DANIELA MARQUES NOGUEIRA AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DOS INDIVÍDUOS PORTADORES DA SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA – SIDA/AIDS NO MUNICÍPIO DE CANOAS - RS. Canoas, 2009 1 DANIELA MARQUES NOGUEIRA AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DOS INDIVÍDUOS PORTADORES DA SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA – SIDA/AIDS NO MUNICÍPIO DE CANOAS - RS. Trabalho de conclusão apresentado à banca examinadora do curso de Nutrição, do Unilasalle - Centro Universitário La Salle, como exigência parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Nutrição. Orientação: Prof. Ms. Francisco Stefani Amaro Coorientadora: Profª. Ms. Lívia Trois de Oliveira Canoas, 2009 2 DANIELA MARQUES NOGUEIRA AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DOS INDIVÍDUOS PORTADORES DA SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA – SIDA/AIDS NO MUNICÍPIO DE CANOAS - RS. Trabalho de conclusão aprovado como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Nutrição pelo Centro Universitário La Salle – Unilasalle. Aprovado pela banca examinadora em 03 de dezembro de 2009. BANCA EXAMINADORA: Prof. Ms. Francisco Stefani Amaro Unilasalle Profª. Carmem Kieling Franco Unilasalle Maria Eloíza Possebom Gazzo Nutricionista responsável pela Unidade de Programas Especiais em Nutrição da Secretaria Municipal de Saúde de Canoas 3 Dedico este trabalho a uma pessoa que me inspirou e cativou pelo amor e dedicação a está profissão. Profª. Ms. Lívia Trois de Oliveira A ela que sempre demonstrou todo interesse e sabedoria para ensinar aos alunos. 4 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pelo dom da vida. Agradeço especialmente... ...aos meus pais, Eloir e Vera que sempre me incentivaram demonstrando todo o amor, carinho e dedicação. ...a minha querida irmã Gabriela pelas palavras amigas, apoio e companheirismo de sempre. ...ao meu amor André, que sempre esteve ao meu lado nos momentos alegres e difíceis, ouvindo todas as minhas angústias e me auxiliando durante esta jornada. ...a nutricionista Maria Eloisa Possebom Gazzo que foi a pessoa que me auxiliou na indicação para realização deste trabalho, bem como todo conhecimento que me transmitiu durante o estágio de Nutrição em Saúde Pública. ...ao meu orientador Prof. Ms. Francisco Stefani Amaro pelo apoio, paciência, colaboração e dedicação para realização deste trabalho. ...a minha coorientadora Profª. Ms. Lívia Trois de Oliveira que mesmo distante me auxiliou na conclusão deste trabalho. ...a minha banca avaliadora, Carmem Kieling Franco e Maria Eloisa Possebom Gazzo pela disponibilidade em avaliar o meu trabalho. ...e a todos que colaboraram de forma direta ou indireta para que este trabalho pudesse ser concluído. 5 RESUMO No Brasil, de 1980 a junho de 2008, foram notificadas 506.499 casos de Acquired Immune Deficiency Syndrome / Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS / SIDA). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) o Brasil possui uma epidemia controlada, com taxa de prevalência de 0,6%. O Portador da AIDS precisa manter cuidados com a sua saúde, abrangendo alimentação balanceada e higiene pessoal, pois o vírus HIV afeta as células T-CD4 (células de defesa) propiciando o aparecimento de infecções oportunistas, o que demonstra a necessidade do acompanhamento nutricional e antropométrico. O objetivo desta pesquisa foi verificar a efetividade do Projeto Qualidade de Vida Melhor na melhora do estado nutricional dos indivíduos portadores da SIDA. O estudo foi do tipo transversal observacional, sendo o tipo de análise comparativa e descritiva. Foi verificado o peso corporal e a estatura, aplicação de entrevista para obtenção de dados como: idade, sexo, tempo de infecção pelo HIV, patologias associadas. Também foi aplicado questionário de frequência alimentar. Dos 40 pacientes incluídos na pesquisa 60% foram classificados como eutróficos tanto no momento da adesão ao Programa quanto na avaliação realizada durante a pesquisa. Percebeu-se que após um período de acompanhamento no programa houve uma evolução clínica positiva, pois os pacientes que se encontravam em baixo peso passaram para uma classificação de eutrofia e aqueles que eram eutróficos passaram a apresentar sobrepeso e obesidade. Com este trabalho conclui-se que o Programa Qualidade de Vida Melhor possui um papel importante na evolução de parâmetros antropométricos dos pacientes, pois contribuiu em alguns casos para modificar o estado nutricional. Outro aspecto relevante foi a socialização, a melhora na situação socioeconômica, devido ao auxílio na alimentação através do fornecimento de cesta básica. Foi elaborado uma sugestão de Protocolo de Atendimento aos pacientes pertencentes ao Programa que deverá ser aprovado pela Unidade de Programas Especiais em Nutrição da Secretaria Municipal de Saúde de Canoas. Palavras-chave: HIV, AIDS, Síndrome da Imunodeficiência Adquirida - SIDA, Programas de acompanhamento para soropositivos, IMC em indivíduos HIV / AIDS 6 ABSTRACT In Brazil, 1980 to June 2008 were 506,499 reported cases of Acquired Immune Deficiency Syndrome. According to the World Health Organization (WHO), Brazil has a controlled epidemic, with prevalence rate of 0.6%. The holder of AIDS needs to keep care of your health through sensible eating and personal hygiene, because the HIV virus affects CD4 Tcells (immune cells) resulting in the onset of opportunistic infections, which demonstrates the need for nutritional support and anthropometric. The objective this survey was to evaluate the effectiveness of the Project Quality of Life Better in improving the nutritional status of individuals with AIDS. The study was a cross-sectional observational, and the type of comparative analysis and descriptive. It was verified the weight and height, use of interview to obtain data such as age, sex, duration of HIV infection, associated diseases. It Was also used food frequency questionnaire. Of the 40 patients included in the survey 60% were classified as eutropich both at the time of joining the program how much for the evaluation performed during the search. It was noticed that after a period of monitoring the program there was a positive clinical evolution, because patients who were underweight to have a classification of normal weight and those who were normal weight became overweight and obesity. This study concludes that the Program Quality of Life Better plays an important role in the evolution of anthropometric parameters of patients, because it contributed in some cases to modify the nutritional status. Another important issue was socialization, the improvement in socioeconomic status, because of the food aid through the provision of basic food basket. It was prepared a suggested treatment protocol for patients in the program to be approved by the Office of Special Programs in Nutrition from the Municipal Health Secretariat of Canoas. Keywords: HIV, AIDS, Acquired Immune Deficiency Syndrome - AIDS, monitoring programs for HIV, BMI in HIV / AIDS 7 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................................... 9 2 REFERENCIAL TEÓRICO................................................................. 12 2.1 Incidência da AIDS............................................................................ 12 2.2 Transmissão do vírus (HIV/AIDS).................................................... 13 2.3 Diagnóstico........................................................................................ 13 2.4 Estágios da Doença - AIDS.............................................................. 14 2.5 Tratamento......................................................................................... 14 2.6 Antiretrovirais.................................................................................. 15 2.7 Terapia e efeitos colaterais dos medicamentos............................ 15 2.8 Lipodistrofia...................................................................................... 18 2.9 Avaliação nutricional........................................................................ 18 2.10 Alimentação....................................................................................... 20 2.11 Tratamento Dietoterápico................................................................. 21 2.12 Qualidade de Vida............................................................................. 23 3 OBJETIVOS........................................................................................ 24 3.1 Objetivo geral.................................................................................... 24 3.2 Objetivos específicos....................................................................... 24 4 METODOLOGIA................................................................................. 25 4.1 Delineamento do estudo.................................................................. 25 4.2 População e amostra........................................................................ 25 4.3 Critérios de inclusão e exclusão..................................................... 26 4.4 Variáveis analisadas......................................................................... 26 4.4.1 Entrevista............................................................................................ 26 4.4.2 Questionário de frequência alimentar................................................. 27 4.4.3 Dados antropométricos....................................................................... 28 4.4.3.1 Peso.................................................................................................... 28 4.4.3.2 Estatura............................................................................................... 28 4.4.4 Estado nutricional............................................................................... 29 4.4.4.1 Índice de Massa Corporal (IMC) ........................................................ 29 4.5 Análise Estatística............................................................................ 30 4.6 Considerações Éticas....................................................................... 30 8 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................... 31 5.1 Caracterização da população.......................................................... 31 5.2 Antropometria................................................................................... 32 5.2.1 Índice de Massa Corporal (IMC) ........................................................ 32 5.3 Questionário de Frequência Alimentar (QFA)................................ 40 6 CONCLUSÃO..................................................................................... 49 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................ 51 REFERÊNCIAS.................................................................................. 52 ANEXO A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido................ 57 ANEXO B – Entrevista........................................................................ 58 ANEXO C - Questionário de Frequência Alimentar............................ 59 ANEXO D – Protocolo de atendimento ao Programa Qualidade de Vida Melhor......................................................................................... 61 9 1 INTRODUÇÃO Conforme Boletim Epidemiológico, de 1980 a junho de 2008 foram notificadas pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SISNAN), 506.499 casos de Acquired Immune Deficiency Syndrome / Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS/SIDA) no Brasil. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) o Brasil possui uma epidemia controlada, com taxa de prevalência de 0,6% na população de 15 a 49 anos. A taxa de incidência (por 100.000 hab.) de casos de AIDS notificados pelo SISNAN no Brasil em 2007 foi de 17,8 e no Rio Grande do Sul de 27,6 (BRASIL, 2008). Estudo epidemiológico realizado em 2007 no Brasil demonstrou que, cinco anos após o diagnóstico da doença, 90% das pessoas com AIDS na região Sudeste continuaram vivas, seguidas por 78% no Norte, 80% no Centro Oeste, 81% no Nordeste e 82% no Sul (BRASIL, 2008). A incidência da AIDS se mantém estável no Brasil, porém com diferenças regionais que se acentuam. A epidemia avança no interior do país, em mulheres, adolescentes, idosos, heterossexuais e na população de baixa renda e pouca escolaridade (BRASIL, 2008). Segundo dados disponibilizados pelo Serviço de Atendimento Especializado – SAE em 2008, o Município de Canoas possui atualmente 2.341 pessoas infectadas pelo Human Immunodeficiency Vírus / Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e AIDS cadastradas neste serviço, e 730 em uso de terapia antiretroviral. Geralmente são cadastrados em torno de 15 a 18 pacientes por mês. Estudos evidenciam que as denominações grupos de risco e comportamento de risco não foram suficientes para demonstrar as mudanças ocorridas na epidemia do HIV, que ao longo do tempo passou a atingir não somente os homens homossexuais e usuários de drogas injetáveis, mas também homens heterossexuais, bissexuais, mulheres, adolescentes, idosos, principalmente pessoas em vulnerabilidade social. Essas mudanças mostram um novo conceito de vulnerabilidade social, direitos humanos, gênero, sexualidade, idade, raça/cor e cidadania (SOUSA; SANTO; MOTTA, 2008). A contaminação pelo vírus se da quando o HIV infecta as células do sistema imunológico, especialmente as células do tipo T (células de defesa) que juntamente 10 com as células do tipo B (linfócitos) são responsáveis por garantir a defesa e por manter o corpo funcionando sem a presença de doenças, resultando numa severa imunodepressão, tornando a pessoa suscetível a doenças oportunistas (BRASIL, 2008). A progressão da infecção pelo HIV e desenvolvimento da AIDS é determinada pela depleção das células imunes (linfócitos T) que com a associação do aumento da carga viral, afetando suficientemente o sistema imunológico e permite o aparecimento de doenças oportunistas, causadas por diversos tipos de bactérias, vírus e alguns tipos de cânceres venham causar disfunções graves no organismo como um todo, elevando o risco de morte, morbimortalidade, infecções e desenvolvimento de tipos de câncer (DERESZ, 2007) e (BRASIL, 2008). Os fatores nutricionais são apontados segundo Polacow et. al. (2004) como peça importante no tratamento da AIDS. Uma nutrição inadequada pode mudar parâmetros antropométricos e favorecer para a baixa imunidade e aumento das infecções oportunistas, podendo dificultar o tratamento da doença e conseqüente evolução do quadro de problemas relacionados. A desnutrição é uma conseqüência marcante da doença, bem como a utilização dos antiretrovirais que podem agravar este quadro e propiciar à diminuição da ingestão alimentar, disfagia, vômitos, alterações no paladar, distúrbios gástricos, boca, esôfago e intestino, infecções locais e sistêmicas, neoplasias e má-absorção. Além dos fatores clínicos e medicamentosos a influência socioeconômica, vulnerabilidade social e acesso a informação da população de baixa renda, afetam sensivelmente no desenvolvimento de desnutrição, baixa imunidade e por conseqüência doenças oportunistas (POLACOW et. al., 2004). Desde 1996, os medicamentos antiretrovirais, tratamento medicamentoso do HIV/AIDS, passaram a ser distribuídos gratuitamente, pelo Ministério da Saúde, permitindo assim a diminuição da incidência de infecções oportunistas, bem como a diminuição da carga viral, para em muitos casos indetectável, minimizando a Wasting Syndrome (Síndrome Consumptiva) associada ao HIV, e conseqüentemente reduzindo as taxas de mortalidade (POLACOW et. al., 2004). Associado ao uso dos antiretrovirais de alta potência, principalmente os inibidores de protease, surgiram as alterações na composição corporal, principalmente no que se refere a redistribuição da gordura corporal – denominada: lipodistrofia, caracterizada pelo acúmulo de gordura nas regiões centrais do corpo, o 11 que vem a ter uma grande associação com doenças cardiovasculares, produção desreguladas de lipoproteínas, resistência periférica à insulina, intolerância à glicose e diabetes mellitus (JAIME et. al., 2004). O Portador da AIDS precisa constantemente manter cuidados com a sua saúde, abrangendo alimentação balanceada, atividade física e higiene pessoal, pois o vírus HIV afeta as células T-CD4 (células de defesa) propiciando o aparecimento de infecções oportunistas, o que demonstra a necessidade do acompanhamento nutricional e antropométrico por profissional capacitado. Os serviços monitoramento e e programas auxílio aos públicos indivíduos são de grande soropositivos, importância tanto nos no exames laboratoriais, distribuição dos anti-retrovirais, tratamento, melhora e manutenção do estado nutricional, apoio psicológico, orientações quanto aos cuidados que devem ser seguidos nesta patologia, prevenção e controle de DST e AIDS (BRASIL, 2008). 12 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Incidência da AIDS Em 2006 foram notificados no Brasil 35.459 novos casos da doença no SISNAN, declarados no SIM e registrados Sistema de Informação de Exames Laboratoriais / Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (SISCEL / SICLOM), representando a taxa de incidência de 19,0 casos de AIDS a cada 100.000 habitantes, já em 2007 foram notificados 33.689 novos casos pelos mesmos órgãos com incidência de 17,8 casos de AIDS a cada 100.000 habitantes (BRASIL, 2008). Dados referentes até junho de 2007 demonstram que a razão entre os sexos vem diminuindo de forma progressiva ao longo do tempo. Atualmente a relação de casos da doença em homens para mulheres é de 1,5 para 1, ocorrendo uma inversão na razão de sexo, a partir de 1998, na faixa etária de 13 a 19 anos. (BRASIL, 2007). Devido ao aumento da população feminina infectada durante o período de 1980 a 2007 houve um crescimento na transmissão vertical (situação em que a criança é infectada pelo vírus da aids durante a gestação, o parto ou por meio da amamentação) do vírus, na qual o número de casos notificados no país em menores de 13 anos foi de 16.455 sendo que 83% foram contaminados através da transmissão vertical (PAIM; SILVA; LABREA, 2008). De 1980 a 2007 foram registrados no Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) 205.409 óbitos por AIDS no Brasil e até 2006 o total foi de 192.709. Em análise realizada pelo Boletim Epidemiológico de 2007, demonstra que indivíduos com diagnóstico de AIDS haviam morrido em até um ano após descoberta da doença nos seguintes percentuais: 20,5% no Norte, 19,2% no Centro Oeste, 18,3% no Nordeste, caindo para 16,8% no Sudeste e 13,5% no Sul (BRASIL, 2007 e 2008). Até maio de 1999, foram notificados no Brasil, 163.355 casos da doença com a incidência de 113 / 100.000 habitantes (POLACOW et. al., 2004). Conforme dados apresentados no Boletim Epidemiológico de 2007, através do SINAN, foram notificados 407.211, e com o objetivo de saber a totalidade foram utilizadas fontes de informações complementares (67.062) totalizando assim 13 474.273 casos de AIDS no Brasil, caracterizando um aumento maior que o dobro num período de sete anos. Os dados atuais obtidos pelo Boletim Epidemiológico 2008 demonstram um total de 506.499 casos de AIDS no Brasil até junho de 2008 (BRASIL, 2007 e 2008). Conforme dados relatados no Relatório UNAIDS (2007), o número estimado pessoas vivendo com HIV no mundo era de 33,2 milhões, demonstrando uma redução de 16% em relação aos dados publicados em 2006. 2.2 Transmissão do vírus (HIV/AIDS) O vírus HIV está presente no sangue e nos fluidos corporais dos indivíduos infectados e presente no leite materno. A transmissão se dá através de relações sexuais sem o uso de preservativo com pessoas contaminadas pelo vírus, uso compartilhado de seringas ou agulhas contaminadas, transfusão de sangue contaminado, contato de ferimentos com presença de sangue contaminado, instrumentos que furam ou cortam não esterilizados, transmissão vertical que ocorre quando a criança é infectada durante a gestação, parto e amamentação (BRASIL, 2008). 2.3 Diagnóstico O diagnóstico da infecção pelo vírus HIV é realizado por meio de teste, a partir da coleta de uma amostra de sangue em laboratórios, unidades básicas de saúde, em Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), podendo ser realizado de forma anônima e gratuita. Geralmente, leva de 3 a 12 semanas após o contato com o vírus, para que o exame consiga detectar a presença do HIV (BRASIL, 2008). Estar infectado pelo HIV não significa que o indivíduo esteja com AIDS, e sim que foram detectados anticorpos contra o vírus. As pessoas soropositivas podem permanecer por muitos anos infectados sem desenvolver a doença (BRASIL, 2008). 14 A AIDS está instalada quando o vírus HIV já causou danos suficientes ao sistema imunológico, com a inserção do seu material genético no DNA (ácido desoxirribonucléico) de células-alvo hospedeiras, principalmente as do tipo CD4 (células de defesa) destruindo-as após ampla replicação, podendo assim desenvolver infecções oportunistas e alguns tipos de câncer (POLACOW et. al., 2004). Um dos principais marcadores laboratoriais do comprometimento imunológico através da infecção do HIV é quantificado pelos linfócitos T auxiliares e supressores (CARVALHO; TONELLI, 1999). É necessário que os indivíduos soropositivos façam o controle da carga viral periodicamente (quantidade de vírus na corrente sanguínea), pois este determina como está atuando o sistema imunológico e irá determinar o tratamento a ser seguido. 2.4 Estágios da Doença – AIDS A AIDS está classificada em 3 estágios: inicial, no qual a contagem de células CD4 é superior a 500 cel./mm³ em que a sintomatologia é a linfadenopatia e dermatites; intermediário, em que a contagem de CD4 passa entre 200 e 500 cel./mm³ com o aparecimento de candidíase oral e vaginal, displasia cervical, neuropatia periférica, herpes zoster e febre; e, no estágio final da doença, a contagem de CD4 encontra-se inferior a 200 cel./mm³ e desenvolvimento de doenças neurológicas, infecções oportunistas, tumores, entre outras (CUPPARI, 2005). 2.5 Tratamento Os objetivos para o tratamento dos indivíduos soropositivos é prolongar o tempo e a qualidade de vida, através do uso dos medicamentos antiretrovirais, bem 15 como a recuperação do estado nutricional e redução dos efeitos colaterais, complicações e sintomas das infecções oportunistas (POLACOW et. al., 2004). 2.6 Antiretrovirais Em 1995 surgiu uma nova classe de medicamentos, os inibidores da protease e inibidores da transcriptase reversa e em 1996, no Brasil, o tratamento medicamentoso passou a ser distribuído gratuitamente e universalmente pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2008). Com o avanço dos antiretrovirais e a distribuição gratuita e universal no Brasil verificou-se uma importante redução das infecções oportunistas, internações hospitalares e mortalidade, bem como a melhora na qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV/AIDS (ALMEIDA; JAIME, 2006). A terapia medicamentosa contra o HIV é realizada atualmente por pelo menos dois agentes antiretrovirais. A ativação dos inibidores nucleosídeos de transcriptase reversa (INTR) se dá através de enzimas no ambiente intracitoplasmático, que engloba três processos de fosforilação, inibindo por competitividade a transcriptase reversa do HIV-1 ou agregando-se à cadeia do DNA viral bloqueando o desenvolvimento do vírus (REIS, 2004). Os medicamentos então são assim classificados: Inibidores de Transcriptase Reversa Análogos de Nucleosídeos (lamivudina, zidovudina, estavudina, didanosina, abacavir e o tenofovir) ou Inibidores não nucleosídeos da transcriptase reversa (efavirenz e nevirapina) e Inibidores de Protease (indinavir, nelfinavir, saquinavir, atazanavir, amprenavir e lopinavir/ritonavir). 2.7 Terapia e efeitos colaterais dos medicamentos A crescente evolução nos conhecimentos e avanços nos estudos referentes à utilização dos recursos terapêuticos, principalmente em 1996, com o surgimento da terapia combinada de alta potência highly ative antiretroviral therapy (HAART) vem 16 demonstrando o aumento na sobrevida e qualidade de vida dos indivíduos com a infecção pelo HIV, o que atualmente caracteriza como uma doença crônica, fazendo com que a atenção aos pacientes portadores do vírus concentre-se em atendimentos ambulatoriais (CECCATO et. al., 2004). A adoção universal da terapia antiretroviral para gestantes e crianças em contato com o vírus evitou, no período de 1997 a 2001 a incidência de 6000 novos casos de HIV em crianças nascidas, consolidando assim que as “Recomendações para profilaxia da transmissão vertical do HIV e terapia antiretroviral em gestantes” e a terapia são de grande importância para evitar a transmissão vertical da doença, chegando a praticamente zero o risco de transmissão se bem acompanhado e tratado desde o início da gestação (BRITO et. al., 2006). O número de casos de AIDS notificados no SISNAN referente à categoria de transmissão vertical teve uma diminuição considerável conforme podemos verificar na figura 1 que demonstra os dados de 1980 a junho de 2008 disponibilizados no Boletim Epidemiológico 2008 (BRASIL, 2008). Em estudo realizado na Itália verificou-se que, dos 35.318 pacientes adultos com diagnóstico de AIDS após 1995, obteve uma proporção de sobreviventes nos 24 meses maior que dobro (66%) comparado aos diagnosticados antes daquele ano (31%), demonstrando assim um impacto importante da distribuição dos medicamentos antiretrovirais. No Brasil também se notou uma redução na morbimortalidade por AIDS e aumento da sobrevida destes pacientes após a distribuição universal e gratuita dos antiretrovirais (REIS; SANTOS; CRUZ, 2007). Porém, conforme Almeida e Jaime (2006) junto com os avanços e benefícios do tratamento podemos observar que estudos identificaram alterações morfológicas bem como alguns efeitos colaterais, como náuseas, vômitos, diarréia, anorexia, diabetes mellitus, lipodistrofia que é caracterizada pela redistribuição de gordura, influenciando na alteração da composição corporal, hipercolesterolemia (aumento isolado do colesterol sérico), hipertrigliceridemia (aumento isolado dos triglicerídeos), alterações no metabolismo de glicose, entre outros (POLACOW et. al., 2004). O nutricionista possui um papel muito importante no suporte da saúde e qualidade de vida dos indivíduos portadores de HIV/AIDS, pois é necessário avaliar e planejar ações que visam melhorar o estado nutricional do paciente, na perda de peso, alterações lipídicas e gordura corporal (ALMEIDA; JAIME, 2006). 2.8 Lipodistrofia Figura 1. Tabela que demonstra casos de exposição à transmissão vertical. Fonte: Boletim Epidemiológico 2008 - BRASIL, 2008. 