UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS, COMUNICAÇÃO E ARTES
CURSO DE BIBLIOTECONOMIA
ANÁLISE DA INFORMAÇÃO I
FUNDAMENTOS E PRÁTICA DA INDEXAÇÃO:
Leitura do Texto e Análise da Informação
Prof. Edivanio Duarte de Souza
[email protected]
Maceió, Alagoas
2011.1
A Leitura na Indexação
Elementos essenciais à Análise de Assunto:
◦ a leitura para extração de conceitos;
◦ o texto como base material do conteúdo (escrito e/ou oral);
◦ a forma e os procedimentos de leitura.
Conceito de texto:
◦ conjunto de unidades lingüísticas correlacionadas;
◦ visa ao processo comunicativo (emissor-receptor).
Finalidade do texto na leitura documentária/indexação:
◦ materialização dos conteúdos nos documentos;
◦ base material da leitura do analista/indexador e da extração dos
conceitos que representam o documento.
Análise de assunto: universo do documento/conteúdo (autor)
universo da necessidade de informação (usuário).
DOCUMENTO
CONTEÚDO
CONCEITOS
DESCRITORES
O Texto como Base de Leitura
Características do texto:
unidade complexa e dinâmica de significação;
sinal aberto (open ended) de significação;
intermediação entre autor (conteúdo) e usuário
(necessidade/demanda de informação);
Diferenças entre texto, discurso e informação:
◦ texto: processo de significação fora do contexto de produção
(estruturas de informação) => Análise Textual e Análise de
Conteúdo;
◦ discurso: processo de significação dentro de suas condições sóciohistóricas de produção (amplas e restritas) => Análise do Discurso;
◦ informação: processo de significação na relação contextual
(restrita) (emissor-receptor/fonte de informação-necessidade de
informação) = Análise da Informação.
Bases das operações documentárias: estrutura textual e
tipologia textual (DIAS; NAVES, 2007).
Estrutura Textual
Estrutura textual: arranjo de organização e apresentação das
informações;
Arranjos : esquemas formais de organização dos textos;
Fundamentos do sentido geral do texto:
◦ microestrutura:
estrutura superficial;
realidade física do texto;
símbolos de significação;
◦ macroestrutura:
tópico representativo hierárquico e coerente da unidade textual;
mínima estrutura da representação textual sintático-semântico;
◦ superestrutura:
estrutura retórico-esquemática;
transição entre estruturas de superfície e de profundidade (CINTRA,
1983 apud DIAS; NAVES, 2007).
A Leitura Textual
O conhecimento das diferentes estruturas do texto
possibilita diferentes leituras;
O conhecimento prévio das estruturas textuais:
◦ restrito à microestrutura impõe a leitura palavra por palavra;
◦ da superestrutura diminui a necessidade de apoio na leitura
palavra por palavra;
◦ da superestrutura diminui a dificuldade de integração das
informações como um todo;
◦ da superestrutura facilita a captação das idéias centrais do
texto, porque tem como base a identificação dos constituintes
básicos (DIAS; NAVES, 2007).
Tipologia Textual
Existem várias classificações, considerando diversos critérios:
contexto extralingüístico e estruturas das orações:
◦
◦
◦
◦
◦
descritivo;
narrativo;
expositivo (sintético e analítico);
argumentativo;
instrutivo (WERLICH apud DIAS; NAVES, 2007).
função textual:
◦
◦
◦
◦
◦
◦
normativo.;
de contato;
de indicação de grupo;
poético;
de automanifestação;
de ordem/exigência (GROSSE apud DIAS; NAVES, 2007).
Tipologia Textual
Tipologia mais comuns:
◦ textos narrativos:
marcação cronológica;
causalidade;
◦ textos informativos;
descrição;
enumeração;
comparação;
causa-efeito;
problema-solução (MEYR apud DIAS; NAVES, 2007).
