Diego dos Santos Planejamento de Cobertura e Capacidade de Redes de Acesso em Banda Larga com Tecnologia LTE Dissertação de Mestrado Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Engenharia Elétrica da PUC-Rio como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Engenharia Elétrica. Orientador: Prof. Luiz Alencar Reis da Silva Mello Rio de Janeiro Abril de 2010 Diego dos Santos Planejamento de Cobertura e Capacidade de Redes de Acesso em Banda Larga com Tecnologia LTE Dissertação de Mestrado apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica do Departamento de Engenharia Elétrica do Centro Técnico Científico da PUC-Rio. Aprovada pela Comissão Examinadora abaixo assinada. Prof. Luiz Alencar Reis da Silva Mello Orientador Centro de Estudos de Telecomunicações – PUC-Rio Prof. Rodolfo Saboia Lima de Souza Inmetro Prof. Renato Arregui Gomes Operadora de Celular Claro Prof. Pedro Vladimir Gonzalez Castellanos Inmetro Prof. José Eugenio Leal Coordenador Setorial do Centro Técnico Científico - PUC-Rio Rio de Janeiro, 8 de abril de 2010 Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da universidade, do autor e do orientador. Diego dos Santos Graduou-se em Engenharia Elétrica, em Março de 2007, na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Em Março do mesmo ano, iniciou no Centro de Estudos em Telecomunicações da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro seu Mestrado na área de Eletromagnetismo Aplicado. Ficha Catalográfica Santos, Diego dos Planejamento de cobertura e capacidade de redes de acesso em banda larga com tecnologia LTE / Diego dos Santos; orientador: Luiz Alencar Reis da Silva Mello. – 2010. 91 f. : il. (color.) ; 30 cm Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Engenharia Elétrica, 2010. Inclui bibliografia 1. Engenharia elétrica – Teses. 2. Sistemas LTE. 3. Planejamento celular. I. Mello, Luiz Alencar Reis da Silva. II. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Departamento de Engenharia Elétrica. III. Título. CDD: 621.3 À minha família. Agradecimentos Ao meu orientador Dr. Silva Mello. À minha família. Aos amigos. Aos colegas do CETUC-Rio. À FAPERJ e PUC-Rio, pelos auxílios concedidos. Resumo Santos, Diego dos; Mello, Luiz Alencar Reis da Silva. Planejamento de Cobertura e Capacidade de Redes de Acesso em Banda Larga com Tecnologia LTE. Rio de Janeiro, 2010. 91p. Dissertação de Mestrado Departamento de Engenharia Elétrica, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Atualmente, as redes celulares estão sendo utilizadas como uma saída para prover serviços de banda larga em locais que ainda não são atendidos pelas redes fixas, principalmente em países subdesenvolvidos como o Brasil. As tecnologias empregadas atualmente no Brasil, o GSM (Global System for Mobile) e o UMTS (Universal Mobile Telecommunications System), não são tecnologias desenvolvidas para absorver a grande demanda que vem sendo observada no mercado de banda larga móvel. Devido a essa demanda inesperada, acredita-se que o LTE (Long Term Evolution), a primeira tecnologia desenvolvida com o objetivo de atender não somente as chamadas de voz, mas principalmente as conexões banda larga, apresente condições de suportar com maior eficiência esta crescente necessidade. Para que todas as expectativas relacionadas à capacidade das redes LTE sejam atendidas, é extremamente necessário que um correto dimensionamento dessas redes seja realizado, pois somente desta forma será possível estabelecer o compromisso de se atender os usuários com qualidade. Palavras-chave Sistemas LTE; Planejamento Celular. Abstract Santos, Diego dos; Mello, Luiz Alencar Reis da Silva (Advisor). Coverage and Capacity Planning of LTE Broadband Access Networks. Rio de Janeiro, 2010. 91p. MSc. Dissertation - Departamento de Engenharia Elétrica, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. At the moment, the cellular networks are being used as an option to provide broadband services in places that have not yet been covered by the fixed networks, mainly in underdeveloped countries like Brazil. The employed technologies now in Brazil, GSM (Global System is Mobile) and UMTS (Mobile Universal Telecommunications System), they were not developed to absorb the great demand that has been observed at the broadband mobile market. Due to that unexpected demand, it’s being believed that LTE (Long Term Evolution), the first technology developed with the objective of supporting not only the voice calls, but mainly the broadband connections, is able to hold with larger efficiency this growing needs. For all that expectations about the LTE network’s capacity be achieved, it is extremely necessary that a correct sizing of those networks be accomplished, therefore only this way it will be possible to establish the commitment of supporting the subscribers with quality. Keywords LTE Systems; Cellular Planning. Sumário 1 Introdução 14 1.1. Evolução das Redes Celulares 15 1.2. Objetivos do Trabalho 17 2 Tecnologia LTE 18 2.1. Arquitetura da Rede 18 2.1.1. Enhanced Base Stations 18 2.1.2. Core Network e Gateway 20 2.2. Faixas de Freqüências 23 2.3. MIMO 24 2.4. Arquitetura de Protocolos 25 2.4.1. Canais e Sinais Físicos 26 2.4.2. Canais de Transporte 27 2.4.3. Canais Lógicos 28 2.5. Downlink LTE 29 2.5.1. OFDM 29 2.5.2. OFDMA 30 2.5.3. Resource Blocks 33 2.6. Uplink LTE 34 2.6.1. SC-FDMA 34 2.7. LTE Advanced 36 2.7.1. Requisitos 36 2.7.2. Tecnologia 37 3 Planejamento de Sistemas LTE 38 3.1. Link Budget 39 3.1.1. Link Budget de Downlink 41 3.1.2. Link Budget de Uplink 42 3.2. Cálculo do Raio Teórico 43 3.3. Cálculo do Máximo Throughput Teórico 47 3.4. Cálculo da Máxima Eficiência Espectral 51 3.5. Cálculo da Capacidade do Canal e da Relação Sinal Ruído (SNR) 51 3.6. Cálculo da Interferência Co-Canal 56 3.6.1. Cálculo da Interferência Co-Canal com Setorização Tripla 61 3.6.2. Cálculo da Interferência Co-Canal com Setorização Sêxtupla 63 3.7. Cálculo do Raio em Função da Modulação e SNR 65 4 Estudo de Caso 71 4.1. Introdução 71 4.2. Cálculo da Quantidade de Estações Necessárias para Cobertura 72 4.3. Cálculo da Quantidade de Estações Necessárias para Capacidade 73 4.4. Projeto de Rede 75 5 Conclusões 84 6 Referências Bibliográficas 87 7 Glossário 89 Lista de Figuras Figura 1.1 - LTE como capacidade para a rede 3G existente. 16 Figura 2.1 – Arquitetura Básica. 19 Figura 2.2 – Gateway LTE. 20 Figura 2.3 – Handover entre LTE e UMTS. 21 Figura 2.4 – Integração de Redes GSM, UMTS e LTE. 22 Figura 2.5 – Possibilidades de configurações de largura de banda. 24 Figura 2.6 – Configuração MIMO [5]. 24 Figura 2.7 – Estrutura dos canais lógicos, de transporte e físicos no LTE. 25 Figura 2.8 – Disposição das portadoras na Modulação FDM e OFDM. 29 Figura 2.9 – Configuração de acesso no OFDM [8]. 30 Figura 2.10 – Transmissão OFDMA [3]. 31 Figura 2.11 – OFDMA no domínio do tempo e da freqüência [7]. 31 Figura 2.12 – Acesso no LTE [3]. 33 Figura 2.13 – Transmissão SC-FDMA [3]. 34 Figura 2.14 – Transmissão utilizando OFDMA x SC-FDMA. 35 Figura 3.2 – Eficiência Espectral do LTE. 51 Figura 3.3 – Cluster. 56 Figura 3.4 – Interferência dos anéis adjacentes. 58 Figura 3.5 – Interferência com setorização tripla. 61 Figura 3.6 – Interferência com setorização sêxtupla. 63 Figura 3.7 – Variação do Throughput (Mbps) conforme a distância (m) para largura de banda de 5 MHz. 68 Figura 3.8 – Variação do Throughput (Mbps) conforme a distância (m) para largura de banda de 10 MHz. 68 Figura 3.9 – Variação do Throughput (Mbps) conforme a distância (m) para largura de banda de 15 MHz. 69 Figura 3.10 – Variação do Throughput (Mbps) conforme a distância (m) para largura de banda de 20 MHz. 69 Figura 4.1 – Massificação da banda larga móvel, relação do crescimento mundial de dados em comparação ao serviço de voz [16]. 71 Figura 4.2 – Previsão do crescimento da banda larga móvel em comparação com o serviço de voz. Aproximadamente 80% devido HSPA/LTE [16]. Figura 4.3 – Relevo da região a ser atendida pelo serviço de banda 72 larga móvel. 75 Figura 4.4 – Ilustração da distribuição das eNodeBs na área a ser atendida. 76 Figura 4.5 – Intensidade do Sinal na área de cobertura (RSCP). 79 Figura 4.6 – Cobertura Best RSCP (Melhor Servidor). 80 Figura 4.7 – Área de atuação das modulações 64 QAM, 16 QAM e QPSK. 81 Figura 4.8 – Relação Ec/Io. 82 Lista de Tabelas Tabela 2.1 – Freqüências definidas pelo 3GPP para o LTE. 23 Tabela 2.2 – Resource Blocks e Subportadoras [7]. 32 Tabela 2.3 – Parâmetros físicos dos Resource Blocks [7]. 34 Tabela 3.1 – Valores dos Parâmetros para o Link Budget de Downlink. 41 Tabela 3.2 – Sensibilidade Requerida na Recepção para a modulação QPSK [13]. 42 Tabela 3.3 – Valores dos Parâmetros para o Link Budget de Uplink. 42 Tabela 3.4 – Valores dos Parâmetros do Modelo SUI. 45 Tabela 3.5 – Valores calculados no Link Budget. 47 Tabela 3.6 – Largura de Banda e Subportadoras LTE. 48 Tabela 3.7 – Capacidade de bits por símbolo das modulações utilizadas no downlink. 48 Tabela 3.8 – Throughput para largura de banda de 5 MHz. 49 Tabela 3.9 – Throughput para largura de banda de 10 MHz. 50 Tabela 3.10 – Throughput para largura de banda de 15 MHz. 50 Tabela 3.11 – Throughput para largura de banda de 20 MHz. 50 Tabela 3.12 – Taxa de Código de Modulação. 53 Tabela 3.13 – Throughput para largura de banda de 5 MHz, adotando taxa de código. 54 Tabela 3.14 – Throughput para largura de banda de 10 MHz, adotando taxa de código. 54 Tabela 3.15 – Throughput para largura de banda de 15 MHz, adotando taxa de código. 54 Tabela 3.16 – Throughput para largura de banda de 20 MHz, adotando taxa de código. 55 Tabela 3.17 – SNR requerido para respectivas modulações e taxas de códigos. 55 Tabela 3.18 – Fator de Reuso e Razão de Reuso Celular. 57 Tabela 3.19 – Relação SIR considerando o primeiro anel interferente. 59 Tabela 3.20 – Relação SIR considerando o primeiro e o segundo anel interferente. Tabela 3.21 – Relação SIR considerando o primeiro anel interferente 60 com setorização tripla. 62 Tabela 3.22 – Relação SIR considerando o primeiro anel interferente com setorização sêxtupla. 64 Tabela 3.23 – SNR requerido para respectivas modulações e taxas de códigos. 66 Tabela 3.24 – Valores dos Parâmetros para o Link Budget de Uplink. 66 Tabela 3.25 – Raio de atuação das Modulações e respectivas taxas de códigos (MCS). 67 Tabela 4.1 – Throughput dimensionado para o limite celular com SNR de 1,45 dB. 75 Tabela 4.2 – Alturas adotadas para as eNodeBs utilizadas no estudo de caso. 77 Tabela 4.3 – Configurações dos equipamentos utilizados. 77 Tabela 4.4 – Sensibilidade Requerida na Recepção pela estação móvel. 78 Tabela 4.5 – Raio de atuação das Modulações e respectivas taxas de códigos e throughput celular para largura de banda de 20 MHz. 81 1 Introdução O LTE (Long Term Evolution) surge como uma evolução das redes 2G (GSM) e 3G (UMTS) existentes. Espera-se que o LTE seja capaz de absorver eficientemente o crescente volume de dados trafegados pelas redes celulares na atualidade. Esta nova tecnologia tem por objetivo somar melhorias ao padrão de telefonia móvel UMTS, também conhecido como redes de terceira geração, que segundo informações divulgadas em Fevereiro de 2010 pela GSA (Global Mobile Suppliers Association) estaria presente em 135 países, somando-se 325 redes lançadas comercialmente até a presente data [1]. O LTE traz consigo aspectos relevantes que o tornam o principal sucessor das tecnologias existentes, tais como maior eficiência espectral, redução da latência, taxas de dados elevadas, melhorias de capacidade, de cobertura e redução dos custos, levando esta tecnologia a uma evolução da interface aérea e de core. Entretanto, a evolução da interface ar do UMTS para o LTE é na verdade um novo e completo sistema, contemplado no Release 8 do 3GPP [2], baseado no OFDMA (Orthogonal Frequency Division Multiple Access) no downlink, SCFDMA (Single-Carrier FDMA) no uplink e em um eficiente suporte a antenas com tecnologia MIMO (Multiple-Input Multiple-Output). A arquitetura resultante desta evolução é chamada de EPS (Evolved Packet System) e compreende E-UTRAN (Evolved-Universal Terrestrial Radio Access Network) para o acesso e EPC (Evolved Packet Core) para o Core da Rede. Uma característica fundamental das redes LTE, também denominada 4G, é que o Core deverá ser fundamentalmente baseado em TCP/IP, assumindo-se que a voz será servida através de Packet Switch (PS), uma vez que o VOiP (Voice Over Internet Protocol) tem se mostrado um método eficiente para se transferir dados de voz. Com o crescente avanço das tecnologias de redes de comunicação e a chegada do 3G (UMTS), as pessoas estão descobrindo facilidades de acessar, de qualquer lugar, estando o usuário sob cobertura da rede celular, enormes 15 quantidades de informações, na forma de textos, gráficos, áudio e vídeo. À medida que o tamanho dos arquivos transmitidos se tornam cada vez maiores e os canais de acesso vão ficando congestionados há a necessidade de empregar tecnologias que permitam um maior fluxo de dados. O LTE irá possibilitar o tráfego de serviços de comunicações de grandes volumes e altas taxas de dados em conjunto com a facilidade e rapidez de implantação de redes sem fio a baixo custo em comparação com as redes baseadas em cabos. O LTE representa uma tecnologia de evolução natural ao UMTS em expansão, e um importante avanço tecnológico na área de redes sem fio, em virtude das perspectivas em termos de desempenho e cobertura. 