Um percurso na educação ambiental
Mário Oliveira
ESECS-IPL
“Educação Ambiental para a Sustentabilidade - Trabalho em rede, propostas de intervenção”
Lisboa, 24 de Maio de 2012
Ação de divulgação da Quercus
Escola Secundária Pêro da Covilhã, a 9 de Maio de 1991
A importância da reciclagem nas sociedades de consumo modernas
OIKOS e QUERCUS
Escola C+S de Maceira-Lis, em 24 de Março de 1995.
V Encontro pedagógico sobre Risco de Incêndio Florestal
NICIF - Núcleo de investigação científica de fogos florestais.
Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, em 20 de Novembro de 1995
Conferência “A Memória e o Futuro da Educação Ambiental”
Torre do Tombo, Lisboa, 23 de Outubro de 1996
Em regime de destacamento na Oikos - Associação de Defesa do Ambiente e do Património
da Região de Leiria, ao abrigo de protocolo assinado entre os Ministérios do Ambiente e
da Educação
“O litoral entre Água de Madeiros e Pedrógão,
um ecossistema frágil a preservar -1996/1997”
Em regime de requisição, em1997/1998 na Direção Regional do Ambiente do Centro
“S. O. S. Litoral - Escolas Dinâmicas” e “Uma Escola, Um Rio, Uma Árvore”
3º Encontro sobre Educação Ambiental - Conjugar ambiente com futuro
Centro de Formação de Professores de Pombal, em 24 e 25 de Janeiro de 1997
VIII Encontro Nacional de Educação Ambiental
pelo IPAMB e Parque Biológico de Gaia, de 2 a 5 de Outubro de 1997
Jornadas Transfronterizas de Formación de Professorado en educación Ambiental
Consejeria de Médio Ambiente, Urbanismo y Turismo
Centro de Educación Ambiental de Cuacos de Yuste, de 20 a 22 de Novembro de 1997
1as Palestras PROSEPE- Escola Secundária Frei Heitor Pinto – Covilhã
“A Floresta não tem Olhos, a Escola Olha por Ela”
Covilhã, em 14 de Março de 1998
Em regime de destacamento, entre 1999/2003, na Ecoteca das Serras de Aire e Candeeiros,
em Porto de Mós, ao abrigo de protocolo assinado entre os Ministérios do Ambiente e da
Educação
Poda de Árvores Ornamentais
Ecoteca das Serras de Aire e Candeeiros
Porto de Mós, em 28 de Fevereiro de 2000
Seminário Coatwatch-Europe 99
GEOTA - Casa do Ambiente e do Cidadão, em 31 de Março de 2000
Conversas em bom Ambiente - Conversar tecnicamente sobre pedreiras no PNSAC
Ecoteca das Serras de Aire e Candeeiros, em 24 de Maio de 2000
2003/2004
Curso de Doutoramento “Programa Interuniversitario en Educación Ambiental”, no
Departamento de Teoria e História da Educación
Universidade de Santiago de Compostela
As representações sociais da bacia hidrográfica do rio Lis através da
imprensa local (1854-2004): ensaio histórico sobre a construção
social do ambiente e da educação ambiental
Jornais
6993
3610
Literatura
Representações
sociais da B. H. Lis
Entrevista
Postais
Categorias
O rio como
representação
estética e literária
O rio como ameaça
O rio, as obras e o
controlo dos
fenómenos naturais
O rio como agente
administrativo e
regulador do
território
O rio como recurso
NASCENTE – FONTES - CORTES
«Por conseguinte, só o revestimento das encostas, por plantas que não
demandem cultura e movimento de terra, conseguirá esse resultado […] fazendo
com que as areias deixem de affluir ao rio…» (O Districto de Leiria, 16/09/1883)
NASCENTE - CORTES
A povoação de Cortes é "...Uma Aldeia
Bonita..." em que "O casario, [...]
circundam o poético e formoso Lis;….“.
