Assinatura Anual R$ 15,00 Exemplar Avulso R$ 2,00 ADE-PR · Associação de Divulgadores do Espiritismo do Estado do Paraná CURITIBA · ANO XII · JULHO / AGOSTO 2008 · NÚMERO 68 www.adepr.org.br Educação Moral: o melhor antídoto à violência "Há um elemento (...) sem o qual a ciência econômica não é mais que uma teoria: a educação. Não a educação intelectual, mas a (...) moral e não a educação moral pelos livros, mas aquela que consiste na arte de formar os caracteres, a que dá os hábitos: porque a educação é o conjunto de hábitos adquiridos. Quando se pensa na massa de indivíduos jogados cada dia na torrente da população, sem princípios, sem freios e entregues aos seus próprios instintos, deve-se espantar das conseqüências desastrosas que resultam?” Sábia observação de Allan Kardec acrescentada à questão 685 de O Livro dos Espíritos. Fala-se da necessidade de se investir na educação como sinônimo de instrução intelectual. Para o Espiritismo, ela possui significado mais amplo, aplicando-se ao homem em todas as suas dimensões: bio-psico-intelecto-sócio-moral, fundamentalmente esta. Este é o tema da matéria da página 12. Os males da liberdade descomprometida no meio espírita Uma análise sobre as polêmicas curas espirituais A estranha mediunidade de Luísa B. Wilson Garcia contesta matéria sobre o primeiro Centro Espírita do mundo O conceito de livre-arbítrio está presente na filosofia, nas religiões e na ciência. Entre os espíritas, reveste-se de caráter especial não só pelo alinhamento à lei moral de causa e efeito e oposição à fatalidade cega, mas pelo inalienável direito de auto-determinação. Pessoas imaturas, porém, ao exagerar esse direito, causam danos também a terceiros, a instituições e ao próprio Espiritismo. Editorial, página 02. O tema divide as opiniões. Muitos são contra, inclusive espíritas, que não deixam de a elas recorrer, às vezes antes mesmo de se esgotarem outras alternativas. Médiuns, nem sempre espíritas; os vários tipos de tratamentos; a opinião de Divaldo Pereira Franco e a recomendação de Paulo de Tarso. Página 05. Os jornais franceses noticiaram em 1865 e Kardec analisou na Revue em janeiro do ano seguinte. A moça dormiu 56 horas após a morte da irmã e depois passou a ver e ouvir o que ninguém mais percebia. Página 09. Segundo o conhecido jornalista e escritor, trata-se de um equívoco cometido por boa parte da imprensa espírita considerar a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, fundada por Allan Kardec em 1º de abril de 1858, como um centro espírita. Seu artigo refutando a informação do “CAE” está nas páginas 10 e 11, bem como alguns argumentos da nossa Redação, alimentando o debate. Outros Destaques Desta Edição ADEs da PB e do RN apresentam planos de trabalho – A Associação de Divulgadores do Espiritismo da Paraíba, tendo à frente Raquel Maia, elaborou um projeto que já está em execução e contempla um programa de rádio, o lançamento de um livro, o seu site e futuramente programa na Tv. Já a co-irmã do Rio Grande do Norte, presidida por Nertan Jucá, também prevê a criação de um programa radiofônico, o portal e o jornal “O Mensageiro” já em circulação, inclusive como encarte de um jornal leigo de Natal. Pág. 04. Vale a pena recordar – Tem um sabor especial ler agora ou reler o que publicamos há dez anos. Em homenagem à data de nascimento de Allan Kardec, organizador do Espiritismo, aludimos a trechos especiais das cinco de suas principais obras. Mas houve mais: a importância de um departamento de divulgação nos Centros Espíritas e notícias diversas, entre elas o funcionamento da Livraria Ponto de Luz que é, desde então, um dos nossos anunciantes. Pág. 08. A última geração que respeitou os pais é a primeira que teme os filhos – Para o sociólogo Paulo R. Santos, os jovens de hoje são vítimas dos erros dos pais, educadores e da sociedade como um todo. A falta de limites, a incapacidade de lidar com as perdas e frustrações são apontadas por ele como as causas decisivas para a desorientação na vida. A propósito, leia-se o texto de Kardec acima. Pág. 10. | Editorial | Quando o livre-arbítrio não parece ser uma coisa boa O livre-arbítrio é uma aquisição preciosa do espírito ao longo de sua jornada evolutiva. Estagiando nos reinos inferiores da natureza como “princípio inteligente”, ingressa na humanidade, simples e ignorante, para a partir daí desenvolver a capacidade de uso da razão e com ela aprender a discernir o moralmente certo do errado. À medida que progride, mais se lhe ilumina a consciência, mais liberdade nas escolhas passa a desfrutar e como conseqüência natural, pela lei de Causa e Efeito, assume proporcional responsabilidade por atos, palavras e pensamentos que dele procedem. O abuso do livre-arbítrio leva à necessidade de repetição de experiências dolorosas e expiações e provas fazemse acompanhar no seu dia-a-dia. Nas atividades espíritas, aceitas livremente, não é diferente. Há os mais diversos comportamentos: os entusiastas, os fiéis servidores, os trabalhadores da primeira e da última hora, os desertores, mas a maioria fica no meio do caminho. Por inviolável o seu direito de permanecer ou sair, fazer ou transferir, muitos trabalhadores com inegáveis possibilidades de colaboração, acovardam-se diante não de grandes desafios, mas de si mesmos por eleger os ideais efêmeros do corpo acima do embelezamento da alma imortal. Melindrosos, rechaçam qualquer tipo de cobrança que possa lhes pôr ordem aos passos. Defendem-se com o argumento de que o Evangelho ensina que devemos – eles, os outros – ser tolerantes, indulgentes e caridosos com as fraquezas e dificuldades alheias – as nossas. Confundem o consenso de que “não se pode exigir das pessoas mais do que elas podem oferecer” com “não se pode pedir mais do que elas querem dar”. Por serem serviços prestados sem qualquer remuneração, encontram os mais diversos pretextos para se eximirem de executá-los e a Doutrina acaba relegada ao último patamar de suas preocupações. Farão, sim, afirmam, mas quando e se puderem. Normalmente há toda sorte de impedimento e limitações: de tempo, recursos, conhecimento, habilidade. O problema não está em se reconhecer as próprias limitações que é até uma demonstração de humildade, mas de se conformar com elas por uma vida inteira. Há muitos anos um companheiro, palestrando em casa espírita, referiu-se aos medíocres. O termo inicialmente pode chocar. Ninguém gosta de ser chamado assim. Do mesmo modo que de ordinário, um de seus sinônimos. Mas medíocre significa também comum e mediano. Infelizmente, muita gente que diz ser espírita, só o conhece de fachada, muito menos o vivenciam. Do contrário não agiriam com tanta mediocridade, fazendo mal à ela, a Doutrina, desrespeitando outras pessoas e retardando o seu próprio progresso. Na vida em sociedade, aprendemos a ser educados com os outros. Se marcamos um encontro com um amigo ou mesmo a negócios com um estranho, se surgir algum contratempo, fazemos o possível para avisar antes ou, na pior das hipóteses, justificar depois. Mas muitos espíritas invocam a tal tolerância evangélica e o livre-arbítrio para não dar satisfação a ninguém. Faltam às reuniões mediúnicas ou de fluidoterapia sem justificativas. Outros que assumiram graves responsabilidades na área administrativa tornam-se muito “esquecidos” e mesmo lembrados de incumbências e das reuniões, omitem-se sem razão. Hipnotizados com o mundo material e seus “inadiáveis” compromissos, aceitam se manter medíocres. Enquanto isso a Doutrina paga o preço de sua negligência e descaso. Tarefas são adiadas ou realizadas precariamente. Problemas agravam-se enquanto permanecem, no aguardo de soluções. Auxílios importantes deixam de ser prestados. Projetos de divulgação desmancham-se por falta de mão de obra e boa vontade. Mas nada de cobrar, por favor, O livrearbítrio é o escudo atrás do qual se escondem os medíocres. Se convocados com mais ênfase a dar o seu quinhão de trabalho, logo se saem com a ameaça: “Se quiserem, é assim. Ou então, estou fora”. Correção: Na matéria de capa da edição anterior, o número correto de vítimas do tsunami de 2004 foi 220.000 e não como constou. Opinião do Leitor Aproveito o ensejo para parabenizar a equipe da ADE-PR pelo envio do número 67 do Jornal ComunicAção Espírita para a nossa ADE. Dentre as matérias publicadas relacionadas com o meio espírita, interessante e oportuna a que destaca o assunto sobre " A natureza em fúria na Ásia". Tema social de magnitude, abordado com lógica e bom senso, à luz do conhecimento espírita Éder Favaro – ADE-SP Caro Wilson, Informo o recebimento do jornal da ADE-PR e parabenizo vocês pela iniciativa de disponibilizar o periódico para venda em Bancas de Jornais. Iniciativa