UMA ANÁLISE ACERCA DAS CONCEPÇÕES DE TECNOLOGIA APRESENTADAS POR PROFESSORAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL E SÉRIES INICIAIS OLIVEIRA, Diene Eire de Mello Bortotti de [email protected] Eixo Temático: Didática: Comunicação e Tecnologia Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo Convivemos com TIC cotidianamente, sem que elas tenham alterado profundamente as nossas salas de aula. Existe ainda um descompasso entre as mudanças ocorridas nos vários âmbitos da sociedade e da escola. Faz-se necessário compreender como os professores percebem a Tecnologia. O presente estudo teve como objetivo de identificar a concepção de tecnologia dos professores e qual a atitude inicial acerca das “tecnologias” como componente na sua formação como pedagogos. O levantamento foi realizado no primeiro dia de aula,(segundo semestre de 2010), antes da apresentação do programa, objetivos e conteúdos a serem trabalhados, no sentido de diagnosticar os conceitos presentes. O grupo em questão era composto por 34 alunos/professores do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Para tal levantamento utilizou-se um único instrumento contendo duas questões abertas. Os dados coletados demonstraram que a maioria dos alunos/professores possui (50%), se apresentam na categoria 2 - ou seja, uma visão ainda “confusa” e discordante da literatura acerca do conceito de tecnologia. As respostas enfatizaram a tecnologia apenas a objetos e artefatos tecnológicos da comunicação, restringindo-se apenas aos computadores e internet. A categoria 1 - que compõem respostas em conformidade com a literatura, sendo, portanto uma visão mais ampla do conceito teve a adesão de 14 alunos/professores (41,2%). A categoria 3 - que compõem respostas de difícil análise, pois não apresentaram conceitos, mas juízo de valor acerca do objeto, foram apresentadas por apenas 3 alunos (8,8%) da amostra.As análises indicam também a importância de considerar as necessidades formativas dos professores, que apesar do pouco conhecimento sobre as TIC se apresentam abertos às novas aprendizagens. Palavras-chave: Tecnologia. Concepção. Professores 7646 Introdução O impacto das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) na sociedade atual é visível em quase todos os aspectos da vida humana, que vão desde mudanças no mundo trabalho, como em novas formas de interação e relação entre os homens. A escola não escapa à tendência corrente de mudanças que sofrem todas as organizações. Entretanto, no caso da escola, a incorporação de tecnologias se dá de maneira menos rápida e menos intensa que em outros espaços, como o setor produtivo. A escola é solicitada a formar o homem, o cidadão, o trabalhador e, necessariamente, novos desafios lhe são colocados. Desta forma, é possível afirmar que existe ainda um descompasso entre o vivido nas várias instâncias da sociedade e o que ocorre na escola. O setor produtivo acata as novas ferramentas tecnológicas, como sinônimos de crescimento, desenvolvimento e progresso, enquanto na educação, as barreiras para utilização das TIC vão desde a instrumentalização técnica dos profissionais, aos custos da implantação das tecnologias, bem como às questões culturais. Para Biancheti (2001), as TIC bem como os dados e informações que possibilitam o seu armazenamento e veiculação, representam poderosos meios para a produção do conhecimento, desvelamento da realidade, facultanto ao homem nela interferir conscientemente. Se a quantidade e qualidade pudesse ser entremescladas, passaria a ser possível pensar em uma sociedade em que a esfera pública e o interesse coletivo ganhem primazia sobre os interesses privados, unilaterais de uma classe ou de um bloco de países. Enquanto isso não se efetivar, a chamada sociedade do conhecimento não passará de um simulacro ou de um eufemismo para mascarar a contradição de um lugar e de um tempo da história. Também para Cool e Moreneo (2010, p. 20) estamos na sociedade da informação: Graças a interligação entre diferentes computadores digitais e à internet chegamos, assim, Strictu sensu, à Sociedade da Informação, que poderíamos definir como um novo estágio de desenvolvimento das sociedades humanas, caracterizado, do ponto de vista das TIC, pela capacidade de seus membros para obter e compartilhar qualquer quantidade de informação de maneira praticamente instantânea, a partir de qualquer lugar e na forma preferida, e com um custo muito baixo. 