REVISTA SOLTA A VOZ:
A EDUCAÇÃO BÁSICA EM FOCO
Maria de Fátima Cruvinel1
Maria José Oliveira de Faria Almeida2
RESUMO: A Revista Solta a Voz é um periódico do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à
Educação (Cepae) da Universidade Federal de Goiás, que tem como propósito promover a
discussão acadêmica sobre o ensino na Educação Básica, por meio da divulgação, impressa e
eletrônica, de estudos, pesquisas e experiências pedagógicas. Na esteira da instituição que o sustém,
que além de unidade de ensino de escolarização básica é campo de estágio e centro de extensão e
pesquisa, a Revista associa a prática pedagógica, a formação do licenciando e a investigação
científica, configuradas nos gêneros artigo, relato de experiência, resenha e resumo de trabalho
acadêmico, cuja pretensão seja refletir sobre os saberes e as práticas escolares, os processos de
ensino-aprendizagem, a formação de professores, enfim, sobre as implicações que constituem a
dinâmica do cotidiano escolar e dela decorrem. O periódico apresenta-se hoje com uma
configuração que traz dossiês temáticos, organizados com trabalhos sobre temas relevantes para a
área da educação, o que além de divulgar idéias favorece o debate entre os interlocutores
comprometidos com a educação no Brasil, além de subsidiar o trabalho docente nos níveis
fundamental e médio.
PALAVRAS-CHAVE: Revista Solta a Voz; Educação Básica; práticas pedagógicas
Apresentação
Pensar a Educação Básica no Brasil pressupõe considerar inúmeras implicações, de ordens
diversas. Várias são as contingências que a constituem e diversos os fatores que a determinam, os
quais não caberia aqui detalhar, tampouco desenvolver, dado o objetivo deste trabalho. Tomar-se-á,
apenas como ponto de partida, a perspectiva da relação educação e sociedade, considerando que não
é possível abordar a educação no Brasil sem condicioná-la à situação socioeconômica de
significativa parcela da sociedade brasileira. Essa condição, sabe-se, tem profunda relação com o
acesso e a permanência das crianças e jovens na escola, consequentemente, com a possibilidade ou
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Professora do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação – Cepae/UFG; editora da Revista Solta a Voz.
[email protected]
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Diretora do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação – Cepae/UFG; editora da Revista Solta a Voz.
[email protected]
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garantia da escolarização básica, cuja finalidade objetiva é assegurar ao educando a formação
necessária para o exercício da cidadania (CURY, 2002). Outros fatores, que não estão apartados do
exposto mas, antes, são decorrência dele, dizem respeito às políticas públicas voltadas para a
educação. Mais detidamente, não se pode desconsiderar a situação do aparelho escolar, analisado
sob os vários aspectos, dentre eles a “atuação” do professor no processo educacional, que se
encontra determinada, entre outros pressupostos, pela contrapartida do grupo social ao qual ele
serve, cuja “atuação”, por sua vez, tem sido marcada pelo desencanto. Ao professor restaria, para
dialogar com o tema deste EDIPE, equilibrar-se entre os desafios impostos pelo cotidiano escolar e
a sua realização profissional.
Do elenco dos inúmeros vieses pertinentes ao campo da educação escolar, este trabalho
ocupa-se, grosso modo, do fazer pedagógico balizado pela pesquisa, na medida em que apresenta
um periódico voltado para investigações científicas e práticas pedagógicas de profissionais da
Educação Básica ou ligados a esse nível de ensino. Trata-se da apresentação, com fins de
divulgação e difusão, da Revista Solta a Voz, um periódico do Centro de Ensino e Pesquisa
Aplicada à Educação (Cepae) da Universidade Federal de Goiás, que tem como propósito promover
a discussão acadêmica sobre o ensino na escola básica, por meio da divulgação, impressa e
eletrônica, de estudos, pesquisas e experiências pedagógicas.
A Revista reúne saberes sobre a prática pedagógica, a formação do licenciando e a
investigação científica, nos gêneros artigo, relato de experiência, resenha e resumo de trabalho
acadêmico, cuja pretensão seja refletir sobre as práticas escolares, os processos de ensinoaprendizagem, a formação de professores, enfim, sobre as implicações que constituem a dinâmica
do cotidiano escolar e dela decorrem. Em uma nova configuração, a Solta a Voz passou a publicar
dossiês temáticos, organizados com trabalhos que discutem temas relevantes para a área da
educação, o que além de divulgar idéias favorece o debate entre os interlocutores interessados pelos
temas, além de subsidiar o trabalho docente nos níveis fundamental e médio.