Na tipologia de textos informativos se encontra a maior parte
dos textos científicos:
◦ conteúdo determinado;
◦ estrutura convencional ou modelo clássico (introdução, metodologia,
resultados e discussão);
◦ padronização diferenciadas em relação às áreas (ciências humanas e
sociais x ciências da natureza);
◦ metodologias diferenciadas (ciências humanas e sociais x ciências da
natureza) (DIAS; NAVES, 2007).
Elementos da Textualidade
Coesão:
◦
◦
◦
◦
Coerência:
◦
◦
◦
◦
relações de sentido no interior do texto;
manifesta-se no nível microtextual;
relação entre as palavras;
permite análise superficial do texto.
rede de elementos lingüístico, cognitivo e interacional;
manifesta-se no nível macrotextual;
princípio de interpretabilidade;
permite análise aprofundada do texto.
Intencionalidade:
◦ empenho do produtor (autor) – coesão, coerência e alcance dos
objetivos;
◦ relaciona-se com a situação comunicativa (DIAS; NAVES, 2007).
Elementos da Textualidade
Aceitabilidade:
◦ expectativas do receptor (leitor/usuário) – coesão, coerência e
alcance dos objetivos;
◦ relaciona-se com a situação comunicativa.
Situacionalidade:
◦ pertinência e relevância;
◦ relaciona-se com o contexto.
Informatividade:
◦ ocorre no plano formal e conceitual;
◦ medida de ocorrência quanto à expectativa e ao conhecimento
do texto.
Intertextualidade:
◦ vínculo com outros textos:
◦ formal (expressões, enunciados, trechos - citações);
◦ conteúdo (DIAS; NAVES, 2007).
Fundamentos da Prática de Leitura
Diferentes tipos de leitura, conforme, o enfoque, a
finalidade e os procedimentos adotados;
A leitura não é um conceito preciso e rigoroso:
◦
◦
◦
◦
◦
◦
técnica;
prática social;
gestualidade;
forma de sabedoria;
método;
atividade voluntária.
Na análise da informação interessa a chamada leitura
técnica/documentária;
A cerne questão: a relação do sujeito (leitor/usuário) com o
texto (documento);
O texto em si não tem significado, mas o tem na relação
com o leitor (CHARTIER, 1994 apud DIAS; NAVES, 2007).
Fundamentos da Prática de Leitura
A prática de leitura:
◦ condicionada pelas características do leitor (subjetivo) - sexo,
geração, adesões, religiosidade, tradições educativas, etc.;
◦ resulta do papel/ação do leitor como produtor de sentido;
◦ corresponde a um processo coordenado (diálogo) entre autor e
leitor (WIDDOWSON, 1979 apud DIAS; NAVES, 2007):
Informação
Textual
=
Leitura
Informação
do Leitor
Elementos que interfere na legibilidade:
◦ qualidade do texto;
◦ conhecimento prévio do texto;
◦ estratégias de leitura (KATO, 1985a apud DIAS; NAVES, 2007).
Fundamentos da Prática de Leitura
Estratégias no processo de leitura (como estão lendo):
◦ cognitivas - comportamentos automáticos e inconscientes;
◦ metacognitivas – comportamento não automáticos e consciência
do leitor.
O texto legível corresponde àquele que exige a aplicação
equilibrada das duas estratégias (KATO, 1985a apud DIAS;
NAVES, 2007).
Dois estágio de leitura:
◦ redução: simplificação conceitual da própria idéias do autor;
◦ mudança: utilização e avaliação da informação processada pelo
leitor (CAVALCANTI, 1989 apud DIAS; NAVES, 2007).
Prática da Leitura Documentária
Leitura documentária:
◦ leitura técnica do conteúdo do documento;
◦ estratégia clássica de leitura para análise de assunto;
Características particulares:
◦
◦
◦
◦
◦
não objetiva lazer e/ou aprendizagem;
alto grau de incerteza, ansiedade e responsabilidade;
racional e rápida;
visa à extração o conteúdo informativo do texto;
rompimento do principio de cooperação entre autor e leitor.
Finalidade da leitura documentária:
◦ identificar os conceitos;
◦ selecionar os conceitos;
◦ expressar o assunto do documento (DIAS; NAVES, 2007).
