AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO DO SOLO POR METAIS PESADOS
NA ÁREA DE DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA
CIDADE DE CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ.
ELIAS LIRA DOS SANTOS JUNIOR
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE - UENF
Campos dos Goytacazes/RJ
Dezembro -2002.
SANTOS JR (2002)
PENSAMENTO
“Aquele que for nervoso,
empinado e bem teimoso,
insensível ao amor
fique agora informado
mesmo que seja letrado
nunca será professor.
Quem se sente ser o tal
sempre no seu pedestal
exigindo o seu “doutor”
pode ter até doutorado
que seja logo avisado
nunca será professor!
Nunca será professor,
quem se impõe pelo temor
não conquistando o respeito;
quem é capaz de vingança
contra uma pobre criança,
ao ter feito o seu mal feito!
Nunca será professor quem,
com mágoa e rancor,
entra na sala de aula,
só vendo em cada carinha
uma ferinha colocada em sua jaula.
Nunca será professor
quem se julga um domador
e não um pastor de alma;
quem só vive reclamando
que o mundo está piorando
e que sempre perde a calma!
quem só pensa em punição
para toda e qualquer ação.
Que não jogue às regras normais,
nunca será professor!
talvez fosse um bom feitor
nos tempos coloniais!
Aquele que aqui se encaixa,
por favor, não pegue a faixa do bom mestre!
Por favor! siga a vida na outra reta,
deixe a vaga sempre aberta
para quem seja PROFESSOR.”
Edson Claves
Bom Jesus do Norte – ES
I
SANTOS JR (2002)
DEDICATÓRIA
Aos meus pais Elias Santos e Maria José Santos que não deixaram de
acreditar e dar forças nos momentos difíceis, com serenidade e acima de tudo com
muito amor e carinho, à minha avó Helena Lira que sempre mostrou-me o caminho
dos dignos e dos justos que passa pela fé em Deus, ao meu irmão Emerson Souza
que nunca deixou de confiar em nossos sonhos e, principalmente, em mim, a minha
irmã Elise Souza que patrocinou parte dessa pesquisa, além de incentivar
incessantemente e estressantemente todo esse processo doloroso e sofrido, ao
meu primo-irmão Elison Sousa que sempre valorizou-me pelo caráter e
personalidade e, ainda, mostrou-me quão importante sou para muitos.
II
SANTOS JR (2002)
AGRADECIMENTOS
• A DEUS pela concessão divina da vida;
• Aos meus orientadores Prof. Sérgio Tibana e Profª. Cristal pela orientação
prestada e pela valorização da minha pessoa;
• Aos Professores Fernando Saboya e Carlos Eduardo Veiga de Carvalho pela
oportunidade de acesso a um novo programa de mestrado;
• Aos amigos do LECIV/UENF, LCA/CBB/UENF, PMEA/UFES e LABSAN/UFES,
por toda colaboração;
• A minha ex-companheira Fernanda Cardoso Brunow, a qual devo parte desta
conquista, fundamentalmente, pela sua coragem;
• Ao amigo-irmão e contemporâneo Cláudio Gomes do Nascimento, que nunca
deixou de acreditar nesta conquista;
• Aos amigos profissionais: Ary Junior, Fábio Anhert, Sandro Melo Luppi, Janete
Teixeira Brandão, Marcellus Claudius, Antônio Carlos Rodrigues dos Reis e
Renato Nascimento pelo apoio e companheirismo;
• Aos amigos do DEST/UFES em especial a Profª. Maria Angélica pela confiança e
companheirismo durante nossa convivência naquela instituição;
•
A PUC/RJ e ao CEFET/CAMPOS pelo empréstimo de equipamentos para a
realização deste trabalho;
• Aos professores e técnicos do LCA/CBB/UENF, pelos momentos concedidos a
esta pesquisa;
• Ao secretário do PMCE/LECIV/UENF, Sr. Adail Junior;
• Aos técnicos do LECIV/GEOTECNIA/UENF:. Antônio, Milton e André, pelo apoio
logístico nas análises físicas;
• Ao Sr. Valdir Anicio de Araújo e família pelo carinho, confiança, abrigo e
fraternidade;
• Aos meus amigos particulares que sempre deram forças para o prosseguimento
deste estudo;
• Aos meus adversários e inimigos pelo incentivo indireto.
• A FAPERJ pela concessão de bolsa de estudos.
III
SANTOS JR (2002)
SUMÁRIO
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE GRÁFICOS
LISTA DE TABELAS
PÁG
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
1.1- Conceitos..................................................................................................
1.2- Aspectos Gerais........................................................................................
1.3- Agenda 21 Brasileira.................................................................................
1.4- Situação Atual dos Recursos Naturais......................................................
1.5- Uso do Solo..............................................................................................
02
03
04
05
06
CAPÍTULO II : HIPÓTESE DO TRABALHO........................................................ 13
CAPÍTULO III: OBJETIVOS
3.1- Geral............................................................................................................. 16
3.2- Específicos................................................................................................... 16
CAPÍTULO IV: JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA............................................... 17
CAPÍTULO V: ÁREA DE ESTUDO
5.1- Localização e Acesso...................................................................................
5.2- Geologia e Geomorfologia............................................................................
5.3- Solos.............................................................................................................
5.4- Aspectos Fisiográficos..................................................................................
20
22
24
25
CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
6.1- Resíduos Sólidos Urbanos (RSU)
6.1.1- Introdução..................................................................................................
6.1.2- Definições dos Resíduos Sólidos Urbanos................................................
6.1.3- Classificação dos Resíduos Sólidos Urbanos...........................................
6.1.4- Aspectos: Econômicos, de Biodegradabilidades e Riscos Potenciais.....
6.1.5- Caracterização dos RSU...........................................................................
6.1.5.1- Metodologia de Caracterização..............................................................
6.1.6- Tratamento e Disposição Final dos RSU...................................................
6.1.6.1- Coleta Seletiva.......................................................................................
6.1.6.2- Reciclagem.............................................................................................
6.1.6.3- Compostagem........................................................................................
6.1.6.4- Aterro......................................................................................................
28
28
29
30
30
32
33
34
34
35
35
IV
SANTOS JR (2002)
6.2- Situação Atual dos RSU...............................................................................
6.2.1- Lixo Coletado.............................................................................................
6.2.2- Composição do Lixo..................................................................................
6.2.3- Destino Final..............................................................................................
6.3- Solos
6.3.1- Introdução..................................................................................................
6.3.2- Qualidade do Solo.....................................................................................
6.3.2.1- Substâncias Naturalmente Ausentes no Solo........................................
6.3.2.2- Substâncias Naturalmente Presentes no Solo.......................................
6.4 – Legislação Brasileira...................................................................................
6.4.1- Legislação Federal....................................................................................
36
37
39
40
CAPÍTULO VII: METODOLOGIA.........................................................................
7.1- Levantamento de Campo
7.1.1- Levantamento Topográfico........................................................................
7.1.2-Coleta de Amostras....................................................................................
7.1.2.1- Sondagem a Percussão (SPT)...............................................................
7.1.2.2- Sondagem a Trado (ST).........................................................................
7.1.3- Critérios de Execução................................................................................
7.2- Análises Laboratoriais
7.2.1- Determinação de Metais Pesados.............................................................
7.2.2- Análise Granulométrica.............................................................................
7.3- Tratamento dos dados..................................................................................
53
41
42
46
47
51
51
55
56
56
58
61
62
63
65
CAPÍTULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
8.1- Sondagens a Percussão.............................................................................. 67
8.2- Sondagens a Trado...................................................................................... 81
CAPÍTULO IX: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
9.1- Distribuição Espacial dos Contaminantes....................................................
9.2- Diferença entre Metodologias de Coleta de Amostras (SPT versus Trado).
9.3- Estudo de Correlação...................................................................................
9.4- Avaliação Comparativa com outros Lixões...................................................
115
125
125
127
CAPÍTULO X: CONCLUSÕES............................................................................ 129
CAPÍTULO XI: CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................ 131
CAPÍTULO XII: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................... 133
V
SANTOS JR (2002)
RESUMO
O gerenciamento dos resíduos sólidos passa por uma significativa
problemática, uma vez que as soluções para as diversas áreas do ramo crescem
diferentemente do crescimento populacional, de grande parte das cidades mundiais.
Diante disso encontra-se a Cidade de Campos dos Goytacazes, no norte do Estado
do Rio de Janeiro. Com uma população de aproximadamente 400.000 habitantes,
Campos dos Goytacazes vivência, hoje, a dificuldade de alternativas locacionais
para a destinação final dos resíduos sólidos gerados em seu município. Um outro
tema de igual complexidade é a degradação de áreas pelos despejos de lixo. Desta
forma faz-se necessário estudos que identifiquem o nível de contaminação existente
neste tipo de local para a preposição de medidas mitigadoras. Baseado neste
enrêdo surgiu este trabalho, propondo a investigação da área de disposição final de
resíduos sólidos urbanos da cidade de Campos dos Goytacazes. É sabido que em
muito se correlaciona metais pesados ao percolado pelo lixo, todavia, o
conhecimento do subsolo tem sido ignorado sob o ponto de vista químico, sendo
associado somente com a contaminação das águas subterrâneas. Uma outra
preocupação deste estudo foi a verificação de diferentes métodos de coletas de
amostras
e
suas
possíveis
interferências
nos
resultados.
Sendo
assim,
confeccionou-se 16 furos, dos quais 11 foram feitos por sondagens a trado e 5 a
percussão. As amostras foram coletadas de acordo com o perfil geotécnico e
levadas para realização de ensaios físicos (granulometria) e químicos (determinação
de metais pesados). Os metais quantificados foram: alumínio, cadmio, cromo, cobre,
ferro, zinco, chumbo, manganês e níquel, em esctrofotômetro de emissão atômica
acoplado (ICP-AES). As concentrações destes metais apresentaram-se abaixo dos
sugeridos pela literatura, todavia, ressalta-se um comportamento crescente de
cromo em áreas à montante da área de estudo. Comenta-se, também, sobre a baixa
interferência dos métodos de coleta nas análises de resultados, uma vez que só
interferiu significativamente (α=5%), nos contaminantes alumínio e manganês.
VI
SANTOS JR (2002)
ABSTRACT
The management of solid waste is significantly complex because solutions for
problems associated with the several related areas do not follow the same pace of
the expansion of population for the majority of cities in the world. Among them is
“Campos dos Goytacazes” city, on the north region of Rio de Janeiro. With a
population of approximately 400.000 in habitants, “Campos dos Goytacazes” faces a
lack of alternatives concerning the places where the solid waste produced in the city
can be disposed. Another topic that is equally complex is the degradation of areas by
the disposal of solid waste. Therefore, studies to identify the level of contamination in
these areas become necessary so that solutions that can minimize the
environmental impacts can be proposed. This work is based in this argument. It
proposes the investigation of areas for the disposal of solid waste in “Campos dos
Goytacazes” city. However, soil investigation have only been associated with
contamination of the ground water, with its chemical composition been neglected.
Another concern of this study is the assessment of different sampling methods and
its implications on the results. So, a large geotechnical investigation were done
concerning of 16 boreholes, 11 with a manual augers and 5 with a Standard
Penetration Testing apparatus. The samples were collected according to the
geotechnical profile of the soil and taken to the laboratory where characterization and
chemical analysis were carried out. The metals analyzed were: aluminum, cadmium,
chrome, copper, iron, zinc, lead manganese and nickel ICP-AES. The concentrations
of these metals were below the concentrations suggested in the literature. However,
an increasing level of chrome was observed in areas. It was also observed that the
interference of the sampling method on the analysis of the results was low, showing
a significant interference (α=5%) only for the contaminants aluminum and
manganese.
VII
SANTOS JR (2002)
LISTA DE FIGURAS
PÁG
Figura 5.1: Localização do Município de Campos dos Goytacazes..................... 21
Figura 5.2: Vista Aérea da Área de Estudo - CODIN........................................... 22
Figura 5.3: Vista Aérea da ADRSU da Cidade de Campos dos Goytacazes....... 22
Figura 5.4: Mapa Geomorfológico da Área de Estudo (ESC: 1/1.000.000)......... 22
Figura 5.5: Mapa Geológico da Área de Estudo (ESC: 1/1.000.000).................. 23
Figura 5.6: Mapa Pedológico da Área de Estudo (ESC: 1/1.000.000)................. 24
Figura 5.7: Carta Topográfica do Município de Campos dos Goytacazes/RJ
(Sub-Bacia da Área de Estudo)........................................................................... 25
Figura 6.1: Posto de Entrega Voluntária (PEV).................................................... 34
Figura 7.1: Levantamento Topográfico – Foto Ilustrativa..................................... 55
Figura 7.2.: Sondagem a Percussão - Foto Ilustrativa......................................... 56
Figura 7.3- Mapa de Localização dos Furos à Percussão................................... 57
Figura 7.4: Sondagem a Trado – Foto Ilustrativa................................................. 59
Figura 7.5: Mapa de Localização dos Furos a Trado........................................... 60
Figura 7.6: Mapa de Locação dos Pontos de Monitoramento.............................. 60
Figura 7.7: Perfil Esquemático – Poço Padrão.................................................... 61
Figura 8.1: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – SP02.............................. 68
Figura 8.2: Análise Granulométrica – Sondagem a Percussão – SP02............... 69
Figura 8.3: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – SP04.............................. 71
Figura 8.4: Análise Granulométrica – Sondagem a Percussão – SP04............... 72
Figura 8.5: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – SP06.............................. 74
Figura 8.6: Análise Granulométrica – Sondagem a Percussão – SP06............... 75
Figura 8.7: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – SP10.............................. 77
VIII
SANTOS JR (2002)
Figura 8.8: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – SP12.............................. 79
Figura 8.9: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST01.............................. 81
Figura 8.10: Análise Granulométrica – Sondagem a Trado – ST01.................... 82
Figura 8.11: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST02............................ 84
Figura 8.12: Análise Granulométrica – Sondagem a Trado – ST02.................... 85
Figura 8.13: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST03............................ 87
Figura 8.14: Análise Granulométrica – Sondagem a Trado – ST03.................... 87
Figura 8.15: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST04............................ 89
Figura 8.16: Análise Granulométrica – Sondagem a Trado – ST04.................... 89
Figura 8.17: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST05............................ 90
Figura 8.18: Análise Granulométrica – Sondagem a Trado – ST05.................... 91
Figura 8.19: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST06............................ 93
Figura 8.20: Análise Granulométrica – Sondagem a Trado – ST06.................... 94
Figura 8.21: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST07............................ 96
Figura 8.22: Análise Granulométrica – Sondagem a Trado – ST07.................... 97
Figura 8.23: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST10............................ 99
Figura 8.24: Análise Granulométrica – Sondagem a Trado – ST10.................... 100
Figura 8.25: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST12............................ 102
Figura 8.26: Análise Granulométrica – Sondagem a Trado – ST12.................... 103
Figura 8.27: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST14............................ 105
Figura 8.28: Análise Granulométrica – Sondagem a Trado – ST14.................... 106
Figura 8.29: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST16............................ 108
Figura 8.30: Análise Granulométrica – Sondagem a Trado – ST16.................... 109
Figura 8.31: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST22............................ 111
Figura 8.32: Análise Granulométrica – Sondagem a Trado – ST22.................... 112
IX
SANTOS JR (2002)
Figura 9.1: Planta Topográfica: Plani-Altimétrica................................................. 115
Figura 9.2: Curvas de Isoteores de Al.................................................................. 116
Figura 9.3: Curvas de Isoteores de Cd................................................................ 117
Figura 9.4: Curvas de Isoteores de Cr................................................................. 118
Figura 9.5: Curvas de Isoteores de Cu................................................................ 119
Figura 9.6: Curvas de Isoteores de Fe................................................................. 120
Figura 9.7: Curvas de Isoteores de Ni.................................................................. 121
Figura 9.8: Curvas de Isoteores de Pb................................................................. 122
Figura 9.9: Curvas de Isoteores de Mn................................................................ 123
Figura 9.10: Curvas de Isoteores de Zn............................................................... 124
X
SANTOS JR (2002)
LISTA DE GRÁFICOS
PÁG.
Gráfico 8.1: Concentração de metais pesados em solos – SP-02..................... 70
Gráfico 8.2: Concentração de metais pesados em solos – SP-04..................... 73
Gráfico 8.3: Concentração de metais pesados em solos – SP-06..................... 76
Gráfico 8.4: Concentração de metais pesados em solos – SP-10..................... 78
Gráfico 8.5: Concentração de metais pesados em solos – SP-12..................... 80
Gráfico 8.6: Concentração de metais pesados em solos – ST-01..................... 83
Gráfico 8.7: Concentração de metais pesados em solos – ST-02..................... 86
Gráfico 8.8: Concentração de metais pesados em solos – ST-03..................... 88
Gráfico 8.9: Concentração de metais pesados em solos – ST-05..................... 92
Gráfico 8.10: Concentração de metais pesados em solos – ST-06................... 95
Gráfico 8.11: Concentração de metais pesados em solos – ST-07................... 98
Gráfico 8.12: Concentração de metais pesados em solos – ST-10................... 101
Gráfico 8.13: Concentração de metais pesados em solos – ST-12................... 104
Gráfico 8.14: Concentração de metais pesados em solos – ST-14................... 107
Gráfico 8.15: Concentração de metais pesados em solos – ST-16................... 110
Gráfico 8.16: Concentração de metais pesados em solos – ST-22................... 113
XI
SANTOS JR (2002)
LISTA DE TABELAS
PÁG.
Tabela 1.1: Percentual de Áreas em Processo de Desertificação..................... 11
Tabela 6.1: Composição Gravimétrica dos Resíduos Sólidos Urbanos............. 31
Tabela 6.2: Produção de Resíduos Sólidos Per Capita em Alguns Países e 37
Cidades..............................................................................................................
Tabela 6.3: Brasil - Lixo coletado por região nos domicílios urbanos – 1991.... 37
Tabela 6.4: Brasil - Percentual do lixo coletado nas Regiões Metropolitanas –
1991................................................................................................................... 38
Tabela 6.5: Brasil – População urbana, por nível de renda, com acesso à
coleta de lixo - 1990 (Em %)..............................................................................
38
Tabela 6.6: Brasil – Composição Média do Lixo................................................ 39
Tabela 6.7: Composição dos resíduos domésticos em diversos países - % do 39
peso total...........................................................................................................
Tabela 6.8: Brasil - Destino Final do Lixo (Em %)............................................. 40
Tabela 6.9:Tratamento e Disposição Final do Lixo Coletado em outros países
– 1990 (Em %)................................................................................................... 41
Tabela 6.10: Concentração máxima permitida de metais em solos agrícolas,
tratados com lodo de esgoto, em diversos países............................................. 47
Tabela 7.1: Valores de referência de Metais pesados segundo diversos
autores............................................................................................................... 66
Tabela 9.1: Coeficiente de Correlação de Pearson – Pontos de Amostragem.. 125
Tabela 9.2: Coeficiente de Correlação de Pearson – Elementos Químicos
Quantificados..................................................................................................... 126
Tabela 9.3: Concentração de elementos em Aterros no Brasil.......................... 127
XII
AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO DO SOLO POR METAIS PESADOS
NA ÁREA DE DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA
CIDADE DE CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ.
ELIAS LIRA DOS SANTOS JUNIOR
“Dissertação submetida ao Programa de Mestrado em Engenharia Civil da
Universidade Estadual do Norte Fluminense como requisito parcial para a obtenção
do grau de: Mestre em Ciências de Engenharia.”
Orientador: Prof. Sérgio Tibana.
Co – Orientador(a): Profª. Cristina Maria Magalhães de Souza.
CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ.
DEZEMBRO – 2002.
AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO DO SOLO POR METAIS PESADOS
NA ÁREA DE DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA
CIDADE DE CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ.
ELIAS LIRA DOS SANTOS JUNIOR
Dissertação submetida ao Programa de Mestrado em Engenharia Civil da
Universidade Estadual do Norte Fluminense como requisito parcial para a obtenção
do grau de: Mestre em Ciências de Engenharia.
Aprovada em 11 de dezembro de 2002.
BANCA EXAMINADORA:
_____________________________________________________________
Prof. PhD. Tacio Mauro Pereira Campos. PUC/RJ
_____________________________________________________________
Prof. D.Sc. Frederico Terra de Almeida; LECIV/CCT/UENF.
_____________________________________________________________
Prof. D.Sc. Cristina Maria Magalhães de Souza;
LCA/CBB/UENF (Co-Orientadora).
_____________________________________________________________
Prof. D.Sc. Sérgio Tibana; LECIV/CCT/UENF (Orientador).
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
1
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
2
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
1.1- CONCEITOS
i) Desenvolvimento sustentável
Em 1987, a Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento das
Nações Unidas publicou o Relatório Brundtland, que apresentou um conceito de
desenvolvimento
sustentável
–
“...aquele
desenvolvimento
que
atende
às
necessidades do presente sem comprometer as possibilidades de as gerações
futuras atenderem às suas próprias” – que, mais que um conceito, transmitia o
desejo de mudança de paradigma para um estilo de desenvolvimento, que não se
mostrasse excludente socialmente e danoso ao meio ambiente.
Desenvolvimento sustentável deve, portanto, significar desenvolvimento
social e econômico estável, equilibrado, com mecanismos de distribuição das
riquezas geradas e com capacidade de considerar a fragilidade, a interdependência
e as escalas de tempo próprias e específicas dos recursos naturais.
Viabilizar esse conceito na prática implica mudança de comportamento
pessoal e social, além de transformações nos processos de produção e de
consumo. Para tanto, faz-se necessário o desencadeamento de um processo de
discussão e comprometimento de toda a sociedade. Essas características tornam,
ainda hoje, o desenvolvimento sustentável um processo a ser ainda implementado.
ii) Sustentabilidade
Sustentabilidade ecológica – refere-se à base física do processo de
crescimento e tem como objetivo a manutenção de estoques de capital natural,
incorporados às atividades produtivas.
Sustentabilidade ambiental – refere-se à manutenção da capacidade de
sustentação dos ecossistemas, o que implica a capacidade de absorção e
recomposição dos ecossistemas em face das agressões antrópicas.
Sustentabilidade social – refere-se ao desenvolvimento e tem por objetivo a
melhoria da qualidade de vida da população. Para o caso de países com problemas
de desigualdade e de exclusão social, implica a adoção de políticas distributivas e a
universalização de atendimento a questões como saúde, educação, habitação e
seguridade social.
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
3
Sustentabilidade política – refere-se ao processo de construção da cidadania
para garantir a incorporação plena dos indivíduos ao processo de desenvolvimento.
Sustentabilidade econômica – refere-se a uma gestão eficiente dos recursos
em geral e caracteriza-se pela regularidade de fluxos do investimento público e
privado. Implica a avaliação da eficiência por processos macrossociais.
1.2- ASPECTOS GERAIS
O convívio do homem e o meio ambiente torna-se cada vez mais
problemático a medida que o ser humano tem dificuldades em preservar as
condições naturais do meio no qual vive, tornando-o, assim, um meio inadequado
para a sua própria saúde.
As viabilidades ambiental, social e política surgiram no inicio da década de 80
como marcos regulamentadores das ações antrópicas, sobremaneira, as obras de
engenharia. (e.g: estradas, túneis, barragens, etc.).
Entre as medidas que minimizam os impactos ambientais, oriundos das
atividades antrópicas, o saneamento básico tem como meta a higiene do meio físico
(ar, água, solo e rochas), constituindo-se, desta forma, em uma ferramenta de suma
importância para a identificação e caracterização de alterações neste meio, sejam
estas diretas ou indiretas.
A falta de prioridade no setor indica números alarmantes, haja vista que 77%
dos resíduos urbanos são lançados em lixões, 23% em aterros (dos quais 11% em
aterros sanitários), além do fato de existirem aproximadamente 50.000 crianças
dispostas nestas áreas por todo país (IPT/CEMPRE, 2000).
Construído com a participação qualificada de atores relevantes do governo e
da sociedade, por meio de diferentes formas de consulta e debate, o documento
Cidades sustentáveis, elaborado pelo Consórcio Parceria 21, tem por objetivo geral
subsidiar a formulação da Agenda 21 brasileira com propostas que introduzam a
dimensão ambiental nas políticas urbanas vigentes ou que venham a ser adotadas,
respeitando-se as competências constitucionais em todas as esferas de governo.
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
4
1.3- A AGENDA 21 BRASILEIRA
A Agenda 21, proposta pelos países participantes da Conferência das Nações
Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92), representou um avanço
no sentido de reforçar a idéia segundo a qual desenvolvimento e meio ambiente
constituem um binômio central e indissolúvel e, como tal, deve ser incorporado às
políticas públicas e às práticas sociais de todos os países do planeta.
