Cabo Verde Perfil do país EPT 2014 Contexto geral Situado bem ao oeste africano, composto de uma dezena de ilhas e povoado com um pouco mais de 500 000 habitantes, Cabo Verde é um país de rendimento intermédio (fração inferior) com um PIB por habitante de 3773 $US em 2012. Nos últimos 12 anos, o crescimento real da riqueza nacional (+5,8% por ano) foi claramente superior ao da população (+1,2% por ano), o que permitiu ao PIB real por habitante aumentar de 4,6% por ano. Em 2012, a população na idade de frequentar a primária representava 11,7% da população total contra 17,6% ao nível da África subsaariana, o que constitui um constrangimento demográfico claramente menor para o país em relação a alguns países africanos. A prevalência do VIH&SIDA permanece fraca (1%). Cabo verde, que já conhece melhores dias ao nível socioeconómico em relação a muitos países africanos, encontra-se posicionado, apesar de tudo, no 132° lugar dos 187 para o Índice de desenvolvimento humano (IDH). Contexto macroeconómico e demográfico (2012) PIB por habitante ($ U.S.) População total (000) % da população em idade de frequentar a primária % de crianças em idade escolar não escolarizadas Prevalência do VIH&SIDA (15-49 anos) IDH (classificação) 3,773 503 11.7 2.7 1.0% 132/187 Principais indicadores da EPT em 2012 ou no ano mais recente O índice africano de desenvolvimento EPT para Cabo Verde era de 81,4 em 2000, revelando uma situação inicial favorável (39,3 para África subsaariana). O valor do índice evoluiu positivamente no período (83,6 em 2012), nomeadamente devido aos progressos constatados ao nível da alfabetização de adultos com 15 anos e mais. Espera-se que Cabo Verde terá atingido uma grande parte dos objetivos da EPT até 2015. Índice africano de desenvolvimento da EPT (IAD/EPT) 100 80 60 Max ASS (100) Cabo Verde (84) ASS (57) 40 20 0 Min ASS (8) Se considerarmos as três dimensões diretamente mensuradas pelo índice africano de desenvolvimento EPT, nota-se que a conclusão da primária (objetivo 2), que já era universal em 2000 continuou a sê-lo em 2012 (taxa de conclusão de 99,4%, enquanto que a paridade raparigas/rapazes na primária foi igualmente atingida (objetivo 5). A proporção de pessoas alfabetizadas com quinze anos e mais (objetivo 4), bastante aceitável no início do período (74,8%), progrediu ainda mais para atingir os 84,9%. No que concerne às outras dimensões da EPT, a TBE do préescolar (objetivo 1), que era de 54% em 2000, ganhou 21 pontos percentuais para atingir cerca de 75% em 2012, uma das melhores taxas da África subsaariana e que representa uma média de cerca de 20%. Em relação ao objetivo 3, a taxa de conclusão do primeiro ciclo do secundário fixou-se em 86% em 2012, dentre as taxas mais elevadas do continente, mostrando um ganho de 25 pontos percentuais em relação a 2000. Objetivo 1 Desenvolvimento da pequena infância. Objetivo 2 Ensino primário universal. Taxa Bruta de Escolarização do pré-escolar Taxa de conclusão da primária 100 100 100 99 100 Objetivo 3 Competências necessárias na vida corrente dos jovens e dos adultos. Taxa de conclusão do secundário primeiro ciclo 100 100 86 Objetivo 4 Alfabetização dos adultos. Objetivo 5 Equidade entre os géneros no ensino primário Taxa de alfabetização dos adultos Índice de paridade de sexo na primária 100 67 80 75 94 100 90 94 100 85 80 80 80 80 68 60 60 60 60 60 55 40 40 40 20 20 40 35 40 20 20 (54) 0 (100) 1 0 8 20 (61) 1 0 Objetivo 6 Qualidade da educação Legenda Qualidade educativa Objetivo 1 a 5 0 24 (75) 20 0 (97) Cabo Verde (Valor de 2000 ou próximo entre parêntesis) Média em África subsaariana Variação ASS (min/max) Escolarização : pirâmide educativa em 2012 ou no ano mais recente Dos objetivos da EPT, os dados apresentados na ficha-país permitem detalhar melhor a evolução dos indicadores de escolarização (acesso, retenção, transição) e de equidade. Como é possível de constatar, examinando os perfis de escolarização e as pirâmides educativas apresentadas na ficha, o ensino primário em Cabo Verde, evoluiu pouco entre 2000 e 2012, tendo em conta que, o acesso e a conclusão deste ciclo já eram universais no início do período. (Nota-se que um número elevado de novos alunos na primária passaram pela pré-escolar (87%)). É sobretudo ao