simples e potencialmente eficaz. Já experimentamos por aqui disponibilizar em Bibliotecas Públicas e Drogarias. Pode dar um bom resultado no caso de exemplares gratuitos. Um forte abraço, Paulo Santos/Minas PÁGINA 02 ANO XII · NÚMERO 68 COMUNICA”AÇÃO” ESPÍRITA | JULHO / AGOSTO DE 2008 | Subsídios para a Melhoria da Imprensa - XLXIX | Subsídios para a Melhoria da Imprensa - XLXIX Y. Shimizu REDAÇÃO DO TEXTO JORNALÍSTICO - XII Dentre os equívocos de teor gramatical detectados com maior freqüência na revisão dos textos jornalísticos em vernáculo estão aqueles relacionados com o emprego das iniciais maiúsculas, da vírgula e do hífen, já devidamente apresentados nos números precedentes deste jornal. Hoje será focalizado o uso da crase, outro item que costuma causar muitas dúvidas na hora de elaborar uma redação para ser publicada. Segundo Adriano da Gama Kury, “a palavra crase, de origem grega, significa mistura, fusão, ou seja a união íntima de dois elementos. Em gramática, usa-se o vocábulo crase para indicar o fato fonético de duas vogais iguais se fundirem, se unirem numa só” (1982, p. 99). De acordo com esse autor, há três casos em que ocorre a crase: 1º caso – encontro da preposição a com o a inicial dos demonstrativos aquele(s), aquela(s), aquilo, que passam a escrever-se àquele(s), àquela(s) e àquilo; 2º caso – encontro da preposição a com o artigo definido feminino a; as; 3º caso - encontro da preposição a como pronome demonstrativo a. Como se pode constatar, em qualquer dos três casos, o primeiro a é sempre preposição. (1982, p. 100). O sinal gráfico indicador da crase é o acento grave (`) (Sacconi, 1990, p. 376). Assim, Kury enuncia a regra para o 1º caso: “todas as vezes que, numa frase, a preposição a vier seguida de aquele, aqueles, aquela, aquelas, aquilo, contrai- se com o a inicial desses demonstrativos, marcando-se essa crase, na escrita, com um acento grave: àquele, àqueles, àquela, àquelas ou aquilo” (1982, p. 102). Ex: Vá àquele supermercado. Limitou-se àquelas frutas. Também é de Kury a regra para o 2º caso: “todas as vezes que, numa frase se encontram juntos a preposição a (pedida por um verbo, um nome ou um advérbio) e o artigo a ou as (pedido por substantivo feminino), os dois aa, por uma crase fundem num só, que se escreve à ou às” (1982, p. 103). Ex: Fui à guerra por amor à Pátria. Ele tem direito às férias no trabalho. O mesmo autor acrescenta a regra para o 3º caso: “todas as vezes que, numa frase, se encontram a preposição a e o pronome demonstrativo a ou as, os dois aa, por uma crase, se fundem num só, que se escreve à ou às (1982, p. 106). Ex: Minha morte está ligada à do meu pai (depois de à está subentendido morte). Ex: Minha casa está ligada à (casa) de Maria Eduardo Martins formula a seguinte recomendação: “substitua a palavra antes da qual aparece o a ou as por um termo masculino. Se o a ou as se transforma em ao ou aos, existe crase; do caso contrário não”. Ex: Ele foi à loja. Ele foi ao mercado. É dele a segunda recomendação: “a combinação de outras preposições com a (para a, na, da, pela e com a, principalmente) indica se o a ou as deve levar crase (não é necessário que a frase alternativa tenha o mesmo sentido da original, nem que a regência seja correta)” (Martins, 1997, p. 315). Ex: Foi à Espanha. Chegou da Espanha. Eduardo Martins diz que não se usa a crase antes de: 1. palavra masculina. Ex: Exijo pagamento a prazo. Exceção: quando se pode subentender uma palavra feminina, como moda e maneira. Ex: Ele usa barba à D. Pedro II. 2. nome de cidade. Ex: Mauro foi a Bocaiúva do Sul. Exceção: quando se acrescenta um qualificativo para a cidade. Ex: Ontem andei pela florida Curitiba. 3. verbo (na forma verbal). Ex: Ele começou a praticar o boxe. 4. substantivos repetidos. Ex: Ele venceu a corrida de ponta a ponta. 5. pronomes pessoais, demonstrativos e relativos. Ex: Ele emprestou o livro a ela. 6. outros pronomes que não admitem artigo, como ninguém, alguém, toda, cada, tudo, você, alguma, qual, etc. Ex: Não dou satisfação dos meus atos a ninguém. 7. fórmulas de tratamento. Ex: Quero dizer a Vossa Senhoria... 8. (o artigo indefinido) uma. Ex:Estou indo a uma reunião de caráter político. 9. palavra feminina tomada em sentido genérico (se couber o indefinido uma antes da palavra não haverá crase). Ex: Não cito as mulheres adultas, mas as meninas. (1997, p. 316). 10. distância, desde que não determinada (quando se define a distância, existe crase). Ex: ensino a distância; ele estava à distância de 50 metros. 11. casa, considerada como o lugar em que mora. Ele chegou a casa. Nailson Gondim acrescenta ainda outros casos em que não se emprega a crase: 12. artigos indefinidos. Ex: Ele pagou a dívida a uma credora. 13. numerais cardinais. Ex: Enumere de 1 a 10. 14. antes de nome de santa. Ex: Vou prometer a Santa Inês. 15. quando o a antecede palavra no plural. Ex: Ele atribuiu o prejuízo a causas diversas. Dad Squarisi diz que: “é facultativo o uso da crase antes de nome próprio feminino ou pronomes possessivos femininos”. Ex: Paguei a conta a Maria; vou à minha casa. “Porém, se o possessivo estiver substituindo o substantivo a crase é obrigatória” (2005, p.90). Ex: Não vou a sua casa, mas à minha. Referências: GONDIM, Nailson. Manual padrão para redações. São Paulo: Scritta, 1993. KURY, Adriano da Gama. Ortografia, pontuação, crase. Rio de Janeiro: Fename, 1982. MARTINS, Eduardo. Manual de redação e estilo. 3ª ed.São Pulo: OESP, 1997. SACCONI, Luiz Antonio. Nossa gramática: teoria. 11ª ed. São Paulo: Atual, 1990. SQUARISI, Dad. Manual de redação e estilo. Brasília: Fundação Assis Chateaubriand, 2005. http://www.aeepr.org.br [email protected] COMUNICA”AÇÃO” ESPÍRITA | JULHO / AGOSTO DE 2008 ANO XII · NÚMERO 68 PÁGINA 03 | Biblioteca do Divulgador – XIII | Obras relevantes da bibliografia espírita – V Y. Shimizu O conhecimento do acervo bibliográfico de obras de autores desencarnados de alta credibilidade, recebidas por via mediúnica, reveste-se de importância primordial para o divulgador da Doutrina Espírita, não apenas para evidenciar a sobrevivência e a comunicabilidade do espírito após a morte do corpo físico, como também, para elucidar as particularidades da vida na erraticidade. Assim, foram focalizadas no número precedente as obras recebidas por Francisco Cândido Xavier, sem dúvida o médium de maior confiança da comunidade espírita brasileira. Outro medianeiro que usufrui de alta credibilidade no meio espírita brasileiro e internacional é o tribuno baiano Divaldo Pereira Franco, com um acervo bibliográfico de quase duzentos livros psicografados. Dele podem ser mencionados: romances (como, por exemplo, os de Victor Hugo), relatos de vida postmortem (como Além da Morte, de Otília Gonçalves), coletâneas de contos evangélicos (como as de Amélia Rodrigues, de Ignotus, de Eros), livros de poemas em prosa (como os do poeta indiano Rabindranath Tagore), mensagens doutrinárias de vários teores (como as de Marco Prisco, de Bezerra de Menezes, de Vianna de Carvalho, Carlos Torres Pastorino, e de outros); dissertações de natureza éticoevangélicas para diversas situações existenciais, de autoria da mentora pessoal do médium Joanna de Angelis (como, por exemplo, Momentos de Coragem). Desses, merecem destaques especiais, segundo a visão do signatário, duas coleções, além das supracitadas: a) Série Psicológica - estudos sobre as perturbações de teor psicológico e espiritual e propostas terapêuticas alicerçadas no Evangelho, nas teorias junguianas e na Psicologia Transpessoal, ditados por Joanna de Angelis (como, por exemplo: Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda); b) relatos de casos de perturbações obsessivas de encarnados provocados por espíritos infelizes e os procedimentos saneadores pertinentes, vistos do plano espiritual narrados por PÁGINA 04 Manoel Philomeno de Miranda (como, por exemplo: Painéis da Obsessão). O professor doutor da Universidade Federal Fluminense J. Raul Teixeira é outro nome que está obtendo alta credibilidade, tanto na qualidade de tribuno como médium psicógrafo, inclusive com projeção em vários países da Europa e das Américas. De sua produção mediúnica destacamse os livros ditados pelo seu mentor espiritual pessoal Camilo, provocando muita reflexão e estímulo para o trabalho doutrinário. Yvonne A. Pereira é outro nome que deve ser lembrado pela idoneidade comprovada do seu exercício mediúnico. Tanto os romances (como Memórias de um Suicida), como os relatos de fatos ocorridos no exercício de suas faculdades (como Recordações da Mediunidade, Devassando o Invisível) são relatos de grande autenticidade sobre as vivências do plano espiritual. Finalmente, cabe mencionar os livros recebidos