Caracterização de um feixe de raios-X
‡
Fabio Miguel de Matos Ravanelli
Cássia Trindade
†
Claudiney Eduardo Gontijo
•
Luiza dos Reis Colaneri
*
‡
E-mail: [email protected], Homepage: www.ifi.unicamp.br/~famatos Ramal: 12451
E-mail: [email protected],
†
E-mail: [email protected],
•
E-mail: [email protected],
*
Instituto de Física “Gleb Wataghin”
Universidade Estadual de Campinas - Unicamp
13083-970 Campinas, São Paulo, Brasil
Resumo
A utilização de dosimetros TLD apresenta algumas vantagens significativas em relação aos métodos
convencionais empregados (Câmara de ionização e etc). Primeiramente os dosímetros não ultilizam fios com
alta voltagem o que permite o seu emprego em dosimetria interna. As informações são podem ser armazenadas
por meses e até anos nos dosimetros sem que estes sejam lidos. Além do que eles possuem pequeno tamanho
físico e tem número atômico efetivo próximo ao do tecido. Foram caracterizados dosímetros de LiF e de CaSO 4
disponibilizados comercialmente pela Harshaw. Utilizou-se uma leitora de TLD conectada a um
microcomputador para obter-se o espectro de emissão TL do dosímetro quando este é aquecido.
A partir da calibração obtida determinou-se a dose absorvida por amostras desconhecidas além do que
determinou-se a dose na entrada da pele de um simulador antropomórfico. Estes valores foram comparados
com os parâmetros legais cabíveis (Normas do Ministério da Saúde, portaria número 453), dentre os exames
realizado somente as radiografias de tórax excederam o limite estabelecido. Devido a um problema da
reveladora automática não se pode revelar os filmes expostos na simulação, logo não se pode discutir as
implicações de dose e qualidade da imagem. O maior erro mensurado foi o erro estatístico associado a área
integrada do sinal TL dos dosímetros que chega a 2% para o LiF e 10% para o CaSO4.
Palavras chave
Termoluminescência, dosímetro, controle de qualidade.
1. Objetivos
Pretende-se obter uma equação de calibração para determinar a dose de um dosímetro TLD a paritr de
sua resposta TL. Com base nesta equação será determinada a dose de dosímetros desconhecidos e a dose na
entrada da pele. Os valores de dose na entrada da pele serão comparados com a portaria 453 do ministério da
saúde.
2. Introdução
Podemos definir a termoluminescência como um fenômeno luminescente estimulado termicamente.
Neste fenômeno temos dois estágios: No primeiro estágio, o material é exposto a uma fonte externa de energia
(irradiação), passando de um estado de equilíbrio termodinâmico para um estado metaestável (armazenamento
da energia), [Mauricio93]. No segundo estágio, o material é aquecido e retorna ao equilíbrio, liberando energia.
A isto da-se o nome de relaxação termoestimulada. Figura 1.
Figura 1: Representação esquemática dos dois estágios de um processo termicamente estimulado, [Mauricio93].
Quando se fornece energia a um material, uma parte desta pode ser absorvida ou reemitida em forma
de luminescência. Esta energia emitida em forma de luz é a luminescência. O comprimento de onda da luz
emitida é característico do material luminescente e não da radiação incidente,[Knoll].
Dependendo do tempo entre a excitação e a emissão de luz, o fenômeno é classificado como
fluorescência ou fosforescência. Quando a emissão é quase simultânea com a excitação (t < 10-8 s), a
luminescência é denominada fluorescência,[knoll].
A luminescência é denominada fosforescência quando a emissão de luz ocorre após a excitação
desaparecer (t > 10-8 s) e persiste por um tempo razoavelmente longo. Na fosforescência, é necessária a
passagem por um estado de energia intermediária (estado metaestável) e depende da temperatura. As figuras 2
e 3 apresentam uma representação esquemática de possíveis transições energéticas envolvidas nos processos
de fluorescência e fosforescência.
2
Figura 2: Fluorescência: Não necessita de estado intermediário, [Mauricio93].
Figura 3: Fosforescência: Precisa de um estado metaestável, [Mauricio93].
Após a irradiação do material, a termoluminescência pode ser considerada uma fosforescência de
período longo . Se o material (TLD) for mantido à temperatura ambiente, a emissão termoluminescente possui
uma meia-vida muito longa a qual é inversamente proporcional á temperatura.
A termoluminescência pressupõe três premissas: O material tem que ser um isolante ou semicondutor,
pois metais não apresentam propriedades termoluminescentes. O material tem que ser capaz de armazenar
energia durante sua exposição à radiação. A emissão luminescente é estimulada com o aquecimento do
material.
Uma outra importante característica da termoluminescência é que, após o aquecimento ter liberado a
energia absorvida, na forma de luz, o material não apresenta mais resposta TL se for resfriado e após
reaquecido, pois toda informação contida nele fo liberada na forma de luz. Para tornar a apresentar resposta TL,
o material precisa ser novamente exposto à radiação.
O processo de absorção de energia, em cada tipo de material, depende do tipo da radiação incidente e
do espectro de energia a ela associada. A absorção desta energia, em materiais não metálicos, pode ocorrer
através de diferentes processos. Cada um destes processos resulta em alguma modificação do material,
classificada como defeito induzido por radiação. Um defeito induzido por radiação é qualquer espécie eletrônica
ou iônica, fora de seu estado de equilíbrio termodinâmico, originada no material pela irradiação, [Mauricio93].
3
O mecanismo de produção de defeitos através do processo de excitação eletrônica ocorre via produção
de par elétron-buraco (éxcitons). Um éxciton possui grande mobilidade na rede. Para que parte desta energia
absorvida fique armazenada por um intervalo de tempo apropriado é necessário que os defeitos criados
possuam uma energia de ligação superior a energia térmica (vibracional) suficiente para excitar os estados
associados a estes defeitos. Estes estados metaestáveis são denominados armadilhas, [Mauricio93].
Mas, mesmo para cristais puros, o equilíbrio termodinâmico só é atingido para uma certa concentração
de defeitos intrínsecos. No caso dos halogenetos alcalinos (LiF), os principais defeitos intrínsecos são as
vacâncias. Em cada temperatura, o equilíbrio termodinâmico pressupõe uma concentração de pares de
vacâncias de ânions e cátions.