7647 Na opinião de Ramal (2002), a cultura polifônica que começa a se instaurar em nosso tempo, não apenas pode constituir um questionamento decisivo para a sala de aula monológica, como também favorecer o papel da memória, abolindo pensamento linear, substituindo a página sequencial pela navegação em múltiplas dimensões, animando uma transgressão de fronteiras curriculares a partir das conexões entre os saberes, a Internet e, em especial, o hipertexto contemporâneo, com seu mundo de cultura, vozes, sites e personagens. Convivemos com TIC cotidianamente, sem que elas tenham alterado profundamente as nossas salas de aula. Para Sancho (2006), a principal dificuldade para transformar os contextos de ensino com a incorporação das tecnologias diversificadas de informação e comunicação parece encontrar-se no fato de que a tipologia de ensino dominante na escola é a centrada no professor. Ao mesmo tempo em que as tecnologias avançam para todos os aspectos da vida humana, estamos vivendo um tempo de crise de paradigmas. O velho já não nos satisfaz, porém não sabemos ainda lidar com o novo. Velho, não no sentido preconceituoso da palavra, mas que corresponde a um modo de fazer ciência e educação que já não oferece respostas eficientes no momento vivido. Com base na problemática citada, alguns questionamentos são recorrentes: Qual a concepção de tecnologia dos professores?Qual a atitude inicial acerca das “tecnologias” como componente curricular na sua formação enquanto pedagogo?O presente estudo pretende responder a tais indagações não de forma exaustiva, mas no sentido de problematizar e refletir o que pensam esses professores a fim levantar subsídios que possam ser úteis na formulação de programas de formação de professores para o uso das TIC. Muitos autores apontam a necessidade de formação do professor para lidar com as mídias como fator fundamental no processo de construção da aprendizagem no atual momento histórico. Para Cool e Monereo (2010), o impacto das TIC na educação, é um aspecto particular de um fenômeno muito mais amplo, relacionado com o papel das tecnologias na sociedade atual. Rivoltella (2007) ao discorrer sobre a escola italiana aponta similaridade com a relaidade brasileira, ao apontar que s professores não estão preparados para lidar com as diversas mídias. Os cursos de formação não abrem espaço para esta discussão e conseqüentemente não preparam os profissionais para esta realidade. Ele aponta ainda, que 7648 muitos professores ainda acreditam que mídia-educação se resume apenas na utilização dos aparelhos na sala de aula. É difícil convencê-los de que a mídia deve ser parte do processo, deve estar articulada com o cotidiano dos alunos e que deve ser, inclusive, objeto de estudo. De acordo com Rodriguez (2005), uma nova abordagem para a educação está a nos desafiar no sentido da construção de novos ambientes de ensino e aprendizagem. No entanto, estamos atônitos com a enxurrada de informações, mas presos aos modelos nos quais fomos formados. Estamos convivendo com modos de vida e hábitos diferentes daqueles nos quais fomos educados. Para Pino (2000), a entrada das novas tecnologias na escola não elimina as questões de fundo, as quais dizem respeito às diferentes concepções da natureza do conhecimento e dos processos da sua aquisição. Trata-se de um velho problema epistemológico mal ou nunca resolvido e que continua a operar por meio de práticas pedagógicas que traduzem certos modos de ensino escolar. Diferentes concepções do conhecimento determinam diferentes concepções da aprendizagem que, por sua vez, determinam formas diferentes de ensinar e tipos diferentes de relação pedagógica. Para a autora, apesar das mudanças ocorridas nas práticas pedagógicas em épocas mais recentes, não seria exagerado afirmar que ainda prevalece em grande escala, no meio escolar, a ideia de que o ensino é fundamentalmente um ato de transmissão de conhecimento. Corroborando as ideias de Pino, vemos que o problema continua o mesmo: o de natureza epistemológica, ou seja, continuamos a nos questionar sobre como se dá o conhecimento. Assim não são as tecnologias sinônimo de problemas ou soluções; elas apenas clarificam os problemas, diante dos quais poderíamos ficar inertes por uma