Blog: Anseios de uma Alma
Janeiro 2011
«A multidão dos que haviam abraçado a fé tinha
um só coração e uma só alma. Ninguém chamava
seu ao que lhe pertencia, mas entre eles tudo era
comum»
(Act 4, 32)
Esta Palavra apresenta um daqueles quadros literários (ver também 2, 42; 5, 12-16),
nos quais o autor dos Actos dos Apóstolos nos faz conhecer, em linhas gerais, a primeira
comunidade cristã de Jerusalém. Esta era caracterizada por uma extraordinária frescura e
dinamismo espiritual, pela oração e pelo testemunho, mas, sobretudo, por uma grande
unidade: o sinal que Jesus indicara como distintivo inconfundível e fonte da fecundidade da
sua Igreja.
O Espírito Santo era concedido no Baptismo a todos os que recebiam a Palavra de
Jesus. Sendo espírito de amor e de unidade, fazia de todos os crentes uma coisa só com o
Ressuscitado e entre eles, ultrapassando todas as diferenças de raças, de culturas e de classes
sociais.
«A multidão dos que haviam abraçado a fé tinha um só
coração e uma só alma. Ninguém chamava seu ao que
lhe pertencia, mas entre eles tudo era comum».
Mas vejamos mais detalhadamente os aspectos desta unidade.
Em primeiro lugar, o Espírito Santo realizava entre os crentes a unidade dos corações e
do pensamento, ajudando-os a vencer todos os sentimentos que a dificultam, na dinâmica da
comunhão fraterna.
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Janeiro 2011
De facto, o maior obstáculo à unidade é o nosso individualismo e o apego às nossas
ideias, aos pontos de vista e gostos pessoais. É com o nosso egoísmo que se constroem as
barreiras com que nos isolamos e excluímos aqueles que são diferentes de nós.
«A multidão dos que haviam abraçado a fé tinha um só
coração e uma só alma. Ninguém chamava seu ao que
lhe pertencia, mas entre eles tudo era comum».
Além disso, a unidade realizada pelo Espírito Santo reflectia-se necessariamente na
vida dos crentes. A unidade de pensamento e de coração encarnava-se e exprimia-se numa
solidariedade concreta, mediante a partilha dos próprios bens com os irmãos e as irmãs que
passavam necessidades. Justamente porque era autêntica, não tolerava que na comunidade
alguns vivessem na abundância, enquanto faltava o necessário a outros.
«A multidão dos que haviam abraçado a fé tinha um só
coração e uma só alma. Ninguém chamava seu ao que
lhe pertencia, mas entre eles tudo era comum».
Como podemos viver a Palavra de Vida deste mês? Ela sublinha a comunhão e a
unidade, tão recomendadas por Jesus. Para as podermos realizar, Ele deu-nos o seu Espírito.
Se ouvirmos a voz do Espírito Santo, procuraremos, portanto, crescer nesta comunhão
a todos os níveis. Antes de mais, a nível espiritual, vencendo as sementes de divisão que
trazemos dentro de nós. Seria, por exemplo, um contra-senso querermos estar unidos a Jesus
e, ao mesmo tempo, estarmos divididos entre nós, comportando-nos de uma forma
individualista, indo cada um por sua conta, julgando-nos ou até excluindo-nos uns aos outros.
É preciso, portanto, uma renovada conversão a Deus que nos quer unidos.
Por outro lado, esta Palavra ajudar-nos-á a compreender cada vez melhor a
contradição que existe entre a fé cristã e o uso egoístico dos bens materiais. Ajudar-nos-á a
realizar uma verdadeira solidariedade com todos aqueles que passam necessidades, embora
dentro das nossas possibilidades.
Além disso, sendo este o mês em que se celebra a Semana de Oração pela Unidade dos
Cristãos, esta Palavra impulsionar-nos-á a rezar e a reforçar os nossos laços de unidade, de
amor e de comunhão com os nossos irmãos e irmãs pertencentes às várias Igrejas, com quem
temos em comum a única fé e o único espírito de Cristo, recebido no Baptismo.
Chiara Lubich
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