O Magazine da Câmara de Comércio Suíço-Brasileira The Magazine of the Swiss-Brazilian Chamber of Commerce 2011 R$ 10,00 66 swisscam BRASIL foco energia focus energy especial SWISSCAM completa 66 anos special SWISSCAM´s 66th anniversary notícias da SWISSCAM Dia Nacional da Suíça Hospitalar FEIMAFE chamber news Fo t o : A B B Switzerland’s National Day Hospitalar FEIMAFE setembro/2011 2 swisscam magazine 66 10/2011 editorial Fo t o : Fo t o l i a A experiência brasileira com biocombustíveis O transporte é um elemento integrado e essencial do estilo de vida moderno, sendo em grande parte dependente de combustíveis à base de petróleo, resultando em diversos impactos ambientais, especialmente com relação às emissões de GEE. por Suani T. Coelho, Patricia Guardabassi e Renata Grisoli A tualmente, 13% de todas as emissões de GEE vêm do setor de transporte1, que representou 29% do consumo total de energia em 2007. Os biocombustíveis são uma das poucas alternativas viáveis disponíveis no curto prazo aos derivados do petróleo. Outras tecnologias, como veículos elétricos ou híbridos, ainda estão em desenvolvimento e estarão comercialmente disponíveis apenas em 10 a 20 anos. Os biocombustíveis líquidos existentes comercializados incluem o bioetanol (para substituir a gasolina) e o biodiesel (para substituir o óleo diesel). Até recentemente, o uso de biocombustíveis era limitado a mercados locais e desempenhava um papel marginal na matriz energética global. Porém, atualmente estes adquiriram uma dimensão global, com o potencial para ampliação e reduzidos impactos ambientais ou sociais. O etanol é um biocombustível que substitui aproximadamente 3% da gasolina de origem fóssil consumida no mundo hoje. É produzido pela fermentação de produtos agrícolas, como a cana-de-açúcar, o milho e o trigo. A principal vantagem do etanol de cana-de-açúcar é seu balanço energético positivo em comparação ao etanol de milho ou com o etanol de outros cultivos. O etanol de cana-de-açúcar é uma alternativa atrativa frente a gasolina1. É produzido a partir de produtos agrícolas e não tem as impurezas encontradas nos produtos derivados do petróleo, como óxidos sulfúricos, compostos de chumbo e materiais particulados que são as principais fontes de poluição nas áreas metropolitanas. Cerca de 110 países cultivam cana-de-açúcar para produção de açúcar em todo o mundo. Uma opção interessante para esses produtores, principalmente para países em desenvolvimento, seria a transferência da experiência brasileira, beneficiando-se das lições aprendidas durante mais de 30 anos2. A produção de etanol de cana-de-açúcar seria não apenas para consumo interno, mas também para exportação. Em geral, os países em desenvolvi- Espera-se um crescimento do comércio internacional de biocombustíveis e/ou matérias-primas de países em desenvolvimento para países desenvolvidos, com implicações positivas significativas para o desenvolvimento. mento têm um potencial maior para produção de biomassa do que os países industrializados, devido às melhores condições climáticas e menores custos de mão-de-obra. Assim, diante da possibilidade de um mercado interno reduzido para biocombustíveis, esta produção poderia representar uma oportunidade de exportação para outros países. Partindo deste pressuposto, espera-se um crescimento do comércio internacional de biocombustíveis e/ ou matérias-primas de países em desenvolvimento para países desenvolvidos, com implicações positivas significativas para o desenvolvimento3. O crescimento da produção de etanol e a adoção de misturas obrigatórias, especialmente nos Estados Unidos e na União Europeia, têm levantado preocupações sobre sua sustentabilidade em relação aos impactos ambientais e sociais, o que resultou no swisscam magazine 66 10/2011 3 desenvolvimento de critérios de sustentabilidade visando à certificação de biocombustíveis. Tais questões têm sido exaustivamente estudadas e os resultados indicam que, quando utilizados procedimentos apropriados, os biocombustíveis podem ser produzidos de maneira sustentável, não apenas no Brasil, mas também em outros países em desenvolvimento, com impactos ambientais reduzidos e sem afetar a segurança alimentar4. Considerando a falta de capacitação técnica em muitos países e a necessidade de financiamento, seria necessário discutir uma flexibilização para a implementação da certificação, com prazos e metas adequados, que permitiriam que os países mais pobres tenham tempo suficiente para cumprir tais critérios de certificação. Esses aspectos são discutidos em uma perspectiva detalhada em UNCTAD5, que destaca o fato de que os critérios de certificação não deveriam ser usados como uma forma de proteger os agricultores europeus. Considerando todas estas preocupações, há três précondições para o desenvolvimento sustentável de um mercado de biocombustíveis: a) Conduzir um zoneamento agroecológico da canade-açúcar para identificar as áreas de produção; b) Estimular o desenvolvimento econômico e a criação de mercados por meio de mistura obrigatória de etanol em toda a gasolina vendida; e c) Estimular o desenvolvimento rural, construindo indústrias, gerando emprego e renda, para redução da pobreza. Referências | References 1 - Goldemberg, J., Coelho, S. T., & Guardabassi, P. (2008). The sustainability of ethanol production from sugarcane. Energy Policy, 36, pp. 2086-2097. 2 - Goldemberg, J., & Moreira, J. R. (1999). The alcohol program. Energy Policy, 27, pp. 229-245. 3 - UNCTAD. (2009). The Biofuels Market: Current Situation and Alternative Scenarios. 4 - EGESKOG, A. et al. Integrating bioenergy and food production – A case study of combined ethanol and dairy production in Pontal, Brazil. Energy for Sustainable Development v. 15, p. 8-16, 2011. 5 - UNCTAD. (2008). Making Certification Work for Sustainable Development: the Case of Biofuels. editorial Brazil’s biofuel experience Transportation is an essential part of modern lifestyles, but is almost exclusively dependent on petroleum-based fuels that impact the environment in many ways, particularly GHG emissions. b y Suani T. Coelho, Patricia Guardabassi e Renata Grisoli C urrently, 13% of all GHGs are emitted by this sector 1, which accounted for 29% of total energy consumed in 2007. Using biofuels is one of the few practical alternatives to oil derivatives available short term. Others, such as electric or hybrid vehicles, are still being developed and will not be commercially available for 10-20 years. Liquid biofuels now on the market include ethanol (replacing gasoline) and biodiesel (replacing diesel oil). Although biofuel has until recently been limited to local markets, with marginal weight in the global energy matrix, there is now potential for it to be used on a global scale to reduce negative environmental or social impacts. Ethanol has now replaced approximately 3% of fossilbased gasoline that would otherwise be consumed worldwide. It is made by fermenting agricultural products such as sugarcane, corn or wheat. Making ethanol from sugarcane has a major advantage over corn or other crops because its net energy balance is positive, so it is an attractive alternative to gasoline 1. Being made from agricultural products it does not contain impurities found in oil-based products, such as sulphur oxides, or lead compounds and particulates that cause most urban pollution. Developed countries could import more biofuels and/or feedstocks, which would have significant positive implications for the developing ones. Sugarcane growers in developing countries could benefit by transferring Brazil’s experience and the lessons from its experience of over 30 years 2. The 110 countries growing cane to make sugar could produce ethanol for their own use and for export too. In general, they have more biomass potential than industrialized countries due to their climate and low labour costs. Domestic demand for biofuels is low, so they could export to industrialized countries. Biofuels can be produced on a sustainable basis in Brazil and other developing countries without seriously impacting the environment or affecting food security as long as proper procedures are in place. On this basis, developed countries could import more biofuels and/or feedstocks, which would have significant positive implications for the developing ones 3. Ethanol output has risen and blending with gasoline is being required by governments, especially in the US and the European Union. This has raised concerns for sustainability in relation to environmental and social impacts, and criteria for biofuel certification are being devised. Exhaustive research has shown that biofuels can be produced on a sustainable basis in Brazil and other developing countries without seriously impacting the environment or affecting food security 4 as long as proper procedures are in place. Since many countries lack technical training and funding, a flexible approach to certification would have to be discussed, setting targets and schedules that give them time to meet criteria. An UNCTAD publication 5 provides a detailed discussion of this perspective and emphasizes that criteria must not be used as a means of protecting European farmers. In light of all these concerns, there are three preconditions for the sustainable development of a biofuel market: a) C onducting agro-ecological zoning research to identify sugarcane growing areas; b) Stimulating economic development and building up markets by requiring ethanol to be blended with all gasoline sold, and c) Stimulating rural development with new industries generating jobs and incomes, and reducing poverty. Suani T. Coelho é professora da Universidade de São Paulo e coordenadora do CENBIO (Centro Nacional de Referência em Biomassa). Suani T. Coelho, professor at Universidade de São Paulo and coordinator of CENBIO (Centro Nacional de Referência em Biomassa). Patricia Guardabassi é doutoranda em Energia e pesquisadora do CENBIO. Patricia Guardabassi, doctoral program (Energy) and CENBIO researcher. Renata Grisoli é mestre em Energia e pesquisadora do CENBIO. Renata Grisoli, masters program (Energy) and CENBIO researcher. 4 swisscam magazine 66 10/2011 6 Diretor do Magazine e de Comunicação Magazine and Communication Director Christian Hanssen Fo t o : A B B foco:energia focus: energy O Magazine da Câmara de Comércio Suíço-Brasileira The Magazine of the Swiss-Brazilian Chamber of Commerce Energia e Sustentabilidade. Energy and Sustainability. 13 A energia elétrica que vem da cana: o desafio de tirar três Usinas Belo Monte do campo. Electricity from sugar cane: the challenge of removing three Belo Monte dams from the countryside. Coordenação Editorial Editorial Coordination Stephan Buser Anúncios - Advertisements Denise Ortega 16 Abastecimento de energia no futuro: grande potencial para tecnologia fotovoltaica. Energy supply of the future: major potential for PV technology. Fo t o : Fo t o l i a Projeto Gráfico Editorial Design Markus Steiger Direção de Arte Art Direction Felipe Ledier Revisão e Tradução Proofreading and Translation Global Translations.BR Denise Ortega, Hanna Weisskopf, Stephan Buser, Melanie Klemm, Volker Lohaus Jornalista responsável Journalist in charge Ester Tambasco, MTB 48.058 Produção Gráfica - Printing Coktail A reprodução das notícias é permitida, contanto que seja mencionada a fonte. As opiniões contidas nos artigos não refletem necessariamente a posição da SWISSCAM. The reproduction of items is permitted as long as the source is mentioned. The opinions contained in the articles do not necessarily reflect the position of SWISSCAM. 20 economia economy A química da parceria. Chemistry between partners. 10 O que a Coreia e a China têm (e nós não). What Korea and China have (that we do not have) 24 MINERGIE : Construir Melhor, Viver Melhor. MINERGIE®: Building Better, Living Better. ® saúde health 28 Eficiência Energética da Biomassa no Brasil. Biomass Energy Efficiency in Brazil. 19 Viagens longas e as doenças venosas. Long journeys and venous diseases. 32 convidado guest Balanço energético e balanço ambiental: redução de custos e promoção da imagem. Energy and environmental balance: lowering costs while enhancing image. Câmara de Comércio Suíço-Brasileira Swiss-Brazilian Chamber of Commerce Schweizerisch-Brasilianische Handelskammer Chambre de Commerce Suisse-Brésilienne especial special 26 Vice-presidentes - Vice-Presidents Carlos Roberto Hohl Antonio Carlos Guimarães A Câmara de Comércio Suíço-Brasileira, constituída em 1945, é filiada à União das Câmaras de Comércio Suíças no Exterior e à Câmara de Comércio Internacional. The Swiss-Brazilian Chamber of Commerce, founded in 1945, is affiliated to the Swiss Foreign Trade Chambers and the International Chamber of Commerce. www.swisscam.com.br Fo t o : Fo t o l i a Avenida das Nações Unidas, 18.001 04795-900 São Paulo (SP) Brasil Tel +55 (11) 5683 7447 Fax +55 (11) 5641 3306 [email protected] www.swisscam.com.br Presidente - President Christian Hanssen 22 O potencial da energia eólica e solar no Brasil. Potential for wind and solar energy in Brazil. 66 anos SWISSCAM Brasil. SWISSCAM’s 66th anniversary. Próxima edição: Tecnologia da Informação. Next edition: Information Tecnology. comunidade brasileira na Suíça Brazilian community in Switzerland 34 Associação Raízes. Associação Raízes (Roots Association). n o t í c i a s d a S W I S S C A M chamber news 9 FEIMAFE e Hospitalar 2011. FEIMAFE and Hospitalar 2011. / 31 Dia Nacional da Suiça. Switzerland’s National Day. / Nota de falecimento – Ernst Wepfer. Obituary – Ernst Wepfer. swisscam magazine 66 10/2011 5 foco: energia Energia e Sustentabilidade O mundo como um todo ainda depende de 85% de fontes não-renováveis de energia, principalmente petróleo, gás natural e carvão, fontes fósseis de energia que transferem o carbono estocado durante milhões de anos na crosta da terra para a atmosfera e contribuem desta maneira para o aquecimento global. Portanto, apostar em energias renováveis faz sentido, é urgente e pode ser um bom negócio. E por Ernesto Moeri m 2010, o mundo consumiu o equivalente a 80 bilhões de barris de petróleo por dia (!), e este consumo atingirá 100 bilhões de barris por dia até 2100. Na situação atual do conhecimento sobre as reservas existentes (prováveis e possíveis) de petróleo e gás, a participação destes combustíveis não-renováveis, principais responsáveis pelo efeito estufa e as consequentes mudanças climáticas, crescerá ainda até aproximadamente o ano 2050, porém, ainda assim este aumento será menor que a demanda. Isto significa que, desde já, a participação de energias não convencionais e renováveis na matriz energética global terá que aumentar de maneira significativa e crescente. O “peak-oil”, ou seja, o ponto de maior produção de petróleo e gás natural deve ser atingido entre 2020 e 2050, de acordo com as previsões de especialistas técnicos e financeiros. Este ponto de maior produção de hidrocarbonetos já leva em consideração todas as mais recentes descobertas de campos profundos, como, por exemplo, o “pré-sal” brasileiro ou também xistos betuminosos no Canadá, assim como outras fontes não-convencionais de hidrocarbonetos ainda a serem descobertas. Portanto, o mundo teria tempo 6 swisscam magazine 66 10/2011 Enquanto um cidadão dos EUA consome 10 litros de combustíveis fósseis por dia, o suíço consome 5 litros, o brasileiro 2 e o indiano apenas 0,5 litros por dia. suficiente para uma transição controlada para a era dos não-hidrocarbonetos ou renováveis em uma geração, ou seja, em 3-4 décadas. O consumo de energia apresenta uma proporção diretamente entre o grau de desenvolvimento de um país e a mobilidade individual dos seus habitantes. Enquanto um cidadão dos EUA consome 10 litros de combustíveis fósseis por dia, o suíço consome 5 litros, o brasileiro 2 e o indiano apenas 0,5 litros por dia. E fácil deduzir que existe ainda uma demanda reprimida nos países que serão responsáveis pelo crescimento contínuo da demanda de energia (gráfico 1). É importante lembrar que 93,5% de todo o petróleo e gás são consumidos como fonte de energia e apenas 6,5% como matéria-prima da indústria química. A matriz energética do Brasil (veja gráfico 2) é excepcionalmente rica em energias renováveis (45%), comparada tanto com os demais países em desenvolvimento, como a China, quanto com os países industrializados. Entre estes, a Suíça se destaca como país cuja matriz energética apresenta 20% de energia primária renovável, principalmente proveniente de hidroenergia. Apesar desta vantagem competitiva em energias renováveis, 50% da demanda brasileira em energia ainda depende de hidrocarbonetos fósseis, com uma participação crescente do gás natural, também nãorenovável, na geração de energia elétrica e também como combustível veicular. As grandes expectativas referentes ao pré-sal são legítimas, mas não se pode perder de vista que o Brasil hoje mal consegue se autoabastecer mesmo com uma produção em torno de 2 milhões de barris por dia. O país continua importando boa parte do diesel automotivo e, periodicamente, até gasolina. Portanto, acreditamos que a chance do Brasil esteja nos enormes recursos na área de energia renovável, acima de tudo na biomassa de cana-de-açúcar e de agro-resíduos ainda pouco aproveitados. Estes últimos representam um grande potencial considerando o aumento significativo da produção agrícola e, consequentemente, dos seus resíduos e Fo t o : Fo t o l i a Gasto futuro mundial de energia Future world energy use Petróleo e gás natural serão até 2050 as principais fontes energéticas mundiais (>50%). Oil and natural gas will be until 2050 the main world energy sources (>50%). 