pela pena mediúnica da paulista Célia Xavier de Camargo, residente em Rolândia, no Estado do Paraná. Em sua maioria são relatos de encarnações passadas e vivências em colônias espirituais, apresentados de forma romanceadas, de fácil compreensão e assimilação (como, por exemplo, as narrativas de: Jésus Gonçalves, Leon Tolstoi, César Augusto Melero, Eduardo, Marcelo, Eric). Há, ainda, outros relatos e informações de médiuns de alto teor perceptivo e deveras interessantes e elucidativos que podem ser temas de estudos, reflexões e investigações, podendo ser tomados como pontos de partida para estudos sérios, confrontos com dados e informações fornecidos por outros medianeiros e pesquisadores. ANO XII · NÚMERO 68 ADEs nordestinas anunciam projetos Do mesmo modo que a Abrade optou pelo sistema de Colegiado em sua administração, ainda em fase de implantação, também a ADE-PB decidiu, em Assembléia Geral, adotar a mesma medida, aumentando participação e divisão de responsabilidades. Raquel Maia, sua presidente, dá detalhes do projeto “Nas Ondas do Consolador”, que engloba diversas ações, entre elas um programa de rádio semanal de duas horas, aos domingos, e que pode ser assistido pela internet no endereço www.radiosanhaua.com.br. Outra iniciativa foi o lançamento de um livro de autoria de Jair Herculano com Cd anexo e que possui o mesmo título do programa radiofônico, trazendo vários de seus editoriais. Uma meta para aproximadamente um ano é conseguir a criação de um programa de televisão. Bons resultados têm sido obtidos também nos relacionamentos com várias instituições, a federativa local e, inclusive, outros segmentos religiosos! Sobre o programa de rádio, informa Merlânio Maia que inicialmente Jair Herculano apresentava o mesmo numa rádio comunitária e que com o projeto o mesmo passou a ser veiculado na rádio SanhauáAM que possui alcance estadual. Depois veio o livro com o Cd gravado por Jair dos melhores editoriais do programa que tem sido solicitado até por pessoas de outras religiões. O livro está sendo lançado em todas as casas espíritas do estado, no SENAC, Fundação José Américo e FEPB. Na seqüência, será colocado no ar o site da ADE-PB propiciando a possibilidade de download dos programas e uma loja virtual para comercialização de livros e CDs. Na fase seguinte do projeto virá o jornal da ADE-PB com lançamento em todas as casas espíritas, além de um segundo volume do livro “Nas ondas do Consolador”. Finalmente, com os recursos auferidos destas vendas e as provenientes de algumas parcerias o programa chegará à televisão, completando a execução do projeto. Outra ADE que iniciou o ano de 2008 com novidades é a do Rio Grande do Norte. Entre as propostas aprovadas pela diretoria, liderada por Nertan Jucá, estão a criação de um portal, um programa de rádio para veiculação na internet e um projeto do programa “Visão Espírita”, que está em pleno desenvolvimento, contando com a presença de diversos profissionais da área de comunicação que estão dando uma formatação adequada ao mesmo. Uma parceria entre a ADERN e a FERN - Federação Espírita do RN está permitindo a edição do periódico mensal “O Mensageiro” cuja distribuição no Movimento Espírita está sendo feito através das Casas Espíritas e, ao público em geral, pelo encarte em um jornal de grande circulação no Estado do RN, “O Poti”. COMUNICA”AÇÃO” ESPÍRITA | JULHO / AGOSTO DE 2008 Mediunidade de Cura CVDEE – Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo. Estudos sobre Mediunidade INTRODUÇÃO Está ocorrendo uma ansiosa busca de espiritualidade. Quer aprovem todas as pessoas ou não, estamos hoje em meio a um processo de transição para uma nova era, o que muitos estudiosos chamam de "despertar espiritual". Este encontro do Homem contemporâneo com o pensamento metafísico é acompanhado de uma insistente busca da medicina alternativa: Acupuntura, Medicina Antroposófica, Bioenergética e principalmente, as terapias ditas espirituais. Milhares de pessoas decepcionadas com a Medicina Convencional têm buscado nos Centros Espíritas, ou em outras correntes religiosas o restabelecimento de sua saúde. Daí a importância do estudo das diversas modalidades terapêuticas oferecidas pela Casa Espírita. MODALIDADES DE TERAPIA ESPIRITUAL a) Fluidoterapia convencional: trata-se do Passe Magnético, da água fluidificada e da irradiação à distância, terapêuticas onde se trabalha com fluidos curadores, encontradas em quase todos os centros espíritas; b) Assistência através de médiuns receitistas: o médium receitista, segundo Allan Kardec (que os denominava também de médiuns medicinais), são aqueles cuja especialidade é a de servirem mais facilmente aos Espíritos que fazem prescrições médicas. Lembra o codificador que não se deve confundilos com os médiuns curadores, porque nada mais fazem do que transmitir o pensamento do Espírito e não exercem por si mesmos, nenhuma influência. Benfeitores espirituais dotados de conhecimentos sobre Medicina, que ditam através do médium (geralmente por psicografia) os medicamentos e as orientações que deve seguir para o seu restabelecimento. A maioria deles trabalha com Medicina Homeopática, lançando mão também de chás, ervas e drogas ditas naturais; c) Assistência espiritual direta: consiste na atuação terapêutica dos Espíritos sem a participação direta de médiuns. Talvez seja a mais comum das modalidades terapêuticas espíritas, onde os Benfeitores estarão mobilizando recursos fluídicos específicos em benefício dos necessitados sem que eles, muitas vezes, percebam. Esta modalidade pode desenrolar-se nos centros espíritas ou mesmo nas residências dos enfermos. Em determinadas situações o doente é levado em corpo espiritual a certos hospitais do mundo extra-físico e lá são submetidos a complexos processos de reparação perispiritual; d) Operações espirituais: caracterizase pela atuação de Espíritos desencarnados incorporados em médiuns específicos. No Brasil, ganhou muito destaque a partir dos médiuns José Arigó e Edson Queirós. Utilizando-se das mãos do médium ou de instrumentais cirúrgicos, os cirurgiões desencarnados mobilizam recursos fluídicos diretamente junto ao corpo físico e espiritual do doente. Interrogado quanto à utilização desses instrumentos cirúrgicos neste tipo de assistência espiritual, o expositor Divaldo Franco assim se expressou: "Na minha forma de ver, trata-se de ignorância do Espírito comunicante, que deve ser esclarecido devidamente, e de presunção do médium, que deve ter alguma frustração e, se realiza desta forma, ou de uma exibição, ou ainda para gerar melhor aceitação do consulente, que condicionado pela aparência, fica mais receptivo. Já que os Espíritos se podem utilizar dos médiuns que, normalmente não os usam, não vejo porque recorrer à técnica humana quando eles a possuem superior.”(1). O Dr. Jorge Andréa, médico e escritor espírita, adverte quanto à generalização deste tipo de modalidade terapêutica: “... existem desajustes na prática desse tipo de tratamento que devem merecer, por parte dos solicitantes, uma análise cautelosa, porquanto os abusos são inúmeros e as mistificações, conscientes ou inconscientes, abundantes.” (2) Com relação aos resultados destas operações espirituais, o Dr. Jorge Andréa esclarece que eles vão depender COMUNICA”AÇÃO” ESPÍRITA | JULHO / AGOSTO DE 2008 http://www.cvdee.org.br/em/em16.doc de fatores ligados ao médium e ao doente. Os primeiros se relacionam à seriedade, honestidade de princípios e moralidade. Os fatores relacionados aos doentes são: a fé, o merecimento e a programação cármica. ESPIRITISMO E MÉDIUM CURADOR A mediunidade curadora deve ser examinada tal qual qualquer outra modalidade mediúnica. Nesse sentido o médium de cura deve procurar canalizar seus recursos fluídicos para o bem, sustentado pelos princípios espíritas e pela moral evangélica. Aquele que se vê com esses dotes mediúnicos deve procurar nortear sua conduta a partir dos seguintes itens: a) Vinculação a um centro espírita: a maior parte dos problemas observados com os médiuns curadores reside no fato de não se submeterem aos regimes doutrinários de um Centro Espírita. Muitas vezes optam por trabalho isolado, quando não constroem seu próprio centro espírita, estruturado em idéias errôneas e práticas inadequadas. Muitos inconvenientes seriam evitados se ele se integrasse a um Centro Espírita como qualquer outro trabalhador de Jesus e amparado pelas forças dos companheiros encarnados e desencarnados sofreria uma proteção muito mais efetiva; b) Estudo sistemático do Espiritismo: não se pode separar a prática mediúnica do estudo constante dos postulados espíritas. Sem esse conhecimento doutrinário, facilmente o médium cairá nas malhas dos Espíritos