5910170 – Física II – Ondas, Fluidos e Termodinâmica – USP – Prof. Antônio Roque Aula 7 Oscilações Amortecidas O modelo do sistema massa-mola visto nas aulas passadas, que resultou nas equações do MHS, é apenas uma idealização das situações mais realistas existentes na prática. Sempre que um sistema físico é posto para oscilar livremente, as oscilações decaem com o tempo até desaparecer completamente. Todo sistema real possui características dissipativas que levam a sua energia mecânica (cinética mais potencial) a se converter em outras formas de energia (calor, por exemplo). Portanto, o modelo do MHS que leva à descrição matemática de um sistema oscilante em termos de uma função senoidal de amplitude constante e que perdura indefinidamente deve ser modificado para que possa descrever de maneira mais precisa as oscilações que decaem com o tempo. A força resistiva de um fluido (ar, água, etc) a um corpo em movimento é função da velocidade do corpo. Ela se opõe ao sentido da velocidade e seu módulo é dado por R(v) = b1v + b2v 2 , (1) onde v é o módulo de v e b1 e b2 são constantes positivas. 1 5910170 – Física II – Ondas, Fluidos e Termodinâmica – USP – Prof. Antônio Roque Aula 7 Pergunta: quais as unidades de b1 e b2? Quando as velocidades são pequenas, como é o caso para pequenas oscilações, o termo quadrático na equação acima pode ser desprezado e fica-se apenas com o termo linear: R(v) = bv . (2) Vamos novamente tomar o modelo de um corpo preso a mola como o protótipo de um sistema oscilando. No presente caso, considerando que há uma força resistiva se opondo ao movimento do corpo como a da equação (2), a segunda lei de Newton para o corpo é d 2x m 2 = − kx − bv . dt (3) Esta equação pode ser reescrita como: d 2x dx m 2 + b + kx = 0 dt dt ou d 2x dx 2 + γ + ω 0x =0, dt 2 dt (4) onde 2 5910170 – Física II – Ondas, Fluidos e Termodinâmica – USP – Prof. Antônio Roque Aula 7 ω02 = k m e γ= b m. (5) Pergunta: quais as unidades de γ? A constante γ caracteriza o amortecimento e, quando ela é nula, não há amortecimento e o corpo oscila com freqüência angular ω0 como nos casos vistos anteriormente. A equação (4) é uma equação diferencial linear homogênea de 2a ordem com coeficientes constantes. Para resolvê-la, iremos usar o método da exponencial complexa e supor que a solução x(t) é a parte real do vetor girante z(t) que satisfaz a equação complexa d 2z dz 2 + γ + ω z = 0. 0 2 dt dt (6) A solução da equação acima pode ser encontrada pelo método da substituição. Vamos supor uma solução da forma z (t ) = eipt . (7) Substituindo (7) em (6) obtemos (mostre como exercício): − p 2eipt + iγpeipt + ωo2eipt = 0 . 3 5910170 – Física II – Ondas, Fluidos e Termodinâmica – USP – Prof. Antônio Roque Aula 7 Para que esta equação seja satisfeita para todos os valores de t devemos ter: − p 2 + iγp + ωo2 = 0 . (8) Esta equação é conhecida como equação característica. Observe que, pela equação acima, p não pode ser um número real puro. Por causa do termo ipγ, se p for um número real puro (diferente de zero) a equação não tem solução (a menos que γ seja nulo, o que não nos interessa aqui). Portanto, p tem que ser um número complexo. Vamos escrevê-lo como: p = c + id . Então, p 2 = c 2 + 2icd − d 2 . Substituindo estas duas expressões na equação (8): − c 2 − 2icd + d 2 + icγ − γd + ωo2 = 0 ⇒ ( ) ⇒ − c 2 + d 2 − γd + ω02 − i (2cd − cγ ) = 0 . Esta equação só é satisfeita se os dois termos entre parênteses forem simultaneamente nulos: 4 5910170 – Física II – Ondas, Fluidos e Termodinâmica – USP – Prof. Antônio Roque Aula 7 − c 2 + d 2 − γd + ω02 = 0 2cd − cγ = 0 . Da segunda equação temos que: d= γ 2. Substituindo na primeira equação: 2 2 0 c =ω − 2 0 γ2 ⇒ 4 c=± ω − γ2 4 . (9) Observe que há três