1.1. Evolução das Redes Celulares O GSM (Global System for Mobile Communications) se tornou o sistema de comunicações móvel mais popular no mundo, sendo tratado como um sistema de segunda geração (2G), pois emprega a tecnologia digital para os canais de tráfego e controle. Como evolução das redes GSM, que originalmente apresentavam baixa eficiência na transferência de dados, temos o GPRS (General Packet Radio Service), uma tecnologia que eleva as taxas nas redes GSM existentes. O GPRS permite a transferência de dados por pacotes, possibilitando taxas de transferências mais altas que as anteriores, onde se fazia uso da transferência dos dados apenas por circuito. Representando uma evolução das tecnologias de segunda geração rumo à terceira geração, surge por volta de 2003 o EDGE (Enhanced Data rates for GSM Evolution) ou EGPRS (Enhanced Data Rates for GPRS Evolution), possibilitando que as operadoras passassem a oferecer maiores taxas de dados usando a mesma portadora de 200 kHz de banda ou faixa, adicionando-se um novo esquema de modulação, 8PSK, minimizando problemas de interferência. Usada cada vez mais para o tráfego de dados, as redes celulares continuaram sua evolução tecnológica e seguindo a tendência de crescimento e inovação a partir do GSM, temos o surgimento do UMTS (Universal Mobile Telecommunications System), termo adotado para designar esta que é a tecnologia de 3º Geração (3G) que utiliza como interface rádio o WCDMA (Wide- 16 Band Code Division Multiple Access). O WCDMA é uma tecnologia de acesso rádio que provê capacidades de transmissão de 384 Kbps no R99 (Release 99), e que permite o uso mais eficiente do espectro. Figura 1.1 - LTE como capacidade para a rede 3G existente. Da mesma forma que ocorreu no GSM, no UMTS também temos pacotes que permitem que maiores taxas de dados sejam atingidas fazendo-se uso da mesma banda de 5 MHz. Para suportar maiores taxas no downlink, utiliza-se o HSDPA (High-Speed Downlink Packet Access), permitindo a transmissão de dados com taxas de até 14,4 Mbps. O HSDPA utiliza um novo canal físico (HSPDSCH) e de transporte (HS-DSCH), cujas diferenças em relação aos canais compartilhados do WCDMA são principalmente a utilização da modulação 16 QAM, a retransmissão automática hibrida (HARQ) e a modulação e codificação adaptativa (MAC). O subsistema que permite que taxas elevadas sejam atingidas no uplink é denominado de HSUPA (High-Speed Uplink Packet Access), permitindo taxas de até 5.8 Mbps quando a modulação empregada é o QPSK, ou taxas de até 12 Mbps quando a modulação 16 QAM passa a ser utilizada. O HSUPA usa o canal dedicado E-DCH (Enhanced Dedicated Channel) para oferecer maiores taxas. Dando continuidade a novas funcionalidades oferecidas no WCDMA, existe ainda um novo subsistema denominado HSPA+, um pacote que traz inovações tanto para o downlink quanto para o uplink, permitindo em um primeiro momento taxas de aproximadamente 21 Mbps no downlink através da utilização da modulação 64 QAM. À medida que novas características são adicionadas a este subsistema, podem-se atingir taxas ainda maiores. Para se ter uma idéia, fazendo-se uso de sistemas MIMO e também de múltiplas portadoras, taxas da ordem de 80 Mbps no downlink e 40 Mbps no uplink podem ser atingidas. 17 1.2. Objetivos do Trabalho O trabalho a ser desenvolvido através desta dissertação concentra-se no desenvolvimento de uma metodologia para o Planejamento de Cobertura e Capacidade de sistemas com acesso sem fio móvel em banda larga. Este planejamento deverá considerar vários aspectos em seu dimensionamento de forma a garantir a qualidade dos serviços a serem oferecidos por meio da transmissão de informações pelas novas redes sem fio banda larga. Será realizado um estudo sobre a capacidade que pode ser oferecida pela tecnologia do futuro das Redes Móveis, o LTE. Ao longo do segundo capítulo deste trabalho, são apresentados os elementos e as características que compõem a Arquitetura de Acesso e Core do LTE. Algumas informações sistêmicas, tais como faixas de freqüências de operação, canais físicos, lógicos e de transporte, o OFDMA e o SC-FDMA também são apresentados no segundo capítulo a fim de contextualizá-los. Ainda no segundo capítulo apresentamos de forma sucinta o que está sendo proposto pela 3GPP no desenvolvimento do padrão LTE Advanced, suas características e pré-requisitos para que se torne, como esperado, o futuro das redes LTE. No capítulo três estão expostos os aspectos do planejamento de redes de acesso que foram levados em consideração para o correto dimensionamento da rede celular abordada nesta dissertação. Cálculos do link budget, raio teórico de cobertura do serviço, throughput máximo teórico, máxima eficiência espectral, capacidade do canal, relação sinal ruído e interferência co-canal são tratados ao longo do capítulo três. O capítulo quatro apresenta o estudo de caso realizado, abordando o projeto que consiste no dimensionamento de cobertura e capacidade de uma rede de acesso sem fio para prover serviços de banda larga móvel em uma região da cidade do Rio de Janeiro. Neste capítulo determinamos a mínima quantidade de estações rádio base necessárias para prover a cobertura e a capacidade requerida na região a ser atendida. Por fim, ao longo do capítulo cinco estão discriminadas as conclusões obtidas durante a realização deste trabalho de dissertação. 2 Tecnologia LTE 2.1. Arquitetura da Rede Existe há alguns anos uma tendência para que as redes migrem os serviços que utilizam circuit switch (CS) para uma rede baseada totalmente em IP, packet switch (PS). Na prática, isto já pode ser observado nas redes fixas, onde algumas operadoras já migraram seus serviços de telefonia para packet switch, oferecendo ambos os acessos de internet e telefonia via DSL ou cable modem. Nas redes wireless esta tendência ainda não foi iniciada. Isto se deve ao fato da arquitetura das redes existentes (2G, 3G e outras) ainda ser otimizada para CS, tanto no acesso quanto no core. Além disto, a implementação de VoiP nas redes sem fio atuais aumentaria significantemente a quantidade de dados transferidos na interface ar, fazendo com que a capacidade para as chamadas de voz via CS fosse reduzida. Por outro lado, a busca incessante pelo aumento das bandas de transmissão fez com que o 3GPP decidisse que a próxima geração de telefonia móvel seria baseada somente em PS. Como resultados, inicialmente surgiram duas pesquisas separadas, o programa LTE (Long Term Evolution), focado no design de uma nova arquitetura para a rede de acesso e interface ar, e o programa SAE (Service Architecture Evolution). Mais tarde, estes dois programas foram combinados em uma frente única de trabalho, o EPS (Evolved Packet System) [3]. 2.1.1. Enhanced Base Stations No LTE temos uma nova arquitetura, totalmente diferente do que vinha sendo utilizado nas tecnologias anteriores, e um exemplo disto é a estação rádio base, denominada de eNodeB (Enhanced NodeB), que no LTE passa a realizar tarefas de processamento antes realizadas na RNC (Radio Network Controller). 19 As Enhanced NodeB do LTE são denominadas desta forma (eNodeB ou eNB), para se diferenciar da nomenclatura utilizada no UMTS (NodeB). A figura 2.1 mostra os principais componentes de uma rede LTE (Core e Acesso). No LTE a rede é menos complexa do que no UMTS. Por exemplo, não existe no LTE a topologia da RNC (Radio Network Controller) existente no UMTS, onde parte de suas funcionalidades foram transferidas para a eNodeB e parte para o Core Network Gateway. No LTE também não teremos a central controlando os elementos na rede de acesso. A eNodeB irá realizar o controle de tráfego na interface área assegurando QoS (Quality of Service) para os serviços oferecidos [3]. Figura 2.1 – Arquitetura Básica. A eNB também será responsável pelas decisões de handover dos móveis, através da comunicação entre os elementos, fazendo uso da interface X2. No entanto é possível que na falta da comunicação através de X2 (interface opcional), a comunicação entre as base stations será realizada através de outra via no Access Gateway. Neste caso os dados do usuário não serão transmitidos durante o handover, podendo ocasionar perda de pacotes. No LTE temos somente o hard handover, ou seja, apenas uma única célula irá se comunicar com o móvel em um mesmo momento. A eNodeB é conectada com o gateway 20 através da interface S1 (baseada em IP). No LTE a eNodeB é preparada para trabalhar com portas Ethernet de 100 Mbps e 1 Gbps. 2.1.2. Core Network e Gateway O Gateway entre a rede de acesso e o core é dividido em duas entidades: Serving Gateway (Serving-GW) e Mobility Management Entity (MME). Juntos eles são responsáveis por tarefas semelhantes às controladas pelo SGSN (Serving GPRS Support Node) do UMTS. Na prática, estas duas entidades lógicas podem ser implementadas no mesmo hardware físico, ou separadas em níveis diferentes. Quando separadas, a interface S11 será a responsável pela comunicação entre estas entidades. Figura 2.2 – Gateway LTE. O MME é responsável pela mobilidade do usuário e pela sinalização, incluindo autenticação, estabelecimento de conexões, suporte ao handover entre diferentes eNodeBs e entre diferentes tecnologias (ex. GSM, UMTS). É responsável também pelo móvel em idle mode (quando ainda não temos o 21 estabelecimento de conexões com alguma portadora). O MME também é responsável pela seleção do PDN-GW quando o móvel requer estabelecimento com endereços IP da rede. O Serving Gateway é responsável pelo encaminhamento de pacotes IP entre o móvel e a internet. Do ponto de vista de capacidade, a capacidade da MME depende da carga de sinalização da rede (S1-C – Control Plane), e a capacidade de uma Serving Gateway (S1-U – User Plane) depende da carga de tráfego dos usuários. A separação destas entidades neste ponto de vista é interessante, agregando facilidades para o dimensionamento. No LTE o router é chamado Packet Data Network (PDN-Gateway, PDNGW), sendo responsável em desempenhar as mesmas tarefas que o GGSN (Gateway GPRS Support Node) do UMTS. A quantidade de PDNs depende do número de usuários, da capacidade de hardware e da quantidade de dados trafegados pelos usuários. Assim como o HLR (Home Location Register) para o UMTS, no LTE existe o HSS (Home Subscriber Server). Essencialmente o HSS é considerado um Enhanced HLR. O HSS é a combinação dos dados dos usuários, sendo utilizado simultaneamente pelo GSM, UMTS e LTE. A comunicação entre o HSS e a MME é realizado pela interface S6, como descrito na figura 2.2. Figura 2.3 – Handover entre LTE e UMTS. 22 Quando um usuário se move para fora de uma área coberta pelo LTE, o móvel reporta para a eNodeB que uma célula UMTS ou GSM foi encontrada. Essa informação é passada para o MME que tem a responsabilidade de conectar, trocar informações com o SGSN responsável (UMTS, GSM) solicitando o procedimento de handover. Quando a rede UMTS ou GSM estiver preparada para receber o móvel, o MME envia uma mensagem de handover