Todavia, constata-se a reivindicação de
remoção de cortelhos de suínos, por
serem "...indesejáveis para a saúde
pública... “ (O Mensageiro, 13/04/1967)
No programa «País, País» participou o presidente da Junta de Freguesia das
Cortes e foram referidos como principais problemas ambientais “…o saneamento
básico e a poluição do rio Lis." (RL, 13/02/1981)
NASCENTE
"Como é possível deixar morrer o rio Lis [...], haver tão pouco peixe no rio Lis e já lá
vão duas mortandades em 1993?" (RL, 26/03/1993)
As nascentes do rio Lis deitaram água branca, eventualmente devido a “…
contaminação miocrobiológica…” e/ou carbonato de cálcio de exploração mineira (RL,
30/04/1993)
" ...assim como a nascente do rio Lis onde, curiosamente observámos (António Pena,
biólogo) duas cobras d'água-de-colar..." (RL, 29/04/1994)
CIDADE – AS CHEIAS
«Com as prolongadas chuvas […] estiveram quasi completamente entupidos os
arcos da velha ponte sobre o rio Liz, n’esta cidade. […] É urgentíssima a
demolição d’aquelle colosso, hoje submergido em areia…» (O Districto de Leiria, em 14/01/1883)
"Espero que os homens, senhores de modernos recursos, saibam evitar novas
cheias na cidade, sempre desagradáveis para quem tem de suportar os seus
ruins efeitos“ (O Mensageiro 02/05/1963)
CIDADE – AS ÁRVORES E O AMBIENTE URBANO
“…substituam nos marachões do Liz e do
Mondego os choupos por eucaliptos, e assim
crearão uma grande riqueza florestal, extinguindo
ao mesmo tempo esses medonhos viveiros de
sezões!...” (A Opinião, 05/01/1890)
"A antiga mata dos eucaliptos (margem direita)
encontra-se actualmente transformada em pecego
caréca!" (O Mensageiro, 01/03/1924)
Reclamação da Comissão da Iniciativa "...mutilação
mandada executar nas árvores (plátanos) que
orlam a margem esquerda do Rio Liz,..." (O Mensageiro,
30/05/1935)
Concurso Internacional de Pesca no Rio Lis já movimenta a "...princesa do Lis... […] no verde
cenário da beira rio, entre choupos velhos e plátanos frondosos, a fazerem sombra
às límpidas águas do Lis.“ (O Mensageiro, 09/07/1960)
CIDADE – AS ÁRVORES E O AMBIENTE URBANO
“Na longa alameda macadamizada que vai junto
ao rio, entre dois renques de velhos choupos,
entreviam-se vestidos claros de senhoras
passeando”
in Queirós, Eça (2008). O crime do padre Amaro (versão de 1880). Lisboa: Editora Livros do Brasil. (pg.27)
“A seus pés (de Elvira e Caldeira), a agua corria
sobre a areia num murmurio suave e brando, os
grillos entre a relva confundiam o seu cantar
agudo com o rouco grasnar das rãs que saltavam
na agua lodosa, e uma ligeira brisa descendo dos
montes agitava os esguios eucalyptos e choupos
que se erguiam pelas duas margens do rio, num
arquejar frouxo de folhagens. Como se fosse já
tarde levantaram-se, e a cidade appareceu-lhes
então ao longe com as suas luzes tremulas
brilhando no escuro, …”
in Albuquerque, António de (1904). Escandalo! Scenas da vida de província. Porto: Livraria Editora Viúva Tavares Cardoso. (p.
229, 230)
CIDADE
“O Rocio de Leiria é incontestavelmente uma
praça magnífica, o seu passeio […] pelo lado do rio,
chamado o marachão; é belo, e logo que vingue a
plantação que lhe fizeram à roda, á-de ficar tudo
lindíssimo.
Desgraçadamente porém uma das belezas
d’esta praça está perdida, o mimoso tapete de relva
que a ornava em quazi toda a extensão vai-se
extinguindo para nunca mais voltar.
Era inpreterivelmente esse o resultado a
esperar do consentimento que deu a il.ma câmara,
para que ali se fizesse a feira de gado; pois é coiza
averiguada que as urinas dos animais queimam
toda a qualidade de vegetação.
[…] pedimos em nome do aceio, em nome da
beleza d’aquela praça, que se tomem medidas para
tornar o mal o menos possível.
[…] o vapor amoniacal que se levanta d’ali e de
todo o Rocio, fede que trezanda, e o chão está
coberto de escrementos, de modo que não se pode
por ali passar.” (O Leiriense, 04/10/1854)
CIDADE - MATADOURO
“É espantosos o que se vê fazer no rio Liz n’esta epoca: lavagem de roupa na
altura da fonte grande!!
