COMENTÁRIO UFPR 2ª FASE - HISTÓRIA GERAL - SERGIÃO 01 - O trecho abaixo foi escrito por Suetônio, biógrafo dos primeiros imperadores romanos, nascido no final do século I d.C. Trata-se do registro de algumas reformas feitas por Júlio César, logo após este ter assumido o poder. A partir da leitura do texto, analise as principais mudanças na vida dos romanos no contexto do final da República e início do Império romano. “Distribuiu oitenta mil cidadãos em colônias transmarinas. Para garantir que a cidade de Roma não ficasse despovoada, proibiu a todo cidadão de mais de vinte e menos de sessenta anos, à exceção dos que servissem no exército, ficar mais de três anos fora da Itália. Proibiu os filhos de senadores de se ausentarem a não ser que estivessem acompanhados de um comandante militar ou magistrado. Obrigou que os pastores tivessem, ao menos, um terço dos criadores púberes livres de nascimento. Aos médicos e profissionais liberais atuantes em Roma conferiu a cidadania, a fim de fixá-los aí e atrair outros profissionais”. (Suetônio, A vida dos doze césares, Vida de Júlio César, 42.) COMENTÁRIO: Ótima questão que exigiu do Vestibulando o entendimento do período de transição da república para o Império Romano. Neste período houve a transferência do poder das tradicionais famílias patrícias para uma nova classe, denominada de “homens novos” ou “cavaleiros eqestres” que passou a concentrar em suas mãos grandes extensões de terras e elevado número de escravos. Sua grande fonte de riqueza provinha das regiões conquistadas, assim sendo, era necessário manter e fixar o patrício conquistado nas terras, explorando e simultaneamente, contendo as possíveis investidas dos povos bárbaros, visto que os romanos se consideravam superiores a eles. 02 - Entre os séculos V e VI, as monarquias romano-germânicas foram se consolidando como entidades políticas independentes nos territórios do extinto Império Romano do Ocidente. Cite alguns exemplos dessas monarquias, apontando as principais características que as vinculam, em termos ideológicos e culturais, à tradição baixo-imperial romana. COMENTÁRIO: O século V marca a grande invasão bárbara ao Império Romano do Ocidente. Os grupos mais importantes foram os Germânicos (visigodos, ostrogodos, vândalos e francos) que onde invadiam, fundavam um reino, com seus hábitos, costumes e tradições políticas, sociais e jurídicas. Devido ao contato com os romanos, as instituições bárbaras se modificaram por se fundir com as latinas; acabaram por se converter ao Cristianismo, houve a centralização do poder político e o relacionamento de fidelidade que provinham do sistema de Colonato Romano. Boa questão, contemplando o entendimento do candidato desde a crise do escravismo até as grandes invasões ao Império Romano e suas transformações. 03 - O século XVIII é considerado o século das revoluções burguesas, assim como foi também um período de grandes convulsões populares, rurais e urbanas. Para o historiador George Rudé, apesar da prosperidade econômica que França e Inglaterra viviam, “o motim da fome continuava sendo a expressão constante e típica do descontentamento popular”, tanto no campo como na cidade (Rudé, G. A multidão na história. Rio de Janeiro: Campus, 1991, p. 22). Comente as causas da fome na Europa do século XVIII, apesar da prosperidade. COMENTÁRIO: O século XVIII, foi marcado por um momento de transição na História da Humanidade que sepultava o modo de produção feudal e tornava vitorioso o modo de produção capitalista. A nobreza agrária agonizava e simultaneamente o próprio capitalismo transformou-se de comercial para industrial; tudo isso contribuiu decisivamente para as duas grandes revoluções (Francesa e Industrial) que marcaram a passagem para o século XIX e por conseqüência produziram a fome a que o texto se refere, mesmo ocorrendo uma grande prosperidade no que se refere a produção da riqueza. Vale lembrar também que houve na Europa, principalmente na França, uma grande variação climática nesse período que afetou drasticamente as atividades agrícolas, contribuindo para o advento da fome e da própria revolução. Boa questão, exigindo do aluno conhecimento, raciocínio e entendimento dos períodos de transição histórica. 04 - A política do Estado de Bem-estar (Welfare State) predominou nos países da Europa Central no pós-Segunda Guerra. Desenvolva um texto analisando as principais características dessa política. COMENTÁRIO: Possivelmente, foi a questão que deve ter trazidos um pouco mais de dificuldades para o vestibulando pelo fato do tema não ser tão explorado em aulas normais. A política do estado de Bem-Estar, marcou o declínio do liberalismo econômico sobre o político, onde o estado deveria fazer uma intervenção mais direta na economia, devido às conseqüências desastrosas da Crise de 1929 para o mundo capitalista e o grande sucesso dos planos Qüinqüenais do ditador soviético Stalin que transformou seu país numa super potência mundial. Com receio do avanço das idéias socialistas, os países capitalistas investiram no Estado Interventor para garantir melhores condições de vida aos trabalhadores, evitando assim simpatias por outros regimes. 