para a eNodeB responsável comunicar o móvel. Após a execução do handover, o túnel de dados entre o Serving Gateway e a eNodeB é roteado para o novo SGSN. O MME é liberado do controle do usuário, que é repassado para o SGSN. O Serving Gateway, no entanto, continua com o caminho do usuário e ativa o GGSN do ponto de vista do SGSN. Do ponto de vista do SGSN, a interface entre GGSN e Serving Gateway, é considerada como uma interface transparente entre SGSN e GGSN. A figura 2.3 mostra na prática como um usuário se move de uma cobertura LTE para uma cobertura UMTS dentro da rede de uma mesma operadora. Na figura 2.4 podemos observar a estrutura que pode ser implementada por uma operadora que possua redes GSM, UMTS e LTE integradas. Figura 2.4 – Integração de Redes GSM, UMTS e LTE. 23 2.2. Faixas de Freqüências As faixas de freqüências consideradas para o padrão LTE estão divididas em dois grupos, de acordo com os modos de operação: FDD (Frequency Division Duplex) e TDD (Time Division Duplex). Na tabela 2.1 [4], podem ser verificadas as freqüências de operação definidas pela 3GPP em Maio de 2009. FDD TDD Banda Freqüências UL/DL (MHz) Banda Freqüências UL/DL (MHz) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 17 1920 - 1980 / 2110 - 2170 1850 - 1910 / 1930 - 1990 1710 - 1785 / 1805 - 1880 1710 - 1755 / 2110 - 2155 824 - 849 / 869 - 894 830 - 840 / 875 - 885 2500 - 2570 / 2620 - 2690 880 - 915 / 925 - 960 1750 - 1785 / 1845 - 1880 1710 - 1770 / 2110 - 2170 1428 - 1453 / 1476 - 1501 698 - 716 / 728 - 746 746 - 758 / 776 - 788 758 - 768 / 788 - 798 704 - 716 / 734 - 746 33, 34 35, 36 37 38 39 40 1900 - 1920 / 2010 - 2025 1850 - 1910 / 1930 - 1990 1910 - 1930 2570 - 2620 1880 - 1920 2300 - 2400 Tabela 2.1 – Freqüências definidas pelo 3GPP para o LTE. Nos sistemas FDD, o tráfego de DL e UL são transmitidos simultaneamente em freqüências separadas. Com o TDD, as transmissões de DL e UL são descontinuadas na mesma freqüência. Como exemplo, se o tempo para DL e UL for dividido em 1/1, o uplink utiliza metade do tempo e a média da potência para cada link é a metade da potência de pico. Como a potência de pico é limitada por regulamentações, o resultado é que para a mesma potência de pico, o modo TDD oferece uma menor cobertura que o modo FDD. As operadoras quando fazem uso do modo TDD, habitualmente configuram o sistema DL/UL em 3/1. Para se obter uma cobertura parecida quando 24 comparado à sistemas FDD, se faz necessário a instalação de 120% de ERBs a mais no modo TDD [4]. Acredita-se que para o Brasil as Bandas 1, 7 e 13 sejam as utilizadas na implantação das redes, a começar pela Banda 7. Em nosso estudo iremos considerar esta Banda de 2600 MHz. No LTE existe a possibilidade de escalonamento da banda, variando-se desde 1.4 MHz até 20 MHz, como pode ser observado na figura 2.5. Figura 2.5 – Possibilidades de configurações de largura de banda. 2.3. MIMO MIMO (Multiple-input multiple-output) significa o uso de múltiplas antenas empregadas na transmissão e na recepção dos sistemas de comunicações sem fio. Esta tecnologia é capaz de oferecer ganhos significativos nas taxas de dados, sem a necessidade de se utilizar mais banda ou potência adicional para a transmissão dos sinais. Figura 2.6 – Configuração MIMO [5]. A comunicação sem fio com a utilização desta tecnologia tira proveito da propagação de multipercurso para aumentar a taxa de transmissão e o alcance, ou reduzir as taxas de erro por bit (eficiência espectral), através do envio e recebimento de mais de um sinal no mesmo canal ao mesmo tempo, ao invés de tentar eliminar os efeitos da propagação de multipercurso. A figura 2.6 ilustra a transmissão e recepção dos dados com MIMO. 25 2.4. Arquitetura de Protocolos A 3GPP teve como premissas iniciais no desenvolvimento dos protocolos da interface rádio da rede Evolved UTRAN os seguintes pontos: • Simplificar a arquitetura de protocolos; • Inexistência de canais dedicados com objetivo de se obter uma camada MAC (Media Access Control) simplificada; • Evitar a existência de funções similares entre os elementos de Acesso e os elementos de Core; O projeto do LTE é completamente baseado em canais compartilhados e de broadcast, não havendo mais nenhum canal dedicado para trafegar dados a usuários específicos. Esta escolha aumenta a eficiência da interface aérea, fazendo com que a rede seja capaz de controlar a utilização dos recursos da interface ar, de acordo com a demanda de cada usuário em tempo real, não existindo mais a necessidade de alocação de recursos fixos para cada usuário, independente dos requerimentos necessários [6]. A figura 2.7 ilustra o mapeamento dos canais lógicos, de transporte e físicos no LTE. Figura 2.7 – Estrutura dos canais lógicos, de transporte e físicos no LTE. 26 Os canais lógicos no sistema provêem os serviços e funções requisitados pelas altas camadas (NAS - Non Access Stratum) para a entrega de aplicações e serviços. Os canais lógicos por sua vez, são mapeados pelos canais de transporte na camada 2, através de elementos RRC (Radio Resource Control). Estes canais são responsáveis pelo controle e gerenciamento do fluxo de dados, tais como retransmissões, controle de erros e priorização. O tráfego gerado pelos usuários é gerenciado na camada 2 pelo protocolo PDCP (Packet Data Convergence Protocol). A interface ar e as conexões da camada física são controladas e gerenciadas pela camada 1, através do RLC (Radio Link Control) e MAC (Media Access Control) [6]. Os canais da interface rádio no LTE podem ser separados em dois tipos, canais físicos e sinais físicos. Os canais físicos correspondem a um conjunto de elementos que carregam informações originadas pelas altas camadas (NAS). Os sinais físicos correspondem a um conjunto de elementos utilizados unicamente pela camada física, que não carregam informações originadas pelas altas camadas. 2.4.1. Canais e Sinais Físicos Canais Físicos de Downlink: • Physical Downlink Control Channel (PDCCH) - Carrega as principais informações de alocação de recursos; • Physical Broadcast Channel (PBCH) - Carrega informações de acesso dos usuários que solicitam acesso a rede; • Physical Downlink Shared Channel (PDSCH) - Carrega informações do DL-SCH; • Physical Control Format Indicator Channel (PCFICH) - Informa ao usuário o número de símbolos OFDM utilizados no PDCCHs; • Physical Hybrid ARQ Indicator Channel (PHICH) - Respostas de ACK/NAKs (Acknowledge/Negative Acknowledge) das transmissões de uplink; • Physical Multicast Channel (PMCH) - Carrega informações de Multicast; 27 Sinais Físicos de Downlink: • Sinal de Referência; • Sinal de Sincronização; Canais Físicos de Uplink: • Physical Random Access Channel (PRACH) - Canal de uplink utilizado para funções de acesso randômico; • Physical Uplink Shared Channel (PUSCH) - Carrega as informações do UL-SCH; • Physical Uplink Control Channel (PUCCH) - Respostas de ACK/NAKs das transmissões de downlink; Sinais Físicos de Uplink: • Sinal de Referência de Demodulação – Associado às transmissões de PUSCH ou PUCCH; 2.4.2. Canais de Transporte Com o objetivo de se reduzir a complexidade da arquitetura de protocolos do LTE, o número de canais de transporte foi reduzido. Isto se tornou possível através da utilização de canais compartilhados, e não mais dedicados [7]. Os canais de transporte no Downlink são: • Paging Channel (PCH) - Utilizado para transmitir PCCH; • Broadcast Channel (BCH) - Canal de transporte mapeado pelo BCCH; • Downlink Shared Channel (DL-SCH) - Principal canal para transferência de dados de downlink - Responsável pela alocação dinâmica dos recursos, através de verificações da modulação, codificação e potência de transmissão; 28 • Multicast Channel (MCH) - Utilizado na transmissão das informações do MCCH; Os canais de transporte no Uplink são: • Random Access Channel (RACH) - Utilizado para requerimentos do acesso randômico; • Uplink Shared Channel (UL-SCH) - Principal canal para transferência de dados no uplink - Responsável pela alocação dinâmica dos recursos, através de verificações da modulação, codificação e potência de transmissão; 2.4.3. Canais Lógicos Os canais lógicos podem ser classificados em canais lógicos de controle e canais lógicos de tráfego. São canais lógicos de controle: • Paging Control Channel (PCCH) - Utilizado para informações de paging; • Broadcast Control Channel (BCCH) - Fornece informações sistêmicas para todos os terminais conectados na eNodeB; • Common Control Channel (CCCH) - Utilizado para informações de acesso randômico; • Dedicated Control Channel (DCCH) - Carrega informações especificas de controle para cada usuário (controle de potência, handover, etc); • Multicast Control Channel (MCCH) - Transmissão de informações necessárias para a repetição de multicast; Os canais lógicos de tráfego são: • Dedicated Traffic Channel (DTCH) - Canal Ponto a Ponto (uplink e downlink) - Utilizado para transmitir dados aos usuários; 29 • Multicast Traffic Channel (MTCH) - Utilizado para transmissão de dados multicast; 2.5. Downlink LTE 2.5.1. OFDM O OFDM, Multiplexação Ortogonal por Divisão de Freqüência (Orthogonal Frequency Division Multiplexing), é uma técnica complexa baseada na idéia da multiplexação pela divisão da freqüência (FDM). Figura 2.8 – Disposição das portadoras na Modulação FDM e OFDM. Na técnica de OFDM, ao invés de utilizar bandas de guarda entre as portadoras para poder separá-las, emprega-se uma sobreposição das mesmas, como demonstrado na figura 2.8, resultando em um ganho espectral de até 50% em relação à técnica FDM. O OFDM é uma técnica que distribui a informação de dados sobre um grande número de freqüências, denominadas de subportadoras, que são espaçadas em freqüências precisas. Este espaçamento provê a ortogonalidade no sentido matemático, o que previne que na demodulação não ocorra interferência entre as portadoras. Os benefícios de OFDM são alta eficiência espectral, robustez contra interferência de radiofreqüência (RF) e baixa distorção por propagação multi-percurso. No OFDM emprega-se a técnica IFFT (Inverse Fast Fourier Transform) na modulação e FFT (Fast Fourier Transform) na demodulação, utilizando-se 256 portadoras, onde cada canal de freqüência pode ser modulado com uma 30 modulação simples QAM (Quadrature Amplitude Modulation) ou PSK (Phase Shift - Keying). Figura 2.9 – Configuração de acesso no OFDM [8]. Visando-se o compartilhamento dos recursos do espectro por múltiplos usuários, foi criada a técnica OFDMA (Orthogonal Frequency Division Multiple Access), que é um refinamento da OFDM. No OFDMA os sub-canais são alocadas no domínio da freqüência e os símbolos OFDM são alocados no domínio do tempo, conforme ilustrado na figura 2.9. 2.5.2. OFDMA Foi decidido que no LTE o esquema de transmissão de dados na interface aérea seria um novo esquema, completamente diferente do WCDMA do UMTS. Em vez de se usar uma única portadora como é feito no 3G, no LTE, a utilização de um esquema de transmissão denominado OFDMA, permite que sejam transmitidos dados utilizando múltiplas portadoras estreitas simultaneamente, como 512, 1024 ou mais, dependendo da banda utilizada, por exemplo: 5, 10, 20 MHz [3]. Na figura 2.10 podemos observar a transmissão OFDMA, empregandose a IFFT na transmissão e a FFT na recepção. 