17 18 A lipodistrofia, conhecida como a síndrome lipodistrófica, se caracteriza pela distribuição anormal da gordura corporal, na qual as principais manifestações são o acúmulo de gordura dorso-cervical, nos seios, abdominal, bem como a redução de gordura na face e membros denominada como lipoatrofia, o aparecimento de dislipidemias e ainda resistência à insulina. Tais alterações estão diretamente associadas ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares e diabetes mellitus (MELLO; REIS; RIBEIRO, 2008). O diagnóstico da lipodistrofia pode ser realizado através das medidas antropométricas, absormetria com duplo feixe de Raios X, tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética, as dislipidemias através da avaliação das dosagens dos níveis de colesterol total, frações e triglicerídeos, e a glicemia de jejum, curva glicêmica e a dosagem da insulinemia basal é utilizada para avaliar a resistência à insulina e diagnóstico de diabetes (DUTRA; LIBONATI, 2008). Apesar dos avanços na terapia antiretroviral, com melhora no prognóstico e sobrevida dos indivíduos portadores da SIDA, surgiu à síndrome da lipodistrofia associada ao HIV, caracterizada por alterações metabólicas (hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia e alterações no metabolismo da glicose) e morfológicas envolvendo a redistribuição da gordura corporal, perda de perda de gordura da face, membros e nádegas e acúmulo de gordura nas regiões dorso cervical, supraclavicular, mamária e abdominal (ALMEIDA; JAIME, 2006). O uso prolongado da terapia antiretroviral já está relacionado com o aumento de peso, redistribuição da gordura corporal, sobrepeso e obesidade, bem como o desenvolvimento de outras comorbidades, fazendo com que as infecções oportunistas e neoplasias deixassem de ser as principais causas de morte em determinados casos, surgindo assim novas causas múltiplas de morte relacionadas ao HIV (PEREIRA; MACHADO; RODRIGUES, 2007). Conforme estudo realizado com pacientes adultos de ambos os sexos portadores do vírus HIV / AIDS, acompanhados por serviço ambulatorial de infectologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro um Hospital universitário do Rio de Janeiro de 1° de outubro de 2004 e 30 de maio de 2005, identificou-se uma prevalência de 77,5% dos pacientes com a presença de dislipidemia, um dado bastante alarmante devido ao distúrbio estar associado com o aumento das doenças cardiovasculares e risco de morte (FARHI; LIMA; CUNHA, 2008). 19 Observa-se uma alta relação da terapia antiretroviral com o aumento na expectativa de vida do paciente, porém a terapia está diretamente relacionada com o surgimento das dislipidemias, o que se faz necessário o devido acompanhamento dos exames laboratoriais, bem como acompanhamento nutricional e orientação para melhor controle dos efeitos colaterais visto que a infecção pelo HIV passou a ser considerada uma doença crônica (FARHI; LIMA; CUNHA, 2008). 2.9 Avaliação Nutricional O estado nutricional destes indivíduos pode variar da desnutrição até a obesidade, pois existem diversos fatores envolvidos: utilização de medicamentos, falta de apetite, algumas vezes até o excesso, alterações no metabolismo, gastrointestinais. Uma grande influência para desnutrição é a Síndrome Consumptiva, na qual pode ocorrer uma redução de 10% ou mais do peso corporal habitual, que vem acompanhada de ocorrências marcantes para diminuição do peso, bem como a diminuição da massa magra, tais como diarréia, febre, fraqueza crônica. Ao atingir 54% de perda de massa magra comparada com o peso habitual o paciente inevitavelmente vai ao óbito (POLACOW et. al., 2004). A desnutrição desenvolve diversas alterações funcionais afetando praticamente todo o sistema, sendo o mais afetado o trato gastrointestinal, órgão importante na digestão, absorção de nutriente e órgão imunológico, atuando como uma barreira à entrada de microorganismos (TEIXEIRA NETO, 2003). Os métodos antropométricos para avaliação nutricional são de grande importância para avaliar o estado nutricional dos pacientes, pois refletem como estão aderindo ao tratamento. É importante associar diversos parâmetros, pois facilita a caracterização do estado nutricional do paciente. Conforme Albuquerque et. al. (2009), as medidas mais utilizadas para avaliação nutricional de indivíduos é o peso e estatura, o qual possibilita obter o índice de Quelelet ou índice de massa corporal (IMC), pois são métodos de fácil utilização, disponibilidade, não é necessária uma prévia preparação e tem boa aceitação dos pacientes. 20 O IMC é um índice amplamente utilizado e é determinado pela razão entre o peso e a altura ao quadrado, e considera-se uma medida valiosa para determinação do estado nutricional podendo indicar sobre ou subnutrição (MAHAN, 2005). Existem diversos métodos que são considerados boas técnicas para diagnóstico da gordura corporal, tais como absortometria por dupla emissão de raios-X (Dexa) de corpo total e a tomografia computadorizada do abdômen (TCA), porém com custos muito altos, e assim se faz o uso de outras ferramentas que também tem o poder de mensurar a gordura corporal (FLORIANO et. al., 2004). Segundo Floriano et. al. (2004), estudos realizados em países desenvolvidos vem utilizando métodos mais acessíveis como a somatória de espessura de dobras cutâneas, circunferência da cintura (CC) e razão cintura-quadril (RCQ) de avaliação da gordura corporal em portadores do HIV/AIDS. 2.10 Alimentação A alimentação dos indivíduos soropositivos deve ser balanceada e saudável para manter os níveis de T - CD4 de cada um, pois aumentam a resistência à doença e evitam o aparecimento dos sintomas e complicações da doença (BRASIL, 2006). Uma dieta saudável e balanceada, além de ser vital para a saúde e sobrevivência dos indivíduos, também pode melhorar a aderência ao tratamento medicamentoso (ALMEIDA; JAIME, 2006). A alimentação deve ser variada contemplando todos os macro e micronutrientes a fim de atender as necessidades do organismo (CUPPARI, 2005). Os micronutrientes fornecem diversos componentes que atuam na manutenção e recuperação do organismo. Na infecção pelo HIV foi constatado deficiências de micronutrientes, provavelmente pela ingestão deficitária, além dos problemas de má absorção e alterações no metabolismo. Encontramos dentre as deficiências de micronutrientes o zinco e o selênio (ANGELIS, 2006). O zinco é responsável pela manutenção da integridade estrutural das proteínas e pela regulação da informação genética, desenvolvendo papel essencial na composição e função de enzimas e hormônios. Fontes de zinco são encontradas em 21 ostras, fígado, carne vermelha, gema de ovo, carne escura de aves, nozes, leguminosas, sementes, trigo (ANGELIS, 2006). O selênio em conjunto com a vitamina C e E atua como um eficiente antioxidante para o organismo. Fontes de selênio são encontradas em beterraba, espinafre, cenoura, tomate, brócolis, repolho, ovos e cereais (CUPPARI, 2005). A vitamina C também exerce papel importante nos indivíduos soropositivos, pois está envolvida na produção de anticorpos atuando no sistema imune. Também possui a função de produção do interferon, uma substância antiviral e anticâncer. A ação antioxidante da vitamina C atua na proteção ao dano oxidativo contra certos tipos de câncer, efeitos do envelhecimento, doença cardíaca entre outros problemas de saúde. Fontes de vitamina C são encontradas em laranja, limão, morango, kiwi, mamão papaia, acerola, pimentas vermelhas, brócolis e couve-de-bruxelas (ANGELIS, 2006). Segundo Duarte a deficiência da vitamina A está associada com a diminuição das células CD4, progressão da AIDS e aumento da mortalidade e dentre as deficiências de vitaminas a mais encontrada é a vitamina B12 (DUARTE, 2007). 2.11 Tratamento Dietoterápico A desnutrição está associada à baixa ingestão de calorias e proteínas, anorexia, inapetência pela alteração do paladar, elevação do metabolismo, episódios de diarréias, aparecimento de infecções oportunistas, fatores psicológicos, baixa ingestão de vitaminas, que são essenciais para melhora do sistema imunológico (CUPPARI, 2005). Uma das complicações, encontrada nos pacientes com a doença avançada, que pode afetar o estado nutricional é o sarcoma de Kaposi, malignidade que pode ser encontrada na pele, membranas mucosas, linfonodos e trato gastrointestinal. Existe a hipótese que a nutrição adequada e manutenção do peso atrasem o início do desenvolvimento da AIDS, pois auxilia na preservação da função imunológica (PECKENPAUGH; POLEMAN, 1997). A intervenção nutricional deve seguir objetivos individualizados, de acordo com os problemas identificados, no qual incluem a redução dos efeitos colaterais e 22 complicações associadas à doença e ao tratamento, auxiliar o paciente com informações sobre uma alimentação saudável e proporcionar a melhora da qualidade de vida (ALMEIDA; JAIME, 2006). O acompanhamento nutricional é essencial em todos os estágios da infecção pelo HIV/AIDS, na qual deve ser verificado o paciente como um todo, avaliando a história familiar e do paciente, exame físico, avaliação antropométrica, exames laboratoriais para que o profissional possa determinar os riscos e desenvolver metas nutricionais com o intuito de minimizar as deficiências nutricionais (CUPPARI, 2005). A dieta dos indivíduos soropositivos deve oferecer energia suficiente para manter as necessidades do organismo, pois o metabolismo passa a ficar mais acelerado em função do vírus que está presente. Recomenda-se de 25 a 30 Kcal/kg por dia para pacientes assintomáticos e, de 35 a 40 Kcal/kg por dia para pacientes sintomáticos, utilizando-se para o cálculo o peso atual (POLACOW et. al., 2004). Em muitos casos é necessário utilizar no tratamento nutricional suplementos que atinjam as necessidades calóricas, pois o aporte nutricional destes indivíduos encontra-se aumentado (PECKENPAUGH; POLEMAN, 1997). A ingestão de proteínas dos indivíduos soropositivos deve ser de 0,8 a 1g/kg de peso adequado ao dia ou de 1 a 1,2g/kg de peso adequado ao dia se houver a necessidade de ganho de peso, o que é mais freqüente nos indivíduos soropositivos. No caso dos lipídios, a dieta deve ser suplementada com triglicerídeos de cadeia média (TCM), também existem relações com o uso concomitante de óleos de peixe, pois podem melhorar a função imune. Os carboidratos devem contribuir com 50 a 60% do valor energético total (POLACOW et. al., 2004). Conforme os valores de ingestão dietética de referência (DRIS) de minerais e vitaminas hidrossolúveis, a ingestão dietética recomendada (RDA) de zinco, para homens entre 19 e 70 anos, é de 11mg/dia, de selênio é de 55mg/dia e de vitamina C é de 90mg/dia. Para as mulheres entre 19 e 70 anos a recomendação de zinco é de 8mg/dia, de selênio é de 55mg/dia e de vitamina C é de 75mg/dia (CUPPARI, 2005). 23 2.12 Qualidade de vida Cada vez mais vem crescendo a preocupação da qualidade de vida nos pacientes portadores do HIV/AIDS visto o aumento tempo de vida após o início da utilização da terapia antiretroviral (CASTANHA et. al., 2007). Segundo Fernandes, Britto (2007) e Castanha et. al. (2007), existem diversas associações relacionadas à infecção pelo HIV/AIDS que podem interferir na sua qualidade de vida e as principais são os aspectos pessoais, sociais, econômico e assistencial, assim enfrentar a doença se torna mais problemático. Por isso a importância da realização de pesquisas, bem como a introdução de políticas para promoção da qualidade de vida desses pacientes. Segundo Deresz et. al. (2007), o exercício físico tem uma grande importância para auxiliar nos parâmetros antropométricos, cardiorrespiratórios, musculares e psicológicos, podendo influenciar na melhora das condições de tratamento da doença, pois oferecem benefícios, tais como pressão sanguínea arterial controlada, risco diminuído de desenvolvimento da diabetes, doenças cardiovasculares e obesidade, apesar de ainda não encontrarem resultados significativos quando avaliado o perfil lipídico. Alguns autores supõem a relação aumentada do uso de inibidores da protease com o desenvolvimento de dislipidemias e que a mesma não consegue ser revertida através de treinamentos aeróbicos e orientações na dieta. A definição de qualidade de vida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) compreende “a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. Conceito que está relacionado com diferentes domínios (físico, psicológico, social e ambiental), que podem determinar a medida de ação para solucionar os problemas (CASTANHA et. al., 2007). A qualidade da assistência ao pacientes soropositivos é de grande importância para um bom acompanhamento e adesão ao tratamento e conseqüentemente melhor qualidade de vida (MELCHIOR et. al., 2006). 24 3 OBJETIVOS Neste capítulo serão descritos os objetivos geral e específicos daquilo que foi desenvolvido no presente estudo. 3.1 Objetivo geral Verificar a efetividade do Programa Qualidade de Vida Melhor na melhora do estado nutricional dos indivíduos portadores da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida – SIDA/AIDS, atendidos no Centro de Saúde do Município de Canoas pela Unidade de Programas Especiais em Nutrição da Secretaria Municipal de Saúde em parceria com o Serviço de Atendimento Especializado (SAE). 3.2 Objetivos específicos a) Realizar avaliação antropométrica e classificação nutricional dos usuários do projeto; b) realizar comparações entre o consumo dos grupos alimentares para analisar qual a média de consumo; c) correlacionar aspectos da terapia com o estado nutricional; d) identificar a existência de protocolo específico para o atendimento do programa e promover sugestões para o melhor atendimento. 25 4 METODOLOGIA Neste capítulo é descrito o tipo de estudo, tamanho da amostra, critério de inclusão, variáveis analisadas, análise estatística e considerações éticas. 4.1 Delineamento do Estudo O estudo realizado foi do tipo individualizado e a posição do investigador foi observacional. Quanto ao período e seqüência do estudo, este foi transversal observacional, sendo o tipo de análise comparativa e descritiva. 4.2 População e amostra O estudo foi realizado com pacientes soropositivos atendidos no Programa Qualidade de Vida Melhor, coordenado pela Unidade de Programas Especiais em Nutrição da Secretaria Municipal de Saúde, localizado no Centro de Saúde do Município de Canoas, e acompanhados pelo SAE, serviços de saúde que realizam ações de assistência, prevenção e tratamento às pessoas soropositivas e seus familiares. A coleta de dados ocorreu no mês de junho de 2009. O Projeto atende 60 pacientes soropositivos encaminhados pelo Serviço de Atendimento Especializado – SAE. Nos dias determinados para coleta de dados da pesquisa haviam sido agendados 57 pacientes, destes pacientes, 10 não compareceram para a avaliação mensal previamente agendada, 47 foram avaliados dos quais houve perdas, 7 foram excluídos da pesquisa devido aos critérios determinados pela pesquisadora. Dos pacientes incluídos na pesquisa, 29 eram do gênero feminino e 11 do gênero masculino. 