A base dessa construção – o conceito de desenvolvimento sustentável –
surge como contraponto aos tradicionais modelos de desenvolvimento econômico,
caracterizados pelos fortes impactos negativos na sociedade e no meio ambiente.
As sociedades modernas vêm gradualmente reconhecendo, em todas as suas
dimensões, os problemas inerentes à contínua busca de crescimento econômico.
Esse crescimento, por sua vez, passa a considerar, cada vez mais, suas
repercussões e seus impactos negativos nos grupos sociais e no meio ambiente,
identificando custos econômicos expressivos, anteriormente desprezados. A tarefa
de reconhecer e minimizar esses custos representa uma excelente oportunidade de
transformar as práticas de desenvolvimento econômico em todo o mundo, criando
as condições para a implementação do desenvolvimento sustentável.
A estrutura da Agenda 21 Brasileira contemplará três partes principais: uma
parte introdutória delineando o perfil do país no limiar do século XXI, uma parte
dedicada aos temas prioritários e uma seção sobre medidas propostas. O trabalho
deverá privilegiar uma abordagem multissetorial da realidade brasileira, procurando
enfatizar a interdependência entre as dimensões ambiental, econômica, social e
institucional.
Os temas considerados prioritários para detalhamento, segundo a Comissão
de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional – CPDS –
são: Cidades Sustentáveis, Agricultura Sustentável, Infra-estrutura e Integração
Regional, Gestão dos Recursos Naturais, Redução das Desigualdades Sociais e
Ciência e Tecnologia e Desenvolvimento Sustentável.
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
5
1.4- SITUAÇÃO ATUAL DOS RECURSOS NATURAIS
A experiência tem evidenciado que o uso intensivo e irracional do solo pode
resultar na degradação desse recurso, com dramáticas conseqüências para a
sociedade. Torna-se vital, portanto, concentrar esforços na gestão do recurso solo
para seu uso racional, eficiente e produtivo, de modo a satisfazer as necessidades
das atuais e futuras gerações.
É evidente a ocorrência de processos de uso inadequado (agrícola e nãoagrícola) do recurso solo, resultando em degradação, em vários níveis e graus.
Nesses processos, incluem-se, principalmente: acidificação, salinização, erosão e
desertificação. A extensão dessas áreas degradadas é de difícil dimensionamento,
mas é reconhecidamente expressiva.
Os impactos negativos, na economia e no ambiente, decorrentes das formas
inadequadas de uso do solo são preocupantes, exigindo reversão da situação.
Esses impactos afetam a capacidade produtiva dos solos e os demais recursos
naturais, principalmente os recursos hídricos. Além disso, suas conseqüências têm,
muitas vezes, repercussões que extrapolam as áreas onde ocorrem. Assim, por
exemplo, a erosão hídrica acelerada resulta no assoreamento e na poluição de
cursos e reservatórios de água, causando enchentes, destruição e pobreza em
amplas áreas geográficas.
O recurso solo tem sido afetado, também, por atividades não-agrícolas,
incluindo-se a mineração, as obras de infra-estrutura, os assentamentos urbanos e
industriais, as áreas de recreação, entre outras.
Extensas áreas de terra têm sido utilizadas para mineração organizada
(minérios de ferro, alumínio, fosfatos etc.) e não-organizada (garimpos, extração de
areia, cascalheiras etc.), resultando, freqüentemente, em sítios de degradação.
As
obras
consideradas
de
como
infra-estrutura,
grandes
especialmente
causadoras
de
as
rodovias,
desequilíbrios
do
têm
sido
sistema
solo/água/planta. É notória a ocorrência freqüente de sulcos e voçorocas ao longo
das estradas, resultantes de seu planejamento inadequado ou de sua precária
manutenção.
De
modo geral, o uso não-agrícola do solo carece de um tratamento
sistematizado de informações sobre a fragilidade desse recurso e sobre as
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
6
potenciais repercussões no meio ambiente. O mesmo ocorre com o uso agrícola,
incluindo-se lavouras, pecuária e florestas.
O contexto institucional ligado, direta ou indiretamente, à gestão do recurso
solo é complexo, inconsistente e de insuficiente operacionalidade. Não existe
definição clara de responsabilidades dos órgãos públicos, considerando as esferas
federal, estadual e municipal. Não é dada a devida prioridade à sua gestão, pelos
governos, desde as fases de planejamento até as de controle da qualidade desse
recurso.
Inúmeros fatores interagem no processo de gestão dos recursos naturais. O
processo de gestão, portanto, necessita considerar, além das relações intrínsecas
entre os recursos naturais, as relações de interdependência existentes com as
dinâmicas econômica, social e política.
Em geral, pode-se afirmar que a ação antrópica é o primeiro passo na
geração de efeitos em cascata sobre os recursos naturais. A forma como a ação de
desmatamento influencia na regulamentação hídrica provoca degradação das
bacias hidrográficas, erosão, perda de fertilidade dos solos; contribui para a
desertificação e interfere no processo de mudanças climáticas.
Os fatores naturais – água, solo, ar, vegetação, fauna – interagem entre si de
modo sistêmico, fazendo com que uma alteração sobre qualquer um desses fatores
tenha repercussão imediata sobre todos. Portanto, ao se tratar da gestão dos
recursos naturais em um determinado espaço físico – uma bacia hidrográfica, uma
região, uma localidade –, é indispensável considerar a sinergia que existe entre eles
e buscar orientar seus respectivos usos, de modo a respeitar essa interação.
1.5- USO DO SOLO
Para suprir suas necessidades, o ser humano usa a terra – entendida como
fase terrestre, onde se situam os recursos naturais – de diversas maneiras: para
produzir alimentos, fibras e madeiras para finalidades urbanas e industriais, para
transportes rodoviários, ferroviários e aéreos, para a extração de minérios e de
materiais de construção, para distribuição de energia e para a disposição dos
resíduos. Adicionalmente, precisa da terra para fins considerados não-produtivos,
tais como recreação e, em seu estado natural, como habitat da imensa variedade de
plantas e animais.
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
7
O solo, como um dos recursos da terra, vem, portanto, sofrendo uma
crescente pressão decorrente dos diferentes tipos de uso. Tal situação é
preocupante, na medida em que o solo é um recurso natural finito e não-renovável,
se considerado em uma escala temporal compatível com a intervenção humana.
A experiência tem evidenciado que o uso intensivo e irracional do solo pode
resultar na degradação desse recurso, com dramáticas conseqüências para a
sociedade. Torna-se vital, portanto, concentrar esforços na gestão do recurso solo
para seu uso racional, eficiente e produtivo, de modo a satisfazer as necessidades
das atuais e das futuras gerações.
Combinado com a água, o solo constitui o sustentáculo da agricultura. É o
solo que fornece os nutrientes essenciais ao crescimento das plantas, armazenando
a água ou a umidade essencial, vital a esse crescimento e à absorção mineral. O
solo, no entanto, não é apenas um complexo inorgânico de areia, silte e argila, mas
um conjunto de organismos vivos, dotado de componentes biológicos de natureza
dinâmica. Nesse contexto, suas características apresentam limitações potenciais,
sensíveis a suas potenciais utilizações.
O estudo da gênese e da morfologia do solo tem como objetivo, também, a
sua classificação em termos de maior ou menor permeabilidade, característica que
intervém de modo fundamental na rapidez das enchentes e na parcela levada às
vazões de estiagens pelas águas subterrâneas.
A cobertura vegetal, em particular as florestas, filia-se às questões
geológicas,
influenciando
enormemente
as
condições
de
intercepção
de
precipitações, retenções e infiltração, escoamento superficial e subsuperficial,
evaporação e transpiração. Os graus de perturbação dessa cobertura vegetal
natural e o manejo de cultivos – anuais, perenes, pastagens e forrageiras –
introduzem características que levam a que meios técnico-científicos se preocupem
com três grandes problemas, a saber: i) poluição das águas continentais (água
doce); ii) erosão dos solos, perda de fertilidade, salinização e desertificação; e iii)
perdas irreversíveis da diversidade biológica.
Os causadores desses problemas são os dejetos urbanos, humanos,
industriais e agrícolas; os desmatamentos indiscriminados; o manejo inadequado do
solo e da água; deficiências de sistemas de drenagem; queimadas; extrativismo
desmesurado (caça, pesca, madeiras e outras plantas), entre outros.
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
8
As soluções normalmente apontadas, que são recentes, referem-se a: i)
recuperação e conservação dos mananciais de água; ii) recuperação e conservação
dos solos; e iii) conservação da biodiversidade (unidades de conservação) e
conservação de recursos genéticos (in situ e ex situ).
O solo, quando em seu estado natural, tem um equilíbrio dinâmico, com
interações contínuas entre seus componentes físicos, químicos e biológicos. O uso
do solo, para qualquer finalidade, resulta, em geral, na quebra desse equilíbrio. No
entanto, quando usado racionalmente, de acordo com sua aptidão e com técnicas
apropriadas, o solo atinge um novo estado de equilíbrio que pode ser estável e
produtivo. Seu uso inadequado, por outro lado, resultará em instabilidade e
degradação, com perda parcial ou total de sua capacidade produtiva. A recuperação
dessa capacidade é por vezes possível, mas implica custos elevados para a
sociedade.
A não-observância de princípios ecológicos na formulação de sistemas de
uso do solo, com respeito às suas diferentes categorias, tem sido responsável pela
contínua degradação dos solos. Derrubar a vegetação natural, praticar cultivos,
queimadas e introduzir novas espécies de plantas e animais são mudanças
significativas que se podem igualar, em seus efeitos, às mudanças catastróficas
que, durante períodos geológicos, estabelecem
seqüências
de
erosão
e
transformam a topografia.
A degradação dos solos nem sempre decorre das mudanças ocasionadas
pela agricultura. Um desenvolvimento urbano mal localizado, sistemas rodoviários
mal planejados e assentados, má conservação florestal e muitos outros aspectos da
extensa atividade humana podem causar a instabilidade e a degradação (Downes,
1983).
No que se refere ao Brasil, freqüentemente são feitas afirmativas sobre sua
vocação agrícola, classificando o país como celeiro do mundo. Essas afirmações,
baseadas quase exclusivamente no fator solo, referem-se à enorme extensão
territorial brasileira. Esse potencial do solo, efetivamente grande, precisa ser
referenciado a algumas condicionantes, das quais se destacam duas. A primeira
refere-se à natureza do solo, como oferta. Nesse particular, deve-se ter presente
que: i) mais de um terço (35,3%) do território nacional é totalmente desaconselhável
para qualquer tipo de atividade agrícola; ii) adicionando-se as áreas que sofrem
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
9
algum tipo de restrição mais séria, mais da metade do território do país não serve ou
não pode ser utilizado em agricultura, salvo mediante elevadíssimos investimentos;
e iii) apenas 4,2% são solos de boas características, ou seja, “solos profundos, bem
drenados, predominantemente de textura média ou argilosa, com fertilidade natural
variando de alta a média”. Esse percentual representa cerca de 35 milhões de
hectares. A segunda condicionante refere-se ao modo irregular como se distribuem
esses 35 milhões de hectares em todo o território nacional.
Além disso, a maior parte do país é de clima tropical, em que os fenômenos
naturais - radiação, temperatura, luminosidade, ventos e chuvas se manifestam de
modo muito intenso, provocando e produzindo reações não desejáveis, tais como
erosões, ervas daninhas, pragas e doenças de plantas e de animais.
É forçoso, portanto, reconhecer que o manejo dos solos deve ter alicerce em
três condições básicas para a superação das suas condicionantes e restrições. Em
primeiro lugar, é preciso desenvolver e adotar tecnologias adequadas; em segundo
lugar, é necessária a inversão de expressivo volume de capital para a construção da
fertilidade e para o manejo desses solos e, em terceiro, é fundamental, para aqueles
que detêm/usam terras agricultáveis, ter disponível grande habilidade de gestão
empresarial.
No Brasil, o uso predominante do recurso solo destina-se à agricultura, seja
para produção de alimentos, fibras ou madeiras. As principais funções do solo,
nesse processo, são o provimento de suporte mecânico para as plantas, por meio
de seu sistema radicular, e o fornecimento de água e de elementos nutritivos
(nutrientes) para o desenvolvimento dos vegetais, desde a germinação até a
colheita.
O modelo agrícola ainda predominante no país tem fortes conexões com o
modelo conhecido como Revolução Verde, fortemente embasado no uso de energia
fóssil e de agroquímicos e na mecanização intensiva. A principal preocupação é a
produtividade, em sua dimensão econômica. Uma das premissas desse modelo tem
sido o trabalho intensivo da camada superficial do solo, envolvendo o uso de
implementos (principalmente de arados e grades) para revolver o solo, incorporar
insumos (calcário e fertilizantes) e nivelar a superfície do terreno.
O uso contínuo e repetitivo dessas práticas tem-se mostrado ineficiente,
resultando, entre outras situações, na destruição dos agregados do solo, na
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
10
formação de camadas compactadas, no decréscimo da permeabilidade e, por
conseqüência, no aumento do escorrimento da água pela superfície da terra.
A combinação da ação desagregadora das gotas da chuva (de natureza
intensa em regiões tropicais) sobre um solo descoberto após a aração/gradagem e a
energia da enxurrada têm sido a principal fonte de erosão e degradação do solo no
Brasil. Segundo dados do IPEA (1997), as perdas ambientais associadas ao recurso
solo para uso agrícola e florestal, causadas por processos de erosão, são estimadas
em 5,9 bilhões de dólares ou 1,4% do PIB brasileiro.
Os efeitos imediatos dessa situação são observados nas propriedades
agrícolas, com o declínio da produtividade física e da competitividade do
empreendimento. No Estado do Paraná, por exemplo, a produtividade da cultura da
soja caiu de 60 sacas por hectare para 35, representando uma perda anual de 55
milhões de sacas, segundo a EMATER/PR.
A manutenção desses desequilíbrios facilita os processos de desertificação,
mesmo em áreas com climas úmidos. É bastante conhecido o caso da região da
Campanha rio-grandense, onde os desmatamentos indiscriminados e a pressão de
pastoreio
redundaram
em
extensas
áreas
pré-desertificadas
ou
mesmo
desertificadas. Na região do semi-árido do Nordeste, de um modo geral, observa-se
avançado processo de desertificação. A Tabela 1.1, a seguir, ilustra esse fato.
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
11
Tabela 1.1 – Percentual de áreas em processo de desertificação
ESTADO
%
Alagoas
3
Piauí
5
Bahia
5
Sergipe
12
Pernambuco
25
Rio Grande do Norte
36
Ceará
52
Paraíba
63
Fonte: EMBRAPA, 1994.
Outro processo altamente degradante é a salinização do solo em regiões
onde a evapotranspiração potencial supera a pluviosidade. Relatos dessa situação
são freqüentes na região Nordeste em face do mau manejo da irrigação,
provocando a deposição de sais na superfície do solo.
Embora os prejuízos imediatos da degradação do solo se situem no âmbito
das propriedades agrícolas, as conseqüências a longo prazo têm resultantes fora
da propriedade agrícola e até mesmo da área rural. Essas conseqüências referemse ao assoreamento de cursos de água e de reservatórios, causando prejuízos aos
investimentos hidráulicos, além de enchentes e inundações. Em 1982, aportaram a
Itaipu 12,5 milhões de toneladas de terra, segundo cálculos da Secretaria de
Agricultura do Paraná. No Rio Grande do Sul, a maior barragem do estado, Passo
Real, poderá estar totalmente assoreada em um prazo de trinta a quarenta anos,
por causa da quantidade de terra em suspensão carreada pelos rios que ali
desembocam. No vale do Itajaí, em Santa Catarina, o assoreamento nas barragens
de controle de enchentes exige constantes dragagens, com altíssimos custos.
O recurso solo tem sido também intensamente usado, no Brasil, para fins
não-agrícolas,
incluindo-se
a
mineração,
as
obras
de
infra-estrutura,
os
assentamentos urbanos e industriais, as áreas de recreação e de manutenção da
biodiversidade.
Os impactos ambientais gerados pelas formas inadequadas de uso do solo
afetam, além de sua capacidade produtiva, os demais recursos naturais,
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
12
principalmente os recursos hídricos, tendo suas conseqüências, muitas vezes,
repercussões que extrapolam as áreas onde ocorrem. Assim, por exemplo, a erosão
hídrica acelerada resulta no assoreamento e na poluição de cursos e reservatórios
de água, causando enchentes, destruição e pobreza em amplas áreas geográficas.
É necessário, contudo, registrar uma evolução positiva desse cenário nos
últimos anos, como resultado da maior conscientização e da melhoria da legislação
e do controle ambiental. A exigência legal de previsão e prevenção de impactos
ambientais, em processos de ocupação do solo, têm tido resultados positivos.
Assim posto e esperando-se uma mudança radical no que se refere a essas
práticas equivocadas, espera-se resgatar um grande passivo na área de disposição
final de lixo, que é um problema que desafiará as gerações futuras de engenheiros
ambientais. Nesse particular é ainda em todo o mundo a prática de se dispor o lixo
em aterros sanitários a tecnologia mais empregada. Isso explica-se pelo fato de que
o aterro sanitário é, dos métodos usuais de tratamento/disposição de lixo, aquele
que tem o mérito de ser auto-suficiente não necessitando de práticas auxiliares para
dispor o lixo de modo adequado no meio ambiente, pelo menos se considerarmos o
denominado lixo comum.
Diversos autores consideram o lixo como um dos determinantes da estrutura
epidemiológica da comunidade, exercendo sua ação sobre a incidência das doenças
ao lado de outros fatores.
Embora exista, no meio técnico, uma percepção sobre os efeitos dos
resíduos sólidos domésticos sobre a saúde humana, não há uma demonstração
definitiva sobre a natureza desta relação. Sabe-se que, quando não é propiciado um
manejo adequado aos resíduos sólidos, estes podem abrigar agentes portadores de
doenças, oferecendo riscos à saúde pública e aos profissionais encarregados da
coleta de lixo.
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO II: HIPÓTESE DO TRABALHO
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CAPÍTULO II: HIPÓTESE DO TRABALHO
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO II: HIPÓTESE DO TRABALHO
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CAPÍTULO II: HIPÓTESE DO TRABALHO
Neste trabalho parte-se da premissa que a “área de disposição final dos
resíduos sólidos urbanos da cidade de Campos dos Goytacazes” (ADRSU)
apresenta um grau de contaminação por metais pesados pelo lançamento
indiscriminado deste tipo de material e que esta contaminação migra no sentido
sudeste de acordo com o regime de fluxo sub-superficial. Dentro desta premissa
acusa-se que o fluxo, nas camadas do subsolo, é predominantemente horizontal, o
que inibi o transporte de poluentes verticalmente. Outra hipótese considerada neste
estudo é a de que existe diferença entre os métodos de coleta de amostras, ou seja,
existe diferença nos resultados analíticos em função da sondagem, seja ela a trado
ou à percussão.
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO III: OBJETIVOS
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CAPÍTULO III: OBJETIVOS
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO III: OBJETIVOS
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CAPÍTULO III: OBJETIVOS
3.1- OBJETIVO GERAL
O objetivo principal desta pesquisa foi a identificação do grau de
contaminação do solo por metais pesados na “ Área de Disposição Final de
Resíduos Sólidos Urbanos da Cidade de Campos dos Goytacazes”, no Estado do
Rio de Janeiro. Desta forma obter-se-á a contaminação da área, por ocorrência, ou
não, de metais nos diversos níveis de solo.
3.2- OBJETIVOS ESPECÍFICOS
! Identificação do sentido de fluxo sub-superficial e, possivelmente, a
migração dos poluentes;
! Caracterização dos níveis de metais pesados nas diferentes camadas
de solo;
! Classificação da ADRSU quanto ao nível de contaminação.
! Identificação da interferência dos resultados pelos diferentes métodos
de coleta.
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO IV: JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA
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CAPÍTULO IV: JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO IV: JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA
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CAPÍTULO IV: JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA
No lixo são vários os produtos contendo substâncias que conferem
características de inflamabilidade, corrosividade, oxirredução ou toxicidade. As
pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes e alguns tipos de frascos de aerossóis
estão presentes no lixo urbano em quantidades significativamente maiores em
relação a outros resíduos potencialmente perigosos (IPT/CEMPRE, 2000).
Rousseaux et al (1989), fizeram uma estimativa das quantidades de metais
pesados dispersos no lixo brasileiro, assim como a contribuição de cada
componente do lixo para o teor final de metais no composto. Os plásticos aparecem
como principal fonte de Cd (67 a 77% do total). O chumbo e o cobre fazem parte em
quantidades importantes, nos metais ferrosos (29 a 50% de Pb e 14 a 50% de Cu).
O couro contribui com 35% do Cr e a borracha com 32 a 37% do Zn. O papel
aparece como notável fonte de Pb (10 a 14%).
Os metais pesados (MP), definidos como elementos com massa específica
maior que 5g/cm3, estão presentes em rochas e em concentrações elevadas, em
áreas com adição de rejeitos industriais, biosólidos e alguns agroquímicos. Alguns
desses elementos são essenciais para várias funções fisiológicas nos seres vivos,
como Fe, Cu, Zn e Mn, enquanto outros, como Cd, Pb e Hg, não têm funções
biológicas conhecidas. Quando em excesso no solo, esses elementos podem inibir o
crescimento das plantas e causar alterações nas comunidades vegetais (Baker et
al., 1994), como também exercer efeitos adversos sobre os microrganismos do solo
(Valsecchi et al,1995), interferindo nas funções do ecossistema, com conseqüências
ao meio ambiente e à saúde pública.
Grandes esforços têm sido feitos para integrar conhecimentos que facilitem a
reabilitação de solos contaminados por metais pesados, e assim, possibilitar o
retorno da funcionabilidade e estabilidade do ecossistema formado (Vangronsveld &
Cunningham, 1998). Para isto, procura-se amenizar o efeito da fitotoxicidade dos
metais no solo, visando ao estabelecimento da vegetação.
O diagnóstico da ADRSU é de suma importância para a prevenção de
possíveis danos à saúde ocasionados por metais pesados. Tais elementos podem
entrar na cadeia alimentar via hídrica, o que ocasionaria prejuízos significativos a
comunidade local, ou ainda, circunvizinhas.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO V: ÁREA DE ESTUDO19
CAPÍTULO V: ÁREA DE ESTUDO
SANTOS JR (2002)
CAPITULO V: ÁREA DE ESTUDO20
CAPÍTULO V: ÁREA DE ESTUDO
5.1- LOCALIZAÇÃO E ACESSO
A área sob estudo está localizada a 11 Km do centro da cidade. A cidade de
Campos dos Goytacazes está localizada na Região Norte do Estado do Rio de
Janeiro, aproximadamente a 279 km da capital estadual, Rio de Janeiro, com uma
área de 4.037 km2, sendo o maior município do Estado e possuindo uma população
de 406.989 (quatrocentos e seis mil novecentos e oitenta e nove) habitantes (IBGE;
2000).
Sua economia baseia-se no extrativismo mineral e na indústria agrícola,
sobremaneira, na indústria sulcro-alcoleira, em franca decadência.
A localização do município é apresentada na figura5.1
N
Figura 5.1: Localização do Município de Campos dos Goytacazes.
A ADRSU está inscrita ao Distrito Industrial do município, tendo como
acessos a rodovia BR-101 Norte e o bairro Parque Garus, via ponte da Lapa. Na
figura 5.2 apresenta-se o Distrito Industrial da cidade de Campos dos Goytacazes, e
seus respectivos acessos.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO V: ÁREA DE ESTUDO21
Lixão
Acesso via Pq. Garus
Acesso via Br-101
FIGURA 5.2: Vista Aérea da Área de Estudo - CODIN.
A área do vazadouro situa-se junto a estrada de acesso a localidade de Brejo
Grande, distando 3,1 km em relação a BR-101. Mal operada possivelmente desde o
início de sua instalação, a área utilizada para a destinação final dos resíduos sólidos
é inadequada, técnica e ambientalmente, para o recebimento de resíduos. Como
não há cobertura das células, proliferam vetores e urubus que disputam restos de
alimentos com animais e famílias de catadores (carapiras). A figura 5.3 indica a área
de deposição de resíduos sólidos da Cidade e respectiva área de estudo.
Área de
Disposição
FIGURA 5.3: Vista Aérea da ADRSU da Cidade de Campos dos Goytacazes
A área vem sendo utilizada como depósito desde meados da década de 80,
sendo instalados um CIEP (Centro de Integração de Estudos), e alguma pequena
infra-estrutura para a comunidade local (energia elétrica; água).
SANTOS JR (2002)
CAPITULO V: ÁREA DE ESTUDO22
No inicio o lixo era depositado em células, que após sua utilização eram
cobertas com material argiloso de áreas circunvizinhas do local em questão.