31 Figura 2.10 – Transmissão OFDMA [3]. O OFDMA tem sua camada física baseada no OFDM, tecnologia empregada no downlink do LTE. De forma semelhante ao OFDM, o OFDMA emprega múltiplas subportadoras sobrepostas no domínio da freqüência, fato que pode ser observado na figura 2.11. Figura 2.11 – OFDMA no domínio do tempo e da freqüência [7]. A principal diferença está na subdivisão das subportadoras em grupos, onde cada grupo, formado por 12 subportadoras com espaçamento regular de 15 kHz cada, formam um “resource block”. O número de resource blocks está associado à banda disponível, conforme apresentado na tabela 2.2. A duração 32 de um símbolo OFDM é de 66,667 µs e o prefixo cíclico padrão é de 4,7 µs, logo, o tempo total de transmissão de um símbolo OFDM é de 71,367 µs. O prefixo cíclico é transmitido antes de cada símbolo OFDM como medida de prevenção ao multi-percurso. Para aplicações onde existe grande degradação por multi-percurso, um prefixo cíclico de 16,67 µs pode ser utilizado, no entanto este maior prefixo cíclico faz com que seja reduzido o throughput, mantendo-se a mesma duração do símbolo [3]. Canal (MHz) 1.4 3 5 10 15 20 Resource Blocks 6 15 25 50 75 100 Subportadoras 72 180 300 600 900 1200 Tabela 2.2 – Resource Blocks e Subportadoras [7]. Como os dados são alocados em resource blocks, um usuário pode ser alocado em um resource block inteiro no domínio da freqüência. No domínio do tempo, a alocação deve ser analisada e pode ser modificada na transmissão em intervalos de 1 ms (esta decisão é tomada na eNodeB). O conjunto de múltiplas subportadoras são independentes quanto à modulação, e no LTE elas podem ser moduladas em QPSK, 16 QAM ou 64 QAM. O menor arranjamento de dados agregados é referido ao resource block, que contem 12 subportadoras e 7 símbolos para cada subportadora (no caso de se utilizar o prefixo cíclico curto). Este grupo de 12 subportadoras (resource block) tem uma banda de 180 kHz e 0.5 ms de duração no domínio do tempo (1 slot). Dois slots são agrupados em um subframe, referente a um TTI (Transmit Time Interval) [3]. Dez subframes são agrupados juntos para formar um frame de radio único, com duração de 10 ms (figura 2.12). A menor quantidade de resource elements (símbolos) que pode ser alocada para um único usuário em um determinado instante de tempo são dois resource blocks, o que significa um sub-frame (ou um TTI). Para aumentar as taxas de dados para os dispositivos móveis, a alocação dos recursos da rede pode concatenar vários resource blocks no domínio do tempo e da freqüência. 33 Figura 2.12 – Acesso no LTE [3]. É importante deixar claro que nem todos os resource elements de um resource block são alocados para a transmissão de dados, podendo ser utilizados também para outros fins, como por exemplo, referência do canal piloto e medidas de qualidade dos canais de downlink [3]. 2.5.3. Resource Blocks O termo Resource Block é utilizado para descrever o mapeamento dos canais físicos que descrevem os Resource Elements. Fisicamente podemos definir um resource block como um conjunto de símbolos OFDM consecutivos no domínio do tempo em consecutivas subportadoras no domínio da freqüência. No domínio da freqüência, as subportadoras são agregadas em slots de 180 kHz cada, e dependendo do prefixo cíclico adotado (normal ou estendido), o número de subportadoras e símbolos OFDM trafegados em 180 kHz podem variar de acordo com o exposto na tabela 2.3. 34 Prefixo Subportadoras Nº Símbolos Cíclico (kHz) Subportadoras OFDM Normal 15 12 7 Estendido 15 12 6 Estendido 7,5 24 3 Tabela 2.3 – Parâmetros físicos dos Resource Blocks [7]. 2.6. Uplink LTE 2.6.1. SC-FDMA O SC-FDMA (Single Carrier FDMA) é utilizado no uplink no LTE e da mesma forma que ocorre no OFDM, intervalos de guarda com prefixos cíclicos são introduzidos entre os blocos de símbolos a serem transmitidos. Figura 2.13 – Transmissão SC-FDMA [3]. 35 A principal vantagem do SC-FDMA, em comparação com OFDM e OFDMA, é que os sinais apresentam um baixo PAPR (Peak-to-average Power Ratio) diminuindo a necessidade de transmissores complexos. Podemos classificar o SC-FDMA como um sistema híbrido que, combina o baixo PAPR do SC utilizado no GSM com o bom desempenho relacionado ao multi-percurso do OFDM. Apesar do nome, o SC-FDMA também transmite dados na interface aérea utilizando-se múltiplas subportadoras, assim como o OFDMA. Como exemplo, podemos observar a figura 2.14, onde no OFDMA os quatro símbolos QPSK são transmitidos paralelamente, sendo um em cada subportadora, e no SC-FDMA os quatro símbolos são transmitidos em série em quatro tempos distintos. No OFDMA, cada subportadora carrega somente informações de um símbolo específico. NO SC-FDMA, cada subportadora contem informações de todos os símbolos transmitidos. No uplink, os dados são transmitidos também em 12 subportadoras, como no downlink, com o mesmo TTI de 1 ms. Figura 2.14 – Transmissão utilizando OFDMA x SC-FDMA. As principais diferenças entre OFDMA e SC-FDMA podem ser resumidas da seguinte forma: No OFDMA são tomados grupos de input de bits (0’s e 1’s) para montar as subportadoras que são processadas com IFFT para se ter um sinal no tempo. No SC-FDMA primeiro se tem uma FFT sobre grupos de input para espalhar sobre todas subportadoras, e em seguida usar o resultado no IFFT que cria o sinal no 36 tempo. Este é o motivo que por vezes o SC-FDMA é referido como FFT espalhado OFDM. 2.7. LTE Advanced Em meio às discussões sobre as futuras tecnologias em termos de mobilidade, um aspecto comum nas discussões diz respeito à necessidade de ampliar a capacidade das redes móveis e de fornecer maiores taxas para os usuários, o que de fato mostra a necessidade de novos projetos de rede. O padrão LTE-Advanced vem sendo desenvolvido pela 3GPP a fim de ir ao encontro desse cenário. 2.7.1. Requisitos Com a finalidade de ser uma evolução das redes LTE, o projeto LTEAdvanced apresenta algumas condições que são adotadas em seu estudo em desenvolvimento. Alguns dos acordos já firmados entre fornecedores e 3GPP confirmam como pré-requisitos os itens abaixo: • Taxa de pico – Downlink: 1 Gbps, Uplink: 500 Mbps; • Capacidade de pico – Downlink: 30 bps/Hz, Uplink: 15 bps/Hz; • Largura de banda maior que 70 MHz para downlink e 40 MHz para uplink; • Taxa de transferência média para o usuário três vezes maior do que no LTE; • Capacidade três vezes maior do que no LTE, refletida como a eficiência espectral; • Flexibilidade do espectro: suporte à agregação espectral e largura de banda escalável; • Mobilidade igual à do padrão LTE; • Compatibilidade com redes anteriores. Assim como no LTE, a implementação do LTE-Advanced deverá ser totalmente baseada no protocolo IP. 37 2.7.2. Tecnologia Algumas propostas técnicas por parte do 3GPP encontram-se em estudo, podendo ser divididas em certas categorias, como as seguintes: • Soluções de antenas para técnicas MIMO; • Correção automática de erro (Forward Error Correction - FEC); • Largura de banda escalável excedendo 20 MHz, até mesmo 100 MHz (uso flexível do espectro); • Configuração e operação automática da rede. A fim de atingir taxas de pico de 1 Gbps, uma largura de banda de até 100 MHz é analisada como o meio para tal objetivo. Como só se tem conseguido suportar larguras de banda de 20 MHz, uma solução para esse obstáculo seria a adoção de múltiplos terminais. 3 Planejamento de Sistemas LTE O processo de planejamento de rede é realizado com o objetivo de se obter a maior cobertura de atuação com a menor quantidade de equipamento possível, e ao mesmo tempo prover a capacidade de rede necessária para se atender a demanda de tráfego dos usuários atendidos. Para que estes objetivos sejam alcançados, existem estágios típicos a serem realizados, que incluem a definição dos parâmetros de projeto (plano inicial e detalhado) e otimização. O primeiro estágio do planejamento consiste em se obter informações tais como a cobertura desejada, a quantidade de usuários e sua respectiva distribuição na região de cobertura, estimativas de tráfego por usuário, serviços a serem oferecidos, a qualidade de serviço requerida (QoS - Quality of Service), a capacidade necessária, características de possíveis equipamentos e funcionalidades que podem ser utilizadas. O resultado final deve ser a mínima densidade de estações rádio base a ser instalada, para atender aos objetivos do projeto. Esse estágio usualmente envolve uma simulação para estimar a cobertura e capacidade requerida para os usuários do sistema. O planejamento detalhado pode ser divido em processos que incluem [9]: • Ajuste do Modelo de Propagação (Model Tuning) - Processo para calibração do modelo de propagação teórico utilizado. Essa calibração geralmente é realizada através da importação nas ferramentas de predições de arquivos obtidos em medições de campo específicas; • Definição dos Locais de Instalação (Site Selection) - Nos sistemas celulares, a seleção de locais para instalação dos equipamentos é um grande desafio. Esse processo envolve a identificação dos candidatos que podem atender às necessidades de projeto, tais como: KPIs (Key Performance Indicator), Cobertura e Capacidade; 39 • Dimensionamento - O objetivo final desta etapa é o dimensionamento do equipamento (células e eNodeBs) para atender a demanda de cobertura e capacidade da região a ser atendida; • Parametrização - Os parâmetros do sistema precisam ser identificados e configurados para o melhor desempenho da rede; O processo de otimização pode ser dividido em pré-lançamento e póslançamento. Devido à carga que o sistema passará a receber após o lançamento comercial da rede, é necessário o acompanhamento dos indicadores de capacidade, cobertura, interferência, entre outros, alterando-se os parâmetros associados para que o sistema fique adequado às necessidades do momento. 3.1. Link Budget O Link Budget é uma das etapas realizadas no Planejamento Celular. Com o Link Budget é calculada a máxima perda de propagação permitida para que os usuários alocados nas bordas das células tenham condições de utilizar o sistema. Através do Link Budget podem-se determinar a área de cobertura e raio da célula, permitindo estimar a quantidade de estações rádio base necessárias para cobrir a região onde se pretende oferecer o serviço. Vale ressaltar que as características do ambiente (urbano denso, urbano, suburbano, etc.) no qual a rede será instalada, influenciam o resultado do Link Budget, devido às múltiplas reflexões que o sinal propagado irá sofrer. O Link Budget também varia de acordo com o objetivo de cobertura desejado, seja ela indoor, incar ou outdoor, pois para cada uma destas, as perdas de propagação do sinal são diferentes. A potência de transmissão, o ganho das antenas e as perdas do sistema são alguns dos parâmetros que devem ser levados em consideração no cálculo do Link Budget. Cálculos independentes para o uplink e para o downlink são realizados, dada a distinção dos parâmetros em cada sentido de transmissão. 40 O sistema celular é raramente limitado pelo downlink, pois, a potência transmitida pela estação rádio base é maior que a potência que o móvel é capaz de transmitir. A equação básica para o cálculo do Link Budget em dB é: L = Ptx + Gtx − Ltx − SNR Re querida − Srx + Grx − Lrx + Gdv − M 3.1-1 Onde: • L - Máxima Perda de Downlink / Uplink; • Ptx - Potência de Transmissão [dBm]; • Gtx - Ganho da Antena Transmissora [dBi]; • Ltx - Perdas na Transmissão [dB] • SNRRe querida - Relação Sinal Ruído Requerida [dB]; • Srx - Sensibilidade Requerida na Recepção [dB] • Grx - Ganho da Antena Receptora [dBi]; • Lrx - Perdas na Recepção [dB]; • Gdv - Ganho de Diversidade [dBi]; • M - Margem de Desvanecimento [dB]. A Margem de Desvanecimento ou Fade Margin é a margem a ser considerada no Link Budget a fim de garantir que o terminal móvel consiga operar na borda das células, onde a relação SINR (Sinal Ruído + Interferência) é baixa. Devido aos efeitos do multipercurso presentes nos sistemas celulares esta garantia, ou Margem de Desvanecimento deve ser considerada. Uma boa referência para ser adotada como margem de desvanecimento, é o desvanecimento cujo canal de rádio segue a distribuição de Rayleigh, onde para áreas urbanas o valor adotado deve ser entre 4 dB e 6 dB [10]. Uma das formas adotadas para minimizar os efeitos de Fading é a técnica da diversidade, que atua fornecendo ao receptor réplicas do mesmo sinal transmitido, que chegam através de caminhos de propagação independentes. Neste trabalho assumimos como sendo de 3 dB o Ganho de Diversidade no Link Budget de Uplink [11]. 41 O SNR vai depender da modulação e da taxa de código adotada, ou seja, está diretamente relacionado à taxa de transferência de dados e ao número de Resource Blocks alocados [12]. Conforme mencionado anteriormente, faz-se necessário calcular o Link Budget para o downlink e para o uplink, e a máxima perda encontrada (menor valor de L na comparação entre downlink e uplink) será adotada na determinação do raio da célula. 