. TRANSFORMADORES Os transformadores vêm sendo aplicados nos diversos ramos da eletroeletrônica, desde circuito de geração, transmissão, distribuição de energia e também nos circuitos eletrônicos. Um transformador é um dispositivo com a finalidade de transmitir energia elétrica ou potência elétrica de um circuito a outro, convertendo tensões, correntes e ou de modificar os valores da impedância elétrica de um circuito. Trata-se de um dispositivo de corrente alternada que opera baseado nos princípios eletromagnéticos da Lei de Faraday e da Lei de Lenz, podemos verificar um exemplo na Figura 1. Figura 1. Transformador de baixa potência Existem diversos modelos de transformadores, mas todos adotam o mesmo princípio que é a utilização do campo magnético como forma de acoplamento. As exigências técnicas e econômicas impõem à construção de grandes usinas elétricas, de forma geral as localizadas fora dos grandes centros de aproveitamento, pois devem utilizar a energia hidráulica dos lagos e rios das montanhas. Surge assim a necessidade do transporte da energia elétrica pôr meio de linhas de comprimento notável. Devido a fatores econômicos e de construção, as seções dos condutores destas linhas devem ser limitadas, o que torna necessária a limitação da intensidade das correntes nas mesmas. Assim sendo, as linhas deverão ser construídas para funcionar com uma tensão elevada, que em certos casos atinge a centenas de milhares de volts. Estas realizações são possíveis em virtude de a corrente alternada poder ser transformada facilmente de baixa para alta tensão e vice-versa, por meio de uma máquina estática, de construção simples e rendimento elevado, que é o transformador. 1.1. PRINCIPIO DE FUNCIONAMENTO Quando o indutor é conectado a um fonte de alimentação em corrente alternada ocorre o surgimento de um campo magnético induzido. Quando um segundo indutor é imerso sobre esse campo magnético, ocorre o processo de indução, onde o campo magnético é convertido pelo indutor em forma de tensão induzida. No modelo básico de um transformador sua estrutura é formada pôr duas bobinas isoladas eletricamente e enroladas em torno de um núcleo comum. Para se transferir a energia elétrica de uma bobina para a outra se utiliza o artifício do acoplamento magnético. A bobina que recebe a energia de uma fonte CA recebe a denominação de primário. A bobina que fornece energia para uma carga CA é designada como secundário. O núcleo dos transformadores usados em baixa freqüência é feito geralmente de material magnético, comumente se usa aço laminado. Os núcleos dos transformadores usados em altas freqüências são feitos de pó de ferro e cerâmica ou de materiais não magnéticos. Algumas bobinas são simplesmente enroladas em torno de fôrmas ocas não magnéticas como, por exemplo, papelão ou plástico, de modo que o material que forma o núcleo na verdade é o ar. Se considerarmos que um transformador funcione sobre condições ideais, a transferência de energia de uma tensão para outra se faz sem nenhuma perda. Figura 2. Aspecto construtivo de um transformador A tensão elétrica induzida no secundário de um transformador é proporcional ao número de linhas magnéticas que transpassa a bobina do secundário, por esse motivo as bobinas são montadas sobre um material ferro magnético, de forma a diminuir a dispersão das linhas, concentrando o campo magnético sobre a bobina do secundário. Com a utilização de um núcleo magnético para a melhora do fluxo magnético, contudo surge o problema de aquecimento, devido utilização de um núcleo maciço, assim utiliza-se chapas de ferro silicoso para construção do núcleo. Com o núcleo laminado ocorre a redução das correntes parasitas também conhecidas como correntes de Focault. 1.2. TRANSFORMADORES COM MAIS DE UM SECUNDÁRIO Este modelo de transformador tem grande aplicação na área da eletrônica, transformadores com mais de um secundário permitem a disponibilização de vários níveis de tensão elétrica em seu secundário, a mesma filosofia se aplica para o circuito do primário. Figura 3. Transformador com mais de um secundário 1.2.1. Associação de bobinas em transformadores Em transformadores com mais de um secundário é possível realizar a associação destes a fim de obtermos valores diferenciados de tensão na saída sem necessidade de alteração do bobinado conforme pode ser observado nas figuras seguintes. Figura 4. Soma de Potenciais no secundário Figura 5. Subtração de potenciais no secundário Figura 6. Potenciais iguais com sinais invertidos Figura 7. Potenciais iguais com igualdade de sinal 1.3. RELAÇÃO DE TRANSFORMAÇÃO Considerando, um transformador ideal, sendo o fluxo