Super-hominho enfrenta o Monstro Verde Em uma tarde tranquila na Escola Fundamental. Os alunos estavam no horário do recreio. Muitos tomavam seu lanche, outros brincavam e apenas um lia um livro. Era Carlinhos lendo “De que são feitos os heróis” - seu livro preferido. Carlinhos era meio tímido, usava óculos e não gostava muito de correr. As meninas da 5ª série passavam por ele e nem o notavam. E ele ficava ali lendo, entretido com seu livro. As vezes o Tatá se sentava ao lado pra conversar um pouco com Carlinhos. Outras vezes era a Bruna que vinha conversar um pouco. Bruna. Ah, a Bruna. Carlinhos gostava de Bruna. Era um amor secreto, mas tão secreto, que nem o Tatá sabia. Nem a Bruna sabia. Só o Carlinhos sabia. Carlinhos lia seu livro e pensava na Bruna. Foi quando a Bruna chegou e disse com um lindo sorriso nos lábios: - Oi Carlinhos. O Carlinhos levantou os olhos do livro e viu Bruna, cuja luz iluminava todo o pátio, toda a escola, o mundo inteiro. - Oi – respondeu Carlinhos todo tímido, ajeitando os óculos que tinham escorregado no nariz. - O que você está fazendo? - perguntou Bruna querendo puxar conversa. - Lendo – respondeu Carlinhos mais sem jeito ainda. - E... é legal o livro? - É sim – disse Carlinhos sorrindo. - Muito legal. - Posso me sentar? - indagou Bruna - Cla-claro – disse Carlinhos dando lugar no banco para Bruna. http://www.catraios.pt/avo_continhos.htm Hoje era dia! Carlinhos estava no céu. Nos dias em que Bruna vinha falar com ele Carlinhos ficava tão feliz, mas tão feliz, que... era o garoto mais feliz do mundo inteiro. Bruna sentou-se e os dois ficaram ali alguns segundos sem saber o que dizer. - É... - disse Bruna sorrindo. - É... - respondeu Carlinhos sorrindo. O Tatá se aproximou de Carlinhos. Mas vendo que o amigo estava ocupado com a Bruna tratou de ficar uns dois passos atrás, só vendo a cena toda. - Sabe: eu acho que entrou um cisco no meu olho – disse Bruna apontando o olho direito. - Puxa! - exclamou Carlinhos. - O velho truque do cisco no olho – pensou Tatá. - Olha pra mim? - pediu Bruna com jeitinho. Quem resistiria a um pedido desses? Quem não gostaria de ver os olhos da Bruna bem de perto? Carlinhos se inclinou para ver os olhos de Bruna. Ela inclinou a cabeça e fechou os olhos. - É... Assim não dá pra ver – disse Carlinhos sem jeito. - Olha! Ela quer um beijinho dele! - pensou Tatá eufórico. - Vê se você adivinha – respondeu Bruna fazendo biquinho com os lábios e esperando um beijo de Carlinhos. - Bem... - disse Carlinhos inclinando sua cabeça na direcção de Bruna. - Isso vai ser demais! - pensou Tatá vibrando de emoção e pegando seu celular pra tirar uma foto. Carlinhos foi chegando perto de Bruna, perto de Bruna, cada vez mais perto de Bruna. Ele já podia sentir o perfume dela. Ela já podia sentir o calor da pele dele. Então subitamente Carlinhos se levantou e saiu correndo. Bruna estranhou o movimento brusco no banco, causado pela saída de Carlinhos, e abriu os olhos. - O que aconteceu? - perguntou ela ao Tatá. Tatá encolheu os ombros e respondeu: - Sei lá. Ele é muito tímido. - Ah – fez Bruna com beicinho de impaciência de quem acabou de perder o primeiro beijo. http://www.catraios.pt/avo_continhos.htm II No vestiário da escola – uma sala há muito tempo abandonada – Carlinhos tirou os óculos, trocou rapidamente de roupa e se transformou no Super-hominho – um super-herói sempre disposto a combater o mal. - Mesmo que isso custe o beijo da menina que eu gosto – pensou o herói. Rapidamente Super-hominho saiu voando pelos fundos da escola. Ele tinha ouvido alguém gritando por socorro. E o grito vinha do centro da cidade. O Super-hominho voou até lá à uma super-velocidade. E pôde ver, de longe, a ameaça que aterrorizava a cidade: um monstro gigantesco e verde. O monstro pisava nos carros, destruía prédios com socos e grunhia como só um monstro verde pode grunhir. O Super-hominho precisava pensar num plano. E rápido porque o monstro verde destruía tudo por onde passava. Na Escola Fundamental a diretora dispensou os alunos mais cedo depois de ver na TV a ameaça do monstro verde. E recomendou que todos fossem direto para casa e se trancassem lá. No portão da escola Bruna disse à Tatá: - Eu não vou pra