5.2- GEOLOGIA E GEOMORFOLOGIA
A área situa-se nos denominados tabuleiros terciários, os quais estendem-se
por quase, toda margem esquerda do Rio Paraíba do Sul. Os tabuleiros possuem
uma uniformidade quanto a sua conformação edáfica (MIC, 1984). O relevo é
suavemente ondulado onde as cotas variam de 12m a 42 m.
A área é dita como plana resultante da acumulação fluvial, sujeita a
inundações periódicas, correspondentes as várzeas atuais, depósitos sedimentares
das planícies litorâneas (RADAMBRASIL; 1983). Na figura 5.4 é mostrada a
configuração geomorfológica da área estudada.
LIXÃO
LEGENDA
FIGURA 5.4: Mapa Geomorfológico da Área de Estudo (ESC:1/1.000.000)
Os limites geológicos da área são determinados por uma Unidade PréCambriana denominada Bela Joana, constituída geralmente por gnaisses de
granulação grosseira a média com coloração cinza-esverdeada, apresentando
textura gnáissica porfiroblástica e subordinadamente cataclástica; estruturas
SANTOS JR (2002)
CAPITULO V: ÁREA DE ESTUDO23
magmáticas do tipos “Schlicren” e nebulítica; presença de neossomas lepticúticos.
Esta formação encontra-se no Morro Alto ao norte do objeto de estudo.
Na área de estudo encontram-se argilas orgânicas de coloração cinza-negra
e depósitos de turfa, em lagos, pântanos e brejos, do período quaternário, próximo a
lagoa Bom Jesus. Os sedimentos do grupo Barreiras estão representados a oeste
por níveis descontínuos alternados de material friável e mal selecionado, desde
arenoso, areno-argiloso a argiloso, constituído principalmente por grãos de quartzo
sub-angulosos
abundantes
e
grãos
de
feldspatos
caulinizados;
níveis
conglomeráticos com seixos arredondados, de canal fluvial, e horizonte de
concentrações lateríticas; bolsões de argila caulínica e características cores
variegadas (roxa, amarela, branca e vermelha) nos níveis argilosos espessos.
(DRM;1983).
Na Figura 5.5 apresenta-se
o mapa geológico da região em escala
1/1.000.000 (RADAMBRASIL; 1983), considerando a diversidade geológica do
objeto da pesquisa
LIXÃO
FIGURA 5.5: Mapa Geológico da Área de Estudo (ESC:1/1.000.000)
SANTOS JR (2002)
CAPITULO V: ÁREA DE ESTUDO24
5.3- SOLOS
O local de estudo é constituído basicamente de solos aluviais eutróficos não
solódicos e solódicos, com horizonte A moderado de textura média e argilosa mais
glei; pouco húmico álico de texturas argilosa e muito argilosa, de baixa e alta
atividade, respectivamente, e relevo plano (RADAMBRASIL, 1983). Na Figura 5.6
ilustra-se, o trabalho, com o mapa pedológico da área de estudo.
LIXÃO
FIGURA 5.6: Mapa Pedológico da Área de Estudo (ESC:1/1.000.000)
Existe a predominância de solos profundos com avançado estado de
intemperização, com argilas de baixa atividade e ausência de materiais primários,
correspondentes às classes dos Latossolos e Podzólicos. Estes solos apresentamse na forma de Podzólicos amarelo álico argiloso de baixa atividade, não abrúptico;
textura arenosa/argilosa e média/argilosa; relevo
suavemente ondulado mais
Latossolo Amarelo Podzólicos, ambos álicos. Horizonte A moderado de textura
argilosa relevo ondulado e suavemente ondulado (RADAMBRASIL, 1983).
Considerando os perfis estratigráficos verifica-se que na parte superior da
formação existe ocorrência de canga laterítica a profundidade de 2 a 3 m, chegando
a aflorar nos terrenos de encosta (MIC, 1984).
A espessura da camada do sedimento
terciário da formação barreiras é
indicada na bibliografia como sendo superior a 70 m, face ao levantamento de
poços na localidade de Travessão. Os mesmos citam que este material foi objeto de
SANTOS JR (2002)
CAPITULO V: ÁREA DE ESTUDO25
transporte curto e rápido, por correntes que não conseguiram selecionar os
elementos petrográficos, não formando estruturas sedimentares. Desta forma,
atribui-se a origem destes sedimentos a uma decomposição das rochas gnáissicas
do Cristalino, localizadas a oeste (MIC, 1984).
5.4- ASPECTOS FISIOGRÁFICOS
Na figura 5.7 mostra-se a bacia hidrográfica referente à área de estudo em
carta de 1:25.000 (MIC, 1984)..
Bacia de drenagem
Área de estudo
FIGURA 5.7:Carta Topográfica do Município de Campos dos Goytacazes/RJ (Sub-Bacia da Área
de Estudo).
A
região
possui,
em
média,
600
mm
de
precipitações
anuais.
Desenvolvimento de formações superficiais arenosas, areno-argilosas e siltosas
com sedimentação fluvial orgânica e ocorrência de cascalheiras recobertas por
formações pioneiras herbáceas e vegetação secundária, predominando culturas
cíclicas e permanentes, e pastagens naturais. Abrangem planícies e terraços fluviais
SANTOS JR (2002)
CAPITULO V: ÁREA DE ESTUDO26
e fluviolacustres, com meandros e paleocanais em estágio de colmatagem, leques
de esparamentos coluviais periodicamente inundáveis, em áreas de declives
inferiores a 2%.
A ação do relevo se reflete principalmente sobre a dinâmica da água, quer no
sentido vertical (infiltração), quer no lateral (“run off”), assim como indiretamente
sobre a temperatura e radiações.
A área de drenagem da bacia é de aproximadamente 350 hectares, sendo a
área
de
estudo
de
aproximadamente
35
hectares
correspondendo
a
aproximadamente, 10% da área da bacia de drenagem.
O local possuía uma grande quantidade de lagoas e regiões alagadiças, que
serviam como barreiras geoquímicas. Com o passar dos anos, parte deste acervo
foi suprimido por ações antrópicas. Dentre as ações antrópicas existentes no local
pode-se citar: o desmatamento, o lançamento descontrolado de resíduos sólidos, o
assoreamento, etc.
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
27
CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
28
CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
6.1- RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS
6.1.1- INTRODUÇÃO
Um dos maiores desafios com que se defronta a sociedade moderna é o
equacionamento da questão do lixo urbano. Além do expressivo crescimento da
geração de resíduos sólidos, sobretudo nos países em desenvolvimento, observamse, ainda, ao longo dos últimos anos, mudanças significativas em suas
características. Essas mudanças são decorrentes principalmente dos modelos de
desenvolvimento adotados e da mudança nos padrões de consumo.
O crescimento populacional aliado à intensa urbanização, acarreta a
concentração da produção de imensas quantidades de resíduos e a existência cada
vez menor de áreas disponíveis para a disposição desses materiais. Juntam-se a
esses fatos, as questões institucionais, que tornam cada vez mais difícil para os
municípios darem, um destino adequado ao lixo produzido.
6.1.2- DEFINIÇÕES DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS – RSU
São diversas as definições dadas aos resíduos sólidos urbanos conforme os
interesses, sejam eles normativos, administrativos, de pesquisa, entre outros.
Segundo a NBR 10004/1987 da ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS (ABNT), os resíduos sólidos são definidos como
...resíduos nos estados sólidos e semi-sólidos, que resultam de atividades da
comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de
serviços e varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de
sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações
de controle de poluição, bem como determinados líquidos, cujas particularidades
tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d’água, ou
exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor
tecnologia disponível.
A Fundação Prefeito Faria Lima/Centro de Estudos e Pesquisas de
Administração Municipal (CEPAM) (citada por Compromisso Empresarial para
Reciclagem (CEMPRE, 1995), define os resíduos sólidos como sendo restos das
atividades humanas, considerados pelos geradores como inúteis, indesejáveis ou
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
29
descartáveis. Apresentam-se sob estado sólido, semi-sólido ou semilíquido (com
conteúdo líquido insuficiente para que este possa fluir livremente).
A Fundação Serviços de Saúde Pública (FSESP; 1981, citada por Nóbrega
et al. (1994), define o lixo como um conjunto de resíduos sólidos resultantes da
atividade humana.
De acordo com a Prefeitura Municipal de Porto Alegre (PMPA), citada por
Rocha. (1993), o lixo é um subproduto do conjunto de atividades desenvolvidas pela
sociedade, com o objetivo de atender as suas necessidades de consumo.
Embora
existam definições sobre RSU mais abrangentes, resumidas e
detalhadas, há de se ressaltar que, na elaboração de projetos sobre lixo, deve-se
utilizar as definições normativas, como as da ABNT, no caso do Brasil.
6.1.3- CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS – RSU
Os Resíduos Sólidos Urbanos
são constituídos de uma massa bastante
heterogênea. Além de variarem em função de diversos parâmetros, são formados
por variados componentes físicos.
Segundo Barros et al. (1995), os resíduos, quanto à fonte geradora,
classificam-se usualmente em: domiciliar, comercial, institucional, público, especial,
de unidade de saúde, industrial e urbano. De acordo com o autor supracitado, as
definições utilizadas para os resíduos de interesse deste estudo são:
•
Lixo comercial: procedente dos estabelecimentos comerciais, tais
como, escritórios, bancos, lojas, hotéis, restaurantes, supermercados, quitandas,
empresas
e
outros.
Suas
características
dependem
das
atividades
ali
desenvolvidas. Constituem-se de papéis, papelão, plásticos, caixas, embalagens de
madeira, sobras de alimentos, resíduos de lavagens, etc.
•
Lixo institucional: produzido em instituições públicas e privadas, como
teatros, escolas, cinemas, igrejas e outros. Suas características permitem classificálo como do tipo comercial.
•
Lixo industrial: originário das diferentes atividades industriais e,
portanto, com uma composição muito variada. Os resíduos de alguns tipos de
indústrias, como padarias, confecções, as chamadas indústrias caseiras, podem ser
classificados como comerciais.
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
30
6.1.4- ASPECTOS: ECONÔMICOS, DE BIODEGRADABILIDADE E RISCOS
POTENCIAIS
Conforme
Lima
biodegradabilidade
(1986),
os
(susceptibilidade
resíduos
à
sólidos,
decomposição
quanto
por
ao
grau
de
microorganismos)
classificam-se em:
•
facilmente degradáveis: matéria orgânica putrescível;
•
moderadamente degradáveis: papel, papelão e outros materiais
celulósicos;
•
dificilmente degradáveis: trapo, couro, borracha e madeira;
•
não degradáveis: vidro, metal, plástico, pedras e terra.
Oliveira (1974, citado por Nóbrega et al, 1994), ainda descreve que os
resíduos sólidos, quanto ao aspecto econômico, classificam-se em:
•
resíduos aproveitáveis;
•
resíduos para a produção de compostos (orgânicos em geral);
•
resíduos recuperáveis;
•
resíduos inaproveitáveis (inorgânicos em geral).
Segundo a ABNT – NBR 10004/1987, os resíduos sólidos urbanos, quanto
aos riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, em função de suas
propriedades físicas, químicas ou infecto-contagiosas, classificam-se como Classe II
– não inertes: combustíveis, biodegradáveis ou solúveis em água (Ítem 4.1.5.2 NBR
10004/1987).
6.1.5- CARACTERIZAÇÃO DOS RSU
Devido a sua diversidade, os resíduos sólidos são variáveis no espaço e no
tempo, influenciados por condições econômicas, sociais, geográficas e climáticas do
lugar em estudo. A análise dos seus componentes permite ao pesquisador
determinar as características da população que o gerou.
De acordo com Orth et al (1998), o conhecimento da composição gravimétrica
ou física (percentual em peso) dos resíduos sólidos é um importante elemento de
auxílio ao planejamento da limpeza urbana.
Segundo Cintra (1995),
... é preciso estudar, e muito bem o relacionamento entre o produtor e o lixo
que ele mesmo produz, para se obter uma interferência nesta composição, o que
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
31
contribuirá para uma melhoria na qualidade ambiental, degradada pela má
disposição da grande quantidade e variedade dos componentes do lixo.
Lima (1995) diz que
a composição gravimétrica serve para mostrar as
potencialidades econômicas do lixo, subsidiando informações para a escolha do
melhor e mais adequado sistema de tratamento e disposição final. Silva (1991)
reforça que a composição dos resíduos sólidos de uma cidade varia em função de
vários parâmetros ligados à população e ao aspecto físico da cidade. As
características qualitativas e quantitativas dos resíduos sólidos urbanos variam com
aspectos sócio-econômicos e culturais, em condições que se modificam com o
decorrer do tempo. A tendência da evolução das características qualitativas e
quantitativas é dada pela composição gravimétrica dos resíduos, que expressa a
variação percentual de cada elemento constituinte na massa do lixo. O
conhecimento
da
composição
gravimétrica,
fornece
subsídios
para
o
dimensionamento de sistemas de coleta e transporte, como também estudos de
viabilidade técnica sobre a forma mais adequada de tratamento e destino final.
Dados de caracterização de
várias localidades nacionais apresentam
diferenças significativas na composição dos resíduos sólidos, comprovando que os
resultados não devem ser generalizados. A Tabela 6.1 apresenta os resultados
médios da caracterização de RSU de quatro cidades brasileiras.
TABELA 6.1: Composição Gravimétrica dos Resíduos Sólidos Urbanos
Cidade/ Estado
1
2
3
4
Componentes
São Carlos/SP
Aracaju/SE
Feira de Santana/BA
São Paulo/SP
(%)
Matéria Orgânica
56,70
55,37
81,78
49,50
Papel/ Papelão
21,30
25,28
8,40
18,80
Vidro
1,40
1,23
0,26
1,50
Metal
5,40
2,03
0,16
2,80
Plástico
8,50
10,83
5,80
22,90
Trapo
3,40
3,73
0,00
2,40
Madeira, Couro e Borracha
2,30
1,03
0,10
1,90
Outros
1,00
0,50
3,50
0,20
Total
100,00
100,00
100,00
100,00
1
2
3
4
Fontes :
Gomes (1989).
Nóbrega et al(1994).
Nunesmaia (1997).
Orth e Motta(1998).
Vale ressaltar que, nos estudos sobre RSU apresentados na Tabela 6.1,
foram incluídos bairros com características predominantemente domésticas (São
Carlos – SP e São Paulo – SP),
bairros com características domésticas e
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
32
comerciais (Aracaju – SE) e características de Centro de Abastecimento (CEASA –
Feira de Santana – BA).
Segundo
Lima
(1986),
cada
caso
exige
uma
solução
particular,
principalmente quando da aplicação de um sistema de tratamento e destino final.
Por sua vez Cintra (1995), declara que
Outros fatores influentes para esta diversidade quali-quantitativa
do lixo são características da população que o produziu (origem,
número,
nível
educacional
e
atitudes,
poder
aquisitivo)
das
características do local de produção (tipologia urbana, variações
climáticas e sazonais), dos serviços de coleta (freqüência e eficiência),
das mudanças na política econômica, das leis e regulamentações
específicas e dos tratamentos domiciliares, eventualmente, existentes
(trituração e pré-seleção).
6.1.5.1- METODOLOGIAS DE CARACTERIZAÇÃO
De acordo com Cintra (1995), "para realização de estudos de caracterização
do lixo, várias metodologias são empregadas e apresentam como principais
dificuldades a escolha de amostras representativas e ausência de critério de
padronização para os componentes na fase de segregação".
Essa mesma autora explica: "Geralmente, o procedimento de pesquisa se dá
através de levantamentos ou da amostragem do lixo proveniente da fonte geradora
ou do destino final".
Vários autores (Kiehl e Porta, 1981; Lima, 1986; Gomes, 1989; Schneider,
1994) recomendam utilizar a metodologia
em função do itinerário de coleta do
caminhão, da divisão em bairros, das diferentes classes sociais de uma localidade.
Assim, encontram-se áreas (ou setores) diferenciadas das quais se devem retirar
amostras de lixo. De cada uma dessas áreas, e durante uma ou mais estações do
ano, escolhe-se aleatoriamente ou através de estudos estatísticos, um ou mais
caminhões
no
destino
final
e
pelo
quarteamento,
obtêm-se
amostras
representativas.
Podem-se também caracterizar os resíduos sólidos através do interior ou
exterior dos domicílios (prédeterminados estatisticamente ou não) de cada uma das
áreas (ou setores) estabelecidas anteriormente, denominadas unidades – base das
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
33
amostras. Desse modo, obtêm-se as amostras consideradas representativas para
este caso (Berrios, 1986; SLU, 1991; Schneider, 1994 ).
Após a segregação e pesagem dos componentes das amostras obtidas de
ambas as metodologias, acima descritas, tem-se a composição física do lixo de uma
localidade.
Schalch (1991),
Gomes (1989) e
Jardim et al. (1995) reforçam que,
inicialmente, escolhem-se os bairros de acordo com a classe social (alta, média e
baixa) e o centro comercial. Em seguida, coleta-se a amostra do bairro escolhido e
faz-se o quarteamento, que, de acordo com a NBR10007/1987, consiste no
processo de mistura pelo qual uma amostra bruta é dividida em quatro partes iguais,
sendo tomadas duas partes opostas entre si para constituir uma nova amostra e
descartadas as partes restantes. As partes não descartadas são misturadas
totalmente e o processo de quarteamento é repetido até que se obtenha o volume
desejado. No experimento em questão, o volume foi representado por uma amostra
de 100,0 Kg (quilogramas).
Segundo Klee e Carruth (1970) e Gomes (1989), essa quantidade de amostra
é suficiente para as determinações, pois resulta em
valores com precisão
equivalente a de amostras maiores.
6.1.6- TRATAMENTOS E DISPOSIÇÃO FINAL DOS RSU
De acordo com dados levantados em 1992, pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil, com uma população em torno de 150
milhões de habitantes, produz, aproximadamente, 100.000 ton/dia de resíduos
sólidos urbanos de origem domiciliar e comercial, e apenas cerca de 28% desse lixo
urbano coletado recebem algum tipo de tratamento (23% depositados em aterros
sanitários, 3% compostados e 2% reciclados). O restante (72%)
é destinado a
aterros controlados ou é lançado indiscriminadamente em "lixões" a céu aberto ou
em cursos d'água. Dos 4425 municípios brasileiros, 88% lançam os resíduos a céu
aberto e 12% os depositam em aterros. Com relação aos aterros, 86% são aterros
controlados, 10% são sanitários e 4% são especiais. Os municípios que possuem
usinas
de
compostagem,
aproximadamente 1% do total.
reciclagem
ou
incineração
correspondem
a
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
34
6.1.6.1- COLETA SELETIVA
Entende-se por coleta seletiva a separação na fonte geradora dos materiais
que possam ser recuperados, mediante um acondicionamento para cada
componente ou grupo de componentes, para fins de reciclagem (Wells et al.1996,
citado por Costa, 1998).
Quando se fala em valorização dos recicláveis, deve-se dar importância à
coleta seletiva, pois, se o lixo for segregado na origem, a qualidade da matériaprima secundária será mais alta.
Segundo a publicação da empresa de Limpeza Urbana da Cidade de São
Paulo (LIMPURB, 1990) e Costa (1998), a coleta seletiva pode ser classificada em
duas modalidades:
1. modalidade porta a porta: um caminhão recolhe no domicílio os
materiais separados;
2. modalidade Posto de Entrega Voluntária (Figura 6.1) na qual a
comunidade participa mais ativamente da coleta seletiva, pois, além de separar
os materiais, transporta-os até um local e os deposita em caçamba ou containers
de cores diferentes, convencionais, conforme o tipo de material. As
cores
utilizadas são:
Azul
⇔ Papel
Amarela
⇔ Metal
Verde
⇔ Vidro
Vermelha
⇔ Plástico
FIGURA 6.1: Posto de Entrega Voluntária (PEV)
Fonte : Aguiar (1998).
6.1.6.2- RECICLAGEM
Segundo Ruiz (1993, citado por Costa , 1998), reciclagem é uma estratégia
de gerenciamento dos resíduos sólidos. É definida ainda como o “resultado de uma
série de atividades através das quais os materiais que se tornariam lixo, ou estão no
lixo, são desviados, sendo coletados, separados e processados para serem usados
como matéria-prima na manufatura de bens”.
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
35
De acordo com Costa (1998), a reciclagem apresenta aspectos relevantes
sob o ponto de vista ambiental, dentre os quais se encontram a redução do
consumo de energia no processo secundário e a diminuição do lixo a ser disposto
em aterro sanitário.
6.1.6.3-COMPOSTAGEM
Lima (1995, citado por Costa, 1998) define a compostagem como “ato ou
ação de transformar os resíduos orgânicos facilmente biodegradáveis, através de
processos físicos, químicos e biológicos, em uma matéria biogênica mais estável e
resistente à ação das espécies consumidoras”.
Considerando o ponto de vista de Nunesmaia (1997), uma das características
do lixo urbano brasileiro é o seu alto teor de matéria orgânica. O tratamento dessa
fração, em média 50% do total dos RSU produzidos, significa um considerável
aumento na vida útil de aterro sanitário.
Por sua vez, Schalch (1991, citado por Nóbrega et al, 1994), explica que uma
boa localização da usina de compostagem permite reduzir o transporte do lixo, pois
os rejeitos do processo podem ser dispostos, sem problemas, em aterros sanitários;
a instalação e utilização da usina de compostagem não causam problemas de
poluição atmosférica ou hídrica e não necessitam de mão-de-obra especializada.
Já para Barros (1995), a compostagem tem sido experimentada em algumas
usinas que, por problemas de má concepção, má operação e manutenção
deficiente, não tem funcionado corretamente, fazendo com que fique desacreditado
o processo, apesar de seu excelente potencial. A riqueza do lixo, em termos de
matéria orgânica, mais do que sugere, impõe que seja utilizada a compostagem, o
que, além de gerar renda, constitui uma prática louvável de reciclagem.
6.1.6.4- ATERRO
Stech, no manual da Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental
(CETESB, 1990) define aterro sanitário como um processo utilizado para a
disposição de RSU no solo, fundamentado em critérios de engenharia e normas
operacionais específicas. Esse processo se resume em confinar os resíduos com
uma camada de material inerte na conclusão de cada jornada de trabalho, seguro,
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
36
portanto, em termos de controle da poluição ambiental e proteção ao meio
ambiente.
Jardim et al (1995) considera que o aterro controlado é uma técnica de
disposição de RSU no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública e a sua
segurança, minimizando os impactos ambientais.
6.2- SITUAÇÃO ATUAL
A produção de lixo tem sido diretamente associada ao estágio de
desenvolvimento de uma região; em geral, quanto mais evoluída, maior o volume e
peso de resíduos e dejetos de todo tipo. Todavia há outros fatores que influenciam a
geração de lixo como: variações sazonais e climáticas, hábitos e costumes da
população, densidade demográfica, leis e regulamentações específicas,
entre
outros.
No Brasil são produzidas diariamente, segundo o Manual de Gerenciamento
Integrado (Jardim et al, 1995), cerca de 241 mil toneladas de lixo, dos quais 90 mil
são de origem domiciliar. Dessa forma, a média nacional de produção de resíduos
por habitante, estaria em torno de 600g/dia. Uma cidade como São Paulo, no
entanto, produz em média 1 kg/dia de lixo por habitante. A seguir são apresentadas,
na Tabela 6.2, a produção de RSU per capita em algumas cidades do Mundo.
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
37
TABELA 6.2: Produção de Resíduos Sólidos Per Capita em Alguns Países e
Cidades.
PAÍSES
G / hab-dia
CIDADES
g / hab-dia
Canadá
1.900
México DF
900
Estados Unidos
1.500
Rio de Janeiro
900
Holanda
1.300
Buenos Aires
800
Suíça
1.200
Santiago de Chile
800
Japão
1.000
San Salvador
680
Europa
900
Tegucigalpa
520
Índia
400
Lima
500
Fonte: Oficina Pan-americana de La Salud/OMS, 1997,dados de 1990
6.2.1- LIXO COLETADO
Nas áreas urbanas, o serviço de lixo coletado atingia, em 1991, 80% dos
domicílios. Apesar desta boa cobertura no atendimento, vis à vis outros países em
desenvolvimento, cerca de metade do lixo urbano brasileiro não coletado era
simplesmente jogado (sem ser queimado ou enterrado). Isto significa a existência
de quase 3 milhões de domicílios urbanos nesta condição.
• Por Grandes Regiões
Desses 3 milhões de domicílios, 54% estão localizados na região NordesteNE.
