SERVIÇOS DE ENERGIA SERVIÇOS DE ENERGIA por FILIPA CARDOSO Portarias dos documentos tipo já estão a ser preparadas O caderno de encargos e o programa de procedimentos que vão regular os contratos de desempenho energético entre as ESE e o Estado estão concluídos e as respectivas portarias estão a ser ultimadas. Será desta que o Eco.AP vai realmente começar a mexer com o mercado? O s documentos tipo do Caderno de Encargos e Programa de Procedimentos relativos ao programa Eco.AP já estão “completos, depois de integradas muitas das sugestões resultantes da consulta pública, com as conversas ministeriais a avançar a bom ritmo”, de forma a publicar a versão final dos documentos”, revelou a ADENE à Climatização. A Agência para a Energia não deu, porém, qualquer previsão de data para a publicação dos mesmos, adiantando apenas que “estão a ser neste momento preparadas as respectivas portarias entre o Ministério da Economia e Emprego e Ministério das Finanças”. A ADENE reafirmou também a intenção de lançar, durante 2012, os procedimentos relativos a instalações que representem um consumo de cerca de 20GWh. “Já várias entidades da Administração Pública Central e Local manifestaram interesse em serem precursoras desta iniciativa”, adianta a Agência para a Energia. O Caderno de Encargos e Programa de Procedimentos vão regular as relações entre o Estado e as empresas de serviços de energia (ESE), no sentido de estes estabelecerem um contrato de desempenho energético para melhorar a eficiência energética de edifícios do Estado. As propostas do Governo para os documentos estiveram em consulta pública durante os meses de Março e Abril e foram alvo de várias recomendações por parte dos players do mercado. Entre as principais reclamações da Associação Portuguesa de Empresas de Serviços de Energia, APESE, estava a necessidade de um modelo contratual “equilibrado entre as partes”, no que se refere aos direitos e obrigações exigidos. Poupanças mínimas e formas de cálculo da remuneração do investimento, certificação energética e qualidade ao ar interior, manutenção, técnicos responsáveis e posse dos equipamentos foram algumas das questões que levantaram maiores divergências. O Programa Eco.AP visa promover a eficiência energética na Administração Pública e tem como objectivo permitir ao Estado a redução da factura energética em 30% até 2020, nos respectivos serviços e organismos públicos, com a consequente redução de emissões de CO2. “O programa Eco.AP reveste-se de uma importância cada vez mais crescente para o cumprimento das metas relacionadas com a eficiência energética, nomeadamente para as Grandes Opções do Plano para 24 2012-2015 definidas pelo XIX Governo Constitucional e aprovadas pela Lei n.º 64-A/2011, de 30 de Dezembro, no quadro da 5.ª Opção ‘O Desafio do Futuro - Medidas sectoriais prioritárias’, através da iniciativa de melhorar substancialmente a eficiência energética do país (redução em 25 % do consumo até 2020), com o Estado como primeiro exemplo (redução de 30 % do consumo até 2020), combatendo os desperdícios, contribuindo para a melhoria da balança de pagamentos e para um mais cabal cumprimento dos objectivos de sustentabilidade”, refere a ADENE. Neste contexto, as economias energéticas serão potenciadas por contratos a realizar entre o Estado e as Empresas de Serviços Energéticos, previstos no Plano Nacional de Acção para a Eficiência Energética (PNAEE). O programa prevê ainda a criação de um Barómetro de Eficiência Energética para os edifícios do Estado, cuja fase piloto foi já apresentada pela ADENE. Fundo Eficiência Energética promove ESE Enquanto aguarda desenvolvimentos no programa Eco.AP, o mercado das empresas de serviços de energia recebeu a notícia do lançamento dos avisos “Prédio Eficiente” e “Certificação Energética no Estado”, no âmbito do Fundo de Eficiência Energética (ver pág. 56). Também no início de Julho, foi aprovado e publicado o Regulamento do Sistema de Qualificação de Empresas de Serviços Energéticos. Foi “o principal facto que provocou o arranque do programa Eco.AP”, indica Miguel Matias, director-geral da Self Energy e presidente da APESE, só faltando agora que apareçam “os concursos com os primeiros edifícios públicos e que o Fundo de