3.1.1. Link Budget de Downlink Na tabela 3.1 encontramos os parâmetros necessários e os valores adotados para o cálculo do Link Budget de Downlink, com exceção da sensibilidade requerida na recepção. A sensibilidade requerida na recepção segundo a Série 36101 da 3GPP [13] está apresentada na tabela 3.2 e se referem apenas para a modulação QPSK, sendo que os valores variam de acordo com a largura de banda adotada e também com a faixa de freqüência de operação do sistema. Potência de Transmissão 60W; 48 dBm Ganho da Antena Transmissora 18 dBi Perdas na Transmissão 3 dB SNR 0 dB Ganho da Antena Receptora 0 dBi Perdas na Recepção 0 dB Ganho de Diversidade 0 dB Margem de Desvanecimento 4 dB Tabela 3.1 – Valores dos Parâmetros para o Link Budget de Downlink. O valor da Sensibilidade Requerida na Recepção adotado no cálculo do Link Budget de Downlink foi de -92 dBm (a maior sensibilidade requerida, para 20 MHz de largura de banda). Este cálculo deve ser realizado para o pior caso, pois se operarmos com larguras de bandas diferentes, perde-se cobertura, impactando diretamente na configuração espacial das eNodeBs planejadas para 42 cobrir a área original, podendo até mesmo faltarem eNodeBs para atender os objetivos de cobertura e capacidade. Sensibilidade Requerida Recepção - 5 MHz -98 dBm Sensibilidade Requerida Recepção - 10 MHz -95 dBm Sensibilidade Requerida Recepção - 15 MHz -93,2 dBm Sensibilidade Requerida Recepção - 20 MHz -92 dBm Tabela 3.2 – Sensibilidade Requerida na Recepção para a modulação QPSK [13]. Utilizando a equação 3.1-1 e a tabela 3.1, que apresenta os valores adotados no Link Budget de Downlink, podemos determinar o valor de L em dB: L DL = 48dBm + 18dBi − 3dB − 0 − (− 92dBm) + 0 − 0 + 0 − 4 3.1-2 LDL = 151dB 3.1-3 3.1.2. Link Budget de Uplink Na tabela 3.3 encontramos os parâmetros necessários e os valores adotados para o cálculo do Link Budget de Uplink. Potência de Transmissão 23 dBm Ganho da Antena Transmissora 0 dBi Perdas na Transmissão 0 dB SNR 0 dB Sensibilidade Requerida Recepção -101,5 dBm Ganho da Antena Receptora 18 dBi Perdas na Recepção 3 dB Ganho de Diversidade 3 dB Margem de Desvanecimento 4 dB Tabela 3.3 – Valores dos Parâmetros para o Link Budget de Uplink. 43 A potência de transmissão adotada para o móvel se refere à máxima potência permitida segundo a Série 36101 da 3GPP [13], com tolerância de 2 dB para mais ou para menos. O valor adotado para a Sensibilidade Requerida na Recepção está de acordo com a Série 36104 da 3GPP [14], sendo que os valores para as faixas de freqüência de 5 MHz, 10 MHz, 15 MHz e 20 MHz são de -101,5 dBm para as modulações QPSK, 16 QAM e 64 QAM. Utilizando a equação 3.1-1 e a tabela 3.3, que apresenta os valores adotados no Link Budget de Uplink, determinamos o valor de L em dB. LUL = 23dBm + 0 − 0 − 0 − (− 101,5dBm) + 18dBi − 3dB + 3dB − 4dB LUL = 138,5dB 3.1-4 3.1-5 Comparando os resultados das equações 3.1-3 e 3.1-5, concluímos que a máxima perda de propagação permitida ocorre no Link Budget de Uplink, conforme esperado, sendo este o valor que deverá ser adotado no cálculo do raio teórico da célula. 3.2. Cálculo do Raio Teórico No dimensionamento de sistemas de comunicações sem fio, necessitamos uma adequada escolha de modelos de propagação. De modo geral, os modelos de propagação provêem estimativas das perdas de propagação considerando, distância entre transmissor e receptor, fatores de terreno, altura das antenas transmissoras e receptoras e as freqüências utilizadas. O modelo de propagação escolhido para ser utilizado neste trabalho é o modelo SUI (Stanford University Interin), que é uma extensão do trabalho realizado anteriormente por Erceg et al, para determinar a cobertura da rede [15]. Este modelo foi escolhido, pois é indicado pelo 3GPP para o planejamento de redes WiMAX (Worldwide Interoperability for Microwave Access), padrão IEEE 802.16, que utilizam as faixas de freqüência de 2.5 GHz e 3.5 GHz, cobrindo a necessidade que teremos em nosso dimensionamento LTE. 44 O modelo SUI distingue diferentes categorias para diferentes terrenos, que podem ser classificados como sendo do tipo: • Terreno Tipo A – Terreno Montanhoso com Alta ou Moderada Densidade de Árvores; • Terreno Tipo B – Terreno Montanhoso com Baixa Densidade de Árvores ou Planície com Alta ou Moderada Densidade de Arvores; • Terreno Tipo C – Planície de Baixa Densidade de Árvores. Para nossa análise, escolhemos a categoria A, pois com esta categoria estaremos realizando o dimensionamento para o prior caso, resultando em uma quantidade maior de estações rádio base. As perdas de propagação (Path Loss, Path Attenuation) pelo modelo (em dB) são descritas da seguinte forma: d L = A + 10γ log + X f + X h + s d0 Que é valida para d > d0 , visto que d 0 = 100m 3.2-1 representa a distância de Xf d referência e A é a perda no espaço livre na distância 0 . O termo é a correção da freqüência, X h é a correção da altura da antena receptora, s corresponde ao desvanecimento dado pelo tipo de terreno e γ é o expoente de perda do caminho em função da altura da estação rádio base. O termo λ na equação 3.2-2 representa o comprimento de onda associado à freqüência de operação do sistema. 4πd 0 A = 20 log λ 3.2-2 f X f = 6 log 2000 3.2-3 45 Onde f é a freqüência em MHz. h X h = −10.8 log 2 3.2-4 Para terrenos do Tipo A e Tipo B e, h X h = −20 log 2 3.2-5 Para terrenos do Tipo C, onde h é a altura da antena receptora, onde 2 m ≤ h ≤ 10 m. γ = a − b.hb + c hb 3.2-6 Onde as constantes a , b e c foram determinadas empiricamente, e podem ser obtidas na tabela 3.4. A altura da antena da estação rádio base, deve ter valores entre 10 e 80 metros. Parâmetro Terreno Tipo A Terreno Tipo B Terreno Tipo C a 4.6 4.0 3.6 b (1/m) 0.0075 0.0065 0.0050 c (m) 12.6 17.1 20.0 Tabela 3.4 – Valores dos Parâmetros do Modelo SUI. Neste trabalho adotamos a seguinte configuração: • f = 2.6GHz • h = 2m • hb = 30m • s = 4 dB hb 46 Obtendo os seguintes resultados para cada parâmetro: Perda no Espaço Livre 4.π .100 A = 20. log 8 6 3.10 2600.10 3.2-7 A = 80,74dB 3.2-8 Correção da Freqüência 2600.10 6 X f = 6. log 2000 X f = 0,6836dB 3.2-9 3.2-10 Correção da Altura da Antena Receptora 2 X h = −10,8. log 2 3.2-11 X h = 0dB 3.2-12 Perda do Caminho em Função da Altura da Antena Transmissora γ = 4,6 − 0,0075.30 + 12,6 30 γ = 4,79dB 3.2-13 3.2-14 Substituindo valores na equação 3.2-1, temos: d L = 80,74dB + 10.4,79. log + 0,6836dB + 0 + 4dB 100 3.2-15 47 Com os valores de L calculados nas seções 3.1.1 (Link Budget de Downlink) e 3.1.2 (Link Budget de Uplink), conforme os resultados demonstrados na tabela 3.5, realizamos o balanceamento do canal utilizando a equação 3.2-15 e a maior perda de percurso (L) permitida, 138,5 dB, para a determinação do raio máximo das células. Link Budget Perda de Percurso (L) Downlink 151 dB Uplink 138,5 dB Tabela 3.5 – Valores calculados no Link Budget. Substituindo o resultado da máxima perda de percurso permitida na equação 3.2-15, obtemos a máxima distância de atuação de uma célula (d): d 138,5dB = 80,74dB + 10.4,79. log + 0,6836dB + 0 + 4dB 100 R = d ≅ 1,3Km 3.2-16 3.2-17 Existem ferramentas de predição que permitem obter com maior precisão o resultado do cálculo realizado, tornando possível a análise visual e um dimensionamento mais preciso. Tais ferramentas de predição consideram outros fatores, como edificação e relevo no cálculo de cobertura da estação rádio base do sistema. 3.3. Cálculo do Máximo Throughput Teórico O throughput oferecido na camada física de uma estação rádio base LTE, pode ser calculado levando-se em consideração o tempo do símbolo, a modulação a ser utilizada na interface aérea (QPSK, 16 QAM, 64 QAM) e o número de subportadoras disponíveis, que está diretamente relacionada à banda adotada no sistema (como visto, a banda varia de 1.4 até 20 MHz), conforme equação 3.3-1 [3]. 48 Throughput = TempodeSímbolo × Bits × Subportadoras 3.3-1 Conforme mencionado na seção 2.5.2, o tempo de transmissão de um símbolo é de 71,367 µs. Vamos calcular o throughput na camada física para as bandas de 5 MHz, 10 MHz, 15 MHz e 20 MHz. Desta forma, a quantidade de subportadoras capazes de transportar dados é apresentado na tabela 3.6 [3]: Largura de Banda Subportadoras 5 MHz 300 10 MHz 600 15 MHz 900 20 MHz 1200 Tabela 3.6 – Largura de Banda e Subportadoras LTE. Cada modulação adotada no sistema é capaz de transportar uma quantidade de bits por símbolo, sendo que a tabela 3.7 traz a capacidade de cada uma. Modulação Bits por Símbolo QPSK 2 16 QAM 4 64 QAM 6 Tabela 3.7 – Capacidade de bits por símbolo das modulações utilizadas no downlink. Utilizando as informações ilustradas nas tabelas 3.6 e 3.7, e fazendo-se uso da equação 3.3-1, somos capazes de determinar o throughput para cada modulação e largura de banda disponível. Como exemplo, vamos calcular o throughput para a modulação 64 QAM. • 5 MHz e 64 QAM Throughput = 1 0.000071367 × 6 × 300 3.3-2 49 Throughput = 25,2 Mbps • • • 3.3-3 10 MHz e 64 QAM Throughput = 1 0.000071367 × 6 × 600 3.3-4 Throughput = 50,4 Mbps 3.3-5 15 MHz e 64 QAM Throughput = 1 0.000071367 × 6 × 900 3.3-6 Throughput = 75,7 Mbps 3.3-7 20 MHz e 64 QAM Throughput = 1 0.000071367 × 6 × 1200 3.3-8 Throughput = 100,9 Mbps 3.3-9 Nas tabelas 3.8, 3.9, 3.10 e 3.11, constam os valores do throughput calculados, fazendo-se uso da equação 3.3-1 para as bandas de 5 MHz até 20 MHz com as modulações QPSK, 16 QAM e 64 QAM. A figura 3.1 ilustra estes resultados. Largura de Banda e Modulação Throughput (Mbps) 5 MHz – QPSK 8,4 5 MHz – 16 QAM 16,8 5 MHz – 64 QAM 25,2 Tabela 3.8 – Throughput para largura de banda de 5 MHz. Largura de Banda e Modulação Throughput (Mbps) 10 MHz – QPSK 16,8 10 MHz – 16 QAM 33,6 50 10 MHz – 64 QAM 50,4 Tabela 3.9 – Throughput para largura de banda de 10 MHz. Largura de Banda e Modulação Throughput (Mbps) 15 MHz – QPSK 25,2 15 MHz – 16 QAM 50,4 15 MHz – 64 QAM 75,7 Tabela 3.10 – Throughput para largura de banda de 15 MHz. Largura de Banda e Modulação Throughput (Mbps) 20 MHz – QPSK 33,6 20 MHz – 16 QAM 67,3 20 MHz – 64 QAM 100,9 Tabela 3.11 – Throughput para largura de banda de 20 MHz. Quando uma configuração MIMO 2x2 é utilizada, o throughput pode atingir valores de até 173 Mbps, e quando for utilizada a configuração MIMO 4x4, podemos chegar a taxas de transferência de até 326 Mbps [3]. Máximo Throughput Teórico 120 100,9 100 75,7 67,3 80 50,4 50,4 60 33,6 33,6 40 20 25,2 25,2 8,4 16,8 16,8 0 5 MHz 10 MHz QPSK 15 MHz 16 QAM 20 MHz 64 QAM Figura 3.1 - Throughput na camada física do LTE. 51 3.4. Cálculo da Máxima Eficiência Espectral A eficiência espectral para cada modulação pode ser calculada através da equação 3.4-1, e os resultados são apresentados na figura 3.2. Ef .Espectral = Throughput L arg uraBanda 3.4-1 Onde: • Eficiência Espectral [bits/seg./hertz]; • Throughput [Mbps]; • Largura de Banda [MHz] Máxima Eficiência Espectral 5,05 5,00 3,37 4,00 3,00 1,68 2,00 1,00 0,00 QPSK 16QAM 64QAM Figura 3.2 – Eficiência Espectral do LTE. 3.5. Cálculo da Capacidade do Canal e da Relação Sinal Ruído (SNR) O tipo de modulação utilizado em sistemas de comunicações móveis tem influência na área de serviço de um sistema. Cada tipo de modulação tem um requisito mínimo de relação entre os níveis de sinal, ruído e interferência (SINR). Em uma célula, esta relação varia de um ponto para o outro, podendo fazer com 52 que em algumas áreas o requisito mínimo não seja atendido para os tipos de modulação disponíveis. Se isto ocorrer, a qualidade oferecida não será suficiente para que os serviços requisitados sejam atendidos. Um importante ponto a ser destacado é que o ruído tratado é o AWGN (Additive White Gaussian Noise), um ruído branco adicionado ao sinal, assim utilizaremos o termo SNR (Sinal Ruído) em vez de SINR. As larguras dos canais utilizados influem diretamente na capacidade de um sistema, conforme o teorema de Shannon-Hartley, que afirma que a capacidade máxima, em bits por segundo, de um canal sujeito ao ruído pode ser calculada por: C = BW . log 2 (1 + SNR) 3.5-1 Onde: • C - Capacidade do Canal [bps]; • BW - É a largura de faixa do canal utilizado [Hz]; • SNR - É a relação Sinal/Ruído [dB] Teoricamente a taxa máxima de comunicação R que pode ser usada neste tipo de canal é menor ou igual à capacidade C do canal dependendo do esquema de modulação/codificação utilizado. A taxa máxima de comunicação dependerá, portanto, da largura de faixa do canal alocado e das condições de propagação do canal de RF (da relação Sinal/Ruído). A interferência sentida irá influenciar no tipo de modulação que pode ser utilizada, causando efeito diretamente na capacidade do canal. Na seção 3.3, calculamos as capacidades dos canais na camada física para larguras de faixa que variaram de 5 MHz até 20 MHz, para as modulações QPSK, 16 QAM e 64 QAM, no entanto, não levamos em consideração as taxas de códigos. Nesta seção iremos determinar a capacidade dos canais e também o SNR requerido para que cada modulação seja utilizada. A tabela 3.12 mostra as taxas de códigos que serão consideradas para o cálculo da capacidade do canal desta seção. 