As regiões Sul
e
Sudeste exibem as maiores proporções de domicílios
urbanos com lixo coletado - 87%. Uma ilustração deste comportamento é disposta
na Tabela 6.3.
TABELA 6.3: Brasil - Lixo coletado por região nos domicílios urbanos – 1991.
REGIÕES
BRASIL
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
Centro - Oeste
%
80
55
64
87
87
76
Fonte: IBGE - Censo Demográfico 1991, in PNSB 1992.
• Por Regiões Metropolitanas (RMs)
A situação da coleta em oito Regiões Metropolitanas evidenciava, em 1991,
um desequilíbrio de atendimento entre núcleo e entorno, na maioria dos casos, com
destaque para as de Fortaleza, Belo Horizonte e Rio de Janeiro (Tabela 6.4). Em
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
38
Recife e Salvador as médias de atendimento são mais baixas mas o desequilíbrio é
um pouco menor. Curitiba apresenta uma situação peculiar, pois embora o
atendimento ao núcleo e entorno não seja equilibrado, a média é das mais altas. Já
nas RMs de São Paulo e Porto Alegre, observa-se um nível de atendimento alto e
equilibrado entre a capital e os municípios periféricos.
TABELA 6.4: Brasil - Percentual do lixo coletado nas Regiões
Metropolitanas - 1991
REGIÕES METROPOLITANAS
RM de Fortaleza
RM de Recife
RM de Salvador
RM de Belo Horizonte
RM do Rio de Janeiro
RM de São Paulo
RM de Curitiba
RM de Porto Alegre
TOTAL
COLETADO
80
75
76
78
80
97
94
95
NÚCLEO
ENTORNO
85
83
78
87
96
99
98
97
49
67
60
61
60
94
83
93
Fonte: IBGE - Censo Demográfico de 1991, in PNSB 1992.
• Por Tamanho de Cidade
Em geral, à medida que aumenta o tamanho das cidades, aumenta também o
atendimento à população com serviços de coleta de lixo.
Nas duas categorias de cidades de menor tamanho: até 20 mil habitantes, e
de 20 mil a 50 mil habitantes, a cobertura desses serviços gira em torno de 60% dos
domicílios urbanos.
• Por Nível de Renda
Quanto maior
o nível de renda da população, maior o atendimento
em
termos de coleta de lixo (Tabela 6.5)
TABELA 6.5: Brasil - População urbana, por nível de renda, com acesso à
coleta de lixo - 1990 (Em %)
NÍVEL DE RENDA
Coletado
0 - 1 salário mínimo
51,3
1 - 2 salários mínimos
56,8
2 - 5 salários mínimos
69,6
mais de 5 salários mínimos
89,0
Total
78,4
Fonte: PNAD/90 , in Texto para discussão n.º 403, Seroa da Motta
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
39
6.2.2- COMPOSIÇÃO DO LIXO
O conhecimento da composição do lixo é imprescindível para o planejamento
de investimento em coleta, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos. No
que se refere à composição do lixo brasileiro a Tabela 6.6 mostra.
TABELA 6.6: Brasil - Composição Média do Lixo
ITENS
% PESO
Matéria orgânica
52,5
Papel e papelão
24,5
Plásticos
2,9
Vidros
1,6
Metais ferrosos e não ferrosos
2,3
Outros
16,2
Total
100,0
Fonte: Manual de Compostagem, J.T. Pereira Neto, 1992
Os dados do PNAD, onde 78% da população tem acesso à coleta referem-se
a 1990, apresentando ligeira diferença em relação ao censo de 1991 onde este
indicador é de 80%.
Esses dados incluem trapos, borracha, couro, madeira, etc. Verifica-se que os
países de maior renda per capita respondem por alto percentual de resíduos
inorgânicos como vidro, papel, plásticos e metal. Ao contrário, os países de menor
renda apresentam resíduos com alto conteúdo de alimentos (Tabela 6.7).
TABELA 6.7: Composição dos resíduos domésticos em diversos países - % do
peso total
Países
Ano
Metal Papel Vidro Orgânico Plástico Outros
Nigéria
1990
5,0
17,0
2,0
43,0
4,0
29,0
Suécia
1987
7,0
50,0
8,0
15,0
8,0
12,0
USA
1983
9,2
42,7
10,3
14,6
1,7
21,5
Áustria
1992
4,9
40,3
8,1
22,4
9,0
15,3
Colômbia
1989
1,0
22,0
2,0
56,0
5,0
14,0
Dinamarca
1988
4,1
32,9
6,1
44,0
6,8
6,1
França
1992
3,2
49,0
9,4
16,3
8,4
13,7
Japão (Capital) 1988
1,2
43,6
1,0
34,0
5,6
14,6
Hungria
1992
4,4
20,0
6,1
34,7
5,7
29,1
(Capital)
Fonte: OMS/OPAS,1997.
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
40
6.2.3. DESTINO FINAL DO LIXO
• No Brasil
Cerca de 49% do lixo coletado é disposto em vazadouros, sem qualquer tipo
de tratamento (Tabela 6.8). Outros 45% destinam-se a aterros controlados ou
sanitários e 5% recebem tratamento em usina. Nas regiões Norte - N e Nordeste NE a parcela do lixo recolhido que é jogada em vazadouros é bem maior - em torno
de 90%. Na Região Norte, dentro desses 90%, aproximadamente 23% são jogados
em áreas alagadas. Nas regiões S e SE o quadro é menos dramático,
principalmente para os municípios com mais de 300 mil hab., onde a maior parte do
lixo coletado recebe tratamento adequado.
TABELA 6.8: Brasil - Destino Final do Lixo (Em %)
Grandes
Regiões
Vazadouro
Usina
ComposReciclagem
tagem
Norte
89,7
4,0
3,7
7,7
2,6
0,0
Nordeste
90,7
5,4
2,3
7,9
0,7
0,7
C. Oeste
54,0
27,0
13,1
40,1
5,0
0,3
Sudeste
26,6
24,6
40,5
65,2
4,4
3,5
Sul
40,7
52,0
4,9
57,0
1,0
1,2
Brasil
49,3
21,9
23,3
45,3
3,0
2,2
Fonte: IBGE/DPE/Deiso - Depart.º de Estatística e Indicadores Sociais - PNSB/89.
Controlado
Aterro
Sanitário
Total
Total
2,6
1,5
5,9
8,2
2,2
5,4
É importante destacar que nas regiões N e NE, apenas cerca de 10% de todo
o lixo coletado recebia algum tipo de tratamento.
• Em Outros Países
A Tabela 6.9 mostra a situação do tratamento e a disposição final do lixo em
alguns países desenvolvidos e na América Latina, em 1990. Entretanto atualmente,
observa-se na Europa uma tendência à volta da reciclagem da maior parte do lixo
inorgânico que era destinado à incineração. Este fato é conseqüência tanto dos
diversos problemas causados ao meio ambiente pela ineficácia dos equipamentos,
quanto à qualidade dos gases lançados pelas usinas de incineração. Como
exemplo, podemos citar recente lei italiana de fevereiro de 1997, que obriga as
municipalidades a adotarem a coleta seletiva, de forma a aumentar a qualidade dos
materiais recicláveis viabilizando, assim, sua comercialização. O não cumprimento
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
41
da lei acarretará o impedimento à implantação de aterros e/ou usinas de
incineração.
TABELA 6.9:Tratamento e Disposição Final do Lixo Coletado em outros
países – 1990 (Em %)
País ou Região
Estados Unidos
Japão
Alemanha
França
Suíça
Suécia
Espanha
América Latina
Aterro Sanitário
80
30
70
55
20
40
80
98
Incineração
19
70
30
40
80
55
15
<1
Compostagem
<1
2
3
9
5
5
<1
FONTE: OMS/OPAS, 1997.
6.3- SOLOS
6.3.1- INTRODUÇÃO
O solo atua freqüentemente como um “filtro”, tendo a capacidade de
depuração e imobilizando grande parte das impurezas nele depositadas. No
entanto, essa capacidade é limitada, podendo ocorrer alteração da qualidade do
solo, devido ao efeito cumulativo da deposição de poluentes atmosféricos, à
aplicação de defensivos agrícolas e fertilizantes e à disposição de resíduos sólidos
industriais, urbanos, materiais tóxicos e radioativos (Moreira-Nodermann, 1987).
Em função das características do solo, a água se infiltra e atravessa os
diversos substratos horizontais, classificados de acordo com seu nível de saturação
de água (Yoshinag, 1993), em zonas saturadas e zonas não saturadas. A água
subterrânea propriamente dita encontra-se nas zonas saturadas, onde os poros,
fraturas ou espaços vazios da matriz sólida estão completamente preenchidos por
água. Assim, como fazem parte do mesmo contexto, o que ocorrer com o solo
repercutirá nas águas subterrâneas, podendo resultar em alterações de sua
qualidade. Desta forma, a migração dos poluentes através do solo, para as águas
superficiais e subterrâneas, constitui uma ameaça para a qualidade dos recursos
hídricos utilizados em abastecimento público, industrial, agrícola, comercial, lazer e
serviços.
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
42
O uso das águas superficiais torna-se cada vez mais problemático, em virtude
da precariedade dos sistemas de saneamento básico, da quantidade insuficiente e
dos elevados custos dos sistemas de tratamento necessários para o atendimento
aos padrões de potabilidade. Assim, os recursos hídricos subterrâneos tornam-se
uma alternativa de abastecimento simples, confiável, eficiente, de baixo custo e com
alta disponibilidade. Segundo diagnóstico efetuado pela CETESB (1997a), o uso
das águas subterrâneas para o abastecimento público no Estado de São Paulo, vem
crescendo gradativamente. Atualmente, 71,6% dos municípios do Estado são total
ou parcialmente abastecidos por águas subterrâneas. Isto mostra a importância
deste recurso para o abastecimento, reforçando a necessidade de proteção da
qualidade destas águas.
6.3.2- QUALIDADE DO SOLO
No gerenciamento da qualidade de solos e das águas subterrâneas, tanto em
caráter preventivo quanto corretivo, as seguintes questões devem ser respondidas:
!
O que é solo “limpo”?
!
O que é uma área suspeita de contaminação?
!
A área está contaminada?
!
A área requer uma intervenção?
!
A intervenção é urgente?
!
Quando deve começar a intervenção?
!
Qual o objetivo da intervenção?
Um solo pode ser considerado “limpo” quando a concentração de um
elemento ou substância de interesse ambiental é menor ou igual ao valor de
ocorrência natural. Esta concentração foi denominada como valor de referência de
qualidade e estes números não serão fixados como padrões em legislação.
Segundo o Manual de Gerenciamento de Áreas Contaminadas (CETESB,
1999a), que está atualmente em discussão interna na CETESB, uma área suspeita
de contaminação é aquela na qual, após a realização de uma avaliação preliminar,
foram observadas indicações que induzem a suspeitar de contaminação. Esta
avaliação é realizada com base em informações disponíveis, não incluindo
necessariamente amostragem e análise de solos e águas subterrâneas.
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
43
A área será considerada contaminada se, entre outras situações, as
concentrações de elementos ou substâncias de interesse ambiental estiverem acima
de um dado limite denominado valor de intervenção, indicando a existência de um
risco potencial de efeito deletério sobre a saúde humana, havendo necessidade de
uma ação imediata na área, a qual inclui uma investigação detalhada e a adoção de
medidas emergenciais, visando a minimização das vias de exposição como a
restrição do acesso de pessoas à área e suspensão do consumo de água
subterrânea.
A urgência da intervenção pode ser baseada em uma avaliação de fluxo e
transporte de massa de poluentes, através de modelagem matemática, assim como
em uma avaliação de risco específica para as condições do local, levando-se em
consideração a exposição humana. O início da intervenção na área e a execução de
todas as etapas posteriores devem ser acordadas entre o responsável pela
remediação e as autoridades competentes, estabelecendo-se um cronograma
executivo que deverá ser subsidiado pelas informações obtidas na avaliação da
área contaminada.
Os objetivos da intervenção são definidos após a investigação detalhada.
Caso a intervenção recomendada seja uma remediação, propõe-se que o alvo a ser
atingido, ou seja, a concentração do contaminante após o término da remediação,
seja determinado pela avaliação de risco específica, tendo como valor orientador, o
valor de alerta.
Portanto, antes de se partir para uma avaliação detalhada, aplicando-se
modelos de avaliação de risco caso a caso, o que envolve altos custos e grande
especialização, uma lista orientadora de valores de referência de qualidade e
valores de intervenção pode ser utilizada, possibilitando ao poluidor, a alternativa de
utilizar os recursos disponíveis diretamente para a remediação. A função destes
valores numéricos é prover uma orientação quantitativa no processo de avaliação de
áreas contaminadas e à tomada de decisão sobre as ações emergenciais, com
vistas à proteção da saúde humana. A maioria das legislações preconiza que essa
remediação deve ser encerrada quando um determinado valor de concentração de
poluente é atingido. Este pode ser igual ou menor ao valor de alerta, dependendo do
cenário em que a área contaminada se insere.
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
44
Segundo Visser (1994), as metodologias utilizadas por agências ambientais
de diferentes países, para tomada de decisão sobre áreas suspeitas de
contaminação, podem ser diferenciadas nas que utilizam valores numéricos
orientadores pré-estabelecidos, com ou sem diferenciação do uso do solo e nas que
baseiam-se na avaliação de risco caso a caso.
Uma dificuldade encontrada, quando do uso de valores numéricos
preestabelecidos, é saber como lidar com as condições específicas de cada local,
em relação ao tipo de contaminante, propriedades, uso do solo e situação
hidrogeológica.
Consequentemente,
contaminações
similares
não
resultam
necessariamente em riscos similares. O risco varia com a exposição, para a qual, a
disponibilidade do poluente é um fator importante. Então, a aplicação de valores
numéricos não deverá ser utilizada para fornecer respostas universais às questões
específicas associadas à poluição de solo e águas subterrâneas.
Mesmo com as limitações acima discutidas, o critério numérico tem
vantagens, como por exemplo, rapidez e facilidade de implantação; indicar o grau de
poluição; ser utilizado como fonte de informação, facilitando e democratizando o
planejamento das ações; ter coerência com a política de controle de poluição,
através de padrões ambientais; reduzir influências políticas locais; uniformizar as
ações de controle e ser utilizado como base comparativa em monitoramento para
avaliar a eficiência da remediação de solos e águas subterrâneas contaminados.
Os valores orientadores obtidos com base no critério de uso do solo, assim
como outros procedimentos de avaliação ambiental, envolvem algumas questões de
ordem prática, como, a definição do cenário, nos casos em que ocorre mais de uma
possibilidade de uso do solo; a quantificação de um grande número de variáveis e a
necessidade de lidar-se com as incertezas em todos os estágios da derivação de
critérios numéricos, o que também é inerente às metodologias de avaliação de risco.
Além disso, uma avaliação da qualidade do solo e das águas subterrâneas
dependente de valores estabelecidos com base somente na questão da saúde
humana, em detrimento de outros importantes aspectos do meio ambiente, pode
desconsiderar efeitos sobre os processos biológicos e outras funções do solo.
A diferenciação de metas de remediação, com base no uso do solo, pode ser
uma alternativa atrativa, dados os altos custos dos processos de remediação. Esta
alternativa permite aceitar concentrações residuais maiores de contaminantes
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
45
quando do uso menos nobre do local, ou quando existe uma menor exposição à
saúde humana. Ainda não é possível avaliar se esta alternativa é economicamente
efetiva a longo prazo, considerando as freqüentes mudanças no uso do solo,
especialmente em países com alta densidade populacional. Mudanças no uso do
solo podem exigir uma segunda remediação. Quando esta alteração no uso é
acompanhada pela mudança do proprietário do local, problemas jurídicos de
responsabilidade ou de ressarcimento de custos podem ocorrer.
Em muitos países, existe a tendência de usar valores numéricos pré
determinados para avaliação preliminar e classificação de áreas contaminadas. Para
estabelecer prioridades de remediação de áreas contaminadas, pode ser utilizado
um sistema de pontuação ou alguma forma de avaliação de risco.
Os valores de intervenção são, em geral, derivados com base, no risco à
saúde humana e no critério de uso e ocupação do solo. Em alguns países como
Canadá, Alemanha, Holanda e Inglaterra, são considerados também os riscos
ecotoxicológicos. No Canadá e Inglaterra, o nível de remediação é definido
diretamente por uma avaliação de risco caso a caso.
As avaliações de risco caso-a-caso, usadas pelos Estados Unidos no
Programa “Superfund”, idealizado para recuperar áreas seriamente contaminadas,
demostraram ter uma relação custo/benefício desfavorável. Neste processo, em
função de sua complexidade, o tempo decorrido entre a identificação da área
contaminada e a tomada de decisão para intervenção é longo, além de que, o
conhecimento em avaliação de risco está concentrado em um pequeno grupo de
técnicos especialistas. Esta metodologia possibilita uma maior influência política
regional. Desta forma, considera-se que avaliações de risco caso-a-caso são
indicadas para áreas contaminadas complexas em relação ao seu tamanho e ao
número de contaminantes presentes, com altos custos de remediação envolvidos.
Segundo Cunha (1997), os seguintes fatores determinam a existência de
incertezas associadas à avaliação de risco:
ausência de dados toxicológicos para um grande número de substâncias e
para algumas vias de exposição;
não considerar a dependência de ação entre as substâncias envolvidas
(sinergismo ou antagonismo), que pode resultar na sub ou superestimativa do risco
decorrente da exposição a múltiplas substâncias;
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
46
emprego de dados relativos à exposição impróprios à população avaliada,
quando adotados valores desenvolvidos para populações de outros países.
A tendência mundial sugere a adoção de listas orientadoras com valores de
referência de qualidade, de alerta e de intervenção, como uma primeira etapa nas
ações de monitoramento da qualidade, prevenção à poluição e diagnóstico de áreas
suspeitas de contaminação, remetendo a avaliação de risco caso a caso para as
áreas contaminadas. Cabe ressaltar que o uso de padrões internacionais pode levar
à avaliações inadequadas, já que existem diferenças nas condições climáticas,
tecnológicas e pedológicas de cada país, justificando o desenvolvimento de listas
orientadoras próprias, compatíveis com as características de cada um deles.
6.3.2.1- SUBSTÂNCIAS NATURALMENTE AUSENTES NO SOLO
Considera-se substâncias naturalmente ausentes no solo, aquelas geradas
ou isoladas antropogenicamente em processos industriais. A maior parte dos
problemas ambientais causados por estes compostos é originado pela destinação
inadequada no solo, de resíduos industriais e domésticos e por práticas agrícolas
indiscriminadas.
Uma vez que, analiticamente, o valor de concentração zero não é
determinado, o valor de referência de qualidade pode, a exemplo do que é praticado
em outros países, ser estabelecido como o limite de detecção dos métodos
analíticos
que
representem
a
melhor
procedimentos analíticos padronizados.
tecnologia
analítica
disponível
em
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
47
6.3.2.2- SUBSTÂNCIAS NATURALMENTE PRESENTES NO SOLO
Os metais estão presentes naturalmente nos solos, em concentrações
variáveis de acordo com a sua gênese. No entanto, estas concentrações podem
sofrer incremento devido a processos antrópicos, principalmente por fontes difusas.
A maioria das informações disponíveis na literatura brasileira refere-se à fertilidade
do solo e poucos referem-se à questão ambiental.
Segundo Matiazzo e Andrade (2000), trabalhos sobre comportamento de
metais pesados em solos, sua fitodisponiblidade com conseqüente passagem para
a cadeia alimentar tem sido objeto de estudos bastante intensivos na literatura
mundial. Entretanto, no Brasil, esses estudos têm-se limitado a fornecer dados
sobre Cu e Zn tendo em vista as limitações dos métodos analíticos utilizados para
detectar concentrações traços de Cd, Hg e Pb.
A concentração máxima permitida de metais em solos agrícolas tratados com
lodo de esgoto, em diversos países, é apresentada na Tabela 6.10, segundo
SANEPAR (1999).
TABELA 6.10: Concentração máxima permitida de metais em solos agrícolas,
tratados com lodo de esgoto, em diversos países.
PAÍS
CEU
França
Alemanha
Itália
Reino Unido
Dinamarca
Finlândia
Noruega
Suécia
Est. Unidos
Nova Zelândia
Canada (Otano)
Cd
1-3
2
1,6
3
3
0,5
0,5
1
0,5
26
3
1,6
Elementos (mg.Kg-1solo)
Cu
Cr
Ni
Pb
50 - 140 100 - 150 30 – 75 80 –300
100
150
60
100
50
100
50
100
100
150
50
100
135
400
75
300
100
200
50
50
100
200
50
50
60
100
30
50
40
30
15
40
750
1600
210
160
140
600
35
550
100
120
32
60
Zn
150 – 300
300
200
300
300
150
150
150
100
1400
280
220
FONTE: SANEPAR (1999)
Para as substâncias inorgânicas de interesse ambiental (metais pesados),
que ocorrem naturalmente no solo, os valores de referência de qualidade podem ser
estabelecidos em função das suas concentrações naturais, levando-se em
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
48
consideração a variação das propriedades do solo. A expressão engloba metais,
semi-metais como o selênio (Se). Trata-se, portanto, de um conjunto muito
heterogêneo de elementos. Às vezes, usa-se, como sinônimos, outros termos como
“elementos-traço” ou “metais-traço”, os quais também não são adequados, visto que
o qualitativo “traço” na química analítica quantitativa é reservado para designar
concentrações ou teores de qualquer elemento que não podem ser quantificados
por que sua concentração é muito baixa. Imprópria ou não, a expressão “metal
pesado” parece ter sido a mais usada para designar metais classificados como
poluentes do ar, água, solo, alimentos e forragens. Na lista de metais pesados estão
com maior freqüência os seguintes elementos: Cu, Fe, Mn, Mo, Zn, Co, Ni, V, Al, Ag,
Cd, Cr, Hg e Pb (Malavolta, 1994). Neste trabalho todos estes elementos serão
denominados como metais.
O solo é um compartimento natural constituído por componentes minerais e
orgânicos, com suas propriedades físicas, químicas e biológicas. As propriedades
do solo, entretanto, não podem ser uma simples combinação das propriedades de
seus componentes. A composição dos solos é extremamente diversa e governada
por muitos fatores, sendo os mais importantes, as condições climáticas e o material
parental.
Segundo Singh e Steinnes (1994), os metais em solos são derivados tanto do
intemperismo, que age sobre o material parental, como de fontes externas naturais
(erupção vulcânica) ou antrópicas (indústrias, agricultura).
Em vista disto, a Holanda, para calcular os valores de referência de
qualidade, utilizou o critério de que a concentração natural de metais pode ser
estimada pela sua correlação com algumas propriedades físicas e químicas do solo
que influenciam às condições micro-ambientais e são determinantes na adsorção de
metais, no caso em questão com a matéria orgânica e a porcentagem da fração
argila.
Dentre as propriedades do solo que afetam a retenção e mobilidade de
metais pesados, estão o pH, CTC, quantidade de matéria orgânica, quantidade e
tipo de fração argila (argilas silicatadas e óxidos) e competição iônica (Matos, 1995).
Estudos de correlação e o equacionamento de modelos de regressão
múltipla, a fim de estabelecer a contribuição de propriedades do solo têm sido
apresentados na literatura para muitos metais (Matos, 1995). Singh e Steinnes
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
49
(1994) observaram em vários estudos, que existe uma forte correlação entre a
concentração natural de metais no material de origem e em solos desenvolvidos a
partir deste.
Matos et al. (1995a) estudando a destinação de resíduos no solo elaboraram
modelos de regressão múltipla associando os fatores de retardamento e
coeficientes de difusão dos metais zinco, cádmio, cobre e chumbo às propriedades
físicas e químicas do solo. A participação das propriedades físicas nos modelos foi
pequena enquanto que as participações da matéria orgânica e concentração de
fósforo foram as mais significativas.
Mattiazzo e Gloria (1995) observaram que os efeitos prejudiciais da presença
de metais, provenientes da destinação de resíduos sólidos, manifestaram-se em
solos com baixa capacidade de troca catiônica - CTC (< 5 cmol/100 cm 3 ) e baixos
conteúdos de argila, particularmente quando o pH do solo, determinado em água,
estava ao redor de 4,0. Estes mesmos autores concluíram ainda que, da mesma
forma que em solos de clima temperado, a quantidade máxima permissível de
metais a ser adicionada em solos de clima tropical pode ser limitada pelo valor CTC
e pH do solo, no momento da adição. No entanto, segundo estes mesmos autores,
os parâmetros mais indicados para definir a quantidade máxima de metais a ser
aplicada em um solo, estejam eles presentes num resíduo orgânico ou inorgânico,
são o conteúdo de argila e de óxidos de ferro e alumínio.