da sombra ou de pessoas inescrupulosas e aproveitadoras; c) Gratuidade Absoluta: a Doutrina Espírita não se coaduna com qualquer tipo de cobrança para prestação de serviço espiritual. A gratuidade está também relacionada com a questão melindrosa dos "presentes" e das "doações para instituições" que muitas vezes nada mais são do que formas disfarçadas de cobrança; d) Exercício constante da humildade: ANO XII · NÚMERO 68 Allan Kardec assevera que o maior escolho à boa prática mediúnica é a vaidade e o orgulho. Nesse sentido, o médium de cura deve se conscientizar de que ele é apenas um elemento na complexa engrenagem organizada pelo mundo maior, engrenagem esta que vai encontrar no Cristo o seu condutor maior. FINALIDADE DAS CURAS ESPIRITUAIS Sabemos que o grande papel desempenhado pelo Espiritismo está relacionado à moralização da humanidade. Assim sendo, pergunta-se porque assume a Doutrina Espírita compromissos com as curas espirituais? Qual a finalidade da existência de médiuns curadores? Quem responde é Divaldo Franco: “A prática do bem, do auxílio aos doentes. O apóstolo Paulo já dizia: Uns falam línguas estrangeiras, outros profetizam, outros impõem as mãos... Como o Espiritismo é o Consolador, a mediunidade, sendo o campo, a porta pelos quais os Espíritos Superiores semeiam e agem, a faculdade curadora é o veículo da misericórdia para atender a quem padece, despertando-o para as realidades da Vida Maior, a Vida Verdadeira. Após a recuperação da saúde, o paciente já não tem direito de manter dúvidas nem suposições negativas ante a realidade do que experimentou. O médium curador é o intermediário para o chamamento aos que sofrem, para que mudem a direção do pensamento e do comportamento, integrando-se na esfera do bem.” Bibliografia (1) Diretrizes de Segurança - Divaldo e Raul Teixeira (2) Psicologia Espírita - Dr. Jorge Andréa (3) Mãos de Luz - Dra. Barbara Brenan Fonte: Instituto de Difusão Espírita de Juiz de Fora - MG PÁGINA 05 | Divulgar com Eficiência | Banca do Livro Espírita Atividade meio termo entre a Livraria e a Feira do Livro. Esta externa e temporária; aquela interna e regular mas raramente permanente (horários contínuos). As regras básicas de funcionamento são as mesmas para as suas análogas. As observações que lhe são peculiares estão relacionadas com a escolha do local, o alvará específico junto aos órgãos públicos, a caracterização de atividade comercial e suas implicações legais e a necessidade quase que imprescindível de funcionário remunerado para o atendimento, visto que dificilmente se poderá contar com o labor de pessoa voluntária fixa para cumprir tal finalidade. Somente na situação de aposentado ou contando com muita dedicação por parte de uma família ou grupo para se obter o revezamento necessário sem prejuízos à assiduidade e pontualidade de funcionamento. E aí o cuidado que se deve ter ao avaliar as possibilidades de sucesso do empreendimento. Se por um lado devemos ter coragem e determinação para executar a tarefa, por outro não podemos nos deixar levar pelo entusiasmo exagerado do idealismo a ponto de desconsiderarmos como muito importante uma avaliação prévia da possibilidade de retorno financeiro. Para que o projeto não malogre, devemos já possuir alguma experiência de Feira de Livro, uma idéia razoável sobre o perfil da população quanto à aceitação do livro espírita, etc. Temos que calcular antecipadamente, considerando os fatores de capacidade de exposição da Banca, títulos a serem oferecidos, preços médios e descontos obtidos junto às editoras/distribuidoras, quanto em receita será necessário para, pelo menos, empatar com o salário pago e demais despesas decorrentes de seu funcionamento. Entretanto, é indiscutível a grande relevância para a Doutrina Espírita de um trabalho dessa natureza. Imagine-se quantas obras (livros, revistas, jornais, Cds, fitas de vídeo) estarão sendo distribuídos por esse recurso de fácil acesso aos interessados em potencial. E uma cidade de porte médio ou grande, quantas milhares de pessoas poderão tomar contato com a mensagem espírita por meio de uma banca instalada numa praça central funcionando cerca de 300 ou mais dias do ano? Com certeza valerá todos os esforços, todos os sacrifícios que se envidar para concretizar tal PÁGINA 06 Wilson Czerski ideal. Algumas cidades brasileiras contam com esse tipo de trabalho. Onde pretenda-se iniciá-la, é recomendável antes consultar os responsáveis e colher-lhes as experiências para se adquirir maior segurança no projeto. Além destas observações gerais acrescentamos algumas outras lembradas pelo “Manual da Banca do Livro Espírita”, disponível para download na íntegra no site da Petit Editora (www.petit.com.br) e complementadas, por sua vez, por anotações nossas. Entre os objetivos desta atividade, além, obviamente, da divulgação da literatura espírita e do aspecto comercial como meio de sustentação de outras atividades-fins, pode-se citar a distribuição (vendida ou gratuita) de jornais e revistas espíritas e informações sobre o movimento espírita local, principalmente, incluindo endereços das casas espíritas, dias e horários de funcionamento. Podem também servir de apoio à formação de livrarias e bibliotecas nestas mesmas instituições ou ser um ponto de obtenção de assinantes dos Clubes do Livro. Tal como as Feiras do Livro, preferencialmente, uma BLE deve estar vinculada a uma destas Associações Espíritas comuns (os centros) ou especializadas (ADEs, AMEs, Instituto de Pesquisa). Um roteiro básico a ser seguido para a implantação de uma BLE iniciaria pelo requerimento à prefeitura municipal para obter o alvará de funcionamento em local previamente escolhido e/ou permitido, seguido da aquisição das instalações (em certas cidades há uma padronização com as bancas de jornais comuns). Definido quem fará o atendimento, em caso de funcionário remunerado, o mesmo deverá possuir razoável conhecimento da literatura espírita e, em caso de falta de experiência, ser treinado para prestá-lo. Importante apresentar-se às editoras e distribuidoras solicitando fichas para cadastro, catálogos e ANO XII · NÚMERO 68 informações sobre condições de prazos e descontos. As compras, especialmente, no início, devem priorizar a diversidade de títulos e não grandes quantidades de poucos títulos. Os preços de venda, em princípio serão os de capa para darem suporte à própria manutenção e alcance das metas estabelecidas pela instituição patrocinadora. Nada impede, porém, que se ofereça descontos e promoções. Os controles de vendas e estoque podem ser feitos manualmente em caderno comum, anotando-se os títulos/quantidades vendidas e valores. Outra maneira seria destacar do exemplar vendido uma papeleta com o seu título e preço impressos ou carimbados e ali previamente afixados. O movimento geral diário pode ir direto para os controles informatizados no computador. Quanto à exposição dos livros, a mesma deve seguir critérios lógicos e práticos. Uma das formas é distribui-los por gênero (romances, contos, filosóficos, científicos, infantis, dissertações, etc). Ou por autores. Lugar especial deve ser reservado às Obras Básicas de Allan Kardec e outro, se possível, para os últimos lançamentos. A divulgação, além de se contar com os próprios centros espíritas, deve-se pensar na possibilidade de estendê-la também em jornais leigos, emissoras de rádio, em eventos espíritas ou não, e locais como empresas, agências bancárias, órgãos públicos, sempre com a devida permissão. Na parte externa, além da identificação da BLE, podem ser fixados cartazes com avisos diversos ou mesmo de livros, as capas dos jornais e/ou revistas que estão à venda e uma lousa com o “Pensamento do Dia”, extraídos de livros ou mensagens volantes. COMUNICA”AÇÃO” ESPÍRITA | JULHO / AGOSTO DE 2008 Festa junina traz renda para ADE-JP e G.E.E.Ueda O coordenador do Grupo de Estudos Espíritas de Ueda, Lourenço Matiero, sugeriu e, como sempre, em trabalho conjunto, a equipe por ele dirigida e a ADE-Japão, participaram no dia 26 de junho da festa junina do Colégio Pitágoras - instituição de ensino voltada para os brasileiros residentes no Japão -, unidade Nagano, na cidade de Monowa-shi, a 60 quilômetros de suas sedes. Devido as atuais dificuldades de se organizar uma Feira do Livro Espírita que ajude na obtenção de recursos necessários para custear as despesas dos dois grupos espíritas, inclusive equipamentos auxiliares na apresentação de palestras, optou-se por esta oportunidade na qual foram comercializados, em um dia de muita chuva, 360 pastéis e 150 refrigerantes com um lucro líquido de 23.650 ienes ou pouco mais de trezentos reais. ADE-JP reorganiza remessas para ADE-PR Após alguns contratempos no envio dos valores relativos à parceria entre a ADE-JP e a ADE-PR quanto ao espaço disponibilizado à primeira neste jornal e a remessa de 100 exemplares a cada edição para distribuição no Japão, a situação tende a se normalizar a partir de agora com os depósitos sendo realizados entre duas agências do Banco do Brasil, em Ueda e Curitiba. Pedimos desculpas pelo atraso na distribuição do periódico no Japão, mas estamos nos esforçando para evitar que tal problema se repita de agora em diante. Grupo de Estudos Espíritas de Gunma, uma ponte para a integração O novo Grupo de Estudos Espíritas de Gunma reúne membros de três grupos espíritas do Japão. Organizado pela ADE-JP, tem como coordenadores Thiago e Patrícia Makyama. O Grupo de Gunma foi uma das metas realizadas da ADE-JP e, com a ajuda do casal Makyama, está em plena atividade e conseguindo reunir membros de grupos espíritas de Fukaya, Tóquio e Ueda, por estar em uma região estratégica entre a capital japonesa e a sede daADE-JP. Com reuniões marcadas para o quarto domingo de cada mês, consegue reunir espíritas de diversas cidades da região. Com certeza uma grande ponte para a unificação da Doutrina Espírita no Japão. Parabéns para todos que participam do Grupo e ajudam na divulgação doutrinária na região. Equipe da ADE-JP e G.E.E.