53 Modulação Taxa de Códigos QPSK 1/2 QPSK 3/4 16 QAM 1/2 16 QAM 3/4 64 QAM 1/2 64 QAM 2/3 64 QAM 3/4 64 QAM 5/6 Tabela 3.12 – Taxa de Código de Modulação. A taxa de código indica a proporção dos bits de cada modulação que é transmitida como informação em cada símbolo. Como exemplo, para a modulação 64 QAM, que é capaz de transmitir 6 bits por símbolo, quando uma taxa de modulação de 5/6 é utilizada, apenas 5 bits serão transmitidos como informação. Levando em consideração os valores das taxas de códigos de cada modulação que compõem a tabela 3.12, e fazendo uso da equação 3.5-2 (adaptação da equação 3.3-1, com inclusão da taxa de códigos), os valores de throughput calculados na seção 3.3 podem ser determinados novamente. Throughput = TempodeSímbolo × Bits × Taxa × Subportadoras 3.5-2 Nas tabelas 3.13, 3.14, 3.15 e 3.16, constam os valores do throughput calculados, fazendo-se uso da equação 3.5-2 para as bandas de 5 MHz até 20 MHz com as modulações QPSK, 16 QAM e 64 QAM e respectivas taxas de códigos. Modulação Taxa de Códigos Throughput (Mbps) QPSK 1/2 4,20 QPSK 3/4 6,31 16 QAM 1/2 8,41 16 QAM 3/4 12,61 64 QAM 1/2 12,61 54 64 QAM 2/3 16,81 64 QAM 3/4 18,92 64 QAM 5/6 21,02 Tabela 3.13 – Throughput para largura de banda de 5 MHz, adotando taxa de código. Modulação Taxa de Códigos Throughput (Mbps) QPSK 1/2 8,41 QPSK 3/4 12,61 16 QAM 1/2 16,81 16 QAM 3/4 25,22 64 QAM 1/2 25,22 64 QAM 2/3 33,63 64 QAM 3/4 37,83 64 QAM 5/6 42,04 Tabela 3.14 – Throughput para largura de banda de 10 MHz, adotando taxa de código. Modulação Taxa de Códigos Throughput (Mbps) QPSK 1/2 12,61 QPSK 3/4 18,92 16 QAM 1/2 25,22 16 QAM 3/4 37,83 64 QAM 1/2 37,83 64 QAM 2/3 50,44 64 QAM 3/4 56,75 64 QAM 5/6 63,05 Tabela 3.15 – Throughput para largura de banda de 15 MHz, adotando taxa de código. Modulação Taxa de Códigos Throughput (Mbps) QPSK 1/2 16,81 QPSK 3/4 25,22 16 QAM 1/2 33,63 16 QAM 3/4 50,44 64 QAM 1/2 50,44 55 64 QAM 2/3 67,26 64 QAM 3/4 75,67 64 QAM 5/6 84,07 Tabela 3.16 – Throughput para largura de banda de 20 MHz, adotando taxa de código. Através da equação 3.5-3, e assumindo que o throughput calculado nas tabelas 3.13, 3.14, 3.15 e 3.16 representam a capacidade máxima do canal para cada largura de faixa do canal, podemos encontrar o SNR requerido para cada modulação e taxa de código. A equação 3.5-5 traz o resultado de um exemplo do cálculo do SNR, onde foi considerada a largura de banda de 20 MHz e o throughput de 84,07 Mbps. C = BW . log 2 (1 + SNR) 3.5-3 84,07 Mbps = 20MHz. log 2 (1 + SNR ) 3.5-4 SNR = 12,41dB 3.5-5 A tabela 3.17 traz a informação do SNR requerido para cada modulação e taxa de código. Modulação Taxa de Códigos SNR (dB) QPSK 1/2 -1,02 QPSK 3/4 1,45 16 QAM 1/2 3,44 16 QAM 3/4 6,76 64 QAM 1/2 6,76 64 QAM 2/3 9,68 64 QAM 3/4 11,06 64 QAM 5/6 12,41 Tabela 3.17 – SNR requerido para respectivas modulações e taxas de códigos. Optou-se pela determinação do SNR requerido para cada modulação e respectiva taxa de código através de cálculos considerando a equação de 56 Shannon-Hartley, pois não foi encontrado na literatura e nas especificações da 3GPP, referências para cálculos dos níveis de projeto. 3.6. Cálculo da Interferência Co-Canal Sistemas celulares se baseiam no reuso de freqüências para obter da rede uma maior capacidade e qualidade na cobertura. Um conjunto de estações rádio base vizinhos que utilizem todo espectro disponível formam um cluster. Na figura 3.3 podemos observar dois clusters formados por um conjunto de 7 estações rádio base cada, onde D representa a distância de reuso e R o raio de cada célula. Figura 3.3 – Cluster. Através dos valores de D e R , pode-se definir a razão de reuso q , como pode ser observado na equação 3.6-1. q= D R 3.6-1 Sendo a a área de uma célula hexagonal (omnidirecional) e A a área de um cluster hexagonal, temos: a=3 3 R2 2 3.6-2 57 A= 3 Assumindo que N D2 2 3.6-3 seja o número de estações rádio base (células hexagonais) que formam um cluster, podemos definir que: N= A D2 1 D = = a 3R 2 3 R 2 3.6-4 (3N )2 = D 3.6-5 R Substituindo 3.6-5 em 3.6-1: 2 D q = = 3N R 3.6-6 2 Fazendo uso da equação 3.6-6, pode-se calcular a razão de reuso q para diferentes formações de clusters, variando-se o reuso celular N . Na tabela 3.18 temos alguns exemplos. Fator de Reuso ( N ) Razão de Reuso ( q ) 1 1,73205 3 3 4 3,4641 7 4,58258 9 5,19615 Tabela 3.18 – Fator de Reuso e Razão de Reuso Celular. A configuração celular, com reuso de freqüências para grupos de células adjacentes, gera uma interferência dentro do sistema denominada de interferência co-canal. Esta interferência co-canal pode ser determinada levando-se em consideração 6 células adjacentes (1º anel) a uma distância D, 12 células adjacentes (2º anel) a uma distância 2D, ou ainda, 18 células adjacentes (3º 58 anel) a uma distância 3D e assim sucessivamente, conforme ilustrado na figura 3.4. A relação entre o sinal desejado e a interferência co-canal é dada por: S = I S 6 12 3.6-7 18 ∑ I k1 + ∑ Ik2 + ∑I k 1=1 k 2 =1 k 3=1 k3 + ... Onde: • S = C × d −γ - Intensidade do sinal desejado transmitido a uma distância d do transmissor; • I kn = C ⋅ D kn−γ - Intensidade do sinal interferente devido a células no n-ésimo anel, a uma distância Dkn do transmissor; • γ - Fator de variação da perda de propagação com a distância; • C - Constante que depende das características do transmissor e de parâmetros que influenciam a propagação tais como altura das antenas, freqüência entre outros. Figura 3.4 – Interferência dos anéis adjacentes. 59 Se pudéssemos considerar um móvel na borda da célula, assumimos assim que a distância d do transmissor seja aproximadamente igual ao raio celular, d ≅ R e para D >> R temos que Dkn ≅ nD e conseqüentemente: S Cd −γ = I 6CD −γ + 12C (2 D) −γ + 18C (3D) −γ + ... S ≅ I D 6 RC 3.6-8 1 −γ ( 3.6-9 ) ⋅ 1 + 2 −γ ⋅ 2 + 3 −γ ⋅ 3 + ... S ≅ I D 6 RC 1 −γ 3.6-10 ∞ ⋅ ∑ k 1−γ k =1 Através de uma aproximação que leva em consideração somente o primeiro anel interferente tem-se: S 1 ≅ I D 6 RC −γ 3.6-11 S qγ = I 6 3.6-12 Através da equação 3.6-12, observamos que a relação S I (SIR) é maior quando adotamos um maior fator de reuso co-canal, maior valor para N . SIR (dB) N=1 N=3 N=4 N=7 N=9 Terreno A 3,65746 15,09645 18,09185 23,91871 26,53542 Terreno B 2,655506 13,09254 15,82557 21,14205 23,52956 Terreno C 2,039225 11,85998 14,43163 19,43418 21,68072 Tabela 3.19 – Relação SIR considerando o primeiro anel interferente. 60 A tabela 3.19 traz a relação SIR calculada através da equação 3.6-12 para os casos onde o reuso N adotado varia de 1 a 9 para as três categorias de terreno observado no modelo de propagação de Erceg et al, lembrando que o fator de variação da perda de propagação com a distância, γ , pode ser calculado através da equação 3.2-6, onde a altura da antena transmissora seja hb = 30m . Considerando também os efeitos do segundo anel interferente temos: S 1 = I D 6 RC −γ ⋅ 1 1 + 21−γ ( ) 3.6-13 S qγ 1 = ⋅ I 6 (1 + 21−γ ) 3.6-14 SIR (dB) N=1 N=3 N=4 N=7 N=9 Terreno A 3,355338 14,79433 17,78973 23,61659 26,2333 Terreno B 2,255863 12,6929 15,42592 20,74241 23,12992 Terreno C 1,565349 11,3861 13,95775 18,96031 21,20684 Tabela 3.20 – Relação SIR considerando o primeiro e o segundo anel interferente. Observando os valores de SIR para os cenários onde levamos em consideração o primeiro anel interferente, tabela 3.19 e também o segundo anel interferente, tabela 3.20, concluímos que para o terreno do tipo A, que adotamos para a realização do dimensionamento de capacidade e cobertura, e com o fator de reuso N = 1 , os usuários da borda estariam atendidos com as modulações QPSK ½ e QPSK ¾, que segundo a tabela 3.17 requerem uma SNR mínima de -1,02 dB e 1,45 dB respectivamente para operar. Se adotássemos no sistema um fator de reuso N = 3 , com o auxilio das tabelas 3.17 e 3.20, podemos concluir que os usuários de borda estariam atendidos com todas as possibilidades de modulação do sistema, QPSK, 16 QAM e 64 QAM. De acordo com a literatura e com o 3GPP, o sistema LTE poderá adotar um fator de reuso de freqüências unitário, N = 1 , desta forma, outras 61 possibilidades podem ser levadas em consideração para que a relação SIR seja melhorada, tais como a redução da altura da antena transmissora ou ainda a setorização, que consiste na divisão das células em setores, sendo cada um destes setores iluminados por uma antena direcional independente que recebe um subconjunto de freqüências. Na prática a setorização tripla e sêxtupla são adotadas em sistemas celulares, sendo a setorização tripa a mais usual. 3.6.1. Cálculo da Interferência Co-Canal com Setorização Tripla A setorização tripla consiste na divisão celular em setores de 120º. Para facilitar a compreensão dos benefícios que a setorização pode trazer quanto à diminuição da interferência co-canal, analisando a figura 3.5 podemos observar que apenas as células 4 e 5 possuem setores voltados para a célula interferida que possuem o mesmo subconjunto de freqüências. Figura 3.5 – Interferência com setorização tripla. Se considerarmos somente o primeiro anel interferente, a relação SIR será dada por: S ≅ I 1 D ∑ k =1 RC 2 −γ 3.6-15 62 S qγ = I 2 3.6-16 Para definirmos o ganho que a setorização tripla tem em relação a sistemas que não utilizam a setorização, podemos definir que: G= SIRcélula setorizada SIRcélula sem setorização 3.6-17 Substituindo as equações 3.6-12 e 3.6-16 em 3.6-17, temos: G= (q γ / 2) ( q γ / 6) 3.6-18 G =3 3.6-19 Aplicando o logaritmo na equação 3.6-19, temos que o ganho da setorização tripla em relação a sistemas sem setorização é: G dB = 10 log 10 (3) 3.6-20 G dB = 4,77dB 3.6-21 Recalculando a relação SIR considerando a setorização tripla, e altura da antena transmissora hb = 30m , chegamos aos valores da tabela 3.21. SIR (dB) N=1 N=3 N=4 N=7 N=9 Terreno A 8,428672 19,86766 22,86306 28,68993 31,30664 Terreno B 7,426719 17,86375 20,59678 25,91326 28,30077 Terreno C 6,810438 16,63119 19,20284 24,2054 26,45193 Tabela 3.21 – Relação SIR considerando o primeiro anel interferente com setorização tripla. 63 Considerando o fator de reuso N = 1 e o terreno do tipo A, temos uma SIR de aproximadamente 8,43 dB o que seria suficiente para que os usuários na borda das células estivessem atendidos pelas modulações QPSK ½, ¾, 16 QAM ½, ¾ e pela modulação 64 QAM ½, que segundo a tabela 3.17 requerem uma SNR mínima de -1,02 dB, 1,45 dB, 3,44 dB, 6,76 dB e 6,76 dB respectivamente para operar. 3.6.2. Cálculo da Interferência Co-Canal com Setorização Sêxtupla A setorização sêxtupla consiste na divisão celular em setores de 60º. Analisando a figura 3.6 podemos observar que apenas a célula 4 possui um setor voltado para a célula interferida que possui o mesmo subconjunto de freqüências. Figura 3.6 – Interferência com setorização sêxtupla. Se considerarmos somente o primeiro anel interferente, a relação SIR será dada por: S ≅ I 1 D ∑ k =1 RC 1 S = qγ I −γ 3.6-22 3.6-23 64 Para definirmos o ganho que a setorização sêxtupla apresenta em relação a sistemas que não utilizam a setorização, podemos definir que: G= SIRcélula setorizada SIRcélula sem setorização 3.6-24 Substituindo as equações 3.6-12 e 3.6-23 em 3.6-24, temos: G= qγ ( q γ / 6) 3.6-25 G =6 3.6-26 Aplicando o logaritmo na equação 3.6-26, temos que o ganho da setorização tripla em relação a sistemas sem setorização é: G dB = 10 log 10 (6) 3.6-27 G dB = 7,78dB 3.6-28 Recalculando a relação SIR considerando a setorização sêxtupla, e altura da antena transmissora hb = 30m , chegamos aos valores da tabela 3.22. SIR (dB) N=1 N=3 N=4 N=7 N=9 Terreno A 11,43897 22,87796 25,87336 31,70023 34,31694 Terreno B 10,43702 20,87405 23,60708 28,92356 31,31107 Terreno C 9,820737 19,64149 22,21314 27,2157 29,46223 Tabela 3.22 – Relação SIR considerando o primeiro anel interferente com setorização sêxtupla. Considerando o fator de reuso N = 1 e o terreno do tipo A, temos uma SIR de aproximadamente 11,43 dB o que seria suficiente para que os usuários na borda das células estivessem atendidos por todas as modulações do sistema, 65 QPSK, 16 QAM e 64 QAM, com exceção da modulação 64 QAM com taxa de códigos 5/6, que segundo a tabela 3.17 requerem uma SNR mínima de 12,41 dB para operar. Analisando os resultados das seções 3.6.1 e 3.6.2, percebemos que se pode utilizar o reuso unitário ( N = 1 ) em sistemas LTE sem que os usuários da borda estejam desprovidos de cobertura e serviço. 