Mattiazzo e Barreto. (1995) concluíram que, em função da concentração de
metais adicionada, para solo arenoso de baixa CTC, a atividade microbiana,
traduzida pela quantidade de CO2 liberado, foi significativamente afetada pela
presença de metais, que ficaram disponíveis e esse efeito não foi revertido pelo
aumento do valor do pH do solo. No solo argiloso, a presença de metais não afetou
a atividade microbiana em valores de pH do solo iguais ou acima de 5. Esses
resultados foram também obtidos por Mattiazzo e Barreto (1995) que observaram
que o efeito da adição de metais foi mais prejudicial em solos de baixa CTC e baixo
conteúdo de argila, particularmente quando o valor do pH era 4,0 no momento da
adição do metal na forma solúvel.
Segundo Matos et al. (1995b), os solos podem apresentar uma grande
variedade de sítios de adsorção, com diferentes propriedades de ligações e grande
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
50
quantidade de complexos aquoso-iônicos e não iônicos capazes de participarem da
adsorção e possivelmente dos processos de precipitação de metais.
Os metais podem, ainda, serem retidos no solo por complexação e quelação
pela matéria orgânica, por adsorção específica em óxidos de ferro, alumínio e
manganês e oclusão em carbonatos. Os mesmos autores observaram que a classe
e horizonte do solo afetaram significativamente a adsorção e consequentemente a
mobilidade dos metais (Zn, Cd, Cu, Pb). Dentre os tipos de solos, o podzólico
vermelho amarelo - PV, foi o de maior capacidade de retenção dos metais e o
latossolo vermelho amarelo - LVa, o de menor capacidade. No que se refere aos
horizontes do solo, a interação solo/soluto foi mais pronunciada no horizonte A,
ficando os horizontes subsuperficiais (B e C) com interações bem mais restritivas.
Nuvolari (1996) afirma que embora os teores de matéria orgânica sejam
baixos em solos tropicais, sua presença, mesmo em pequenas quantidades,
aumenta a superfície específica média dos solos, pelo elevado grau de divisão
dessas partículas, provocando mudanças na CTC dos solos. Em estudos
conduzidos por Pereira (1995), verificou-se que as concentrações de ferro e
alumínio apresentavam uma correlação direta com as características do solo: idade
e distribuição do tamanho das partículas (análise textural).
Segundo a revisão apresentada por Matos (1995) as características do solo
citadas como de melhores correlações para adsorsão de cádmio foram pH, teor de
matéria orgânica, a CTC e a superfície específica; para o chumbo foram teor de
argila, pH, soma de bases ou cálcio trocável; para o cobre foram pH, soma de bases
ou cálcio trocável, teor de matéria orgânica e CTC, enquanto para o zinco foram o
pH, CTC, superfície específica e com os óxidos de ferro amorfos.
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
51
6.4-LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
No Brasil, ainda não existe uma legislação específica para as questões que
envolvam áreas contaminadas (AC). No entanto, a legislação ambiental existente
oferece uma certa base referindo-se indiretamente a diferentes aspectos do
problema de AC, como, por exemplo, os itens que abordam a preservação ou a
recuperação da qualidade ambiental, os instrumentos legais como as políticas
nacional ou estadual de meio ambiente e diretrizes e normas para o controle de
poluição. Há também leis específicas que estabelecem instrumentos legais
especiais com uma certa relevância para o problema de áreas contaminadas, como,
por exemplo, o parcelamento do solo urbano. De acordo com a estrutura federativa,
encontram-se legislações ambientais no âmbito federal, estadual e municipal que
podem, tendo em vista à falta de legislação específica, ser utilizadas nas ações dos
órgãos ambientais nas questões que envolvem esse tema.
6.4.1- Legislação federal
a) Constituição Federal
A Constituição Federal do Brasil de 1988 estabelece os princípios da política
nacional do meio ambiente. No capítulo VI (“Do Meio Ambiente”), Artigo 225, é
colocado o princípio: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo
para as presentes e futuras gerações.
b) Lei nº 6.938/81 - sobre a Política Nacional do Meio Ambiente
A Lei Federal 6.938/81, regulamentada pelo Decreto 99.274/90, define a
política nacional do meio ambiente e regula a estrutura administrativa de proteção e
de planejamento ambiental – o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA).
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO VI: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
52
c) Lei nº 6.766/79 – sobre o parcelamento do solo urbano
A Lei Federal 6.766/79 define as competências do Estado e do Município
sobre a questão do parcelamento do solo. É um instrumento importante na interface
de áreas contaminadas com o desenvolvimento urbano. A lei não permite o
parcelamento do solo em áreas poluídas.
d) Lei nº 9.605/98 – sobre as sanções penais e administrativas derivadas
de lei de crimes ambientais, condutas e atividade lesivas ao meio ambiente
(Lei dos Crimes Ambientais)
A Seção IV – A Lei prevê penas de reclusão de até 5 anos na Seção IV ("Da
Poluição e outros Crimes Ambientais"), conforme mencionado no Art. 54:
Art. 54 – Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem
ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a
mortandade de animais ou a destruição significativa da flora.
A comercialização de substância tóxica (p. ex., a venda de áreas
contaminadas) perigosa ou nociva à saúde humana está sendo considerada como
infração no Art.56:
Art. 56 – Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar,
fornecer, transportar, armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou
substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana e ao meio ambiente em
desacordo com as exigências estabelecidas em leis e nos seus regulamentos.
A omissão da autoridade ambiental na apuração de infrações ambientais está
sendo considerada como infração administrativa no Art. 70.
Art. 70 – Considera-se infração administrativa ambiental toda ação ou
omissão que viole as regras jurídicas de uso, gozo, promoção, proteção e
recuperação do meio ambiente.
E colocada sob a pena de co-responsabilidade no § 3º:
§ 3º – A autoridade ambiental que tiver conhecimento de infração ambiental é
obrigada a promover a sua apuração imediata, mediante processo administrativo
próprio, sob a pena de co-responsabilidade.
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO VII: METODOLOGIA
53
CAPÍTULO VII: METODOLOGIA
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO VII: METODOLOGIA
54
CAPÍTULO VII: METODOLOGIA
Nos estudos de diagnóstico de contaminação de uma área faz-se necessária
a caracterização geotécnica do solo. Estas são realizadas com amostras
representativas das diferentes ocorrências. Antes de se iniciar qualquer programa
de amostragem de solo, os seus objetivos devem ser definidos (investigação
confirmatória, detalhada e para remediação), pois são os fatores determinantes no
planejamento do programa a ser executado (definição da densidade, da posição dos
pontos de amostragem, dos procedimentos de campo, dos métodos de conservação
das amostras e das necessidades analíticas). De acordo com os objetivos
estabelecidos, serão determinados o grau de detalhamento e a precisão a serem
adotados no programa de amostragem estabelecido para a área. Na definição
desses objetivos, é importante levar-se em conta toda informação pré-existente do
local ou mesmo aquelas existentes em locais similares ao estudado, em algumas
situações; onde essas informações são escassas, pode ser necessária a realização
de estudos iniciais, como a aplicação de métodos geofísicos e de "screening", antes
que sejam definidos os objetivos finais da amostragem. Portanto, deve ser
enfatizado que a execução com sucesso dos objetivos delineados depende
diretamente da qualidade do programa de amostragem planejado e da sua perfeita
execução.
Dessa forma, segundo Byrnes (1994), na organização de um programa de
amostragem para uma área específica devem ser definidos:
•
Objetivos da amostragem de solo
•
Necessidade e utilização dos dados
•
Programa de amostragem
Neste Capitulo serão descritos os procedimentos adotados para a verificação
da hipótese preconizada no Capítulo 2 deste trabalho. Este estudo foi dividido em
campanhas de campo, análises laboratoriais e tratamento e análise das
informações, sendo a primeira subdivida em: levantamento topográfico e sondagens
de investigação do solo, enquanto que a segunda foi seccionada em análises físicas
e análises químicas do solo. Desta forma apresenta-se a discretização dos serviços
empregados na pesquisa.
SANTOS JR (2002)
7.1-
CAPÍTULO VII: METODOLOGIA
55
LEVANTAMENTOS DE CAMPO
7.1.1- LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO
Em um primeiro momento realizou-se o levantamento plani-altimétrico da
área de estudo com vistas à escolha dos pontos de monitoramento e/ou da malha
amostral. As coordenadas dos pontos foram obtidas em GPS da marca Trimble do
tipo Geoexplorer #3. A planimetria e altimetria foram executadas em teodolito da
marca ZEISS, tipo THEO-080, gerando uma planta em escala 1:1.000. O
processamento das informações foi no software TOPO EVN, que considera o
método da poligonal fechada. Na figura abaixo apresenta-se uma ilustração deste
levantamento.
FIGURA 7.1: Levantamento Topográfico – Foto Ilustrativa.
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO VII: METODOLOGIA
56
7.1.2- COLETA DE AMOSTRAS
A sondagem realizada no local é denominada de simples reconhecimento e
segue a NBR-6484. Este método é constituído de duas maneiras. A primeira é a
sondagem à percussão ou lavagem (SPT) enquanto que a segunda é a sondagem a
trado (ST).
7.1.2.1- SONDAGEM A PERCUSSÃO (SPT / Standard Penetration Test)
A técnica de amostragem SPT é um método de investigação direta bastante
utilizado no Brasil e no mundo. Este método permite a aquisição de dados do solo
fundamentais num projeto de fundação e para uma campanha de caracterização
física, este pode fornecer a densidade de solos granulares além da consistência
para solos argilosos (correlações). A Figura 7.2 mostra uma ilustração desta técnica.
FIGURA 7.2.: Sondagem a Percussão - Foto Ilustrativa
Com os dados obtidos é possível traçar um perfil das camadas do solo,
permitindo-se visualizar com a devida exatidão as cotas de transição entre
camadas.
O número de golpes oscila de 5 a 65 N-SPT, tal variação é decorrente da
enorme diversidade de materiais ultrapassados. Com isto, analisando resultados de
sondagens a percussão realizados no depósito de lixo do Caju, na Baía de
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO VII: METODOLOGIA
57
Guanabara/RJ, os valores de SPT registrados não podem ser relacionados à
resistência do material, como normalmente é feito para solos. Alguns valores
elevados são decorrentes apenas do resultado da dificuldade de se atravessar os
mais diversos obstáculos. A grande quantidade de plásticos confere ao maciço uma
certa armadura, possibilitando-o permanecer estável em taludes de 9 metros de
altura, quase na vertical.
A utilização desta técnica da forma tradicional, ou seja, com lavagem, em
muito vem sendo discutida pela literatura. Esta discussão propõe que o método seja
utilizado sem lavagem para que evite possíveis contaminações do material a ser
coletado e/ou, ainda, na imprecisão da visualização na troca de camadas.
Em seguida ao levantamento topográfico foram iniciadas análises de
investigação do subsolo.
Na figura 7.3 são identificados os pontos de monitoramento que se utilizaram
da técnica de percussão. SP-02, SP-04, SP-06, SP-10 e SP12 foram as
denominações atribuídas aos furos executados por esta forma de coleta de amostra.
FIGURA 7.3- Mapa de Localização dos Furos à Percussão.
Os pontos SP-04 e SP-06 foram locados na área de lançamento de resíduos,
propriamente dita, enquanto que os demais pontos buscaram locais que
considerassem o contorno do lixão. Sendo o SP-02 próximo ao CIEP, o que pela
hipótese inicial do trabalho acusa como sendo uma área isenta de contaminação por
metais pesados face a inexistência de resíduos sólidos no local. O SP-12 está
localizado na entrada principal do lixão, enquanto que o SP-10 encontra-se no ponto
oposto ao SP-02, no ponto mais baixo do terreno (5,5 m).
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO VII: METODOLOGIA
58
A locação destes pontos e, por conseguinte, a metodologia deste trabalho
visou considerar os pontos considerados críticos da área, ou seja, o centro de
massa. Desta forma, pode-se, por assim dizer que o método empregado para a
escolha dos pontos amostrais foi o método das aproximações sucessivas ao
inverso. Uma vez que somente após a obtenção dos resultados desta campanha é
que se propôs a escolha da malha definitiva de amostragem.
As sondagens a percussão (SPT) consistem em métodos de investigação
direta do solo. As vantagens deste ensaio com relação aos demais são: simplicidade
do equipamento, baixo custo e obtenção de um valor numérico de ensaio que pode
ser relacionando com regras empíricas de projeto.
Segundo Irelands, Moretto & Vargas (1970): “Nem o equipamento nem os
procedimentos de escavação foram completamente padronizados em nível
internacional no ensaio SPT. As diferenças existentes podem ser parcialmente
justificadas pelos desenvolvimento e investimentos de cada país. Porém mais
importante são as adaptações das técnicas de escavação às diferentes condições
do subsolo.”
Nestes pontos as sondagens tiveram como fator limitante a penetrabilidade
do amostrador que é função das características do solo. As amostras eram
coletadas de metro a metro, ou ainda, quando da ocorrência de mudança de
camadas. O nível d’água era obtido um dia após a escavação, visando a
estabilização do mesmo.
7.1.2..2- SONDAGEM A TRADO
A técnica de sondagem a trado consiste na perfuração manual do solo de
baixa e média resistência através de um trado de diâmetro variável (Geologia de
Engenharia, 1998). Este é constituído de uma concha metálica dupla que penetra no
solo através de movimentos rotativos e retém o solo amolgado em seu interior. A
torção é impelida através de uma cruzeta e repassada por hastes metálicas
rosqueáveis até a concha.
De acordo com Landva & Clark apud Carvalho (1996); a perfuração a trado
mostrou-se eficiente para as investigações realizadas em aterros municipais antigos
e novos no Canadá. Cepollina et al, apud Carvalho (1996); descrevem uma série de
furos utilizando-se um trado mecânico de grande diâmetro (0,60 m) no aterro Tais
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO VII: METODOLOGIA
59
furos atingiram profundidades de até 30 metros, várias informações sobre estes
foram colhidas, tais como: até 10,0m o RSU apresentava-se idêntico ao do
lançamento, com muita matéria orgânica, pedaços de plásticos; dos 10,0 aos 18,0m
era possível reconhecer apenas os plásticos imersos em muita “lama de lixo” com
consistência muito mole; dos 18,0 aos 23,0m o RSU apresentava-se seco; dos 23,0
aos 30,0m o RSU voltou a apresentar-se úmido, porém pegajoso.
Levando-se em conta que a forma de perfuração e amostragem utilizadas em
aterros sanitários é extremamente dependente do tipo de aterro e materiais a serem
investigados; e que utilizando-se equipamentos convencionais para investigação do
solo, problemas quanto a perfuração e recuperação de amostras são freqüentes. O
equipamento a se utilizar terá um diâmetro de 4”, com a coleta das amostras sendo
efetuada de forma contínua. Devido as limitações do equipamento, a perfuração não
se avançará muito além do nível d’água, permitindo-se pequenos deslocamentos
laterais quando se encontrar objetos ou corpos estranhos que ofereçam resistência
ao seu avanço. Na Figura 7.4 apresenta-se uma ilustração do trado e da técnica de
tradagem manual.
FIGURA 7.4: Sondagem a Trado – Foto Ilustrativa.
Doze foram os furos a trado. Com profundidades que variaram de 1,50 m a
aproximadamente, 7 m. Eles são denominados de ST, sendo: 01, 02, 03, 04, 05, 06,
07, 10, 12, 14, 16 e 22. O procedimento para coleta de amostras, utilizando-se desta
técnica, foi análoga ao SPT, contudo a maior proximidade da equipe de campo com
o equipamento melhora, em muito, a sensibilidade quando da mudança de
camadas. As amostras foram coletadas de acordo com as mudanças de
características tátil-visuais: textura, dureza, cor e brilho.
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO VII: METODOLOGIA
60
Na planta planimétrica da figura a seguir, mostra-se a localização dos pontos
supra citados (Figura 7.5).
ST-05
5200
5100
ST-06
Norte
Magnético
5000
ST-01
4900
ST-07
4800
4700
ST-02
ST-14
ST-03
ST-16
4600
ST-10
4500
4400
ST-04
ST-22
ST-12
4300
4200
9500
9600
9700
Canal
Área em estudo
LIXÃO
9800
9900
CIEP
Estrada CIEP
10000
10100
10200
Lagoa
Estrada LIXÃO
10300
10400
10500
Poligonal
Subestação
FIGURA 7.5: Mapa de Localização dos Furos a Trado.
Na figura 7.6 mostra-se a distribuição dos pontos de amostragem por toda
área de estudo e com as técnicas empregadas.
FIGURA 7.6: Mapa de Locação dos Pontos de Monitoramento.
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO VII: METODOLOGIA
61
7.1.3- CRITÉRIOS DE EXECUÇÃO
Os furos, uma vez executados foram revestidos com tubos de PVC tipo rígido
de 100mm, como mostra a Figura 7.7.
FIGURA 7.7: Perfil Esquemático – Poço Padrão.
Os furos seguiram as seguintes recomendações:
Revestimento interno: tubo de inox ou ferro fundido ou PVC rígido marrom
(JS classe 12) de diâmetro pequeno (50, 75 e 100mm), porém suficiente para
introdução de amostrador para medição de nível. No caso de formação aqüífera
argilosa ou de baixa transmissividade, o diâmetro mínimo do revestimento será
obrigatoriamente de l00mm. Este tubo deve revestir o poço até a camada não
saturada.
Filtro: tubo ranhurado e de mesmo diâmetro do revestimento (ranhuras de 2
a 3m, espaçadas de 0l cm) que fica na parte saturada do poço (no lençol freático).
Para diâmetro pequenos, até 75mm, há necessidade do filtro penetrar até 2m no
lençol freático.
Pré-filtro: ocupa o espaço anular entre o filtro e a parede de perfuração. É
constituído de areia lavada com granulometria maior que a ranhura do filtro (>2mm).
Em formações aqüíferas arenosas poderá ser dispensado o pré-filtro.
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO VII: METODOLOGIA
62
Proteção sanitária: para evitar que a água superficial contamine o poço
através da infiltração pelo espaço anular entre a escavação e o revestimento, deve
ser feito um preenchimento com cimento na extremidade superior deste espaço
(aproximadamente 30cm de altura) e, ao redor da boca do poço, uma laje com
pequeno declive.
Tampão: a boca do poço será protegida com um tampão removível e o fundo
suprido de um tampão fixo, preferencialmente provido de rosca. Devido às pressões
que possam ocorrer, a boca do poço deve possuir um pequeno orifício para facilitar
a remoção da tampa.
Sistema de proteção do tubo: o tubo deve sobressair 20 cm de superfície e
ser envolvido por alvenaria ou tubo maior com tampa chaveada e identificação
indelével.
Selo: camada de betonita ou cimento no espaço anular, acima do pré-filtro
(limite máximo do nível d’água) para impedir que a água que percorre a parede
externa do tubo atinja a camada saturada.
Preenchimento: o espaço anular da zona não saturada deve ser preenchida
com material impermeável (argila, solo de perfuração) a fim de firmar o tubo e
dificultar a penetração de líquidos provenientes da superfície.
Guias centralizadoras: dispositivo saliente distribuído externamente ao
longo do tubo com o objetivo de mantê-lo centrado em relação ao eixo do poço, por
ocasião de sua introdução.
7.2- ANÁLISES LABORATORIAIS
7.2.1- DETERMINAÇÃO DE METAIS PESADOS
As amostras foram levadas ao Laboratório de Ciências Ambientais da
Universidade Estadual do Norte Fluminense (LCA/UENF) para a realização das
determinações quantitativas de metais pesados. Os metais avaliados foram: Al, Cr,
Cu, Fe, Mn, Pb, Zn, Ba, V e Sn, para os pontos SP-02, SP-04 e SP-06. Os
elementos Al, Cd, Cr, Cu, Fe, Mn, Ni, Pb e Zn foram quantificados nos furos a trado
e nos demais SPT (SP-10 e SP-12). As diferenças entre os elementos quantificados
se deve ao fato das baixas concentrações encontradas nas primeiras amostragens e
pelo grau de toxicidade do elemento, sendo considerados os elementos comuns aos
diferentes monitoramentos (Al, Cr, Cu, Fe, Mn, Zn e Pb).
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO VII: METODOLOGIA
63
Para a realização deste ensaio as amostras foram secadas, em temperatura
ambiente. Em seguida foram peneiradas na peneira de #40. Após esta etapa
submeteu-as a pesagem de aproximadamente um grama para a extração total via
ácida.
Metodologia de Digestão Química
Pesagem de um grama de amostra em duplicata;
•
Adição de 10 ml de ácido fluorídrico concentrado (HF) e 20 ml de ácido
nítrico concentrado (HNO3);
•
Misturar estas dosagens ácidas com a amostra em bomba de teflon;
•
Levar para estufa, previamente aquecida, a uma temperatura de
120±0,5ºC, durante aproximadamente 12 horas;
•
A seguir retira-se da estufa e leva-se ao banho de areia, até que a
amostra esteja, sobremaneira, solubilizada. Em caso de elevados teores de matéria
orgânica (coloração escura) adicionar 0,5 ml de água oxigenada (H2O2) até que a
amostra apresente uma coloração mais clarificada.
•
Feito isto e após a evaporação dos ácidos da solução adicionar 20 ml
de ácido nítrico a 5% (HNO3) levar a amostra para leitura no espectrofotômetro de
emissão atômica por Plasma (ICP-AES/ Varian Modelo Liberty Series II).
7.2..2- ANÁLISE GRANULOMÉTRICA
Esta análise seguiu os critérios estabelecidos pela NBR - 7181, sendo
utilizada, também, a NBR-6508 para a obtenção da densidade real dos grãos. Após
o recebimento da amostra de solo, efetua-se o seguinte procedimento:
•
Seca-se uma determinada quantidade de solo ao ar (uma quantidade maior do
que aquela que será utilizada no ensaio), desmancham-se os torrões e, em
seguida, homogeneiza-se o material cuidadosamente.
•
Para que o material ensaiado seja representativo da jazida, a quantidade de solo
a ser utilizada no ensaio deve ser obtida por quarteamento (realizado
manualmente ou com o uso do quarteador), obtendo-se assim uma amostra de
solo como o peso necessário para se efetuar os ensaios ( a quantidade de solo
necessária para a realização do ensaio de granulometria é função do tipo de
solo: solos grossos requerem uma maior quantidade de solo e vice-versa).
SANTOS JR (2002)
•
CAPÍTULO VII: METODOLOGIA
64
Pesa-se a amostra de solo seco ao ar peneira-se o material na peneira de #10.
O material retido nesta peneira é lavado evitando-se a presença de torrões de
solo. Em seguida leva-se a estufa 110 ± 0,5ºC. Após a secagem executa-se o
peneiramento grosso, que consiste em passar o material nas peneiras,
preconizadas por norma, acima da peneira de #10, após isso pesa-se a fração
de solo retido em cada peneira.
PENEIRAMENTO FINO
É realizado utilizando-se a quantidade de solo que consegue passar na #10,
no momento da preparação da amostra, seguindo-se o seguinte procedimento
experimental:
•
O material é colocado na peneira de # 200 lavando-se e em seguida colocando-o
na estufa;
•
Junta-se e empilha-se as peneiras de abertura compreendidas entre as peneiras
de #10 e #200, coloca-se o material seco no conjunto de peneiras e agita-se o
conjunto mecânica ou manualmente; após isso pesa-se a fração de solo retido
em cada peneira.
SEDIMENTAÇÃO
Para realizar um ensaio de sedimentação utiliza-se a amostra passada na
peneira de # 10 com um peso entre 50 e 100 gramas. O ensaio de sedimentação
seguiu o seguinte procedimento experimental:
•
Coloca-se a massa de solo em imersão (6 a 24 horas), na presença de solução
de hexametafosfato de sódio;
•
Agita-se a mistura no dispersor elétrico durante aproximadamente 15 minutos,
transferindo-se, em seguida, para uma proveta graduada, completando-a com
água destilada até 1.000 ml e realizando-se a agitação da mistura.
•
Efetuam-se as leituras do densímetro nos instantes: 30 s, 1 min, 2 min, 4min, 8
min, 15 min, 30 min, 1 h, 2 h, 4 h, 8 h e 24 h.
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO VII: METODOLOGIA
65
7.3- TRATAMENTO DOS DADOS
Foram realizadas análises em duplicatas sem amostras de padrões de
referência interna. O limite de detecção da técnica usada foi de 0,5 ng.g-1. O cálculo
seguiu a metodologia descrita por Skoog e Leary (1992) de acordo com a equação:
LD =  2 × DPbranco  ; onde:
a


DP- desvio padrão de um número significativo de brancos (n>25);
a- inclinação da curva de calibração.
