XI ENCONTRO NACIONAL DA ECOECO Araraquara-SP - Brasil FELICIDADE PÚBLICA E INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE EM CAMPINA GRANDE -PB Érico Alberto de Albuquerque Miranda (UFCG) - [email protected] Economista, Professor Associado II da Universidade Federal de Campina Grande, Doutor em Economia Larissa Daiana de Macêdo (UFCG) - [email protected] Economista, Professora Substituta da Universidade Federal de Campina Grande FELICIDADE PÚBLICA E INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE EM CAMPINA GRANDE – PB. Resumo Fatores que contribuem para a determinação do bem-estar e da felicidade dos indivíduos são analisados. O estudo foi realizado com base em uma pesquisa de campo, estatisticamente representativa, no município de Campina Grande-PB. Foi calculado indicadores econômicos relacionados ao bem-estar dos indivíduos e a sustentabilidade. Constata-se que que há um elevado nível de felicidade entre os habitantes, considerandose estes enquanto agentes econômicos e enquanto indivíduos em suas relações sociais e interações com o meio ambiente. Introdução Estudos acerca da felicidade vêm ganhando importância na teoria econômica, oferecendo novas perspectivas para análises sobre o comportamento dos agentes econômicos e bemestar social. Tais pesquisas foram iniciadas em 1972 no Butão, baseada na opinião do rei que acreditava que a felicidade precede a prosperidade econômica. A partir de então, vários pesquisadores estão levantando este debate buscando desenvolver indicadores de bemestar (felicidade) que possam traduzir uma melhor definição de desempenho econômico, promovendo reflexões sobre aspectos como ética, estilo de vida e consumo, sustentabilidade ambiental, família, amigos, comunidade, entre outros. Um recente exemplo é o prêmio Nobel 2001 de economia Joseph Stiglitz, que defende a ideia de que indicadores como o PIB não são suficientes para mensurar o bem-estar da sociedade, bem como ofertar condições necessárias para propor medidas de redução da degradação ambiental e o uso dos recursos naturais. Embora cada pessoa tenha sua própria definição de felicidade, estudos comprovam que alguns fatores contribuem na determinação desta. Neste sentido, o objetivo deste trabalho consiste em analisar o comportamento e as percepções dos habitantes do município de Campina Grande – Paraíba, acerca de algumas variáveis consideradas relevantes para a determinação da felicidade, a saber: trabalho e renda; informações sociodemográficas e aspirações materiais, dando ênfase à análise da renda. Ademais, pretende-se analisar a questão da sustentabilidade, que é um dos pilares importantes na mensuração da felicidade. Para se atingir tal objetivo, foi elaborado um questionário tomando por base o que é aplicado pelo World Values Survery (WVS) em mais de oitenta países de todos os continentes. O questionário, adaptado às variáveis consideradas neste estudo foi aplicado com uma amostra representativa para o município de Campina Grande – PB. Resultados O gráfico 1, resume os dados obtidos para algumas variáveis numa escala de 0 a 100, onde 0 representa total insatisfação e 100 total satisfação. Gráfico 1 – Percepções sobre Felicidade De 0 a 100 o quanto você se considera em % Satisfeito ao consumir algo Muito satisfeito ao consumir algo 40 34 Satisfeito com o trabalho 38,4 Muito satisfeito com o trabalho 52,7 Satisfeito com a renda Muito satisfeito com a renda Feliz Muito feliz 56,75 28,75 36,5 60,75 Fonte: elaboração própria, 2011. De acordo com os dados obtidos, cerca de 97,25% dos indivíduos de Campina Grande declararam-se “muito feliz” ou “feliz”. Em relação à categoria trabalho e renda constatouse que não necessariamente a renda mais elevada apresenta um maior nível de felicidade. Verificou-se que o gênero feminino possui uma maior probabilidade de ser “muito feliz”, diferentemente dos resultados obtidos para o Brasil que apontam que os homens apresentam maior tendência a se considerarem “muito felizes” que as mulheres. Em que pese ao nível de escolaridade observa-se que, em média, a relação entre este e a felicidade apresenta-se muito próxima, não sendo possível, portanto, identificar algum resultado significativo. Quanto ao consumo há uma tendência deste aumentar em função da elevação da renda. Contudo, este não é essencialmente responsável pelo nível de felicidade dos indivíduos, embora a correlação encontrada para esta relação seja positiva e significativa (0,5515). Em que pese à mensuração da sustentabilidade, o presente estudo se baseou na recente proposta da Pegada Ecológica – um indicador que visa destacar que “um superávit ecológico de uma nação não pode ser entendido como critério de sustentabilidade” salientando ainda que um indicador de sustentabilidade não pode ter uma conotação local (região, país), uma vez que contribuiu para a insustentabilidade global. Conclusão O estudo permitiu concluir sobre a validade de se construir indicadores econômicos, que reflitam os aspectos relacionados ao bem-estar dos indivíduos e a sustentabilidade, tal como proposto pela Economia da Felicidade. Ao analisar os fatores que contribuem para a determinação do bem-estar e da felicidade dos indivíduos do município de Campina Grande-PB, foi possível identificar que há um elevado nível de felicidade entre os habitantes, sendo avaliados aspectos tais como o ambiente de moradia e trabalho, o processo de tomada de decisões enquanto produtor e consumidor, as relações sociais e a interação com o meio ambiente. Por fim, cabe destacar a necessidade de continuidade de estudos nesta área, visando à geração de análises regulares sobre o tema. Referências Bibliogáficas BRUNI, Luigino. Comunhão e as novas palavras em economia. [tradução José Eustáquio Rosa]. Vargem Grande Paulista, SP: Editora Cidade Nova, 2005. 183p. CUROTTO, A. R. et all. Indicadores de sustentabilidade – Felicidade Interna Bruta. International Conference on Education for Sustainable Development. EDS, 2010. ESTUDOS AVANÇADOS. Dossiê Teorias Socioambientais. Estud. av. vol. 24. nº 68. São Paulo, 2010. SACHS, J. D. A economia da felicidade. Professor de Economia na Universidade de Colúmbia, EUA NOVA IORQUE. Dezembro de 2014.