100 Os combustíveis fósseis, o efeito estufa provocado por sua queima e as consequentes mudanças climáticas são hoje um problema reconhecido mundialmente. Mesmo assim, a humanidade continua apostando na exploração maciça destas fontes convencionais. Ao mesmo tempo já existem tecnologias para criar energia por fontes renováveis, e o Brasil é um lugar privilegiado para desenvolver projetos nesta área. Produzir energia “verde” em escala bem maior do que atualmente é uma forma inteligente para diminuir os efeitos prejudiciais da queima de combustíveis fósseis e, desta maneira, contribuir para um futuro mais sustentável do planeta. 25 0 2000 2020 2060 2040 2080 Parcela de óleo e gás Outras fontes energéticas Oil and gas Other energy sources 2100 GRÁFICO | CHART 1: A demanda de consumo mundial de energia depende de novas fontes. World demand for energy consumption depends on new sources. Matriz energética para os países selecionados Energy carrier mix for selected countries 0% ! 25% ! ! 50% 75% 100% Mundo 2008 EUA 2008 UE 2008 Alemanha 2008 Rússia 2007 China 2007 Japão 2007 Suíça 2006 Renováveis Nuclear Carvão Gás natural Petróleo Renewables Nuclear Coal Natural gas Petroleum Brasil 2006 GRÁFICO | CHART 2: O Brasil é privilegiado para desenvolver projetos de energias renováveis. Brazil privileged for developing renewable energy projects. swisscam magazine 66 10/2011 7 Fo n t e / S o u r c e : U S G o v. , E u r o s t a t , A r b . G e m e i r s h . , E n e r g i e b i l a n z e n , O E C D , I E A , B I E . Este potencial adormecido existente no Brasil está na mira de várias empresas que trazem tecnologia de ponta da Europa e dos EUA para o país, no intuito de substituir uma parte da demanda energética por sistemas descentralizados de geração de energia e biocombustíveis, sem necessidade de investimentos em infraestrutura para transmissão, já que a produção e o consumo da energia produzida ficam no mesmo local. Os sistemas independentes apenas substituem uma parte do consumo energético da própria indústria usando fontes renováveis. 50 Billions of barrels of oil equivalent da importância estratégica do Brasil na alimentação do planeta. Estes resíduos, por exemplo, bagaço de cana e de frutas, folhagem de cana, milho e outros grãos, restos de frigoríficos e de indústrias alimentícias não são utilizados atualmente, portanto, têm um valor econômico pequeno apesar do seu poder energético considerável para queima, fermentação e/ou gaseificação. Estima-se que existe um volume disponível e aproveitável de mais de 300 milhões de toneladas por ano, representando um conteúdo energético de aproximadamente 5.000 MW como fonte não explorada de combustíveis e/ou de energia elétrica. Bilhões de barris de equivalente de petróleo 75 Fo t o : Fo t o l i a focus: energy Energy and Sustainability The world as a whole is still 85% dependent on non-renewable sources of energy, mainly oil, natural gas and coal, all of which are fossil-energy sources that take carbon that has been deposited in the earth’s crust over millions of years and transfer it to the atmosphere, thus contributing to global warming. Therefore wagering on renewable energy makes sense. This is an urgent issue and may be good business too. b y Ernesto Moeri I n 2010 the world consumed the equivalent of 80 billion barrels of oil per day (!), and the total will reach 100 billion by 2100. Given the current state of knowledge of existing oil and gas reserves (probable and possible), the share of non-renewable fuels, the main causes of global warming and consequent climate change, will continue to grow until about 2050. Nevertheless, this increase will still be insufficient to keep up with demand. So from now on, the share of non-conventional and renewable energies in the overall energy matrix will have to be stepped up at a much faster pace. “Peak-oil”, i.e. the point of maximum oil and natural gas output, is likely to be reached between 2020 and 2050, based on predictions made by technical and financial experts. This point of maximum oil production takes into account all recent discoveries in deep-water fields, such as Brazil’s pre-salt layer and Canada’s oil shales, as well as other non-conventional sources of oil yet to be discovered. Therefore, the world would have sufficient time for a controlled transition to the age of non-hydrocarbon or renewable sources of energy in one generation, or 3 to 4 decades. Energy consumption rises in direct proportion to the level of a country’s development and the individual mobility of its inhabitants. While a citizen of the United States consumes 10 litres of fossil fuel per day, a Swiss consumes 5 litres, a Brazilian 2, and an Indian only 0.5. An obvious deduction is that there is pent-up demand in countries that are responsible for the continuing growth of demand for energy (chart 1). An important point to bear in mind is that 93.5% of all oil and gas is consumed to provide energy and only 6.5% as raw material for the chemicals industry. Brazil’s energy matrix (see chart 2) is exceptionally rich in renewable energy (45%), compared with other developing countries such as China, or the industrialized countries. Of the latter, Switzerland stands out as a country whose energy matrix provides 20% of renewable primary energy, mainly from hydropower. Despite this competitive advantage in renewable energy, 50% of energy demand in Brazil still depends on fossil fuels, with an increasing share of natural gas, also nonrenewable, in electricity generation and as a vehicle fuel. The great expectations held out for the pre-salt layer are 8 swisscam magazine 66 10/2011 While a citizen of the United States consumes 10 litres of fossil fuel per day, a Swiss consumes 5 litres, a Brazilian 2, and an Indian only 0.5. legitimate, but we must not forget that Brazil today is barely self-sufficient despite producing around 2 million barrels per day. Brazil continues to import much of its automotive diesel and even gasoline at times. Therefore, we believe that Brazil’s best opportunity is to develop its enormous stock of renewable energy resources, in particular biomass sources such as cane sugar or the agricultural waste products that are still underutilized. These waste products have great potential given the significant increase in agricultural production, and the strategic importance of Brazil as a supplier of food for the whole planet. Waste products such as bagasse from sugar cane or fruit, foliage from sugar cane, corn and other grains, or those from meat packing and food processing plants, are not used today and so have little economic value despite their considerable energy potential for burning, fermentation or gasification. It is estimated that there is an available and usable volume of over 300 million tons per year, which would provide approximately 5,000 MW of energy that has not been exploited as a source of fuel and/or electricity. This dormant potential in Brazil is being targeted by several companies aiming to import the latest technology from Europe and the United States in order to replace some of the energy demand by decentralizing generation and using biofuels to obviate the need to invest in transmission infrastructure, since production and consumption would be in the same place. Independent systems would only replace some of the energy used by industry itself with renewable sources. O consumo diário global de petróleo é de 80 milhões de barris. Esta quantia corresponde a 40 navios petroleiros – por dia. Every day, 80 million barrels of oil, or 40 tankers, are used worldwide. Ernesto Moeri é presidente e CEO do Grupo Ecogeo, holding que reúne cinco empresas atuantes nos setores de consultoria e engenharia ambiental e energias renováveis. Ernesto Moeri is president and CEO of Grupo Ecogeo, a holding company for five firms operating in the environmental consulting and engineering and renewable energy sectors. notícias da swisscam FEIMAFE e Hospitalar 2011 2 1 D urante a 13ª edição da FEIMAFE – Feira Internacional de Máquinas-Ferramenta e Sistemas Integrados de Manufatura – que ocorreu de 23 a 28 de maio de 2011, a SWISSCAM organizou pela 3ª vez consecutiva um estande para empresas suíças exporem seus equipamentos de alta tecnologia, o qual foi patrocinado pela DHL Global Forwarding. Estiveram presentes em nosso estande as empresas: Amsonic, BalTec, Imoberdorf, Lamina Technologies, Precimac, Schaublin Machines e SOB Schurter + OKW. Essas empresas foram recebidas com um coquetel inaugural oferecido pelo Zürcher Kantonalbank, que também apresentou os benefícios de seu financiamento de máquinas da Suíça. 4 3 1) Máquina de rebite da BalTec. BalTec´s riveting machine. 2) Pavilhão Suiço na FEIMAFE 2011. Swiss Pavilion at FEIMAFE 2011. 3) Pavilhão Suíço na Hospitalar 2011. Swiss Pavilion at Hospitalar 2011. 4) Yuri Szabo, SBH; Tatiana Campos, SBH; Hanna Weisskopf, SWISSCAM. chamber news FEIMAFE and Hospitalar 2011 Em maio, a SWISSCAM também participou da Hospitalar 2011, maior feira de saúde da América Latina com as empresas Atamed, Hocoma, SOB Schurter + OKW do Brasil, HS Bianchi e Venosan. O pavilhão suíço, patrocinado pela O. Lisboa Despachos/Via Mat do Brasil chamou a atenção de muitos visitantes. D Nesta edição, recebemos a visita do diretor da plataforma de exportação “Medtech Switzerland” que está promovendo diferentes países para a indústria de equipamento médico na Suíça. The following companies participated in our booth: Amsonic, BalTec, Imoberdorf, Lamina Technologies, Precimac, Schaublin Machines and SOB Schurter + OKW. These companies were welcomed with an opening uring the 13th edition of FEIMAFE – International Machine Tools and Integrated Manufacturing Systems Trade Fair – which took place from 23rd to 28th May 2011, SWISSCAM organized for the third consecutive time a booth for Swiss companies to exhibit their high-tech equipment, which was sponsored by DHL Global Forwarding. cocktail offered by Zürcher Kantonalbank, who also presented the benefits of its financing of Swiss machines. In May, SWISSCAM also participated at Hospitalar 2011, major healthcare trade fair in Latin America with the companies Atamed, Hocoma, SOB Schurter + OKW do Brasil, HS Bianchi and Venosan. The Swiss Pavilion, sponsored by O. Lisboa Despachos Internacionais/VIA MAT do Brasil, drew attention of many visitors. In this edition, we also received the director of the exportplatform “Medtech Switzerland” who promotes various countries to the medtech industry in Switzerland. 1º Lugar no ranking Financial Times com o Master em Estratégia e Gestão Internacional. A Universidade de St. Gallen oferece cursos de graduação, masters, doutorado e MBA nas áreas de Administração, Economia, Direito e Ciências Sociais. Office São Paulo: 55 (11) 5683-7449 www.unisg.ch swisscam magazine 66 10/2011 9 economy What Korea and China have (that we do not have) Some say China’s economic success is due to its undervalued currency, while South Korea’s comes from its industrial policies. This oversimplification leaves out the complexity of the development process and the most important reasons for the success of these two countries. b y Mailson da Nóbrega T alking about development is not easy. Two centuries after the Industrial Revolution, more than two hundred theories have attempt to probe its origins and find out why they were in the United Kingdom rather than France or Japan, which had similar environments. In Brazil, import substitution rewarded inefficient manufacturing and gave rise to a culture that favoured protectionism. Many sectors of Brazilian industry were slow to modernize until they were forced to deal with the new situation brought about by opening up the economy. Chinese and Korean industrial policies did play a role, but the important factor was the strategy behind them. The idea was to expose industry to international competition. Brazil and Latin America took the opposite road, i.e. measures to combat foreign competition. Brazil neglected education, because it was seen as an effect rather than a cause of development. China and Korea did the opposite and Shanghai took first place in three subjects covered by the Pisa 2010 tests, (reading, math and science). Of the 65 countries tested, only Korea came close, while Brazil trailed behind among the lowest scores. While our strategy was import substitution, theirs focused on exporting. To be competitive, Chinese and Korean firms had to introduce the technologies and management systems typical of the rich countries who were their main customers. Innovation led to efficiency and productivity gains. 