dança, improvisos, pesquisas corporais, conscientização do corpo e do movimento, e exercícios e jogos que estimulam a relação com o outro. A professora oferece no Espaço Atmosfera da Fundição Progresso o curso de: ▪ Curso livre de dança contemporânea. Para iniciantes maiores de 18 anos. 159 Informações fornecidas ao autor em entrevista com a professora de dança Roberta Flávia. 153 22. Aluandê Capoeira Angola160 O Aluandê é um grupo de capoeira fundado em junho de 2005 por Célio Gomes, formado em Contra Mestre de capoeira pelo Mestre Cobra Mansa. O grupo tem como objetivo resgatar, valorizar, documentar e realizar eventos relativos ao africanismo contido na cultura brasileira, em especial a Capoeira Angola. Capoeira caracterizada por envolver e estimular o desenvolvimento de ritmo, flexibilidade, resistência física e cultural. O grupo Aluandê é uma associação cultural de direitos privados sem fins lucrativos e realiza todos os anos encontros visando à discussão da prática da capoeira angola como preservação cultural e o papel dos angoleiros como militantes e não somente praticantes de capoeira. As aulas de capoeira são livres, sem prazo de duração. Alguns estão no grupo desde 2005. A associação está radicada na Fundição Progresso desde a fundação, e por ela já passaram cerca de 400 pessoas durante esses anos. Cursos oferecidos: ▪ Capoeira Angola 23. Rio Rock e Blues Club161 O Rio Rock e Blues Club é uma associação privada de frequentadores desse espaço cultural de divulgação de bandas novas de rock e blues. Os associados têm acesso livre pagando apenas uma taxa de contribuição mensal e poderão assistir shows, eventos variados, dançar e curtir noites agradáveis. Os acompanhantes e convidados dos associados pagam taxa de ingresso podendo se associar ou não. De quinta-feira a domingo, shows com bandas variados que mudam a cada semana. O espaço é aberto para novos talentos e grupos inéditos com intuito de divulgar a música e os músicos. O clube tem a Escola do Rock que tem como objetivo profissionalizar pessoas que queiram trabalhar no show business. A Escola oferece cursos para quem quer aprender rápido e começar a trabalhar no mundo da música e do entretenimento. Os cursos são abertos tanto para quem quer trabalhar na área quanto para aqueles que gostariam de aprender a profissão apenas por hobby. Estão disponíveis os cursos de: 160 Informações fornecidas ao autor em entrevista com o Contra Mestre de Capoeira Célio Gomes. Informações fornecidas ao autor em entrevista com o empresário Marcelo Reis do Rio Rock Blues Club. 161 154 ▪ Curso de Bartender e atendimento; ▪ Curso de DJ; ▪ Curso de Técnico de Som; ▪ Curso de Iluminadores. Este clube na Lapa encontra-se onde funcionou a antiga Farmácia Jesus, em 1936, e depois abrigou por alguns anos o Bar Negro Gato. O mobiliário estilo art déco da antiga farmácia encontra-se, hoje, como acervo permanente do espaço cultural Rio Scenarium, na Rua do Lavradio. O antigo casarão teve sua fachada totalmente restaurada e seu interior reformado para abrigar as novas funções. 24. Produtora e Escola Cinema Nosso162 A Produtora- Escola Cinema Nosso criada, em 2009, é uma organização social, cuja missão institucional é ampliar o universo cultural e contribuir para o desenvolvimento de habilidades profissionais de crianças, adolescentes e jovens oriundos das classes populares através da linguagem audiovisual. A Produtora funciona como uma empresa júnior proporcionando um ambiente de trabalho próximo ao mercado audiovisual. Um ambiente supervisionado por profissionais da área que possibilita aos jovens oriundos dos seus cursos associados à produção audiovisual e de outros espaços de formação, aplicarem e aprimorarem seus conhecimentos técnicos por meio da produção de filmes institucionais, comerciais, videoclipes e projetos autorais de ficção e documentários. A Escola Audiovisual Cinema Nosso oferece cursos regulares e oficinas livres em diversas linguagens e tecnologias associadas à produção audiovisual (cinema, cinema de animação e videografismo ou motion design) para adolescentes, jovens e estudantes da rede pública de ensino nos municípios do Rio de Janeiro e Grande Rio. Os cursos têm duração de 