INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA
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ALERTA PARA A PRIMAVERA DE 1999
INTRODUÇÃO
A Primavera começa este ano às 08:31 horas (hora de Brasília) do dia 23 de
setembro e termina às 17:43 horas (horário de verão) do dia 21 de dezembro. Por ser um
período de transição entre inverno frio e seco e o verão quente e chuvoso, esta estação é
caracterizada por variações rápidas nas condições climáticas em todo território brasileiro. De
acordo com a climatologia, as chuvas iniciam-se nas regiões norte, centro-oeste, sudeste e sul
do Brasil, neste período, muitas vezes associadas a temporais, granizo e ventos fortes.
O Instituto Nacional de Meteorologia, com base nas informações de análise e
prognósticos climáticos, utilizando modelos numéricos de médio e longo prazos (fonte:
NCEP/NOAA, IRI, UK MET OFFICE, etc.), apresenta este Alerta sobre as características e as
condições meteorológicas que poderão ocorrer neste período em todo o País.
O comportamento das condições do tempo e do clima, especialmente nesta
primavera, sofrerão a influência do fenômeno “La Niña” que vem a ser o resfriamento das
águas do Oceano Pacífico Equatorial, afetando o comportamento da atmosfera. Esse fenômeno
vem se desenvolvendo desde junho de 1998, com rápido resfriamento das águas, principalmente
na região do Niño 3. O Índice de Oscilação Sul, que nos últimos dezesseis meses tem
apresentado valores positivos, em agosto de 1999, foi + 0.6 . Os modelos acoplados oceanoatmosfera (NCEP/NOAA), indicaram que o máximo do “La Niña”, ocorreu em novembro e
dezembro de 1998, os modelos de prognósticos mais recentes mostram que o "La Niña" se
estenderá até abril do ano 2000.
A tendência meteorológica nas regiões centro-oeste e sudeste, bem como no
litoral e sul da Bahia depende, neste período, de dois sistemas meteorológicos: da Alta da
Bolívia cujo centro deverá ficar semi-estacionário entre o sul do Amazonas, Acre, Rondônia,
Mato Grosso e norte do Mato Grosso do Sul e da Zona de Convergência do Atlântico Sul
(ZCAS), que associada com o deslocamento das frentes frias vindas do sul do continente com
forte banda de nuvens, ocasionará chuvas contínuas, principalmente nas regiões sudeste,
centro-oeste e norte do Brasil. Por sua vez, o fenômeno “La Niña”, poderá gerar uma maior
instabilidade nestes dois sistemas, intensificando ainda mais essas chuvas entre a região norte,
centro-oeste e sudeste do País, o que afetará a quantidade de precipitação e a elevação do nível
dos rios. Enquanto que na região sul a continuação do "La Niña", poderá provocar estiagem e
chuvas mal distribuídas como ocorreram em anos anteriores como em 1988/1989, 1995/1996 e
1998/1999, quando houve grande perdas nas lavouras de grãos, especialmente no Rio Grande
do Sul, oeste dos estados de Santa Catarina e Paraná..
REGIÃO NORTE
O período é caracterizado por apresentar irregularidades na distribuição espacial e temporal das
chuvas. No litoral do Pará e Ilha do Marajó, predominará o período seco definido nos meses de
outubro e novembro, com tendência dos totais pluviométricos mensais ficarem em torno de 30,0 mm.
Condições de tempo semelhantes ocorrerão no norte do Pará e Amapá, com exceção de Roraima, onde
continuam ocorrendo as precipitações que diminuem gradativamente. No sul dos respectivos estados da
região, terá início o período chuvoso com aumento gradativo das precipitação, com índices
pluviométricos superiores a 150,0mm no mês de outubro no Pará, Amazonas, Acre e Rondônia,
culminando com índices de até 250,0mm em dezembro. No nordeste do Amazonas o período chuvoso
terá início em meados de novembro. As chuvas da Região Norte estão associadas às linhas de
instabilidade e aglomerados convectivos, enquanto que no sul, essas chuvas são causadas por
instabilidade associadas a sistemas frontais. É importante frisar que em anos de "La Niña", as chuvas
ficam acima da média na região.