Não sabemos o qual admirar, mais se o desleixo de quem tal devia prohibir
se a falta de asseio de quem a manda lavar, porque na verdade, lavar roupa n’um
rio que traz um fio metade agua e metade dejectos, não é de bom criterio nem de
escrupuloso asseio.” (O Districto de Leiria, 07/09/1901)
Lis tornou-se receptor de efluentes do
"...matadouro, onde as águas se emporcalham
com as lavagens, vísceras e fezes de alguns
animais abatidos, num cortejo pestilencial [...]
onde parecem roupa de leprosos..." (RL, 19/09/1970)
CIDADE – HOSPITAL
"E as águas imundas e repelentes que continuam a vir do Hospital..." (RL, 12/06/1981)
"Não sujem o Rio, não turvem as águas… […] O ensanguentado penso, a ligadura
[…] Poluindo o Rio..." (RL, 20/12/1981)
"...vazadouro para determinados e perigosos tipos de detritos (hospitalares)…”
(RL, 14/04/1989)
CIDADE
Relacionando poluição , civilização moderna e padrões de consumo, refere-se que
"O lixo já transvazou para o rio. É ver os esgotos correntes..." e constata-se a
adopção de nova terminologia técnica, podendo ler-se " O termo moderno do lixo
é a «poluição»“(RL, 05/12/1970)
"...o estado do rio, tão poluído, na parte que atravessa a cidade, que é um perigo
para a saúde pública. Descargas de vez em quando no açude ao fim do Bairro dos
Anjos seria o remédio, e tão simples" (RL, 26/07/1975)
"Este nosso rio tem estado cada vez mais repelente [...] colector de esgotos [..]
lixos, as garrafas, os plásticos, os papéis, os paus, as latas, os pneus velhos..."
(RL, 20/03/1981)
CIDADE
Autoridade de Saúde afirma que "...matéria gordurosa negra...", resultante da
actividade de lagareiros é "...perigo público para a Saúde..." (RL, 06/12/1991)
“A água do Lis é perigosa provam as analises feitas em oito pontos do seu trajecto
pela OIKOS. […] É a confirmação científica do que já se sabia. Atenção, as pecuárias
são grandes responsáveis…” (RL, 21/12/1990)
"O rio Lis está poluído […] está
sujo! [...] Tem pneus velhos,
papéis, cartões e folhas de
árvore velhas. [...] fábricas
tem uns tubos que vão dar ao
rio e saem por lá coisas que já
não prestam..." (RL, 01/06/2001)
CIDADE – URBANISMO
“Uma nova ponte sobre o rio Lis, no prolongamento da Avenida Heróis de
Angola...“ (RL, 14/04/1985)
"Aproximar a cidade do rio, não quer, necessariamente, dizer construir junto às
suas margens" (RL, 08/06/1990)
Os planos de pormenor "Leiria Centro" e " Santo Agostinho", estão em consulta
pública, a efectuar pela LeiriaPolis , visando modificar a relação dos leirienses com o
Lis, pois "... a cidade está de facto virada de costas para o rio." (RL, 30/08/2002)
"Leiria no euro 2004 […] As margens do rio Lis foram transformadas em agradáveis
zonas pedonais,...“ (RL, 11/06/2004)
"...ou o Polis que está a permitir, embora a passo de caracol, requalificar as
margens do Lis." (RL, 13/08/2004)
CAMPOS – ASSOREAMENTO
«…a restauração completa e definitiva dos campos do Liz exige, como condição
imprescindível, que se ponha termo à continua invasão do leito do rio pelas
enormes aluviões de terras movediças, que, arrastadas das encostas pelas aguas
torrenciais e transportadas pelos ribeiros, vem precipitar-se no rio.» (O Districto de Leiria,
16/09/1883)
«…impondo-se como uma necessidade urgente, a regularização do regímen da
bacia do rio Liz, fixação das areias que são causa do assoriamento do rio e a
abertura da sua foz….» (O Districto de Leiria, 19/10/1901)
CAMPOS – PALUDISMO - CHEIAS
“…E que se não diga que a cultura do arroz é prejudicial á saude publica. Estão
cientificamente estudadas as bases d’essa cultura. O represamento das aguas só é
prejudicial, quando muito prolongado. Cria-se á sua superficie uma variedade perigosa de
insectos alados – anopheles – que, picando a nossa derme, nos inoculam as sezões e
paludismo.