A vacância de ânion gera uma região de carga positiva ávida por acomodar um elétron, ou um estado
localizado capaz de aprisionar um elétron. O termo estado localizado é usado para realçar que o elétron tem seu
movimento limitado a uma região em torno da vacância aniônica. Um elétron que se localize nesta posição é um
elétron armadilhado, pois ele perde sua mobilidade na rede, ficando preso nesta posição da rede. Para retirar o
elétron desta armadilha, é preciso fornecer energia a ele. A energia deste estado é menor do que a energia da
banda de condução e muito maior do que a energia da banda de valência, [Mauricio93].
Os elétrons mais externos dos ânions vizinhos às vacâncias de cátions estão mais fracamente ligados do
que os dos demais ânions localizados longe das vacâncias catiônicas. Isto é, estes elétrons possuem maior
energia (estão menos ligados) do que os demais (sua energia é maior do que a da banda de valência). Estes
elétrons geram um outro estado energético possível para o cristal. No equilíbrio termodinâmico este estado está
ocupado. Quando desocupado (sem elétron), pode-se dizer que este estado está ocupado por um buraco (falta
de elétron).
Um
ganho de energia pode ser suficiente para levar o elétron até a banda de condução. A
movimentação do elétron pode levá-lo a voltar ao mesmo tipo de armadilha, ou a ser capturado em outro
estado localizado (outro tipo de armadilha), ou, ainda, a se recombinar com buracos armadilhados (estados
eletrônicos vazios abaixo do nível de Fermi). Neste último processo, o de recombinação, pode haver emissão de
fótons (emissão radiativa). A recombinação com a emissão de fótons (luminescência) recebe o nome de
termoluminescência.
A curva de emissão TL, de um material previamente irradiado, em função da temperatura apresenta
picos. Cada pico está associado a um tipo de armadilha. A intensidade da emissão TL é proporcional ao produto
do número de elétrons armadilhados (pois quanto mais elétrons aprisionados mais energia poderá ser liberada
causando assim o aumento da intensidade) pela probabilidade de liberação destes elétrons.
Com o aumento da temperatura, a probabilidade de liberação dos elétrons armadilhados aumenta, mas
a população de elétrons armadilhados vai diminuindo de forma que a intensidade da luminescência cresce até
uma determinada temperatura (temperatura do pico de emissão) e depois começa a diminuir até atingir o valor
4
zero, quando não há mais elétrons para serem liberados da armadilha. A forma do pico e a temperatura onde o
máximo da intensidade ocorre depende da taxa de aquecimento utilizada, [Mauricio93].
A curva de emissão TL de materiais reais é composta do somatório de vários picos, cada um destes
associados a um tipo de armadilha, com diferentes valores de energia de ativação e fator de freqüência. A cor da
luminescência emitida (comprimento de onda associado à energia do fóton TL emitido) depende das transições
de recombinação no material. Vários picos TL podem estar associados a um mesmo comprimento de onda. As
leitoras TL convencionais integram a curva de emissão TL em uma ampla faixa de comprimentos de onda, sem
discriminá-los.
As principais características dos dosímetros TLD empregados comercialmente estão listadas na tabela 1.
Tabela 1: Características de alguns TLD fabricados e comercializados pela Harshaw/Bicron, [ISOARES2001].
TLDs são largamente utilizados em dosimetria, pois a intensidade da emissão luminosa de um material
TL depende da quantidade de irradiação recebida. Monitorando-se a liberação termicamente estimulada da
energia durante a fase de aquecimento, através da medida da intensidade da luminescência do material TL (em
função da temperatura), pode-se correlacionar esta informação com a intensidade da irradiação a qual o
material foi exposto previamente. Para caracterizar a intensidade do feixe de irradiação é preciso definir uma
grandeza dosimétrica de interesse. A intensidade de luz emitida (TL) só pode ser correlacionada à grandeza
dosimétrica por um processo de calibração ,onde descrevemos o método e os resultados mais a frante.
O desempenho de um sistema dosimétrico com TLD é normalmente medida por propriedades tais
como:
Reprodutibilidade: Caso o material não seja reprodutível seu uso se torna impossível pois não ha como
sefazer uma calibração.
5
Linearidade: No TLD deve haver uma relação linear entre a intensidade e a grandeza dosimétrica que se
queira avaliar. A constante de proporcionalidade entre intensidade e dose absorvidadeve ser independente da
taxa de dose.Essa linearidade aparece em apenas em uma faixa de energia na maioria dos materiais TLs
[Mauricio87].
HomogeneidadeNa fabricação de TLDs deve-se atentar para que os lotes possuam mesma resposta à
radiação. A sensibilidade pode variar entre os lotes de fabricação, mas a forma e o comportamento da emissão
TL tem que ser sempre o mesmo. Outra característicadesejável é deos lotes possuam a mesma sensibilidade
para que não haja a nessecidade de se utilizar diferentes calibrações, [Mauricio87].
Sinal residual: Ao se aplicar doses elevadas (doses acima de sua faixa de linearidade) pode-se gerar
defeitos no material que não possam mais serem revertidos. Depois destes danos, a resposta dos TLD não
irradiados aumenta, este incremento é chamado sinal residual. Ao longo do tempo de uso, a sensibilidade dos
TLDs também é modificada a medida que são expostos e aquecidos , [Mauricio87].
Uma característica importante na escolha de um TLD é o quão estável é o seu sinal nas condições
ambientais aonde o dosímetro será usado. Isto é, é necessário saber se a carga armadilhada no material pode
ser liberada (antes da leitura) por calor (desvanecimento térmico), luz (desvanecimento óptico), ou qualquer
outra causa. A umidade também pode causar o desvanecimento de alguns materiais, por isto materiais não
higroscópios são normalmente preferíveis para a dosimetria TL. Estes desvanecimentos podem levar a uma subestimativa da dose e precisam ser evitados ou corrigidos.
Os princípios do desvanecimento térmico são bem conhecidos, pois está ligado à própria estimulação da
termoluminescência. Quanto maior a temperatura maior a probabilidade de liberação das cargas armadilhadas.
Quando a profundidade da armadilha é muito pequena, a probabilidade de liberação do elétron é muito grande,
mesmo na temperatura ambiente, e o desvanecimento é grande.
O desvanecimento óptico é causado pela absorção de energia dos fótons provenientes da luz do sol ou
de qualquer outra fonte de luz. Estes fótons podem estimular as transições eletrônicas no material, podendo
liberar elétrons armadilhados, causando o desvanecimento.
A luz (principalmente UV) pode gerar sinal espúrio no material a partir do fornecimento de energia para
o elétron. Neste caso teremos uma leitura superestimada.