possibilidades para c: a) Se ω02 > 2 0 b) Se ω = c) Se ω 02 < γ2 4 γ2 4 γ2 4 , c é um número real diferente de zero; , c é zero; , c é um número imaginário puro. A primeira leva ao caso chamado de amortecimento subcrítico, a segunda leva ao caso chamado de amortecimento crítico, e a terceira 5 5910170 – Física II – Ondas, Fluidos e Termodinâmica – USP – Prof. Antônio Roque Aula 7 leva ao caso chamado de amortecimento supercrítico. Veremos a razão para estes nomes mais adiante, quando interpretarmos fisicamente as soluções. Vamos começar considerando a possibilidade (a), que é a que faz com que c seja um número real não nulo. Considerando então que γ2 2 0 ω > 4 , (10) temos que 2 2 0 c =ω − γ2 4 >0 e 2 0 c=± ω − γ2 4 ≡ ±ω . (11) A solução obtida implica que há dois valores possíveis de p: p1 = ω + i γ 2 e p2 = −ω + i γ 2, ou seja, há dois valores possíveis de z: z1 = eip1t = e γ i ω + i t 2 e z2 = eip 2 t = e γ i −ω + i t 2 . 6 5910170 – Física II – Ondas, Fluidos e Termodinâmica – USP – Prof. Antônio Roque Aula 7 A solução mais geral de (6) para este caso é dada por uma combinação linear das duas soluções acima: z (t ) = a1e γ i ω + i t 2 ⇒ z (t ) = e − γt 2 + a2 e [a e iω t 1 γ i −ω + i t 2 ⇒ ] + a2e − iωt , (12) onde as constantes a1 e a2 podem ser números complexos. O fato de que a1 e a2 podem ser números complexos implica que, em princípio, há quatro constantes reais arbitrárias na solução acima (porque?). Porém, a equação diferencial (6) é de segunda ordem e sabemos que a sua solução geral deve conter apenas duas constantes reais arbitrárias. O número de constantes independentes pode ser reduzido a dois se fizermos que os dois números complexos a1 e a2 sejam complexos conjugados: a1 = r + is e a2 = a1* = r − is , onde r e s são números reais. Na forma trigonométrica, dois números complexos conjugados são escritos como (mostre como exercício): a1 = Beiϕ e a2 = a1* = Be − iϕ , 7 5910170 – Física II – Ondas, Fluidos e Termodinâmica – USP – Prof. Antônio Roque Aula 7 onde B e φ são números reais. Substituindo esses números complexos conjugados nas suas formas trigonométricas na equação (12), obtemos: z (t ) = Be − γt 2 [e ( i ωt + ϕ ) ] + e − i (ωt +ϕ ) . (13) Tomando a parte real desta expressão como a solução x(t) procurada, obtemos: x(t ) = Ae − γt 2 cos(ωt + ϕ ) , (14) onde definiu-se A = 2B. Para interpretar esta solução, vejamos o seu gráfico para o caso particular em que φ = 0. 8 5910170 – Física II – Ondas, Fluidos e Termodinâmica – USP – Prof. Antônio Roque Aula 7 Exercício: tente reproduzir este gráfico usando o Excel ou outro programa qualquer. Dica: o gráfico foi feito para um caso em que γ << ω0, onde ω0 é a freqüência angular do oscilador não amortecido. Observe que o gráfico mostra uma oscilação cuja amplitude diminui com o tempo. Ela corresponde à noção intuitiva que temos de um oscilador amortecido. A grandeza ω, definida por (11), é chamada de frequência do oscilador amortecido. Estritamente falando, não se pode definir uma frequência para o caso de um oscilador amortecido, pois o movimento não é periódico (o oscilador nunca passa duas vezes pela mesma posição com a mesma velocidade). Para o caso de um amortecimento fraco, em que γ << ω0 (que é o caso da figura acima), pode-se escrever 2 0 ω= ω − γ2 4 ≅ ω0 . Desta forma, pode-se usar o termo “frequência” sem incorrer em um grande erro, mas deve-se ter em mente que o termo só tem significado preciso quando γ = 0. Apesar disso, é costume se referir ao termo ω como a “frequência” angular do oscilador amortecido e isto será feito aqui. 9 5910170 – Física II – Ondas, Fluidos e Termodinâmica – USP – Prof. Antônio Roque Aula 7 Assim como se define uma “frequência” para o oscilador amortecido, também se define