Eficiência Energética ou outras linhas de crédito sejam criadas para as ESE poderem financiar os projectos e implementar as poupanças”. O concurso para o aviso “Certificação Energética no Estado”, ligado ao programa Eco.AP, ainda não avançou, mas para o “Prédio Eficiente” as candidaturas decorrem até ao final de Setembro. Uma das condições do concurso é que as ESE sejam utilizadas como intermediárias, ou seja, quem se queira candidatar apenas pode fazê-lo através de ESE. O objectivo é apoiar a implementação de sistemas solares térmicos e de janelas eficientes para edifícios com certificado energético, no qual essas medidas constem como 25 NOVO SERVIÇOS DE ENERGIA oportunidades de melhoria. Para Miguel Matias, esta é uma medida “simbólica e infelizmente de pouco relevo, pois a comparticipação de 1.500 euros por prédio é efectivamente reduzida para se poder actuar em prédios com mais inquilinos, aplicando-se o mesmo às janelas eficientes”. Para além disso, “subsídios a fundo perdido a tecnologias específicas poderão distorcer a concorrência entre tecnologias e que é sempre arriscado ser efectuada pelo Estado”, considera. Para o empresário, era preferível uma medida que tivesse em conta o número total de fogos beneficiados e cuja dotação dependesse disso, ou a abertura de linhas de crédito para projectos de ESE com cobertura de risco aos bancos dada pelo FEE. “Devemos, no entanto, ter em atenção que os projectos devem valer por si mesmos, sem necessidade de subsídios a fundo perdido, e que este apoio será apenas um incentivo adicional para acelerar decisões de investimento e poupança já amadurecidas”, alerta. Apesar disso, a medida não deixa de ser um sinal positivo para o mercado, em particular por causa do papel de intermediação que está a ser atribuído às ESE, servindo como exemplo das potencialidades destas empresas para a sociedade. Jorge Araújo, da Smartwatt, acredita que há aqui “boas intenções”, sendo uma medida “útil” para o mercado residencial e “importante para o mercado das ESE e para a comunidade em geral”. No entanto, o profissional teme que esta não se concretize, “pois os prazos e o timing do aviso são realmente muito infelizes. Trabalhar com condomínios normalmente demora tempo, as reuniões em tempo de férias são difíceis de se conseguir e portanto será muito difícil montar operações viáveis até ao final do mês de Setembro”, explica. Já no que respeita ao aviso para a “Certificação Energética do Estado”, este pretende apoiar investimentos que visem a execução de estudos prévios, análises técnicas e a criação de ferramentas e metodologias de análise conducentes à certificação energética dos edifícios e sistemas integrantes do Eco.AP ou, complementarmente, auditorias que possibilitem a identificação de baselines de consumos de energia. “Este aviso ajudará a preparar os estudos dos edifícios e a completar as matérias que farão parte dos cadernos de encargos e do próprio contrato tipo de performance a propor às ESE”, antevê Miguel Matias. Sistema de qualificação das ESE aprovado A Secretaria de Estado da Energia aprovou, a 3 de Julho, o Regulamento do Sistema de Qualificação de Empresas de Serviços Energéticos (SQESE) interessadas em participar no programa Eco.AP, que visa a eficiência energética dos edifícios da Administração Pública. O documento estabelece que as ESE são qualificadas em dois níveis, 1 e 2, sendo que o primeiro dará acesso a projectos de edifícios ou equipamentos com um consumo anual de energia, individual ou conjunto, inferior ou igual a 3GWh. Já o nível 2 vai corresponder a consumos superiores a 3GWh. Para cada um desses níveis, as ESE devem preencher requisitos mínimos de capacidade técnica e de capacidade financeira. Desta forma, para o nível 1, as empresas devem dispor de dois peritos qualificados (um deles obrigatoriamente RSECE - Energia; e com duas das seguintes valências: RCCTE, RSECE - Energia e RSECE - Qualidade do Ar Interior) e um técnico com experiência na realização de auditorias energéticas. Para a classificação no nível 2, são necessários pelo menos dois peritos qualificados, cujas competências abranjam o exigido para o nível 1 e também as valências de “a) técnico habilitado como Certified Measurement and Verification