26 4.3 Critérios de inclusão e exclusão Para este estudo foram incluídos pacientes com as seguintes condições: a) Idade entre 18 e 60 anos; b) permanecer no Projeto Qualidade de Vida Melhor por pelo menos três meses; c) pacientes que concordaram em participar da pesquisa, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO A). Foram excluídos do estudo os pacientes com as seguintes condições: a) Gestantes; b) ter passado por alguma cirurgia nos últimos três meses anteriores à pesquisa; c) pacientes que se negaram a participar da pesquisa ou que não compareceram no dia agendado para coleta de dados. 4.4 Variáveis analisadas A autora realizou a coleta das variáveis descritas e necessárias para realização desta pesquisa em conjunto com a equipe de nutricionistas da Unidade de Programas Especiais em Nutrição da Secretaria Municipal de Saúde. 4.4.1 Entrevista A entrevista (ANEXO B) aplicada compreendeu questões relacionadas ao estado de saúde do paciente e aos hábitos alimentares visando à obtenção de dados válidos, reprodutíveis e comparáveis para análise e descrição. Dados como: idade, sexo, tempo de infecção pelo HIV, patologias associadas. Os dados referente 27 à administração dos antiretrovirais foi verificado diretamente no SAE, serviço que realiza a distribuição dos medicamentos. 4.4.2 Questionário de frequência alimentar O Questionário de Frequência Alimentar (QFA) é considerado uma ferramenta simples e econômica que tem como objetivo conhecer o consumo habitual de alimentos de determinados grupos populacionais. Esta ferramenta é considerada como o mais prático e informativo método de avaliação da ingestão dietética (SLATER et. al., 2003). Este método consiste em uma lista estruturada de alimentos ou grupos de alimentos, no qual cada participante deve responder o número estimado de vezes que consome por dia, semana e mês do respectivo alimento. Neste estudo foi desenvolvido um QFA específico (ANEXO C) para os pacientes participantes do Programa, conforme a lista de alimentos fornecido na cesta básica, além de determinados alimentos necessários para a manutenção de um bom estado de saúde dos pacientes soropositivos. O QFA foi aplicado pela pesquisadora aos pacientes, devido à dificuldade na interpretação das questões, na qual a pesquisadora questionava sobre os alimentos e mostrava as opções de respostas para facilitar o entendimento destes pacientes. 28 4.4.3 Dados antropométricos Aqui será descrito como foi realizada a aferição dos dados antropométricos. 4.4.3.1 Peso As nutricionistas devidamente treinadas realizaram a medida de pesagem do paciente sem calçados e com roupas leves, descontando-se logo após. Para esta medida foi utilizada balança digital da marca Balmak com precisão de 50 gramas, devidamente aferidas. O paciente foi posicionado com os pés unidos no centro da balança, para que assim se mantivesse uma correta distribuição do peso. 4.4.3.2 Estatura As nutricionistas devidamente treinadas realizaram esta medida através de antropometro da marca Sanny fixada na parede e com precisão de 0,25 centímetros. O paciente sem calçados foi posicionado com os pés encostados na parede de forma ereta com a cabeça em posição horizontal. 29 4.4.4 Estado nutricional Descrição de como foi realizada a avaliação do estado nutricional dos pacientes pesquisados. 4.4.4.1 Índice de Massa Corporal (IMC) O estado nutricional foi determinado pelo cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) de cada paciente pesquisado. A definição do IMC é realizada pela razão entre a massa corporal (em kg) e o quadrado da estatura (em m²). Para realização do cálculo do IMC utilizou-se as medidas de peso e estatura obtidas nos itens 4.4.3.1 e 4.4.3.2 além dos dados coletados do prontuário do paciente no momento da adesão ao programa. O parâmetro utilizado para classificação do estado nutricional foi a classificação da Organização Mundial da Saúde - OMS (1998), conforme mostrado no quadro 1. IMC (Kg/m²) Classificação Igual ou abaixo de 18,4 Baixo peso 18,5 a 24,9 Eutrofia 25 a 29,9 Sobrepeso 30 a 34,9 Obesidade grau I 35 a 39,9 Obesidade grau II Igual ou acima de 40 Obesidade grau III Quadro 1. Classificação do Índice de Massa Corpórea Fonte: Organização Mundial da Saúde (OMS), 1998. 30 4.5 Análise Estatística Os dados coletados no estudo foram tabulados e analisados utilizando-se o programa SPSS Statistics versão 16, nível de significância (P≤0,05), análise de variância (P≤0,05). Para testar as associações entre variáveis contínuas utilizou-se a correlação de Pearson. Para comparar médias entre diferentes grupos utilizou-se teste T Student para variáveis binárias. Para testar as associações entre variáveis categóricas utilizou-se o teste Qui-quadrado de Pearson. 4.6 Considerações Éticas Toda e qualquer pesquisa utilizando seres humanos exige que o pesquisador utilize de procedimentos e metodologia adequada, conduzidas dentro dos padrões éticos que forneça segurança e privacidade das informações prestadas e coletadas dos indivíduos pesquisados, oferecendo proteção da sua imagem. As pesquisas realizadas em indivíduos soropositivos é a única maneira confiável para encontrar melhorias na terapia antiretroviral, bem como qualidade de vida prolongada (SCHEFFER, 2000). Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do Centro Universitário La Salle – Unilasalle. Para realização da coleta de dados deste estudo os pacientes que aceitaram participar da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e esclarecido (ANEXO A). 31 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO Serão apresentados, neste capítulo, os resultados e a discussão dos dados prospectados na pesquisa. 5.1 Caracterização da população Dos 57 (100%) pacientes agendados para avaliação mensal, 10 (17,54%) não compareceram, 47 (82,46%) pessoas foram as consultas, 7 (12,28%) foram excluídos da amostra em função dos critérios de exclusão. Entre os 40 pacientes incluídos na amostra 29 (72,5%) eram do gênero feminino e 11 (27,5%) do gênero masculino. Esta amostra de pacientes incluídos na pesquisa representa 70,17% dos pacientes em atendimento pelo Programa Qualidade de Vida Melhor durante o mês de junho e 1,70% da totalidade de pacientes atendidos no SAE Canoas. Notou-se que neste estudo tinham mais mulheres do que homens, diferente de estudos realizados por Albuquerque et. al. (2009), Dihel et. al. (2008), Guimarães et. al. (2007), com percentuais de 65%, 59% e 64% dos pacientes avaliados eram do sexo masculino, respectivamente. Tabela 1. Dados referentes a característica da população participante do Programa de Qualidade de Vida Melhor / Canoas, RS, 2009. n = 40 Variáveis Mínimo Máximo Média DP Idade (anos) 22 60 41 9 Tempo de infecção pelo HIV (anos) 1 18 7 4 Fonte: Dados retirados do programa SPSS 16. Autoria própria, 2009. No estudo realizado por Jaime et. al. (2004), com indivíduos portadores de HIV de ambos os sexos, com idades de 20 a 59 anos em uso de terapia antiretroviral com inibidores da protease, atendidos por um serviço de referência em São Paulo a 32 população apresentava uma média de idades de 39,09 (homens) e 38,21 (mulheres), o que se assemelha bastante com os dados do presente estudo com uma pequena diferença de 2 a 3 anos em média. Em estudo realizado no Hospital Corrêa Picanço, Cidade do Recife, Estado de Pernambuco entre agosto de 2006 a julho de 2007 por Albuquerque et. al. (2009), obteve uma caracterização da população semelhante à apresentada neste estudo, com o mesmo percentual de homens e mulheres quanto aos casos de co-infecção pela tuberculose e HIV/AIDS e o maior percentual de pacientes também ficou com a média de idade entre 35 a 49 anos. Segundo Dihel et. al. (2008), no estudo que avaliou a prevalência da lipodistrofia associada ao HIV em pacientes adultos ambulatoriais brasileiros: relação síndrome metabólica e fatores de risco cardiovascular, a média de idade dos pacientes avaliados foi de 42,9 anos. Podemos perceber conforme os estudos acima citados que as médias de idade ficaram entre 35 e 49, provavelmente demonstrando que a população com a idade adulta tem mais facilidade para a adesão ao tratamento e acompanhamento a programas de assistência, principalmente no Brasil em que a distribuição de medicamentos para a AIDS é universal. Outro fator importante é que esta população já está entrando numa idade em que começam a ter mais cuidados com a saúde, e por isso passam a procurar assistência em saúde na maioria das vezes. Também podemos citar que a qualidade no atendimento influencia na decisão pelo acompanhamento (COLOMBRINI; LOPES; FIGUEIREDO, 2006). 5.2 Antropometria 5.2.1 Índice de Massa Corporal O IMC é uma ferramenta bastante utilizada devida a sua praticidade de identificar a classificação nutricional de indivíduos. O IMC é um método de avaliação com baixo custo, considerado como um dado universal e extremamente acessível, devido à disponibilidade de equipamentos, 33 determinação simples, precisa e com boa aceitação dos pacientes, sendo indicado para avaliação nutricional. O acompanhamento nutricional e avaliação do IMC são muito importantes para determinar a classificação do estado nutricional, bem como associar o desenvolvimento de tuberculose com IMC inferior a 18,5 kg/m², podendo assim se desenvolver estratégias para recuperação do estado nutricional (ALBUQUERQUE et. al., 2009). Segundo o Manual Clínico de Alimentação e Nutrição na assistência a adultos infectados pelo HIV, para avaliação e diagnóstico nutricional é importante a utilização de métodos considerados complementares entre si, tais como medidas antropométricas, composição corporal, exames bioquímicos, exames físicos e avaliação do consumo alimentar, porém na falta de acesso a recursos necessários para fazer o uso de todos os métodos, o fundamental para um bom trabalho com os pacientes é estar sensibilizado para importância da alimentação e nutrição na saúde dos mesmos (BRASIL, 2006). Tabela 2. Dados antropométricos da população participante do Programa de Qualidade de Vida Melhor / Canoas, RS, 2009. n = 40 Variáveis Mínimo Máximo Média DP IMC – adesão (kg/m²) 16,79 31,10 22,43 3,93 IMC – avaliação (kg/m²) 14,47 33,15 22,52 4,31 Diferença IMC adesão/avaliação (kg/m²) - 3,96 3,51 0,09 1,51 Diferença de peso adesão/avaliação (kg) - 9,50 8 0,21 3,77 Fonte: Dados retirados do programa SPSS 16. Autoria própria, 2009. Conforme Duran (2009), a utilização métodos de aferição antropométrica simplificados são instrumentos importantes para avaliação do estado nutricional, podendo demonstrar as prevalências de baixo peso e obesidade na população com HIV / AIDS. 34 Tabela 3. Índice de Massa Corporal (classificação) no momento da adesão e avaliação final dos usuários do Programa Qualidade de Vida Melhor da Secretaria Municipal de Saúde / Canoas / RS, 2009. Variáveis IMC Adesão (n = 40) IMC Avaliação (n = 40) n % n % > 18,5 (baixo peso) 7 17,5 5 12,5 18,5 – 24,9 (eutrofia) 24 60 24 60 25 – 29,9 (sobrepeso) 8 20 9 22,5 < 30 (obesidade) 1 2,5 2 5 Fonte: Autoria própria, 2009. Em estudo realizado por Diehl et. al. (2008), com pacientes infectados por HIV / AIDS, com mais de 18 anos, atendidos no Ambulatório de Infectologia do Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Londrina (HC/UEL), de 22 de junho a 23 de novembro de 2006, dos 180 pacientes avaliados 59% eram do sexo masculino, 5% dos pacientes apresentaram IMC com baixo peso, 61% IMC normal, 25% sobrepeso e 8,9% obesidade. Conforme Albuquerque et. al. (2009), o IMC é um método muito importante para avaliação do estado nutricional, visto que existe uma forte correlação entre a classificação abaixo de 18,5 kg/m² e a presença de tuberculose, podendo assim ser um sinal para que os serviços de saúde proporcionem um aporte calórico adequado e orientações nutricionais que visem à recuperação do estado nutricional. Comparando estes dados com o presente estudo percebemos que o IMC normal e sobrepeso estão relativamente iguais, com pequenas diferenças, demonstrando que grande parte da população portadora do vírus após o uso da terapia de alta potência, está se enquadrando nas classificações de eutrofia e sobrepeso, justificando assim o aumento na preocupação relacionada com a alimentação e estado nutricional das pessoas que vivem com HIV/AIDS e enfatizando a importância da assistência nutricional com o objetivo de promover boas respostas ao tratamento e melhorias na qualidade de vida (DURAN, 2009). Conforme dados apresentados na tabela 3 percebeu-se que após um período de acompanhamento no programa houve uma evolução clínica em os pacientes que se encontravam em baixo peso passaram para uma classificação de eutrofia e aqueles que eram eutróficos passaram a apresentar sobrepeso e obesidade. 35 Conforme dados coletados no prontuário e avaliação nutricional dos 40 pacientes, 35 pacientes mantiveram a sua classificação nutricional inicial, 2 pacientes evoluíram da classificação de desnutrição para eutrofia, 2 pacientes evoluíram da eutrofia para sobrepeso, 1 paciente evoluiu de sobrepeso para obesidade. Segundo Dihel et. al. (2008), a síndrome metabólica tem um risco de desenvolvimento 4 vezes maior em pacientes com o IMC > 25 kg/m² e a história familiar de obesidade. Ainda segundo o mesmo autor, os dados apesar de não serem significantes, apresentaram uma associação mostrada em estudos prospectivos da síndrome metabólica com o risco de doenças cardiovasculares. No estudo apresentado por Guimarães et. al. (2007) ficou reforçado o fato da utilização dos antiretrovirais com o surgimento de alterações lipídicas o que está associado ao risco de doença metabólica e cardiovascular. No presente estudo os achados, entre os pacientes usuários ou não dos antiretrovirais, o peso e o IMC foram semelhantes. Tabela 4. Índice de Massa Corporal (classificação) por sexo no momento da adesão e avaliação final dos usuários do Programa Qualidade de Vida Melhor da Secretaria Municipal de Saúde / Canoas / RS, 2009. Variáveis IMC Adesão (n = 40) IMC Avaliação (n = 40) Homens (11) Mulheres (29) Homens (11) Mulheres (29) > 18,5 (baixo peso) 2 5 2 3 18,5 – 24,9 (eutrofia) 6 18 6 18 25 – 29,9 (sobrepeso) 2 6 2 7 < 30 (obesidade) 1 0 1 1 Fonte: Autoria própria, 2009. 