4 meses e são inteiramente gratuitos. Durante as aulas, os alunos realizam exercícios fílmicos nos quais são protagonistas de todo o processo educativo, desenvolvendo um olhar crítico e criativo sobre o audiovisual. Em extensão às aulas o Cinema Nosso oferece oficinas livres abertas, não só aos alunos, mas ao público em geral também, como: edição de vídeo, roteiro, direção, fotografia, história do cinema, etc. Além das aulas, os alunos do Cinema Nosso têm oportunidade de participar das atividades internas da escola, como as sessões Caleidoscópio, em que 162 Informações fornecidas em entrevista pela coordenadora da produtora e escola Mércia Britto. 155 profissionais renomados do audiovisual conversam com os alunos sobre suas experiências; o Nossa Cultura, em que estrangeiros ou brasileiros com vivência no exterior discutem hábitos culturais de diferentes partes do mundo; o Cineclube Cinema Nosso, em que os próprios alunos organizam sessões e debates na Sala de Cinema; e outras atividades. Além de tudo isso, a escola oferece oportunidade de participar de festivais no Brasil e no exterior e acesso gratuito ao circuito comercial de cinema e das artes em geral, tendo os alunos um contato direto com o universo da produção audiovisual e artística. Os cursos e oficinas ofertados são: ▪ Cinema Básico – Luz; ▪ Cinema Intermediário – Câmera; ▪ Cinema Avançado – Ação; ▪ Cinema de Animação; ▪ Motion Design; ▪ Oficina Livre de Cinema; ▪ Oficina Livre de Som. O espaço cultural também conta como uma sala de cinema de 60 lugares com um circuito alternativo. O Cinema Nosso é um Espaço Cultural situado no coração da Lapa, Rio de Janeiro, em que são oferecidos cursos e oficinas de cinema, além de contar com uma Sala de Cinema de 60 lugares com um circuito alternativo. 25. Sociedade Brasileira de Belas Artes - SBBA163 Instituição cultural de natureza privada, fundada em 1910, pelo artista Aníbal Mattos com o nome de Centro Artístico Juventas. Já em 1919 teria seu nome mudado, pelo que permanece até os dias de hoje. Após décadas de muitas andanças por diversos endereços, a Sociedade conseguiu finalmente em 1967, um local para sua sede no belíssimo casarão colonial conhecido como o Solar do Marquês do Lavradio, na Rua do Lavradio. Mas, antes mesmo dessa mudança para a Lapa, a sociedade já tinha uma relação com o local já que participava ativamente dos desfiles carnavalescos no bairro desde a década de 1930 até meados da década de 1940. Os artistas da SBBA comandavam os trabalhos nos barracões e na confecção dos carros alegóricos. Eles 163 Informações fornecidas ao autor em entrevista com a presidente da SBBA, Therezinha Hillal. 156 também atuavam nos famosos bailes de Carnaval nos salões do Teatro Municipal, no Baile dos Artistas no Teatro João Caetano, nos cortejos da Avenida Rio Branco e nos dos bairros do subúrbio. Reduto da arte acadêmica há anos, a Sociedade mantém diversas atividades. Além do importante acervo de quadros e esculturas, representativa da arte brasileira, e uma biblioteca com cerca de 3000 livros, a sociedade oferece aos associados e ao público em geral, diversos cursos de pintura e escultura. ▪ Curso de Desenho; ▪ Curso de Pintura; ▪ Curso de Escultura; ▪ Curso de Restauração. O imóvel que abriga a SBBA é um imponente imóvel na esquina da Rua do Lavradio com a Rua da Relação e foi construído para ser a residência do Vice-Rei do Brasil, o Marquês do Lavradio. No imóvel de 1765, o Marquês chegou a morar por 10 anos (1769-1779) e ele foi um dos responsáveis pelo desenvolvimento dessa parte da cidade em um determinado período da história da cidade do Rio de Janeiro. Ao longo de sua existência o imóvel já abrigou diversos órgãos públicos. No Império foi a Casa da Suplicação, o Tribunal da Relação, Tribunal do Desembaraço e outros. E depois, na República, também uma série de outros órgãos públicos. Depois de muitos anos abandonado foi cedido a sociedade em 1967. Desde o início de 2012, o imóvel passa por uma reforma e restauração financiada pelo Ministério da Cultura/IPHAN. A fachada atual é uma composição eclética resultado de reforma sofrida no século XIX, contudo, seu interior continua praticamente em estilo arquitetônico colonial. 