nível do pós-primário que Cabo Verde desenvolveu a sua oferta educativa no sentido de responder a procura. Assim, o acesso ao primeiro ano do ensino secundário é quase universal em 2012 (97% de uma geração têm acesso) enquanto apenas 78% de uma geração tinha acesso em 2000. A conclusão do ensino secundário (2° ciclo) também aumentou 18 pontos no mesmo período (52% em 2012 contra 34% em 2000). Assim, metade de uma geração conclui o ensino secundário em Cabo Verde em 2012. A maior evolução é observada ao nível do ensino superior, que se encontrava em estado embrionário em 2000 (185 estudantes em 100 000 habitantes), e cuja cobertura foi multiplicada por 13 durante o período (2344 estudantes para 100 000 habitantes em 2012). Constata-se finalmente que a parte do ensino técnico continuou quase idêntica no período (2,7% dos efetivos do secundário em 2012 contra 2,4 em 2000), e aparece sobretudo menos elevado do que a média da Africa subsaariana (10%). Equidade no acesso à escolarização e no percurso escolar em 2012 ou no ano mais recente Em termos de equidade, nota-se que a paridade raparigas/rapazes foi atingida na primária, no 1° ciclo do ensino secundário (TBE raparigas/TBE rapazes é de 1,03), mas que no 2° ciclo do ensino secundário as estatísticas estão claramente a favor das raparigas, tendo em conta que a relação entre a TBE de raparigas e a TBE de rapazes é de 1,33. A mesma conclusão pode ser retirada ao nível do ensino superior onde a proporção de raparigas é também mais elevada em 33% em relação a dos rapazes. Qualidade das aprendizagens em 2012 ou no ano mais recente As informações respeitantes a qualidade das aprendizagens (objetivo 6) são raras para Cabo Verde e não permitem fazer uma comparação no tempo. A única informação comparável em relação aos outros países, é a proporção de adultos (22-44 anos) que sabem ler sem dificuldade após 6 anos de estudos e que se estabelece a 98% em Cabo Verde (RESEN), o mais alto valor dentre os treze países africanos para os quais esta informação se encontra disponível (63%). Cabo Verde realizou uma avaliação dos conhecimentos adquiridos dos alunos na 6ª e no último ano da primária em 2010 (RESEN (análise da avaliação « Aferida »). A análise dos resultados desta avaliação indica que um quarto dos alunos tem um resultado correspondente a um bom domínio do programa de português, e que 41% dos alunos têm um resultado considerado médio, correspondente a um domínio correto do programa de português. Na medida em que o domínio dos programas pelos alunos é um objetivo central, este resultado sugere que esforços são necessários para melhorar a situação do terço de alunos que ainda não têm um nível de domínio suficiente do português no final da 6ª classe. Financiamento da educação em 2012 ou no ano mais recente Mínimo África Subsaariana Cabo Verde Média África Subsaariana Máximo África Subsaariana Mobilização dos recursos, 2010 Distribuição do orçamento corrente da educação, 2009 18 Recursos próprios do Estado em % do PIB % das despesas correntes da Educação nas despesas correntes do Estado 10 44 % Primário 44 24 20 66 11 % Secundário (incl. EFTP) % Superior 23 22 41 % Outros niveis 40 30 7 8 0 3 5 65 14 20 55 47 24 Os resultados prévios obtidos por Cabo Verde em matéria de progressão para o alcance dos objetivos da EPT, devem-se a uma mobilização financeira importante: os recursos domésticos do Estado representavam 24% do PIB em 2010 (22 % em 2000) enquanto que a média era de 20% na África subsariana. A parte das despesas da educação nas despesas correntes do Estado era de 23% (e de 26% em média no período 2000-2010), quase o mesmo que a média na África subsariana (22%). Cabo verde, que já dispunha de um nível de investimento educativo satisfatório em 2000, manteve o mesmo no decorrer do período, o que o permitiu atingir os objetivos prosseguidos em matéria da EPT. Além disso, a educação primária ocupou um lugar importante nas despesas educativas públicas (mais de 50% até 2007 com valores atingindo cerca de 60% em 2002) e ocupava ainda 44 % em 2009, valor quase idêntico à média da África subsaariana. Esta diminuição da parte relativa alocada ao ensino primário pode parecer normal na medida em que Cabo Verde já atingiu a escolarização primária