A resposta TL dos materiais é modificada por tratamentos térmicos. Desta forma, é possível melhorar ou
piorar algumas de suas características. Cada material escolhido para ser usado como TLD precisa ter suas
condições otimizadas e bem determinadas de tratamento térmico. A reutilização confiável de materiais TL
requer o uso de procedimentos de tratamentos térmicos otimizados e reprodutivos. O recozimento ou
tratamento térmico de pré-irradiação é um processo de aquecimento do material até uma dada temperatura,
seguido de resfriamento. Às vezes, após a irradiação, também é recomendável o uso de outro tratamento
térmico, chamado de pós-irradiação.
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O objetivo do recozimento é de restabelecer o equilíbrio termodinâmico dos efeitos que existia no
material antes da irradiação e da leitura. Adicionalmente, como a sensibilidade TL de um determinado pico é
afetada pela presença de armadilhas profundas, competitivas e desconectadas termicamente, é necessário
esvaziar estes centros mais estáveis, caso eles existam, através de recozimentos a altas temperaturas.
Entretanto, a escolha incorreta de tempos e temperaturas de tratamento térmico pode ter o efeito inverso ao
desejado. Variações na taxa de resfriamento, após o recozimento, apesar de não ser normalmente indicada
pelos fabricantes de materiais TL, afetam sua resposta.
Defeitos pouco estáveis à temperatura ambiente (armadilhas rasas) devem ser esvaziados
intencionalmente com um tratamento térmico (pós-tratamento) antes de sua leitura. Este tratamento é
normalmente feito em uma temperatura de até 1000C e por pouco tempo, para afetar o mínimo possível o pico
dosimétrico do material. Este tratamento pode ser feito em um forno ou no próprio leitor e serve para
aumentar a estabilidade do sinal TL.
Um leitor TL consiste basicamente de duas partes: Um sistema aquecedor, e um sistema de detecção de
luz. Os leitores podem ser manuais ou automáticos. Leitores automáticos podem processar diversos monitores
inteiros, sem necessidade de intervenção do operador. Os monitores são normalmente colocados em fila em
cassetes no leitor que os abre e lê, ininterruptamente, armazenando suas leituras para posterior análise ou já
calculando as dose, conforme um algoritmo preestabelecido. Em leitores manuais, é preciso abrir os monitores e
manusear cada TLD individualmente, colocando-os em pranchetas no interior do leitor.
O aquecimento de um leitor TL pode ser feito por contato, por aquecimento gasoso, por luz
infravermelha, por laser, e outros. A taxa de aquecimento pode variar de poucos graus a milhares degraus por
segundo. O mais importante em um sistema de aquecimento de um leitor TL é que este seja capaz de garantir a
reprodutibilidade do ciclo térmico.
O método mais comum de aquecimento consiste no aquecimento de uma prancheta metálica de baixa
capacidade térmica, na qual é colocado o TLD. A forma da prancheta pode ser adaptada para os diversos tipos
de forma e tamanho dos TLD. O controle da temperatura em função do tempo é feito através do controle da
voltagem aplicada. Um termopar em contato direto com a prancheta mede sua temperatura durante todo o
ciclo de leitura.
A luz emitida pelo TLD, depois de passar através de um sistema de filtros ópticos, é detectada por um
tubo fotomultiplicador, que pode ser utilizado em modo de integração de corrente ou contagem de fótons. O
mais comum em leitores comerciais é o modo de corrente integrada, onde os fótons são convertidos em
corrente elétrica e esta é integrada no tempo como carga. Este sinal pode ser coletado por outros instrumentos
de saída de dados analógicos ou digitais. O próprio leitor pode fornecer apenas um registro do sinal integrado,
possuir um mostrador analógico ou um visor que mostre o sinal luminoso em função do tempo de aquisição, ou
pode-se ter armazenamento de toda a curva em microcomputadores, com possibilidade até de deconvolução
7
destas, com uso de algoritmos sofisticados de cálculo de dose. Para atingir a eficiência máxima de detecção,
toda a luz produzida pelo TLD deve atingir a camada sensível do detector de luz, o que poderia ser obtido
através do contato direto entre o TLD e o fotocatodo.
Entretanto, devido à sensibilidade térmica do fotocatodo, é necessária uma separação térmica entre o
TLD e o fotocatodo. Este isolamento térmico é facilmente alcançado colocando-se o detector de luz do lado do
sistema aquecedor, ao invés de sobre o aquecedor e usando-se sistemas de espelhos. O sistema óptico deve ser
projetado de forma que a coleta de luz não seja afetada por mudanças na posição do dosímetro. Os filtros óticos
são usados também para diminuir a interferência da emissão infravermelha.
O tubo fotomultiplicador deve ser escolhido de forma que sua sensibilidade seja máxima na região de
comprimento de onda do material TL. Por exemplo, o LiF emite na região azul-cinza, enquanto o Li2B4O7 emite
no vermelho. Para resultados otimizados, é claro que estes materiais exigem tubos fotomultiplicadores
diferentes. Além disso, é desejável uma baixa resposta a outros comprimentos de onda principalmente
próximos ao do infravermelho.
Para testes regulares da sensibilidade de todo o sistema de leitura é utilizada uma fonte de luz de
referência. Uma fonte de luz constante colocada na mesma posição do TLD pode detectar mudanças de
sensibilidade tanto do tubo fotomultiplicador quanto do sistema ótico ou do circuito eletrônico.
Existem ainda cuidados adicionais que devem ser tomados: Materiais em forma de chips ou discos
devem ser manipulados com pinças para evitar qualquer contato com a gordura da mão ou qualquer outro
material que possa contaminar a superfície do TLD. Pinças metálicas devem ser evitadas, pois podem arranhar a
superfície dos detectores induzindo um sinal espúrio (triboluminescência). No caso de uso destas pinças é
recomendável o uso de uma cobertura suave e limpa de suas pontas.
Qualquer análise de fatores de erros em dosimetria TL tem de considerar não só a instabilidade do
leitor, mas todos os parâmetros e grandezas de influência durante os tratamentos térmicos, a irradiação, o
armazenamento e a leitura.
Além disso, cuidados adicionais devem ser observados, para que um bom desempenho com a
dosimetria TL seja atingido, tais como: Seleção e preparação de TLD de massa aproximadamente iguais, cuidado
no manuseio dos TLD, usando-se pinça a vácuo ou pinça plástica; e armazenamento dos TLD, quando não
estiverem em uso, em recipientes opacos para impedir sua exposição à luz, em temperatura adequada e longe
de qualquer fonte radioativa.
É desejável ainda atentar para variações de temperatura (e/ou umidade), não consideradas no processo
de calibração, variação da massa de material TL no TLD, armazenagem e/ou manuseio incorretos dos TLD,
instabilidade do sistema de leitura e equipamentos periféricos, instabilidade da fonte de luz de referência não
reprodutibilidade da posição do TLD no leitor e da transferência de calor entre TLD e aquecedor, não
consistência do ciclo térmico de leitura durante a calibração e a medida.