-Ueda: venda de pastéis para reverter na divulgação espírita no país do oriente Grupo de Fukaya convoca espíritas da região para o Curso Preparatório de Espiritismo O G.E.E. Fukaya está convocando todas as pessoas interessadas em participar de um grupo de estudos para conhecer a Doutrina Espírita, com reuniões que acontecem no terceiro domingo de cada mês, no horário das 10:00 às 12:00 horas. O principal objetivo é dar uma idéia geral do que seja o Espiritismo e suas diferenças com as demais religiões. O endereço é Sangyo Kaikan – Saitama-ken – Fukaya-she – Nakacho 20-1 sala 301 e a 302 reservada para as crianças – 3º andar. Fone: 048-571-1126, informações em japonês, somente para o endereço do local; 048-575-2250 ou 090-18035298, com Cecília ou Cláudio em português para reservas para o curso e demais informações. E-mail: [email protected] COMUNICA”AÇÃO” ESPÍRITA | JULHO / AGOSTO DE 2008 Participantes do Grupo Espírita em Gunma ANO XII · NÚMERO 68 PÁGINA 07 | Auto-retrato | Os Espíritos, Kardec e Herculano Pires ganharam voz na primeira página da edição de 10 anos atrás. A necessidade de um departamento de divulgação nos centros espíritas, o distanciamento entre as ADEs, a Comunhão Espírita Cristã de Itapoá-SC e a inauguração de uma nova livraria espírita na cidade. A edição nº 09 do “ADE-PR Informativo”, referente ao bimestre setembro-outubro de 1998, estampou em sua primeira página, sob o título “Fala Kardec!” cinco trechos selecionados, cada um deles, a partir de uma das chamadas Obras Básicas. O intuito, com esta idéia, era homenagear o ilustre codificador do Espiritismo na data do seu 194º aniversário de nascimento, em 03 de outubro. Da primeira e principal obra, “O Livro dos Espíritos”, transcreveu-se o segundo parágrafo da sua introdução, de autoria do também tradutor Herculano Pires (editora Lake), no qual o filósofo paulista afirma: “ Sobre este livro ergueu-se todo um edifício: o da doutrina espírita. Ele é a pedra fundamental... seu marco inicial. Antes... não havia Espiritismo... Falava-se em Espiritualismo e Neo-Espiritualismo. Mas depois que Kardec lançou-o à publicidade... uma nova luz brilhou nos horizontes do mundo”. A seguir foram citadas as questões 780 e 784. A resposta desta última conclui sabiamente sobre a perversidade humana: “É preciso que haja excesso do mal, para fazer-lhe compreender a necessidade do bem e das reformas”. Do “Evangelho Segundo o Espiritismo” também mencionou-se trecho de sua introdução, mas esta do próprio Kardec. Ali o mestre lionês informava que “recebia comunicações mediúnicas de perto de mil centros espíritas sérios”. A concordância dos ensinamentos pautara a elaboração dos livros e este controle universal garantia a unidade futura do Espiritismo. Duas comunicações destas, uma de Santo Agostinho e a outra de São Vicente de Paulo ilustram “O Livro dos Médiuns”. No primeiro o ex-bispo de Hipona recomendava a separação do trigo do joio em relação à divulgação das doutrinas de um modo geral. Já Vicente apregoava que “a união faz a força”. De “A Gênese” o destaque veio do seu último capítulo – “Sinais dos tempos”. “... a humanidade se transforma... marcada por uma crise... freqüentemente penosas, dolorosas, mas sempre seguidas de progresso material e espiritual... se as renovações morais coincidem... com as revoluções físicas do globo elas podem ser acompanhadas ou precedidas de fenômenos insólitos... de flagelos destruidores... não são causas, nem presságios sobrenaturais, mas conseqüências do movimento geral que se opera no mundo físico e moral”. Finalmente, de “O Céu e o Inferno”, extraiu-se os itens 2º, 3º, 6º e 22º do capítulo VII da primeira parte que trata do Código Penal da vida futura. Segundo os Espíritos, a felicidade é inerente à perfeição e qualquer imperfeição da alma acarreta conseqüências desagradáveis. A soma das penas é proporcional à soma das imperfeições e não fazer o bem possível já é uma imperfeição. Assim, o espírito, após a desencarnação, sofre por todo o mal SP praticado, mais todo o bem que poderia fazer e não o fez. O Editorial chamava a atenção para os aspectos da divulgação e comunicação no âmbito interno das instituições. Falava da importância de cada “centro” possuir um departamento ou coordenadoria para este fim que trabalharia entrosadamente com a área doutrinária para bem atender a livraria, a biblioteca, a organização de cursos, seminários, palestras, a recepção e o diálogo fraterno. Atividade relacionada de certa forma à divulgação seria prestada também pela Secretaria ou Relações Públicas ao estabelecer os necessários contatos para intercâmbio de informações e realização de eventos comuns com outras instituições, inclusive nãoespíritas. Neste ponto não se deixou de criticar o encaminhamento que muitas vezes se dá aos jornais e boletins recebidos e não disponibilizados aos freqüentadores. Sobre a falta de cooperação entre as ADEs, o editorialista sintetizava: “Podemos optar pela união de esforços, como uma autêntica equipe em torno de objetivos comuns. Ou continuar cada um fazendo tudo sozinho, mesmo que outros já disponham de experiência no assunto, com prejuízo de tempo, recursos e qualidade”. A página 02 ainda trouxe as seguintes notícias: a) a inauguração da Distribuidora e Livraria Ponto de Luz no dia 15 de agosto, dirigida pelo confrade Alceu Coelho Martins; b) a presença de Raul Teixeira, Altivo Ferreira e Sandra Dellapola na 3ª Conferência Estadual Espírita, promoção da FEP e realizada no Colégio Lins de Vasconcellos; c) a inauguração da Comunhão Espírita de Itapoá-SC em 06 de setembro por iniciativa do confrade Nadil Furlan, de Curitiba e d) o lançamento do CD Momento Espírita vol.3, da FEP. Na página 03, em “Notícias ADE” comunicou-se sobre o adiamento do workshop de jornalismo para maio do ano seguinte, a Feira do Livro de julho e a normalização dos cargos de tesouraria que motivara um apelo dramático na edição anterior. Na “Agenda” o Fórum Nacional de Espiritismo, promovida pela ADE-DF – hoje extinta - para novembro com o t e m a “A Po l í t i c a N a c i o n a l d e Comunicação Social Espírita”. A última página trouxe, além da resenha literária sobre as obras de Nazareno Tourinho, dois outros assuntos. No primeiro a realização do 3º Simpósio de Comunicação Social Espírita, realização da ADE-SP, no feriadão de Sete de Setembro. Com cerca de 90 participantes, os temas giraram em torno dos diversos canais de comunicação como o jornal, teatro, livro, rádio, Tv e internet. A outra notícia referiu-se à geração do programa “Espiritismo via Satélite” do dia 23 de agosto, feita diretamente da capital paranaense. Na ocasião Alamar Régis falou de seus projetos futuros em relação à comunicação espírita de massa. Escola Sebastião Paraná Do maternal à 8ª série MATRÍCULAS ABERTAS Rua Major Fabriciano do Rego Barros, 1152 · Hauer 3276-1595 Entidade Mantenedora: Comunhão Espírita Cristã de Curitiba PÁGINA 08 ANO XII · NÚMERO 68 COMUNICA”AÇÃO” ESPÍRITA | JULHO / AGOSTO DE 2008 | Revista Kardec | | Resenha Crítica | A Revista de Kardec (1º semestre de 1866) Uma reportagem publicada em vários jornais franceses, inclusive no La Patric, de 26 de novembro de 1865 e o L' Evénement, de dois dias depois, foi reproduzida parcialmente e analisada por Allan Kardec na Revista Espírita de janeiro do ano seguinte. Trata-se do caso de Luísa B., uma jovem de 17 anos que após a morte de uma irmã caiu num sono