infinidade de anos. Método e Procedimentos Com base no quadro acima, o presente estudo buscou compreender o que pensam professores Educação Infantil e das Séries Iniciais acerca das tecnologias, quais são as concepções presentes. O levantamento em questão buscou ainda verificar a visão dos mesmos acerca da disciplina de Educação e Tecnologia no Curso de Pedagogia. A disciplina é parte integrante do projeto pedagógico do curso de curso ofertado pela Universidade Estadual de Londrina na primeira série com carga horária de 60 horas. O levantamento foi realizado no primeiro dia de aula,(segundo semestre de 2010), antes da apresentação do programa, objetivos e conteúdos a serem trabalhados, no sentido de 7649 diagnosticar a concepção dos mesmos. O grupo em questão era composto por 34 alunos/professores (todos do sexo feminino) do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Todas eram professoras da rede pública municipal de diversos municípios da região de Londrina – Pr. O curso era ofertado por meio doPlano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor). O Plano foi lançado em maio de 2009 com a pretensão formar 330 mil professores que já atuam na Educação Básica sem licenciatura, por meio da articulação entre o Ministério da Educação, instituições de ensino superior e secretarias estaduais e municipais de educação. Para tal levantamento utilizou-se um único instrumento contendo duas questões abertas: O que você entende por Tecnologia? Por que estudar e Educação e Tecnologia no curso de Pedagogia? Os dados foram tabulados e analisados buscando agrupar respostas a partir de três categorias: 1) respostas em conformidade com a literatura. 2) respostas discordantes com a literatura. 3) respostas de difícil análise, que não apresentam clareza de ideias. Desenvolvimento Os dados coletados apresentaram os seguintes resultados a partir das categorias elencadas acima: Tabela 1 – Respostas dos alunos/professores CATEGORIAS TIPOS DE RESPOSTAS NÚMERO Categoria 1 - respostas em conformidade com a literatura. “Tecnologias são aplicações dos conhecimentos em problemas do cotidiano.” 14 Categoria 2 - respostas discordantes com a literatura “Tecnologias são computadores e internet.” 17 Categoria 3 - respostas de difícil análise “Tecnologias são boas para as nossas vidas.” 03 Fonte: Dados organizados pela própria autora Ao analisar os dados acima se pode afirmar que a maioria dos alunos/professores possui (50%) uma visão ainda “confusa” e discordante da literatura acerca do conceito de tecnologia. As respostas enfatizaram a tecnologia apenas a objetos e artefatos tecnológicos da comunicação, restringindo-se apenas aos computadores e internet. A categoria 1 - que 7650 compõem respostas em conformidade com a literatura, sendo, portanto uma visão mais ampla do conceito teve a adesão de 14 alunos/professores (41,2%). A categoria 3 - que compõem respostas de difícil análise, pois não apresentam conceito, mas juízo de valor acerca do objeto foram apresentadas por apenas 3 alunos (8,8%) da amostra. De acordo Sancho (1998) as tecnologias não se restringem a máquinas e equipamentos, e sugere classificações como: tecnologias instrumentais, (livro, quadro de giz, caneta, etc.); as tecnologias organizadoras (gestão e controle da aprendizagem, disciplina, etc.) e as tecnologias simbólicas que medeiam a comunicação (linguagem, representações icônicas, o próprio conteúdo do currículo). Desta forma, as tecnologias vão para além dos objetos e ferramentas construídos pelo homem, pois implicam também no conhecimento desenvolvido, não sendo apenas objetos físicos e materiais, mas implicam também em formas de organização e conhecimentos produzidos pela humanidade com o intuito de organizar e resolver problemas do cotidiano. Na atual sociedade convencionou-se denominar de tecnologias somente os objetos ou ferramentas da comunicação, como computadores, aparelhos de celular, iphone, etc. De acordo com as respostas dos professores, são tecnologias, apenas artefatos ou equipamentos de comunicação e informação considerados entre eles, os mais “modernos”. Desta forma, todas as outras tecnologias utilizadas no seu cotidiano, como automóveis, utensílios domésticos e tantos outros não foram citados. O mesmo ocorreu com as tecnologias utilizadas no seu fazer docente, como livros, quadro de giz, etc, que