A seguir foram levantadas as médias para cada ponto de sondagem e
respectivo elemento quantificado. Estes valores foram comparados entre si (teste de
hipóteses) para a verificação da diferença estatística. Utilizando o método de
Kringing foram realizadas interpolações de áreas para cada um dos elementos (em
níveis médios) obtendo-se as isoetas de concentrações dos diversos metais
pesados, podendo assim, visualizar-se o sentido da migração dos contaminantes
As concentrações encontradas foram, ainda,
comparadas ao valores
estabelecidos na literatura afim de caracterizar a área quanto ao seu nível de
contaminação. Tais valores são apresentados na Tabela 7.1.
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO VII: METODOLOGIA
66
TABELA 7.1: Valores de Referência de Metais Pesados Segundo Diversos Autores.
Schaeffer (1984) Califórnia & Pratt (1966)
Elemento
Característica Limite
Faria (1987)
Alen (1974)
CETESB (2000)
Normais
Sugestão
Normais
Limites
Referência
Alerta
s
Cd
Menores
3,0
< 0,05
----
< 1,0
0,03 – 0,3
< 0,5
3,0
Cr
Menores
100
5 - 100
5 - 1000
Variável
10 –200
40
75
Mn
Menores
---
---
200 - 3000
----
----
---
---
Ni
Menores
0
5 - 50
5 - 500
10 – 100
5 – 500
13
30
Pb
Menores
100
2 - 60
---
≤50
2 – 20
17
100
Zn
Menores
300
10 - 80
10 - 300
10 - 100
---
60
300
Ba
Menores
---
---
100 - 3000
---
---
75
150
V
Menores
---
---
20 -500
---
---
275
---
Valores expressos em ppm.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
67
CAPÍTULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS
RESULTADOS
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
68
CAPÍTULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
8.1- SONDAGENS A PERCUSSÃO (SPT)
Neste módulo apresentam-se os ensaios que se utilizaram da técnica da
sondagem
a
percussão.
Mostrando
o
perfil
estratigráfico,
os
ensaios
granulométricos e a análise química para cada ponto. Esta descrição começa com a
Figura 8.1 indicando os resultados do ponto SP- 02. A localização dos referidos
pontos foram descritos no Capítulo VII (Metodologia).
FIGURA 8.1: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – SP02.
Neste ponto não verificou-se a presença de RSU, uma vez que este ponto
encontra-se fora da área de lançamento de RS (CIEP).
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
69
A Figura 8.2 apresenta o comportamento físico para o ponto em questão.
ANÁLISE GRANULOMÉTRICA - SONDAGEM A PERCUSSÃO - SP02
ARGILA
SILTE
AREIA FINA
AREIA MÉDIA
AREIA GROSSA
PEDREGULHO
60
TEOR DO MATERIAL (%)
50
40
30
20
10
0
0,00 - 1,90
1,90 - 3,00
3,00 - 3,90
3,90 - 5,00
5,00 - 6,00
6,00 - 7,00
7,00 - 7,30
ARGILA
42
40
50
23
32
34
39
SILTE
7
5
4
6
8
5
11
AREIA FINA
14
20
12
18
20
22
19
AREIA MÉDIA
25
24
24
34
23
22
19
AREIA GROSSA
11
10
10
17
16
16
11
PEDREGULHO
1
1
0
2
1
1
1
PROFUNDIDADE (m)
FIGURA 8.2: Análise Granulométrica - Sondagem a Percussão – SP02
Como citado anteriormente não se observa a presença de resíduos sólidos no
ponto SP-02, sendo verificado um elevado percentual de material argiloso, na
maioria das camadas. Esses teores argilosos variam de 23% (camada de 4,00 –
5,00 m) até 50% (camada de 3,00 - 4,00 m), contudo, aponta-se para os percentuais
de areia que atribuem ao ponto uma característica arenosa até a profundidade de 3
m, passando, então a uma argila de cor avermelhada com presença de lateríta até
3,90 m, em seguida foi encontrado, novamente, uma camada arenosa perdurando
ao limite da sondagem à 7,45m de profundidade.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
70
No Gráfico 8.1 apresenta-se a concentração dos metais no ponto supra
citado.
CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS EM SOLOS - SONDAGEM A PERCUSSÃO - SP02
Al
Cr
Cu
Fe
Mn
Pb
Zn
1.000,00
CONCENTRAÇÃO (ppm)
100,00
10,00
1,00
0,10
0,00 - 1,90
1,90 - 3,00
3,00 - 3,90
3,90 - 5,00
5,00 - 6,00
6,00 - 7,00
7,00 - 7,30
PROFUNDIDADE (m)
GRÁFICO 8.1: Concentração de Metais Pesados em Solos – SP02
Pode-se verificar que as concentrações de Al e Fe são da ordem de 198,28
ppm e 70,57 ppm, respectivamente (média). O Al apresentou sua concentração
mínima na ultima camada (Al7,00
– 7,30=
112 ppm) e a máxima na primeira camada
(Al0,00 – 1.90= 300 ppm). Para o Fe verificou-se concentrações de 28 ppm na ultima
camada (7,00 – 7,30 m), e 169 ppm na terceira camada (3,00 – 3,90 m),
caracterizando, assim os valores mínimos e máximos, respectivamente, para esse
elemento. Os demais elementos quando não detectados (Cr, Mn) foram
identificados em teores significativamente baixos (Cu=0,53 ppm e Pb=0,74 ppm,
média) não excedendo os limites citados na Tabela 7.1 do Capitulo anterior
(Metodologia). Estes níveis podem ser justificados pelo tamanho e distribuição das
partículas (material argiloso).
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
71
Na Figura 8.3 é mostrado o perfil estratigráfico do ponto SP-04.
FIGURA 8.3: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – SP04.
O nível d’água apresenta-se a, aproximadamente, 1 m de profundidade com
um camada de lixo de 4 m e subsequente a esta camada encontra-se uma argila
siltosa com diferentes colorações seguida de uma camada de areia. A sondagem
limitou-se a 7,45 m de profundidade.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
72
Na Figura 8.4 mostra-se a granulometria dos substratos de solo para o ponto
SP-04.
ANÁLISE GRANULOMÉTRICA - SONDAGEM A PERCUSSÃO - SP04
ARGILA
SILTE
AREIA FINA
AREIA MÉDIA
AREIA GROSSA
PEDREGULHO
45
40
TEOR DO MATERIAL (%)
35
30
25
20
15
10
5
0
5,00 - 6,00
6,00 - 7,00
7,00 - 8,00
ARGILA
32
27
18
SILTE
7
5
4
AREIA FINA
24
39
9
AREIA MÉDIA
25
29
37
AREIA GROSSA
10
13
27
PEDREGULHO
2
3
5
PROFUNDIDADE (m)
FIGURA 8.4: Análise Granulométrica - Sondagem a Percussão – SP04.
Para o ponto SP-04 pode-se notar que não existem análises nas camadas
superiores a 5 metros de profundidade. Isto se deve ao fato de que toda camada
superior a esta citada é constituída de lixo.
Desta forma considera-se, que em
média, este tipo de solo é arenoso (Média de areia média = 30,33% ± 6,11%), com a
mais baixa variação dos constituintes do solo. Todavia, vale ressaltar que na 1ª
camada de solo (5,00 – 6,00m) verificou-se a predominância de material argiloso
(argila= 32%).
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
73
A seguir, no Gráfico 8.2, são apresentados os níveis de metais pesados para
o ponto SP-04.
CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS EM SOLOS - SONDAGEM A PERCUSSÃO - SP04
Al
Cr
Cu
Fe
Mn
Pb
Zn
1000
CONCENTRAÇÃO (ppm)
100
10
1
0,1
5,00 - 6,00
6,00 - 7,00
7,00 - 8,00
PROFUNDIDADE (m)
GRÁFICO 8.2: Concentração de Metais Pesados em Solos – SP04.
Analogamente ao ponto anterior encontra-se o ponto sob foco, com as
maiores concentrações de Al e Fe (503 ppm e 223 ppm) na camada mais argilosa
(1ª camada: 5,00 – 6,00 m). Dos elementos não essenciais avaliados, ou
potencialmente tóxicos, todos apresentam-se abaixo dos valores preconizados pela
literatura. Os valores para Al e Fe são descritos, na literatura, fundamentalmente,
em níveis percentuais, em conseqüência da sua ocorrência natural, tendo em vista a
sua distribuição na crosta da Terra.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
74
A Figura 8.5 apresenta o perfil estratigráfico do ponto SP-06.
FIGURA 8.5: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – SP06.
Neste ponto verifica-se, ainda, uma espessa camada de lixo (4 m) com um
nível d’água de 1 m similar ao encontrado com o ponto SP-04. A sondagem limitouse a 7,40 m com duas camadas de argila siltosa, com diferentes colorações,
constituindo-se em uma única camada de 2,20 m de espessura (4,00 – 6,20 m). Em
seguida encontrou-se areia com uma significativa resistência a penetração
(compactação).
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
75
Na Figura 8.6 mostra-se os resultados referentes as análises granulométricas
do ponto SP-06.
ANÁLISE GRANULOMÉTRICA - SONDAGEM A PERCUSSÃO - SP06
ARGILA
SILTE
AREIA FINA
AREIA MÉDIA
AREIA GROSSA
PEDREGULHO
90
80
TEOR DO MATERIAL (%)
70
60
50
40
30
20
10
0
4,50 - 5,00
5,00 - 6,00
6,00 - 6,50
6,50 -7,00
7,00 -8,00
ARGILA
83
44
48
16
47
SILTE
10
6
5
12
9
AREIA FINA
3
19
14
22
24
AREIA MÉDIA
2
22
20
31
15
AREIA GROSSA
2
9
13
17
5
PEDREGULHO
0
0
0
2
0
PROFUNDIDADE (m)
FIGURA 8.6: Análise Granulométrica - Sondagem a Percussão – SP06.
Para o ponto SP-06 verifica-se a predominância, significativa, de material
argiloso (média =47,60% ± 23,80%) nas camadas adjacentes ao lixo (4,50 – 5,00 m)
o que indica um comportamento semelhante aos demais furos. Considerando a
proximidade dos furos SP-04 e SP-06 observa-se que as camadas adjacentes ao
lixo apresentam características similares. Assim sendo, pode-se dizer que existe
uma relação física entre as camadas dos furos mencionados acima. Similar ao
comportamento das sondagens anteriores, o ponto SP-06 possui uma concentração
significativa de Al e Fe, em comparação ao demais metais.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
76
A seguir, no Gráfico 8.3, apresentam-se os resultados quantitativos de metais
para o ponto SP-06.
CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS EM SOLOS - SONDAGEM A PERCUSSÃO - SP06
Al
Cr
Cu
Fe
Mn
Pb
Zn
1.000,00
CONCENTRAÇÃO (ppm)
100,00
10,00
1,00
0,10
4,50 - 5,00
5,00 - 6,00
6,00 - 6,50
6,50 -7,00
7,00 -8,00
PROFUNDIDADE (m)
GRÁFICO 8.3: Concentração de Metais Pesados em Solos – SP06.
Similar ao comportamento das sondagens anteriores, o ponto SP-06, possui
uma concentração significativa de Al e Fe, em comparação ao demais metais.
Aponta-se que neste ponto os valores dos outros elementos estão dentro dos
admissíveis pela literatura.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
77
A Figura 8.7 mostra-nos a estratigrafia do solo para o ponto SP-10, situado no
ponto de drenagem da bacia.
FIGURA 8.7: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – SP10.
Este furo foi realizado em 05 de setembro de 2001. Nele verifica-se uma
camada de lixo de aproximadamente 1,80 m, sendo esta retirada com o trado,
diante da dificuldade da penetração do SPT. A sondagem teve como camada limite
a profundidade de 6,90 m em função das limitações do equipamento. Inicialmente
aponta-se para a presença duas camadas argilosas, diferenciadas pela coloração e
teor de argila, seguida de uma camada de 3 m de areia, posteriormente, retornando
a um solo argiloso. Ressalta-se a importância deste ponto face a sua localização,
uma vez que ele esta no ponto de drenagem da bacia do lixão onde, segundo a
hipótese inicial deste trabalho, esperavam-se as maiores concentrações dos
elementos quantificados, ou seja, maior poluição.
Nesta sondagem não foram realizadas análises granulométricas em virtude
da pouca quantidade de amostras, contudo, realizou-se a determinação dos níveis
de metais pesados sendo os resultados apresentados no Gráfico 8.4.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
78
CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS EM SOLOS - SONDAGEM A PERCUSSÃO SP10
Al
Cd
Cr
Cu
Fe
Mn
Ni
Pb
Zn
10.000,00
1.000,00
100,00
C
O
N
C
E
NT
R
A
Ç
Ã
O
10,00
1,00
0,10
0,01
0,00
1,80 - 3,00
3,00 - 6,00
6,00 - 6,90
PROFUNDIDADE (m)
GRÁFICO 8.4: Concentração de Metais Pesados em Solos – SP10.
Curiosamente aponta-se para a não detecção de Al nas duas primeiras
camadas, encontrando-se, somente na última os valores 10 vezes inferiores aos
encontrados nos demais furos (Al6,00-6,90=25,96 ppm), até então apresentados.
Contudo o Fe apresenta-se com ordem de grandeza 10 vezes superior aos valores
citados nos outros pontos, mesmo não sendo detectado na primeira camada,
ocorrendo a maior concentração
na última camada (Fe6,00-6,90=3.775,24ppm). O
elemento Cr excede os limites de referência estabelecidos pela CETESB (2000) na
camada de 3,00 a 6,00 m, se observamos em níveis médios notamos que este
mesmo elemento adequa-se aos valores normais para solo (36,78 ± 5,90 ppm).
Aponta-se que os demais parâmetros estão em consonância com os níveis normais.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
79
Finalizando a técnica de sondagem a percussão mostra-se na Figura 8.8 os
resultados da análise tátil-visual realizada no ponto SP-12.
FIGURA 8.8: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – SP12.
A sondagem teve como limite a profundidade de 6,42 m sendo encontrado o
nível d’água a 2,00 m. Este ponto refere-se a entrada/saída de caminhões do lixão
(portão principal). Com uma pequena camada de resíduos (0,15 m) e com variações
sucessivas de camadas o ponto SP-12 limitou-se pela significativa dificuldade de
penetração no material argiloso (elevado grau de compactação).
Neste ponto, tal qual o SP-10, não foram realizadas análises granulométricas
pela mesma dificuldade citada anteriormente, contudo, os níveis dos diversos metais
foram mensurados e estão apresentados no Gráfico 8.5.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
80
CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS EM SOLOS - SONDAGEM A PERCUSSÃO - SP12
Al
Cd
Cr
Cu
Fe
Mn
Ni
Pb
Zn
100.000,00
10.000,00
CONCENTRAÇÃO (ppm)
1.000,00
100,00
10,00
1,00
0,10
0,01
0,00
0,15 -0,60
0,60 - 2,50
2,50 - 2,90
2,90 - 3,50
3,50 - 4,40
4,40 - 6,42
PROFUNDIDADE (m)
GRÁFICO 8.5: Concentração de Metais Pesados em Solos – SP12.
Neste ponto relata-se o comportamento do Al e Fe que encontram-se em
ordens de grandeza, aproximadamente, 30 vezes maior que os pontos SP-02; 04 e
06. Isto pode ser verificado na camada de 2,50 a 2,90 m onde os valores de Al
chegam a 13.068 ppm, enquanto que o Fe chega ao seu valor máximo, 15.164 ppm,
na camada de 0,60 a 2,50 m. O Cr excede aos valores de referência em todas as
camadas abaixo da primeira camada (0,15 - 0,60 m), estando a camada de 0,60 a
2,50 m fora dos limites de alerta. Os demais elementos não agridem os limites
estabelecidos pela literatura em nenhum dos estratos de solo.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
81
8.2- SONDAGENS A TRADO (ST)
As apresentações dos valores encontrados pela sondagem a trado se farão
presentes neste momento. Começando-se pela Figura 8.9 onde é mostrado o perfil
tátil-visual do ponto ST-01.
FIGURA 8.9: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST01.
Para este ponto verificou-se um nível d’água (N.A) de 4,70 m de profundidade
sendo o limite da sondagem em 5,70 m de profundidade. Essencialmente verifica-se
a predominância de duas camadas distintas, constituídas de argila e areia. Este
ponto pode ser comparado ao perfil do furo SP-02 uma vez que estes pontos são
próximos. Desta forma verifica-se que a camada argilosa segue um comportamento
de similaridade entre estes pontos (ST01= 4,7 m & SP02= 4,0 m). A confirmação, ou
não, deste comportamento vem apresentada na Figura 8.10, onde apresentam-se
os resultados das análises físicas do solo.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
82
ANÁLISE GRANULOMÉTRICA - SONDAGEM A TRADO - ST01
ARGILA
SILTE
AREIA FINA
AREIA MÉDIA
AREIA GROSSA
PEDREGULHO
40,0
35,0
TEOR DO MATERIAL (%)
30,0
25,0
20,0
15,0
10,0
5,0
-
0,00 - 1,40
1,40 - 3,30
3,30 - 4,70
4,70 - 5,70
ARGILA
28,0
17,0
11,0
10,0
SILTE
19,0
28,0
28,0
22,0
AREIA FINA
18,0
19,0
16,0
14,0
AREIA MÉDIA
25,0
24,0
30,0
36,0
AREIA GROSSA
9,0
11,0
14,0
17,0
PEDREGULHO
1,0
1,0
1,0
1,0
PROFUNDIDADE (m)
FIGURA 8.10: Análise Granulométrica - Sondagem a Trado – ST01.
Este ponto possui característica arenosa (∑ teores de areia = 58,25%),
contudo verifica-se a presença de argila nas camadas até 1,40 m de profundidade e
de argila após esta cota. Esta constatação contrapõem-se ao apresentado no perfil
estratigráfico onde considera o ponto como, em sua maioria, sendo argiloso.
Considerando a localização deste furo pode-se indicar que este ponto será um
ponto de “branco”, ou seja, segue a premissa da hipótese inicial do trabalho sobre o
transporte de poluentes dar-se segundo a topografia da área. O local deste ponto é
um dos que possui cota mais elevada, podendo, assim, assumir a função de ponto
de base para os demais furos, ou branco. Ele esta localizado dentro do CIEP.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
83
O comportamento dos diversos metais quantificados, para o ponto ST-01, são
descritos no Gráfico 8.6.
CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS EM SOLOS - SONDAGEM A TRADO - ST01
Al
Cd
Cr
Cu
Fe
Mn
Ni
Pb
Zn
100000,00
10000,00
CONCENTRAÇÃO (ppm)
1000,00
100,00
10,00
1,00
0,10
0,01
0,00
0,00 - 1,40
1,40 - 3,30
3,30 - 4,70
4,70 - 5,70
PROFUNDIDADE (m)
GRÁFICO 8.6: Concentração de Metais Pesados em Solos – ST01.
Neste local nota-se um comportamento similar aos pontos citados até então.
O comportamento do Al e Fe segue similar aos níveis encontrados nos pontos SP12, enquanto que os demais elementos encontram-se com níveis bem abaixo dos
preconizados pela literatura Estes elevados valores de Al e Fe podem ser
justificados pelas características do material de empréstimo, uma vez que o local do
ponto ST-01 foi todo aterrado (parte interna do CIEP).
Desta forma podem ser considerados os valores, então, encontrados para
este ponto como o “background” do local, de maneira intuitiva, preliminar e
hipotética, para verificação da possível correlação entre os furos de sondagem. A
seguir apresenta-se as análises realizadas no ponto ST-02 iniciando-se pelo perfil
estratigráfico na Figura 8.11.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
84
FIGURA 8.11: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST02.
No ponto ST-02 a sondagem ficou limitada a profundidade de 3,80 m,
estando o nível d’água a 3,5m. Nesta análise verifica-se a característica argilosa do
ponto até 3,5 m de profundidade e a partir daí tem-se areia. Lembra-se que este
ponto encontra-se próximo ao SP-02 que não possuem depósito de resíduos em
suas áreas.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
85
A Figura 8.12 mostra o comportamento deste ponto no tocante a
granulometria.
ANÁLISE GRANULOMÉTRICA - SONDAGEM A TRADO - ST02
ARGILA
SILTE
AREIA FINA
AREIA MÉDIA
AREIA GROSSA
PEDREGULHO
35
TEOR DO MATERIAL (%)
30
25
20
15
10
5
0
0 - 2,50
2,50 - 3,50
3,50 - 3,80
ARGILA
33
27
16
SILTE
9
12
26
AREIA FINA
20
15
16
AREIA MÉDIA
26
28
32
AREIA GROSSA
11
17
10
PEDREGULHO
1
1
0
PROFUNDIDAE (m)
FIGURA 8.12: Análise Granulométrica - Sondagem a Trado – ST02.
A figura acima vem sobrepor ao citado na análise tátil-visual, pois verifica-se a
presença de material arenoso (areia = 58,33%), e não argiloso (25,33%). Esta
avaliação é feita sobre os valores médios para o furo. Desta forma afirma-se que
este furo é essencialmente arenoso tendo uma variação de arenoso argiloso, na
profundidade de 3,50 m, para arenoso siltoso.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
86
No Gráfico 8.7 podem ser vistos os valores de metais pesados para este
ponto.
CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS EM SOLOS - SONDAGEM A TRADO - ST02
Al
Cd
Cr
Cu
Fe
Mn
Ni
Pb
Zn
100.000,00
10.000,00
CONCENTRAÇÃO (ppm)
1.000,00
100,00
10,00
1,00
0,10
0,01
0,00
0 - 2,50
2,50 - 3,50
3,50 - 3,80
PROFUNDIDADE (m)
GRÁFICO 8.7: Concentração de Metais Pesados em Solos – ST02.
O gráfico acima ressalta um comportamento de discordância a valores de
referência citados na literatura no tocante ao cromo. Este elemento possui valor
igual a 54,78 ± 6,15 ppm. Analisando as camadas verifica-se que todas possuem
este comportamento tendo a segunda camada o valor mais significativo (Cr2,503,50=61,30
ppm) Nesta camada é onde encontra-se o maior teor de areia (60%). Os
demais elementos encontram-se em acordo aos limites normais dito para solos pela
literatura citada no Capitulo anterior.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
87
A seguir apresenta-se o perfil estratigráfico do ponto ST-03 na Figura 8.13.
FIGURA 8.13: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST03.
O ponto ST-03 teve a profundidade de 1,00 m com N.A de 0,55 m com
características arenosas até 0,30 m, ocorrendo neste ponto uma mudança de
camada para areia argilosa.
A Figura 8.14 retrata o comportamento granulométrico do ponto em questão.
ANÁLISE GRANULOMÉTRICA - SONDAGEM A TRADO - ST03
ARGILA
SILTE
AREIA FINA
AREIA MEDIA
AREIA GROSSA
PEDREGULHO
50
45
TEORES DO MATERIAL (%)
40
35
30
25
20
15
10
5
0
0 - 0,30
0,30 - 1,00
ARGILA
14
29
SILTE
10
13
AREIA FINA
14
4
AREIA MEDIA
44
26
AREIA GROSSA
18
28
PEDREGULHO
0
0
PROFUNDIDADE (m)
FIGURA 8.14: Análise Granulométrica - Sondagem a Trado – ST03.
Para o ponto ST-03 observa-se que na camada superficial (0,00 – 0,30 m)
encontra-se significativa concentração de areia (areia média = 44%), com presença
de argila, corroborando com o perfil estratigráfico que indica para este ponto uma
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
88
característica arenosa. Comportamento similar segue a camada adjacente, sendo
que os teores de argila, desta feita, são mais próximos aos níveis de areia (argila =
29% e areia grossa = 28%). Sendo assim, pode-se considerar este ponto como
sendo, essencialmente, areno-argiloso.
Os resultados dos níveis de metais pesados encontrados nas diferentes
camadas de solo são apresentadas no Gráfico 8.8.
CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS EM SOLOS - SONDAGEM A TRADO - ST03
Al
Cd
Cr
Cu
Fe
Mn
Ni
Pb
Zn
100000,00
10000,00
CONCENTRAÇÃO (ppm)
1000,00
100,00
10,00
1,00
0,10
0,01
0,00
0 - 0,30
0,30 - 1,00
PROFUNDIDADE (m)
GRÁFICO 8.8: Concentração de Metais Pesados em Solos – ST03.
Aponta-se, para este ponto, a concordância dos elementos avaliados com os
citados pela literatura, contudo, indica-se para o comportamento dos elementos Al e
Fe, que mostram uma ordem de grandeza, significativamente, superior aos pontos
SP-02, SP-04 e SP-06, isto pode ser atribuído a característica arenosa dos locais
apontados, também, nos pontos ST-01 e 02.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
89
As camadas de solo do ponto ST-04 são mostradas na Figura 8.15
FIGURA 8.15: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST04.