3.7. Cálculo do Raio em Função da Modulação e SNR Na seção 3.2 calculamos o raio máximo teórico da célula adotando valores nulos para a SNR requerida no sistema. O valor encontrado naquela seção é importante quando desejamos determinar a quantidade de estações rádio base necessárias para cobrir a área na qual se pretende oferecer o serviço celular, mas não deve ser levada em consideração na determinação do número de estações necessárias para um determinado tipo de serviço, como por exemplo a taxa de transferência (bps). Nesta seção iremos repetir o que foi realizado na seção 3.2 levando-se em consideração os valores de SNR Requeridos para cada taxa de modulação, ou ainda, para cada MCS (Modulation and Coding Schemes) a fim de determinar os raios máximos de modulação e respectivo throughput. Fazendo uso de ferramentas de predição também conseguimos determinar a área de atuação de cada modulação, levando-se em consideração outros fatores não considerados nos cálculos, tais como o relevo. No LTE, o principal indicador relacionado à capacidade de transferência de dados é a distribuição do SNR ao longo da célula. Conforme verificado anteriormente, a máxima perda permitida no sistema (L) ocorre no uplink, sendo assim, nesta seção realizaremos os cálculos somente para o Link Budget de Uplink, substituindo os valores de SNR requeridos para cada MCS. A tabela 3.23 abaixo repete o que está ilustrado na tabela 3.17. Modulação Taxa de Códigos SNR (dB) QPSK 1/2 -1,02 QPSK 3/4 1,45 16 QAM 1/2 3,44 66 16 QAM 3/4 6,76 64 QAM 1/2 6,76 64 QAM 2/3 9,68 64 QAM 3/4 11,06 64 QAM 5/6 12,41 Tabela 3.23 – SNR requerido para respectivas modulações e taxas de códigos. A tabela 3.24 traz as mesmas informações da tabela 3.3, com a diferença que o SNR adotado não será nulo e receberá valores variáveis de acordo com cada MCS representado na tabela 3.23. Potência de Transmissão 23 dBm Ganho da Antena Transmissora 0 dBi Perdas na Transmissão 0 dB SNR Variável Sensibilidade Requerida Recepção -101,5 dBm Ganho da Antena Receptora 18 dBi Perdas na Recepção 3 dB Ganho de Diversidade 3 dB Margem de Desvanecimento 4 dB Tabela 3.24 – Valores dos Parâmetros para o Link Budget de Uplink. Com auxílio das tabelas 3.23, 3.24 e a equação 3.7-1, somos capazes de determinar os valores de L para cada MCS. Como exemplo, calculamos para a modulação 64 QAM e taxa de código 5/6, a qual requer uma SNR de 12,08 dB. L = Ptx + Gtx − Ltx − SNR Re querida − Srx + Grx − Lrx + Gdv − M LUL = 23dBm + 0 − 0 − 12,41dB − (− 101,5dBm) + 18dBi − 3dB + 3dB − 4dB LUL = 126,09dB 3.7-1 3.7-2 3.7-3 67 Substituindo o resultado da equação 3.7-3 em 3.7-4, chegamos ao máximo raio de atuação da modulação 64 QAM - 5/6 (equação 3.7-6). d L = 80,74dB + 10.4,79. log + 0,6836dB + 0 + 4dB 100 3.7-4 d 126,09dB = 80,74dB + 10.4,79. log + 0,6836dB + 0 + 4 dB 100 3.7-5 R = d ≅ 705m 3.7-6 Na tabela 3.25 constam os valores dos raios calculados para as demais modulações e respectivas taxas de códigos, da mesma forma como foi demonstrado no exemplo acima. Modulação Taxa de Códigos SNR (dB) Raio (m) QPSK 1/2 -1,02 1343 QPSK 3/4 1,45 1193 16 QAM 1/2 3,44 1084 16 QAM 3/4 6,76 924 64 QAM 1/2 6,76 924 64 QAM 2/3 9,68 804 64 QAM 3/4 11,06 752 64 QAM 5/6 12,41 705 Tabela 3.25 – Raio de atuação das Modulações e respectivas taxas de códigos (MCS). As figuras 3.7, 3.8, 3.9 e 3.10 ilustram a variação do throughput conforme a distância para as larguras de banda de 5 MHz, 10 MHz, 15 MHz e 20 MHz respectivamente. Conforme a distância entre a transmissão e a recepção se torna maior, os níveis de Sinal Ruído (SNR) se tornam menores devido ao acréscimo das perdas de propagação, logo, níveis de modulação que requerem valores de SNR maiores não poderão ser empregados, fazendo com que modulações robustas sejam adotadas. 68 Figura 3.7 – Variação do Throughput (Mbps) conforme a distância (m) para largura de banda de 5 MHz. Observando os gráficos, pode-se notar que a máxima distância de atuação das modulações não se altera mesmo variando-se a largura de banda, devido ao fato que a sensibilidade requerida na recepção da estação rádio base ser a mesma para as quatro larguras de banda utilizadas no cálculo, -101,5 dBm [14], lembrando que o Link Budget está limitado no uplink. Figura 3.8 – Variação do Throughput (Mbps) conforme a distância (m) para largura de banda de 10 MHz. 69 Outro ponto importante, que pode ser observado nos gráficos, destaca para distâncias menores do que 620 metros o throughput não sofre variações, embora as condições rádio possam ser ainda melhores (SNR), pois a capacidade máxima de transporte de dados do canal já foi alcançada, conforme vimos na seção 3.5. Figura 3.9 – Variação do Throughput (Mbps) conforme a distância (m) para largura de banda de 15 MHz. Figura 3.10 – Variação do Throughput (Mbps) conforme a distância (m) para largura de banda de 20 MHz. 70 O máximo throughput atingido com 20 MHz de banda é de 100,9 Mbps, logo taxas de dados maiores não serão atingidas devido ao limite que existe no canal de transmissão, com a máxima taxa de dados sendo atingida com 6 bits (64 QAM) por símbolo. 4 Estudo de Caso 4.1. Introdução A crescente demanda pelos serviços de banda larga móvel, principalmente em países subdesenvolvidos, impulsiona o mercado e entidades acadêmicas para o desenvolvimento de novas tecnologias capazes de suportar as necessidades dos usuários residentes em localidades afastadas ou carentes da cobertura e qualidade dos serviços oferecidos pela banda larga fixa. Atualmente no Brasil, o UMTS (3G) vem sendo cada vez mais utilizado por estes usuários, que contentes em um primeiro momento por estarem utilizando um serviço banda larga, passam a desejar cada vez mais, maiores taxas para a transmissão de seus dados. Figura 4.1 – Massificação da banda larga móvel, relação do crescimento mundial de dados em comparação ao serviço de voz [16]. 72 O estudo de caso realizado neste capítulo, mostra a implementação de um projeto que consiste no dimensionamento de cobertura e capacidade de uma rede de acesso sem fio para prover serviços de banda larga móvel em uma região da cidade do Rio de Janeiro, com área de aproximadamente 45 km2. Podemos observar no gráfico exposto na figura 4.2 que, em 2014, aproximadamente 80% das conexões banda larga sejam devido às conexões móveis, HSPA e LTE. Figura 4.2 – Previsão do crescimento da banda larga móvel em comparação com o serviço de voz. Aproximadamente 80% devido HSPA/LTE [16]. 4.2. Cálculo da Quantidade de Estações Necessárias para Cobertura A máxima perda de propagação permitida ao longo do caminho (L) calculada na seção 3.1 (tabela 3.5), conforme configuração adotada para o sistema celular foi utilizada na seção 3.2 para a determinação do raio máximo de cobertura de uma célula, resultado observado na equação 3.2-17, que é de aproximadamente 1,3 Km. A área para a qual se pretende prover o serviço celular neste trabalho é da ordem de 45 km2 e através da equação 3.6-2, introduzida na seção 3.6 e 73 repetida abaixo (equação 4.2-1), pode-se obter a área de cobertura de cada estação rádio base. 3 3R 2 2 4.2-1 3 3 (1,3km) 2 2 4.2-2 a= a= 4.2-3 a = 4,4km 2 Sabendo que a região a ser atendida tem uma área de aproximadamente 45 km2, e que a área de cobertura de uma célula é de 4,4 km2, com a equação 4.2-4 encontramos a quantidade de estações rádio base necessárias para prover a cobertura da região, ressaltando que o resultado da equação deverá ser arredondado. N º EstaçõesCobertura = ÁreaDeCobertura ÁreaCelular 4.2-4 45Km 2 4,4 Km 2 4.2-5 N º EstaçõesCobertura = N º EstaçõesCobertura ≅ 10 4.2-6 4.3. Cálculo da Quantidade de Estações Necessárias para Capacidade Para o dimensionamento da quantidade de estações necessárias para capacidade, deve ser levada em consideração qual o throughput médio que se espera oferecer na rede. A melhor maneira para estimar o throughput celular é o mapeamento da distribuição da relação sinal ruído ao longo da célula (SNR), que irá variar de 74 acordo com os MCS (Modulation and Coding Schemes) utilizados pelos usuários. No LTE assumimos que para a cobertura o limite é o uplink, fato comprovado anteriormente, onde o Link Budget de Uplink indicou a máxima perda suportável pelo sistema, e a limitação de capacidade é dada pelo downlink. Desta forma, partindo do princípio que desejamos garantir um throughput médio da ordem de 25 Mbps na célula, ao utilizamos uma largura de banda de 20 MHz, com o auxilio das tabelas 3.16 e 3.25 chegamos à conclusão que o SNR a ser garantida é de 1,45 dB e que a modulação e a taxa de código utilizada será a QPSK ¾. Almejando a garantia de uma SNR igual ou superior a 1,45 dB, devemos determinar a área de atuação das células limitadas ao raio de 1193 metros (tabela 3.25). 3 3R 2 2 4.3-1 3 3 (1,193km) 2 2 4.3-2 a = 3,7 km 2 4.3-3 a= a= Sabendo que a região a ser atendida tem uma área de aproximadamente 45 km2, e que a área de cobertura de uma célula é de 3,7 km2, com a equação 4.3-4 encontramos a quantidade de estações rádio base necessárias para prover a capacidade necessária na região, ressaltando que o resultado da equação deverá ser arredondado. N º EstaçõesCapacidade = ÁreaDeCobertura ÁreaCelular 4.3-4 45Km 2 3,7 Km 2 4.3-5 N º EstaçõesCapacidade = 75 N º EstaçõesCapacidade ≅ 12 4.3-6 Com o resultado encontrado, podemos assegurar que com 12 estações rádio base somos capazes de garantir a SNR de 1,45 dB no limite celular, desta forma, o usuário poderá usufruir de throughputs que variam de acordo com a largura de banda utilizada pela rede celular conforme valores demonstrados na tabela 4.1. Largura de Banda Throughput (Mbps) 5 MHz 6,31 10 MHz 12,61 15 MHz 18,92 20 MHz 25,22 Tabela 4.1 – Throughput dimensionado para o limite celular com SNR de 1,45 dB. 4.4. Projeto de Rede A região a ser atendida pela rede celular se estende por uma área de aproximadamente 45 km2, a figura 4.3 apresenta esta área e seu relevo com a distribuição espacial das 12 estações rádio base (eNodeBs) a serem utilizadas. Figura 4.3 – Relevo da região a ser atendida pelo serviço de banda larga móvel. 76 A marcação em forma de círculo observada na figura 4.3 representa a área de 45 km2 para a qual se pretende oferecer a cobertura e serviço. Na teoria, poderíamos distribuir as eNodeBs na região de forma eqüidistante umas das outras, no entanto, em projetos reais deve-se, por exemplo, levar em consideração o reuso de estruturas de estações existentes (utilizadas por outras tecnologias) de forma a reduzir a poluição visual e os investimentos em novas estruturas. A figura 4.4 ilustra novamente a distribuição das eNodeBs onde se pode observar também a concentração de edificações da região. Figura 4.4 – Ilustração da distribuição das eNodeBs na área a ser atendida. A altura de cada uma das eNodeBs varia de acordo com o local a ser utilizado e também do reuso das estruturas existentes. Elas podem estar localizadas no alto de edifícios, em terrenos próprios ou ainda aproveitar postes de avenidas. A tabela 4.2 traz a informação da altura de cada uma das 12 eNodeBs configuradas para o estudo. 