10 swisscam magazine 66 10/2011 In China, public universities are not free unless students can prove they are unable to pay tuition. But here in Brazil, public universities are free in general, including for children from rich families who have been to the best schools and so gotten more access to the most sought-after courses. China authorized the United Kingdom’s University of Nottingham to open a school in Ningbo, where courses are taught in English and the degree is awarded by Nottingham itself. It is hard to imagine anything like that in Brazil. The results of export-geared industrial policy rather than import substitution were spectacular. In 1978, when Deng Xiaoping started opening up the economy on the road to a market system, China’s exports were worth US$ 10 billion. By 2010, they were up to US$ 1.5 trillion. In 1960, Korea was a poor country with lower per capita income than Ghana or Brazil. In 1980, measured by purchasing power parity, Brazil’s per capita income (US$ 3,400) was still higher than Korea’s (US$ 2.600). But look at the 2009 data: Korea US$ 27,200, Brazil US$ 10,400 and Ghana US$ 1,500 Despite extensive literature on the failures of import substitution, the model is still a favourite with segments opposed to opening the economy. Brazilian businessmen openly advocate a closed economy. A major union confederation, Força Sindical, asked the federal government to take protectionist measures to slow the pace of imports. In Brazil, import substitution rewarded inefficient manufacturing and gave rise to a culture that favoured protectionism. economia Fo t o : Fo t o l i a O que a Coreia e a China têm (e nós não) Há quem sustente que o êxito econômico da China se deve à moeda desvalorizada, enquanto o da Coreia do Sul adviria de políticas industriais. Trata-se de simplismo que desconsidera a complexidade do processo de desenvolvimento e ignora razões mais relevantes para explicar o sucesso desses dois países. por Mailson da Nóbrega N ão é fácil falar sobre o desenvolvimento. Passados dois séculos desde a Revolução Industrial, mais de duzentas teorias buscam provar suas origens e saber por que ela aconteceu no Reino Unido e não na França ou no Japão, que dispunham de ambiente semelhante. Despite extensive literature on the failures of import substitution, the model is still a favourite with segments opposed to opening the economy. Hardly surprising, since import substitution benefited businessmen chosen by the bureaucracy and favoured workers in protected industries. Higher costs were transferred to agriculture, other sectors of industry, and the rest of the workforce. As políticas industriais chinesas e coreanas tiveram seu peso, mas o importante foi a estratégia por trás delas. A ideia era expor a indústria à competição internacional. O Brasil e a América Latina optaram pelo inverso, isto é, medidas contra a concorrência externa. Enquanto a nossa estratégia buscava a substituição de importações, a deles focalizava as exportações. Para competir, era preciso adotar tecnologias e gestão típicas dos países ricos, principal destino de seus produtos. Ganhos de eficiência e produtividade vinham da inovação. We see the same thing nearby. Debora Giorgi, Argentina’s minister for Industry, has favoured barriers to the entry of foreign products and revived the import substitution strategy. A substituição de importações gerou industrialização ineficiente e uma cultura favorável ao protecionismo. A modernização de muitos segmentos da indústria brasileira somente se acelerou quando se tornou necessário enfrentar a abertura da economia. China and Korea grew rich on the strength of the conditions and policies that we have not been accustomed to supporting. This is the case of Chinese entrepreneurship and the incentives for innovation, which survived the communist disaster. After all, China was making iron around the year 200 – a thousand years before Europe. Aqui se negligenciou a educação, pois ela seria efeito e não causa do desenvolvimento. A China e a Coreia fizeram o contrário. Nos testes do Pisa de 2010, Xangai obteve o primeiro lugar nas três disciplinas avaliadas (leitura, matemática e ciência). Nos 65 países avaliados, a Coreia ficou perto. O Brasil se classificou entre os últimos. Mailson da Nóbrega é economista e colunista da revista Veja. Foi ministro da Fazenda (1988 a 1990) e hoje é sócio da Tendências Consultoria Integrada. Mailson da Nóbrega is an economist and writes a column for Veja magazine. Formerly minister of Finance (1988-1990), he is now a member of the consulting firm Tendências Consultoria Integrada. Na China, a universidade pública não é gratuita, a não ser para quem prova não ser capaz de pagar mensalidades. Aqui, a gratuidade na universidade pública é geral, inclusive para os filhos dos ricos, os quais frequentam as melhores escolas e assim têm maior acesso aos cursos mais valorizados. Na China, a Universidade de Nottingham, do Reino Unido, foi autorizada a funcionar em Ningbo. Seus cursos são ministrados em inglês e o diploma é expedido por Nottingham. Algo semelhante seria difícil de acontecer no Brasil. Os resultados da política industrial voltada para as exportações e não para substituir importações foram espetaculares. Em 1978, quando começou a abertura de Deng Xiaoping rumo à economia de mercado, a China exportava US$ 10 bilhões. Em 2010, as vendas externas atingiram US$ 1,5 trilhão. Em 1960, a Coreia era um país pobre, com renda per capita menor do que a de Gana e do Brasil. Em 1980, medida pela paridade do poder compra, a renda per capita brasileira (US$ 3,4 mil), ainda era maior do que a coreana (US$ 2,6 mil). Dados de 2009: Coreia US$ 27,2 mil, Brasil US$ 10,4 mil e Gana US$ 1,5mil. Apesar da ampla literatura sobre fracassos da substituição de importações, o modelo continua favorito de segmentos que se opõem à abertura da economia. Empresários brasileiros defendem abertamente o fechamento. A Força Sindical pediu ao governo federal medidas protecionistas para reverter o ritmo das importações. Não surpreende. Afinal, o modelo beneficiou empresários escolhidos pela burocracia e trabalhadores das indústrias protegidas. O custo foi transferido à agricultura, a outros setores e ao restante da força de trabalho. Aqui perto é igual. A ministra da Indústria da Argentina, Débora Giorgi, comemorou as barreiras à entrada de produtos estrangeiros e o renascimento da estratégia de substituição de importações. A China e a Coreia enriquecem na esteira de condições e políticas nas quais não costumamos acreditar. São os casos do empreendedorismo dos chineses e dos estímulos à inovação, que sobreviveram ao desastre comunista. Afinal, por volta do ano 200 eles já produziam ferro fundido, mil anos antes dos europeus. swisscam magazine 66 10/2011 11 12 swisscam magazine 66 10/2011 foco: energia A energia elétrica que vem da cana: o desafio de tirar três Usinas Belo Monte do campo Há mais de 20 anos que se discute o aproveitamento do Complexo Belo Monte, na Bacia do Rio Xingu. O Brasil ocupa apenas 30% do potencial hídrico, mas o evento “Belo Monte” mostrou um ponto interessante: como fonte a bioeletricidade da cana pode ser o “pulmão” para usinas a fio d’água como Belo Monte. por Zilmar José de Souza Mas o que a usina Belo Monte tem a ver com a bioeletricidade da cana? Estima-se que a bioeletricidade da cana tem capacidade de produzir excedentes para o setor elétrico da ordem de 12.200 MW médios, ou quase três vezes a garantia física atribuída a Belo Monte. A bioeletricidade pode ser um hedge natural para o sistema e as usinas a fio d’água, com geração garantida no período seco, pois bioeletricidade depende de combustível nacional, disponível em período regular e crítico para o nível de reservatórios das usinas hídricas, dando segurança de operação ao sistema. Contudo, os desafios são vários. Um exemplo de desafio foram os leilões de energia ocorridos em 17 e 18 de agosto último. No chamado “Leilão de Energia Nova A-3” promovido no dia 17 de agosto, a bioeletricidade foi responsável por somente 4,4% do total da energia comercializada no certame, com apenas quatro projetos contratados. Já no “Leilão de Energia de Reserva” realizado no dia seguinte, 18 de agosto, o resultado foi de 5,1% do total comercializado para a biomassa, com seis projetos contratados. Somados, foram somente 10 projetos aprovados para este tipo de fonte de um total de 43 habilitados que, se aprovados, representariam 2.750 MW. Estima-se que a bioeletricidade da cana tem capacidade de produzir excedentes para o setor elétrico da ordem de 12.200 MW médios, ou quase três vezes a garantia física atribuída a Belo Monte. No Leilão A-3, a bioeletricidade concorreu diretamente com a fonte fóssil gás natural e a eólica. No Leilão de Reserva, a concorrência se deu com a fonte eólica. A competição entre fontes diferentes busca atingir a modicidade tarifária, ou seja, o menor preço a ser repassado nas tarifas do consumidor final. No entanto, a competição ocorre em uma licitação pública, na qual todos disputam entre si pela mesma demanda, mas ao final assinam contratos diferentes, com cláusulas restritivas que inibem a participação de determinadas fontes e favorecem outras. Os contratos são diferentes, com cláusulas e condições bastante desfavoráveis, quebrando a isonomia competitiva que deveria ser um princípio fundamental de licitações publicas. O baixo número de projetos de bioeletricidade comercializados nos dois leilões revela que as condições institucionais e o modelo adotado estão afetando o desenvolvimento dessa fonte na matriz Fo t o s : Fo t o l i a A bioeletricidade pode ser defi nida como a energia elétrica gerada por meio de biomassa. Das fontes de biomassa para a bioeletricidade, o bagaço e a palha da cana-de-açúcar representam a principal, com os resíduos da cana significando quase 80% da potência instalada no país em 2011 pela fonte biomassa. swisscam magazine 66 10/2011 13 A bioeletricidade pode ser um hedge natural para o sistema e as usinas a fio d’água, com geração garantida no período seco. energética brasileira. Mesmo a modicidade tarifária obtida via leilões, com preços cada vez menores, também tem que ser observada com cuidado. É necessário avaliar as consequências no longo prazo. A biomassa sucroenergética tem capacidade para instalar algo como 500 a 600 MW médios ao ano, esta é a capacidade da indústria hoje. Ano passado contratou-se apenas 191 MW médios nos dois leilões em que a bioeletricidade participou. Agora, em 2011, foram pouco mais de 80 MW médios no A-3 e no LER. A racionalidade econômica é implacável: a indústria encolherá no futuro, o que já estamos aliás observando. Se continuarmos com a política de leilões genéricos, não isonômicos, se amanhã precisarmos resgatar o potencial da bioeletricidade do campo esbarraremos na capacidade produtiva da indústria, que certamente será menor no longo prazo. Não podemos construir a indústria de bens de capital de uma fonte de geração às custas da desarticulação de outra fonte, no caso a biomassa, cuja cadeia produtiva é genuinamente nacional. Entendemos que os leilões no ambiente regulado deveriam ser específicos por fonte ou regionais, levando-se em consideração o potencial de cada fonte ou região. No caso da biomassa de cana, o potencial está principalmente na Região CentroSul, que é o maior centro consumidor de energia elétrica do País. focus: energy Electricity from sugar cane: the challenge of removing three Belo Monte dams from the countryside Discussions on using of the Belo Monte complex in the Xingu River Basin have been going on for over 20 years. Brazil is using only 30% of its hydro potential, but the “Belo Monte” event highlighted an interesting point: using sugar cane as a biomass source of electricity may act as a “lung” for hydroelectric dams such as Belo Monte. b y Zilmar José de Souza B ioelectricity may be defined as electricity generated by biomass. Bagasse and straw from sugar cane are the main sources of biomass for bioelectricity, with sugarcane wastes accounting for almost 80% of installed power in Brazil in 2011 coming from biomass sources. It is estimated that bioelectricity from sugarcane has the capacity to produce surpluses for the electricity sector of around 12,200 MW, or almost three times Belo Monte’s fallback capacity. But what does the Belo Monte dam have to do with sugarcane bioelectricity? It is estimated that bioelectricity from sugarcane has the capacity to produce surpluses for the electricity sector of around 12,200 MW, or almost three times Belo Monte’s fallback capacity. Bioelectricity may be used as a natural hedge for the system’s hydro plants by generating guaranteed levels during the dry season. Bioelectric sources use domestic fuels that are available regularly, even at critical periods in terms of the level of water at hydroelectric dam reservoirs, thus ensuring a reliable grid system. 17 and 18 last. At the so-called “A-3 New Energy Auction” held on August 17, bioelectricity accounted for only 4.4% of all electricity sold, and only four projects were contracted. At the “Reserve Energy Auction” held the following day (August 18), 5.1% of total sales were biomass-sourced, with six projects contracted. Altogether, only 10 from a total of 43 qualified biomass projects were approved. Had all 43 been approved, they would be generating 2,750 MW. However, there are many challenges to be tackled. Take, for example, the energy auctions held on August Complementarity of sugar industry bioelectricity 20.000 60.000.000 50.000.000 15.000 40.000.000 10.000 30.000.000 20.000.000 5.000 10.000.000 0 0 Jan Fev Mar Abr Mai Proposta: Reconhecer os benefícios da bioeletricidade Proposal: Recognize the benefits of bioelectricity 14 swisscam magazine 66 10/2011 Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Average monthly flow of Belo Monte (1931/2001) 70.000.000 25.000 Vazão média mensal Belo Monte (1931-2001) 80.000.000 Fo t o s : Fo t o l i a Monthly sugar cane grinding - Mid-South Region (harvest 2008/09) Moagem mensal de cana - Região Centro-Sul (safra 2008/09) Complementaridade da bioeletricidade sucroenergética Fo t o : Fo t o l i a Bioelectricity may be used as a natural hedge for the system’s hydro plants by generating guaranteed levels during the dry season. At the A-3 auction, bioelectricity competed directly with fossil-sourced natural gas and with wind power. At the Reserve Auction, the competition was wind power. Competition between different sources is designed to obtain the lowest tariffs possible for final consumers, but it takes place in a public bidding procedure in which everyone is vying to meet the same demand. Eventually they sign different contracts with restrictive clauses that discourage the involvement of certain sources and favour others. These different contracts include very unfavourable terms and conditions undermining the fair competition that ought to be a fundamental principle of public bidding procedures. Complementaridade da bioeletricidade sucroenergética The small number of bioelectricity projects sold at the two auctions shows that the institutional conditions and model used are affecting the development of this source for the Brazilian energy matrix. The aim of lowering tariffs at auctions must be carefully watched too, because the long-term consequences must be taken into account. Saving of 4% of the reservoirs for each 1000 MW, average of bioelectricity in the dry spell (april-november). 80% 60% 40% GW average 20% 0% Jan Fev Mar Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Energia afluente nos reservatórios Novas hidrelétricas que estão chegando Bioeletricidade Afluent energy in reservoirs New hydroelectric power stations being built Bioelectricity Market potential of bioelectricity for the Brazilian electrical grid - Brazil (2010-2021) 14.000 2.000 3.358 GW average GW médio 5.158 4.000 4.158 6.000 8.158 Actual bioelectricity offered to electrical grid in 2010. 7.158 8.000 12.158 11.158 Bioeletricidade efetivamente ofertada à rede elétrica em 2010. 