universal e tem hoje como objetivo desenvolver o ensino pósprimário para um maior número de crianças. Assim sendo, a parte do orçamento corrente da educação alocado ao ensino secundário evoluiu neste período passando de 29% em 2002 a 40% em 2009, valor muito superior a média constatada na África subsariana (30%). A parte do orçamento alocada ao ensino superior passou de 4% à 14% no mesmo período (a média de África subsaariana sendo de 20%). Parâmetro da política educativa em 2012 ou no ano mais recente Mínimo África Subsaariana Cabo Verde Média África Subsaariana Máximo África Subsaariana Rácio aluno professor no público, 2012 Salário médio do professor do público em PIB/hab, 2011 13 23 Primário Primário 44 Secundário 1 Secundário 2 3.4 88 13 18 Secundário 1 33 54 19 Secundário 2 29 49 1.3 2.7 4.8 11.6 33.1 Primário 24.4 11.6 2.9 5.9 11.6 Percentagem de repetentes, 2012 12.6 Primário 1.0 10.0 12.6 65.8 6.4 40.4 0.3 21.8 24.5 Secundário 1 26.2 13.4 63.5 Secundário 2 7.1 5 Parte das despensas sem o salário dos professores (%), 2009 Secundário 1 0.8 2.4 19.9 19.9 26.0 0.5 Secundário 2 31.8 66.0 17.2 13.3 29.7 No que concerne às diferentes componentes da política educativa no mesmo período, constata-se que o custo unitário público da primária em 2011 era de 15% de PIB/habitante. Mesmo que este último tenha diminuído neste período (era de 18% do PIB/habitante em 2002), ainda continua muito acima da média constatada na África subsariana (11% do PIB/habitante), o que demonstra que o ensino primário constituiu uma forte prioridade para o país no decorrer dos últimos 10 anos com vista à consolidação dos esforços já realizados antes de 2000 e à manutenção da escolarização primária universal. Percentagem do privado nos efetivos, 2012 Custo público por aluno em % do PIB por habitante (Desp. correntes), 2011 4 Primário Primário 0.5 1 14.0 Secundário 1 54.2 Secundário (incl. TVET) 38 14 24 75 0.4 5 20.2 57.3 EFTP 0.5 Secundário 2 6 15 11 49 27.5 80.4 Superior 16 20 161 18 71 179 612 2147 Se observarmos certos elementos que compõem este custo unitário, apercebe-se que as despesas, deixando de fora o salário da classe docente na primária, representam 33% das despesas deste subsector, valor bem superior à média da África subsariana (24%), o que deixa logo uma margem importante para o financiamento das despesas administrativas e pedagógicas a este nível de ensino. Esta situação favorável, como o relativo baixo número de alunos por professores (1:23 contra 1:44 na África subsariana), fator incontestável da qualidade do ensino primário, pôde ser mobilizada graças a moderação da remuneração média por docente que representa em média 2,4 unidades do PIB/habitante (contra 3,4 unidades de PIB/habitante na África subsaariana). A oferta privada na primária é muito fraca tendo em conta que representa somente 0,7% dos alunos escolarizados (14% na África subsariana). O custo unitário público do ensino secundário (14% do PIB/habitante) é o mais fraco em relação ao dos países da África subsaariana (24% do PIB/habitante) bem com o do Ensino e Formação Técnica e Professional (EFPT) (20% do PIB/habitante contra 161% do PIB/habitante para a média da África subsaariana) e o do ensino superior (71% do PIB/habitante contra 179% do PIB/habitante para África subsariana). Todavia, pode-se aperceber que o ensino primário era gratuito para as famílias em Cabo Verde no decorrer do período 2000 a 2012, mas não era o caso para os níveis pósprimários. Isto explica a deficiência dos custos unitários públicos para certos níveis de ensino nomeadamente para o EFTP e para o ensino superior, onde a contribuição das famílias é relativamente importante. Na perspetiva de instauração de um ensino básico de oito anos e em seguida de dez anos, Cabo Verde estendeu recentemente a gratuidade ao primeiro ciclo do ensino secundário. As remunerações dos ensinos dos dois ciclos do secundário também são moderadas (respetivamente de 2,7 e 2,9 unidades do PIB/habitante contra 4,8 e 5,9 unidades do PIB/habitante em média para África subsaariana) enquanto o número de alunos por professor é mais favorável do que na maior parte dos países da África subsaariana (respetivamente 1:18 e 1 :19 para os dois ciclos contra 1:33 e 1:29 para África subsaariana).