letárgico que durou 56 horas. Ao despertar passou a se comportar de modo estranho. De dia, algo prostrada e profundamente calma. Já à noite, voltava ao estado cataléptico com rigidez de membros e olhar fixo. Então era capaz de ver cenas e ouvir vozes reais, mas distantes, fora do alcance dos sentidos comuns. Descrevia propriedades e destinação de objetos, plantas, minerais. Via as pessoas como tinham sido há anos atrás e recriava imagens vivas e perfeitas de indivíduos falecidos. Entre vários outros comentários, Kardec explica que o profundo sentimento de perda pela morte da irmã deve ter acionado mecanismos psíquicos capazes de provocar a “emancipação da alma” tal como ocorre durante o sono, no sonambulismo, etc. O Espírito desliga-se parcialmente do corpo e amplia seu campo de percepção tanto do espaço como no tempo. Em fevereiro, um dos assuntos é a cura espiritual das chamadas obsessões. Uma carta de Cazéres, escrita no mês anterior, informou o editor da Revue sobre uma moça de 22 anos que, da condição de saúde perfeita, subitamente foi acometida por acessos de loucura. Internada num hospício, não apresentou qualquer melhora. Tendo a família ouvido falar sobre curas para casos assim através do Espiritismo, procurou o articulista. O espírito obsessor foi evocado por oito dias consecutivos ao fim dos quais, devidamente esclarecido, ele afastou-se da vítima, retornando ela ao estado normal. Kardec, antes de passar a um novo caso, admite a existência da verdadeira loucura – termo genérico à época, para todas as patologias mentais – mas ratifica a autenticidade dos fatos em que espíritos moralmente atrasados afetam a saúde e a razão de pessoas encarnadas. No outro caso, um camponês em fúria atacava pessoas e até animais pelo campo e na falta deste invadia o galinheiro, fazendo vítimas as pobres aves. Sob tratamento espiritual, o obsessor relutou no início, mas depois de algum tempo renunciou à perseguição ao rapaz. A melhoria foi gradual até a recuperação total do equilíbrio. Kardec compara essa ação de entidades desencarnadas com as que ocorrem entre os encarnados onde, muitas vezes, seres maus e mais fortes atormentam outros mais fracos até deixá-los doentes ou matá-los. Sobre a questão do porquê de Deus permitir isso, argumenta que o mesmo se pode indagar da maldade entre os vivos. As obsessões, como as doenças e outros males que afligem a humanidade, fazem parte das provas e misérias devidas à inferioridade do meio e para o qual fomos atraídos por nossas próprias imperfeições. COMUNICA”AÇÃO” ESPÍRITA | JULHO / AGOSTO DE 2008 a rític ha Cizu n e s Re Y. Shim As obras de Ricardo di Bernardi Ricardo di Bernardi está se tornando um conferencista e autor bastante conhecido e prestigiado em toda a Região Sul do Brasil, pela clareza e pela organização extremamente didática de suas exposições. No seu primeiro livro, “Gestação –Sublime Intercâmbio” (1993, 210 p., ed. Universalista), ele realiza na primeira parte uma exposição minuciosa do fenômeno da gestação, passo a passo, desde o momento da fecundação até o nascimento, visto de ambos os lados da vida (ponto de vista físico e espiritual). Ele aborda, na segunda parte, várias questões de grande atualidade, como os abortos espontâneos e provocados, a barriga de aluguel, as patologias do sexo, os bebês de proveta, os anti-concepcionais, laqueadura de trompas e outras. Em “Reencarnação e a Evolução das Espécies” (1996, 180 p., ed. Universalista), publicado três anos após o primeiro livro, ele formula, na primeira parte, uma teoria que ele denomina de neoevolucionismo, na qual enuncia a existência de uma energia cósmica que nega a entropia; e também a existência de uma energia espiritual que sobrevive à morte e evolui por meio da reencarnação; e expõe as provas de teor paleontológico, anatômico e embriológico da evolução. Ele explana, na segunda parte, acerca das experiências científicas que evidenciam a reencarnação. A terceira obra, “Reencarnação em Xeque” (1997, 210 p., ed. Universalista) lista vinte argumentos que criticam e põem em dúvida a reencarnação, tais como: de que destrói a família, de que não tem respaldo bíblico, de não se recordar de vidas pregressas, de que é incompatível com a Ciência. Aqui, o autor responde com argumentos sólidos e bem fundamentados todas as objeções comumente apresentadas pelos opositores. A quarta obra se denomina “Dos Faraós à Física Quântica”(1997, 190 p., ed. Universalista) e expõe ANO XII · NÚMERO 68 resumidamente as concepções básicas das principais denominações religiosas (bramanismo, budismo, judaísmo, islamismo, sufismo, cristianismo, etc.) das correntes filosóficas espiritualistas (rosacrucianismo, teosofia, antroposofia, seicho-no-ie, logosofia, etc.), de certas ciências e paraciências (projeciologia, parapsicologia, psicanálise, física quântica) e o entendimento da reencarnação em cada uma delas. “Navegando nos Mares da Imprensa” (2005, 364 p., ed. Universalista) é o título do quinto livro do autor. Aqui, ele enfeixa 50 artigos e ensaios publicados nos últimos vinte anos em periódicos espíritas do Brasil, de Portugal e da Espanha, abordando assuntos atuais e palpitantes, tais como: Brasil: o futuro só a nós pertence?; um estudo sobre a ingratidão; alcoolismo e obsessão; apometria, nem problema, nem solução; destino e livre-arbítrio; estupro e aborto; doação de órgãos; anencéfalo e abortamento; déjà-vu: o reencontro com o passado; salvação? não, obrigado. “Reencarnação, Amor e Sabedoria” (2006, 236 p., ed. Universalista) é sua publicação mais recente. Trata-se da reedição do livro “Vôo Livre” (1999, 112 p., ed. Mundo Maior), na qual busca apresentar a reencarnação de maneira resumida e agradável, buscando sintetizar em uma única página, pesquisas históricas, raciocínios filosóficos e depoimento de cientistas em forma de conceitos relacionados com o tema central: palingenesia, semeadura e colheita, carma grupal, resgate coletivo, gestação de aluguel, filhos adotivos, vasectomia, infertilidade, reencarnação compulsória, ninho uterino, etc, procurando elucidá-los à luz da Doutrina Espírita Ricardo di Bernardi é catarinense de nascimento, médico homeopata e pediatra em Florianópolis. Pertence ao Instituto de Cultura Espírita de Florianópolis e à Associação Médico-Espírita de Santa Catarina. PÁGINA 09 O primeiro centro espírita da história? Com o título "Há 150 anos surgia o primeiro centro espírita do mundo", este jornal publicou em seu número passado um artigo em que repete alguns equívocos cometidos por outros órgãos da imprensa espírita, inclusive alguns escritores. O primeiro deles é esta confusão de semelhança entre o centro espírita e a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Não paira dúvida de que são duas coisas bem distintas, como se verá mais à frente. Outros equívocos são cometidos nas seguintes afirmações: 1) que "a sociedade era franqueada a qualquer pessoa"; 2) que a "SPEE constituiu-se no primeiro centro espírita do mundo". Nem uma coisa nem outra são verdadeiras. Chamo a atenção, também, para a revelação de que "1500 pessoas compareciam às reuniões a cada ano", como a justificar o fato relatado anteriormente de que a SPEE era freqüentada por grande número de pessoas. Trata-se, aqui, de evidente ufanismo, que em geral nós, os espíritas, alimentamos. Veja bem, se a SPEE se reunia uma vez por semana, a considerar o número absoluto citado, teremos em média 28 pessoas por sessão, o que não é nenhum número expressivo. Em geral, repito, a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, conhecida como SPEE, é vista e citada como o primeiro centro espírita da história do Espiritismo. Foi fundada em Paris no ano de 1858 por Allan Kardec e alguns amigos. Entretanto, será mais correto afirmar que a SPEE foi a primeira sociedade espírita legalmente organizada, uma vez que entre ela e o centro espírita há muito pouca coisa em comum. Em meu livro Nosso Centro, Casa de Serviços e Cultura Espírita faço esse registro a fim de contribuir para a formação de uma consciência a respeito da doutrina e a evolução de suas práticas nestes cento e cinqüenta anos de história. Permito-me reproduzir aqui as reflexões inseridas no referido livro sobre este interessante assunto. “O centro espírita não se limita a consolar os aflitos com palavras”. A afirmação de Herculano Pires revela o que é concebido de forma geral nos meios espíritas, mas presta-se também a reflexões oportunas, uma vez que o centro espírita como tal encontra-se ainda a caminho de sua melhor definição. A Kardec coube apenas conhecer os primeiros passos da SPEE que, então, não era conhecida por centro espírita. A expressão centro espírita ganhou novos sentidos ao longo da história