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A dosimetria TL pode ser utilizada em diversos tipos de aplicações. A escolha do sistema TL deve ser feita
levando-se em conta as necessidades da aplicação em questão e a as limitações de cada TLD disponível. Além
disso os procedimentos de manuseio, armazenagem, leitura e calibração também devem ser adequados à
aplicação.
O objetivo primário da dosimetria individual externa é a monitoração da dose de radiação recebida por
cada trabalhador durante sua exposição ocupacional de rotina a fontes externas de radiação. A monitoração
pessoal baseia-se nas recomendações internacionais da "International Commission on Radiological Protection" –
ICRP, A função da monitoração individual é medir, para poder limitar, as doses absorvidas pelos trabalhadores
individualmente [ICRP77].
Segundo a ICRP, a monitoração dos trabalhadores é a maneira mais rápida e prática de se avaliar as
condições de exposição destes às radiações, [ICRP77]. Como monitoração se entende a medida da radiação, com
a finalidade de se estimar, confirmar ou acompanhar a exposição, e a interpretação dos resultados.
O programa de monitoração representa mais do que simples medidas, ele envolve também a
interpretação dos regulamentos e normas internas de cada país, e das recomendações internacionais. O
acompanhamento e a análise das doses recebidas pelos trabalhadores fornecem subsídios importantes para
discussões a respeito do sistema de limitação de dose.
A dosimetria de pele visa determinar o equivalente de dose em uma profundidade de 5 a 10 mg/cm2.
Neste caso, o interesse recai sobre as radiações pouco penetrantes, como partículas beta e raios X abaixo de 15
keV. Evidentemente, uma característica importante de um material TL para aplicação em dosimetria individual é
a sua equivalência ao tecido humano. A faixa de doses de interesse varia de cerca de 10 -4 a 100 Sv, com uma
incerteza da ordem de 10 - 20%, [SOARES2001].
A dose máxima recebida pela pele, pelo cristalino e pelo corpo, é estimada utilizando-se um sistema de
dosimetria individual de rotina que utiliza um ou vários dosímetros. Na maioria dos casos, os monitores
individuais são projetados para medir a dose equivalente em duas profundidades diferentes: na pele
(superficial) a 5-10 mg.cm-2 de profundidade e a dose de corpo inteiro (profunda) a 400- 1000 mg.cm-2, o que
costuma ser suficiente inclusive para estimar a dose no cristalino. Será preciso um controle adicional para o
cristalino quando houver condições especiais, onde haja irradiação de fótons de baixa energia ou partículas beta
de alta energia, [Mauricio87].
O tipo mais simples de monitor individual com TLD, para estimar dose efetiva, contém dois TLD,
aproximadamente equivalentes a tecido, sendo um deles sob um filtro, para correção da dependência
energética. Este monitor deve ser usado na parte mais exposta do tórax. Monitores mais sofisticados utilizam
TLD com Zeff diferentes em baixo de diferentes filtros, o que pode permitir, além do cálculo da dose,
informações sobre a qualidade e direção da radiação, através de algoritmos matemáticos apropriados. O projeto
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de um monitor individual baseia-se em vários parâmetros, incluindo a escolha do detector, tipo de radiação a
ser medida, número de pessoas a serem monitoradas e o sistema de avaliação a ser usado.
Quando o monitor utilizado no corpo pode não fornecer uma boa indicação da dose absorvida em uma
extremidade, tal como as mãos, isto é, quando durante o período de trabalho espera-se que a dose absorvida
em uma extremidade seja significativamente maior que a do corpo, é recomendável o uso de um monitor de
extremidade. A configuração particular escolhida dependerá da tarefa manual a ser executada e a estimativa
resultante da distribuição de taxa de dose na extremidade.
Normalmente, são utilizados anéis dosimétricos.
Os limites de dose para monitores individuais de corpo inteiro para fótons de 20 a 1250 keV foram
definidos no documento IRD-RT- N0002.01/95. Para que um laboratório de TLD seja certificado pelo IRD/CNEN
para prestar serviços de monitoração individual externa é preciso que o mesmo cumpra, além dos requisitos de
desempenho do sistema TL, todas as etapas do processo de certificação definidas na portaria n01 de 25/08/95
da CNEN, publicada no Diário Oficial da União em 04/10/95. Os processos de certificação são avaliados pelo
Comitê de Avaliação de Serviços de Monitoração Individual Externado IRD – CASMIE/IRD, [ipef].
3. Procedimento experimental e Material utilizado
A primeira etapa do experimento consistiu em adquirir uma calibração dos Dosímetros
Termoluminescentes (TLD). Através desta calibração será possível determinar a exposição em função da
intensidade termoluminescente do TLD sem que exista a necessidade de se usar uma câmara de ionização.
Selecionou-se 6 grupos de detectores TLD de cada tipo de material termoluminescente disponibilizado
no laboratório. Os materiais utilizados foram LiF e CaSO4. Cada grupo continha 4 dosímetros,no total foram
utilizados 24 detectores de Lif e de CaSO4 para a obtenção de uma curva de calibração. Também utilizou-se 1
detector de cada material para medição da radiação de fundo.
Cada grupo foi irradiado com uma exposição diferente, multiplos de um valor fixo que foi obtido
deixando a máquina com voltagem, corrente e tempo, Optou-se por este procedimento pois assim não seria
necessário utilizar exposições muito elevadas, o que resultaria numa carga excessiva para o equipamento de
raios-X e consequentemente a diminuição da vida útil deste. Além disto há outros beneficios, como a diminuição
do tempo necessário para adiquirir os dados e a diminuição dos erros.
Começou-se as exposições com todos os 48 dosímetros que haviam sido separados para exposição,
tomando o cuidado para que eles ficassem o mais próximo do centro do feixe. A cada exposição tirava-se um
dos grupos de cada tipo para medição (desta forma cada grupo ficava com uma unidade de exposição a mais
que o outro).
10
Entre uma exposição e outra aguardou-se um tempo de 1 minuto, isto é necessário para não danificar o
tubo de raios-X diminuindo a vida útil deste equipamento.
Para a determinação do tempo do disparo, da tensão, corrente e exposição deste utilizou-se o sistema
de medida modelo 9095 produzido pela Radcal, [RADCAL]. A câmara de ionização utilizada foi o modelo 10X6-6
e o medidor não invasivo de tensão utilizado foi o 40X 12 W.