36 Figura 2. Correlação de Pearson (r) entre Índice de Massa Corporal nos homens no momento da adesão e avaliação final dos usuários do Programa Qualidade de Vida Melhor da Secretaria Municipal de Saúde / Canoas / RS, 2009 Fonte: Dados retirados do programa SPSS 16. Autoria própria, 2009. Entre os homens houve uma forte correlação estatisticamente significativa (r = 0,99 p<0,01) entre o IMC atual e o IMC adesão. 37 Figura 3. Correlação de Pearson (r) entre Índice de Massa Corporal nas mulheres no momento da adesão e avaliação final dos usuários do Programa Qualidade de Vida Melhor da Secretaria Municipal de Saúde / Canoas / RS, 2009 Fonte: Dados retirados do programa SPSS 16. Autoria própria, 2009. A correlação entre o IMC atual e o IMC adesão entre as mulheres foi de r=0,91, sendo esta uma forte correlação estatisticamente significativa (p<0,01). Os gráficos acima demonstram que a população estudada manteve ou aumentou o IMC após um período de acompanhamento no Programa, é importante ressaltar que existem diferenças no período de acompanhamento destes pacientes, conforme descrito na tabela 05. Devemos destacar que com o surgimento da terapia antiretroviral modificou-se o perfil nutricional dos indivíduos soropositivos, pois surgiu, principalmente com os inibidores da protease, este tratamento passou a ser associado com um aumento de peso corporal e melhora do estado nutricional e conseqüentemente reduzindo a incidência de desnutrição (MELLO; REIS; RIBEIRO 2008). Segundo Duran (2009) para favorecer a promoção do bem-estar e evolução positiva do paciente é necessário acompanhamento nutricional e orientações de bons hábitos alimentares, objetivando retardar a progressão do HIV e a melhoria do estado nutricional. 38 Segundo Castanha et. al. (2007), viver com o vírus está associado a diversas complicações, as quais podem comprometer a qualidade de vida deste paciente, pois envolvem situações de discriminação, abandono, segregação, estigmatização, falta de recursos sociais e problemas relacionados com a sexualidade, assim encarar a doença torna-se cada vez mais problemático, fazendo com que o paciente entre num processo de isolamento e em muitas vezes influenciando e comprometendo seu estado nutricional. A lipodistrofia tem sido associada a dificuldades psicológicas e emocionais, em estudos realizados por Collins, Wagner e Walmsley (2000), Boyle (2001), Tebas (2001), que demonstram uma estigmatização social podendo prejudicar a adesão aos medicamentos antiretrovirais (SEIDL; MACHADO, 2008). Segundo Madureira et. al. (2009), um estilo de vida saudável é importante na prevenção e controle de doenças crônicas não transmissíveis, tais como: obesidade, diabetes, dislipidemias que vem sendo associadas ao uso dos medicamentos antiretrovirais. Tabela 5. Correlação entre o tempo de permanência no programa e Índice de Massa Corporal no momento da adesão e avaliação final dos usuários do Programa Qualidade de Vida Melhor da Secretaria Municipal de Saúde / Canoas / RS, 2009. Variável IMC adesão X IMC atual P* Tempo 1 (3 – 6m) 0,893 0,107 Tempo 2 (6,1 – 9m) 0,964 <0,01* Tempo 3 (9,1 – 12m) 0,939 <0,01* Tempo 4 (12,1 – 36m) 0,950 <0,01* *valor estatisticamente significativo (Correlação (r) de Pearson). Fonte: Dados retirados do programa SPSS 16. Autoria própria, 2009. Essa correlação demonstra forte relação entre o tempo de permanência e a melhora do estado nutricional e adesão ao acompanhamento no programa, o que caracterizou uma diminuição do número de indivíduos com classificação de IMC a baixo do peso (>18,5), porém identificou-se o aumento na classificação de sobrepeso e obesidade, o que se faz necessário desenvolver ações que evitem o aumento excessivo do peso nestes pacientes. 39 O acompanhamento e orientação nutricional nestes pacientes são de grande importância, pois segundo o material publicado pelo Ministério da Saúde, os cuidados com a saúde e uma reeducação alimentar podem auxiliar na adesão ao tratamento e melhora do estado nutricional, favorecendo para melhorar a qualidade de vida dos indivíduos soropositivos (BRASIL, 2006). Não existem estudos que comprovem que os programas de nutrição tiveram efeito positivo em pacientes que vivem com HIV/AIDS, também verificamos segundo Goulart, França Júnior e Souza (2009), que os programas de suplementação alimentar em crianças desnutridas têm sido pouco avaliados, por isso os mesmos realizaram um estudo em Mogi das Cruzes que teve como objetivo avaliar os fatores associados à recuperação nutricional de crianças em programas de suplementação alimentar. Conforme os resultados do estudo citado a condição nutricional apresentava-se significativamente melhor, com um impacto maior quanto mais intensa era a deficiência nutricional. No estudo realizado por Carvalho et. al. (2009), em que foi avaliada a evolução do estado nutricional de crianças submetidas a um programa de suplementação alimentar em município do Estado de São Paulo, foi confirmada a relativa importância de programas de suplementação alimentar, especialmente em crianças com desnutrição grave, porém a efetividade dos programas não depende só do provimento e distribuição de alimentos, mas também de ações desenvolvidas junto ao programa. Um fator importante a ser avaliado constantemente é a alteração do perfil de estado nutricional, na qual se assiste uma redução contínua dos casos de desnutrição, é observado um aumento de pessoas com excesso de peso, contribuindo assim para evolução nos casos de doenças crônicas não transmissíveis, por isso a necessidade de medidas de promoção da alimentação saudável (COUTINHO; GENTIL; TORAL, 2008). O impacto dos programas de educação nutricional tem efeitos positivos na melhora do estado nutricional, tanto para o ganho de peso como para o controle e perda de peso como demonstrado no estudo realizado por Alvarez e Zanella (2009), em que após um período de acompanhamento, com pacientes hipertensos, obesos ou em excesso de peso com fatores de risco associado a doenças cardiovasculares, foi eficaz para estimular mudança qualitativa no perfil dos hábitos alimentares e assim reduzir os fatores de risco para doenças cardiovasculares. 40 É um direito humano o acesso à alimentação e nutrição adequadas, por isso a importância de ações que promovam saúde pública e segurança alimentar (BRASIL, 2006). 5.3 Questionário de Frequência Alimentar (QFA) Segundo, Oliveira et. al. (2008), para caracterização dos hábitos alimentares em populações é necessário a utilização de instrumentos de fácil acesso, prático e com baixos custos, pois neste estudo foi utilizado um questionário de freqüência alimentar específico à população estudada. 41 Tabela 6. Resultados do questionário de frequência alimentar referente ao consumo de carboidratos 1X p/ dia 5 a 6X semana 2 a 4X semana 1X semana Nunca ou < 1X mês 26 (65%) 12 (30%) 1 (2,5%) 1 (2,5%) 0 0 Pão integral 0 0 0 0 0 40 (100%) Bolacha doce 2 (5%) 16 (40%) 2 (5%) 12 (30%) 6 (15%) 2 (5%) Bolacha salgada 1 (2,5%) 17 (42,5%) 3 (7,5%) 15 (37,5%) 3 (7,5) 1 (2,5%) Bolo 0 0 0 8 (20%) 15 (37,5%) 17 (42,5%) Aveia 4 (10%) 8 (20%) 0 8 (20%) 3 (7,5%) 17 (42,5%) Cereais integrais 0 0 0 0 2 (5%) 38 (95%) Arroz branco 35 (87,5%) 3 (7,5%) 0 2 (5%) 0 0 Arroz integral 0 0 0 1 (2,5%) 0 39 (97,5%) Massa 2 (5%) 2 (5%) 1 (2,5%) 26 (65%) 9 (22,5%) 0 Batata 0 2 (5%) 0 23 (57,5) 13 (32,5%) 2 (5%) Farinha de milho 1 (2,5%) 0 0 19 (47,5%) 11 (27,5%) 9 (22,5%) Alimentos Pão branco Mais de 1X dia Fonte: Dados retirados do programa SPSS 16. Autoria própria, 2009. Na tabela 6, podemos verificar que a maioria dos entrevistados tem o hábito de consumir mais de uma vez ao dia pão e arroz branco, alimentos com alto teor de calorias, porém com baixo valor nutritivo e sem a presença de fibras alimentares, caracterizando assim que a população desconhece ou não tem condições financeiras de consumir alimentos ricos em fibras, tais como o pão integral, arroz integral, cereais integrais. Outros itens que também aparecem no consumo diário desta população é a bolacha doce e salgada. 42 Tabela 7. Resultados do questionário de frequência alimentar referente ao consumo de frutas 1X p/ dia 5 a 6X semana 2 a 4X semana 1X semana Nunca ou < 1X mês 2 (5%) 6 (15%) 0 16 (40%) 7 (17,5%) 9 (22,5%) Maçã 2 (5%) 3 (7,5%) 0 9 (22,5%) 4 (10%) 22 (55%) Mamão 0 1 (2,5%) 0 6 (15%) 0 23 (57,5%) Laranja 0 5 (12,5%) 2 (5%) 21 (52,5%) 4 (10%) 8 (20%) Alimentos Mais de 1X dia Banana Fonte: Dados retirados do programa SPSS 16. Autoria própria, 2009. Conforme a tabela 7 referente ao consumo de frutas, verificamos o baixo consumo diário destes alimentos que são de grande importância para o aporte de fibras e vitaminas, principalmente a laranja que é fonte de vitamina C e pode auxiliar na melhora do sistema imunológico. Tabela 8. Resultados do questionário de frequência alimentar referente ao consumo de leguminosas 1X p/ dia 5 a 6X semana 2 a 4X semana 1X semana Nunca ou < 1X mês 14 (35%) 11 (27,5%) 2 (5%) 11 (27,5%) 1 (2,5%) 1 (2,5%) 0 2 (5%) 0 26 (65%) 4 (10%) 8 (20%) Alimentos Mais de 1X dia Feijão Proteína de soja Fonte: Dados retirados do programa SPSS 16. Autoria própria, 2009. Segundo os dados da tabela 8, o consumo de feijão nos pacientes entrevistados ficou bem distribuído, visto que a maioria deles consomem entre 2 a 4 vezes por semana 27,5%, 1 vez ao dia 27,5% e mais de uma vez ao dia 35%, sendo um alimento muito importante no aporte de ferro. A proteína de soja é consumida na maioria dos entrevistados pelo menos de 2 a 4 vezes por semana 65%, possivelmente devido a este produto ser oferecido na cesta básica e por poder substituir a carne de gado como fonte de proteína. 43 Tabela 9. Resultados do questionário de frequência alimentar referente ao consumo de hortaliças 1X p/ dia 5 a 6X semana 2 a 4X semana 1X semana Nunca ou < 1X mês 6 (15%) 9 (22,5%) 1 (2,5%) 10 (25%) 4 (10%) 10 (25%) Beterraba 2 (5%) 3 (7,5%) 0 7 (17,5%) 9 (22,5%) 19 (47,5) Cenoura 0 2 (5%) 0 8 (20%) 12 (30%) 18 (45%) Brócolis 0 1 (2,5%) 0 3 (7,5%) 7 (17,5%) 29 (72,5%) Couve 0 1 (2,5%) 0 11 (27,5%) 9 (22,5%) 19 (47,5%) Couve-flor 0 0 0 9 (22,5%) 6 (15%) 25 (62,5%) Espinafre 0 0 0 5 (12,5%) 3 (7,5%) 32 (80%) Tomate 4 (10%) 13 (32,5%) 1 (2,5%) 12 (30%) 6 (15%) 4 (10%) Cebola 1 (2,5%) 29 (72,6%) 0 4 (10%) 2 (5%) 4 (10%) Alimentos Mais de 1X dia Alface Fonte: Dados retirados do programa SPSS 16. Autoria própria, 2009. Quanto ao consumo de hortaliças, mostrado na tabela 9, identificou-se que os pacientes entrevistados têm um consumo diário de verduras insuficiente para preencher as necessidades e recomendações de vitaminas e minerais. Dos alimentos relatados pelos entrevistados como presentes na alimentação diária encontram-se a alface, beterraba, cenoura, brócolis e couve, dos quais o mais consumido pela população foi a alface com 22,5% de consumo diário. O tomate foi citado por 32,5% e a cebola por 72,6% de consumo diário, em função de provavelmente fazerem parte de diversas preparações. Nos demais alimentos o consumo era de nunca ou menos que uma vez por mês, caracterizando que nesta população o consumo de hortaliças é insuficiente e com pouca variedade. 44 Tabela 10. Resultados do questionário de frequência alimentar referente ao consumo de carnes 1X p/ dia 5 a 6X semana 2 a 4X semana 1X semana Nunca ou < 1X mês 0 4 (10%) 0 16 (40%) 7 (17,5%) 13 (32,5%) Frango 1 (2,5%) 3 (7,5%) 5 (12,5%) 24 (60%) 6 (15%) 1 (2,5%) Carne de gado 0 3 (7,5%) 1 (2,5%) 22 (55%) 9 (22,5%) 5 (12,5%) Carne de porco 0 0 1 (2,5%) 2 (5%) 5 (12,5%) 32 (80%) Peixe 0 0 0 3 (7,5%) 3 (7,5%) 34 (85%) Alimentos Mais de 1X dia Ovos Fonte: Dados retirados do programa SPSS 16. Autoria própria, 2009. Referente ao consumo de carnes, apresentado na tabela 10, podemos perceber que a maioria dos pacientes entrevistados consome como tipo de carne o frango, provavelmente pelo preço menor em comparação com a carne de gado, mas mesmo assim estes pacientes ainda conseguem consumir a carne de gado pelo menos de 2 a 4 vezes por semana. Além de substituir a carne de gado por frango, os pacientes entrevistados na sua maioria utilizam proteína de soja na sua alimentação semanal, reduzindo assim os gastos, pois este produto é distribuído na cesta básica. Tabela 11. Resultados do questionário de frequência alimentar referente ao consumo de leites e derivados Alimentos Mais de 1X dia 1X p/ dia 5 a 6X semana 2 a 4X semana 1X semana Nunca ou < 1X mês Leite Desnatado 1 (2,5%) 2 (5%) 0 0 0 37 (92,5%) Leite Semi desnatado 0 0 0 0 0 40 (100%) Leite Integral 27 (67,5%) 4 (10%) 0 4 (10%) 1 (2,5%) 4 (10%) Iogurte 0 1 (2,5%) 0 7 (17,5%) 5 (12,5%) 27 (67,5%) Queijo 2 (5%) 2 (5%) 0 5 (12,5%) 3 (7,5%) 28 (70%) Fonte: Dados retirados do programa SPSS 16. Autoria própria, 2009. 