26. Centro de Artes Cênicas – CTAC164 O CTAC é uma instituição pública de caráter técnico da Fundação Nacional de Artes – Funarte voltada para as áreas técnicas de infraestrutura das artes cênicas (cenotécnica, cenografia, arquitetura cênica, indumentária, administração e produção teatral), tendo como objetivos o resgate, a reciclagem, a organização e difusão de conhecimentos que tradicionalmente, têm sido repassados apenas pela prática. A escola 164 Informações fornecidas ao autor em entrevista com José Araujo da coordenação do CTAC e dados disponíveis em: <http://www.ctac.gov.br>. Acesso em 09/06/2012. 157 técnica profissionalizante do CTAC procura capacitar jovens, e ou todo aquele sujeito que deseja aprender técnicas de cenografia que ao longo dos anos sempre foram assimiladas apenas pela prática do dia a dia por aqueles que tinham oportunidade de ingressar em alguma companhia, teatro, televisão e outros. Os cursos ofertados são ministrados por instrutores de renome no cenário nacional. A partir de 2012, as oficinas ganharam um novo formato, sendo divididas em dois módulos, o básico e o avançado. Um módulo para novos interessados em artes cênicas e o outro para reciclagem de profissionais mais experientes. O programa de oficinas do CTAC valoriza a qualificação dos profissionais do chamado “backstage” e contribui para o desenvolvimento específico da área e para a troca de experiências e relatos. A metodologia aplicada pelo CTAC busca descentralizar conhecimentos no campo das artes cênicas, dissemina saberes e amplia o alcance das ações da Funarte. Os cursos oferecidos que incluem noções teóricas e práticas são: ▪ Oficina de Sonoplastia; ▪ Oficina de Cenografia; ▪ Oficina de Iluminação Cênica ▪ Oficina de Figurino O CTAC funciona em um sobrado do fim do século XIX, que foi legado ao poder público em 1916, pela Baronesa do Flamengo. Desde a década de 1960, já então pertencente à pasta da cultura do governo federal, este sobrado passou a abrigar as atividades da carpintaria teatral do Serviço Nacional de Teatro, tendo saído de suas instalações muitos nomes e cenários de importantes montagens de espetáculos nacionais. Em 1986 o imóvel é totalmente reformado e transformado em uma moderna oficina de cenotécnica e cenografia equipada para atividades didáticas e produtivas. Batizada, então, em homenagem ao importante cenógrafo e professor de “Oficina Pernambuco de Oliveira”. Tornando-se Centro Técnico de Artes Cênicas – CTAC, em 1987. 27. Portal de Acesso à Arte165 É uma escola de arte que foi criada, em 2002, pela senhora Rubenita Portal, daí o nome da escola. O objetivo principal no início era de ajudar as colegas de trabalho 165 Informações fornecidas ao autor em entrevista com a administradora e professora da escola, Rubenita Portal. 158 do IBGE que após aposentadoria encontravam-se em depressão por perda de funcionalidade e algumas pela viuvez. Arte e pintura como terapia ocupacional. Hoje, depois de dez anos de sua abertura, já passaram pela escola cerca de 3.000 pessoas. A escola é aberta a todos e a todas as idades, e oferece cursos e oficinas, tais como: ▪ Pintura em Tela; ▪ Mosaico; ▪ Boneca Country; ▪ Pintura em Vidro e Porcelana; ▪ Técnicas diversas de decoupagem. A escola encontra-se no mesmo imóvel da Associação dos Ex-Combatentes na rua do Lavradio. Ocupando o 2º andar desse imóvel de três pavimentos, preservado e uns dos mais antigos da rua. 28. Sociedade Brasileira de Música Sacra166 É uma instituição privada formada com base em princípios adventistas. No início, em 1999, quando começou suas atividades ensinava apenas músicas cristãs, mas atraía poucos interessados. O repertório foi aumentado. Hoje vai da música popular brasileira ao pop internacional, sem deixar de lado o repertório de música sacra. São oferecidos cursos de música com aprendizado em alguns instrumentos musicais e teoria musical, e são abertos a todas as idades. Os cursos oferecidos são: ▪ Aprendizado em Violão; ▪ Aprendizado em Piano; ▪ Aprendizado em Violino; ▪ Aprendizado em Teclado; Nos treze anos de atividade da instituição já participaram cerca de 1.000 alunos. O imóvel é uma das mais antigas construções localizada na Rua do Lavradio. Tem três pavimentos e, segundo relatos, foi uma senzala no século XIX. Após anos de abandono o imóvel foi ocupado em 1954 pela Associação dos Ex-Combatentes, que permanece 166 até hoje ocupando parte do imóvel. O imóvel pertence ao Informações fornecidas ao autor em entrevista com a administradora da instituição, Eunice Viana de Medeiros. 