também não foram mencionados pelos professores. Importante, destacar que em nenhuma das respostas a Tv aparece como fazendo parte das tecnologias. Boa parte das respostas, mesmo daqueles professores que apresentaram um conceito amplo, no momento de responder “por que estudar as tecnologias no curso de Pedagogia”, enfatizaram a necessidade de obter conhecimentos na área de informática. Tal fenômeno pode ser analisado de diversos ângulos. Entretanto, é possível afirmar que a Tv e outros artefatos tecnológicos já fazem parte do cotidiano da família brasileira. Tal fenômeno deve-se ao baixo custo do produto, bem como à melhoria da qualidade de vida da população. Entretanto, importante observar que o fato da Tv não ter sido apontado por nenhum professor, pode também levar a outras considerações. 1) A Tv por ser conhecida e assistida por todas as pessoas independente de seu poder aquisitivo, não necessita de nenhuma 7651 formação para seu uso enquanto meio didático, e nem mesmo como veículo de informação e comunicação que mereça ser analisado, discutido e explorado pelos professores em sala de aula. 2) A Tv não é considerada como “nova tecnologia” pelos professores, mas apenas os computadores merecem ser estudados na disciplina de Educação e Tecnologia. Importante analisar a atitude dos professores frente às TIC, retomando as ideais de Adorno e Horkheimer (1985), ao apontarem que apesar de toda informação, a semiformação passou a ser a forma dominante de formação de consciência. Dentro de tal perspectiva, apontada pelos autores, tem-se a ideia de que tudo está explicado, classificado e que o indivíduo passa a fazer a parte de tal “teia”, perdendo assim a possibilidade de reflexão crítica acerca dos conteúdos veiculados. Pode-se tomar como hipótese que s alunos/professores ao não considerarem a Tv como parte dos estudos da disciplina de Educação e Tecnologias, demonstram que este é um veículo conhecido e até ultrapassado em termos de tecnologias, pelo simples fato de que não existe dificuldade no seu manuseio, basta apenas clicar um botão e a Tv funciona dentro de certa lógica de programação. Caso inverso, ocorre com os computadores, que necessitam da ação ativa do sujeito no objeto, (chamados de comandos) para que o artefato possa dar respostas. Aspecto importante também foi apontado por Barreto (2005), demonstrando que as tecnologias da Informática são os mais presentes também nas teses e dissertações a partir de 2002. O estudo mostra que estudos acerca de TV e vídeo aparecem em um crescendo até 2000, apresentando queda significativa nos anos subsequentes. Em sua maioria, as teses e dissertações tratam da TV Escola e de outros programas voltados para a utilização destes equipamentos visando à formação de professores a distância. Portanto, também as pesquisas, tem dado mais ênfase às questões relacionadas à informática, deixando num segundo plano, as outras tecnologias de comunicação e informação. Importante salientar que apesar de todo avanço tecnológico nas mais diferentes áreas, a educação escolarizada, principalmente nos municípios de pequeno porte ainda estão à margem de tal processo. De acordo com o grupo estudado, apenas 20% das escolas possuíam laboratório de informática. Dentre os professores ainda, observou-se que aproximadamente 40% não utilizavam computadores. Sendo que 12%, nunca haviam desenvolvido nenhuma 7652 atividade com o computador, como pesquisar, receber e enviar email, etc. Este grupo não tinha domínio básico do computador. Apesar destes dados, todos os alunos/professores apresentaram atitudes iniciais positivas em relação à disciplina de Educação e Tecnologias. A partir das respostas obtidas pode-se levantar como hipótese que apesar do uso restrito das TIC no cotidiano do trabalho docente, eles consideram que tal aprendizado é necessário para sua atuação profissional. Assim, apesar da emergência do chamado novo paradigma, as mudanças no seio da escola tardam a se efetivar, as práticas sofrem poucas ou quase nenhuma inovação. Cunha (2008 p.467) aponta: Alterar as práticas tradicionais da sala de aula não é uma tarefa simples, pois estas estão alicerçadas numa consistente trajetória cultural. São mais de dois séculos de presença do pensamento positivista a influenciar as experiências com a educação escolarizada e o as representações sociais que fazemos