45 Na tabela 11, novamente podemos perceber que o consumo dos alimentos que possuem um custo econômico mais alto não é muito consumido pelos pacientes pertencentes ao programa. O leite integral nesta população é consumido mais de uma vez ao dia com percentual de 67,5%, contabilizando-se a maioria da população estudada, devido provavelmente a este produto ser ofertado na cesta básica do programa. Tabela 12. Resultados do questionário de frequência alimentar referente ao consumo de açúcares e doces 1X p/ dia 5 a 6X semana 2 a 4X semana 1X semana Nunca ou < 1X mês 1 (2,5%) 2 (5%) 1 (2,5%) 1 (2,5%) 13 (32,5%) 22 (55%) Açúcar 33 (82,5) 4 (10%) 0 1 (2,5%) 1 (2,5%) 1 (2,5%) Achocolatado 12 (30%) 3 (7,5%) 0 9 (22,5%) 1 (2,5%) 15 (37,5%) Alimentos Mais de 1X dia Sobremesa Fonte: Dados retirados do programa SPSS 16. Autoria própria, 2009. Quanto ao consumo de açúcares e doces, podemos identificar que o consumo de açúcar, mais de uma vez ao dia, foi referido pela maioria dos pacientes entrevistados 82,5%. Tabela 13. Resultados do questionário de frequência alimentar referente ao consumo de óleos e gorduras 1X p/ dia 5 a 6X semana 2 a 4X semana 1X semana Nunca ou < 1X mês 2 (5%) 38 (95%) 0 0 0 0 Margarina 19 (47,5%) 11 (27,5%) 0 2 (5%) 0 8 (20%) Manteiga 2 (5%) 2 (5%) 0 0 0 36 (90%) Frituras 0 1 (2,5%) 1 (2,5%) 11 (27,5%) 10 (25%) 17 (42,5%) Alimentos Mais de 1X dia Óleos Fonte: Dados retirados do programa SPSS 16. Autoria própria, 2009. 46 Referente ao consumo de óleos e gorduras, a população estudada informou um consumo diário de óleos: 95% uma vez ao dia, margarina 47,5% mais de uma vez ao dia, já o consumo de manteiga ficou em 90% nunca ou menos de uma vez ao mês e as frituras 42,5% se enquadrou em nunca ou menos de uma vez ao mês e 27,5% referiu o consumo de 2 a 4 vezes por semana. Tabela 14. Resultados do questionário de frequência alimentar referente ao consumo de bebidas 1X p/ dia 5 a 6X semana 2 a 4X semana 1X semana Nunca ou < 1X mês 0 0 0 1 (2,5%) 0 39 (97,5%) Café 29 (72,5%) 6 (15%) 0 3 (7,5%) 0 2 (5%) Refrigerante 1 (2,5%) 0 2 (5%) 7 (17,5%) 12 (30%) 18 (45%) Água 33 (82,5%) 7 (17,5%) 0 0 0 0 Chá 4 (10%) 9 (22,5%) 0 9 (22,5%) 2 (5%) 16 (40%) Alimentos Mais de 1X dia Bebida alcoólica Fonte: Dados retirados do programa SPSS 16. Autoria própria, 2009. A maioria dos pacientes entrevistados relatou nunca ou menos de uma vez ao mês consumir bebidas alcoólicas, porém podem ter sido influenciados pela presença da pesquisadora e não relatarem a verdadeira realidade. Afirmaram ter um consumo diário de água, porém ainda se percebeu que do total de pacientes entrevistados 17,5% informaram consumir água somente uma vez ao dia, demonstrando assim um baixo consumo de água. Tabela 15. Resultados do questionário de frequência alimentar referente ao consumo de suplementos Alimentos Mais de 1X dia 1X p/ dia 5 a 6X semana 2 a 4X semana 1X semana Nunca ou < 1X mês Nutren Activia 7 (17,5%) 19 (47,5%) 0 6 (15%) 1 (2,5%) 7 (17,5%) Mucilon 3 (7,5%) 7 (17,5%) 0 1 (2,5%) 1 (2,5%) 28 (70%) Fonte: Dados retirados do programa SPSS 16. Autoria própria, 2009. 47 Dos suplementos ofertados pela cesta básica verificamos que do total de entrevistados 28 (70%) relataram que o consumo de mucilon é menor que uma vez ao mês ou nunca, já o nutrem activia é consumido diariamente por 19 pacientes (46,5%). Estes dados podem demonstrar a necessidade de realização de oficinas para mostrar as possibilidades de utilização destes suplementos no consumo diário para um melhor aproveitamento dos produtos ofertados na cesta básica. Tabela 16. Porcentagens do questionário de frequência alimentar 1X p/ dia 5 a 6X semana 2 a 4X semana 1X semana Nunca ou < 1X mês 14,79% 12,50% 1,45% 23,96% 12,92% 34,38% 2,67% 10% 1,33% 34,67% 10% 41,33% 3,61% 16,11% 0,56% 19,17% 16,11% 44,44% 17,5% 16,25% 2,5% 46,25% 6,25% 11,25% 0,5% 5% 3,5% 33,5% 15% 42,5% Leites e derivados 15% 4,5% 0% 8% 4,5% 68% Açúcares e doces 38,33% 7,5% 0,83% 9,17% 12,5% 31,67% Óleos e gorduras 14,38% 32,5% 0,62% 8,12% 6,25% 38,13% 33,5% 11% 1% 10% 7% 37,5% 12,5% 32,5% 0% 8,75% 2,5% 43,75% Alimentos Mais de 1X dia Carboidratos Frutas Hortaliças Leguminosas Carnes Bebidas Suplementos Fonte: Dados retirados do programa SPSS 16. Autoria própria, 2009. Ao avaliar o perfil do consumo alimentar diário dos pacientes entrevistados verificamos um baixo consumo de carnes e frutas, alimentos que são de grande importância para melhora do estado nutricional, bem como para a absorção de vitaminas e minerais que tem grande influência no sistema imunológico destes pacientes. Já os carboidratos, leguminosas, açúcares e doces, óleos e gorduras e os suplementos aparecem com maior frenquência no consumo diário dos pacientes entrevistados, podendo assim influenciar para o aumento de peso, devido a serem alimentos com maiores índices calóricos. 48 Com a avaliação da frequência alimentar destes pacientes podemos verificar que a introdução da cesta básica na alimentação desta população pode ter sido o fator de aumento de peso, reforçando assim que é fundamental a distribuição dos alimentos para auxiliar na melhora e manutenção do peso corporal, porém deve-se ter um acompanhamento mais efetivo para evitar o sobrepeso e obesidade. 49 6 CONCLUSÃO Com este trabalho conclui-se que o Programa Qualidade de Vida Melhor possui um papel importante na evolução de parâmetros antropométricos dos pacientes, pois contribuiu em alguns casos para modificar o estado nutricional. Outro aspecto relevante foi a socialização, a melhora na situação socioeconômica, devido ao auxílio na alimentação através do fornecimento de cesta básica. A população avaliada e participante do Programa se encontra na idade adulta e o perfil do público efetivo deste Programa é em maior percentual feminino. A classificação nutricional da maioria dos pacientes avaliados foi a eutrofia tanto no momento da adesão ao Programa quanto na avaliação realizada durante a pesquisa, contudo identificou-se uma tendência que a população estudada evoluísse para um aumento no peso. Também podemos citar que o público feminino foi o que mais aumentou de peso. Quanto ao consumo alimentar dos pacientes deste estudo, podemos citar que foi identificado um baixo consumo de frutas e verduras e um consumo aumentado de alimentos com alto teor de calorias, demonstrando assim uma alimentação com baixa qualidade nutricional e pouca quantidade de fibras. Dos alimentos consumidos pelos pacientes avaliados, encontramos como fonte de proteína de alto valor biológico a carne de frango. O consumo de açúcares, doces, óleos e gorduras foi bastante elevado nesta população, podendo estar associado ao aumento de peso. Os suplementos ofertados pela cesta básica para complementar a alimentação tem bastante aceitação, porém é importante que os pacientes participem de oficinas para melhor aproveitar as suas funcionalidades. Foi elaborado pela pesquisadora com auxílio de informações da Unidade de Programas Especiais em Nutrição da Secretaria Municipal de Saúde de Canoas um Protocolo de Atendimento (ANEXO D) ao Programa Qualidade de Vida Melhor que deverá ser aprovado pela Unidade e Secretaria Municipal de Saúde da cidade de Canoas. O presente estudo verificou a efetividade do Programa Qualidade de Vida Melhor e analisou o perfil alimentar dos pacientes pertencentes ao programa, porém 50 constatamos a possibilidade de viés referente à veracidade das respostas que podem ter sido influenciadas pela presença da pesquisadora. São necessários outros estudos que possam acompanhar a evolução do estado nutricional dos pacientes pertencentes a programas de auxílio a pessoas que vivem com HIV/AIDS. 51 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os programas de nutrição para os pacientes que vivem com HIV / AIDS são de grande importância para minimizar os efeitos da doença e da medicação. A avaliação nutricional, educação nutricional, atividades físicas e atividades que desenvolvam a socialização de diversos assuntos a estes pacientes podem favorecer na adesão, tratamento e ao acompanhamento destes indivíduos, podendo oferecer uma qualidade de vida melhor. É importante que haja um acompanhamento nutricional efetivo com orientações para que o aumento do peso nestes pacientes não evolua para as classificações de sobrepeso e obesidade, e que evite a desnutrição. O profissional deve fazer o uso de alternativas como: avaliação de questionário de frequência alimentar, recordatório 24h, diário alimentar, para que seja possível montar uma estratégia de ações específicas para melhoria da qualidade da alimentação e estado nutricional no baixo peso, devido à associação com doenças oportunistas que são características das pessoas que vivem com HIV / AIDS, e no sobrepeso e obesidade por causa da relação com lipodistrofia e as doenças cardiovasculares que estão sendo vinculadas aos indivíduos soropositivos em uso dos antiretrovirais. A utilização de estratégias na qual possa haver um envolvimento dos pacientes com palestras, oficinas, treinamentos é de grande importância para um bom acompanhamento nutricional. Devemos citar a necessidade de desenvolvimento de ações públicas que possam auxiliar a acessibilidade das pessoas com baixas condições socioeconômicas para uma alimentação mais saudável, onde existam ferramentas que venham a facilitar a compra de frutas, verduras e alimentos integrais, tais como parcerias com a Central de Abastecimento do Rio Grande do Sul S.A entre outras empresas e serviços do ramo. Existem dois documentos do Ministério da Saúde que podem ajudar no acompanhamento e tratamento nutricional às pessoas que vivem com HIV / AIDS, o Manual Clínico de Alimentação e Nutrição Na Assistência a Adultos Infectados pelo HIV e a cartilha de Alimentação e Nutrição para Pessoas que Vivem com HIV e AIDS. 52 REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, Marina D. M. de. et. al. Índice de massa corporal em pacientes coinfectados pela tuberculose - HIV em hospital de referência da cidade de Recife, Estado de Pernambuco, Brasil. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 18(2):153-160, abr-jun 2009. 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Esta pesquisa chama-se “Avaliação do estado nutricional dos indivíduos portadores da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida – SIDA/AIDS no Município de Canoas - RS”. O resultado poderá trazer informações que beneficiem o (a) senhor (a) e outros pacientes. Os indivíduos que aceitarem participar da pesquisa irão preencher o Termo de Consentimento Livre e esclarecido em duas vias, sendo uma retida pelo sujeito da pesquisa ou representante e uma arquivada pelo pesquisador. Será verificado o peso corporal e a estatura, aplicação de entrevista para obtenção de dados como: idade, sexo, tempo de infecção pelo HIV, patologias associadas. Também serão realizados entrevista e questionário de freqüência alimentar auto-aplicável nos indivíduos alfabetizados e aplicado aos indivíduos analfabetos. Os dados coletados serão de caráter confidencial, mas o (a) senhor (a) poderá saber de seus resultados, se solicitado. As informações obtidas serão utilizadas unicamente para fins de pesquisa. O (a) senhor (a) poderá solicitar para deixar a pesquisa em qualquer momento, sem qualquer restrição ou conseqüências. Eu, ________________________________________, RG nº ________________, declaro ter sido informado e concordo em participar, como voluntário, do projeto de pesquisa acima descrito. Canoas, ____ de _____________ de ______. _____________________________ Assinatura do paciente ____________________________ Assinatura do pesquisador 58 ANEXO B Entrevista Data: ____/____/______ Nome (iniciais): __________________ Código: ______ Data de Nascimento: ____/____/______ Idade: __________ Tempo de infecção pelo HIV: __________________________________ Gênero: ( ) M ( )F Doenças associadas: ( ) Diabetes Mellitus ( ) Hipertensão ( ) Depressão ( ) Outra Qual: ___________________________________________________ Uso de antiretrovirais: ( ) Sim ( ) Não Quais e quantas vezes ao dia: ( ) ABACAVIR ________ ( ) ESTAVUDINA ________ ( ) LAMIVUDINA ________ ) ZALCITABINA ________ ( ) ZIDOVUDINA ________ ( ) DELAVIRDINA ________ ( ) EFAVIRENZ ________ ( ) NEVIRAPINA ________ ( ) AMPRENAVIR ________ ( ) NELFINAVIR ________ ( ) LOPINAVIR ________ ( ) RITONAVIR ________ ( ) SAQUINAVIR ________ ( ) TENOFOVIR ________ ( ) ATAZANAVIR ________ ( ( ) DIDANOSINA ________ ( ) INDINAVIR ________ Ocorrências nos últimos três meses: ( ) Falta de apetite ( ) Vômitos ( ( ) Perda de Peso ) Diarréias ( ( ) Náuseas ) Dor ao deglutir ( ) Infecções O que mudou após o início do acompanhamento no Programa? ( ) Alimentação ( ) Peso ( ) Alívio dos sintomas ( ) Disposição Peso Atual: __________ Estatura: __________ IMC = ____________ Classificação: _____________________ Peso Adesão: __________ Estatura: __________ IMC = ____________ Classificação: _____________________ 59 ANEXO C Questionário de Frequência Alimentar Data: ____/____/______ Nome (iniciais): __________________ Código: ______ Freqüência média Alimentos Nunca ou < 1 mês Leite desnatado Leite semi desnatado Leite integral Iogurte Queijo Sobremesas (chocolates) Ovos Frango Carne de vaca Carne de porco Peixe Óleos Margarina Manteiga Pão branco Pão integral, centeio Aveia Cereais integrais Arroz branco Arroz integral Massas 1 sem. 2 – 4 sem. 5 – 6 sem. 1 dia Mais de 1 dia 60 Batata Frituras Bolacha doce Bolacha salgada Bolos Farinha de milho Açúcar Achocolatado Bebidas alcoólicas Café Refrigerantes Água Chá Banana Maçã Mamão Melão Laranja, bergamota Feijão Alface Beterraba Cenoura Brócolis Couve Couve-flor Espinafre Tomate Cebola Proteína de soja Nutrem activia Mucilon 61 ANEXO D SECRETARIA MUNICIPAL DE CANOAS UNIDADE DE PROGRAMAS ESPECIAIS EM NUTRIÇÃO PROTOCOLO DE ATENDIMENTO AO PROGRAMA QUALIDADE DE VIDA MELHOR 2009 62 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................................... 2 2 OBJETIVOS........................................................................................ 4 2.1 Objetivo Geral.................................................................................... 4 2.2 Objetivos Específicos....................................................................... 4 3 POPULAÇÃO ALVO.......................................................................... 4 4 REFERENCIAL TEÓRICO................................................................. 5 4.1 Diagnóstico........................................................................................ 