9.158 10.000 10.158 12.000 13.158 Potencial equivalente a 3 Usinas Belo Monte até 2021. Potential equivalent to 3 Belo Monte power stations until 2021. more electricity than any other region. Zilmar José de Souza is bioelectric manager of União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA). Mai Potencial de mercado da bioeletricidade para a rede elétrica - Brasil (2010-2021) We believe that auctions in the regulated environment should take into account the potential of each source or region; they should be made source- or region-specific. In the case of sugarcane biomass, the potential is mainly in the Mid-South of Brazil, which consumes Zilmar José de Souza é gerente em Bioeletricidade da UNICA – União da Indústria de Cana-de-Açúcar. Abr 6.158 If we continue with the policy of generic auctions rather than level playing fields, and if we have to revive our potential of bioelectricity in the future, we will be held back by the industry’s capacity, which will certainly be lower in the long run. We cannot build the capital goods industry from one generating source at the expenses of another source, in this case biomass, which has a genuinely Brazilian supply chain. Economia de 4% dos reservatórios para cada 1000 MW, médios de bioleletricidade no período seco (abril-novembro). 100% GW médio Sugarcane biomass could provide something like 500 to 600 MW per annum, at the industry’s current capacity. Last year only 191 MW were contracted at the two auctions that involved bioelectricity. This year, 2011, there were just over 80 MW at the A-3 and LER auctions. The economic rationale is relentless: the industry will shrink in the future - and in fact we are already seeing this process. Complementarity of sugar industry bioelectricity 120% 0 2010/11 2011/12 2012/13 2013/14 2014/15 2015/16 2016/17 2017/18 2018/19 2019/20 2020/21 Safra Harvest swisscam magazine 66 10/2011 15 focus: energy Energy supply of the future: major potential for PV technology Securing a reliable, safe and costeffective energy supply is the biggest challenge emerging economies face as they narrow their standard of living gap with developed nations. b y Dr. Ivan Sinicco G lobally, more than 85% of the energy produced comes from nonrenewable energy sources – coal, oil, natural gas and nuclear. However, populations already stretched thin by economic, environmental and public health stresses understandably balk at any energy strategy that increases natural resource depletion, waste disposal challenges and carbon emissions. Here, renewable energy resources become a critical and viable component of the energy mix – as well as an important economic opportunity for innovative industries to meet that need. In Brazil, more than 43% of the energy produced comes from renewable sources. However, with much of its potential US$ 25 billion renewable energy market relying on land-intensive generation methods like hydroelectric or biomass, there is tremendous opportunity for growth in the solar industry. 16 swisscam magazine 66 10/2011 Solar energy is widely recognized as the foremost solution to increasing energy demand. Photovoltaic (PV) conversion relies on the one truly unlimited and free energy source as its feedstock: the sun. With global population growing at 0.8% per year, energy demand is expected to increase 1.3% each year through 2050, while electricity consumption is expected to grow even faster at more than 2%. Clearly, such top-heavy demand cannot be met sustainably through a traditional fossil fuel mix alone but that need not spell an end to economic development. Imagine the total amount of energy that can be converted from all known fossil fuel sources available in the planet. The sun delivers that same amount to the earth every two years. Unlike fossil fuels, therefore, it is not a question of where to find energy, but merely how to harness it profitably and for the greatest social good. Today, there are two major families of commercial solar PV technologies: crystalline and thin film technologies (CdTe, CIGS, CIS and thin film silicon). Comparing their performance under real-world conditions, thin film silicon offers a clear advantage in sunny, hot places as well as in diffuse (cloudy) or low-light conditions (early morning, late afternoon). Looking to the USA as an example, covering 6% of the state of Arizona with thin film silicon PV modules would generate enough electricity to meet the demand of the entire country. Similarly, with thin film silicon, Brazil could generate enough electricity to meet its demand with merely 1% of the land area of the state of Goias. Solar power holds unprecedented potential in a country like Brazil, where an estimated 20 million people live off the grid in rural areas. Solar power can be used for heat and electricity. Solar thermal water heaters have been an important focus of recent United Nations Environment Program (UNEP) initiatives. By its very nature, PV generation has lower transmission losses while distributed and not concentrated in one spot. With those same rural areas demanding a nearly 2.8 GW generation capacity, thin film silicon is the ideal technology to supply those populations through distributed generation or hybrid systems (Biofuel/PV, mini grid). Though Brazil is currently focused on innovations in hydroelectric and wind power, the amount of total renewable energy investments will increase in the short term and solar stands to grow more and more important. The government’s PAC 2 economic growth program has set a planned growth rate of four to 6 % from 2011 to 2014. Of that nearly R$1.4 trillion planned investment (€ 600 billion/US$ 859 billion), 48% is slated for investment in the energy sector. PV installation is labor intensive and by some estimates can create 28 local jobs for every MWp of production capacity installed. A typical fab employing 160 people can therefore generate roughly 3,900 associated jobs. Solar technology is not only a pathway to energy innovation, it promises growth potential for the Brazilian energy market with positive impacts for business and the economy as a whole. foco: energia Abastecimento de energia no futuro: grande potencial para tecnologia fotovoltaica A garantia de fontes de abastecimento de energia confiáveis, seguras e econômicas é o principal desafio enfrentado pelas maiores economias emergentes, à medida que diminuem a diferença em relação aos padrões de vida dos países desenvolvidos. por Dr. Ivan Sinicco E m todo o mundo, mais de 85% da energia produzida é proveniente de fontes não renováveis, como carvão, petróleo, gás natural e nuclear. Entretanto, em sociedades estressadas por problemas econômicos, ambientais e de saúde pública, as pessoas estão compreensivelmente recusando qualquer estratégia de energia que agrave o esgotamento de recursos naturais, resulte em problemas relacionados a descarte de resíduos e em aumento de emissões de carbono. Aqui, os recursos energéticos renováveis passaram a ser um componente crítico e viável da matriz energética – além de oportunidade econômica importante para empresas inovadoras atenderem essa demanda. No Brasil, mais de 43% da energia produzida é proveniente de fontes renováveis. Entretanto, com a maior parte do mercado potencial de US$25 bilhões de energia renovável dependendo de métodos de geração que demandam vastas extensões territoriais, como geração de energia hidroelétrica ou produção de biomassa, há uma oportunidade imensa para crescimento na área de energia solar. A energia solar é amplamente reconhecida como o melhor caminho para atender a demanda crescente de energia. A conversão fotovoltaica (PV) utiliza como insumo a única fonte de energia realmente ilimitada e grátis: o sol. Com a população global crescendo 0,8% ao ano, a previsão de crescimento da demanda de energia é de mais de 1,3% por ano até 2050, enquanto para o consumo de energia elétrica este aumento é ainda mais rápido, de mais de 2% ao ano. Obviamente, essa demanda exagerada não poderá ser atendida de modo sustentável apenas pela matriz tradicional baseada em combustíveis fósseis, mas isso não significa necessariamente o fim do desenvolvimento econômico. Imagine a quantidade total de energia que poderia ser convertida a partir de todas as fontes de combustíveis fósseis conhecidas no planeta. O sol fornece essa mesma quantidade de energia para a Terra a cada dois anos. Portanto, diferentemente dos combustíveis fósseis, não é uma questão de onde encontrar energia, mas simplesmente de como aproveitá-la de modo lucrativo e com o maior benefício social. Atualmente há duas grandes famílias de tecnologias comerciais de energia PV solar: a tecnologia cristalina e a tecnologia de película fina (CdTe, CIGS, CIS e película fina de Silício). Comparando o desempenho dessas tecnologias sob condições reais, a película fina de Silício oferece vantagens claras em locais quentes e ensolarados e também em condições de insolação difusa (tempo nublado) ou de baixa insolação (nascer e pôr do sol). Tomando-se os EUA como exemplo, a cobertura de 6% do Estado do Arizona com módulos PV de película fina de Silício poderia gerar energia elétrica suficiente para atender a demanda de todo o país. Da mesma forma, com película fina de Silício o Brasil poderia gerar energia elétrica suficiente para atender sua demanda com apenas 1% da área do Estado de Goiás. A energia solar tem um potencial sem precedentes em um país como o Brasil, onde 20 milhões de pessoas vivem em áreas rurais não conectadas à rede de transmissão. A energia solar pode ser utilizada para aquecimento e para geração de energia elétrica. Aquecedores de água solares têm recebido atenção importante de iniciativas recentes do Programa Ambiental das Nações Unidas (United Nations Environment Program - UNEP). Por sua natureza, a geração PV apresenta poucas perdas de transmissão, uma vez que é distribuída e não concentrada em um único ponto. Com essas mesmas áreas rurais demandando uma capacidade de geração de aproximadamente 2,8 GW, a película fina de Silício é a tecnologia ideal para atender essa demanda por meio de sistemas de geração distribuídos ou de sistemas híbridos (Biocombustível/PV, minirredes de distribuição). Embora atualmente o Brasil esteja concentrado Com película fina de silício o Brasil poderia gerar energia elétrica suficiente para atender sua demanda com apenas 1% da área do estado de Goiás. em inovações na área de geração hidroelétrica e de energia eólica, o investimento total em energia renovável aumentará a curto prazo e a energia solar passará a ser cada vez mais importante. O Programa de Aceleração do Crescimento - PAC2 do governo prevê índices de crescimento da ordem de 4% a 6% entre 2011 e 2014. Do investimento planejado de aproximadamente R$ 1,4 trilhão (€ 600 bilhões/ US$ 859 bilhões), 48% são destinados ao setor de energia. Instalações PV requerem muita mão de obra e, de acordo com algumas estimativas, poderão criar 28 empregos locais para cada MWp de capacidade instalada de produção. Portanto, uma instalação típica empregando 160 pessoas poderá gerar aproximadamente 3.900 empregos indiretos. A tecnologia solar não é apenas um caminho para a inovação em energia, é também uma promessa de crescimento para o mercado brasileiro de energia, com impactos positivos nos negócios e na economia como um todo. Dr. Ivan Sinicco é diretor do módulo de desenvolvimento e testes da Oerlikon Solar. Dr. Ivan Sinicco is Oerlikon Solar’s head of Module Development and Testing. swisscam magazine 66 10/2011 17 18 swisscam magazine 66 10/2011 Fo t o : Fo t o l i a saúde Viagens longas e as doenças venosas Mais e mais pessoas fazem voos de longa distância e precisam ficar sentadas durante longos períodos. por Olga Regina Q Quando a movimentação fica limitada, a circulação sanguínea nas pernas fica restrita. Esta situação pode levar a graves sintomas comuns: pernas pesadas, dor e inchaço nos pés e tornozelos. Ficar sentado por muito tempo também é um fator de risco para desenvolver flebite e trombose (formação de coágulos sanguíneos). E, às vezes, os coágulos podem migrar para os pulmões, o que é chamado de embolia pulmonar e pode ser fatal. O desconforto e o risco de TVP (Trombose Venosa Profunda) se aplicam a outros tipos de viagens longas, como de carro, trem ou ônibus. Se permanecer sentado sem se movimentar por mais de 5 horas, o risco de TVP pode ser quatro vezes maior. Usar meias de compressão é aconselhável para prevenir a ocorrência dos sintomas e o inchaço, diminuindo o risco de desenvolver um quadro mais grave, como flebite, TVP ou embolia pulmonar. Dicas para viajar! Um cuidado a mais... l Use roupas confortáveis. l Mexa seus pés e tornozelos a cada 15 minutos: 10 flexões e 10 círculos. l Dê health Long journeys and venous diseases More and more people flying long-haul routes are remaining seated for long periods. b y Olga Regina W hen movement is limited, blood circulation in the legs is restricted. This may lead to severe symptoms such as heavy-feeling legs, pain and swelling in feet and ankles. Sitting still for too long is also a risk factor for developing phlebitis and thrombosis (blood clots). Sometimes, clots can migrate to the lungs and cause what is called pulmonary embolism, which may be fatal. The discomfort and risk of Deep Vein Thrombosis (DVT) is involved in travelling by car, train or bus too. By sitting still for more than five hours, the risk of DVT may be multiplied by four. Using compression stockings is recommended to prevent the occurrence of symptoms and swelling, thus reducing the risk of developing a more serious condition such as phlebitis, DVT or pulmonary embolism. Tips for travellers! Another precaution... Wear comfortable clothing; l Move your feet and ankles every 15 minutes: 10 stretching and turning and 10 circular movements; l Go for a short walk every two hours; l Raise your feet; l Wear compression stockings. Effective to prevent the onset of symptoms and swelling. l uma caminhada curta a cada duas horas. l Eleve l Use seus pés. meias de compressão. Eficaz para prevenir o aparecimento dos sintomas e inchaços. Olga Regina é gerente de marketing da Sigvaris do Brasil – Life for Legs. www.sigvaris.com.br – Síndrome do Viajante. Olga Regina is marketing manager with Sigvaris do Brasil – Life for Legs. www.sigvaris.com.br – Traveller’s Syndrome. swisscam magazine 66 10/2011 19 foco: energia A química da parceria Os grandes desafios do setor de petróleo e gás no Brasil abrem oportunidades únicas para as empresas da cadeia produtiva se tornarem parceiras estratégicas da indústria. por Carlos Tooge S étimo maior consumidor mundial de petróleo e um dos mercados que mais cresce no mundo – em média 2,1% ao ano –, o Brasil tem uma posição de destaque no cenário energético internacional: pioneiro na área de biocombustíveis, com uma das matrizes energéticas mais diversificadas do planeta, é líder na exploração offshore de petróleo e gás. As grandes descobertas efetuadas na década na chamada camada do pré-sal, que podem mais do que dobrar as reservas brasileiras de hidrocarbonetos, estão respaldadas nos altos investimentos em novas tecnologias, que possibilitaram ao país avançar para novas fronteiras exploratórias. O Brasil responde por quase um terço das descobertas de petróleo e gás offshore realizadas nos últimos cinco anos – sendo que 50% das novas jazidas de hidrocarbonetos encontradas no mundo, nesse período, foram em águas profundas. Uma das mais importantes descobertas dos últimos 30 anos, o pré-sal, deverá provocar um novo salto Com a meta de triplicar essa produção até 2020, o Plano de Negócios da Petrobras para o período de 2011-2015 prevê um total de US$ 224,7 bilhões em investimentos. 