o “período”, dado por T= 2π ω . Note que a frequência do oscilador amortecido é sempre menor que a frequência do oscilador sem amortecimento. Por outro lado, o período do oscilador amortecido é sempre maior que o período do oscilador não amortecido. Continuando com os abusos de linguagem, também é costume chamar o fator Ae–γt/2 de “amplitude” da oscilação amortecida. Observe que essa amplitude decai com o tempo de forma exponencial. As curvas x± A (t ) = ± Ae − γt 2 definem a envoltória (ou envelope) das oscilações. Essas duas curvas também estão mostradas na figura acima. Define-se o tempo de decaimento τd (uma constante) como o tempo que a amplitude acima leva para cair a um valor igual a 1/e do seu valor inicial. Logo: 10 5910170 – Física II – Ondas, Fluidos e Termodinâmica – USP – Prof. Antônio Roque Aula 7 − γτ d x± A (τ d ) 1 Ae 2 1 = ⇒ = ⇒ x± A (0) e A e ⇒e − γτ d 2 = e −1 ⇒ 2 ⇒τd = γ = γτ d 2 =1⇒ 2m b . (15) Pode-se então reescrever a equação (14) como: − x(t ) = Ae t τd cos(ωt + ϕ ) . (16) A forma acima é útil quando se estuda experimentalmente um movimento oscilatório com amortecimento. Isto porque o tempo de decaimento τd pode ser determinado experimentalmente e, a partir dele, o valor de b. A determinação experimental de τd pode ser feita da seguinte maneira: Mede-se o valor da amplitude da oscilação x0 para um tempo t0 correspondente a um dos picos mostrados na figura da página 8. Depois, mede-se a amplitude xN em um tempo tN que esteja N picos à frente (ou seja, em um tempo NT depois de t0). 11 5910170 – Física II – Ondas, Fluidos e Termodinâmica – USP – Prof. Antônio Roque Aula 7 Da equação (16), temos que a razão entre as duas amplitudes é − t0 (t N − t 0 ) x0 e τ d τd = tN = e − , xN e τd de maneira que o tempo de decaimento é dado por: τd = (t N − t0 ) ln ( x0 xN ) . (17) Apesar disso, no resto desta aula continuaremos a representar o movimento oscilatório amortecido pela equação (14). Ao contrário do caso do oscilador harmônico simples, visto nas aulas passadas, a energia do oscilador amortecido não é constante ao longo do tempo. Pelo contrário, ela é continuamente dissipada e transformada em calor ou outras formas de energia. A energia mecânica do oscilador amortecido num instante de tempo t é dada por: E (t ) = 1 2 1 mx& (t ) + kx 2 (t ) . 2 2 (18) A taxa de variação temporal da energia é, portanto (usando-se a notação do “ponto” para expressar a derivada temporal): 12 5910170 – Física II – Ondas, Fluidos e Termodinâmica – USP – Prof. Antônio Roque Aula 7 dE = mx&&x& + kxx& = x& (m&x& + kx ) . dt (19) Relembrando das equações (3) e (5), m&x& = − kx − bx& e γ= b ⇒ m ⇒ m&x& + kx = −bx& = − mγx& , de maneira que dE = −mγx& 2 . dt (20) A taxa de perda de energia é proporcional ao quadrado da velocidade instantânea do corpo. Logo, a diminuição da energia não é uniforme. A taxa de perda de energia possui máximos nos pontos em que o corpo atinge os máximos de velocidade e é instantaneamente nula nos pontos em que a velocidade do corpo é zero. Esses pontos podem ser obtidos calculando-se a expressão para a velocidade do corpo. De (14) temos que (mostre como exercício): x& (t ) = − Ae − γt 2 γ cos ( ω t + ϕ ) + ω sen ( ω t + γ ) 2 , de maneira que (mostre como exercício), 13 5910170 – Física II – Ondas, Fluidos e Termodinâmica – USP – Prof. Antônio Roque Aula 7 γ 2 γω x& = A e cos 2 (ωt + ϕ ) + ω 2sen 2 (ωt + γ ) + sen[2(ωt + ϕ )] 2 4 2 2 − γt e 2 dE γω 2 − γt γ = −mγA e cos 2 (ωt + ϕ ) + ω 2sen 2 (ωt + γ ) + sen[2(ωt + ϕ )] .(21) dt 2 4 Os gráficos para E(t) e dE/dt estão dados a seguir. Os gráficos foram feitos para os mesmos parâmetros e condições usadas para construir o gráfico da página 8. Exercício: tente reconstruir os dois gráficos abaixo. 