4º P15 Esta prova contém M 10 B 10/11/10 questões. INSTRUÇÕES: Esta prova segue o Termo de Compromisso com a Integridade Acadêmica. Verifique se sua prova está completa. Em caso de dúvida, chame o responsável. Preencha corretamente todos os dados solicitados no cartão de respostas. Cartões com rasura ou incompletos serão invalidados. Utilize os espaços em branco para rascunho. Duração da prova: 50 minutos. Guarde esta prova. Ela poderá ser utilizada como material de aula. Questões com crédito de vestibular podem ter sido alteradas em sua redação ou dados. Cada questão vale 1,0 ponto. Boa prova! “Era um sonho dantesco... O tombadilho Que das luzernas avermelha o brilho, Em sangue a se banhar. Tinir de ferros... estalar do açoite... Legiões de homens negros como a noite, Horrendos a dançar...” Castro Alves, Poesias completas de Castro Alves. 01) Assinale, dentre as alternativas, aquela que não confirma a natureza combativa do fragmento romântico citado: a) O poema destaca sua luta abolicionista através de imagens audaciosas. b) O exagero da expressão “sonho dantesco” comprova o caráter dramático e emotivo da poética social de Castro Alves. c) A descrição metafórica da dança dos negros (v. 5, 6) reflete a indignação do poeta ante os horrores da escravatura. d) A grandiloquência textual do autor solidifica-se como uma vigorosa arma em favor do oprimido. e) A poesia condoreira de Castro Alves revela-nos uma atitude saudosista diante da realidade brasileira de seu tempo. 02) Ainda sobre o texto da questão anterior, assinale a alternativa que indica o significado da palavra “dançar”: a) Trata-se de uma metáfora e decorre de uma comparação estabelecida entre o movimento sincronizado dos negros – que eram obrigados a andar continuamente em círculos, presos uns aos outros – e uma dança, que exige do corpo de bailarinos uma perfeita sincronia. b) A palavra foi usada no sentido lato, significando a dança dos negros africanos, que sempre comemoravam as datas festivas dançando de acordo com a cultura de seu país. c) Demonstra a força do negro africano que, mesmo sendo aprisionado, não deixa de praticar os costumes inerentes à sua cultura. O termo ‘horrendos a dançar’ demonstra a tristeza advinda do fato de terem sido escravizados. d) Trata-se uma hipérbole e demarca o exagero, típico nos textos de Castro Alves. e) A palavra foi usada fora de seu significado real e aponta para o sonho que os negros alimentavam de voltar a dançar em seu país novamente. 03) Considere as seguintes afirmações sobre poetas do nosso Romantismo: I – O caráter sentimentalista da poesia de Álvares de Azevedo não impediu que ele se manifestasse também na forma da sátira, principalmente na 2ª parte de Lira dos vinte anos . II – O tom grandiloquente e declamatório da poesia abolicionista de Castro Alves está intimamente ligado à sua função: conclamar o público a assumir uma posição combativa. III – Há, na poesia de Gonçalves Dias, interesse em exaltar a natureza tropical e o nobre caráter dos nossos índios. Está correto apenas o que se afirma em: a) Somente em II. b) Somente em I e II. c) Somente em I e III. d) Somente em II e III. e) Em I, II e III. 04) No título Memórias de um Sargento de Milícias, a palavra “memórias”, normalmente utilizada para se referir a uma biografia, tem por objetivo rememorar: a) A vida, desde que veio de Portugal, de Leonardo Pataca – importante meirinho das primeiras décadas do século XIX. b) A vida de Leonardinho, filho de Pataca, que, após muitas confusões, consegue o tão sonhado posto de Sargento de Milícias. c) Do primeiro reinado, que começa com a vinda da Família Real portuguesa, até parte da década de 40 do século XIX. Por isso a obra se inicia mencionando “Era o tempo do rei...” d) A vida humilde do povo carioca do século XIX. e) A vida da parteira, D. Maria, e do barbeiro, padrinhos de Leonardinho. 