e, hoje, designa o local onde se reúnem os adeptos do espiritismo para estudar e praticar a doutrina. É, também, em algumas situações, sinônimo de espiritismo, sentido este consagrado pela prática lingüística. Assim, o uso da expressão se generalizou e se sobrepõe ao próprio nome oficial das organizações espíritas. Em geral, as pessoas dizem: "vou ao centro espírita" e não à Associação de Estudos Espíritas Paulo e Estevão ou qualquer outro nome que tenha a instituição. O termo, portanto, popularizou-se. Desconhece-se qualquer instituição, nos primórdios do Espiritismo na França, que fosse designada por centro espírita. A expressão foi, certamente, criação brasileira e serviu tanto para popularizar a doutrina quanto para se tornar sua própria designação. No início, faziam-se reuniões para estudo e pesquisa dos fenômenos mediúnicos. Compreendê-los era o grande desafio dos pesquisadores da segunda metade do século XIX. Ao publicar o primeiro livro da doutrina – O livro dos espíritos – Kardec abriu o leque das inúmeras atividades que poderiam ser realizadas por uma organização burocrática, somando-se, pois, ao estudo dos fenômenos mediúnicos e à sua pesquisa. A passagem das reuniões mediúnicas informais para as de uma sociedade organizada, interessada em prosseguir nas pesquisas, mas, também, em aplicar a teoria à prática do cotidiano, forneceu diversos e interessantes desdobramentos. Com a filosofia básica estabelecida, o espiritismo não poderia se contentar apenas com os fenômenos e sua compreensão. Caso o fizesse, correria o risco de ter o número de interessados reduzido paulatinamente. A mais convincente razão, contudo, estava na própria realidade doutrinária, plena de novas perspectivas capazes de sobrepor-se ao marasmo das repetitivas reuniões de pesquisa. Kardec não teve tempo nem possibilidade de fornecer algo próximo de um modelo de centro espírita capaz de atender ao desejo do homem do século seguinte. O estatuto que W.Garcia · Recife, PE [email protected] oferece no “Livro dos Médiuns” expressa a intenção de auxiliar através de instruções derivadas especificamente da experiência com a SPEE, então fundada fazia pouco tempo, cuja estrutura difere bastante do centro espírita da atualidade. Por ser a primeira instituição legalmente organizada, visando à aplicação prática do espiritismo e por haver surgido quase um ano após o lançamento de “O Livro dos Espíritos”, a SPEE é tipicamente uma associação disposta ao estudo dos fenômenos mediúnicos, interessada na sua compreensão e nos conhecimentos advindos da relação com as inteligências invisíveis. O artigo primeiro do seu estatuto assegura: “A sociedade tem por objeto o estudo de todos os fenômenos referentes às manifestações espíritas e sua aplicação às ciências morais, físicas, históricas e psicológicas”. A sociedade foi, de fato, a primeira instituição espírita legalmente fundada a funcionar como estimuladora do aparecimento de outras dentro e fora da França. Limitava-se, contudo, aos objetivos expostos no seu regulamento, nada possuindo daquilo que foi, com o tempo, incorporado como serviço ao centro espírita. O regulamento é uma peça bastante curiosa, mas é também severa do ponto de vista da disciplina, ao garantir direitos e estabelecer penalidades para aqueles sócios que porventura viessem a praticar atos que colocassem em risco o nome da sociedade. Pelo regulamento se fica sabendo que ninguém poderia se tornar sócio sem a indicação de dois membros titulares e a aprovação da diretoria. De certa forma, ainda hoje tal preceito se encontra em boa parte dos estatutos dos centros espíritas, mas com pequena aplicação prática. A SPEE jamais realizava reuniões públicas. Todas as suas sessões eram privativas dos sócios e vedadas aos curiosos. Quem delas quisesse participar deveria obter autorização do presidente e ainda assim participaria apenas da sessão para a qual a autorização tivesse sido liberada. Os médiuns não detinham direitos sobre as comunicações que obtinham; só lhes era permitido tirar cópia das comunicações, mantendo o original na sociedade. Assim, a SPEE se reservava o direito de uso das comunicações, seja para fins de publicação na Revista Espírita seja para outras finalidades. (Continua na pág. seguinte) PÁGINA 10 ANO XII · NÚMERO 68 COMUNICA”AÇÃO” ESPÍRITA | JULHO / AGOSTO DE 2008 As reuniões ocorriam uma vez por semana, às sextas-feiras às 20 horas, alternando sessões particulares e gerais. As primeiras eram vedadas aos não sócios e as gerais admitiam a presença de convidados devidamente autorizados, mas os convidados não podiam fazer uso da palavra senão em casos excepcionais. Os sócios não podiam utilizar o título de membros da SPEE, inclusive nas suas produções intelectuais. Caso fosse de interesse de algum deles fazer essa menção deveria submeter o trabalho à apreciação e aprovação da comissão respectiva. O regulamento garantia à SPEE o direito de fazer “exame crítico das diversas obras publicadas sobre o Espiritismo” e entre essas mencionava as que fossem publicadas “por um membro da sociedade sob o véu do anonimato e sem nenhuma menção que possa torná-lo conhecido como tal”. O exame era registrado em documento que, a critério da presidência, poderia ser levado à publicação na Revista Espírita. Como se vê, a SPEE era uma instituição com objetivos diferentes dos de um centro espírita contemporâneo e, embora se tenha bastante o que aprender com ela, especialmente no campo mediúnico do trato com os Espíritos, não se pode compreendê-la senão sob o viés de sua realidade histórica. NR – Este artigo chegou à redação após o fechamento da edição nº 67 e refere-se à matéria de capa da edição nº 66, do bimestre marçoabril. Sem querer polemizar e a despeito dos valiosíssimos esclarecimentos prestados pelo nosso colaborador articulista, qualquer espírita mais ou menos bem informado sabe que os centros espíritas atuais muito pouco têm em comum com a SPPE. Na verdade, como consta do Editorial de Dirigente Espírita, da USE-SP, ed. nº 106, ao referir-se ao artigo de sua jornalista-responsável Martha Rui Guimarães, “A Sociedade fundada em 1º de abril de 1858 e historicamente (grifo nosso) considerada o primeiro centro espírita do mundo...”, expressão que ela repete depois no artigo à pág. 6, é mesmo uma referência histórica, não significando que funcionasse nos moldes da prática atual, especialmente no Brasil. Da mesma forma, colhida ao acaso, encontramos no Boletim Informativo nº 63 (maio-junho) do suplemento de Reformador (nº 2151, de junho-08): “Ao ensejo das comemora- ções dos 150 anos de fundação da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e, considerando que esta foi a primeira Casa Espírita do mundo...”. Quanto ao trecho referente às pessoas que a freqüentavam, o CAE frisou em seu texto que “Desde que não fosse por simples curiosidade ou claras intenções de causar perturbação, a Sociedade era franqueada a qualquer pessoa...” o que já demonstra a existência de critérios para participação. Embora o articulista em certo parágrafo afirme que “A SPPE jamais realizava reuniões públicas. Todas sessões eram privativas dos sócios...”, logo no parágrafo seguinte informa que as reuniões realizadas nas sextas-feiras alternavam-se em particulares e gerais, sendo as primeiras vedadas aos não sócios. De fato, na Revista Espírita, editada por Kardec, referente a fevereiro de 1859, encontramos um aviso assinado por ele, informando que as sessões das terças-feiras estavam sendo realizadas às sextas, na nova sede e que “Os estranhos só serão admitidos nas segundas, quartas e sextas-feiras, mediante cartões nominais e apresentação. Paulo R. Santos ([email protected]) As muitas formas de violência mostram a ponta da equação humana ainda mal resolvida Tempos atrás li uma interessante mensagem recebida pela internet, na qual a autora mencionava que nossa geração (os de meia idade) era a última a respeitar os pais e a primeira a temer os filhos. Dá o que pensar! De fato, nossos jovens estão cegos para muitas realidades da vida e desorientados diante de um mundo que apresenta mudanças rápidas demais, e apelos fora das possibilidades humanas, principalmente aqueles ligados a níveis de consumo não só impossíveis como desnecessários. Apesar de todos os horrores perpetrados por jovens e mesmo crianças, é preciso cuidado para não criminalizar a adolescência e a juventude. Os pais nascidos no pós-guerra (refiro-me à Segunda Guerra) também não foram adequadamente educados para o pós mundo-modernidade, destroçado pelas seqüelas dos conflitos, destruído em seus valores seculares. Nossos jovens são vítimas de um modelo de sociedade que estimula o comportamento narcisista-individualista. São pessoas que crescem, mas não amadurecem para as coisas elementares da vida, pois lhes falta orientação mínima quanto a alguns impositivos da vida real. Eis alguns: 1 – Ausência da noção de limites. A maioria dos limites não é inventada e nem imposta pelos pais, educadores ou autoridades de um modo geral. Refletem apenas algumas necessidades básicas para que se tenha uma vida melhor e mais saudável. São necessários para que o corpo e a mente se mantenham em ordem e, digamos, operacionais. Não comer nem beber em demasia. Cuidar da higiene pessoal, da própria segurança, da organização dos deveres pessoais, sociais, familiares etc.; saber administrar o tempo e tantas outras “bagatelas” são indispensáveis para o bem viver. COMUNICA”AÇÃO” ESPÍRITA | JULHO / AGOSTO DE 2008 2 – Incapacidade de lidar com frustrações. É impressionante a falta de capacidade de lidar com a perda do namorado ou namorada, do celular perdido em alguma festa, com a falta de dinheiro para o tênis novo, o mp3, mp4 ...mp7. Que fazer diante das grandes frustrações que a vida tantas vezes impõe? Para muitos o homicídio, o suicídio, a fuga, a violência e o enfrentamento parecem ser soluções simples e eficazes. O diálogo como forma de solucionar conflitos perdeu-se junto com a capacidade de lidar com a palavra. 