Prática da Leitura Documentária
A leitura técnica corresponde a “um misto de ler e passar os
olhos pelo texto” (LANCASTER, 1993 apud DIAS; NAVES, 2007, p.
52).
Leitura para certas partes do documento:
◦
◦
◦
◦
◦
◦
◦
◦
◦
título;
subtítulo;
sumário;
resumo;
introdução;
prefácio;
apresentação;
títulos dos capítulos;
referências (bibliográficas) (DIAS; NAVES, 2007, p. 52).
Estratégias de Leitura
Fatores que influenciam a legibilidade de um documento:
◦ a qualidade do texto;
◦ o conhecimento prévio do leitor;
◦ as estratégias que o texto exige (KATO, 1985 apud SMIT, 1987).
Orientações para leitura de um documento:
◦ o título;
◦ o resumo, se houver;
◦ a introdução, as frases e parágrafos de abertura de capítulos, e as
conclusões;
◦ ilustrações, gráficos, tabelas e respectivas legendas; palavras ou
grupos de palavras que apareçam sublinhadas ou impressos com
tipos diferentes (ISO 5963, 1985 apud LANCASTER, 2004, p. 20).
Extração de Conceitos
A determinação de termos representativos de um
documento é condicionada à extração dos conceitos;
Conceitos:
◦ unidade do conhecimento que compõem os enunciados;
◦ conjunto de características que traduzem os atributos das
“coisas”;
◦ imagem subjetiva do mudo objetivo,;
◦ revela aspectos essenciais, universais do objeto;
◦ elimina aspectos secundários;
Composição dos conceitos por processos mentais:
◦
◦
◦
◦
análise;
síntese;
abstração
generalização (DIAS; NAVES, 2007).
Definição do Conteúdo
A extração dos conceitos visa a produzir um assunto;
Características de “assunto”:
◦ essência do tema abordado numa obra;
◦ identificação de difícil ensino e aplicação;
◦ o desconhecimento do campo em análise torna impossível tal
identificação;
◦ complexidade na sua definição (inclusive conceitual);
◦ ausência de consenso na literatura.
dificuldade em precisar o assunto principal de um
documento;
O assunto corresponde a totalidade dos potenciais
epistemológicos de documentos (HJØRLAND, 1992 apud
DIAS; NAVES, 2010).
Definição do Conteúdo
Distinção entre assunto e idéia principal;
A avaliação do que é importante num texto pode variar de
acordo com seu leitor;
Categorias de informação importante:
◦ textualmente importante: vinculado ao autor (a intenção do
autor);
◦ contextualmente importante: vinculado ao leitor (a intenção de
leitura do usuário) (GIASSON, 1993 apud DIAS; NAVES, 2007).
Assunto = de que trata o documento?
Idéia principal = qual a mensagem mais importante que o
autor quer passar neste documento?
A indexação busca não apenas o conteúdo do documento,
mas a relação deste com o uso potencial (BLAIR, 1990 apud
DIAS; NAVES, 2010) – Política de indexação.
O Contexto na Definição do Conteúdo
Contextos da definição do conteúdo:
◦ contexto de produção;
◦ contexto de “uso”.
A ação de diferentes contextos retira e altera o significado das
mensagens;
O conceito, o assunto e o contexto são elementos
interdependentes na definição do que trata um documento =
atinência.
A definição da atinência visa aproximar os dois universos de
análise e representação da informação:
◦ análise e representação do conteúdo dos documentos;
◦ análise e representação das questões dos usuários (CESARINO;
PINTO apud DIAS; NAVES, 2007).
Referências
DIAS, Eduardo José Wense; NAVES, Madalena Martins Lopes. Análise de
assunto: teoria e prática. Brasília: Teshaurus, 2007.
LANCASTER, F. W. Indexação e resumos: teoria e prática. Brasília: Briquet de
Lemos Livros, 2004. 347p.
SMIT, J. W. (Coord.). Análise documentária: a análise da síntese. Brasília:
IBICT, 1987. 133p.
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