Histórico
A Solta a Voz teve início no ano de 1985, como um instrumento de publicação interna do
então Colégio de Aplicação da UFG. O objetivo de seus idealizadores era incentivar os colegas
professores a produzirem e publicarem suas notas, discussões e comentários sobre quaisquer
assuntos relacionados ao ensino, matéria que frutificava em terreno fértil, o Colégio de Aplicação,
campo de estágio das licenciaturas da UFG. Durante mais de uma década, o periódico se manteve
sem um formato muito definido, apesar de cumprir sua função primeira, até que em 1999 ele
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alcançou o status de Revista, porém ainda restrita a publicações internas e de periodicidade anual.
Posteriormente, em 2002, ela tornou-se publicação semestral, tanto para atender à demanda de
artigos e trabalhos quanto para ampliar sua contribuição com as reflexões sobre a Educação Básica.
Atualmente, o periódico participa do Programa de Apoio às Publicações Periódicas da UFG, e
encontra-se indexado em BBE.CIBEC/INEP/MEC e Edubase (FE/Unicamp – Campinas-Brasil).
Para mobilizar as diversas áreas do conhecimento da Educação Básica e motivar a reflexão
sobre o fazer pedagógico de todas as disciplinas que compõem o currículo escolar dos ensinos
fundamental e médio, o periódico, no ano de 2008, inaugurou uma nova linha editorial, com a
introdução de dossiês temáticos. Com essa nova configuração, confirmou-se a identidade da Revista
Solta a Voz: congregar professores/pesquisadores que elegem a Educação Básica como objeto de
investigação e de prática pedagógica.
Alcance da Voz
Numa época em que a análise das práticas sociais se apresenta como perspectiva vantajosa
para a compreensão do homem e da sociedade, e em que a circulação dos discursos e saberes é
exigência inquestionável, a Revista Solta a Voz tem circulado e contribuído com o debate sobre a
prática pedagógica na Educação Básica, permeada pela prática da pesquisa acadêmica. Em um
momento em que se pode ver manifesto certo desinteresse pela Educação fora do ambiente
acadêmico, nas recentes notícias sobre a baixa procura dos jovens pelas licenciaturas nos processos
seletivos de instituições de ensino superior no Brasil, esta Revista reitera seu propósito de provocar
reflexões e suscitar idéias no campo da Educação Básica, convidando ao debate educadores dos
ensinos fundamental e médio, professores e pesquisadores dos cursos de licenciaturas,
interlocutores a quem se destina esse periódico. Esse propósito pode-se deixar entrever nas
propostas de dossiês que já foram publicados.
Atenta à sua proposta de fazer circular trabalhos voltados para a escola básica, a Revista
põe em questão um tema que nos últimos anos tem merecido grande atenção: a
interdisciplinaridade. O interesse, contudo, não foi apenas dar relevância a um assunto em voga
desde a elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais, mas reunir um conjunto de trabalhos
que dialogassem com alguns pressupostos dos projetos interdisciplinares, bem como considerassem
as implicações que deles resultam para o ensino na escola. Trata-se, a maioria dos artigos, de
experiências realizadas no âmbito da sala de aula e divulgadas no seminário “Educação por Projetos
Interdisciplinares”, trabalhos apresentados no “VI Encontro Nacional de Educadores de Educação
Básica”, eventos promovidos pelo Cepae/UFG.
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A relação entre literatura e escola tem se colocado como uma associação essencial para a
formação de leitores. É disso que trata um dossiê publicado na Solta a Voz, com o intuito de
promover o debate sobre a responsabilidade, e consequentemente o fardo, da escola no processo de
formação de leitores no Brasil. O pressuposto do qual se parte para a proposição do dossiê
considera que o contato de grande parte de crianças e jovens com o livro se dá quase sempre na
escola, e por essa razão a presença do discurso literário no âmbito escolar deve ser considerada na
avaliação das práticas culturais contemporâneas (CRUVINEL, 2008). Assim, estando a formação de
leitores dependente da escola, não só pelo fato de a leitura integrar os currículos, mas porque ela
tem sido lugar por excelência da atividade de ler especialmente quando se trata do gênero literário,
é bastante pertinente fazer circularem reflexões acerca da leitura literária, com o objetivo de
compartilhá-las com profissionais da educação, esperados interlocutores desse periódico.