da escola e da sala de aula. A utopia republicana, ao garantir a democratização da educação fundamental, favoreceu o fortalecimento quase universal das funções da escola e dos papéis dos professores e alunos. Essas funções são experienciadas pelos futuros professores com forte inserção temporal, pois todos apreendem essas representações por longos anos de formação. Moraes (2004, p.238) afirma: É um momento da humanidade na qual convivem dois mundos diferentes, representados por quadros epistêmicos diversos, com suas teorias e seus modelos diversificados e até rivais. É uma nova visão de mundo que tenta emergir e se firmar neste novo cenário, mesmo sabendo que existe outra tradicional e reducionista que não consegue morrer ou que ainda não consegue fazer que seus princípios, suas teorias e noções-mestras desapareçam e que traduz um arcabouço teórico fundado em valores e tênues limites predatórios que lutam para não desaparecer. Assim como Moraes, Pretto (2005) trata sobre fenômeno das tecnologias e como elas implicam um novo modo de pensar a educação, exigindo novas formas de pensar a escola e o conhecimento por meio de teorias que possam dar conta dos processos de ensinar e aprender no universo digital. A discussão em torno da qualidade da escola passa necessariamente por uma adequação curricular que pressupõe o mundo vivido. E, nesse contexto, crianças e jovens têmse apropriado das tecnologias principalmente da Internet para realização das tarefas cotidianas e, principalmente, como instrumento de lazer. No entanto, apesar de programas 7653 governamentais, como Proinfo1 (Programa Nacional de Tecnologia Educacional), Proformação2 (Programa de formação de professores em exercício) e DVD Escola3, as tecnologias ainda não adentraram na escola de forma a alterar o estado em que se encontra a educação brasileira. Iniciativas como as da Secretaria de Educação do estado do Paraná, com o portal diaa-dia educação e o projeto das Tvs Laranja (também conhecida como Tv Pen Drive), são importantes. No entanto, perdem-se ao não ir direto ao foco: a formação do professor. Estamos presenciando professores que ganharam o pen drive, mas nunca tiveram atividade com tal ferramenta, visto que não foram formados para tal realidade. As políticas governamentais empenham grande esforço na aquisição de equipamentos e prédios, que são de extrema relevância, mas pecam por não proporcionarem ao docente capacitação mínima para o uso responsável e eficiente da tecnologia. Em nenhuma empresa ou instituição se investe em equipamento de alto custo sem se investir primeiramente no manipulador, pois compreende-se que o sucesso da atividade depende não da alta tecnologia do equipamento mas da competência técnica de quem a manipulará. No entanto, em se tratando de educação, os programas congregam apenas um pequeno grupo de professores que acabam por não se transformarem em multiplicadores desses conhecimentos, em seus espaços de trabalho por inúmeras razões que não tratarei neste texto. Desta forma, não faltam críticas à escola, como lugar ultrapassado, distante do mundo real, protegido em parte por uma redoma de vidro que tem a função de blindagem não permitindo que as inovações alterem seu ritmo, suas metodologias, e, o mais importante faça com que os alunos aprendam os conteúdos escolares de forma a se emanciparem como pessoas. 1 O proinfo iniciou em 1997 e tem como objetivo capacitar professores para o uso de tecnologias da informática no processo de ensino. Instalou em cada estado da federação um Núcleo de Tecnologia Educacional (NTE) que são unidades descentralizadas no intuito de dar suporte e capacitação a professores. O projeto beneficia escolas públicas com mais de 150 alunos. http://portal.mec.gov.br/seed/ 2 O proformação é um programa de formação de professores em exercício que não possuem habilitação mínima (em nível médio)que atuam nas séries iniciais do ensino fundamental e na educação infantil. Ocorre na modalidade de Educação a distância. http://portal.mec.gov.br/seed/ 3 O Projeto DVD Escola integra um conjunto de políticas e ações do Ministério da Educação cujo foco é garantir a universalização, o elevado padrão de qualidade e a eqüidade da educação básica no Brasil, através da democratização dos Programas da Tv Escola, com 150 horas de programação. Ao todo serão atendidas 50 mil