20 swisscam magazine 66 10/2011 tecnológico por parte das petroleiras que estão atuando nessa frente de exploração e produção em águas profundas. A principal delas é a Petrobras, oitava maior empresa de capital aberto do mundo e a terceira de energia no ranking PFC Energy 50, que produz mais de dois milhões de barris de óleo por dia (89% em campos marítimos) e 57 milhões de metros cúbicos diários de gás natural em território brasileiro, além de atuar em outros países. Com a meta de triplicar essa produção até 2020, o Plano de Negócios da companhia para o período de 2011-2015 prevê um total de US$ 224,7 bilhões em investimentos. Desses, US$ 127,5 bilhões (57%) serão alocados na exploração e produção – uma média de US$ 25,5 bilhões por ano, dos quais US$ 1,3 bilhão em tecnologia. Tais recursos visam dar respaldo a essa estratégia de expansão, que demandará dos parceiros tecnológicos e fornecedores da cadeia produtiva soluções inovadoras e de alto desempenho. Não somente para viabilizar a exploração em cenários cada vez mais complexos, como o pré-sal, mas também para otimizar a produção de campos maduros onshore e offshore, que hoje respondem pela maior parte do óleo e gás gerado no país. Para atingir o objetivo de gerar mais de 6,4 milhões de barris equivalentes de óleo e gás por dia (boed) em 2020 – 6 milhões boed no país –, a companhia prevê Aproximadamente 255 mil fornecedores diretos e indiretos deverão ser impactados pelo Plano de Negócios da Petrobras, destacando o papel da Petrobras fundamental da cadeia de fornecedores para atingir suas metas. perfurar mais de mil novos poços offshore nos próximos seis anos. Tanto para encontrar novas reservas como também para agregar volumes recuperáveis de petróleo em áreas produtoras, principalmente na Bacia de Campos. A Petrobras quer consolidar essa expansão buscando “maximizar o conteúdo local, a qualificação tecnológica e de recursos humanos, o fomento à micro e pequena empresa, a sustentabilidade e a competitividade”. A própria empresa já frisou que aproximadamente 255 mil fornecedores diretos e indiretos deverão ser impactados pelo seu Plano de Negócios, destacando o papel fundamental da cadeia de fornecedores para atingir suas metas. Entre os itens que terão uma demanda crescente – e em grandes volumes – estão as soluções químicas utilizadas tanto nas etapas exploratórias, com inúmeras sondas em atividades nos próximos cinco anos, como na fase de produção, com a instalação de sistemas de desenvolvimento dos campos. Fo t o : Fo t o l i a focus: energy Chemistry between partners With Brazil’s oil and gas industry facing major challenges, firms in the supply chain have unique opportunities to become its strategic partners. b y Carlos Tooge B razil is the world’s seventh-largest consumer of oil and one of its fastest growing markets - an average of 2.1% per year - with a leading position on the international energy scenario: a pioneer in the field of biofuels with the planet’s most diversified energy matrix, and a leader in offshore oil and gas. Major discoveries were made in the previous decade. What is called the “pre-salt” layer may more than double Brazil’s hydrocarbon reserves with the help of heavy investment in new technologies to enable progress on new frontiers of exploration. Brazil accounts for nearly a third of the offshore oil and gas reserves discovered in the last five years - and 50% of new hydrocarbon deposits found in the world in this period were in deep water. One of the most important discoveries of the past 30 years, the pre-salt oil fields are set to drive a new leap in technology by oil companies working on deep-water exploration and production. The main one is Petrobras, the world’s eighth largest Approximately 255,000 direct and indirect suppliers will be impacted by Petrobras´ business plan, highlighting the crucial role its supply chain will play in reaching its targets. publicly traded company and third in the PFC Energy 50 ranking, which produces more than two million barrels of oil per day (89% from offshore fields) and 57 million cubic meters of natural gas in Brazil, in addition to its operations in other countries. The 2011-2015 business plan for Petrobras sets a target of tripling production by 2020 by investing US$ 224.7 billion of that amount, US$ 127.5 billion (57%) will be allocated to exploration and production - an average of US$ 25.5 billion per year, of which US$ 1.3 billion for technology. These resources will support an expansion strategy that will require technology and supply chain partners to provide innovative solutions and top performance. Not only to enable exploitation in increasingly complex scenarios such as the pre-salt layers, but also to optimize production from the mature onshore and offshore fields that currently account for most of the oil and gas produced in Brazil. To reach its target of producing over 6.4 million equivalent barrels of oil and gas (boed) per day by 2020 – of which 6 million boed from Brazil itself - the company is planning to drill more than 1,000 new offshore wells in the next six years, to find new reserves and to aggregate recoverable volumes of oil from producing areas, mainly in the Campos Basin. Petrobras aims to consolidate this expansion while “maximizing local content, technology skills and human resources, and fostering micro- and small firms, sustainability and competitiveness.” The company itself has stated that approximately 255,000 direct and indirect suppliers will be impacted by its business plan, highlighting the crucial role its supply chain will play in reaching its targets. Among the items for which there is growing demand – and high volumes - are the chemical solutions used in the exploratory stages, with numerous probes in activities over the next five years, and in the production phase too, with the installation of field development systems. Carlos Tooge é doutor em Química e vice-presidente da Unidade de Negócios Oil & Mining Services da Clariant S.A.. Carlos Tooge is doctor in Chemistry and vice president of Clariant S.A.’s Oil & Mining Services Business Unit. swisscam magazine 66 10/2011 21 convidado O potencial da energia eólica e solar no Brasil Após o último tsunami no Japão, o mundo passou a questionar a geração de energia nuclear, e o tema ganhou ainda mais destaque depois que a Alemanha decidiu substituir essa fonte de energia pelas renováveis. Seguindo essa tendência, o país inaugurou, recentemente, a primeira usina eólica offshore, com capacidade de produção de 48,3 megawatts. por Manfred Hattenberger A energia eólica tem avançado do domínio experimental para uma real contribuição ao equilíbrio energético dos países e regiões que nela investem. A capacidade de geração mundial aumentou de 4,8 GW em 1995 para 158 GW em 2009, e este crescimento deve continuar. Mas, apesar das economias de escala e da acumulação de know-how terem reduzido o preço (por MW), bem como o risco de novas instalações, a eficiência de custos ainda é um aspecto importante. No Brasil, o mercado eólico já está consolidado e, atualmente, o país possui 44 parques em operação com cerca de 600 MW de capacidade, todos construídos com incentivos do Programa de Infraestrutura (Proinfra). A expectativa é que este crescimento continue nos próximos anos, pois o governo brasileiro contratou a construção de 141 novos empreendimentos, com entrega prevista entre 2012 e 2013. Além disso, a Associação Brasileira de Energia Eólica tem como objetivo instalar 10 GW de energia eólica até 2020, sendo que um terço dessa capacidade será instalado no Ceará. Os números ainda são imprecisos, mas o potencial é enorme, especialistas do mercado falam de uma capacidade de geração superior a 300 mil MW. Esses ventos combinados à incerteza econômica nos mercados desenvolvidos trazem uma nova leva de Com os sistemas atuais, uma família média que possui um sistema solar com armazenamento de energia e painéis de dimensão suficiente só teria que recorrer a fontes externas de energia elétrica em algumas horas por semana. 22 swisscam magazine 66 10/2011 A Associação Brasileira de Energia Eólica tem como objetivo instalar 10 GW de energia eólica até 2020, sendo que um terço dessa capacidade será instalado no Ceará. investimentos para o Brasil e aceleram a vinda das multinacionais para o país. A ABB, por exemplo, grupo suíço-sueco, líder em tecnologias de energia e de automação, presente desde 1912 no país, inaugurou no início do ano em Blumenau sua nova linha de produção de transformadores a seco e anunciou investimentos de US$ 200 milhões até 2014, sendo que parte deste investimento está direcionado à ampliação da sua fábrica em Guarulhos e à construção de uma nova unidade em Sorocaba, em um terreno de 125 mil metros quadrados. Uma grande vantagem da geração eólica em relação à matriz energética atual é que ela complementa perfeitamente a redução na produção das hidrelétricas na época da seca, período em que os ventos sopram ainda mais fortes. Seguindo a tendência de buscar fontes de energias renováveis, está iniciando no mercado brasileiro o desenvolvimento da energia solar. Assim como a energia eólica, é menos agressiva ao meio ambiente, pois não emite poluente, é uma fonte energética renovável e existe em abundância em nosso país. A energia solar pode ser captada de forma indireta através de usinas em grandes áreas de captação ou como acontece em Israel, onde 70% das residências possuem coletores solares. No Brasil, o uso residencial ainda está mais focado no aquecimento de água. A possibilidade de integrar painéis solares à paisagem com edificações e obras públicas permitem a geração de energia próxima ou até no mesmo local de consumo, reduzindo consideravelmente as perdas na transmissão e distribuição (cerca de 40% do total produzido) e a dependência energética. Com os sistemas atuais, uma família média que possui um sistema solar com armazenamento de energia e painéis de dimensão suficiente só teria que recorrer a fontes externas de energia elétrica em algumas horas por semana. Outro bom exemplo é a utilização de painéis solares para atendimento a comunidades rurais e isoladas, do Programa Luz para Todos, do Governo Federal. Diferente da energia eólica, a solar possui uma produção mais estável e previsível, mesmo com o céu nublado, porém não produz nada durante a noite. O futuro aponta para um Brasil sustentável e independente energeticamente. Utilizando fontes de energias renováveis e reduzindo assim o impacto ambiental na geração, transmissão e distribuição. Esse é o imperativo da sueca-suíça ABB, que busca desenvolver produtos e sistemas de máximo desempenho, ecologicamente corretos e sistemas eficientes para garantir o máximo desempenho das plantas de seus clientes. Uma sociedade sustentável é aquela que supre as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações. Fo t o : A B B guest Potential for wind and solar energy in Brazil After the last tsunami in Japan, people worldwide became wary of nuclear power, and the issue gained even more prominence after Germany decided to replace this source of energy by renewable sources. Following this trend, Germany recently inaugurated its first offshore wind farm, with capacity for 48.3 megawatts. b y Manfred Hattenberger W ind power has moved on from the experimental stage to making a real contribution in the countries and regions that have invested in this source. Generating capacity worldwide grew from 4.8 GW in 1995 to 158 GW in 2009, and this growth is likely to continue. However, although economies of scale and accumulated know-how have reduced prices (per MW), as well as risk for new facilities, cost efficiency is still an important aspect. The Brazilian Wind Power Association plans to install 10 GW of wind power by 2020, and one-third of that capacity will be installed in the state of Ceará. In Brazil, the wind-power market has already consolidated and currently consists of 44 facilities with capacity to produce 600 MW, all built with incentives under the Infrastructure Program (Proinfra). We expect this growth to continue in the coming years, since the Brazilian government has commissioned 141 new facilities due to be handed over in 2012-2013. In addition, the Brazilian Wind Power Association plans to install 10 GW of wind power by 2020, and one-third of that capacity will be installed in the state of Ceará. The numbers are still ballpark level, but the potential is huge and industry experts are talking of generating capacity of over 300,000 MW. Economic headwinds combined with uncertainty in developed markets are driving a new wave of investment in Brazil and spiking the interest of the multinationals in this country. For example the Swiss-Swedish ABB conglomerate, a leader in energy technologies and automation, which has been present in Brazil since 1912, opened its new production line for dry transformers in Blumenau earlier this year, and announced it would be investing US$ 200 million by 2014. Part of this investment will be to expand its Guarulhos plant and build a new one on a 125,000 m2 site in Sorocaba. A major advantage of wind power in relation to the current energy matrix is that it perfectly complements falling hydropower output in the dry season, when winds are stronger. Fo t o : A B B Following the trend of using renewable energy sources, the development of solar energy is starting to take off in the Brazilian market. Like wind power, it is less aggressive for the environment since it does not emit pollutants, is renewable and exists in abundance in Brazil. Solar energy may be tapped indirectly by plants in large catchment areas or by units such as those in Israel, Using current systems, an average family installing a solar system with energy storage units and panels of sufficient size would only have to resort to external sources of electricity for a few hours a week. where 70% of homes have solar collectors. In Brazil, residential use is still more focused on heating water. By integrating solar panels to the landscape with buildings and public works, energy could be generated near consumers, or even on the same sites, considerably reducing transmission and distribution losses (some 40% of total production) and energy dependence. Using current systems, an average family installing a solar system with energy storage units and panels of sufficient size would only have to resort to external sources of electricity for a few hours a week. Another good example is the use of solar panels for rural and isolated communities under the Brazilian government’s Light for Everybody (Luz para Todos) program. Unlike wind power, solar production is more stable and predictable, even in cloudy weather, but no power is generated at night. The future points to sustainable and self-suffi cient energy for Brazil. Using renewable energy sources and reducing the environmental impact of generation, transmission and distribution. This is the imperative for the Swiss-Swedish firm ABB, which is developing products and systems for top performance, to be environmentally friendly and efficient while ensuring maximum performance from clients’ plants. A sustainable society is one that meets the needs of the present without compromising capacity for future generations. Manfred Hattenberger é gerente geral de energia solar e eólica da ABB Brasil. Manfred Hattenberger is solar and wind power general manager of ABB Brazil. swisscam magazine 66 10/2011 23 Fo t o : M i n e r g i e foco: energia MINERGIE®: Construir Melhor, Viver Melhor Entenda como funciona o selo suíço MINERGIE® de construção sustentável e sua viabilidade de implementação por Franz Beyeler M INERGIE® é um selo de qualidade aplicável a construções novas e reformadas, que abrange todas as categorias de imóveis e que prioriza o conforto dos usuários. A energia necessária para o aquecimento é uma ótima medida para avaliar a qualidade da construção de um imóvel. Além disto, MINERGIE® estabelece limites para o consumo de energia. O conforto térmico é maior em imóveis com paredes externas, pisos e tetos bem isolados e termicamente estanques. A razão para isto: as superfícies internas do invólucro do edifício são mais quentes e as temperaturas do interior mais uniformes. Estas qualidades também se fazem sentir nos dias de calor no verão: o edifício permanece agradavelmente fresco. A qualidade da construção tem influência significativa sobre o valor de um imóvel a médio e longo prazo. De acordo com um estudo realizado pelo Zürcher Kantonalbank, o Banco Cantonal de Zurique, após 30 anos um imóvel com selo MINERGIE® vale 9% mais que um imóvel convencional. Uma melhor qualidade na construção traz consigo custos mais elevados. Mas estes são compensados por uma economia constante, durante décadas, no consumo de energia. MINERGIE® estabelece metas, mas não determina a forma como estas metas devem ser alcançadas. Assim, os empreiteiros e engenheiros têm total liberdade de criação. Também a escolha dos materiais e do tipo de aquecimento é função dos envolvidos. 