total,Φ, o mesmo em ambas as bobinas, já que se desprezam os fluxos dispersos e o núcleo tem µ→ ∞, as f.e.m. ’s, ε1 e ε2, induzidas nessas bobinas podemos escrever a expressão: Para obtenção da relação entre a tensão do primário e secundário: Sendo Rt denominado de relação de espiras ou relação de transformação. dN φ εν == dN φ εν == Esta é a primeira propriedade do transformador que é a de transferir ou refletir as tensões de um lado para outro segundo uma constante Rt. 1.4. TIPO DE TRANSFORMADOR QUANTO A RELAÇÃO DE TRANSFORMAÇÃO No que refere-se a relação de transformação podemos classificar os transformadores em três tipos: a) Transformador elevador; b) Transformador rebaixador; c) Transformador isolador; 1.4.1. TRANSFORMADOR ELEVADOR Este tipo de transformador tem como caracteriza a elevação de tensão no secundário, ou seja, a relação de transformação é menor do que 1(Np<Ns). 1.4.2. TRANSFORMADOR REBAIXADOR Nesta condição o transformador fornece no secundário um valor de tensão inferior a do primário sendo a relação de transformação maior do que 1 (Np>Ns). 1.4.3. TRANSFORMADOR ISOLADOR Os transformadores isoladores são muito utilizados em locais onde se deseja isolar eletricamente duas redes, tem grande aplicação em laboratório de eletrônica, como característica a relação de transformação é igual a 1(Np=Ns). 1.5. RELAÇÃO DE POTENCIA EM TRANSFORMADORES A quantidade de energia absorvida da rede elétrica e denominada potência elétrica do primário, se partimos do conceito que trata-se de um transformador ideal não teremos perdas por aquecimento, perdas magnéticas e assim toda a energia que foi absorvida da rede será convertida, ou seja a potência elétrica será idêntica para primário e secundário. A partir da relação de potência entre primário e secundário podemos obter as correntes de cada malha, já que P=V.I. 1.6. ESPECIFICAÇÃO DE TRANSFORMADORES A especificação de transformadores deve fornecer no mínimo as seguintes informações: a) Tensões do primário; b) Tensões do Secundário; c) Correntes do Secundário; Para a especificação 120/220V 12V-2A 24V-1A apresenta um transformador com as características: a) Primário: Entrada 120V ou 220V; b) Secundário: Uma saída com 12V-2A; Uma saída com 24V-1A; 1.7. RELAÇÃO DE FASE ENTRE AS TENSÕES PRIMARIO E SECUNDÁRIO A tensão induzida no secundário do transformador é gerada quanto o fluxo magnético Φ corta as espiras do secundário gerando um fem. Induzida, como a tensão induzida é sempre oposta à tensão indutora, podemos afirmar que a tensão no secundário tem sentido inverso a forma de onda do primário, ou seja, estão defasadas em 180º com relação à tensão no primário. Com base na inversão de ciclos entre primário e secundário, nota-se que ocorre a inversão de polaridade para cada semiciclo. 1.8. TRANSFORMADOR COM DERIVAÇÃO CENTRAL SECUNDÁRIO Com grande aplicação na eletrônica os transformadores com tap central fornecem para um mesmo secundário dois níveis de tensão. Normalmente o tap central fica aterrado fornecendo uma referencia de terra, ou seja, nível de 0V. Com a mesma característica do transformador referido anteriormente ocorre a defasagem de 180º entre o primário e secundário com relação a tensão, porém neste transformador temos dois canais de utilização 1.9. AUTOTRANSFORMADORES Um autotransformador é um componente cujos enrolamentos primário e secundário coincidem parcialmente. Conforme se ilustra na Figura 8, os acessos ao primário e ao secundário são coincidentes ou com as extremidades ou com pontos intermédios do enrolamento, sendo um dos terminais do primário sempre coincidente com um dos do secundário. O autotransformador pode se comportar como rebaixador ou como elevador dependendo da forma como foi retirado os terminais de conexão. Figura 8. Autotransformador diagrama de funcionamento Em qualquer dos casos, a relação de transformação é dada pelo cociente entre o número de espiras. N Rt = Uma das conseqüências da coincidência parcial entre os enrolamentos do primário e do secundário é a perda de isolamento galvânico entre as bobinas. Porém o autotransformador apresenta um vasto conjunto de vantagens face aos transformadores comuns, como no que concerne ao seu custo (um único enrolamento e em certos casos, com condutores de menor secção), ao volume, à queda de tensão e ao rendimento (menores perdas nos enrolamentos). Os autotransformadores são vulgarmente utilizados na elevação e na redução da tensão em redes de distribuição de energia elétrica, na sintonia e adaptação entre antenas e pré-amplificadores em receptores de telecomunicações. 1.10. SIMBOLOGIA DE TRANSFORMADORES Figura 9. Simbologia de transformadores