Professional (CMVP), no âmbito do International Performance Measurementand Verification Protocol (IPMVP); c) um técnico reconhecido no âmbito do SGCIE; e d) um engenheiro ou engenheiro técnico, civil, mecânico ou electrotécnico, reconhecido pela Ordem dos Engenheiros ou pela Ordem dos Engenheiros Técnicos, com experiência na prestação de serviços de eficiência energética”. Em termos de requisitos de capacidade financeira, é exigido, para o nível 1, um volume de negócios igual ou superior a 250.000 euros, com autonomia financeira superior a 15%, e para o nível 2, um volume de negócios superior a 1,5 milhões de euros e autonomia financeira superior a 20%. O Regulamento permite ainda que as ESE se agrupem de forma a preencher os respectivos requisitos para os níveis dos projectos a concurso. Feitos os pedidos de qualificação, a Direcção Geral de Energia e Geologia deve pronunciar-se num prazo de 30 dias úteis. 26 “É importante que o Estado não gaste demasiado tempo e recursos em estudos infindáveis que poderão ter de ser refeitos com potencial duplicação de custos. Sabemos que já existem estudos suficientes para o lançamento de vários edifícios em concurso, tanto ao nível central, como ao nível local, onde as agências de energia têm tido um papel relevante neste levantamento. Será mais avisado que se criem regras e procedimentos claros e um formato independente de avaliação das propostas e estudos preparados pelas ESE”, recomenda. Para Jorge Araújo, esta á uma iniciativa boa, pois reduzirá o custo do serviço e vai optimizar os contratos de desempenho energético no programa. No entanto, o empresário opõe-se “totalmente” à inclusão da certificação energética no Eco.AP, “pois sendo uma obrigação legal, o Estado deveria ser o primeiro a dar o exemplo e, portanto, não deveriam de ser as ESE e a poupança gerada na eficiência energética a pagar o certificado, até porque o trabalho técnico de base não será o mesmo para ambos os serviços”. Projectos privados param Entretanto, o mercado no sector privado parou, dizem os empresários. “O mercado actualmente esta em declínio, particularmente na área dos grandes edifícios de serviços, como hotéis por exemplo. A indústria está a procurar ser mais eficiente de um modo geral, mas a dificuldade de acesso a crédito limita muito o investimento em eficiência energética”, considera Jorge Araújo. Para Miguel Matias, contribuíram também a dúvida sobre a continuação das medidas de apoio à micro-geração e mini-geração, o que, “aliado à falta de liquidez dos bancos, afastou qualquer capacidade de investimento de particulares e empresas nestes projectos”, e o sucessivo adiamento do arranque do Eco.AP, que “fez com que muitas empresas desistissem, fechassem portas e procurassem outros mercados para se estabelecer”. Como tal, o empresário dá o exemplo da Self Energy, que está presente nos mercados britânico, espanhol e moçambicano, e que, por isso, conseguiu crescer em 2011, “ao contrário do que aconteceu infelizmente em Portugal”. Não obstante isso, as expectativas das empresas no Eco.AP mantém-se: “a minha perspectiva para o segundo semestre será que a de que o Eco.AP arranque e que possa servir de alavanca para o mercado das ESE, designadamente para o sector privado e muito em particular para a área financeira. Este programa poderá ser facilitador para o desenvolvimento de produtos financeiros específicos para esta área de negócio”, espera Jorge Araújo. “Continuamos a acreditar que é possível poupar um milhão por semana no Estado, como estava previsto no PNAEE”, diz Miguel Matias, “sendo muito importante que as condições de acesso ao crédito sejam concedidas às ESE”. Analisadores de gases de combustão KIGAZ A KIMO desenvolveu uma nova geração de analisadores de combustão. • 4diferentesfamíliasKIGAZ150,100,200e300,possibilitando7configuraçõesstandard. • GrandemostradorTFTde3,5”colorido. • Menudefácilutilização,muitointuitivoepersonalizávelpeloutilizador. • 15 combustíveis pré-programados, podendo ser reconfiguráveispeloutilizador. • Analisadores simples ou evolutivos até 4 células intercambiáveis.Diminuiçãodotempodeparagemdo KIGAZ pois as células são substituídas pelo próprio técnico. 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