casa. Não agora. - Mas... a directora recomendou que a gente fosse direto pra... - Mas a directora não é a responsável pelo jornal da escola – retrucou Bruna interrompendo Tatá. - Oh, não! Você quer fazer uma matéria sobre o monstro? - perguntou Tatá aterrorizado. - Claro! - respondeu Bruna – E você vem comigo. - Pra que? - quis saber Tatá. - Pra tirar fotos com o celular para minha reportagem. Vamos lá. - disse Bruna já puxando Tatá pela mão. Na cidade as pessoas fugiam com medo do monstro. O Super-hominho voou alto e deu um super-soco na cara do monstro. Mas o monstro nem sentiu. E deu um tapa tão forte que lançou o Super-hominho contra um prédio. O super-herói bateu com as costas no prédio e caiu. Os curiosos que estavam perto prenderam a respiração. Super-hominho, ainda um pouco tonto, se levantou e voou de novo perto do monstro verde. Mas nem chegou a acerta-lo, porque dessa vez o monstro verde acertou o super-herói primeiro. O Super-hominho bateu com as costas em outro prédio e foi ao chão. Tonto pela segunda pancada o super-herói disse: - Certo. Isso está sendo mais difícil do que eu pensei. Enquanto isso Bruna e Tatá chegaram à cena. - Olha o tamanho dessa coisa! - exclamou Tatá impressionado com o monstro. Bruna segurou firme no braço de Tatá e disse: - Me dê boas fotos, certo? - Mas Bruna: isso não tem nada a ver com a escola – retrucou Tatá. - Ah é? E como você sabe que o monstro não vai atacar a escola? - disse Bruna. - Bem... é... quer dizer... - tentou responder Tatá. - Viu? Eu estou certa – disse Bruna encerrando a discussão. http://www.catraios.pt/avo_continhos.htm O Super-hominho se levantou e voou de novo. E viu o monstro erguer a mão monstruosa para destruir outro prédio. O super-herói precisava fazer alguma coisa. Então ele disse: - Ei, monstrengo! Por que você não luta com alguém do seu tamanho? O monstro olhou furioso para o Super-hominho. E ao invés de socar o prédio decidiu socar o super-herói. Lá embaixo, na rua, Bruna viu a cena e exclamou: - Olha! É o Super-hominho! Bruna falou alto, mas tão alto, que o monstro ouviu e olhou pra ela. Bruna engoliu em seco. Então o monstro curvou as costas e com a mão monstruosa pegou Bruna. - Socorro Super-hominho! - gritou Bruna apavorada. Nosso herói até tentou dar outro soco no monstro. Mas com a outra mão o monstro deu um peteleco no Super-hominho como se fosse uma mosca, e o super-herói voou longe. Sem outra coisa pra fazer Tatá fotografou Bruna na mão do monstro. - Me solte senão eu vou gritar, hein? - ameaçou Bruna na mão monstruosa do monstro. Mas o monstro verde não se deixou intimidar pela coragem da repórter. E deu mais um passo, pisoteando dessa vez um ônibus – que por sorte já tinha sido abandonado pelos passageiros pouco tempo antes. Super-hominho voou o mais rápido que pôde e gritou: - Largue a Bruna, seu monstro feio! O monstro tentou acertar o super-herói com outro soco. Mas dessa vez Superhominho foi mais rápido e se esquivou do golpe monstruoso. Com isso o monstro deu um soco no ar, perdeu o equilíbrio e começou a cair. E na queda jogou Bruna no ar, para o alto. - Socorro Super-hominho!!! - gritou Bruna desesperada. O Super-hominho voou à velocidade da luz pegando Bruna no ar, em plena queda. Então a levou para o outro lado da calçada. - Muito obrigada, Super-hominho! - exclamou Bruna super-agradecida. Mas o Super-hominho nem teve tempo de responder. Porque logo ali o monstro perdeu de vez o equilíbrio e parecia que ia cair em cima de um hospital. O Super-hominho precisava de um plano – e rápido. Então viu os fios de energia elétrica que o monstro tinha arrebentado com uma das pernas e teve uma ideia. Voou a uma velocidade super-sônica, e com sua super-força puxou os cabos. O monstro caía em câmera lenta. E foi aí que o Super-hominho laçou o monstro com os cabos de aço e o puxou no ar, voando pra longe do hospital. As pessoas respiraram aliviadas enquanto o Super-hominho voava levando o monstro verde para a lua. A salvo do perigo Bruna suspirou e disse: - Ai! Que super-herói! Portanto bandidos e monstros: cuidado. Porque o Super-hominho está sempre a postos para nos defender! Emílio Carlos (todos os direitos reservados) http://www.catraios.pt/avo_continhos.htm