5 4.2 Estágios da Doença – AIDS............................................................. 6 4.3 Tratamento......................................................................................... 6 4.4 Atiretrovirais...................................................................................... 6 4.5 Lipodistrofia...................................................................................... 7 4.6 Avaliação Nutricional........................................................................ 7 4.7 Alimentação....................................................................................... 9 4.8 Tratamento Dietoterápico................................................................. 10 5 TEMPO DE PERMANÊNCIA NO PROGRAMA................................. 11 6 PASSOS PARA O ATENDIMENTO................................................... 11 7 ACOMPANHAMENTO NO PROGRAMA........................................... 12 8 CESTA BÁSICA DE COMPLEMENTAÇÃO DE ALIMENTOS.......... 13 9 RECURSOS FINANCEIROS.............................................................. 13 10 DADOS ANTROPOMÉTRICOS......................................................... 13 10.1 Peso.................................................................................................... 13 10.2 Estatura.............................................................................................. 14 10.3 Estado nutricional............................................................................. 14 10.4 Métodos associados para avaliação e diagnóstico nutricional... 15 11 DEZ PASSOS PARA UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL................ 15 REFERÊNCIAS.................................................................................. 17 63 1 INTRODUÇÃO No Brasil, de 1980 a junho de 2008, foram notificadas 506.499 casos de Acquired Immune Deficiency Syndrome / Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS / SIDA). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) o Brasil possui uma epidemia controlada, com taxa de prevalência de 0,6% (BRASIL, 2008). Estudo epidemiológico realizado em 2007 no Brasil demonstrou que, cinco anos após o diagnóstico da doença, 90% das pessoas com AIDS na região Sudeste continuaram vivas, seguidas por 78% no Norte, 80% no Centro Oeste, 81% no Nordeste e 82 no Sul (BRASIL, 2008). A AIDS se mantém estável no Brasil, porém com diferenças regionais que se acentuam. A epidemia avança no interior do país, em mulheres, adolescentes, idosos, heterossexuais e na população de baixa renda e pouca escolaridade (BRASIL, 2008). A progressão da infecção pelo Human Immunodeficiency Vírus / Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e desenvolvimento da AIDS é determinada pela depleção das células imunes (linfócitos T) que com a associação do aumento da carga viral, afetando suficientemente o sistema imunológico e permiti o aparecimento de doenças oportunistas, causadas por diversos tipos de bactérias, vírus e alguns tipos de cânceres venham causar disfunções graves no organismo como um todo, elevando o risco de morte, morbimortalidade, infecções e desenvolvimento de tipos de câncer (DERESZ, 2007) e (BRASIL, 2008). A AIDS está instalada quando o vírus já afetou suficientemente o sistema imunológico, com disfunção na imunidade celular, permitindo que doenças oportunistas, causadas por diversos tipos de bactérias, vírus e alguns tipos de cânceres venham causar disfunções graves do organismo como um todo, elevando o risco de morte, morbimortalidade, infecções e desenvolvimento de tipos de câncer (BRASIL, 2008). Segundo dados disponibilizados pelo Serviço de Atendimento Especializado – SAE em 2008, o Município de Canoas possui atualmente 2.341 pessoas infectadas pelo HIV/AIDS cadastradas neste serviços, e 730 em uso de terapia antiretroviral. Geralmente são cadastrados em torno de 15 a 18 pacientes por mês. 64 Estudos evidenciam que as denominações grupos de risco e comportamento de risco não foram suficientes para demonstrar as mudanças ocorridas na epidemia do HIV, que ao longo do tempo passou a atingir não somente os homens homossexuais e usuários de drogas injetáveis, mas também homens heterossexuais, bissexuais, mulheres, adolescentes, idosos, principalmente pessoas em vulnerabilidade social. Essas mudanças mostram um novo conceito de vulnerabilidade social, direitos humanos, gênero, sexualidade, idade, raça/cor e cidadania (SOUSA; SANTO; MOTTA, 2008). A desnutrição é uma conseqüência marcante da doença, bem como a utilização dos antiretrovirais que propiciam à diminuição da ingestão alimentar, disfagia, vômitos, distúrbios na boca e esôfago, infecções locais e sistêmicas, neoplasias e má-absorção. Além dos fatores clínicos e medicamentosos a influência socioeconômica, vulnerabilidade social e acesso a informação da população de baixa renda, afetam sensivelmente no desenvolvimento de desnutrição, baixa imunidade e por conseqüência doenças oportunistas (POLACOW et. al. 2004). O Portador da AIDS precisa constantemente manter cuidados com a sua saúde, abrangendo alimentação balanceada, atividade física e higiene pessoal, pois o vírus HIV afeta as células T-CD4 (células de defesa) propiciando o aparecimento de infecções oportunistas, o que demonstra a necessidade do acompanhamento nutricional e antropométrico por profissional capacitado. Os serviços monitoramento e e programas auxílio aos públicos indivíduos são de grande soropositivos, importância tanto nos no exames laboratoriais, distribuição dos antiretrovirais, tratamento, melhora e manutenção do estado nutricional, apoio psicológico, orientações quanto aos cuidados que devem ser seguidos nesta patologia, prevenção e controle de DST e AIDS (BRASIL, 2008). A finalidade deste protocolo é servir de instrumento para o adequado e uniforme atendimento de pessoas participantes do Programa Qualidade de Vida Melhor, bem como os pacientes atendidos no Serviço de Atendimento Especializado - SAE. 65 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Atender a demanda dos pacientes soropositivos em risco nutricional e em vulnerabilidade social, uma vez que existe uma gama de problemas e sintomas associados decorrentes da AIDS que comprometem o estado nutricional e vice versa. Uma orientação nutricional individualizada, adequação da dieta e suplementação alimentar contribuem para minimizar os problemas que acometem as pessoas que vivem com HIV / AIDS. 2.2 Objetivos Específicos Recuperar, melhorar ou manter o estado nutricional dos pacientes; prevenir desnutrição protéico-energéticas e deficiências vitamínicas; melhorar a qualidade de vida; promover educação nutricional; promover segurança alimentar; complementar as necessidades nutricionais com a distribuição de alimentos e suplementos alimentares. 3 POPULAÇÃO ALVO A população alvo abrangida pelas ações proposta neste protocolo é constituída por pacientes que residam em Canoas e sejam encaminhados pelo Serviço de Atendimento Especializado – SAE, na qual esteja enquadrado em vulnerabilidade social e risco nutricional. 66 A situação socioeconômica será analisada através de informações prestadas em entrevista com assistente social, verificação de documentos e ou visita domiciliar. 4 REFERENCIAL TEÓRICO 4.1 Diagnóstico O diagnóstico da infecção pelo vírus HIV é realizado por meio de teste, a partir da coleta de uma amostra de sangue em laboratórios, unidades básicas de saúde, em Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), podendo ser realizado de forma anônima e gratuita. Geralmente, leva de 3 a 12 semanas após o contato com o vírus, para que o exame consiga detectar a presença do HIV (BRASIL, 2008). Estar infectado pelo HIV não significa que o indivíduo esteja com AIDS, e sim que foram detectados anticorpos contra o vírus. As pessoas soropositivas podem permanecer por muitos anos infectados sem desenvolver a doença (BRASIL, 2008). A AIDS está instalada quando o vírus HIV já causou danos suficientes ao sistema imunológico, com a inserção do seu material genético no DNA (ácido desoxirribonucléico) de células-alvo hospedeiras, principalmente as CD4 (células de defesa) destruindo-as após ampla replicação, podendo assim desenvolver infecções oportunistas e alguns tipos de câncer (POLACOW et. al., 2004). Um dos principais marcadores laboratoriais do comprometimento imunológico através da infecção do HIV é quantificado pelos linfócitos T auxiliares e supressores (CARVALHO; TONELLI, 1999). É necessário que os indivíduos soropositivos façam o controle da carga viral (quantidade de vírus na corrente sanguínea), pois este determina como está atuando o sistema imunológico. 67 4.2 Estágios da Doença – AIDS A AIDS está classificada em 3 estágios, inicial no qual a contagem de células CD4 é superior a 500 cel./mm³ em que a sintomatologia é a linfadenopatia e dermatites, intermediário em que a contagem de CD4 passa entre 200 e 500 cel./mm³ com o aparecimento de candidíase oral e vaginal, displasia cervical, neuropatia periférica, herpes zoster e febre, já no estágio final da doença a contagem de CD4 encontra-se inferior a 200 cel./mm³ e desenvolvimento de doenças neurológicas, infecções oportunistas, tumores, entre outras (CUPPARI, 2005). 4.3 Tratamento Os objetivos para o tratamento dos indivíduos soropositivos é prolongar o tempo e a qualidade de vida, através do uso dos medicamentos anti-retrovirais, bem como a recuperação do estado nutricional e redução das complicações e sintomas das infecções oportunistas (POLACOW et. al., 2004). 4.4 Atiretrovirais Inibidores de Transcriptase Reversa Análogos de Nucleosídeos: lamivudina, zidovudina, estavudina, didanosina, abacavir e o tenofovir. Inibidores não-nucleosídeos da transcriptase reversa: efavirenz e nevirapina. Inibidores de Protease: indinavir, nelfinavir, saquinavir, atazanavir, amprenavir e lopinavir/ritonavir. O tratamento medicamentoso acarreta efeitos colaterais, como náuseas, vômitos, diarréia, anorexia, diabetes mellitus, lipodistrofia que é caracterizada pela redistribuição de gordura, influenciando na alteração da composição corporal, hipercolesterolemia (aumento isolado do colesterol sérico), hipertrigliceridemia 68 (aumento isolado dos triglicerídeos), alterações no metabolismo de glicose, entre outros (POLACOW et. al., 2004). O nutricionista possui um papel muito importante no suporte da saúde e qualidade de vida dos indivíduos portadores de HIV/AIDS, pois é necessário avaliar e planejar ações que visam melhorar o estado nutricional do paciente, na perda de peso, alterações lipídicas e gordura corporal (ALMEIDA; JAIME, 2006). 4.5 Lipodistrofia A lipodistrofia, conhecida como a síndrome lipodistrófica, se caracteriza pela distribuição anormal da gordura corporal, na qual as principais manifestações são o acúmulo de gordura dorso-cervical, nos seios, abdominal, bem como a redução de gordura na face e membros denominada como lipoatrofia, o aparecimento de dislipidemias e ainda resistência a insulina. Tais alterações estão diretamente associadas ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares e diabetes mellitus (MELLO; REIS; RIBEIRO, 2008). O diagnóstico da lipodistrofia pode ser realizado através das medidas antropométricas, absormetria com duplo feixe de Raios X, tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética, as dislipidemias através da avaliação das dosagens dos níveis de colesterol total, frações e triglicerídeos, e a glicemia de jejum, curva glicêmica e a dosagem da insulinemia basal é utilizada para avaliar a resistência a insulina e diagnóstico de diabetes (DUTRA; LIBONATI, 2008). 4.6 Avaliação Nutricional O estado nutricional destes indivíduos pode variar da desnutrição até a obesidade, pois existem diversos fatores envolvidos: utilização de medicamentos, falta de apetite, algumas vezes até o excesso, alterações no metabolismo, gastrointestinais. 69 A desnutrição desenvolve diversas alterações funcionais afetando praticamente todo o sistema, sendo o mais afetado o trato gastrointestinal, órgão importante na digestão, absorção de nutriente e órgão imunológico, atuando como uma barreira à entrada de microorganismos (TEIXEIRA NETO, 2003). Apesar dos avanços na terapia antiretroviral, com melhora no prognóstico e sobrevida dos indivíduos portadores da SIDA, surgiu a síndrome da lipodistrofia associada ao HIV, caracterizada por alterações metabólicas (hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia e alterações no metabolismo da glicose) e morfológicas envolvendo a redistribuição da gordura corporal, perda de perda de gordura da face, membros e nádegas e acúmulo de gordura nas regiões dorso cervical, supraclavicular, mamária e abdominal (ALMEIDA; JAIME, 2006). Os métodos antropométricos para avaliação nutricional são de grande importância para avaliar o estado nutricional dos pacientes, pois refletem como estão aderindo ao tratamento. É importante associar diversos parâmetros, pois facilita a caracterização do estado nutricional do paciente. Conforme Albuquerque et. al. (2009), as medidas mais utilizadas para avaliação nutricional de indivíduos é o peso e estatura, o qual possibilita obter o índice de Quelelet ou índice de massa corporal (IMC), pois são de fácil utilização, disponibilidade, não é necessário uma prévia preparação e tem boa aceitação dos pacientes. O IMC é um índice amplamente utilizado e é determinado pela razão entre o peso e a altura ao quadrado, e considera-se uma medida valiosa para determinação do estado nutricional podendo indicar sobre ou subnutrição (MAHAN, 2005). Existem diversos métodos que são considerados boas técnicas para diagnóstico da gordura corporal, tais como absortometria por dupla emissão de raios-X (Dexa) de corpo total e a tomografia computadorizada do abdômen (TCA), porém com custos muito altos, e assim se faz o uso de outras ferramentas que também tem o poder de mensurar a gordura corporal (FLORIANO et. al., 2004). Segundo Floriano et. al. (2004), estudos realizados em países