Outra temática abordada em dossiê foi o ensino e a aprendizagem de línguas estrangeiras.
Passando por discussões sobre ideologia, materiais para uso em sala de aula, crenças, ensino
reflexivo, sujeito e corpo, os textos apresentam uma breve mas importante amostra de questões
atuais que têm papel determinante no ensino não apenas de língua estrangeira, mas também nas
outras áreas da Educação Básica (MURCE FILHO, 2009). No caso desse dossiê, conforme atesta o
Editorial, as contribuições focalizaram os diversos níveis de ensino: o fundamental, o médio e o
superior; sob diferentes pontos de vista: alunos, estagiários e professores; a partir de diferentes
campos de conhecimento: a psicanálise, a análise de discurso, as teorias pessoais; com vários
enfoques: produção e compreensão oral e escrita de alunos, formação de professores; em diferentes
línguas: português, espanhol e inglês. O foco, o de sempre: o fazer pedagógico.
Além dos textos que compõem os dossiês, há propostas de outras abordagens nos diversos
artigos e resumos de trabalhos acadêmicos que compõem a publicação.
Palavras finais: convite para o diálogo
Fugindo ao modelo do gênero acadêmico, que comumente vem encerrado com as
conclusões sobre um estudo, uma experiência pedagógica ou uma pesquisa, este trabalho contém
palavras finais que cumprirão, aqui, a função de abertura para chamar ao diálogo os participantes do
III EDIPE. O objetivo desta apresentação é dar a conhecer o periódico, a fim de que ele possa
cumprir seu papel de provocador do debate sobre a Educação Básica em Goiás, além de divulgar,
entre os profissionais interessados, a chamada de trabalhos para publicação, reconhecendo a Revista
Solta a Voz como um dos poucos veículos dedicados inteiramente a pensar a educação brasileira
realizada nos níveis fundamental e médio. Para tanto, informamos que ainda em 2009 será
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publicado um volume da Revista com um dossiê que reúne artigos sobre o ensino de História na
educação básica, e para os próximos dois números serão aceitos trabalhos que versem sobre 1)
“Formação de professores da educação básica e 2) Memórias escolares.
Escrever e tornar públicas, consequentemente compartilhar com seus pares, reflexões
acerca de sua prática pedagógica certamente é uma das possibilidades de que o profissional da
educação pode se utilizar para manter-se equilibrado entre os desafios impostos pelo cotidiano
escolar e a sua realização e profissional. Afinal, sem querer minimizar a responsabilidade do
professor, o que temos assistido é uma franca investida contra esse profissional, depositando em seu
desempenho a maior carga pelo fracasso escolar brasileiro, como se pode ver em editorial do jornal
Folha de S. Paulo, intitulado “Reaprender a ensinar” (2009). O texto comenta e reitera as
constatações de um pesquisador norteamericano, que, ao comparar a educação brasileira com a
cubana, observa como uma das dificuldades para melhorar a educação básica no Brasil a pouca
prioridade para a didática, dada tanto pelos cursos de formação de professores quanto pelos
responsáveis pelas redes públicas de ensino. Segundo o pesquisador, os mestres aprenderiam nos
cursos de licenciatura mais sobre teorias pedagógicas e menos sobre conteúdos e metodologias de
ensino. Essa constatação certamente procede, mas os percalços da educação brasileira, sabemos
todos, resultam de um emaranhado de implicações.
Referências
CRUVINEL, M. F. Literatura e escola: uma relação essencial para a formação de leitores. Revista
Solta a Voz, Goiânia, v. 19, n. 1, p. XV-XVIII, jan./jun. 2008.
CURY, C. R. J. A educação básica no Brasil. Educação & Sociedade. Revista de Ciência da
Educação. Campinas, v. 23, n. 80, p. 168-200, set. 2002. Disponível em <http://www.cedes.
unicamp.br>. Acesso em 20 ago. 2009.
MURCE FILHO, N. F. O ensino de língua estrangeira: Apresentação. Revista Solta a Voz, Goiânia,
v. 20, n. 1, p. XI-XIII, jan./jun. 2009.
REAPRENDER A ENSINAR. Folha de S. Paulo. São Paulo, 11 ago. 2009. Opinião, p. 2-2.
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