24 swisscam magazine 66 10/2011 entrevista Ruedi Kriesi Já foram construídos mais de 20.000 imóveis com certificação Minergie. Qual é a razão para este sucesso? Ruedi Kriesi: É um engano achar que é a eficiência energética, como muitos podem pensar. É bastante óbvio que casas com Minergie vendem bem, pois oferecem conforto adicional, por terem melhor isolamento acústico, menos entrada de poeira, menos mofo, apenas para citar alguns exemplos. O fato delas também consumirem menos energia é apenas um efeito colateral agradável para o proprietário. O investimento mais elevado não seria a razão para que muitos construtores optem por construir uma casa convencional? Sim, isto é verdade. Mas estas pessoas ainda não entenderam algo decisivo: o valor agregado de um imóvel destes. O Banco Cantonal de Zurique provou que uma casa com selo Minergie tem um valor de revenda mais alto. É indiscutível que alguém, que hoje em dia constrói não optando por Minergie, está cometendo um engano em relação à melhor forma de usar seu capital. Você assegura seu futuro com Minergie, pois mesmo grandes aumentos futuros do custo de energia não irão tornar proibitiva a manutenção de sua casa. Minergie também pode ser implementado internacionalmente? Sim, mas somente lentamente. Mesmo na Suíça se passaram mais de dez anos até que pudéssemos apresentar números aceitáveis. Este processo tem de incluir construtores, planejadores, arquitetos, autoridades e especialistas, e isto automaticamente retarda o processo. Não seria porque outros países têm outros regulamentos e normas que regem a construção civil, tornando difícil a introdução de construções complexas como Minergie? Sim, isto também é um motivo. Na Suíça tudo começou relativamente rápido, pois já tínhamos um padrão de construção alto, mas isto também é o caso em países como a Alemanha e a Áustria. Mesmo assim, na França já temos uma empresa licenciada. Certamente, o objetivo de Minergie é tornar-se um conceito amplamente conhecido. Queremos disseminar nosso conhecimento das técnicas de construção e do nosso modelo de negócio para melhorar o aproveitamento de energia em outras partes do mundo. Com 25% de todas as construções novas possuindo certificado Minergie, uma considerável parte da indústria de construção suíça acabou desenvolvendo um know-how específico, que sem dúvida pode ser valioso para melhorar a eficiência energética em muitas construções mundo afora. MINERGIE poderia ser implementado no Brasil? Com sua definição baseada no aumento do conforto, do valor e da eficiência energética, Minergie faz sentido em qualquer lugar, sempre que haja construções de alto nível sendo feitas. Obviamente, para um clima como o brasileiro, muito diferente do frio clima suíço, deverão ser definidos padrões apropriados. Porém, muito da tecnologia MINERGIE aplicada em regiões de clima frio também se aplica a climas quentes e úmidos, e padrões MINERGIE já foram desenvolvidos para os Emirados Árabes Unidos e o sul do Japão. Entretanto, o sucesso da introdução de um padrão avançado como este exige o envolvimento de uma organização poderosa com atuação em nível nacional, pois durante anos haverá a necessidade de muita promoção e de extenso treinamento técnico em todos os níveis, com o objetivo de alterar a cultura da construção civil existente. Na Suíça, este processo já dura mais de dez anos. Fo t o : M i n e r g i e focus: energy interview Ruedi Kriesi Over 20.000 buildings have so far been built certified by the Minergie standards in Switzerland. What are the reasons for this success? Ruedi Kriesi: It’s not primarily because of energy efficiency, as many believe: that is a big mistake. It is quite obvious that Minergie houses sell because of its extra comfort, like better noise insulation, less dust exposure and no risk of molding, for example. The fact that it uses less energy is just a pleasant side effect for the owner. Aren’t the higher investment costs often the reason why house builders often ultimately decide for a conventional house? Yes, that is true. But these people have not understood something quite decisive: the added value of such a property. The Zürich Cantonal Bank could prove that Minergie houses have a better resale value. It is undisputable that anyone who now builds a house and doesn’t choose Minergie is making a mistake with regards to the best way to use his money. This is because you secure your future with a Minergie house, and even massive increases in energy prices in the future will not prohibitively increase the running costs. Can Minergie also be implemented internationally? Yes, but only in slow stages. For even in Switzerland it took over ten years until we could boast any considerable figures. You have to include builders, planners, architects, authorities and experts and that automatically aggravates the process. Is it not because there are other regulations and methods of construction abroad, meaning that it is difficult to implement complicated constructions like Minergie? Yes, that also plays a role. In Switzerland everything started more quickly, because we already had a high building standard, but that would also be similar in countries as Germany and Austria. Then again, in France we already have a license holder. By all means, it is Minergie’s aim to become better known. We want to pass on the knowledge that we have acquired in our building technique and business model in order to improve efficiency elsewhere in the world. With 25% of all new constructions being Minergie-certified today, considerable parts of the Swiss building industry have developed very specific know-how, which would indeed be valuable to improve the energy efficiency of buildings in many other countries. Could MINERGIE also be implemented in Brazil? With its definition of increased comfort, value and energy-efficiency, the brand makes sense wherever people are building advanced houses. Obviously, for the Brazilian climate zones, which are clearly different from the cold Swiss weather, appropriate standards would have to be defined. Most MINERGIE-technologies applied in cold weather also fit in hot and humid areas and MINERGIE-standards have been developed for example for the United Arab Emirates or Southern Japan. However, introducing such an advanced standard, a powerful and in the construction business well positioned national organization only could be successful, since a lot of promotion and technical training on all levels over many years would be required to change the existing building culture. In Switzerland, this has been a process of more than ten years. Ruedi Kriesi é o vice-presidente, líder do grupo estratégico e membro honorário da União Minergie, além de proprietário da Kriesi Energie GmbH, uma empresa de consultoria na área de conceitos e serviços de construção Minergie. Desde 1990, ele mesmo vive em uma comunidade utilizando zero de energia para aquecimento. Ruedi Kriesi is the vice president, leader of the strategy group and honorary member of the Minergie union as well as owner of Kriesi Energie GmbH, a consulting company for concepts and building services for Minergie constructions. He himself has been living in a community requiring zero heat energy since 1990. MINERGIE ®: Building Better, Living Better Understand how the Swiss seal MINERGIE® for sustainable building works and its implementation feasibility. b y Franz Beyeler H omeowners enjoy higher levels of thermal comfort when outer walls, floors and ceilings are well insulated and thermally sealed. This is so because inner surfaces of the building envelope are warmer and inner temperatures are more uniform. These qualities also have an effect on hot summer days, when the building will remain pleasantly cool. High quality construction has a significant effect on the price of a property in the medium and long term. A survey conducted by Zürcher Kantonalbank showed that a property bearing the MINERGIE® seal was worth 9% more than a conventional building after 30 years. Better quality construction does involve higher costs, but they are offset by constant energy consumption savings over decades. MINERGIE ® sets targets but does not determine how they should be reached, so contractors and engineers enjoy total creative freedom. In addition, the choice of materials and type of heating is made by those involved. Franz Beyeler é economista e diretor da MINERGIE, Berna/Suíça. Franz Beyeler Franz Beyeler, economist and director of MINERGIE, Bern, Switzerland. swisscam magazine 66 10/2011 25 especial Fo t o : Fo t o l i a ANOS A SWISSCAM completa 66 anos de existência este ano e, para comemorar o aniversário, apresenta na edição 66 alguns depoimentos de associados e amigos de longa jornada que sempre apoiaram o trabalho da SWISSCAM. Special SWISSCAM’s 66th anniversary S WISSCAM is celebrating its 66th anniversary this year so this issue number 66 presents the testimony of some long time members and friends who have been constant supporters of our work. Queremos saber a sua opinião sobre a revista. Acesse www.swisscam.com.br/survey e participe da nossa pesquisa. Com um pouco de sorte você poderá viajar com a Swiss International Air Lines! We want to know your opinion about the magazine. Go to www.swisscam.com.br/survey and take part in our survey. With a little bit of luck you may travel with Swiss International Air Lines! 26 swisscam magazine 66 10/2011 “A Sika desembarcou no Brasil em janeiro de 1934. Nesses quase 80 anos de atuação no Brasil e mais de um século de atuação global, conquistou um papel de destaque entre as principais empresas do país no mercado de produtos químicos para a construção e indústria. Hoje a marca Sika está presente em grandes obras da engenharia nacional como pontes, túneis, instalações esportivas, grandes hidrelétricas, na indústria e varejo, sempre aliando a mais alta tecnologia com a preservação do meio ambiente. Presente na SWISSCAM há mais de 50 anos, a câmara foi de grande importância para o crescimento da Sika e a geração de novos negócios para a companhia.” “Sika first came to Brazil in January 1934. Over a period of almost 80 years in Brazil and more than a century operating around the world, Sika has taken a leading role among the country’s chemicals com- “Parabenizamos a SWISSCAM pelos seus 66 anos de existência, dos quais tivemos o orgulho de fazer parte desde o início das operações da SIG Combibloc no Brasil, uma das principais fornecedoras mundiais de embalagens cartonadas e máquinas de envase para alimentos e bebidas. Estamos presentes no país há 8 anos e recentemente inauguramos a nossa primeira fábrica de embalagens na América do Sul, localizada em Campo Largo - PR. O forte crescimento dos nossos negócios nos dá confiança para continuar investindo na região, especialmente no Brasil”. “We congratulate SWISSCAM on its 66th anniversary and we are proud to have been part of its history since the first Brazilian operations of SIG Combibloc, one of the world’s leading suppliers of carton packaging panies supplying the construction and manufacturing industries. Today our brand is present in Brazil’s major engineering works such as bridges, tunnels, sports facilities, large dams, industry and retailing, in every case combining the latest technology with preservation of the environment. Sika has been a member of SWISSCAM for more than 50 years, and the chamber was of great importance for its growth and for generating new business.” Daniel Monteiro é gerente geral da Sika Brasil. Daniel Monteiro is general manager of Sika Brasil. and filling machines for foods and beverages. We have been present in Brazil for eight years and recently opened our first South American packaging factory in Campo Largo, in the state of Paraná. Our strong growth has boosted our confidence to continue investing in the region, especially in Brazil.” Félix Colas e Ricardo Rodriguez, respectivamente diretor e presidente da SIG Combibloc. Félix Colas (director) and Ricardo Rodriguez (president), SIG Combibloc. “A nossa experiência durante os quase 18 anos de associação à Câmara foi marcada pelo convívio com profissionais extremamente bem organizados e muito dedicados na agregação de valores e integração entre seus associados, através de vários tipos de eventos, o que nos permitiu estabelecer algumas parcerias que duram até hoje.” and organizing for integration among members by holding different types of events, which has enabled us to build partnerships that are still going strong.” “We have been members of the chamber for almost 18 years and a key feature of our experience has been interacting with extremely well organized professionals who are highly dedicated to adding value Alberto Gomes de Araújo is founder and ex-CEO of Victorinox do Brasil. “A Swatch Group Brasil é membro da Swisscam há muitos anos. Aproveitamos, constantemente, as palestras jurídicas e econômicas propiciadas por esta prestigiosa Câmara de Comércio. Também fazemos uso das salas de reunião e da plataforma de contatos. Todos os funcionários e colaboradores da Swisscam sempre se mostraram extremamente profissionais, atenciosos e simpáticos. Só temos a agradecer pelo suporte a nós prestado.” “Swatch Group Brasil has been a member of Swisscam for many years. We have constantly benefited from legal and economic seminars offered by this “A Elevadores Atlas Schindler S.A., associado de longa data da SWISSCAM, é uma empresa integrante do Grupo Schindler, que atua há mais de 130 anos em todos os continentes. No Brasil, a empresa conta com duas fábricas, em Londrina e São Paulo, e um parque fabril planejado para exportação de equipamentos de transporte vertical principalmente para a América Latina. Com mais de 2.500 técnicos e 150 Postos de Atendimento em todo Brasil, a empresa também oferece serviços de modernização de equipamentos antigos, que prevê a atualização tecnológica e estética de elevadores, escadas ou esteiras rolantes.” Elevadores Atlas Schindler S.A. is a long-standing member of SWISSCAM, and part of the Schindler group of companies, which has been doing business on every “Que incrível potencial superando de longe as influências da Ásia! Com redução de carga tributária, interferência do governo, burocracia; adoção de uma reforma fiscal profunda; interrupção da redistribuição de 48% do PIB; redução da insustentável dívida interna; conscientização de que o papel do governo é servir as pessoas e não o contrário: o Brasil ficará contente, será próspero e terá taxas de crescimento regulares acima de 9%! Feliz Aniversário, Swisscam! Continue a contribuir da mesma maneira profissional e eficiente para criar ligações entre as economias suíça e brasileira!” What an incredible potential exceeding by far Asia’s powerhouses! Reduce tax burdens, government interference, and bureaucracy; introduce far-reaching fiscal reform; stop redistributing 48% of GDP; reduce the Alberto Gomes de Araújo é fundador e ex-CEO da Victorinox do Brasil. prestigious chamber of commerce. We have also made use of its meeting rooms and enjoyed having a platform for contacts. All Swisscam staff and associates have always been extremely professional, helpful and friendly. We can only say “thank you” for the support provided.” Fazer 66 anos em um período muito turbulento e ainda ficar ativa não é para qualquer um. Eu mesmo vivi quase metade deste tempo no Brasil. Nascido na Suíça, com a formação concluída e com as primeiras experiências profissionais lá, tive um choque cultural e profissional muito forte quando cheguei em São Paulo. Hoje estou confiante de que a decisão tomada foi certa, e isto em todos os aspectos. Também acredito que o Brasil vai ocupar a posição que lhe cabe no cenário mundial e que a paz social poderá ser assegurada. 