desenvolvidos vem utilizando métodos mais acessíveis como a somatória de espessura de dobras cutâneas, circunferência da cintura (CC) e razão cintura-quadril (RCQ) de avaliação da gordura corporal em portadores do HIV / AIDS. 70 4.7 Alimentação A alimentação dos indivíduos soropositivos deve ser balanceada e saudável para manter os níveis de T - CD4 (células de defesa) de cada um, pois aumentam a resistência à doença e evitam o aparecimento dos sintomas e complicações da doença (BRASIL, 2006). Uma dieta saudável e balanceada, além de ser vital para a saúde e sobrevivência dos indivíduos, também pode melhorar a aderência ao tratamento medicamentoso (ALMEIDA; JAIME, 2006). A alimentação deve ser variada contemplando todos os macro e micronutrientes a fim de atender as necessidades do organismo (CUPPARI, 2005). Os micronutrientes fornecem diversos componentes que atuam na manutenção e recuperação do organismo. Na infecção pelo HIV foi constatado deficiências de micronutrientes, provavelmente pela ingestão deficitária, além dos problemas de má absorção e alterações no metabolismo. Encontramos dentre as deficiências de micronutrientes o zinco e o selênio (ANGELIS, 2006). O zinco é responsável pela manutenção da integridade estrutural das proteínas e pela regulação da informação genética, desenvolvendo papel essencial na composição e função de enzimas e hormônios. Fontes de zinco são encontradas em ostras, fígado, carne vermelha, gema de ovo, carne escura de aves, nozes, leguminosas, sementes, trigo (ANGELIS, 2006). O selênio em conjunto com a vitamina C e E atua como um eficiente antioxidante para o organismo. Fontes de selênio são encontradas em beterraba, espinafre, cenoura, tomate, brócolis, repolho, ovos e cereais (CUPPARI, 2005). A vitamina C também exerce papel importante nos indivíduos soropositivos, pois está envolvida na produção de anticorpos atuando no sistema imune. Também possui a função de produção do interferon, uma substância antiviral e anticâncer. A ação antioxidante da vitamina C atua na proteção ao dano oxidativo contra certos tipos de câncer, efeitos do envelhecimento, doença cardíaca entre outros problemas de saúde. Fontes de vitamina C são encontradas em laranja, limão, morango, kiwi, mamão papaia, acerola, pimentas vermelhas, brócolis e couve-de-bruxelas (ANGELIS, 2006). 71 4.8 Tratamento Dietoterápico Os indivíduos soropositivos sofrem diversas alterações metabólicas e de massa corpórea, tais como perda ponderal de 10% do peso corpóreo, febre constante, caracterizada como wasting syndrome – síndrome consumptiva. A desnutrição está associada à baixa ingestão de calorias e proteínas, elevação do metabolismo, episódios de diarréias, aparecimento de infecções oportunistas, fatores psicológicos, baixa ingestão de vitaminas, que são essenciais para melhora do sistema imunológico (CUPPARI, 2005). A intervenção nutricional deve seguir objetivos individualizados, de acordo com os problemas identificados, no qual incluem a redução dos efeitos colaterais e complicações associadas à doença e ao tratamento, auxiliar o paciente com informações sobre uma alimentação saudável e proporcionar a melhora da qualidade de vida (ALMEIDA; JAIME, 2006). O acompanhamento nutricional é essencial em todos os estágios da infecção pelo HIV/AIDS, na qual deve ser verificado o paciente como um todo, avaliando a história familiar e do paciente, exame físico, avaliação antropométrica, exames laboratoriais para que o profissional possa determinar os riscos e desenvolver metas nutricionais com o intuito de minimizar as deficiências nutricionais (CUPPARI, 2005). A dieta dos indivíduos soropositivos deve oferecer energia suficiente para manter as necessidades do organismo, pois o metabolismo passa a ficar mais acelerado em função do vírus que está presente. Recomenda-se de 25 a 30 Kcal/kg por dia para pacientes assintomáticos e, de 35 a 40 Kcal/kg por dia para pacientes sintomáticos, utilizando-se para o cálculo o peso atual (POLACOW et. al. 2004). Em muitos casos é necessário utilizar no tratamento nutricional suplementos que atinjam as necessidades calóricas, pois o aporte nutricional destes indivíduos encontra-se aumentado (PECKENPAUGH; POLEMAN, 1997). A ingestão de proteínas dos indivíduos soropositivos deve ser de 0,8 a 1g/kg de peso adequado ao dia ou de 1 a 1,2g/kg de peso adequado ao dia se houver a necessidade de ganho de peso, o que é mais freqüente nos indivíduos soropositivos. No caso dos lipídios, a dieta deve ser suplementada com triglicerídeos de cadeia média (TCM), também existem relações com o uso concomitante de óleos de peixe, 72 pois podem melhorar a função imune. Os carboidratos devem contribuir com 50 a 60% do valor energético total (POLACOW et. al. 2004). Conforme os valores de ingestão dietética de referência (DRIS) de minerais e vitaminas hidrossolúveis, a ingestão dietética recomendada (RDA) de zinco, para homens entre 19 e 70 anos, é de 11mg/dia, de selênio é de 55mg/dia e de vitamina C é de 90mg/dia. Para as mulheres entre 19 e 70 anos a recomendação de zinco é de 8mg/dia, de selênio é de 55mg/dia e de vitamina C é de 75mg/dia (CUPPARI, 2005). 5 TEMPO DE PERMANÊNCIA NO PROGRAMA O tempo de duração do paciente no programa será de 12 meses, salvo casos de carência física ou social muito grave, ou por tempo inferior em caso de denúncia (uso inadequado dos alimentos) ou alteração da situação socioeconômica. Só poderão participar do programa uma pessoa por família, (para dar chance a um maior número de famílias), mesmo que outros membros da composição familiar sejam soropositivos. 6 PASSOS PARA O ATENDIMENTO 1° Passo: Identificação dos pacientes em risco nutr icional e vulnerabilidade social, encaminhados pelo SAE para inserção no Programa; 2º Passo: Avaliação da situação socioeconômica e visita domiciliar, quando necessário será realizada pela Assistente Social da Unidade de Programas Especiais em Nutrição da Secretaria Municipal de Saúde de Canoas; 3º Passo: Avaliação do estado nutricional através do IMC, curva de Rosso, curvas da OMS 2007 preconizadas pelo Ministério da Saúde, para realização do diagnóstico nutricional; 73 4° Passo: Coleta dos dados e preenchimento do Siste ma de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) e Boletim de Produtividade (BPA) onde o paciente ou familiar assinam. 7 ACOMPANHAMENTO NO PROGRAMA O acompanhamento no Programa deverá ser mensalmente, no qual um mês será realizado avaliação nutricional e no mês seguinte uma atividade de educação nutricional ou temas diversos a serem abordados conforme a necessidade dos pacientes. Mensalmente o paciente irá receber uma cesta básica para complementação dos alimentos. Nos casos de comprometimento do estado nutricional tanto para baixo peso como para sobrepeso e obesidade o acompanhamento deverá ter uma proposta mais efetiva, em que com o consentimento do paciente sejam agendadas outras datas, podendo ser quinzenalmente para uma abordagem mais específica para a melhoria e recuperação do seu estado nutricional. O profissional deve fazer o uso de alternativas como: avaliação de questionário de frequência alimentar, recordatório 24h, diário alimentar, para que seja possível montar uma estratégia de ações específicas para melhoria da qualidade da alimentação e estado nutricional no baixo peso, devido à associação com doenças oportunistas que são características das pessoas que vivem com HIV / AIDS, e no sobrepeso e obesidade por causa da relação com lipodistrofia e as doenças cardiovasculares que estão sendo vinculadas aos indivíduos soropositivos e uso dos antiretrovirais. É importante utilizar estratégias na qual possa haver um envolvimento dos pacientes como palestras, oficinas, treinamentos. Existem dois documentos do Ministério da Saúde que podem ajudar no acompanhamento e tratamento nutricional às pessoas que vivem com HIV / AIDS, o Manual Clínico de Alimentação e Nutrição Na Assistência a Adultos Infectados pelo HIV e a cartilha de Alimentação e Nutrição para Pessoas que Vivem com HIV / AIDS. 74 8 CESTA BÁSICA DE COMPLEMENTAÇÃO DE ALIMENTOS Os alimentos serão fornecidos conforme a situação nutricional, socioeconômica e composição familiar do paciente. A tabela de alimentos para composição da cesta básica de complementação alimentar vão depender dos recursos financeiros e tipos de alimentos disponíveis no mês. 9 RECURSOS FINANCEIROS Os recursos financeiros para distribuição da cesta básica serão provenientes do SAE e Secretaria Municipal da Saúde de Canoas. 10 DADOS ANTROPOMÉTRICOS Os dados antropométricos a serem avaliados na avaliação nutricional serão os descritos abaixo. 10.1 Peso As nutricionistas devidamente treinadas devem realizar a medida de pesagem do paciente sem calçados e com roupas leves, descontando-se logo após. A balança a ser utilizada deve estar devidamente aferida. O paciente deve ser posicionado com os pés unidos no centro da balança, com o objetivo de manter uma correta distribuição do peso. 75 10.2 Estatura As nutricionistas devidamente treinadas devem realizar a medida de estatura através de antropometro, o paciente deve estar sem calçados e posicionado com os pés encostados na parede de forma ereta com a cabeça em posição horizontal. 10.3 Estado nutricional O estado nutricional dos pacientes deverá ser determinado pelo cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC). A definição do IMC é realizado pela razão entre a massa corporal (em kg) e o quadrado da estatura (em m²). O parâmetro utilizado para classificação do estado nutricional será a classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS) - 1998, conforme mostrado no quadro abaixo. IMC (Kg/m²) Classificação Igual ou abaixo de 18,4 Baixo peso 18,5 a 24,9 Eutrofia 25 a 29,9 Sobrepeso 30 a 34,9 Obesidade grau I 35 a 39,9 Obesidade grau II Igual ou acima de 40 Obesidade grau III QUADRO – Classificação do Índice de Massa Corpórea Fonte: Organização Mundial da Saúde (OMS), 1998. Em caso de avaliação de crianças será utilizado à classificação conforme as novas curvas da OMS 2007 preconizadas pelo Ministério da Saúde, e na avaliação de gestantes a classificação será através da curva de Rosso. 76 10.4 Métodos associados para avaliação e diagnóstico nutricional Circunferência da Cintura e Circunferência do Quadril para realização da razão cintura / quadril para verificar a associação com doenças cardiovasculares; Avaliação da pregas cutâneas para estimar a composição da gordura corporal. 11 DEZ PASSOS PARA UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL Foi elaborado pelo Ministério da Saúde, especialmente para as pessoas que vivem com HIV e AIDS os 10 passos para uma alimentação saudável, uma estratégia em busca de uma vida mais saudável. Recomendações visando contribuir para a melhoria de sua qualidade de vida. 1. A alimentação deve ser uma atividade prazerosa, procure desfrutar em companhia da família ou amigos, evitando fazer refeições sozinho. Procure evitar ao máximo o estresse, depressão, discussões e isolamento; 2. Você deve se alimentar em períodos regulares, várias vezes ao dia, mesmo que se encontre sem apetite. O ideal é fazer 3 refeições principais e 3 pequenos lanches nos intervalos, ao dia. Procure optar por uma alimentação saudável, variada e saborosa; 3. Consuma frutas, legumes e verduras todos os dias. Você deve preferir as que estejam em seu período de safra, pois preservam as vitaminas e minerais, e são mais baratas. Aproveite estes alimentos de maneira total, buscando o máximo aproveitamento das folhas, talos, cascas e sementes; 4. Procure incluir proteínas, animal ou vegetal, na sua alimentação, pelo menos uma vez ao dia, quatro vezes por semana. As proteínas são importantes na manutenção da sua saúde e são encontradas em carnes, ovos, peixe e proteína de soja; 77 5. Consuma fibras e alimentos integrais, pois são ricos em vitaminas do complexo B e minerais. Substitua as farinhas refinadas e arroz polido (brancas) por produtos integrais, pois preservam melhor os nutrientes. Assim como arroz e pães integrais, os grãos como feijões, grão de bico, frutas, verduras e legumes também são ótimas fontes de fibras; 6. Reduza o açúcar refinado na alimentação. Prefira usar mel ou melado de boa qualidade, quando se fizer necessário. Procure evitar refrigerantes e guloseimas em geral; 7. Reduza o sal. O ideal é usar ervas e temperos para realçar o sabor dos alimentos; 8. Evite usar gorduras animais. Prefira usar azeite ou óleo vegetal na preparação dos alimentos e para temperar saladas; 9. Beba pelo menos 2 litros de água por dia, evitando tomar líquidos nas refeições principais; 10. Procure não fazer uso de bebidas alcoólicas, fumo ou drogas de qualquer tipo, pois podem prejudicar a saúde como um todo. 78 REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, Marina D. M. de. et. al. Índice de massa corporal em pacientes coinfectados pela tuberculose - HIV em hospital de referência da cidade de Recife, Estado de Pernambuco, Brasil. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 18(2):153-160, abr-jun 2009. ALMEIDA, Laura B.; JAIME, Patrícia C. Aspectos atuais sobre nutrição e Aids na era da terapia antiretroviral de alta atividade. JBA, São Paulo, v. 7, n. 1, p.4-8, jan./fev. 2006. ANGELIS, Rebeca C. A importância dos alimentos vegetais na proteção da saúde: fisiologia da nutrição protetora e preventiva de enfermidades degenerativas. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2006. BRASIL. Ministério da Saúde. Alimentação e Nutrição para Pessoas que vivem com HIV e Aids, 2006. Disponível em: http://200.214.130.94/nutricao/publicacoes.php. Acesso em: agosto de 2008. BRASIL. Ministério da Saúde. Manual Clínico de Alimentação e Nutrição Na Assistência a Adultos Infectados pelo HIV, 2006. Disponível em: http://200.214.130.94/nutricao/publicacoes.php. Acesso em: agosto de 2008. BRASIL. 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