05) (UEL) Leia o texto abaixo de Descartes e responda ao que se pede. De há muito observava que, quanto aos costumes, é necessário às vezes seguir opiniões, que sabemos serem muito incertas, tal como se fossem indubitáveis (...); mas, por desejar então ocuparme somente com a pesquisa da verdade, pensei que era necessário agir exatamente ao contrário, e rejeitar como absolutamente falso tudo aquilo em que pudesse imaginar a menor dúvida, a fim de ver se, após isso, não restaria algo em meu crédito, que fosse inteiramente indubitável (...). E, tendo notado que nada há no eu penso, logo existo, que me assegure de que digo a verdade, exceto que vejo muito claramente que, para pensar, é preciso existir, julguei poder tomar como regra geral que as coisas que concebemos mui clara e mui distintamente são todas verdadeiras. DESCARTES, René. Discurso do Método. São Paulo: Nova Cultural, 1991, p. 46-47. Com base no texto e nos conhecimentos sobre a filosofia cartesiana, é correto afirmar: a) A aplicação da dúvida metódica mostra que as ideias verdadeiras dependem da experiência sensível. b) A clareza e a distinção das ideias verdadeiras constituem somente uma certeza subjetiva que não permite fundamentar a objetividade da certeza. c) A concepção cartesiana da clareza e da distinção das ideias assegura que o objeto pensado pelo sujeito é determinado pela realidade fora do pensamento. d) A certeza do cogito constitui, devido à sua distinção e clareza, a primeira verdade inquestionável que decorre da aplicação do método da dúvida. e) O método da dúvida indica que a filosofia cartesiana é cética, pois demonstra a impossibilidade de qualquer certeza quanto à capacidade de se obter o conhecimento. 06) (UFU) Leia com atenção o texto abaixo. Mas há algum, não sei qual, enganador mui poderoso e mui ardiloso que emprega toda a sua indústria em enganar-me sempre. Não há pois dúvida alguma de que sou, se ele me engana; e por mais que me engane, não poderá jamais fazer com que eu nada seja, enquanto eu pensar ser alguma coisa. DESCARTES. Meditações. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1994, p. 125. O gênio maligno é uma hipótese metodológica empregada por Descartes para a radicalização da dúvida, sendo por isso conhecida como dúvida hiperbólica, isto é, exagerada. Assinale a alternativa que exibe, corretamente, a relação entre a dúvida hiperbólica e o cogito. a) A dúvida hiperbólica é insuperável, pois todos os conteúdos da mente podem ser falsificações geradas, na mente do sujeito pensante, pelo gênio maligno. b) A indubitabilidade dos juízos matemáticos elimina a hipótese do gênio maligno. c) A ideia de Deus anula a dúvida hiperbólica e prova a existência do pensante. d) A hipótese do gênio maligno aplica-se somente às certezas dos sentidos, o que explica a radicalização da dúvida. e) A evidência do ato de pensar não é atingida pela dúvida hiperbólica, na medida em que o sujeito do conhecimento não pode enganar-se quanto ao fato de que existe enquanto pensa. TEXTO PARA AS QUESTÕES DE 07 A 10 Inácio estremeceu, ouvindo os gritos do solicitador, recebeu o prato que este lhe apresentava e tratou de comer, debaixo de uma trovoada de nomes, malandro, cabeça de vento, estúpido, maluco. — Onde anda que nunca ouve o que lhe digo? Hei de contar tudo a seu pai, para que lhe sacuda a preguiça do corpo com uma boa vara de marmelo, ou um pau; sim, ainda pode apanhar, não pense que não. Estúpido! maluco! — Olhe que lá fora é isto mesmo que você vê aqui, continuou, voltando-se para D. Severina, senhora que vivia com ele maritalmente, há anos. Confunde-me os papéis todos, erra as casas, vai a um escrivão em vez de ir a outro, troca os advogados: é o diabo! É o tal sono pesado e contínuo. De manhã é o que se vê; primeiro que acorde é preciso quebrar-lhe os ossos... Deixe; amanhã hei de acordá-lo a pau de vassoura! D. Severina tocou-lhe no pé, como pedindo que acabasse. Borges expetorou ainda alguns impropérios, e ficou em paz com Deus e os homens. Não digo que ficou em paz com os meninos, porque o nosso Inácio não era propriamente menino. Tinha quinze anos feitos e bem feitos. Cabeça inculta, mas bela, olhos de rapaz