A medição dos dosímetros foi feita com um leitor TL para a determinação da intensidade de luz TL
emitida pelos dosímetros. A temperatura mínima para a leitura de intensidade é de 50°C e a máxima de 400°C
para o LiF e 350°C para o CaSO4. Leituras abaixo de 50°C não são interessantes, pois não há picos TL e caso
houvesse emissões TL os elétrons capturados pelas armadilhas seriam liberados antes da leitura .Desta forma se
tem uma margem entre a temperatura ambiente e a de leitura). Leituras acima das temperaturas máximas
também não são interessantes, pois não se tem nenhuma informação dosimétrica sobre a ionização.
A taxa de aquecimento empregada no processo de leitura de ambos os dosímetros foi 5°C/s. Esta taxa é
utilizada para que exista um equilíbrio térmico entre o lugar onde ocorre o aquecimento e o dosímetro, desta
forma
o dosímetro não tem temperatura inferior a indicada pelo programa de aquisição. Com isso a
temperatura registrada é igual à temperatura real do dosímetro.
Entre uma leitura e outra é necessário esperar que o leitor esfrie a uma temperatura inferior a 50°C para
fazer nova leitura. Para facilitar o resfriamento foi utilizado um ventilador.
A leitora de TLD empregada foi a Harshaw TLD, produzida pela Thermo Electron Corporation, Figura 4. O
modelo empregado foi o 3500, número de patrimônio da Unicamp 08/24914. Em conjunto com este
equipamento utilizou-se o software WinREMS da empresa Saint Gobain Crystals & detectors. A vesão do
software utilizado foi a PL 26732.8.1.0.0. O programa em questão foi executado em um microcomputador DELL
optiplex 170 L utilizando o sistema operacional Windows XP.
Figura 4: Leitora de TLD empregada, [Gantep].
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Conforme os dosímetros foram lidoseles foram guardados em caixas diferentes, para que não houvesse
uma mistura dos dosímetros tratados com os não tratados.
Na sequência deste do experimento 6 dosímetros ( sendo 3 de LiF e 3 de NaSO4) foram irradiados com
exposições desconhecidas. Mediante a leitura da intensidade termoluminescente e a equação de calibração
determinada pretende-se determinar a exposição recebida por estes dosimetros.
Na última parte desta investigação utilizou-se um simulador antropomórfico para simular exames típicos
de raio-X, Figura 5. Foram simuladas exposições de tórax, cabeça e membros superiores (mão).
Figura 5: Simulador antropomórfico.
O simulador antropomórifico consiste em um boneco feito de plástico e de materiais que simulam um
paciente padrão (com tamanho e peso médios para a população). Ele é constituído de materiais que sofrem
igual atenuação ao tecido vivo quando exposto a radiação.
Este simulador foi utilizado para avaliar a dose na entrada do tecido e na saída do feixe, não se avaliou a
dose interna para orgãos.
Para cada simulação ajustou-se o equipamento de raios-X com valores típicos de tensão, corrente e
tempo para um exame clínico, foram usados dois conjuntos de valores, um com tensão elevada e corrente baixa
e outro com tensão baixa e corrente elevada. Realizou-se uma exposição para cada conjunto de parâmetros e
parte do corpo do simulador antropomórifico a ser imageada.
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Colocou-se um detector TLD na entrada da pele ou nas estruturas críticas (olhos) e na saída do feixe
(entre o paciente e a mesa de exames). Para cada exposição foram utilizados dosímetros de LiF e de CaSO4.
Além disto utilizou-se um conjunto tela-filme colocado entre o paciente e a mesa para obter a imagem
radiológica em questão. Ao longo de todas as exposições manteve-se a distância foco – filme constante e igual a
1 metro. Utilizou-se como referência para medir esta distância um parafuso na lateral do tubo de raios-X
considerando-se este o ponto onde são produzidos os raios-X no tubo. Para isto utilizou-se uma régua de
madeira de 1 metro de comprimento.
Para revelar os filmes expostos foi utilizada uma reveladora automática.
Os resultados obtidos para a dose de entrada na pele (DEP) foram comparados com a portaria 453 do
Ministério da Saúde de 1 de junho de 1998 que estabelece padrões de radioproteção para equipamentos de
raios-X.
4. Resultados e discussões
Um dos pricipais objetivos deste experimento é obter uma curva de calibração para os dosimetros
empregados. Para realizar esta tarefa 6 grupos de 4 dosímetros de LiF e de CaSO4 foram expostos a um feixe de
radiação proveniente de uma máquina de raios-X de uso clínico, Figura 6.
Figura 6: Equipamento de raios-X utilizado.
Foram realizadas 6 exposições idênticas ajustando-se no console do equipamento um voltagem de 80
kVp, tempo de 100 ms e corrente de 25 mA. Além disto utilizou-se um medidor de tensão não-invasivo e uma
câmara de ionização para ter melhor controle da exposição realizada, Figura 7.
13
Figura 7: Medidor não invasivo de tensão e câmara de ionização utilizados.
Através disto determinou-se o tempo de exposição, a tensão se pico e o tempo de cada disparo.
disparo
tensão (kVp)
1
tempo (ms)
2
exposição (mR)
1°
79,2
104
11,45
2°
79,1
100
10,79
3°
79,1
102
11,47
4°
79,5
102
11,54
5°
79,1
102
11,53
6°
79,0
104
11,50
3
Tabela 2: dados obtidos na leitura da câmara de ionização a cada disparo.
Ao final de cada exposição removeu-se um grupo de dosímetros de modo que os dosímetros restantes
obtivessem uma exposição maior que os grupos já removidos.
Para saber a exposição de cada grupo de dosímetro, somou-se as exposições obtidas em cada disparo. Desta
forma tem-se:
Esta medida está sujeita a um erro de  1 %, [RADCAL].
Esta medida está sujeita a um erro de  4 %, [RADCAL].
3
Esta medida está sujeita a um erro de  5 %, [RADCAL].
1
2
14
grupo
Exposição (mR)
1
11,45
2
22,24
3
33,71
4
45,25
5
56,78
6
68,28
3
Tabela 3: dados com os grupos de dosimetros e suas respectivas exposições.
Para obter uma curva de calibração dos dosímetros confrontou-se duas curvas de resposta
termoluminescente com diferentes exposições, Figura 8. Com isto percebe-se uma região de interesse nas
curvas. Esta região tem o seu comportamento alterado devido a absorção de energia devido a radiação
incidente. Esta região em questão concentra-se entre 175 e 250 OC para o LiF.