A sondagem limitou-se a 2,65 m de profundidade, com N.A em 2,15 m.
Excetuando-se a camada de cobertura, verifica-se a presença significativa de argila
o que atribui ao ponto dificuldades na sondagem, segundo esta metodologia.
A granulometria do ponto é descrita na Figura 8.16 que segue abaixo.
ANÁLISE GRANULOMÉTRICA - SONDAGEM A TRADO - ST04
ARGILA
SILTE
AREIA FINA
AREIA MÉDIA
AREIA GROSSA
PEDREGULHO
35
TEORES DO MATERIAL (%)
30
25
20
15
10
5
0
0,00 - 0,80
0,80 - 1,60
1,60 - 2,25
2,25 - 2,65
ARGILA
13
25
20
14
SILTE
15
19
18
19
AREIA FINA
32
24
22
26
AREIA MÉDIA
31
22
22
27
AREIA GROSSA
9
9
10
10
PEDREGULHO
0
1
8
4
PROFUNDIDADE (m)
FIGURA 8.16: Análise Granulométrica - Sondagem a Trado – ST04.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
90
Avaliando o ponto ST-04 encontrou-se elevados teores de areia (areia fina =
26,0% e areia média= 25,5%), e pouco material argiloso (argila= 18%), contrariando
o perfil estratigráfico. Este furo não foi contemplado com análises químicas para
verificação do nível de metais pesados, haja vista a pequena quantidade de
amostras, resultantes do ensaio físico. Contudo, considera-se de altíssima
importância tal ponto, pois está situado próximo ao ponto de drenagem da microbacia do lixão. Isto deverá ser confrontado com os estudos dos furos ST-12 e SP10, que encontram-se na região próxima ao ponto em questão.
Apresenta-se,
neste
momento
os
pontos
opostos
aos
até
então,
apresentados, pois os mesmos situam-se no que considera-se como ponto de
recarga ou mesmo à montante do ponto de drenagem da bacia do lixão. Os furos,
considerados de recarga, são: ST-05; ST-06 e ST-07. Iniciando-se a apresentação
pelo ponto ST-05, Figura 8.17, com a estratigrafia do solo.
FIGURA 8.17: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST05.
O limite da sondagem para o ponto ST-05 foi de 5,50m de profundidade com
nível d’água na cota 4,96 m. Percebe-se uma lente de areia a 5,10 m com
espessura de, aproximadamente, 10 cm. Esta camada arenosa será de grande
importância em se tratando de transporte mássico horizontal.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
91
A Figura 8.18 apresenta os resultados da análise granulométrica para o ponto
ST-05.
ANÁLISE GRANULOMÉTRICA - SONDAGEM A TRADO - ST05
ARGILA
SILTE
AREIA FINA
AREIA MÉDIA
AREIA GROSSA
PEDREGULHO
70
TEORES DO MATERIAL (%)
60
50
40
30
20
10
0
0 - 0,20
0,20 - 2,30
2,30 - 3,00
3,00 - 4,40
4,40 - 4,90
4,90 - 5,10
5,10 -5,50
ARGILA
17
24
47
46
38
61
30
SILTE
15
17
11
21
25
23
11
AREIA FINA
14
12
9
10
7
6
4
AREIA MÉDIA
24
34
18
11
13
5
16
AREIA GROSSA
27
11
14
12
16
5
39
PEDREGULHO
3
2
1
0
1
0
0
PROFUNDIDADE (m)
FIGURA 8.18: Análise Granulométrica - Sondagem a Trado – ST05.
A figura retrata um comportamento crescente, para o ponto ST-05, dos níveis
de argila nas três primeiras camadas (0,00 a 0,20m, 0,20 a 2,30m e 2,30 a 3,00m),
onde nas duas primeiras (0,00 a 0,20m e 0,20 a 2,30m) não houveram
predominância deste tipo de material. Contudo, avaliando-se o furo como um todo,
observa-se que a predominância, em média, é de areia (43,86%). A presença de
finos caracteriza este ponto, uma vez que o segundo maior teor é de argila
(37,57%). Desta forma indica-se que o furo é areno-argiloso com uma camada (2,30
a 5,10 m) argilo-siltoso, ratificando ao encontrado na análise tátil-visual.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
92
As concentrações de metais pesados no solo para o ponto ST-05 são
descritas no Gráfico 8.9.
CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS EM SOLOS - SONDAGEM A TRADO - ST05
Al
Cd
Cr
Cu
Fe
Mn
Ni
Pb
Zn
100.000,00
10.000,00
CONCENTRAÇÃO (ppm)
1.000,00
100,00
10,00
1,00
0,10
0,01
0,00
0 - 0,20
0,20 - 2,30
2,30 - 3,00
3,00 - 4,40
4,40 - 4,90
4,90 - 5,10
5,10 -5,50
PROFUNDIDADE (m)
GRÁFICO 8.9: Concentração de Metais Pesados em Solos – ST05.
Os elevados teores de Al e Fe (Al ≈ 38.000,00 ppm e Fe ≈ 27.000,00 ppm)
vêm comprovando a hipótese de que estes níveis são função do tipo de material
local. Todos os parâmetros encontram-se dentro dos limites de referência ou
normais para solo, exceto o Zn que na primeira camada (Zn0,00 - 0,20m = 89,82 ppm)
extrapola concentrações tidas como valores normais de 60 ppm.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
93
A estratigrafia do ponto ST-06 é apresentada na Figura 8.19.
FIGURA 8.19: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST06.
Com N.A de 3,90 m de profundidade e limite de sondagem de 4,50 m
apresenta-se o ponto ST-06. Neste furo aponta-se para existência de uma camada
laterítica que limitou a sondagem com esta metodologia.
Aponta-se para este ponto a identificação de duas camadas sendo a primeira
de areia argilosa de cor marrom (0,50 m de espessura) e a segunda uma argila
arenosa, com cor cinza.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
94
A seguir são apresentados os resultados granulométricos, Figura 8.20, do
ponto ST-06.
ANÁLISE GRANULOMÉTRICA - SONDAGEM A TRADO - ST06
ARGILA
SILTE
AREIA FINA
AREIA MÉDIA
AREIA GROSSA
PEDREGULHO
45
40
TEORES DO MATERIAL (%)
35
30
25
20
15
10
5
0
0 - 0,50
0,50 - 1,80
1,80 - 2,30
2,30 - 3,60
3,60 - 4,50
ARGILA
16
16
33
29
41
SILTE
15
41
15
11
13
AREIA FINA
21
12
13
14
9
AREIA MÉDIA
31
18
22
25
21
AREIA GROSSA
12
10
12
16
14
PEDREGULHO
5
3
5
5
2
PROFUNDIDADE (m)
FIGURA 8.20: Análise Granulométrica - Sondagem a Trado – ST06.
No ponto ST-06 indica-se a presença de finos (argila = 27% e silte = 19%),
contudo aponta-se para a predominância de areia (50,00%). A camada até 0,50 m
de profundidade caracteriza-se como uma areia argilosa e, a partir deste ponto têmse uma camada de silte-arenoso até a profundidade de 1,80 m, seguindo até o final
da sondagem com uma camada areno-argilosa, com os teores de argila crescentes
até o final do ensaio.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
95
Sendo assim, pode-se apresentar os resultados dos ensaios químicos
realizados no ponto ST-06, Figura 8.10.
CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS EM SOLOS - SONDAGEM A TRADO - ST06
Al
Cd
Cr
Cu
Fe
Mn
Ni
Pb
Zn
100.000,00
10.000,00
CONCENTRAÇÃO (ppm)
1.000,00
100,00
10,00
1,00
0,10
0,01
0,00
0 - 0,50
0,50 - 1,80
1,80 - 2,30
2,30 - 3,60
3,60 - 4,50
PROFUNDIDADE (m)
GRÁFICO 8.10: Concentração de Metais Pesados em Solos – ST06.
O comportamento do Al e Fe seguem os padrões encontrados nos demais
pontos, enquanto que o cromo, na quarta e quinta camadas (2,30 – 3,60m e 3,60 –
4,60m, respectivamente), excede os valores de referência indicados pela CETESB
(2000), que estabelece 40 ppm como valor de referência e 75 ppm como valor de
alerta, para este elemento. Ressalta-se que os valores excederam, tão somente, os
limites de referência, estando abaixo dos valores de alerta (Cr2,30 –3,60= 48,66 ppm e
Cr3,60 – 4,50= 51,02 ppm).
Acusa-se que os demais valores estão em conformidade aos valores
preconizados pelos diversos autores.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
96
O perfil estratigráfico do ponto ST-07 é mostrado a seguir na Figura 8.21.
FIGURA 8.21: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST07.
Neste perfil verifica-se a presença da lente de areia a uma profundidade de
5,80m, o que havia sido encontrado no furo anterior (ST-06), contudo, constatou-se
que esta camada faz-se presente quando refinada na análise granulométrica. Este
furo apresentou o N.A à profundidade de 7,65 m e limite da sondagem em 8,10 m.
Este ponto finaliza a malha considerada à montante do lixão, com pouca
interferência de lixo, ou praticamente nenhuma.
As análises físicas para este ponto são mostradas na Figura 8.22 que segue.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
97
ANÁLISE GRANULOMÉTRICA - SONDAGEM A TRADO - ST07
ARGILA
SILTE
AREIA FINA
AREIA MÉDIA
AREIA GROSSA
PEDREGULHO
45
40
TEORES DO MATERIAL (%)
35
30
25
20
15
10
5
0
0,00 - 1,20
1,20 - 3,30
3,30 - 5,80
5,80 - 6,00
6,00 - 6,75
6,75 - 7,75
7,75 - 8,10
ARGILA
14
31
16
10
26
31
40
SILTE
13
13
25
21
12
10
15
AREIA FINA
26
18
19
21
16
14
13
AREIA MÉDIA
36
27
29
31
29
26
19
AREIA GROSSA
10
10
10
12
15
16
11
PEDREGULHO
1
1
1
5
2
3
2
PROFUNDIDADE (m)
FIGURA 8.22: Análise Granulométrica - Sondagem a Trado – ST07.
Esta figura mostra um comportamento similar do ST-07 aos furos ST-05 e
ST-06. Com presença de areia (58,29%), seguida de finos (argila= 24% e silte =
15,57%) o que indica um solo areno-argiloso, em se tratando do perfil como um todo
(valores médios). Todavia vale apontar a presença de pedregulho em todas as
camadas do perfil, principalmente, nas mais profundas (8,10 m). Sendo o ensaio
limitado pela presença de laterita e/ou, ainda, pequenos cascalhos. Indica-se uma
observação ao fato de que, para quase todo o perfil, as características são similares
a característica do furo como um todo (arenoso argiloso). Sendo assim acusa-se tal
característica para este ponto, salientando-se a proximidade com os resultados
citados na análise tátil-visual.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
98
Os resultados da quantificação dos metais pesados nos diversos extratos de
solo no ponto ST-07 são apresentados no Gráfico 8.11.
CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS EM SOLOS - SONDAGEM A TRADO - ST07.
Al
Cd
Cr
Cu
Fe
Mn
Ni
Pb
Zn
100.000,00
10.000,00
CONCENTRAÇÃO (ppm)
1.000,00
100,00
10,00
1,00
0,10
0,01
0,00
0,00 - 1,20
1,20 - 3,30
3,30 - 5,80
5,80 - 6,00
6,00 - 6,75
6,75 - 7,75
7,75 - 8,10
PROFUNDIDADE (m)
GRÁFICO 8.11: Concentração de Metais Pesados em Solos – ST07.
O cromo apresenta níveis fora dos indicados pela CETESB (2000), (Crmédia =
51,75 ppm/ CrCETESB = 40 ppm). Analisando a estratifigráfia verifica-se que isto
ocorre na segunda, terceira (1,20 – 3,30 m e 3,30 – 5,80 m), e nas duas últimas
camadas (6,75 – 7,75 m e 7,75 – 8,10 m).
Ressalta-se que a camada de 5,80 – 6,00 m inexiste na análise de metais
pesados, uma vez que, não restou material suficiente para a quantificação dos
referidos metais, não sendo possível a realização do ensaio para esta camada.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
99
A Figura 8.23 apresenta os resultados da análise tátil visual realizada no
ponto ST-10
FIGURA 8.23: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST10.
Este ponto faz parte de uma outra malha composta pelos furos: ST-01; ST02; ST-03; ST-10
e ST-12. Todavia vale ressaltar que existe uma expectativa
distinta para estes pontos uma vez que ele encontra-se na drenagem da bacia,
conjuntamente ao ponto ST-12.
O limite deste furo foi de aproximadamente 5 m de profundidade com N.A de
1,26 m. Neste ponto verifica-se, ainda, a presença da lente de areia que foi citada
nos pontos do lado oposto da área (ST-06 e ST-07). Após esta camada encontra-se
um material argiloso de difícil penetração o que restringiu, em muito, a coleta neste
ponto para maiores profundidades.
Aponta-se que este furo após sua execução em 27 de setembro de 2001
esteve inundado até o mês de abril do ano seguinte. A descrição física desse furo é
descrita na Figura 8.24.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
100
ANÁLISE GRANULOMÉTRICA - SONDAGEM A TRADO - ST10
ARGILA
SILTE
AREIA FINA
AREIA MÉDIA
AREIA GROSSA
PEDREGULHO
60
TEORES DO MATERIAL (%)
50
40
30
20
10
0
0 - 0,70
0,70 1,55
1,55 2,20
2,20 2,39
2,39 3,01
3,01 3,15
3,15 3,30
3,30 3,56
3,56 5,00
5,00 5,21
ARGILA
31
44
42
48
41
31
30
49
54
52
SILTE
11
11
13
15
14
17
13
14
15
17
AREIA FINA
20
18
18
16
24
23
17
18
14
15
AREIA MÉDIA
28
20
20
15
13
21
26
12
12
9
AREIA GROSSA
10
7
7
6
7
8
14
7
5
7
PEDREGULHO
1
0
0
0
1
0
0
0
0
0
PROFUNDIDADE (m)
FIGURA 8.24: Análise Granulométrica - Sondagem a Trado – ST10.
No ponto ST-10 nota-se que a sexta e sétima camadas (3,01 – 3,15 m e 3,15
– 3,30m) são muito pequenas e podem ser entendidas como uma só, face à
proximidade dos valores encontrados, o que refina a análise tátil-visual, ratificando a
presença de areia, principalmente areia média. O furo caracteriza-se pela,
significativa, presença de argila (42,20%) e areia (43,70%), ocorrendo de forma
similar nos extratos de solo, onde nas maiores profundidades ocorreram as maiores
concentrações de argila (argila3,56-5,00= 54% e argila5,00-5,21= 52%). Poder-se-ia,
então, atribuir ao furo uma característica areno-argiloso, contudo verifica-se a
alternância
entre
camadas
argilo-arenoso
e
areno-argiloso
nas
diversas
profundidades, resultando no seguinte perfil: até 2,20 m de profundidade areia
argilosa, deste ponto até 2,40 m, argilo-arenosa, desta cota até 3,20 m a presença,
novamente, de areia argilosa, em seguida a esta camada retorna a camada argiloarenosa permanecendo até o fim da sondagem.
A sondagem limitou-se a esta profundidade face às limitações do
equipamento: baixa penetrabilidade em solos compactados, saturados e adensados.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
101
As análises de metais pesados para o ponto ST-10 encontram-se descritas
no Gráfico 8.12 que segue abaixo.
CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS EM SOLOS - SONDAGEM A TRADO - ST10.
Al
Cd
Cr
Cu
Fe
Mn
Ni
Pb
Zn
100.000,00
10.000,00
Concentração (ppm)
1.000,00
100,00
10,00
1,00
0,10
0,01
0,00
0 - 0,70
0,70 - 1,55
1,55 - 2,20
2,20 - 2,39
2,39 - 3,01
3,01 - 3,15
3,15 - 3,30
3,30 - 3,56
3,56 - 5,00
5,00 - 5,21
Profundidade (m)
GRÁFICO 8.12: Concentração de Metais Pesados em Solos – ST10.
Os valores de Cr excedem as concentrações de referência da CETESB
(2000), contudo encontram-se dentro dos limites ditos como normais (5 a 100 ppm)
estabelecidos por Shaeffer (1984). A segunda, terceira, quarta, quinta, nona e
décima camadas excedem, ainda, valores de alerta indicados pela CETESB (2000).
Considerando-se o posicionamento dos furos pode-se ver que este ponto e o furo
ST-07 encontram-se em lados opostos, o que inclina a indicar um possível
acréscimo deste parâmetro no percurso entre esses dois pontos (ST-07Cr= 51,75
ppm e ST-10Cr= 75,06 ppm).
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
102
A Figura 8.25 apresenta o comportamento estratigráfico do ponto ST-12.
FIGURA 8.25: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST12.
Este ponto, ST-12, segundo as preposições deste trabalho, deve ser
considerado de altíssima importância, pois nele, em tese, é que se encontrariam os
maiores valores de metais. Tal afirmação é baseada na localização do mesmo. A
localização se dá, exatamente, na saída da bacia, onde existia a passagem do
corpo hídrico superficial o qual foi obstruído pela estrada (ver Figura Capitulo VII:
Metodologia). A sondagem limitou-se a 5,80 m de profundidade com nível d’água de
aproximadamente 0,60 m. Devido a sua localização o fenômeno de inundação
também ocorreu neste ponto, e para o mesmo período.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
103
As análises granulométricas são apresentadas na Figura 8.26.
ANÁLISE GRANULOMÉTRICA - SONDAGEM A TRADO - ST12
ARGILA
SILTE
AREIA FINA
AREIA MÉDIA
AREIA GROSSA
45
40
TEOR DO MATERIAL (%)
35
30
25
20
15
10
5
0
2,03 - 3,48
3,48 - 3,86
3,86 - 5,16
5,16 - 5,80
ARGILA
17
9
15
30
SILTE
9
12
16
13
AREIA FINA
17
17
23
23
AREIA MÉDIA
40
42
31
25
AREIA GROSSA
17
20
14
9
PROFUNDIDADE (m)
FIGURA 8.26: Análise Granulométrica - Sondagem a Trado – ST12.
A camada superior à primeira profundidade mostrada no gráfico refere-se a
coluna de lixo, não havendo caracterização física e química deste material.
Verificou-se que o furo é arenoso (∑ teores de areia = 69,50%), o que pode ser
observado ao longo das camadas. Vale lembrar que este furo compõe o ponto de
drenagem da sub-bacia do lixão, juntamente com o furo SP-10. Esta camada
arenosa poder-se-á estar sendo utilizada para a filtragem dos poluentes carreados
pela massa líquida, pelos processos de advecção e dispersão hidrodinâmica, uma
vez que pela característica da área (planície de inundação) tem-se o escoamento
sub-superficial, preferencialmente, horizontal. Aponta-se para a similaridade entre a
camada arenosa encontrada em ambos os furos à profundidade abaixo da camada
de resíduos.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
104
O Gráfico 8.13 mostra os níveis de metais pesados encontrados no ponto ST12.
CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS EM SOLOS - SONDAGEM A TRADO - ST12.
Al
Cd
Cr
Cu
Fe
Mn
Ni
Pb
Zn
100.000,00
10.000,00
CONCENTRAÇÃO (ppm)
1.000,00
100,00
10,00
1,00
0,10
0,01
0,00
2,03 - 3,48
3,48 - 3,86
3,86 - 5,16
5,16 - 5,80
PROFUNDIDADE (m)
GRÁFICO 8.13: Concentração de Metais Pesados em Solos – ST12.
Como citado anteriormente, as camadas superiores à primeira camada (2,03
– 3,48 m), referenda aos detritos pertinentes ao local (lixo). Neste ponto o elemento
Cr está fora dos limites de referência (CETESB; 2000). Apresentando uma
concentração média de 41,76 ppm, porém o descumprimento ocorre somente em
duas das quatro camadas, sendo estas: a terceira e a quarta camadas (Cr3,86 – 5,16=
42,71 ppm e Cr5,16 – 5,80= 50,50 ppm). Indica-se que os demais elementos .elementos
encontram-se em conformidade com a literatura citada.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
105
A Figura 8.27 apresenta a análise tátil-visual para o ponto ST-14.
FIGURA 8.27: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST14.
O ponto ST-14 compõe a malha dos furos ST-05, ST-06 e ST-07, na parte
mais baixa do lixão, todavia indica-se que os pontos citados encontram-se no ponto
mais elevado do terreno, e o ponto em questão encontra-se próximo à divisa do
terreno e dentro da ADRSU, ao contrário dos demais que estão em áreas vizinhas.
Sendo assim, considera-se estes pontos como isentos de poluição e/ou
contaminação. A sondagem limitou-se a profundidade de 4,96 m encontrando o N.A
a 1,54 m.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
106
A análise física do ponto ST-14 é mostrada na Figura 8.28.
ANÁLISE GRANULOMÉTRICA - SONDAGEM A TRADO - ST14
ARGILA
SILTE
AREIA FINA
AREIA MÉDA
AREIA GROSSA
70
TEOR DO MATERIAL (%)
60
50
40
30
20
10
0
0,00 1,07
1,07 1,30
1,30 1,80
1,80 2,00
2,00 2,98
2,98 3,15
3,15 3,25
3,25 3,41
3,41 3,60
3,60 3,95
3,95 4,36
ARGILA
35
18
21
25
37
61
49
48
50
49
45
SILTE
30
14
8
10
19
26
22
25
27
23
23
AREIA FINA
12
15
7
20
17
9
13
14
11
12
13
AREIA MÉDA
17
35
35
30
16
3
10
8
8
10
14
AREIA GROSSA
6
18
29
14
10
1
6
5
4
6
3
PROFUNDIDADE (m)
FIGURA 8.28: Análise Granulométrica - Sondagem a Trado – ST14.
Nota-se a predominância de argila (39,82%). A presença de finos é verificada
em inúmeras camadas, fundamentalmente, nas camadas abaixo de 2,98m de
profundidade. Isto pode ser verificado no perfil estratigráfico, onde nestas camadas
verificou-se a ocorrência de laterita, coincidindo com a última camada encontrada no
ponto ST-12 (aproximadamente 5 m de profundidade). Este ponto segue a
configuração arenosa até a profundidade de 2,98 m, a partir deste ponto apresentase uma camada argilo-silto-arenosa.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
107
A seguir, no Gráfico 8.14, apresentamos as concentrações dos metais
quantificados para o ponto ST-14.
CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS EM SOLOS - SONDAGEM A TRADO - ST14.
Al
Cd
Cr
Cu
Fe
Mn
Ni
Pb
Zn
100.000,00
CONCENTRAÇÃO (ppm)
1.000,00
10,00
0,10
0,00
0,00 - 1,07 1,07 - 1,30 1,30 - 1,80 1,80 - 2,00 2,00 - 2,98 2,98 - 3,15 3,15 - 3,25 3,25 - 3,41 3,41 - 3,60 3,60 - 3,95 3,95 - 4,36
PROFUNDIDADE (m)
GRÁFICO 8.14: Concentração de Metais Pesados em Solos – ST14.
Neste ponto acusa-se a concordância do elemento cromo com os valores
considerados normais para solo, de 5 a 100 ppm, segundo Schaeffer (1984).
Todavia, encontra-se acima dos valores estabelecidos como referência de 40 ppm,
CETESB (2000). O valor médio encontrado para este elemento foi de 62,86 ± 11,87
ppm (CV = 19%). Aponta-se para a sexta camada (2,98 – 3,15m) como a de maior
concentração deste metal (Cr2,98–3,15= 81,18 ppm), valor este que excede, até
mesmo, o limite de alerta preconizado pela CETESB (2000) de 75 ppm. Isto se deve
ao fato da elevada concentração de material argiloso (61%), caracterizando a
adsorção deste elemento no referido material. Possivelmente esta camada funciona
como uma barreira física para a retenção de material, o que eleva significativamente
a concentração dos poluentes para este ponto.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
108
Análogo ao cromo, tem-se o chumbo, uma vez que este está dentro dos
limites ditos como normais, de 5- 50 ppm, segundo Schaeffer (1984), porém a
primeira, quarta e quinta camadas encontram-se fora dos valores de referência
(Pb0,00-1,07= 20,04 ppm; Pb1,80-2,00=18,59 ppm e Pb2,00-2,98= 18,71 ppm/ Referência 17
ppm), estabelecidos por CETESB (2000). Face a discrepância dos valores
encontrados muito pouco se pode inferir sobre o comportamento deste
contaminante, sendo atribuída a maior concentração a camada superficial.
O ponto ST-16 apresenta seu perfil estratigráfico conforme a Figura 8.29.
FIGURA 8.29: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST16.
