DEPRESSÃO INFANTIL A depressão na infância chama a atenção de profissionais que atuam na clínica infantil. Goodyar apud Zaniboni(2009) em pesquisas norte americanas aponta que a incidência do transtorno depressivo na infância e adolescência é de 1,8 a 8,9%. Já Massa apud Zaniboni(2009) em sua pesquisa na Espanha, aponta que a depressão em crianças menores de 12 anos está em torno de 9%. Entre os principais fatores de risco para a depressão infantil, o principal é a depressão em um dos pais, seguido por histórico de depressão na família, e também por estressores ambientais, abuso físico e sexual e perda de um dos pais, irmão, ou alguém próximo. (Bahls, 2002) Calderaro & Carvalho (2005), completam ainda dizendo que outros fatores que influenciam de forma direta no aparecimento da depressão, são as condições sociais, configuração familiar, a função materna, o inicio do funcionamento psíquico e o superego. O primeiro episódio depressivo costuma durar entre cinco a nove meses, e 74% dos casos costumam apresentar melhora no primeiro ano, e 92% após o segundo ano. O risco de recorrência da depressão na infância é de 33 a 80%, que pode se estender até a vida adulta, o que representa alta vulnerabilidade para transtornos depressivos. Os fatores preditores de recorrência são o início precoce, a gravidade do episódio, a presença de sintomas psicóticos, presença de estressores, episódios anteriores, comorbidade e ausência de tratamento. (Bahls,2002) Para ser diagnosticada, a depressão infantil atende aos mesmos critérios estabelecidos pelo DSM-IV para a depressão em adultos, como tristeza, alteração do sono e apetite, entre outros. A seguir, segue uma tabela com as principais características da depressão infantil, retirada do trabalho “Depressão Infantil”, de Sigolo(2008): IDADE/FASE SINTOMA Em Bebês: - Expressão facial triste; – Apatia; – Perda de peso ou dificuldade em se ganhar o peso esperado para a idade; - Choro frequente sem causa orgânica; - Insônia; - Irritabilidade; - Atraso da linguagem ou da parte motora; Fase pré-escolar - Inquietação motora; - Retraimento e choro freqüente; - Recusa em se alimentar; - Perturbação do sono; apatia; - Não resposta à estímulos visuais e verbais; - Mudança súbita e inexplicável de comportamento; - Queixas de dores de cabeça e de estômago; - Dificuldade de se separar ou separações sem reação; - Isolamento social; - Linguagem, movimento ou reações lentas; De 7 a 12 anos - Sintomas somáticos – dores abdominais, falha em adquirir peso esperado para a idade; - Fisionomia triste e/ou de lamentação; - Irritação; – Diminuição de apetite; - Agitação psicomotora ou hiperatividade; - Retardo psicomotor; - Distúrbio do sono; - Balanceios, estereotipias ou outros movimentos repetitivos; - Auto e hetero agressividade,colocando-se em situação de perigo; - Regressão da linguagem, ecolalia; Segundo Lima (2004), quanto menor a idade, mais somáticos são os sintomas, já que elas ainda não tem capacidade para se expressar. Quando as crianças são maiores ou adolescentes, os sintomas se aproximam mais com os sintomas dos adultos. Segundo Lazzarin(2009), alguns autores sugerem a diferenciação dos sintomas depressivos quanto ao gênero, sendo que tristeza e choro são sintomas mais freqüentes em meninas, enquanto irritabilidade é mais freqüente em meninos. Um motivo que dificulta muito o diagnóstico da depressão infantil é a comorbidade com outras patologias. Para Calderaro&Carvalho(2005), os principais sintomas associados à depressão infantil são a irritabilidade, medo, dores somáticas, distúrbios do sono, TDAh, recusa em ir para a escola, entre outros. O diagnóstico pode demorar para ocorrer, comprometendo o desenvolvimento da criança, que acaba tendo que utilizar mecanismos de defesas que comprometem o desenvolvimento de estruturas e de sua personalidade que são desenvolvidos durante a infância. É fundamental que o diagnóstico seja feito rapidamente para que o desenvolvimento da criança não seja comprometido. Segundo Fichtner, citado por Huttel, Kisxiner, Bonetti&Rosa (2011), o prejuízo no desenvolvimento infantil acarretado pela depressão infantil pode ser em nível físico, cognitivo, psicomotor e psicossocial, afetando principalmente as habilidades necessárias para a aprendizagem. Além disso, afeta também a família e o grupo em que a criança está inserida. De acordo com Buzaid, citado por Huttel, Kisxiner, Bonetti&Rosa (2011), há uma retração do eu na experiência depressiva, independentemente do momento da vida em que ela ocorre. Com essa retração, ocorre a diminuição do contato com o ambiente, a qual se manifesta pelo desinteresse, falta de reatividade, anedonia e fadiga constante, o que leva ao estreitamento e à limitação dos horizontes, pois o indivíduo depressivo afastasse do convívio com os outros. Outro motivo importante para o diagnóstico não demorar para ser realizado é a alta incidência de suicídios. Segundo um levantamento da Organização Mundial da Saúde, o suicídio é a terceira causa de morte em adolescentes de 15 a 19 anos (Wasserman, 2005). Segundo Calderaro & Carvalho(2005), as crianças depressivas envolvem-se, normalmente, em situações que oferecem perigo à sua integridade física. Na maioria das vezes têm consequência do perigo, no entanto, conflitos inconscientes predominam e levam-na a emitir determinados comportamentos de risco, numa tentativa de mobilizar a atenção das pessoas para que percebam o seu sofrimento. Referências Bibliográficas: Neves, P.F.S. A investigação da depressão infantil através do desenho. Trabalho apresentado na Mostra de TGI do Curso de Psicologia, 2011.