04/03/2010 - 09h44
TERREMOTO NO CHILE
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Ensino Médio
Tremor é um dos mais violentos já
medidos
José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Michelle Bachelet, presidente do Chile, visita
moradia de emergência construída para
abrigar vítimas
O terremoto de 8,8 graus de magnitude na escala Richter que atingiu o Chile às 3h36 da madrugada de 27 de
fevereiro de 2010 é considerado a pior catástrofe natural do país nos últimos 50 anos e um dos cinco
terremotos mais potentes desde o começo do século 20, de acordo com dados do Serviço Geológico dos
Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês).
Direto ao ponto: Ficha-resumo
Os tremores de terra atingiram sete das 15 regiões do Chile, matando 800 pessoas, danificando mais de 500
mil imóveis, pontes e viadutos, e afetando cerca de 2 milhões de pessoas, o que corresponde a um oitavo da
população de 16,6 milhões de habitantes.
O litoral chileno também foi devastado por tsunamis - ondas gigantes que se formam após um abalo sísmico.
O epicentro do terremoto foi localizado no mar, a 35 km de profundidade, na região de Male, que possui quase
1 milhão de habitantes. A maior parte das vítimas fatais morava nessa região, incluindo a capital, Talca.
Santiago, capital do Chile, localizada a 325 km de distância do epicentro, também foi atingida e o aeroporto
internacional teve de ser fechado. O tremor foi sentido até no Brasil.
A cidade mais afetada foi Concepción, importante centro comercial e industrial do país, capital da segunda
maior província chilena, Biobío, composta de 12 comunas (cidades), com quase 900 mil habitantes.
Em Concepción foram registradas mais de 100 mortes, além de danos na infraestrutura. Sem água, luz ou
comida, os moradores saquearam e depredaram supermercados e entraram em conflito com a polícia. A
desordem nas ruas levou o governo a decretar toque de recolher (ato que proíbe os habitantes de ficarem nas
ruas após determinado horário). O procedimento não entrava em vigor desde o fim da ditadura militar chilena,
em 1990.
Após o primeiro tremor, dezenas de outros abalos em escala menor - chamados réplicas - foram sentidos no
Chile, a maior parte nas regiões de Maule e Biobío.
Outro efeito foi uma onda de 2,34 metros de altura que devastou a cidade litorânea de Talcahuano, na
província de Concepción. O alerta de tsunami foi dado em outras ilhas do Pacífico.
Prejuízos
Estima-se que a tragédia tenha dado prejuízos da ordem de US$ 30 bilhões, ou quase 15% do Produto Interno
Bruto (PIB) do Chile, uma das maiores economias da América Latina.
O terremoto comprometeu estruturas agrícolas e industrias do país, entre elas a indústria mineradora. Aos
poucos, as fábricas retornaram às atividades. O Chile é o maior exportador mundial de cobre.
A presidente Michelle Bachelet decretou "estado de catástrofe" nas regiões de Maule e Biobío, além de pedir
ajuda à Organização das Nações Unidas (ONU). De acordo com a Constituição chilena, as regiões sob estado de
catástrofe passam a ser dirigidas pelo chefe da Defesa Nacional, cargo indicado pelo presidente da República.
A medida também permite ao governo restringir a circulação de pessoas, mercadorias e informações, bem
como adotar sanções em caráter extraordinário. O Poder Executivo é obrigado a informar ao Congresso, que
poderá suspender a medida no prazo de 80 dias, desde que as razões que deram origem ao estado de
catástrofe não existam mais.
Megaterremoto
O Chile tem um longo histórico de terremotos. Em 22 de maio de 1960, um tremor de magnitude 9,5 destruiu a
cidade de Valdivia e matou 1.655 pessoas. Foi o maior terremoto já registrado na história desde a invenção de
modernos instrumentos de sismologia, no começo do século 20.
O tremor também provocou um tsunami que atingiu a Ilha de Páscoa, a 3.700 km da costa chilena. As ondas
chegaram até o Japão, Havaí e Filipinas. Desde 1973, ocorreram outros 13 terremotos de magnitude 7.0 ou
maior.
Isso acontece porque o Chile está situado entre duas placas tectônicas: a Nazca, no Oceano Pacífico, e a SulAmericana.
A crosta da Terra é formada por placas tectônicas separadas que deslizam lentamente sobre o manto terrestre.
Esse movimento causa os terremotos. Os abalos sísmicos acontecem nas franjas entre duas placas, chamadas
falhas. As placas deslizam em direções opostas, abrindo fendas, ou em movimentos verticais ou horizontais.
Terremotos de magnitude 8.0 são raros e acontecem em média uma vez ao ano. Eles são chamados de
"megadeslizamentos" e acontecem quando uma placa tectônica se afunda sobre a outra.
O terremoto chileno não foi mais forte que o de Sumatra, na Indonésia, em 2004, que chegou à marca de 9.1
na escala Richter e foi mais destrutivo porque o tremor provocou um tsunami que matou 230 mil pessoas em
14 países. No Chile, o alerta de ondas gigantes, dado com antecedência, permitiu que a população litorânea nas
ilhas do Pacífico fosse avisada, o que não ocorreu no caso de Sumatra, no Oceano Índico.
Haiti
O terremoto no Chile foi também 100 vezes mais potente que o ocorrido no Haiti, em 12 de janeiro de 2010,
que registrou 7.0 graus na escala Richter e matou aproximadamente 230 mil pessoas.
Mas por que, mesmo menor, o evento provocou mais destruição no Haiti? Primeiro, pelo fato de o terremoto no
Chile ter ocorrido no mar, a 35 km de profundidade, enquanto que o haitiano teve o epicentro a 10 km da
superfície, bem debaixo de centros urbanos, e a 25 km da capital, Porto Príncipe.
Em segundo lugar, o Chile é um país preparado para lidar com terremotos. Localizado em um dos lugares do
mundo mais propensos a atividade sísmica, com grandes tremores a intervalos regulares de dez anos, o Chile
possui prédios construídos com tecnologia anti-sísmica.
Além disso, a população é orientada sobre o que fazer em caso de emergência e existem equipes preparadas
para agir após o colapso. Já o Haiti não sofria uma catástrofe desse tipo há dois séculos.
Finalmente, há fatores socioeconômicos. O Haiti é um dos países mais pobres do mundo, enquanto o Chile é
uma das nações mais desenvolvidas da América Latina.
Direto ao ponto
O terremoto de 8,8 graus de magnitude na escala Richter que atingiu
o Chile às 3h36 da madrugada de 27 de fevereiro de 2010 foi o pior
nos últimos 50 anos no país e um dos cinco mais potentes no mundo
desde 1900.
Os tremores de terra atingiram sete das 15 regiões do Chile, matando
800 pessoas e danificando mais de 500 mil imóveis. Foram afetadas
aproximadamente 2 milhões de pessoas, o que corresponde a um
oitavo da população de 16,6 milhões de habitantes. O litoral chileno
também foi devastado por tsunamis - ondas gigantes que se formam
após um abalo sísmico.
O epicentro do terremoto foi localizado no mar, a 35 km de
profundidade, na região de Male. Concepción, capital da província de
Biobío, foi arrasada. Por conta de saques em supermercados, o
governo chileno teve que decretar toque de recolher em Concepción.
A presidente Michelle Bachelet decretou "estado de catástrofe" nas
regiões de Maule e Biobío e pediu ajuda à Organização das Nações
Unidas (ONU).
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Tremor é um dos mais violentos já medidos