Figura 8: Gráfico 1: Intensidade Termoluminescente x Temperatura para curvas com exposições de 11,45mR e 68,28 mR
Já no caso do CaSO4 as curvas apresentaram um comportamento muito distinto para temperaturas
superiores a 150 OC. Este comportamento está associado a como o material responde a dose absorvida. Isto será
levado em consideração para a determinação da resposta do material a radiação absorvida.
15
Figura 9: Gráfico 2: Intensidade Termoluminescente x Temperatura para curvas com exposições de 11,45mR e 68,28 mR.
Os dados adiquiridos pelo programa WinREMS foram todos salvos em um único arquivo ASC. Este
arquivo pode ser lido com qualquer editor de texto. Dentro deste arquivo os dados são salvos todos em
sequência em uma única coluna, tanto a corrente devido a resposta termoluminescente tanto a temperatrura
do detector. Há sempre uma linha inicial com os dados da aquisição como o título da medida, data da aquisição
e a carga coletada. Logo na sequência estão dispostos todos os dados da intensidade TL, e na sequência destes
sem que haja alguma separação estão os valores de temperatura correspondentes a aquisição do sinal TL. Estes
dados foram divididos em duas colunas, é fácil saber onde termina as informações do sinal TL e onde começam
as temperaturas lidas pois existe uma elevada ruptura nos valores (a parte final do sinal tem valor elevado,
enquanto que o início das temperaturas tem valor próximo a 50 OC.)
Para determinar a área integrada dos picos termoluminescentes para o LiF para os diferentes valores de
exposição, apenas somou-se todas as contagens que se encontravam sob as curvas no intervalo desejado (em
geral em torno de 175 a 250 OC). Para encontrar o numero de contagens realizou-se a média das medidas para
cada grupo de detectores.
Analisando desta forma, diminuí-se o erro, pois cada dosímetro tem um
comportamento ligeiramente diferente do outro.
Cabe ressaltar aqui que cada detector tem um comportamento diferente do outro já que eles nao tem
rigorosamente o mesmo tamanho ou massa. Isto pode ser notado nas figuras 10 e 11.
16
Figura 10: Gráfico 3: Primeiro dosímetro de LiF lido.
Figura 11: Gráfico 4: Segundo dosímetro de LiF lido.
Para cada grupo de deterctores lidos determinou-se ainda o desvio padrão das medidas. Considerou-se
o desvio padrão a incerteza da medida da intensidade dos foto picos. Além disto para a análise dos resultados
tomou-se como de 5% o erro da exposição.
Os dados obtidos encontram-se na tabela 4.
17
Intensidade TL (pC)
Desvio padrão
Erro percentual (%)
Exposição (mR)
Erro exposição (mR)
32061.5
417.3252
1.30164
11.45
0.5725
47426
797.8099
1.682221
22.24
1.112
69258.75
1236.46
1.785277
33.71
1.6855
97064.25
3262.964
3.361654
45.25
2.2625
102342.75
2042.208
1.995459
56.78
2.839
135500.75
2696.474
1.990007
68.28
3.414
Tabela 4: Leituras obtidas e erros calculados.
De modo geral percebe-se que o erro da intensidade TL fica em torno de 2%, chegando a 3% no pior dos
casos. Com isto construiu-se uma curva de linearização para a exposição em função da intensidade do sinal TL.
Figura 12: Gráfico 5: Exposição em função da intensidade termoluminescente.
Além dos dados coletados para cada grupo de detectores realizou-se a leitura de um detector não
irradiado determinando-se assim a radiação de fundo apurada pelo mesmo.
Integrando-se os dados deste detector na região do pico termoluminescente obteve-se um valor de
22382 pC. Com isto procedeu-se a análise para o LiF levando-se em consideração a radiação de fundo.
18
Área sem radiação de fundo
Área pico TL [pC]
[pC]
Exposição [mR]
32061.5
9679.5
11.45
47426
25044
22.24
69258.75
46876.75
33.71
97064.25
74682.25
45.25
109342.75
86960.75
56.78
135500.75
113118.75
68.28
Tabela 5: dados com as intensidades termoluminescentes e suas respectivas exposições.
Com isto obteve-se o seguinte gráfico:
Figura 13: Gráfico 6: Exposição em função da intensidade termoluminescente.
Com esta equação determina-se a exposição a partir da área integrada do pico termoluminescente. Note
que quando a intensidade TL é nula (já descontada a radiação de fundo) tem-se uma exposição de 7.40 mR, o
que equivale a uma dose de 0.0740 mG.
Este valor no entanto não é a radiação de fundo absorvida pelos detectores desde o momento que eles
foram tratados (anneling) até o momento que eles foram utilizados. Utilizou-se como referência para a
elaboração deste gráfico apenas os valores da exposição determinados pelo medidor não invasivo de tensão e a
câmara de ionização. Estes valores são relativos apenas a exposição realizada e não a dose total absorvida pelo
detector.
19
O coeficiente linear obtido na linearização das exposições é uma constante de proporcionalidade e não a
própria radiação de fundo.
Num experimento onde todos os detectores TLD foram tratados e lidos no mesmo intervalo de tempo
(sendo que eles foram expostos a mesma quantidade de radiação) não há como se determinar a radiação de
fundo. A radiação de fundo neste caso ocasionaria apenas o deslocamento vertical da reta obtida na linearização
com um consequente aumento do coeficiente linear deste.
Para se medir a radiação de fundo teria-se de ler os dosímetros após diferentes intervalos de tempo. Isto
ocasionaria valores diferentes de dose que poderiam ser correlacionados com o tempo que eles foram expostos
a radiação de fundo.
Com isto assegura-se a correlação do comportamento matemático do dosímetro TL com a realidade
física.
Procedeu-se então para a análise dos dosímetros de CaSO4. A priori construiu-se várias curvas de
resposta TL para uma mesma exposição, assim como já havia sido feito no caso dos dosímetros de LiF, Figura 14.
Mas neste caso chegou-se a ter uma elevada discrepância para diferentes dosímetros de um único grupo
irradiado em iguais condicões.
Figura 14: Gráfico 7: Resposta TL para o CaSO4.
Isto revela desde já uma maior instabilidade do comportamento dos dosímetros. Pode-se esperar desde
já um erro mais elevado para a calibração obtida com esta substância.
Procedendo-se a calibração integrou-se a área dos picos de interesse (região com a temperatura
variando de 150 a 350 0C, embora muitos picos comessem em torno de ).