3 – Dificuldade em lidar com perdas. Não há quem atravesse a existência sem uma doença, limitações, uma tragédia pessoal ou familiar. A perda de um emprego ou de uma oportunidade. A morte de parentes e amigos e tantas coisas mais, são contingências da vida. O envelhecimento não é uma piada da natureza, mas um determinismo biológico que promove a renovaANO XII · NÚMERO 68 ção da vida orgânica na Terra enquanto liberta a alma. As dificuldades da vida. As muitas e persistentes inibições com antecedentes espirituais ou não, servem também para fortalecer o caráter e a personalidade. Vivemos tempos diferentes. A crise mundial se mostra não pelos fenômenos da globalização financeira, mas pelo atrofiamento da humanidade e nas distorções psicológicas que a todos atinge. As muitas formas de violência mostram a ponta da equação humana ainda mal resolvida. No entanto, certamente isso passará. Não podemos nos esquecer que outras civilizações já tiveram seu apogeu e crise no passado da Terra. Mesmo que o preço da renovação social seja tão alto como parece que será, eventualmente sentiremos os processos renovadores chegando através das artes e da cultura, como já aconteceu antes. Lembram-se do Renascimento? PÁGINA 11 | Atualidades | A educação moral é o antídoto perfeito contra a violência Quarenta mil homicídios, trinta e um mil mortos no trânsito, dezenas de milhares de feridos, mutilados e incapacitados permanentes; bilhões de reais em prejuízos materiais e gastos com tratamentos médicos e indenizações. Esse o saldo "material" do inventário macabro anual no Brasil. E o sofrimento moral das vítimas e suas famílias? Quanta dor, quanta impunidade e "injustiça" não reparada, quantas pessoas lançadas tragicamente à viuvez e orfandade. Quantos talentos, quantas vidas ceifadas brutalmente! O Espiritismo, pela sua filosofia e sua ética, pode ser o elemento transformador por excelência do ser humano. Tem elementos suficientemente desenvolvidos, de modo racional e consistente, para contribuir na solução dos grandes problemas que o afligem, oferecendo valores concretos para a felicidade verdadeira, livre da ilusão material, apesar de inserido, como ser encarnado, no contexto social momentâneo de sua evolução. Se o objetivo parece inalcançável, ocorre não por falta de qualidade na mensagem espírita, mas pela deficiência na instrumentalização de fazê-la chegar às massas. Falta de conhecimento, indiferença ou falta de preparo das lideranças, metodologias ultrapassadas, linguagem inapropriada, falta de recursos humanos e econômicos são alguns dos fatores que emperram a divulgação espírita, sonegando informações capazes de, se devidamente veiculadas, modificar de fato, a sociedade. São válidos os protestos, as passeatas e campanhas que visam atenuar o impacto da violência urbana e também a rural. Mas não sejamos ingênuos de pensar que só com isto o problema já estará resolvido. Devemos desarmar, antes de tudo, nossos espíritos pela prática do amor e da fraternidade legítima extensiva a todos. É o que se deduz das palavras do Cristo: Mas se amardes somente àqueles que vos amam, que mérito tereis? A imensa maioria das pessoas que habitam este país é constituída por gente séria, honesta e trabalhadora, mas o poder da minoria bandida prevalece. Na resposta à questão 934 de O Livro dos Espíritos, os Orientadores Espirituais, uma vez mais elegeram o egoísmo como o vilão máximo do sofrimento da humanidade para a seguir, afirmarem que "À medida que os homens se esclarecem sobre as coisas espirituais, ligam menos valor às coisas materiais... é preciso reformar as instituições humanas que o entretêm (ao egoísmo). Isso depende da educação" . Anteriormente, na mesma obra, na questão 685, é o próprio Allan Kardec que acrescenta comentário sobre o tema econômico dizendo: "Há um elemento... sem o qual a ciência econômica não é mais que uma teoria: a educação. Não a educação intelectual, mas a ... moral e não a educação moral pelos livros, mas aquela que consiste na arte de formar os caracteres, a que dá os hábitos: porque a educação é o conjunto de hábitos adquiridos. Quando se pensa na massa de indivíduos jogados cada dia na torrente da população, sem princípios, sem freios e entregues aos seus próprios instintos, deve-se espantar das conseqüências desastrosas que resultam?” (Neste parágrafo, o negritado é do autor da obra e o sublinhado do autor deste artigo). Educar, mais que instruir e não só pelos livros mas pelo exemplo prático. Educação maciça iniciada nos lares por pais bem preparados, conscientes e responsáveis, passando pelos estabelecimentos de ensino onde poderiam ser incluídas disciplinas específicas de trânsito, cidadania, meio ambiente, respeito ao patrimônio público, prevenções sanitárias e anti-drogas, incluindo o tabagismo e o alcoolismo; importância da doação de órgãos, etc. E campanhas envolvendo as igrejas de todos os credos - isto vale também para os espíritas -, ONGs e instituições diversas da sociedade civil como OAB, a mídia e outras. Este modelo, que possui a desvantagem de provocar resultados mais significativos de médio e longo prazos, tem o mérito de ser mais definitivo, atacando as causas dos males. Já as medidas repressivas, melhor aparelhamento policial, reformulação do sistema carcerário e mecanismos de ressocialização dos exdetentos, reestruturação do Judiciário, desarmamento e tantos outros também são úteis e necessários, atacando, embora, apenas as conseqüências. O egoísmo só poderá ser extirpado inteiramente do corpo social com o passar talvez de vários séculos, mas efeitos parciais e no âmbito individual podem ser sentidos de imediato à aplicação quando simplesmente ensinamos nosso filho de três anos a respeitar o também filhinho querido da empregada doméstica, mesmo que tenha outra cor de pele; ou quando não permitimos que o filho adolescente dirija automóvel e, se mais velho e habilitado, que receba aconselhamento, seja conscientizado para a responsabilidade que lhe pesa nos ombros Wilson Czerski com relação à própria integridade física e a dos outros; ou quando rejeitamos a sugestão para adquirirmos uma arma de fogo a pretexto de proporcionarmos mais segurança a si e à família, idéia falaciosa e de risco. As leis e a ordem impostas à sociedade como resposta à exigência coletiva são bem-vindas e necessárias, mas de maior eficiência quando todos souberem, senão amar e fazer ao próximo quanto o que desejariam que lhes fizessem, pelo menos respeitar seus direitos, especialmente os fundamentais como a vida. Quanto à lei de Causa e Efeito ou justiça divina, ela se materializa através dos próprios homens equivocados no passado longínquo ou recente, como contingência do estágio evolutivo que nos encontramos. E não é menos verdadeiro que Deus dispõe de outros mecanismos para punir suas criaturas empedernidas no mal, ferilas em seu orgulho e atingir-lhes o ego. Dispensa o nosso "empurrãozinho", como muitos pensam ser necessário, justificando assim o estado de coisas atual e até a nossa própria indolência. www.umoderna.pt A infância é o período em que o Espírito está mais acessível às influências recebidas dos encarregados de sua educação. Questão 383 de O Livro dos Espíritos. CARTÕES DE VISITA 4x4 cores Laminação Brilho Cliente fornece arte | Pagamento antecipado o milheiro [email protected] | (41) 8802·4279 (41) 3226·9456 PÁGINA 12 ANO XII · NÚMERO 68 COMUNICA”AÇÃO” ESPÍRITA | JULHO / AGOSTO DE 2008