66 years old in a turbulent period and still be active is not everyone’s cup of tea. I lived myself almost half of this time in Brazil. Born in Switzerland, with education and first professional experiences achieved there, I had a great cultural and professional shock when I arrived in Sao Paulo. Today I am confident that my decision was right, in all aspects indeed. I also believe Brazil will take over the position the country is entitled to in the world scenario and social peace will be assured. Carolina Levi Rocha é diretora geral da Swatch Group. Christian Hanssen é diretor da Helamin Brasil. Carolina Levi Rocha is CEO of Swatch Group. Christian Hanssen is director of Helamin Brasil. continent for over 130 years. In Brazil, the company has two factories, in Londrina and São Paulo, and our plants were planned to export vertical transportation equipment primarily to Latin America. With more than 2,500 technicians and 150 service stations throughout Brazil, the company also modernizes older equipment technologically and aesthetically enhancing elevators, escalators or conveyers.” José Carlos Lusquiños é diretor de Logística e Suprimentos da Elevadores Atlas Schindler. José Carlos Lusquiños is head of Logistics and Supplies of Elevadores Atlas Schindler. unsustainable internal debt; realize that government is there to serve the people and not vice-versa: Brazil will be happy, prosperous and regularly post growth rates of up to nine percent! Happy Birthday, Swisscam! Continue to contribute in the same professional and efficient manner by acting as matchmaker for partners from the Swiss and the Brazilian economies!” Juerg Leutert é exEmbaixador da Suíça no Brasil e presidente da Swiss Brazil Consultoria Ltda. Juerg Leutert is former Swiss ambassador to Brazil and president of Swiss Brazil Consultoria Ltda. “Ao longo de sua existência, a Swisscam prestou relevantes serviços às relações comerciais entre o Brasil e a Suíça, com uma trajetória que se iniciou como uma espécie de elo social, entre a comunidade de suíços que chegavam em companhia das empresas de seu país que aqui vinham se instalar; para, ao longo de seus 66 anos de existência, tornar-se indutora dos interesses empresariais bilaterais. Hoje, caminha para ser uma entidade cada vez mais independente e auto sustentável, através da prestação de serviços ligados à promoção de negócios e como um fórum de debates, de temas de interesse comum dos seus associados. É com satisfação que parabenizo a Swisscam por seus primeiros 66 anos de vida!” “Throughout its existence, Swisscam has provided outstanding services to trade relations between Brazil and Switzerland. Initially, its purpose was to provide a kind of social venue for members of the Swiss community in Brazil, mostly those with companies doing business here, but in the course of its 66-year existence it went on to help develop bilateral business interests. Today, it is on the way to becoming an increasingly independent and self-sustainable entity providing business and promotional related services and acting as a discussion forum for subjects of common interest to its members. We are pleased to congratulate Swisscam on its 66th anniversary!” Carlos Hohl é vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios e Relações Institucionais da ABB. Carlos Hohl is ABB’s vice-president for Business Development and Institutional Relations. swisscam magazine 66 10/2011 27 foco: energia Eficiência Energética da Biomassa no Brasil Uma política adequada para energia deverá permitir o equilíbrio entre o aumento do abastecimento primário de energia (petróleo, gás natural, hidroelétrica) e o aumento da eficiência energética. Tradicionalmente, o primeiro tem recebido mais ênfase porque, inter alia, a maioria das externalidades tem sido ignorada. por Jayme Buarque de Hollanda e Pietro Erber E sse é o caso do uso da biomassa no Brasil, onde o etanol de cana-de-açúcar abasteceu 19% da demanda de energia para transporte em 2009, enquanto madeira e carvão abasteceram 13% da demanda de energia industrial. Juntas, as duas fontes atenderam 30% do total da demanda de energia primária do Brasil. Não foi a falta de tecnologia, mas sim fatores econômicos e culturais, somados a regulação inadequada e falha no cumprimento da lei, que provocaram ineficiências na produção e utilização de energia de biomassa. Portanto, transformação e uso final mais eficientes de cana-de-açúcar e madeira e seus derivados reduzirão a pegada de carbono do Brasil, que já é uma das menores do mundo. A maior parte do carvão é obtida através de tecnologias que impedem a recuperação de efluentes valiosos, que poderiam ser utilizados para vários fins industriais. Os setores de cana-de-açúcar e de energia elétrica sabem, há muito tempo, que a biomassa de cana-deaçúcar (folhas e bagaço) pode produzir quantidades consideráveis de energia, mas falharam em aproveitar oportunidades porque se concentraram exclusivamente em substituir gasolina. Subsídios para investimento e altos preços de petróleo empurraram os preços do etanol para níveis consideravelmente remuneradores, de modo que o novo setor de etanol foi capaz de se consolidar sem a receita adicional que poderia ter sido gerada pela energia elétrica excedente. Entretanto, na última década, mudanças no modelo do setor de energia elétrica e nos critérios de financiamento adotados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) 28 swisscam magazine 66 10/2011 A crescente demanda internacional de pellets de biomassa poderá fornecer novas oportunidades para que instalações de processamento de cana-de-açúcar e madeira produzam combustíveis renováveis. melhoraram as condições para a produção de energia elétrica excedente e venda para o sistema de transmissão, utilizando usinas de etanol e açúcar novas e reformadas. Além disso, a crescente demanda internacional de pellets de biomassa poderá fornecer novas oportunidades para que instalações de processamento de cana-de-açúcar e madeira produzam combustíveis renováveis utilizando tecnologias menos capital-intensivas. O carvão, produzido a partir de um terço de toda a madeira destinada à produção de energia, abastece indústrias de ferro gusa de alto teor de carbono e de ferroligas. Espera-se que novos regulamentos e tecnologias tornem mais eficientes a produção e a utilização do carvão. A maior parte do carvão é obtida através de tecnologias que impedem a recuperação de efluentes valiosos, que poderiam ser utilizados para vários fins industriais. A recuperação desses efluentes poderia enfatizar a necessidade de utilizar instalações de carbonização mais eficientes. Enquanto indústrias de papel e celulose e alguns grandes produtores de gusa utilizam madeira e resíduos provenientes de plantações, outras indústrias utilizam madeira nativa e tecnologias primitivas e ineficientes para produzir carvão. Embora lenha e carvão sejam fontes significativas de energia, que substituem fontes não renováveis como coque, óleo combustível e gás natural, a produção, venda e utilização de lenha e carvão não foram devidamente regulamentadas, levando em conta a eficiência potencial e os benefícios ambientais. A regulamentação poderia ainda desenvolver a produção e utilização de pellets e briquetes, uma vez que, no Brasil, há disponibilidade de grandes quantidades de resíduos de biomassa. Muito mais biomassa, incluindo madeira, cana-de-açúcar e culturas de ciclo curto e alta produção (como de capim-elefante), poderia ser cultivada aqui e em outras regiões com solo e insolação similares e com disponibilidade de terra e água. Outras culturas, como as de soja e babaçu, também poderiam ser utilizadas para aumentar a produção de biodiesel. O biodiesel tem sido o principal substituto brasileiro para o diesel mineral e atualmente chega a 5% do total do diesel utilizado. O uso intensivo de biomassa, que tem sido a regra em quase todo o mundo até o século XIX ou depois, é normalmente associado ao subdesenvolvimento, uma vez que essa fonte de energia é prontamente disponível e aproveitada por meio de tecnologias ineficientes. Entretanto, essa noção não deve ser generalizada, principalmente no caso da indústria brasileira, que tem instalações altamente eficientes ao lado de instalações ineficientes. Essas disparidades mostram que o aumento da eficiência energética geral exige mudanças culturais importantes de todos os participantes, além de diretrizes institucionais, o que destaca o papel do governo, dos reguladores do setor de energia e dos critérios de financiamento. Fo t o : Fo t o l i a focus: energy Biomass Energy Efficiency in Brazil A sound energy policy should strike a balance between increasing the primary supply of energy – oil, natural gas, hydro - and boosting energy efficiency. The former has traditionally been given more emphasis because, inter alia, most externalities were ignored. b y Jayme Buarque de Hollanda a n d Pietro Erber T his is the case of biomass use in Brazil, where sugar-cane ethanol supplied 19% of 2009 transportation energy requirements while wood plus charcoal accounted for 13% of industrial energy consumption. The two sources together provided 30 % of Brazil’s total primary energy supply. Rather than any lack of appropriate technology, it has been economic and cultural factors, in addition to inadequate regulation and law enforcement, that have led to inefficiencies in biomass energy production and use. Therefore, more efficient transformation and final use of sugar cane and wood and their derivates will reduce Brazil’s carbon footprint, which is already one of the lowest worldwide. Most charcoal is obtained using technologies that preclude the recovery of valuable effluents that could be used for different industrial purposes. ferro-alloy plants. New regulations and technologies are expected to make its production and use more efficient. Most charcoal is obtained using technologies that preclude the recovery of valuable effluents that could be used for different industrial purposes. Recovering them would highlight the need to use more efficient carbonization facilities. The sugar-cane industry and the power sector have long known that sugar-cane biomass (foliage and bagasse) could produce sizable quantities of power, but they failed to seize opportunities because they were focused exclusively on substituting for gasoline. Investment subsidies and high oil prices pushed ethanol prices to considerably remunerative levels, so the new ethanol industry was able to do without the extra revenue that surplus electricity would have generated. Whereas pulp and paper plants and some large pig-iron makers use wood and residues from plantations, other industries rely on native wood and use primitive and inefficient technologies to obtain charcoal. Although firewood and charcoal are significant energy sources that substitute non-renewables such as coke, fuel oil and natural gas, their production, sale and utilization have not been adequately regulated, considering the potential efficiency and environmental benefits. Over the last decade, however, changes in the power sector model and in financing criteria applied by Brazil’s Economic Development Bank (BNDES) improved conditions for producing surplus electricity and selling it to the grid, using new and refurbished ethanol and sugar plants. The growing international demand for biomass pellets may also provide new opportunities for sugar-cane and wood processing plants to produce renewable fuels using less capitalintensive technologies. Regulation would also help develop production and use of pellets and briquettes, since large quantities of biomass residues are available in Brazil. Much more biomass, including wood, sugar cane and short-cycle, high yield crops, such as elephant grass could be grown here, as well as in other regions with similar soil and sunlight, and land and water availability. Other crops, such as soybeans and palm oil could also be used to boost biodiesel production. The former are Brazil’s main substitutes for mineral diesel, presently amounting to about 5% of total diesel used. Intensive use of biomass, which was the rule in almost everywhere until the 19th century or later, is normally associated with underdevelopment, since this energy source is readily available and has been tapped using primitive and inefficient technologies. However, this notion must not be generalized, particularly in the case of Brazilian industry, which has both highly efficient and inefficient facilities. These disparities show that raising overall energy efficiency requires major cultural changes among all stakeholders, along with new institutional guidelines, thus highlighting the role of government, power sector regulators, and financing criteria Jayme Buarque de Hollanda é diretor-presidente do Instituto Nacional de Eficiência Energética – INEE; Pietro Erber é diretor do INEE. Jayme Buarque de Hollanda is CEO of Brazil’s Energy Efficiency Institute (Instituto Nacional de Eficiência Energética, or INEE); Pietro Erber is director of INEE. Charcoal, made from about one third of all wood used for energy purposes, supplies high-grade pig iron and swisscam magazine 66 10/2011 29 30 swisscam magazine 66 10/2011 notícias da swisscam chamber news Dia Nacional da Suíça Switzerland’s National Day T his year, Consul General Hans Hauser hosted lunch for SWISSCAM guests and members to celebrate Switzerland’s National Day on August 1st. It was a very welcoming event with plenty of traditional eatables and guests enjoyed a fine social occasion. E ste ano o Cônsul Geral Hans Hauser ofereceu aos seus convidados e associados da SWISSCAM um almoço em comemoração ao Dia Nacional da Suíça, que aconteceu no 1º de agosto. Em um ambiente muito acolhedor e repleto de comidas típicas, os convidados tiveram uma agradável tarde de confraternização. Nota de falecimento – Ernst Wepfer A SWISSCAM lamenta o falecimento do Sr. Ernst Wepfer, em 27/02/11, em Maceió, e transmite à família suas condolências. Ativo associado da SWISSCAM há muitos anos, o Sr. Wepfer foi diretor da Winterthur Insurance, posteriormente incorporada à XL Insurance, e desde 2007 estava aposentado e associado como pessoa física. Viveu mais de 25 anos no Brasil e há dez anos estava casado com a Sra. Cristina Wepfer. 