[…] Demais o campo do Liz tem hoje, e cremos que teve sempre, pântanos onde as aguas
estagnam com grave risco da saude dos povos limitrofes… .” (Leiria Ilustrada, 26/07/1913)
"As estradas estão intransitáveis e os campos cobertos d'água, levando O rio Liz grande
enchente." (O Mensageiro, 16/02/1929)
A propósito das lendas de Monte Real, fala-se dos "...prados verdejantes do Liz..." e "...os
formosos campos do Liz...“ (O Mensageiro, 04/10/1941)
CAMPOS – PALUDISMO
“Os homens eram magros, requeimados pelo sol, pálidos, com as mucosas
desbotadas e os beiços lívidos, tinham o olhar triste e dilatado dos
convalescentes. Alguns vestem gabões, apesar do ardente calor do sol a pino. As
mulheres, mais macilentas que os homens e tão tristes como eles, tinham em
grande parte lenços pretos, o que é nas aldeias sinal de luto.
Ouvia-se o dobrar do sino. Estávamos no campo ubérrimo de Leiria, onde entre
a frescura das várzeas o fantasma esquálido da febre, como a divindade aquática
do sítio se espelha na superfície dormente dos pântanos.”
in Ortigão, Ramalho (1945). As Farpas (Vol XII). Lisboa: Livraria Clássica Editora. (p. 89-94)
CAMPOS - POLUIÇÃO
"...aparece a poluição / correm águas azuladas / com as químicas de
cortumes / [...] / turvo, negro e imundo / [...] / sujo e desprezado / [...] / corre
sangue no rio Lena....." (RL, 31/12/1987)
"Ainda e sempre a poluição do Lis […] resíduos pecuários, animais mortos
lançados ao rio, peixe morto...[…] descargas periódicas de produtos tóxicos"
(RL,
01/07/1988)
"O rio Lis parece um jardim! Como transporta mais estrume do que água, tem
zonas em que nos oferece uma mini-amazónia!!" (RL, 14/08/1998)
Hoje pelas
suas margens
CAMPOS
- POLUIÇÃO
Do velho e débil Rio Lis
Quem o conheceu límpido
Cheio com peixes a saltar
E agora o apanha insípido
Nunca deixa de murmurar:
Que aquilo jamais se faz
Não se mata o touro de bravio
E só merece quem é capaz
De matar a essência a um rio.
Muita marca de poluição
Na muralha que o rodeia
Fez das suas a putrefacção
Deixando negra sua areia.
Dejectos de fábricas lá vão
Como resíduos de Hospital
FOZ
A foz, não esteve nunca a salvo da imagem de destruição associada ao rio, já que «O rio Liz […]
correu uns oitocentos metros para sul até dentro da povoação de modo que já foram
arrebatadas pelas águas grande número de casas de madeira vulgarmente conhecidas por
barracas…» (O Districto de Leiria, em 17/12/1882) facto que se repetiria, embora com menos gravidade,
«Apesar de não ter havido cheias este anno, […] as águas do rio, passaram a estacaria para
o lado da povoação indo lançar o sobressalto nos donos das barracas da praia .»
(O Districto de Leiria, em 18/04/1903).
"Milhares de peixes mortos na Praia de Vieira de Leiria" (RL, 21/12/1986)
"O rio Lis e a fábrica de celulose da Leirosa,
funcionam como ameaças latentes para a
praia (da Vieira)." (RL, 10/07/1992)
LIS E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL
"...exploração do rio Lis, da nascente à foz, com participação dos alunos de
Ecologia das escolas Secundárias..." (RL, 25/05/1990)
"O Rio Lis
entre a natureza
e a história"
(RL, 12/10/2001)
Colóquio
"Rio Lis - Que futuro?”
(RL, 02/02/1996)
Agradecido
Obrigado pela atenção
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Cobertura editorial entre
1854 e 2004
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"Um Percurso na Educação Ambiental"