05 - Os impactos políticos e sociais do envolvimento dos Estados Unidos na guerra do Vietnã são contemporâneos à luta pelos direitos dos negros nesse país. Analise as possíveis correlações entre esses fenômenos. COMENTÁRIO: Interessante questão envolvendo a Guerra do Vietnã e a luta pelos direitos dos negros nos Estados Unidos. Ao término da 2ª Guerra Mundial, o mundo da época se viu envolvido em um novo conflito de palavras e ameaças entre EUA e URSS, denominado de Guerra Fria. Este período é marcado pela descolonização da África e a Ásia principalmente, e por uma crescente luta pelos direitos das minorias oprimidas. Após a Independência da Península da Indochina do domínio francês (1954) iniciou-se a propalada Guerra do Vietnã com a crescente participação militar norte-americana em apoio ao Vietnã do Sul, a partir de 1965 até 1973. Nessa conjuntura, cresceram consideravelmente as manifestações pelos direitos convocados e morriam estando no sudeste asiático, por um país que não os considerava como iguais. Como exemplo destas lutas, destacamos a brilhante atuação de Martin Luther King, Malcolm X e os Panteras Negras. 06 - Segundo Eric Hobsbawm, Gorbachev lançou uma campanha para transformar o socialismo soviético baseado em dois slogans: a perestroika, que pautava a reestruturação da economia e da política, e a glasnost, que representava a luta por liberdade de formação. Com base nessa afirmação, discorra sobre o colapso da URSS. COMENTÁRIO: Excelente questão sobre a desintegração da União Soviética, extremamente estudada e trabalhada pelos professores de História e Geopolítica. Desde os anos 1960, a URSS já vinha apresentando dificuldades devido a estatização da economia rigidamente planificada, sem concorrência e sem grandes inovações, o que dificultava o maior desenvolvimento interno e externo. No final dos anos 1970, os soviéticos enfrentaram uma grave crise agrícola que os obrigou a importarem alimentos, contribuindo para onerar os cofres públicos. O Crescimento da corrida armamentista com os EUA (presidente Ronald Reagan) agrava ainda mais a já precárias situação econômica que teve de deslocar recursos financeiros de outras áreas de produção para a indústria bélica. As massas populares sentem os efeitos e surgiram protestos contra a cúpula dirigente do partido comunista, acusado de ser “velho”, “doente” e “ultrapassados”. Com a subida ao poder de Mikail Gorbatchev e o início de uma grande companhade transformação do socialismo soviético baseado na Glasnost e Perestroika, houve a partir de 1988 um considerável agravamento da crise que acabou definitivamente com a URSS em meados dos anos 1990. 07 - Ao analisar a crise de 2008 o prêmio Nobel de economia, Paul Krugman, refere-se à explosão da “bolha habitacional” norteamericana, que teria provocado um colapso no sistema bancário e nas empresas em quase todo o mundo. Com base nessa afirmativa, que comparações podem ser feitas entre a crise de 1929 e a de 2008? COMENTÁRIO: Excelente questão comparativa entre a crise de 1929 e de 2008 nos Estados Unidos. Este assunto já era esperado, pois foi amplamente debatido e comentado não somente em salas de aula como por toda imprensa mundial. O primeiro fator que deve ser apontado é a especulação que se fez presente em ambos os casos, em 1929, além de superprodução agrícola e industrial sem o devido mercado consumidor para absorvê-la, houve uma violenta especulação na Bolsa de Valores de Nova York que levou a sua queda, ocasionando a “quebradeira” de bancos e falências generalizadas. Tudo isso com a conveniência do governo liberal do presidente Hoover que não via necessidade de intervenção governamental, achando que a economia se “arrumava por si mesma”. Em 2008, a concessão exagerada de créditos bancários sem as devidas garantias de pagamento, visando o financiamento de imóveis para os cidadãos de baixa renda, ocasionou uma verdadeira corrida aos bancos. O que acabou ocorrendo foi um colapso e uma crise de liquidez para os bancos onde muitos deles acabaram falindo. O governo norte-americano se viu obrigado a prestar socorro financeiro às instituições de crédito para evitar um “mal maior”. No caso do Brasil parafraseando as palavras do então presidente Lula: “A crise não passou de uma marolinha”.