20
Intensidade TL (pC)
Desvio padrão
Erro percentual (%)
Exposição (mR)
Erro exposição (mR)
4329864
1080045
14.40147
11.45
0.5725
6616663
1006153
8.779388
22.24
1.112
9351688
2213159
13.6635
33.71
1.6855
12907483
3563585
14.60471
45.25
2.2625
14985530
1196202
4.60863
56.78
2.839
17859151
2704091
8.74178
68.28
3.414
Tabela 6: Leituras obtidas e erros calculados.
Note que os erros corroboram as espectativas iniciais. Os
dosímetros de LiF tem melhor
reprodutibilidade que os de CaSO4.
Dando sequência a análise procedeu-se a construção de um gráfico da exposição em função da resposta
do TLD.
Figura 15: Gráfico 8: Exposição em função da intensidade termoluminescente.
Novamente levando em consideração a radiação de fundo tem-se uma área integrada de 1514552 pC.
Subtraindo este valor dos pontos tem-se:
21
Área do pico TL (pC)
2815312
5102111
7837136
11392931
13470978
16344599
Exposição (mR)
0.5725
1.112
1.6855
2.2625
2.839
3.414
Figura 16: Gráfico 9: Exposição em função da intensidade termoluminescente.
A mesma discussão realizada para a calibração do LiF também é válida para o CaSO 4. Ao subtrair a
radiação de fundo dos pontos experimentais coletados o único efeito é transladar a curva para a esquerda. A
carga acumulada e coletada na região de interesse é muito maior para o CaSO4 que para o LiF é em torno de 100
vezes maior.
Para determinar a exposição de amostras desconhecidas foi feita a leitura de intensidade
termoluminescente para cada dosímetro. Para os LiF, consideramos a soma das intensidades até a temperatura
de 250°. Essa soma seria a área sob a curva do gráfico Termoluminescência x Temperatura. Com essa soma em
mãos, substitui-se o valor da resposta TL na curva de calibração e obtem-se o valor da exposição de cada
dosímetro.
Para o LiF a curva de calibração obtida foi: y = 0.0005424338x + 7.4012033926
22
Onde y é o valor da exposição e x é intensidade termoluminescente, ou seja, o valor da área sob o
gráfico.
As leituras encontradas foram plotadas nos gráficos abaixo:
Gráfico de Intensidade x T para o Dosimetro Lif 1
Gráfico de Intensidade x T para o dosímetro LiF 2
40000
dosimetro 2
fundo
40000
dosímetro 1
fundo
35000
intensidade termoluminescente (C)
Intensidade Termoluminescente (C)
35000
30000
25000
20000
15000
10000
5000
0
30000
25000
20000
15000
10000
5000
0
-5000
-5000
0
0
50
100
150
200
250
300
350
400
50
100
450
150
200
250
300
350
400
450
Temperatura (°C)
Temperatura (°C)
Figura 17: Gráfico 10: Intensidade TL versus temperatura.
Figura 18: Gráfico 11: Intensidade TL versus temperatura.
Gráfico de Intensidade x T para o dosímetro Lif 3
40000
dosímetro 3
fundo
Intensidade Termoluminescente (C)
35000
30000
25000
20000
15000
10000
5000
0
-5000
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
Temperatura (°C)
Figura 19: Gráfico 12: Intensidade versus temperatura.
Com a ajuda dos gráficos foi calculado a área de interesse sob o gráfico da curva.
Os valores encontrados se encontram na tabela abaixo:
23
LiF
Intensidade Termoluminiscente (pC) *
Exposição (mR)
Erro da Exposição (mR)
Dosímetro 1
76616
37
1
Dosímetro 2
156669
80
2
Dosímetro 3
218622
114
2
Tabela 7: Cálculo da exposição nos dosímetros de LiF.
*Os valores da Intensidade Termoluminescente (área sob o gráfico) foram escolhidos somente entre as
extremidades do pico do gráfico, de tal forma que não fosse acrescentado ruído nos cálculos. No caso do LiF, foi
somado as intensidades entre 175°C e 250°C.
Para o CaSO4 a curva de calibração obtida foi: y = 0.0000041321x + 0.3887773844
Onde também Y é o valor da exposição e X é intensidade termoluminescente. As leituras dos gráficos se
encontram nos gráficos plotados abaixo:
Gráfico de Intensidade x T para o dosímetro CaSO4 2
500000
Gráfico de Intensidade x T para o dosímetro CaSO4 1
dosímetro 2
fundo
Intensidade Termoluminescente (C)
Intensidade Termoluminescente (C)
200000
dosímetro 1
fundo
150000
100000
50000
0
0
50
100
150
200
250
300
400000
300000
200000
100000
0
0
350
50
100
150
200
250
300
350
Temperatura (°C)
Temperatura (°C)
Figura 20: Gráfico 13: Intensidade TL versus temperatura.
Figura 21: Gráfico 14: Intensidade TL versus temperatura.
Gráfico de Intensidade x T para o dosímetro CaSO4 3
dosímetro 3
fundo
Intensidade Termoluminescente (C)
600000
500000
400000
300000
200000
100000
0
0
50
100
150
200
250
300
350
Temperatura (°C)
Figura 22:Gráfico 15: Intensidade TL versus temperatura.
24
Assim como para os dosímetros de LiF, os gráficos obtidos foram utilizados para obter a área de
interesse sob o gráfico.
Os valores encontrados estão na tabela abaixo:
CaSO4
Intensidade Termoluminescente (pC)
Exposição (mR)
Erro da Exposição (mR)
Dosímetro 1
13674704
50
5
Dosímetro2
29440715
116
10
Dosímetro 3
35969665
143
10
Tabela 8: Exposição obtida para os dosímetros de CaSO4.
Para determinar-se a dose na entrada da pele colocou-se um dosímetro TLD na superfície da mão, do
tórax e de cada olho. Realizou-se uma exposição para um valor elevado de tensão e de baixa corrente para um
grupo de dosímetros e uma outra exposição para um outro grupo de dosímetros com baixa tensão e corrente
elevada.
Exposição
Cabeça
Tórax
Mão
Tensão (kVp)
Corrente*tempo (mAs)
kVp alta
110
2.5
kVp baixa
60
5
kVp alta
65
15
kVp baixa
50
30
kVp alta
65
7.5
kVp baixa
50
15
Tabela 9: Dados das exposições.
Utilizou-se um conjunto tela-filme para imagear cada estrutura desejada. No entanto ao tentar revelar
os filmes obteve-se uma imagem muito clara. Inicialmente suspeitou-se que foram utilizados valores muito
elevados de corrente tensão e tempo, ocasionando uma imagem de má qualidade. Tentou-se realizar uma nova
exposição com valores mais baixos usando como referência alguns filmes já revelados disponíveis no
laboratório.