escolas. Guia de programas: http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/tvescola/grades/guia_dvd_escola.pdf 7654 Sancho (2006) diz que a escola tem de enfrentar demandas diferentes e, às vezes contraditórias, já que de um lado organismos internacionais advertem sobre a importância de educar alunos para a Sociedade do Conhecimento, para que possam pensar de forma crítica e autônoma e saibam resolver problemas, comunicar-se com facilidade, reconhecer e respeitar os demais, trabalhar em colaboração e utilizar intensivamente as TIC. No entanto, uma proposta educacional eficiente requer para isso uma escola equipada, com currículos atualizados e principalmente professores com formação adequada para a realidade que estamos vivenciando. Considerações Finais Como indicam os inúmeros os diversos estudos que tratam do tema formação de professores e uso das TIC, em seus mais diferentes matizes, não há como negar a prevalência do mundo digital e força motriz dessas tecnologias no modo de viver do homem. Portanto, a escola é o local por excelência para que estudos, aplicações e reflexões aconteçam. É papel do estado investir em políticas públicas para a implantação das TIC, bem como formar o professor para que ele possa compreender, analisar, aplicar e até produzir materiais/programas e produtos que possam ser utilizados no seu fazer pedagógico. Entretanto, os programas e cursos de formação devem levar em conta o que pensam e quais são as atitudes dos professores diante deste paradigma. Tais programas também devem levar em conta, que não bastam simples aplicações técnicas das TIC, mas que possam dar subsídios para a melhoria da aprendizagem dos alunos nos conteúdos específicos, mas que ao mesmo tempo possam contribuir para a formação de um cidadão crítica e reflexivo, capaz de fazer a leitura do mundo vivido. O pressuposto aqui assumido é que não podemos formar alunos e professores como simples consumidores das TIC, mas que possam desenvolver capacidade de análise e crítica das mesmas. Portanto, as TIC não podem se restringir ao simples manuseio de computadores e aplicação de softwares. As análises indicam também a importância de considerar as necessidades formativas dos professores, que apesar do pouco conhecimento sobre as TIC se apresentam abertos às novas aprendizagens. 7655 REFERÊNCIAS BARRETO, Raquel Goulart et al. As tecnologias no contexto da formação de professores. 28ª Reunião anual da Anped. Caxambu, out. 2005. Disponível em: <http://www.anped.org.br/reunioes/28/inicio.htm>. Acesso em: jul.2011. BIANCHETTI, Lucídio. Da chave de fenda ao laptop: tecnologia digital e novas qualificações: desafios à educação. Petrópolis: Vozes, 2001. COLL, César e MONEREO, Carles e col. Psicologia da educação virtual: aprender e ensinar com tecnologias da informação e comunicação. Porto Alegre: Armetd, 2010. CUNHA, Maria Isabel da. A didática como construção: aprendendo com o fazer e pesquisando com o saber. Anais do XIII Endipe: Recife, 2008. HORKHEIMER, M., e ADORNO, T. W. Dialética do Esclarecimento: Fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997. MORAES, Maria C. Pensamento Eco-sistêmico: educação, aprendizagem e cidadania no século XXI. Petrópolis: Vozes, 2004. PINO, Ivany.Novas tecnologias e educação: construção de ambientes de aprendizagem. Disponível em: <http://www.propp.ufms.br/ppgedu/geppe/artigo5.htm>. Acesso em: nov. 2008. PRETO, Nelson de Luca.(Org.) Tecnologia e novas educações. Coleção Educação e Comunicação V.1. Salvador:EDUFBA, 2005. RAMAL, Andréa Cecília. Educação na cibercultura: hipertextualidade, leitura, escrita e aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2002. RODRIGUEZ, Isabel. Teoria x EaD x Tempos Velozes. In: Revista Brasileira de Educação à distância. Disponível em: <http://www.abed.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?UserActiveTemplate=1por&in foid=1066&sid=69>. Acesso em: 16 abr. 2008. SANCHO, Juana Maria.(org.). Para uma tecnologia educacional. Porto Alegre: Artmed, 1998. ________. HERNANDEZ, Fernando. (Org.) Tecnologias para transformar a educação. Porto Alegre: Artmed, 2006. RIVOLTELLA, Píer Cesare. Falta cultura digital na escola. Entrevista publicada em 01.03.2007. Disponível em: <http://educarparacrescer.abril.com.br/gestao-escolar/entrevistapier-cesare-rivoltella-402423.shtml>. Acesso em: 03 jul. 2010.