O JORNAL DE MAIOR CIRCULAÇÃO E TIRAGEM DO RIO GRANDE DO SUL — FUNDADO EM 1º DE OUTUBRO DE 1895
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ANO 104 – Nº 339
PORTO ALEGRE, SÁBADO, 4 DE SETEMBRO DE 1999
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recebe hoje o
presidente Chávez
Divergências entre produtores e FHC
governo ressurgem na Expointer
O clima de entendimento entre a
Farsul e o governo do Estado foi interrompido ontem na abertura oficial da Expointer. “Sopram ventos
no Rio Grande do Sul. Alguns dizem
que vêm do Norte. Outros, do lado
da Cordilheira, outros, do Caribe”,
declarou em seu discurso o presidente da Farsul, Carlos Sperotto, referindo-se a uma suposta identidade
ideológica entre o governo petista e o
regime cubano. A farpa foi respondida de improviso pelo governador Olívio Dutra, que citou o livro “Rodeio
dos Ventos”, de Barbosa Lessa, para
dizer “que os ventos que devem soprar no Rio Grande do Sul não são
de uma única direção”. Segundo
ressaltou, “todos
os ventos são
bem-vindos, pois
ajudam a criar o
clima de entendimento e afirmação solidária de nosso povo”.
A tréplica não tardou: após a cerimônia, Sperotto reafirmou as divergências, argumentando que a entidade manifestou posições claras,
incompreendidas “pelo outro lado”.
No discurso, ele havia revelado preo-
O presidente Fernando Henrique
Cardoso recebe hoje, em Manaus,
seu colega venezuelano, Hugo Chávez, num momento político delicado.
Chávez é acusado de estar dando
um golpe branco na Venezuela, ao
assumir o controle de fato do Judiciário e do Legislativo. O governo
brasileiro decidiu recebê-lo com base na avaliação de que, neste momento, é preferível dialogar a fechar
o canal de comunicação.
O encontro não será, contudo,
como Chávez gostaria. Ao solicitá-lo,
há cerca de três semanas, ele enviou
uma agenda de duas páginas e uma
lista de cinco ministros. O governo
brasileiro recusou o formato. Além
dos dois presidentes, participam
apenas os chanceleres Luiz Felipe
Lampreia e José Vicente Rangel,
além dos respectivos embaixadores,
chefes de gabinete e diplomatas da
Área das Américas. O Brasil quis
manter a agenda em aberto, para
que os presidentes possam conversar livremente, num encontro que
deve durar entre duas e três horas.
ANTÔNIO SOBRAL
cupações com a
conduta do governo na desocupação
da Fazenda da Capivara, com o nãoacatamento de decisões judiciais, “o
trabalho ideológico
nas escolas primárias” e as invasões
de terras. Afirmando preferir “ventos
com direção”, o dirigente acusou o
governo de querer
“o redemoinho,
ventos de todos os
lados, que trazem
conflitos”. Acrescentou, no entanto, que a cordialidade predominante desde o acordo Ministro da Agricultura pregou o entendimento na abertura oficial da Expointer
que evitou o boicote à Expointer não raes, que representou o presidente
está perdida. “Não acabou a trégua, Fernando Henrique Cardoso na cerimônia, pregou o entendimento. Sesó aumentaram as precauções.”
O governador ressaltou ser fun- gundo ele, o setor primário está acidamental o respeito às diferenças e ma de considerações político-partidestacou que, em seu governo, “os dárias e de divergências ideológicas.
O ministro do DeBG / CP
assuntos serão tratados com fran- “A agricultura está acima de tudo.”
senvolvimento, IndúsA Expointer tem nas provas fiqueza, respeito e com a participação
tria e Comércio Extede todos os que desejarem não se nais do Freio de Ouro a principal rior, Clóvis Carvalho,
auto-excluir”. O ministro da Agricul- atração para o público neste final de foi demitido no início
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tura, Marcus Vinícius Pratini de Mo- semana.
da madrugada de hoje
ROBERTO SANTOS
pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. A decisão de demitir Carvalho, um de
seus mais leais auxiliares desde quando
era ministro da Fazenda, em 1993, foi tomada por FHC após as
pressões dos líderes
dos partidos aliados e
do ministro da Fazen- Simon fez discurso contundente exigindo a demissão
da, Pedro Malan. Ele sentiu-se agredido pelo discurso de Carvalho em um
seminário do PSDB, na quinta-feira. Na ocasião, Clóvis Carvalho classificou
de medíocre o nível de crescimento da economia e de covardia o excesso de
cautela adotado na política de desenvolvimento.
O ministro havia passado o dia em Fortaleza, tentando esclarecer que
seu discurso não era de contestação à política adotada por Malan. Carvalho
deixou Fortaleza e foi direto para Brasília, suspendendo a visita prevista a
São Paulo. Ele foi recebido pouco antes da meia-noite por FHC no Palácio da
Alvorada e deixou o local no início da madrugada sem dar declarações.
Antes, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) havia feito um contundente
discurso na tribuna do Senado, cobrando o afastamento imediato de Clóvis
Carvalho, a quem chamou de “irresponsável e demagógico”. Simon cobrou
uma posição do presidente Fernando Henrique Cardoso pelas “afirmações
irresponsáveis” de Carvalho contra o ministro Malan. “Ou o governo toma
Desfile dos campeões mostrou o melhor da pecuária gaúcha. No fim de semana, a principal atração é o Freio de Ouro
uma posição ou cai no ridículo.” Para Simon, cujo discurso repercutiu junto às lideranças políticas, a opção de FHC de manter Carvalho só se justificaria se ele optasse por demitir o ministro da Fazenda. “O que não pode, senhor presidente, é isso ficar sem resposta”, disse ele. “Se o Carvalho está
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certo e o Malan errado, sua excelência que o diga”.
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Confirmado calendário de reforma da ponte / Timor aprova independência
Fernando Henrique demite
o ministro Clóvis Carvalho
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