Novamente não se obteve êxito em obter uma imagem de boa qualidade. Todas as imagens reveladas
apresentaram-se extremamente claras. Por fim mediante consulta ao técnico de laboratório abandonou-se esta
25
análise pois suspeitou-se no momento que a caixa de filmes havia sido exposta a luz ocasionando a perda do
material.
Depois disto concluiu-se que o problema ocorreu no líquido revelador. Este foi contaminado impedindo
a revelação dos filmes.
Isto pode ser percebido devido ao seguinte fato: Caso a caixa de filmes tivesse sido exposta a luz
ambiente isto teria ocasionado o enigrecimento do filme e não uma imagem clara como ocorreu.
Com base nos dados coletados calculou-se a intensidade da resposta TL para cada uma das exposições
realizadas para o simulador antropomórifico em questão, estes dados estão nas tabelas10 e11.
Exposição Entrada da pele
Cabeça
Tórax
Mão
Intensidade TL LIF (pC)
Intensidade TL CaSO4 (pC)
Olho direito kVp alta
41692
6057948
Olho direito kVp baixa
63943
7081929
Olho esquerdo kVp alta
47698
6378343
Olho esquerdo kVp baixa
66804
7119982
kVp alta
103436
12441455
kVp baixa
199638
32785295
kVp alta
55418
9026113
kVp baixa
78280
11559299
Tabela 10: Resposta TL para o LiF e para o CaSO4 entrada da pele.
Exposição saída do feixe
Cabeça
Tórax
Mão
Intensidade TL LIF (pC)
Intensidade TL CaSO4 (pC)
kVp alta
16170
1048640
kVp baixa
18598
1645430
kVp alta
39569
2223938
kVp baixa
1262143
12441455
kVp alta
23705
3059988
kVp baixa
24695
3475519
Tabela 11: Resposta TL para o LiF e para o CaSO4 saída do feixe.
A partir destas tabelas e com base na curva de calibração construída para cada material pode-se
determinar a dose devida a cada exposição na entrada da pele. Para isto tomou-se como fator de conversão
exposição dose 1R = 0.01 Gy, esta aproximação é válida para fins práticos, [Shapiro02].
Para uma medida única (sem propagação de erros) tem-se um erro na determinação da área integrada
da resposta TL de 2% para o LiF e de 10% para o CaSO4. Esta é a fonte de erros mais importante na determinação
da dose na entrada da pele.
26
Exposição Entrada da pele
Dose (mGy)
Erro (mGy)
LiF
Cabeça
Tórax
Mão
Dose (mGy)
Erro (mGy)
CaSO4
Olho direito kVp alta
0.18
0.004
0.19
0.02
Olho direito kVp baixa
0.29
0.006
0.23
0.02
Olho esquerdo kVp alta
0.21
0.004
0.2
0.02
Olho esquerdo kVp baixa
0.31
0.006
0.23
0.02
kVp alta
0.51
0.01
0.45
0.05
kVp baixa
1.03
0.02
1.3
0.1
kVp alta
0.25
0.005
0.31
0.03
kVp baixa
0.38
0.008
0.42
0.04
Tabela 12: Dose na entrada da pele.
As doses calculadas para a saída do feixe lograram valores muito inferiores a unidade salvo a dose no
tórax que obteve valor 0.5 ±0.05 mGy.
Conforme as normas do Ministério da Saúde, portaria 453 de 01 de junho de 1998, [MS453], os valores
máximos recomendados para a dose de entrada na pele não deve exceder 0.4 mGy para exposições de tórax,
num exame posterior –anterior. Este foi o único limite excedido com as voltagens e correntes utilizadas.
Tabela 13: Níveis de referênica Ministério da Saúde, [MS453].
Infelizmente não se pode revelar os filmes radiográficos para avaliar a qualidade da imagem e discutir a
relação qualidade da imagem e dose. No entanto espera-se que com o aumento da tensão a dose na entrada da
pele diminua (como já é observado nas tabelas) em detrimento da qualidade da imagem.
27
5. Conclusão
A dosimetria TLD tem um papel destacado na física médica por permitir a monitoração de um amplo
intervalo de doses durante longos períodos de maneira relativamente fácil e com boa reprodutibilidade. Nas
calibrações executadas a maior fonte de erros foi o erro estatístico associado a área integrada da resposta
termoluminescente. Este erro foi de 2% para dosímetros de LiF e de 10% para dosímetros de CaSO 4.
Consegui-se determinar com precisão aceitável a dose desconhecida em dosímetros de LiF e de CaSO4. A
dose na entrada da pele também foi determinda. Esta foi confrontada com os valores recomendados publicados
pelo Ministério da Saúde. Contudo a investigação da qualidade das imagens radiográficas obtidas foi
comprometida já que os filmes expostos não foram revelados devido a um problema de contaminação da
solução reveladora na reveladora automática.
6. Bibliografia
[Knoll] Knoll, G.F. - Radiation Detection and Measurements, 3nd edition - John Wiley & Sons (1989), pg 734-731.
[Mauricio93] Maurício, C.L.P. – Noções de Dosimetria Termoluminescente: Aplicação em Dosimetria Individual apostila de curso, IRD/CNEN (1993).
[ISOARES2001] SOARES, C. M. A. ; SILVA, T. A. . Caracterização de um dosímetro pessoal comercial para medida
do equivalente de dose pessoal. In: VhI CONGRESSO BRASILEIRO DE FÍSICA MÉDICA, 2001, RIO DE JANEIRO.
ANAIS DO VI CONGRESSO BRASILEIRO DE FÍSICA MÉDICA, 2001.
[MS453] http://www.grx.com.br/portaria/apendice.htm Disponível em 1 de novembro de 2209
[Mauricio87] Maurício, C.L.P. - Dosimetria Individual de Nêutrons – nota técnica, IRD/CNEN NT- 014/87 (1987).
[ICRP77] ICRP, 1977. International Commission on Radiological Pro Recommendations of the International
Commission on Radio Protection; ICRP Publication Nº 26, Pergamon Press, Oxford: 1977.
[Gantep] www1.gantep.edu.tr/~yazici/TLDReaders.html Disponível em 3 de novembro de 2009.
[RADCAL] Site: http://www.radcal.com/10x6series.html Disponível em 3 de novembro de 2009.
28
[Shapiro02] Shapiro J. Radiation Protection: A Guide for scientists, regulators and physicians, fourth edition,
pages 282-283.Cambrige: Harvard University Press, 2002.
[ipef] http://www.ipef.br/legislacao/bdlegislacao/arquivos/3250.rtf Disponível em 1 de novembro de 2009.
29
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