Os modelos dinâmicos acoplados Oceano-Atmosfera, indicam uma tendência de aproximação
da Zona de Convergência Intertropical da linha do equador no mês de dezembro, possibilitando
antecipação do período chuvoso na Região Norte com chuvas acima do normal.
A temperatura média máxima oscilará em torno de 34,0°C, entretanto devido a maior incidência
de radiação solar diária é possível observar temperaturas de até 38,0°C, enquanto que as médias das
mínimas, em municípios localizados, oscilará em torno de 22-24,0°C.
REGIÃO NORDESTE
Esta estação caracteriza-se pelo início das chuvas, especialmente no oeste e micro-regiões do
São Francisco, Chapada, Planalto e Cacaueira da Bahia e no sul dos estados do Maranhão e Piauí. Ao
sul do Ceará, extremo oeste de Pernambuco e Paraíba, o aumento das chuvas ocorrem a partir do mês
de dezembro. A faixa litorânea entre Natal e Aracaju, experimentam o seu período mais seco do ano,
com valores mínimos de precipitação nos meses de novembro e dezembro. O semi-árido, de um modo
geral, permanecerá seco.
Os valores máximos de precipitação ocorrem em novembro e dezembro na Bahia, com valores
médios mensais variando entre 100 e 230mm. No sul do Maranhão e Piauí os valores médios variam
entre 90 e 230mm, enquanto que no sul do Ceará, extremo oeste da Paraíba e Pernambuco esses valores
oscilam entre 50 e 90mm.
Os modelos dinâmicos acoplados oceano - atmosfera tem mostrado nos últimos meses a
continuidade do fenômenos climático “La Niña e que esse resfriamento deve persistir no nos próximos
meses. Se tal situação persistir, a tendência é de chuvas normais a ligeiramente acima da média,
principalmente, no Maranhão, Piauí, Ceará, centro – sul e oeste da Bahia.
As temperaturas máximas poderão superar 34ºC, com exceção do litoral, agreste a algumas
áreas da Bahia. Em algumas micro-regiões da Bahia e do Piauí, esses valores podem ultrapassar 40ºC.
As temperaturas mínimas deverão variar entre 21 e 24ºC, entretanto nos locais mais altos, poderão
atingir valores entre 13 e 17ºC, principalmente no início da estação. Em algumas micro-regiões de
Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte as mínimas deverão variar entre 17 e 20ºC.
REGIÃO CENTRO-OESTE
As condições normais neste período é de ocorrência de pancadas de chuva e trovoadas, podendo
ocorrer ventos fortes e queda de granizo principalmente nos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul e
Distrito Federal. Os índices normais de precipitação nos três estados e no Distrito Federal, variam entre
100 a 180 milímetros.
Entre outubro e dezembro, os valores máximos de precipitação ocorrem
no mês de dezembro no Mato Grosso do Sul em torno de 250mm; no Mato Grosso, 300 mm; no
estado de Goiás, 300mm e no Distrito Federal, em torno dos 240mm. Os valores mínimos de
precipitação ocorrem em outubro que varia em torno de 100 a 150mm nos três estados, inclusive no
Distrito Federal.
Os modelos de prognósticos a longo prazo mostram que a Zona de Convergência do Atlântico
Sul (ZCAS) poderá atuar mais ao norte dos estados de Goiás e Mato Grosso, onde os índices de
precipitação poderão ficar acima dos valores normais, enquanto que as demais áreas permanecerão
dentro dos valores normais. O estado do Mato Grosso do Sul que vem sofrendo irregularidade na
distribuição das chuvas desde 1997, poderá de novo nesse período ter irregularidade na distribuição das
chuvas. Poderá ocorrer “Veranicos” (períodos de estiagem sem ocorrência de chuva de 7 a 15 dias),
nos estados do Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal.