14 5910170 – Física II – Ondas, Fluidos e Termodinâmica – USP – Prof. Antônio Roque Aula 7 A análise feita até agora mostra que o oscilador amortecido é caracterizado por dois parâmetros: ω0 e γ = b/m. A constante ω0 é a freqüência angular das oscilações sem amortecimento e a constante γ caracteriza o amortecimento. Se você fez a análise dimensional de γ corretamente acima (página 3), terá visto que γ tem dimensão de inverso de tempo. Esta é a mesma dimensão de ω0. Portanto, pode-se definir uma grandeza adimensional para caracterizar o oscilador amortecido: Q≡ ω0 γ . (22) O parâmetro Q é chamado de fator “Q” (de qualidade) ou fator de mérito do oscilador. O fator Q de um oscilador amortecido é um número puro que pode ser usado para caracterizar a força do amortecimento. Em termos de Q, a equação (11) torna-se 2 2 0 ω =ω − 1 = ω02 1 − 2 . 4 4Q γ2 (23) Note que quanto maior o valor de Q, mais próximo de ω0 fica o valor de ω. Valores grandes do fator Q (>> 1) indicam 15 5910170 – Física II – Ondas, Fluidos e Termodinâmica – USP – Prof. Antônio Roque Aula 7 amortecimento fraco, enquanto que valores pequenos indicam amortecimento forte. O fator Q é muito utilizado na descrição de oscilações de voltagem ou de corrente em circuitos elétricos, e é por isso que ele foi apresentado aqui. Quando vocês estudarem circuitos elétricos compostos por capacitores, indutores e resistores, verão que aparecerão equações idênticas à equação (4) e o fator Q será útil na análise do comportamento dessas oscilações não mecânicas. Vamos passar agora aos outros dois casos possíveis para a equação (9): 2 0 b) Se ω = 2 0 c) Se ω < γ2 4 γ2 4 , c é zero; , c é um número imaginário puro. No caso (b), se c for zero as duas soluções possíveis do caso (a) (p1 e p2) tornam-se apenas uma: p = id = i γ ⇒ 2 γ ⇒ z (t ) = e = e ipt − t 2 . 16 5910170 – Física II – Ondas, Fluidos e Termodinâmica – USP – Prof. Antônio Roque Aula 7 Neste caso, pode-se mostrar por substituição que uma segunda função dada por γ z1 (t ) = te − t 2 também é solução da equação diferencial (6) (mostre como exercício). Como z = eat e z1=teat são linearmente independentes, a solução mais 2 0 geral da equação diferencial (6) para o caso em que ω = γ z (t ) = Ae − t 2 γ + Bte − t 2 γ2 4 é: γ = ( A + Bt )e − t 2 . (24) A parte real desta solução é ela mesma (note que não há mais o número complexo i). Portanto, a solução para a equação diferencial (4) no caso (b) é: γ x(t ) = ( A + Bt )e − t 2 . (25) O gráfico desta solução é dado abaixo (supondo que x(0) = A e que x& (0) = 0) . 17 5910170 – Física II – Ondas, Fluidos e Termodinâmica – USP – Prof. Antônio Roque Aula 7 Note que não há mais oscilações. O movimento decai exponencialmente em direção a zero! 2 0 Vejamos agora o caso (c) em que ω < γ2 4 e c é um número imaginário puro. Neste caso, c = ±i γ2 4 − ω02 ≡ ±iβ , onde β é uma constante real positiva. Os dois valores possíveis para p são: p1 = iβ + i γ = i + β 2 2 γ e p2 = −iβ + i γ = i − β 2 2 γ 18 5910170 – Física II – Ondas, Fluidos e Termodinâmica – USP – Prof. Antônio Roque Aula 7 e os dois valores de z são então: z1 = eip1t = e γ − + β t 2 e z2 = eip 2 t = e γ − − β t 2 . Notem que estas duas soluções também não são mais complexas (os fatores dependentes de i desapareceram todos!). Podemos, portanto, passar a escrever as soluções diretamente como x1 e x2, e a solução mais geral de (4) para este caso é dada por uma combinação linear de x1 e x2: x(t ) = a1e γ − + β t 2 + a2 e γ − − β t 2 . (26) onde as constantes a1 e a2 são dois números reais arbitrários. Observem que a solução acima não é mais oscilatória, assim como no caso (b). Ela é dada pela soma de duas exponenciais e, portanto, pode ser uma função que cresce indefinidamente ou decresce