Bioeletricidade e Contração Muscular As células vivas apresentam uma diferença de potencial elétrico entre os dois lados da sua membrana: o interior é negativo e o exterior é positivo. A origem dos potenciais ocorre pela distribuição dos íons dentro e fora da célula, especialmente Na+, K+, Cl- e HPO42-. O potencial pode ser de dois tipos: a) de repouso (estacionário): b) de ação (variação e propagação brusca do potencial, conduzindo mensagens entre células). Experimentalmente os potenciais são medidos por milivoltímetros, miliamperímetros e osciloscópio. Potenciais Não-Biológicos a) Difusão passiva de íons através de membrana permeável: Ex.: soluções de NaCl ou de NaH2PO4 b) Difusão ativa de íons por aplicação de potencial ativo por trabalho elétrico de pilha. Potenciais Biológicos Quando se aplica o eletrodo ativo do lado de fora da célula e o eletrodo referencial dentro da célula, observamos a diferença é de +85mV. Quando se aplica o eletrodo ativo dentro da célular e o eletrodo referencial fora da célular, observamos a diferença de –85mV. Essa distribuição indica que a célula tem uma diferença de cargas: o lado externo é positivo e o interno negativo e ogradiente de voltagem é 85mV. Por convenção o potencial interno é –85mV e o externo 0mV. Potencial de Repouso (estacionário) Baseia-se num mecanismo de alternância entre transporte ativo e passivo de pequenos íons, especialmente Na, K e Cl1a. fase: Os íons Na+ entram na célula por transporte passivo, através do gradiente de concentração. 2a. fase: Os íons Na+ são expulsos e os de K+ intorduzidos ativamente na célula. 3a. fase: Os íons K+ saem da célula passivamente,deixando o lado externo positivo e o interno negativo (devido ao fosfato e proteínas aniônicas que permanecem no interior). Os íons envolvidos representam um parte ínfima da concentração destes íons. Pode-se dizer que a concentração iônica permanece praticamente constante durante todo o tempo. Potencial de Ação O potencial de repouso pode ser anulado se for aplicado um potencial de mesma magnitude, porém polaridade inversa. Este potencial pode ser químico, elétrico, eletromagnético ou mecânico. Algumas células são auto-excitáveis pois controlam ciclos repetitivos (batimentos cardíacos e freqüência respiratória). Nos tecidos excitáveis, quando aplicação ocorre, desenvolvem-se três fases na célula que duram alguns milissegundos: 1) despolarização: se inicia no local da membrana que recebe a excitação. Abertura dos canais de Na+ com penetração diminuta de Na+ suficiente para anular a diferença de potencial transmembrana. 2) Polarização invertida: inversão da polaridade. Continua a entrada de Na+ e com um pouco mais desses íons a parte interna fica positiva. 3) Repolarização: volta ao normal da polaridade. a. Fecham-se os canais de Na e o íon K+ sai passivamente da célula, repolarizando-a. A bomba de sódio se encarrega de expulsar a pequena quantidade de Na que restou no interior da célula. O potencial de ação se propaga através das células. As fibras nervosas podem ter metros de comprimentos e são especializadas na propagação do potencial de ação. Exemplo de variações no potencial de repouso e de ação. O aumento do K+ externo diminui o potencial de repouso, pois saimenos K+ do interior da célula passivamente. Exemplo: Cloreto de potássio. Nervos Amielinizados: a membrana do axônio está em contato direto com o tecido vizinho. Nervos Mielinizados: a membrana do axônio é envolvida pelas células de Schwan, cuja membrana é rica em uma lipoproteína chamada mielina. As partes descobertas são os nódulos de Ranvier. Nos nervos mielinizados, a troca iônica se faz apenas no nódulo de Ranvier e a condução é saltatória (mais rápida e eficiente). Sinapses inibitórias e excitatórias A transmissão do impulso nervoso entre duas fibras nervosas ou entre uma fibra e um órgão efetor (músculo, glândula etc.) é feita através da sinapse. A transmissão da membrana pré-sináptica para a pós-sináptica é feita por um mediador químico (mais comum, menos rápida) ou contato elétrico (menos comum, mais rápida). O mediador químico, chamado neurotransmissor, pode atuar propagando o potencial de ação entre as membranas pré e pós-sináptica ou atuar bloqueando a transmissão. Sinapse excitatória: o PA chega na membrana pré-sináptica e desencadeia a liberação do neurotransmissor na sinapse. O mediador atravessa a fenda sináptica, se liga a receptores específicos, desencadeando a mensagem para os canais de Na+ se abrirem. A penetração do Na+ despolariza a membrana pós-sináptica e inicia um potencial de ação que continua no mesmo sentido do anterior. Sinapse inibitória: o neurotransmissor liberado aumenta a permeabilidade principalmente do Cl- que penetra na membrana póssináptica hiperpolarizando negativamente o interior. Assim, quando o PA chega nesta membrana, não consegue despolarizá-la e não se propaga. Nas sinapses parassimpáticas, o neurotransmissor é a acetilcolina. Nas sinapses simpáticas, o neurotransmissor é a noradrenalina. Exemplo: toxina do Clostridium botulinum impede a liberação de acetilcolina, gerando paralisia. Contração Muscular Músculos são formados por conjuntos de fibras musculares Fibras lisas: contraem-se mais lentamente, porém a contração pode durar mais tempo. Encontram-se nas vísceras. Fibras estriadas: contraem-se mais rapidamente, porém a contração dura pouco. Encontram-se nos músculos esqueléticos e cardíacos. Tipos de contração muscular: a) Isométrica: não há alteração no comprimento do músculo. Não há alteração no comprimento do músculo. b) Isotônica: o músculo se contrai e seu comprimento diminui. Níveis Estruturais do Músculo O músculo é organizado de modo a obter: Uma membrana celular capaz de conduzir o potencial de ação do nervo eferente até as demais fibras mais profundas do músculo; Estruturas e vias de geração energética que regulam a quantidade de cálcio e ATP disponível para a contração muscular; Disposição altamente organizada de proteínas para o encurtamento celular. O músculo é composto por várias fibras musculares. A fibra muscular é composta por várias miofibrilas. Uma miofibrila é organizada em sarcômeros. Os sarcômeros vão de uma linha Z a outra e são as unidades funcionais da contração muscular. Nos sarcômeros estão as bandas A (escuras) e bandas I (claras). No centro de cada banda A, encontra-se a banda H, que por sua vez é atravessada por uma fina linha M. Cada banda I é dividida pela linha Z.