As temperaturas médias mínimas variando entre 17 a 22ºC, com valores absolutos entre 14 e
16ºC. As temperaturas máximas em média variando entre 27 a 30ºC, exceto no Distrito Federal que
ficam em torno dos 26ºC. Os valores absolutos das temperaturas máximas ficam em torno dos 39ºC,
com exceção do Distrito Federal que raramente ultrapassam os 30ºC.
REGIÃO SUDESTE
As chuvas aumentam no decorrer da estação, com alto índice de variabilidade em sua
distribuição. A ocorrência de linhas de instabilidade associadas aos sistemas frontais começam a se
fazer presente provocando chuvas intensas, trovoadas e rajadas de ventos, causando sérios transtornos
aos centros urbanos dessa Região.
Os modelos de previsão climática mostram que a Zona de Convergência do Atlântico Sul
(ZCAS), ficará entre o norte do Rio de Janeiro, norte de Minas Gerais e no estado do Espírito Santo,
onde os valores de precipitação ficarão acima da média.
Os totais médios oscilam de 63 a 350mm para toda a Região, sendo que para o interior de São
Paulo esses totais podem oscilar de 90 a 250mm, para o litoral de 200 a 350mm e para a capital de 130
a 200mm. Para o interior de Minas Gerais, poderá oscilar de 63 a 320mm, para a capital de 120 a
320mm. Na capital do Rio de Janeiro de 80 a 170mm e litoral de 80 a 270mm. E no Espírito Santo
acima de 250 mm
Nesta época, as massas de ar quente e úmidas passam a dominar a Região, favorecendo para a
elevação das chuvas e das temperaturas. As frentes frias continuam deslocando-se pelo oceano,
contribuindo para a intensificação das chuvas no leste de São Paulo e Rio de Janeiro. Para a capital de
São Paulo, as temperaturas médias das máximas podem oscilar de 24 a 26ºC, as médias das mínimas de
15 a 17ºC. Para o interior desse estado as máximas podem oscilar de 27 a 31ºC e as mínimas de 16 a
20ºC. Para Belo Horizonte, as médias das máximas podem oscilar de 26 a 28ºC e as médias das
mínimas de 17 a 19ºC e para o interior deste estado as máximas podem oscilar de 30 a 32ºC e as
mínimas de 19 a 21ºC. Para Vitória as médias das máximas podem oscilar de 28 a 30ºC e as médias das
mínimas de 21 a 23ºC e para o interior deste estado as máximas podem oscilar de 31 a 33ºC e mínimas
de 20 a 22ºC. Para a capital do Rio de Janeiro e litoral, as médias das máximas oscilam de 27 a 32ºC e
as médias das mínimas de 17 a 22ºC. Nas áreas serranas dessa região as médias das máximas podem
oscilar de 21 a 24ºC e as mínimas de 09 a 12ºC. As temperaturas máximas podem superar os 35ºC e em
algumas regiões de Minas Gerais, Rio de Janeiro, e Espírito Santo poderá superar os 39ºC.
REGIÃO SUL
Neste período normalmente as precipitações na região ficam em torno de 150 a 200mm. Porém,
com a continuação do fenômeno “La Niña” , que provocou forte estiagem e irregularidade nas chuvas
de primavera e verão de 1998/99, principalmente, no Rio Grande do Sul, oeste de Santa Catarina e do
Paraná , há uma grande possibilidade de ainda ocorrer mais um forte decréscimo das chuvas em grande
parte da Região.
Os prognósticos dos principais Centros Mundiais de Tempo e Clima, continuam indicando para
o trimestre, outubro-novembro e dezembro, precipitações abaixo das médias climatológicas (50%
abaixo da média), com distribuição irregular espacial e temporal, ou seja, com poucos dias de chuva e
atingindo áreas em pontos isolados.
As temperaturas tem a tendência de ficar acima do normal, com as mínimas variando entre 16 a
18°C, com valores absolutos podendo chegar a 6°C na área serrana e de planalto. As temperaturas
máximas ficarão em média entre 30 a 32°C, enquanto que os valores absolutos poderão chegar aos
38°C.
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Fevereiro