159 RIOPREVIDÊNCIA e faz parte do patrimônio público imobiliário do Estado do Rio de Janeiro e está em regular estado de conservação. A sociedade oferece bolsas de estudo para carentes que são atendidos por algumas instituições que se localizam na Lapa e no seu entorno como contribuição social. 160 ANEXO II QUESTIONÁRIOS - ROTEIRO DE ENTREVISTA 161 FGV ARTISTAS E GRUPOS ARTÍSTICOS E CULTURAIS 1 – Tipo: Folclórico Dança Teatral Circense Orquestra Banda ou Grupo Musical Coral/Canto Literário Étnico Cinema/Vídeo Pintura Escultura Artistas de Rua Outro: __________________. 2 – Atividades Complementares: Ensaios abertos Cursos e Oficinas Apresentações / exposições Ações sociais Outro: ________________. 3 – Dados cadastrais: Nome Oficial: __________________________________________________________ Nome Popular: __________________________________________________________ Endereço: ______________________________________________________________ Bairro : ________________________________________________________________ CEP: ___._____ - _____ Telefone: __________________ Ramal: ________________ Website: www. _________________________________________________________ E-mail: ________________________________________________________________ Outras mídias digitais:____________________________________________________ 4 - Natureza: Pública Privada Associação ou ONG local Associação ou ONG Internacional 5 – Características Grupo/Artista: Amador Profissional 6 – O Grupo possui: Local para ensaios/exposições Calendário de apresentações Material de divulgação Gravações/publicações Prêmios Locais Prêmios Estaduais Prêmios Internacionais Oferece cursos e oficinas de aprendizagem Outros: _____________________________________ 6.1 – Ano em que o grupo/artista começou suas atividades ou formou-se: ___________ 6.2 – Nº. de integrantes: _____________ 162 7 – História do imóvel/local de realização de ensaios/atividades ou sede: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 7.1 – Endereço: ______________________________________________________________________ Bairro: _____________________________ CEP: ____________________________ Telefone: ___________________________ 7.2 Horários de ensaios/atividades regulares: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 7.3 – Aberto ao público: Sim Não 7.4 – Condições para frequência do público: ______________________________________________________________________ 8 – Tipo de atividades e programação que promove: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 8.1 – Oferece cursos: Sim Não 8.2 – Tipos de cursos: Qualificação Profissional Cursos Culturais Oficinas ou práticas Outros: _________________________ 8.3 – Quais ? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 8.4 – Quantos alunos a instituição já formou? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 8.5 – Promove ou participa de algum Projeto Social? Sim Não. Qual? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 163 9 – Histórico do Grupo/Artista: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 10 – Características principais, estilo ou tipos: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 11 – Apresentações ou eventos programados: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 12 – Referências bibliográficas ou documentos consultados: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 13 – Responsável pelo preenchimento: _______________________________________ 14 – Responsável pela conferência das informações: ____________________________ 15 – Data da coleta das informações: _______________ 16 – Nome do entrevistado: _______________________________________________ 164 FGV INSTITUIÇOES E ASSOCIAÇÕES ARTÍSTICAS E CULTURAIS 1 – Dados cadastrais: Nome Oficial: __________________________________________________________ Nome Popular: __________________________________________________________ Endereço: ______________________________________________________________ Bairro : ________________________________________________________________ CEP: ___._____ - _____ Telefone: __________________ Ramal: ________________ Website: www. _________________________________________________________ E-mail: ________________________________________________________________ Outras mídias digitais: ____________________________________________________ 2 – Tipo: Instituição Associação 3 – Atividade Principal: Arquivo Biblioteca Museu Centro Cultural Escola Galeria de Exposições Teatro/Anfiteatro Cinema/Sala de Vídeo Espaço Cultural Associação Outro: _______ 3.1 – Atividades Complementares: Arquivo Biblioteca Centro Cultural Escola Museu Centro Cultural Escola Galeria de Exposições Teatro/Anfiteatro Cinema/Sala de Vídeo Espaço Cultural Associação Outro: ___________________ 3.2 – Histórico da instituição / associação: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 3.3 – Acervo permanente em exposição ou para consulta: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 4 - Natureza: Pública Privada Associação ou ONG local Associação ou ONG Internacional 165 5 – Outras informações: Representa o setor ou defende os interesses de: _______________________________ Fundada desde: ________________________________________________________ Nº de associados: _________________ 6 – Atividades e serviços que presta: Cursos e oficinas Palestras e Seminários Feiras e Eventos Técnicos Eventos Sociais Publicações Promoções e divulgações do setor outros: ____________________ 7 – A instituição ou associação apresenta: Sala Auditório Teatro Salão Multiuso Outros:______________. 7.1 – Capacidade Nº de lugares: __________ Nº de salas: ______________ 7.2 – Instalações e serviços oferecidos: Palco Camarins Área externa para atividades Estacionamento Cafeteria/Lanchonete/Bar Outros: _______________. 7.3 – Capacidade do palco: Área de palco: ________________ Sistema de Som: Sim Não 8 – Características do imóvel: Imóvel de importância arquitetônica Imóvel de importância histórica Imóvel protegido por legislação específica Imóvel construído para esse fim Imóvel adaptado para esse fim 8.1 Histórico do imóvel: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 8.2 – Uso anterior do imóvel: ______________________________________________________________________ 8.3 – O imóvel possui: esculturas pinturas murais vitrais azulejarias lustres de época mobiliário de época tapeçaria portas e janelas de época outros: ___________________. 166 8.4 – Área aproximada do imóvel: __________ m² . Ano do fim da construção: ____________ Utilização inicial do imóvel: ___________________________________________ 8.5 – Estado de conservação do imóvel: ótimo bom regular ruim péssimo 8.6 – Tombamento / Proteção do imóvel: Federal Estadual Municipal 8.7 – Estilo de arquitetura do imóvel: Colonial Barroco Neoclássico Gótico Artnoveau Art Decó Moderno Pós-moderno Outro: ____________________ 8.8 – Acesso para portadores de necessidades especiais: adaptado parcialmente adaptado não adaptado em processo de adaptação 8.9 – Horário de funcionamento: Dias e horários: _________________________________________________________ 9 – Tipo de atividades e programação que promove: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 9.1 – Oferece cursos: Sim Não 9.2 – Tipos de cursos: Qualificação Profissional Cursos Culturais Oficinas ou práticas Outros: _________________________ 9.3 – Quais ? ______________________________________________________________________ 9.4 – Quantos alunos a instituição já formou? ______________________________________________________________________ 9.5 – Promove ou participa de algum Projeto Social? Sim Não. Qual? 167 ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 10 – Referências bibliográficas e documentos consultados: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 11 – Responsável pelo preenchimento: _______________________________________ 12 – Responsável pela conferência das informações: ____________________________ 13 – Data da coleta das informações: _______________ 14 – Nome do entrevistado:________________________________________________