1 2 3 4 5 6 Passed away - Mr. Ernst Wepfer SWISSCAM regrets to report that Mr. Ernst Wepfer passed away in Maceió on February 27, 2011 and we express our condolences to his family. An active SWISSCAM member for many years, Mr. Wepfer was formerly director of Winterthur Insurance, subsequently absorbed by XL Insurance. After his retirement in 2007, he remained active as an individual member. He had been living in Brazil more than 25 years and had been married to Mrs. Cristina Wepfer for ten years. 1) Jukka Räisänen e Ariste Maurer. Jukka Räisänen and Ariste Maurer. 2) Convidados na residência do Cônsul. Guests at Consul’s residence. 3) Cônsul Geral Hans Hauser e sua esposa Ana Hauser; Christian Hanssen, SWISSCAM. Consul General Hans Hauser and his wife Ana Hauser; Christian Hanssen, SWISSCAM. 4) Leandro Conti, Syngenta e Xavier Gruffat, Pharmanetis. Leandro Conti, Syngenta and Xavier Gruffat, Pharmanetis. 5) Stephan Buser, SWISSCAM; Dominik Hug, Nestlé, e sua esposa Fernanda. Stephan Buser, SWISSCAM; Dominik Hug, Nestlé, and his wife Fernanda. 6) Rodolpho Leber e sua filha Silvia. Rodolpho Leber and his daughter Silvia. swisscam magazine 66 10/2011 31 foco: energia Balanço energético e balanço ambiental: redução de custos e promoção da imagem CH4 N2O ESCOPO 1 CO2 SF6 ESCOPO 2 Direct Indireto SCOPE 3 SCOPE 2 Indirect Indirect Eletricidade comprada para consumo próprio Viagens comerciais de funcionários Purchased electricity for own use Frota de veículos da empresa Produção de material comercializado Company owned vehicles Production of purchased material Employee business travel Tratamento de resíduos Waste disposal Utilização do produto A tualmente as empresas enfrentam grandes desafios de longo prazo. Os custos associados ao aumento da demanda mundial por energia e à redução da capacidade de abastecimento são fatores cada vez mais determinantes para o custo operacional. As mudanças climáticas sensibilizaram consumidores de ambos os sexos. Eles querem ter certeza de que os produtos não sobrecarregam o meio ambiente. Por isso, as empresas devem conhecer os fluxos de energia de seus negócios e conhecer os balanços de energia e de CO2 de seus produtos. Somente assim é possível otimizar. Otimizar não significa apenas reduzir os custos através de maior eficiência, mas também reestruturação do abastecimento energético, por exemplo, através da produção própria derivada do aproveitamento energético do calor, resíduos, ou através do melhor aproveitamento das fontes renováveis de energia. Mas como proceder? O ponto principal é definir o limite do sistema (Figura 1). O aumento da eficácia se concentra nos gastos diretos e nas emissões dentro da empresa (Escopo 1). Essa abordagem pode ser complementada pela inclusão de modelos energéticos e ambientais relevantes (Escopo 2). Uma análise mais abrangente também considera as matérias-primas e os produtos auxiliares, a aplicação do produto, os processos terceirizados e as viagens comerciais (Escopo 3). Determinamos a pegada de carbono para as filiais de uma empresa varejista global atuante no setor alimentício. A política de responsabilidade corporativa da empresa exige redução da emissão dos gases causadores do efeito estufa e melhor eficiência energética. swisscam magazine 66 PFCS ESCOPO 3 Indireto por Hans-Christian Angele 32 HFCS Direto SCOPE 1 10/2011 Veículos dos prestadores de serviço Product use Contractor owned vehicles Combustão de combustíveis Atividades terceirizadas Fuel combustion Outsourced activities Fo n t e / S o u r c e : N e w Z e a l a n d B u s i n e s s C o u n c i l f o r S u s t a i n a b l e D e v e l o p m e n t . As empresas devem conhecer seu balanço energético e seu balanço ambiental. Esses balanços demonstram onde e como a empresa utiliza a energia e quais gases de efeito estufa ela produz. A maior eficácia energética se traduz em redução de custos e o uso de fontes renováveis de energia oferece oportunidades de expansão comercial. FIG. 1: Limites do sistema para balanço energético e pegada de carbono. System boundaries for energy balance and carbon footprint. Em relação à pegada de carbono foram levantados os dados relativos aos gastos energéticos dos prédios (sistema de calefação, eletricidade), perda de agentes de refrigeração empregados para o resfriamento de produtos e de salas, gasto de combustível associado ao transporte de mercadorias e ao comércio. Isso evidenciou diferenças dramáticas entre os países. A Figura 2 demonstra que pode haver variação de até 400% nas emissões dos gases causadores de efeito estufa por m2. De um lado, essa variação se deve às diferenças nos gastos energéticos entre as filiais e os centros de distribuição. Nas instalações industriais localizadas nos EUA, Austrália e Reino Unido há um potencial enorme para melhorar a eficiência energética. O melhor isolamento das construções aliado a equipamentos mais eficientes podem reduzir massivamente o consumo energético. Por outro lado, as diferentes fontes de eletricidade têm papel importante nas grandes diferenças observadas. Quando a eletricidade é derivada de combustíveis fósseis as emissões de gases causadores do efeito estufa por m2 aumentam consideravelmente e podem ser drasticamente reduzidas através da substituição por fontes renováveis de energia Os agentes de refrigeração contribuem significativamente para a emissão dos gases causadores do efeito estufa (Figura 3). Apesar da diminuta emissão, os agentes de refrigeração possuem um elevado potencial de aquecimento global, contribuindo significantemente para o efeito estufa. Em países com altos índices de vazamento, pode-se obter a redução das emissões de CO 2 através de melhorias na manutenção e através do emprego de agentes de refrigeração menos críticos. As empresas precisam conhecer os seus balanços de energia e de emissão de gases de efeito estufa. Trata-se uma expectativa do mercado e uma exigência legal cada vez mais frequente. Esses balanços sempre expõem potenciais de otimização concretos, que além de contribuir para o meio ambiente possibilitam reduzir os custos. A decisão de quais medidas devem ser implementadas se baseia nesses balanços associados a considerações econômicas. Quase sempre prevalecem os ganhos de curto prazo, isto é, medidas que favorecem um retorno rápido sobre o investimento. Portanto, balanços de energia e de emissão de gases causadores de efeito estufa constituem importantes elementos no gerenciamento de custos de uma empresa. focus: energy Energy and environmental balance: lowering costs while enhancing image Companies should be aware of their energy and environmental balances, which show where and how they are using energy and which greenhouse gases they are producing. Higher levels of energy efficiency translate into cost savings; using renewable energy sources offers opportunities for growing business. b y Hans-Christian Angele C ompanies currently face major long-term challenges. Costs associated with the world’s higher demand for energy and its reduced supplies are increasingly critical factors for operational costs. Climate change has sensitized consumers of both sexes, who would like to be sure that products are not overloading the environment. Therefore, companies should be aware of energy flows in their business and should compile energy and CO2 balances for their products. Only then can they optimize. Optimizing is not only about cutting costs by being more efficient. It also means restructuring energy supplies, for example, by producing own energy from heat, waste products, or by making better use of renewable energy sources. But how can we move forward with this process? The main point is to define system boundaries (Figure 1). Raising efficiency focuses direct costs and emissions within a company (Scope 1). This approach may be complemented by including energy and environmental modelling (Scope 2). A more comprehensive analysis also takes in raw materials and auxiliary products, how a product is used, outsourced processes and business travel (Scope 3). We compiled carbon footprints for affiliates of a global retailer operating in the food industry. The company’s corporate responsibility policy requires less emission of greenhouse gases and more energy efficiency. Carbon footprint data were collected for energy costs of buildings (heating system, electricity), losses of cooling agents used for facilities and products, and fuel use associated with transporting goods and retailing. This showed dramatic differences between countries. Figure 2 shows that there may be variation of up to 400% in greenhouse gas emissions per m 2. In part, this variation is due to differences in energy expenditure between affiliates and distribution centres. Industrial plants in the U.S., Australia and UK have enormous potential to improve energy efficiency. Better insulation for buildings combined with more efficient equipment could massively reduce energy consumption. But using different sources for electricity may also play an important role in the huge differences seen above. Electricity from fossil fuels considerably raises greenhouse gas emission per m 2, which may be drastically reduced by replacing them with renewable sources of energy. Cooling agents account for a significant part of Emissão de gases de efeito estufa de acordo com a atividade por m2 de área de venda Greenhouse gas emissions by activity per m2 of sales area 100% Comércio 90% Trade 80% Transporte de mercadorias 70% Goods transportation 60% Filiais e centros de distribuição 50% Affiliates and distribution centres 40% 30% 20% 10% 0% Austrália Australia EUA USA Reino Unido e Irlanda UK & Ireland Eslovênia Slovenia Alemanha Germany Suíça Switzerland Áustria Austria Emissões de gases causadores de efeito estufa de acordo com combustíveis e agentes de refrigeração em relação ao m2 de área de comercial Greenhouse gas emissions for fuels and cooling agents per m2 of retail space 100% 90% 80% 70% Combustíveis Eletricidade Fuels Electricity Agentes de refrigeração Combustível fóssil usado para aquecimento Cooling agents 60% Fossil fuel used for heating 50% 40% 30% 20% 10% 0% Austrália Australia EUA USA Reino Unido e Irlanda UK & Ireland greenhouse gas emissions (Figure 3). Despite low emissions, cooling agents have major potential to reduce global warming because they account for a significant part of the greenhouse effect. Countries with high leakage rates could cut back CO2 emissions by ensuring better maintenance and using less critical cooling agents. Companies have to be aware of their energy and greenhouse gas emission balance. This is an increasingly widespread market expectation and a legal Eslovênia Slovenia Alemanha Germany Suíça Switzerland Áustria Austria requirement too. Balances of this kind always show real optimization potential, which as well as enhancing the environment also helps to reduce costs. Decisions on measures to be taken are based on these balances together with economic considerations. In most cases, the predominant factor will be short-term gains, or measures that show a quick return on investment. Therefore, energy and greenhouse gas emission balances are important elements of a company’s cost management. Hans-Christian Angele é sócio e membro do Conselho Diretivo da Ernst Basler + Partner e é responsável pelo setor de recursos e de proteção ambiental (Recursos + Alteração Climática). Seu foco é principalmente estratégia e desenvolvimento de projetos no segmento energético (energia renovável) e projetos associados à alteração climática. Hans-Christian Angele, partner and member of the board of directors of Ernst Basler + Partner, head of its resources and environmental protection sector (Resources + Climate Change), focusing mainly on strategy and developing energy-sector and climate-change related projects (renewable energy). www.ebp.ch/en swisscam magazine 66 10/2011 33 comunidade brasileira na Suíça Fo t o : A s s o c i a ç ã o R a í z e s Associação Raízes Brazilian community in Switzerland Associação Raízes (Roots Association) Since 1997, Associação Raízes (Roots Association) has been providing Brazilian Portuguese courses for children living in the region. The Swiss Department of Public Instruction has accepted their eligibility as “courses in language and culture of origin” (LCO) to be supported and encouraged and they are mostly held in public schools as a supplement to the regular schedule. At present, we have 70 students aged 4 to 13 and 5 teachers, but in the medium term we hope to reach out to more children to meet growing demand from the Brazilian community here. The courses are precariously funded from the proceeds of events held by the Association, but they are no longer sufficient to cover costs. Objectives •EncouragetheteachingofBrazilPortugueselanguage for children, young people and adults; •GathertogethertheBraziliancommunitylivingin Geneva and district for cultural events and activities related to Brazilian culture; cursos de português do Brasil às crianças brasileiras residentes na região. Eles integram o grupo dos “cursos de língua e cultura de origem” (LCO), apoiados e incentivados pelo Departamento de Instrução Pública suíço, e são, em sua maioria, realizados nas escolas públicas como complemento à escola regular. Atualmente, acolhemos 70 alunos de 4 a 13 anos e 5 professores, sabendo-se que devemos atingir a médio prazo um número bem maior de crianças para atender à crescente demanda da comunidade brasileira. Os cursos são precariamente financiados pelos eventos da Associação, cujas receitas, atualmente, não cobrem mais os custos de manutenção da escola. Objetivos l Promover o ensino de língua portuguesa do Brasil para crianças, adolescentes e adultos; l Reunir a comunidade brasileira residente em Genebra e à proximidade, na ocasião de eventos culturais e atividades ligadas à cultura brasileira; l Favorecer a integração de brasileiros residentes na Suíça. Contato para patrocínio e parcerias: Contact for sponsor and partnerships: Magnólia VIGNY Rue des Savoises 15 1205 Genève Tel. +41 22 779 1714 / 79 290 2190 [email protected] www.raizes.ch diretório directory Confira os endereços da comunidade suíça no Brasil e da comunidade brasileira na Suíça em nosso site. Acesse www.swisscam.com.br e clique em “Informações úteis”. 34 swisscam magazine 66 10/2011 Find the addresses of the Swiss community in Brazil and the Brazilian community in Switzerland on our website. Go to www.swisscam.com.br and click on “Useful information”. Fo t o : A s s o c i a ç ã o R a í z e s D esde 1997, a Associação Raízes oferece Fo t o : A s s o c i a ç ã o R a í z e s •HelpBrazilianresidentsinSwitzerlandtointegrate. swisscam magazine 66 10/2011 35 36 swisscam magazine 66 10/2011