que sonha, que adivinha, que indaga, que quer saber e não acaba de saber nada. Tudo isso posto sobre um corpo não destituído de graça, ainda que mal vestido. O pai é barbeiro na Cidade Nova, e pô-lo de agente, escrevente, ou que quer que era, do solicitador Borges, com esperança de vê-lo no foro, porque lhe parecia que os procuradores de causas ganhavam muito. Passava-se isto na Rua da Lapa, em 1870. Durante alguns minutos não se ouviu mais que o tinir dos talheres e o ruído da mastigação. Borges abarrotava-se de alface e vaca; interrompia-se para virgular a oração com um golpe de vinho e continuava logo calado. Inácio ia comendo devagarinho, não ousando levantar os olhos do prato, nem para colocá-los onde eles estavam no momento em que o terrível Borges o descompôs. Verdade é que seria agora muito arriscado. Nunca pôs ele os olhos nos braços de D. Severina que se não esquecesse de si e de tudo. Também a culpa era antes de D. Severina em trazê-los assim nus, constantemente. Usava mangas curtas em todos os vestidos de casa, meio palmo abaixo do ombro; dali em diante ficavam os braços à mostra. Na verdade, eram belos e cheios, em harmonia com ela, era antes grossa que fina a dona, e não perdiam a cor nem a maciez por viverem ao ar. De pé, era muito vistosa; andando, tinha meneios engraçados. Não diziam que era bonita; mas também não era feia. (...) Inácio demorou o café o mais que pôde. Entre um e outro gole alisava a toalha, arrancava dos dedos pedacinhos de pele imaginários ou passava os olhos pelos quadros da sala de jantar, que eram dois, um S. Pedro e um S. João, registros trazidos de festas encaixilhados em casa. Vá que disfarçasse com S. João, cuja cabeça moça alegra as imaginações católicas, mas com o austero S. Pedro era demais. A única defesa do moço Inácio é que ele não via nem um nem outro; passava os olhos por ali como por nada. Via só os braços de D. Severina, — ou porque sorrateiramente olhasse para eles, ou porque andasse com eles impressos na memória. “Uns braços” (trecho) Machado de Assis. 07) Observe a oração: “Olhe que lá fora é isto mesmo” Assinale a alternativa que contenha uma oração com o mesmo tipo de sujeito da oração acima: a) Inácio estremeceu. b) Nunca pôs ele os olhos nos braços de D. Severina. c) Entre um e outro gole alisava a toalha. d) há anos. e) Não diziam que era bonita. 08) Marque a alternativa em que as orações possuam exatamente o mesmo tipo de sujeito e predicado: a) Inácio demorou o café / Usava mangas curtas em todos os vestidos de casa. b) continuava logo calado / o nosso Inácio não era propriamente menino. c) era antes grossa a dona / O pai é barbeiro na Cidade Nova. d) Tinha quinze anos feitos / era muito vistosa. e) ficavam os braços à mostra / nunca ouve. 09) Observe as três afirmações abaixo: I. Também a culpa era antes de D. Severina – ‘antes’ é predicativo do sujeito, pois qualifica o sujeito; ‘era’ é um verbo de ligação. II. Em “não perdiam a cor nem a maciez por viverem ao ar”, ‘viverem’ é verbo intransitivo, pois não pede complemento, apenas sujeito. III. o nosso Inácio não era propriamente menino – apesar de ‘menino’ ser um substantivo, funciona aqui como predicativo do sujeito, qualificando o sujeito ‘Inácio’. A análise sintática está correta em: a) I e II. b) I e III. c) II e III. d) Somente II. e) Somente III. 10) Assinale a alternativa correta quanto ao texto acima: a) Verifica-se a transformação da personagem de Inácio, o que faz do conto acima trecho de uma narração. b) O conto acima é uma mistura de dissertação e narração já que há, ao mesmo tempo, a defesa de um ponto de vista e evolução da personagem. c) Trata-se de uma dissertação, já que se verifica claramente que o autor defende o ponto de vista de Inácio, já que tenta explicar por que ele se apaixonou pela esposa de outrem. d) É uma prosa poética, já que, apesar de ser um texto em prosa, expressa sentimento. e) O texto é uma narração, mas os diálogos que o narrador estabelece com o leitor fazem o conto se tornar metalinguístico.