indefinidamente, dependendo dos valores relativos dos expoentes constantes que multiplicam t nas duas exponenciais. O expoente da primeira exponencial é γ − + β, 2 que é sempre negativo; portanto, a primeira exponencial é sempre decrescente. O 19 5910170 – Física II – Ondas, Fluidos e Termodinâmica – USP – Prof. Antônio Roque Aula 7 expoente da segunda exponencial é γ − − β 2 e também é sempre negativo, pois γ/2 > β (para mostrar isto, basta lembrar da definição de β: β 2 = (γ 2 4) − ω 02 ⇒ (γ 2 4 ) − β 2 = ω 02 > 0 ⇒ γ 2 4 > β 2 ⇒ γ 2 > β ). Portanto, a segunda exponencial também é sempre decrescente. Em resumo, a solução (26) para o caso (c) decresce exponencialmente no tempo e sem oscilações. O gráfico abaixo mostra dois comportamentos típicos da solução (26). Nos dois o corpo começa a se movimentar da posição inicial x(0) = A, mas em um a velocidade inicial é zero ( x& (0) = 0 ) e no outro a velocidade inicial é maior do que zero ( x& (0) > 0 ). 20 5910170 – Física II – Ondas, Fluidos e Termodinâmica – USP – Prof. Antônio Roque Aula 7 Se a velocidade do corpo no instante inicial é positiva, a posição do corpo aumenta a partir desse instante, atinge um máximo e depois decai em direção a zero. Se a velocidade inicial do corpo é nula, sua posição decai monotonamente em direção a zero. Notem que para tempos grandes os dois decaimentos se igualam. Observando a solução (26), vemos que o termo exponencial cujo expoente é γ − + β 2 cujo expoente é decai mais rapidamente que o termo exponencial γ − − β 2 (explique o porquê disto). Isto implica que, para tempos grandes, o termo cujo expoente é γ − − β 2 domina o comportamento da solução (26): x(t ) ≅ a2e γ − − β t 2 , (para t grande) . (27) Independentemente da velocidade inicial do corpo e do que acontece para valores pequenos de t, para tempos grandes o decaimento da solução para o caso (c) é sempre o mesmo, de tipo exponencial como na equação (27). Exercício: Use um programa como o Excel ou qualquer outro similar para estudar o comportamento da solução (26) para 21 5910170 – Física II – Ondas, Fluidos e Termodinâmica – USP – Prof. Antônio Roque Aula 7 diferentes valores de x& (0) (supondo sempre que x(0) = A). Em particular, veja o que acontece quando a velocidade inicial for negativa e tiver um módulo suficientemente grande. O gráfico abaixo sintetiza os comportamentos dos três casos de amortecimento estudados nesta aula (a, b e c). Nos três casos, para facilitar a comparação, a posição inicial do corpo é x(0) = A e a sua velocidade inicial é x& (0) = 0 . O gráfico explica a razão dos nomes dados aos três casos. • O único dos três casos que é oscilatório é o do amortecimento subcrítico; • Os casos de amortecimento crítico e supercrítico levam a um decaimento monótono (sem oscilações) em direção ao repouso; 22 5910170 – Física II – Ondas, Fluidos e Termodinâmica – USP – Prof. Antônio Roque Aula 7 • A solução com amortecimento crítico é a que decai mais rapidamente em direção ao repouso; • O nome “crítico” vem do fato de que é para o valor do parâmetro γ deste caso (γ/2 = ω0) que o comportamento de decaimento do corpo em direção ao repouso deixa de ser oscilatório e passa a ser monótono (exponencial). O caso de amortecimento crítico tem aplicação prática importante na construção de balanças ou outros instrumentos de precisão baseados em sistemas mecânicos elásticos. A ideia é construir o aparelho de maneira que o seu amortecimento seja crítico para que o movimento atinja o equilíbrio o mais depressa possível e permita uma rápida leitura do resultado. Amortecedores de automóveis também são ajustados para o caso crítico, para retornar o mais rapidamente possível ao equilíbrio após um buraco para estar prontos para o próximo. 23