O ponto possui uma camada de aproximadamente 2 m de lixo, estando
situado próximo ao ST-14,
finalizando a malha amostral deste lado do lixão,,
composta pelos pontos: ST-14, 16, 22 e 12; correspondendo a parte mais baixa do
lixão. Limitando o ensaio a profundidade de 5,33 m, este ponto apresenta
características similares ao ponto anteriormente citado e com nível d’água na
camada de lixo, a 0,80 m.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
109
Os resultados do ponto ST-16 referente a quantificação dos teores dos
diversos constituintes do solo encontram-se na Figura 8.30.
ANÁLISE GRANULOMÉTRICA - SONDAGEM A TRADO - ST16
ARGILA
SILTE
AREIA FINA
AREIA MÉDIA
PEDREGULHO
GULHO %
90
80
TEOR DO MATERIAL (%)
70
60
50
40
30
20
10
0
0,00 - 0,70
0,70 - 2,00
2,00 - 2,30
2,30 - 4,33
4,33 - 5,00
ARGILA
10
6
18
78
40
5,00 - 5,33
34
SILTE
16
39
46
17
19
19
AREIA FINA
24
29
19
3
13
13
AREIA MÉDIA
38
20
14
1
19
19
PEDREGULHO
10
6
3
1
9
9
GULHO %
2
0
0
0
0
0
PROFUNDIDADE (m)
FIGURA 8.30: Análise Granulométrica - Sondagem a Trado – ST16.
Considera-se o furo ST-16 como arenoso (41,67 ± 22,25Observando-se o
perfil verifica-se a existência de quatro camadas distintas, sendo a primeira à
profundidade de 2,0 m constituída de areia siltosa. A Segunda camada, até 2,30 m,
é um silte arenoso, enquanto que desta profundidade até 4,33 m tem-se uma argila
siltosa, até que encontramos, no quarto extrato, uma areia argilosa.
Possivelmente exista uma correlação entre esta sondagem e o ST-14;
contudo aponta-se para a profundidade de 2,98m a camada mais argilosa do ST-14,
enquanto que para o ST-16 esta camada encontra-se a 2,30 m de profundidade.
Este fato, contraria o acompanhamento do relevo, uma vez que o ST-14 encontra-se
em uma cota mais elevada a que o ST-16, distando os ponto de aproximadamente
15 m.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
110
A seguir, no Gráfico 8.15, apresentam-se as concentrações dos metais
quantificados para o ponto ST-16.
CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS EM SOLOS - SONDAGEM A TRADO - ST16
Al
Cd
Cr
Cu
Fe
Mn
Ni
Pb
Zn
100.000,00
10.000,00
CONCENTRAÇÃO (ppm)
1.000,00
100,00
10,00
1,00
0,10
0,01
0,00
0,00 - 0,70
0,70 - 2,00
2,00 - 2,30
2,30 - 4,33
4,33 - 5,00
5,00 - 5,33
PROFUNDIDADE (m)
GRÁFICO 8.15: Concentração de Metais Pesados em Solos – ST16.
O elemento cromo segue indicações acima do valor de referência (Cr=69 ±
19,78 ppm/CrCETESB=45 ppm). As segunda e terceira camadas estão acima dos
limites de alerta (Cr0,70-2,00= 82,81 ppm e Cr2,00-2,30= 86,27 ppm/ CrCETESB=75 ppm).
Tais
valores
encontram-se
nas
camadas
areno-siltosa
e
silto-arenosa,
respectivamente, não se fazendo presente nas camadas com maiores teores de
argila.
O chumbo nas duas últimas camadas (4,33 – 5,00 m e 5,00 – 5,33,
respectivamente) está fora dos limites de referência (CETESB, 2000), porém, dentro
dos limites normais indicados por Schaeiffer (1984). Na segunda camada ocorre,
ainda, a não conformidade do zinco, estando este acima dos valores de referência
(Zn0,70-2,00=64,35 ppm/ZnCETESB=60 ppm).
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
111
Finalizando a apresentação dos pontos de sondagem tem-se, na Figura 8.31,
o perfil estratigráfico do furo ST-22.
FIGURA 8.31: Perfil Estratigráfico – Análise Tátil-Visual – ST22.
Neste local aparece uma camada de areia de 2,70 m de espessura, sem lixo.
O limite de coleta de amostras foi à profundidade de 4,57 m encontrando um nível
d’água de 1,00 m, aproximadamente. Este ponto concerne a uma área de fronteira
com a fazenda vizinha e por conseguinte próximo a vala de retenção de chorume.
Notadamente, aponta-se, a inadequação do local confrontando aos objetivos da
área com o perfil acima mostrado, haja vista a grande concentração de areia,
material este de pouca capacidade de retenção para o ponto em questão.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
112
As análises granulométricas para o ponto ST-22 podem ser vistas na Figura
8.32.
ANÁLISE GRANULOMÉTRICA - SONDAGEM A TRADO - ST22
ARGILA
SILTE
AREIA FINA
AREIA MÉDIA
AREIA GROSSA
PEDREGULHO
50
45
TEOR DO MATERIAL (%)
40
35
30
25
20
15
10
5
0
0,00 - 0,30
0,30 - 0,57
0,57 - 0,73
0,73 - 1,15
1,15 - 2,05
2,05 - 3,10
3,10 - 3,47
3,47 - 3,95
3,95 - 4,57
ARGILA
21
17
25
28
32
25
24
28
40
SILTE
22
12
11
15
10
7
8
7
13
AREIA FINA
16
24
24
22
21
12
12
14
16
AREIA MÉDIA
30
36
31
26
28
46
46
35
22
AREIA GROSSA
10
10
9
9
9
10
10
15
9
PEDREGULHO
1
1
0
0
0
0
0
1
0
PROFUNDIDADE (m)
FIGURA 8.32: Análise Granulométrica - Sondagem a Trado – ST22.
A sondagem foi realizada até a profundidade de 4,57 m face as dificuldades
de coleta de amostras, além da característica do material e do grau de compactação
do solo. Na maioria das camadas verifica-se significativas concentrações de areia
média, exetuando-se, a quarta, quinta e nona camadas, em que ocorre a
predominância de argila (argila0,73 – 1,15= 28%; argila
1,15 – 2,05=
32% e argila
3,95 – 4,54=
40%). Este perfil pode ser considerado como areno-argiloso em sua totalidade, o
que ratifica a estratigrafia apontada na análise tátil visual. Esta areia poderia ser
considerada como um filtro para a retenção dos contaminantes, contudo, sabemos
que em se tratando de metais pesados tal afirmativa torna-se invalida, haja vista a
baixa capacidade de adsorção da areia para este tipo de material.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO VIII: APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
113
A seguir, no Gráfico 8.16, apresenta-se as concentrações dos metais
quantificados para o ponto ST-22.
CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS EM SOLOS - SONDAGEM A TRADO - ST-22
Al
Cd
Cr
Cu
Fe
Mn
Ni
Pb
Zn
100.000,00
10.000,00
CONCENTRAÇÃO (ppm)
1.000,00
100,00
10,00
1,00
0,10
0,01
0,00
0,00 - 0,30
0,30 - 0,57
0,57 - 0,73
0,73 - 1,15
1,15 - 2,05
2,05 - 3,10
3,10 - 3,47
3,47 - 3,95
3,95 - 4,57
PROFUNDIDADE (m)
GRÁFICO 8.16: Concentração de Metais Pesados em Solos – ST22.
O cromo possui concentração igual a 57,71 ± 12,88 ppm o que confere ao
furo de sondagem uma discordância aos valores indicados como referência,
segundo CETESB (2000). A situação ocorre de forma gradativa entre as camadas,
diretamente ao aumento de profundidade. Sendo assim, tém-se a situação critica no
ponto mais profundo (Cr3,95
– 5,04=
76,53 ppm). Criteriosamente, este parâmetro
apresenta-se maior concentração no ponto em que existe maior teor de argila.
Informa-se que os demais parâmetros encontram-se em conformidade com
os valores preconizados pela literatura mundial.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO IX: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 114
CAPÍTULO IX: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
SANTOS JR (2002)
CAPITULO IX: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 115
CAPÍTULO IX: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
9.1- DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DOS CONTAMINANTES
Os resultados descritos no capitulo anterior serão aqui discutidos segundo a
hipótese inicial do trabalho, ou seja, que o comportamento da contaminação da
área, por metais pesados, seguirá o relevo. Desta forma apresenta-se, na Figura
9.1, uma planta plani-altimétrica da área estudada objetivando a melhor ilustração
da topografia da área.
7596700.00
7596600.00
7596500.00
UTM Y
7596400.00
7596300.00
7596200.00
7596100.00
263500.00
263600.00
263700.00
263800.00
263900.00
264000.00
264100.00
UTM X
FIGURA 9.1: Planta Topográfica: Plani-Altimetrica.
É notório os locais de acúmulo de água segundo a topografia da área,
estando em conformidade com as hipóteses, inicialmente referendadas, no escopo
deste trabalho. Considerando estes regimes preferenciais, apresenta-se a seguir a
SANTOS JR (2002)
CAPITULO IX: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 116
distribuição espacial dos elementos quantificados começando pelo Alumínio (Al) na
Figura 9.2.
7596700
7596600
7596500
UTM Y
7596400
7596300
7596200
7596100
263500
263600
263700
263800
263900
264000
264100
UTM X
FIGURA 9.2: Isoteores de Al.
As maiores concentrações de Al encontram-se dentro da área em que
recebe, diretamente, o lixo. Desta forma pode-se atribuir tais concentrações ao
processo de sorção já que estas zonas não são saturadas. Apenas uma análise
meticulosa do líquido intersticial, que percola a zona não saturada em diferentes
profundidades no aterro, poderia associar a capacidade de retenção de
contaminantes por este solo com processos atenuadores de contaminação (e.g:
sorção).
SANTOS JR (2002)
CAPITULO IX: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 117
Na Figura 9.3 apresenta-se o comportamento do elemento Cádmio (Cd).
7596700
7596600
7596500
UTM Y
7596400
7596300
7596200
7596100
263500
263600
263700
263800
263900
264000
264100
UTM X
FIGURA 9.3: Isoteores de Cd.
As curvas de isoteores de cádmio mostram um gradiente sudoeste da
migração deste contaminante. Análogo ao alumínio, este poluente contrapõem ao
apontado inicialmente pelo autor deste trabalho, onde considerava a migração
segundo o fluxo superficial, ou seja, sudeste (SE); pois neste momento verifica-se
que, em caso de contaminação, existe uma tendência significativa ao transporte no
sentido sudoeste (SW). Isto pode indicar que esteja ocorrendo uma filtragem
natural, ou mesmo, lixiviação, podendo os contaminantes estar na coluna líquida, ou
mesmo, já inseridos à cadeia trófica.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO IX: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 118
Na Figura 9.4 apresenta-se o comportamento do elemento Cromo (Cr).
7596700
7596600
7596500
UTM Y
7596400
7596300
7596200
7596100
263500
263600
263700
263800
263900
264000
264100
UTM X
FIGURA 9.4: Isoteores de Cr.
Como citado no Capítulo anterior, verificou-se que este parâmetro excedeu
em diversos pontos os limites estabelecidos como referência pela literatura.
Contudo, ao interpolarmos as áreas para obtenção da espacialização deste
contaminante na área estudada, verificou-se um gradiente significativo a sudoeste,
principalmente, no centro de massa do lixão.
O local onde são excedidos os limites de referência de cromo são os que
recebem lixo a mais tempo. Os valores têm um comportamento crescente nas áreas
vizinhas ao lixão, principalmente no local de empréstimo de material de cobertura
(canto superior esquerdo). Pode-se inferir que exista uma contaminação por cromo
a montante da área de estudo, isto se deve, provavelmente, a associação deste
elemento com os íons dos argilo minerais existentes nas áreas supracitadas.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO IX: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 119
Os isoteores de Cobre (Cu) são apresentados na Figura 9.5.
7596700
7596600
7596500
UTM Y
7596400
7596300
7596200
7596100
263500
263600
263700
263800
263900
264000
264100
UTM X
FIGURA 9.5: Isoteores de Cu.
Ratificam-se os valores indicados no capitulo anterior, na análise de metais
pesados, onde este elemento não excedeu aos limites preconizados pela literatura.
Todavia ressalta-se a elevação das concentrações para o ponto próximo a lagoa no
sentido sudoeste, corroborando com os valores encontrados para os demais
elementos.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO IX: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 120
A Figura 9.6 mostra a interpolação da área para o elemento Ferro (Fe).
7596700
7596600
7596500
UTM Y
7596400
7596300
7596200
7596100
263500
263600
263700
263800
263900
264000
264100
UTM X
FIGURA 9.6: Isoteores de Fe.
Este elemento não possui o comportamento que os demais vem
apresentando, isto pode ser justificado pela existência de material argiloso nas
áreas em que aparecem as maiores concentrações, verificadas, principalmente, nas
áreas vizinhas e nos pontos citados como branco (próximo ao CIEP ou fora da área
de disposição).
SANTOS JR (2002)
CAPITULO IX: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 121
A distribuição espacial do elemento Niquel (Ni) é apresentada na Figura 9.7.
7596700
7596600
7596500
UTM Y
7596400
7596300
7596200
7596100
263500
263600
263700
263800
263900
264000
264100
UTM X
FIGURA 9.7: Isoteores de Ni.
Os valores obtidos na interpolação natural, para este elemento, apontam para
valores significativamente abaixo dos valores normais para solos. Isto se deve ao
fato de que em nenhum dos pontos este elemento excedeu o que indica os mais
diversos autores. Sendo a migração de contaminação, por níquel, exógena, ou seja,
um processo de dentro para fora, encontrou-se os valores mais representativos fora
da área de estudo.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO IX: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 122
A apresentação dos isoteores de Chumbo (Pb) é feita na Figura 9.8.
7596700
7596600
7596500
UTM Y
7596400
7596300
7596200
7596100
263500
263600
263700
263800
263900
264000
264100
UTM X
FIGURA 9.8: Isoteores de Pb.
Este elemento segue um comportamento similar ao cromo e ao cobre com
valores crescentes no sentido sudoeste, apresentando uma migração externa ao
lixão em pontos à montante a área de estudo. Os pontos mais críticos, que não
chegam a exceder os limites de referência citado pela literatura, apresentam-se na
extremidade esquerda do lixão próximo ao canal existente, do qual mantém a lagoa
à jusante.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO IX: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 123
Os isoteores de Manganês (Mn) são descritos na Figura 9.9.
7596700
7596600
7596500
UTM Y
7596400
7596300
7596200
7596100
263500
263600
263700
263800
263900
264000
264100
UTM X
FIGURA 9.9: Isoteores de Mn.
Segundo a literatura este elemento tem comportamento extremamente
variado, contudo os valores encontrados neste trabalho apontam para valores muito
menores aos que podem ser considerados como contaminação. Em se tratando de
distribuição espacial o manganês não seguiu um comportamento definido, tal qual
aos demais elementos quantificados.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO IX: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 124
Finalizando a apresentação da distribuição espacial dos metais pesados
quantificados mostramos a Figura 9.10 com o elemento Zinco (Zn).
7596700
7596600
7596500
UTM Y
7596400
7596300
7596200
7596100
263500
263600
263700
263800
263900
264000
264100
UTM X
FIGURA 9.10: Isoteores de Zn.
O zinco segue o comportamento espacial, até aqui seguido pela maioria dos
elementos, do sentido sudoeste e migrando para áreas vizinhas.
Este comportamento é justificado pelo elevado teor de argila nas áreas
vizinhas e apresentação de zonas não saturadas nessas áreas. Sabe-se que parte
da área estudada passa boa parte do ano submersa, devendo ser lixiviada, no
período de novembro a abril, o que atribui baixos valores a estes locais. Um outro
fator é a porosidade do material, ou até mesmo o aparecimento de zonas de fratura,
que possivelmente estariam servindo como sumidouro para estes contaminantes.
A contaminação pode estar, ainda, relacionada com a baixa capacidade do
solo reter contaminantes, resultante da migração horizontal dos elementos pela
zona saturada, ratificada nos perfis de solo (camadas de areia).
SANTOS JR (2002)
CAPITULO IX: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 125
9.2- DIFERENÇA ENTRE METODOLOGIAS DE COLETA DE AMOSTRAS
(SPT versus TRADO).
Neste tópico apresenta-se uma breve discussão sobre a influência da
metodologia de coleta de amostras nos resultados finais. Em muito se discute tal
interferência, contudo, pouco se atribui a coleta ou a possíveis falhas na execução
dos ensaios em laboratórios.
Desta forma considerou-se a média dos valores para cada ponto amostrado,
tanto os a trado (11), quanto os de SPT (06), para os parâmetros químicos.
Com o auxilio do teste T de Student verificou-se que não existe diferença
significativa entre os resultados e, por conseguinte, nos métodos de coleta. Isto
ocorreu para todos elementos, exceto para o alumínio e o manganês onde esta
hipótese foi recusada ao nível de significância de 5%, isto se deve, possivelmente,
ao tipo de material do equipamento, que no caso do trado é constituído de ferro.
9.3- ESTUDO DE CORRELAÇÃO.
Este item discute a correlação entre os pontos de coleta e os parâmetros
químicos avaliados. Na Tabela 9.1 apresenta-se o coeficiente de correlação de
Pearson para os diversos locais de amostragem.
TABELA 9.1: Coeficiente de Correlação de Pearson – Pontos de Amostragem
A maioria dos pontos possui uma boa correlação, com exceção do ponto ST12 e SP-10. Isto é perfeitamente compreensível uma vez que estes pontos estão
extremamente próximos. O que destoa é a baixa correlação entre os mesmos (0,262).
SANTOS JR (2002)
CAPITULO IX: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 126
Uma constatação importante é que os furos a trado possuem, em sua
maioria, uma correlação melhor que os furos a percussão, quando confrontados
entre si. Isto se deve, provavelmente, ao fato dos pontos terem uma amostragem
maior, uma menor dispersão de resultados e, possivelmente, uma melhor resposta
analítica. A Tabela 9.2 aponta os valores das correlações para os parâmetros
químicos analisados.
TABELA 9.2: Coeficiente de Correlação de Pearson – Elementos Químicos
Quantificados
Não se verifica nenhuma correlação entre os metais presentes na área de
estudo, isto ocorre em função do dinamismo do local, dos agentes externos entre
outros intervenientes (chuva, radiação solar, infiltração, lixiviação, etc.). Os
processos de propagação dos contaminantes em lixões, normalmente, são da
ordem de grandeza de 200 metros para 7 anos (Matos et al; 1995), logo, pouco há a
inferir sobre estes valores uma vez que o lixão da cidade possui aproximadamente
20 anos.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO IX: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 127
9.4- AVALIAÇÃO COMPARATIVA COM OUTROS LIXÕES
Neste item confrontar-se-á os valores supra citados com os encontrados na
área objeto de estudo, e ainda, com valores encontrados em outros lixões. Na
Tabela 9.3 mostram-se alguns elementos em alguns aterros no Brasil.
TABELA 9.3: Concentração de elementos em Aterros no Brasil.
ELEMENTO
ITATIBA
PIRACICABA
PAULÍNIA
CAMPOS DOS
(ppm)
(ppm)
(ppm)
GOYTACAZES (ppm)
Cd
0,05 – 0,40
0,06 – 0,30
0,05 – 0,1
0 – 0,65
Cr
2 – 47
28 – 110
7 – 87
1,25 – 105
Cu
3 – 116
3 – 117
2 – 37
0,1 – 86
Ni
2 – 54
8 – 63
1 – 298
0 – 15
Pb
26 – 221
8 – 239
36 – 197
0 – 24
Zn
55 – 354
43 –216
59 – 981
0 – 89
Fonte: Heitzamann (1999).
Os intervalos de concentração observados na tabela 9.3, para os elementos
cádmio, cromo e cobre possuem uma similaridade entre as diversas localidades,
contrário ao que ocorre com níquel, chumbo e zinco, onde as concentrações da área
de estudo são menores que as demais áreas. Isto se deve a um conjunto de fatores,
tais como: tempo de utilização da área, característica dos resíduos lançados no local
e volume descartado.
Para o elemento cádmio nota-se que a concentração máxima encontrada na
área de estudo extrapola todos os valores encontrados nos demais lixões, que
excede os limites normais estabelecidos por CETESB (2000), que para este
elemento é de valores inferiores a 0,5 ppm.
No caso do elemento cromo verifica-se uma propagação mais acentuada de
pontos que contrariam os valores estabelecidos como normais, sendo isto ratificado
pelo limite máximo encontrado de 105 ppm, o maior valor encontrado entre os lixões
supracitados. Pode-se explicar tal fato pelo lançamento indiscriminado de lodo de
curtume, atividade que se utiliza cromo.
SANTOS JR (2002)
CAPITULO IX: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 128
A menor concentração de cobre obtida na área em análise é inferior as
menores concentrações encontradas nas demais áreas, isto ocorre também para as
maiores concentrações. Este fato se repete ao avaliarmos o níquel, chumbo e zinco,
isto, muito provavelmente, se deve ao fato do lixão não receber uma quantidade
significativa de resíduos industriais, o que lhe confere uma característica,
essencialmente, urbana.
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO X: CONCLUSÕES
129
CAPÍTULO X: CONCLUSÕES
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO X: CONCLUSÕES
130
CAPÍTULO X: CONCLUSÕES
Neste tópico são itemizadas as conclusões obtidas neste trabalho. Tais
afirmativas são descritas abaixo:
! Existe uma contaminação de cromo na área à montante do lixão;
! Os valores de metais pesados encontram-se, na maioria dos casos, dentro dos
valores normais preconizados pela literatura, exceto o cromo que em grande
parte das amostras, aproximadamente, 80% encontraram-se acima dos limites
de referência para solos, indicados pela CETESB (2000).
! A propagação da pluma de contaminação segue o sentido Sudoeste – SW,
contrário ao que se propunha na hipótese inicial deste trabalho, Sudeste – SE; e
tem preferência pelo regime horizontal, uma vez que temos pouca infiltração
(áreas inundáveis);
! As concentrações em áreas vizinhas são mais expressivas que no próprio lixão,
o que se atribui às características do solo do local, ou seja, teores de argila e
profundas zonas de saturação, promovendo uma associação maior do elemento
com o solo;
! Não existe diferença entre os métodos de coleta de amostras no tocante a
variabilidade e/ou interferência nos resultados, com exceção do alumínio e o
manganês;
! Existe uma boa correlação entre os pontos de monitoramento, principalmente, os
realizados a trado, enquanto que não existe nenhuma correlação entre os
metais;
! Os intervalos de concentrações dos elementos estudados estão com
comportamento similar a lixões com características próximas ao da área
estudada.
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO XI: CONSIDERAÇÕES FINAIS
131
CAPÍTULO XI: CONSIDERAÇÕES FINAIS
SANTOS JR (2002)
CAPÍTULO XI: CONSIDERAÇÕES FINAIS
132
CAPÍTULO XI: CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste tomo indica-se as considerações acerca deste trabalho. Sabe-se que
as verificações feitas neste estudo apontam para um refinamento do monitoramento,
tanto do solo quanto das águas, devendo ser levado em consideração os seguintes
aspectos:
!
Medição de parâmetros físico-químicos, tanto para solo quanto para
água (pH, temperatura, potencial-redox e oxigênio dissolvido), para o perfeito
compreendimento dos processos geoquímicos envolvidos no transporte de poluente;
Dentro das recomendações sugeridas por este trabalho, observa-se a
necessidade do monitoramento das lagoas e águas subterrâneas da área e em
áreas vizinhas verificando a possível correlação entre estes corpos hídricos e o rio
Paraíba do Sul, ou até mesmo as lagoas de grande porte da localidade (ex.: Lagoa
do Campelo).
Uma outra sugestão é a modelagem númerica-computacional para a
otimização dos processos de monitoramento.
Outras recomendações de caráter genérico:
!
Análise quali-quantitativa dos argilo-minerais presentes nos locais
considerados como branco para o estabelecimento do “background” local, podendo,
assim diferençar a contaminação natural da antropogênica.
!
Ações de remediação são necessárias e, perfeitamente, justificadas
para este momento face à baixa concentração dos poluentes e pela pouca
mobilidade dos mesmos no local o que implica em uma significativa eficácia no
processo de descontaminação da área.
!
Os valores encontrados neste estudo foram somente referentes à
concentração
total
dos
elementos
sob
estudo,
não
considerando-se
a
disponibilidade desses elementos.
!
Aponta-se para a necessidade da especiação dos elementos estudos
neste trabalho objetivando o conhecimento da disponibilidade de cada elemento nos
diversos compartimentos biogeoquímicos.
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CAPÍTULO XII: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 133
CAPÍTULO XII: REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
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