77 eNodeBs Altura (m) 1 37 2 27 3 38 4 50 5 54 6 33 7 33 8 20 9 30 10 38 11 30 12 30 Tabela 4.2 – Alturas adotadas para as eNodeBs utilizadas no estudo de caso. Na fase de projeto, com o conhecimento dos serviços que se pretende oferecer e o crescimento do número de clientes esperado ao longo dos anos pelo Marketing das operadoras, a área de Engenharia de Rede deve analisar cuidadosamente os equipamentos existentes no mercado e suas possibilidades de configuração e capacidade de gerenciamento, a fim de certificar que os produtos atendem ou não aos requisitos de projeto. Os equipamentos utilizados neste projeto apresentam as características informadas na tabela 4.3, considerando que o número de usuários se refere à soma de todos os usuários que utilizam qualquer serviço em um dado momento. Banda de Operação 2600 MHz Faixa de DL 2620 MHz – 2690 MHz Faixa de UL 2500 MHz – 2570 MHz Max Taxa de Dados DL (Célula) 173 Mbps Max Taxa de Dados UL (Célula) 56 Mbps Número de Células Permitidas 6 Usuários por eNodeB 1000 Potência de Saída (Rádio) 60W; 47 dBm Tabela 4.3 – Configurações dos equipamentos utilizados. 78 Observando a distribuição e a quantidade das estações radio base apresentadas na figura 4.4, podemos fazer uma analogia e considerar que uma rede UMTS (3G) implementada nesta mesma área de cobertura seria capaz de absorver simultaneamente cerca de 4.608 usuários, 384 usuários por estação rádio base, estando eles providos do subsistema HSDPA, onde taxas de até 14.4 Mbps podem ser atingidas na teoria. Para chegar a estes números, consideramos que, cada uma das 12 estações rádio base UMTS estejam configuradas com duas portadoras de 5 MHz cada (6 células), e que cada célula absorve até 64 usuários HSDPA. Além dos usuários atendidos pelo HSDPA teríamos também a possibilidade de atendimento de outros usuários capazes de trafegar taxas de dados menores em banda larga, da ordem de 384 Kbps, e ainda os usuários de voz. A rede LTE proposta neste estudo, com 12 eNodeBs instaladas, fazendo uso do equipamento e respectiva configuração da tabela 4.3, seria capaz de absorver até 12.000 usuários (1000 usuários por eNodeB), atendidos com capacidades de throughput celular da ordem de 100 Mbps, sem considerarmos a utilização de configurações MIMO, o que poderia elevar o throughput a até 173 Mbps no caso de configurações MIMO 2x2, conforme cálculos da seção 3.3. Ao longo do capítulo 3 realizamos inúmeros cálculos através de equações teóricas, com base em premissas que foram adotadas para o projeto, que nos orientaram no dimensionamento de cobertura e capacidade do tráfego de dados da rede LTE proposta. Neste capítulo demonstraremos uma aproximação prática do que se pode esperar da rede LTE dimensionada ao longo deste trabalho. Para tal, imagens obtidas com o auxilio de ferramentas computacionais de predição irão ilustrar os resultados obtidos nos cálculos das seções anteriores. Sensibilidade Requerida Recepção - 5 MHz -98 dBm Sensibilidade Requerida Recepção - 10 MHz -95 dBm Sensibilidade Requerida Recepção - 15 MHz -93,2 dBm Sensibilidade Requerida Recepção - 20 MHz -92 dBm Tabela 4.4 – Sensibilidade Requerida na Recepção pela estação móvel. Na seção 3.1 realizamos o Link Budget do sistema (uplink e downlink), e para o Link Budget de Downlink o valor de -92 dBm foi adotado como a 79 sensibilidade requerida pela estação móvel, com base na especificação da Série 36101 da 3GPP [13]. A tabela 4.4 refere-se aos valores requeridos por cada largura de banda adotada. O valor de -92 dBm foi adotado, pois representará a máxima perda de propagação (L) possível para o Link Budget de Downlink, sendo que ao garantirmos este nível de sinal na cobertura do sistema, para qualquer que seja a largura de banda adotada, a cobertura continuará existindo em níveis aceitáveis e em condições de oferecer os serviços aos usuários. Max 0 dBm -60 dBm -70 dbm -80 dBm -92 dBm Min -60 dBm -70 dBm -80 dBm -92 dBm -100 dBm Figura 4.5 – Intensidade do Sinal na área de cobertura (RSCP). A figura 4.5 apresenta o nível RSCP (Received Signal Code Power) distribuído na região de cobertura, onde se pode observar que em praticamente toda a área na qual se pretende oferecer serviço móvel, ao menos o sinal de -92 dBm está garantido. 80 Decorrente das configurações que resultaram os resultados da figura 4.5, pode-se analisar outro resultado que é a figura 4.6. Nesta figura estão ilustrados em cores diferentes qual o setor se apresenta, para uma respectiva área, como o melhor servidor entre as 12 eNodeBs que provêem a cobertura da região. Figura 4.6 – Cobertura Best RSCP (Melhor Servidor). O melhor servidor representa qual o setor que está em melhores condições para prover os serviços aos usuários que estão distribuídos ao longo da área de cobertura. Quando nos referimos às melhores condições, levamos em consideração alguns itens tais como: nível de sinal, ruído, interferência entre outros, que juntos determinarão a capacidade do canal utilizado para transmitir dados aos usuários. Ao longo da seção 3.7 determinamos o raio de atuação de cada MCS (Modulation and Coding Schemes) que poderá ser utilizada pelos usuários distribuídos na área de cobertura através do SNR requerido por cada modulação e taxa de código. Desta forma, chegamos aos raios máximos de modulação e respectivo throughput de cada MCS. 81 Taxa de Throughput Códigos (Mbps) QPSK 1/2 16,81 -1,02 1343 QPSK 3/4 25,22 1,45 1193 16 QAM 1/2 33,63 3,44 1084 16 QAM 3/4 50,44 6,76 924 64 QAM 1/2 50,44 6,76 924 64 QAM 2/3 67,26 9,68 804 64 QAM 3/4 75,67 11,06 752 64 QAM 5/6 84,07 12,41 705 Modulação SNR (dB) Raio (m) Tabela 4.5 – Raio de atuação das Modulações e respectivas taxas de códigos e throughput celular para largura de banda de 20 MHz. A tabela 4.5 traz esta informação considerando um exemplo onde a configuração da largura de banda é de 20 MHz. 64 QAM 16 QAM QPSK Figura 4.7 – Área de atuação das modulações 64 QAM, 16 QAM e QPSK. 82 Na seção 4.3 calculamos a quantidade de eNodeBs necessárias por capacidade (throughput celular requerido) e chegamos ao resultado de que 12 eNodeBs seriam suficientes para prover ao longo dos 45 km2 um throughput celular mínimo da ordem de 25 Mbps, considerando uma largura de banda de 20 MHz, valor obtido com a modulação QPSK e taxa de código ¾. Analisando o resultado ilustrado na figura 4.7, observamos que praticamente toda a área de cobertura está atendida com as modulações mais altas, 64 QAM e 16 QAM, e que na borda da área de cobertura, assim como desejado, ao menos a modulação QPSK se faz presente. A figura 4.8 ilustra a variação do Ec/Io do sistema em questão, que é a informação da taxa de chip em relação à interferência do sistema, e é utilizada como medida do desempenho do canal rádio. Max 0 dBm -6 dB -8 dB -12 dB Min -6 dB -8 dB -12 dB -18 dB Figura 4.8 – Relação Ec/Io. 83 A relação Ec/Io varia de acordo com a quantidade de usuários presentes no sistema em um determinado momento, com a taxa de dados que está sendo requerida por cada usuário e também conforme sua localização ao longo da área de cobertura. Variando-se os fatores citados, a interferência no sistema irá se alterar, diminuindo ou aumentando, fazendo com que os resultando de Ec/Io também venham a variar. Conforme mencionado, podemos ter inúmeros resultados de Ec/Io variando-se, por exemplo, a quantidade de usuários. Para o exemplo demonstrado na figura 4.8, consideramos 5.000 usuários distribuídos ao longo da área de serviço. A distribuição dos usuários foi realizada empregando-se o método de Monte Carlo (presente na ferramenta de predição de cobertura utilizada). Este método estatístico é utilizado em simulações estocásticas e envolve a geração de observações, através de vários experimentos, de alguma distribuição de probabilidade e o uso da amostra obtida para aproximar a função de interesse. 5 Conclusões As tecnologias de comunicações móveis existentes e empregadas pelas operadoras na atualidade foram desenvolvidas e preparadas desde o inicio para operar no modo CS (Circuit Switched), eficiente quando tratamos do tráfego de voz, mas não para o tráfego de dados, assim estas tecnologias foram sendo adaptadas ao longo dos anos para suportar o crescente tráfego de dados. Neste contexto, o LTE surge como uma tecnologia desenvolvida desde o inicio com a concepção de absorver o tráfego de dados, e irá operar somente no modo PS (Packet Switched), sendo a voz trafegada através de IP (Internet Protocol), VoIP (Voice Over Internet Protocol). Para que toda expectativa relacionada à capacidade e desempenho das redes LTE sejam atendidos, um correto dimensionamento na fase de projeto deve ser realizado, a começar pela área de atuação de cada eNodeB, decorrente do raio máximo de atuação de cada célula. Utilizando o modelo de propagação SUI (Stanford University Interin), determinamos que o raio máximo de cobertura de cada célula seria de 1,3 Km e para a área na qual se pretende prover o serviço celular sendo de 45 km2, chegamos ao resultado onde 10 eNodeBs seriam suficientes para que a cobertura fosse atendida. No entanto, devido a capacidade do tráfego de dados desejado na célula ser da ordem de 25 Mbps (considerando 20 MHz como largura de banda), a área de atuação das células se tornou limitada ao raio de 1,193 Km, passando a necessitar 12 eNodeBs. Sistemas celulares se baseiam no reuso de freqüências para obter da rede uma maior capacidade e qualidade na área de cobertura. A configuração celular, com reuso de freqüências para grupos de células adjacentes, gera uma interferência dentro do sistema denominada de interferência co-canal. De acordo com a literatura e com o 3GPP, existe uma forte tendência para que os sistemas LTE adotem um fator de reuso de freqüências unitário, N = 1 , desta forma, verificamos que ao adotarmos um fator de reuso N = 1 , os usuários da borda estariam atendidos com as modulações QPSK ½ e QPSK ¾. 85 Outras possibilidades foram levadas em consideração para que a relação S I fosse melhorada, e verificamos que utilizando a setorização tripla, com N = 1 os usuários na borda das células estariam atendidos pelas modulações QPSK ½, ¾, 16 QAM ½, ¾ e pela modulação 64 QAM ½. Considerando o fator de reuso N = 1 e setorização sêxtupla, os usuários na borda das células estariam atendidos por todas as modulações do sistema, QPSK, 16 QAM e 64 QAM, com exceção da modulação 64 QAM com taxa de códigos 5/6. Analisando os resultados percebemos que se pode utilizar o reuso unitário ( N = 1 ) em sistemas LTE sem que os usuários da borda estejam desprovidos de qualidade na cobertura. No LTE, o principal indicador relacionado à capacidade é a distribuição da SNR ao longo da célula. Neste trabalho optou-se pela determinação do SNR requerido para cada modulação, e respectiva taxa de código através de cálculos considerando a equação de Shannon-Hartley, pois não foi encontrado na literatura e nas especificações da 3GPP, referências para cálculos dos níveis de projeto. No Capítulo 4 realizamos um estudo de caso onde simulamos uma rede com 12 eNodeBs com fator de reuso unitário ( N = 1 ) e setorização tripla, e uma conclusão importante do mesmo foi que as bordas das células apresentam uma SNR suficiente para utilizar ao menos a modulação QPSK. Verificamos que o throughput varia entre os valores de 8.4 Mbps (quando adotamos uma largura de banda de 5 MHz e modulação QPSK) a 100,9 Mbps (com largura de banda de 20 MHz e modulação 64 QAM) sem considerar MIMO. Taxas de dados maiores não serão atingidas devido ao limite que existe no canal de transmissão, com a máxima taxa de dados sendo atingida com 6 bits (64 QAM) por símbolo. Este trabalho descreveu uma metodologia para o planejamento de cobertura e capacidade para sistemas LTE, abordando temas como o link budget, SNR requerido por modulação, raio de atuação celular, efeitos da interferência co-canal e a capacidade do canal de transmissão. Vale ressaltar que as redes LTE terão sua eficiência aproveitada ao máximo, quando configurações que levam em consideração a utilização de bandas superiores a 10 MHz forem utilizadas, trazendo um relevante avanço em relação ao UMTS, seja no HSPA ou HSPA+. 86 Comparando-se os resultados encontrados com 5 MHz de banda, a mesma utilizada no UMTS, notamos melhoras na taxa entregue ao usuário, da ordem de 20% maior em comparação ao HSPA+ (considerando modulação de 64 QAM) e 75% maior em comparação ao HSDPA, existente hoje no mercado brasileiro. Pelo que foi apresentando na presente dissertação, pode-se afirmar que as Redes LTE trarão grandes melhorias para o acesso em banda larga móvel, especialmente no que diz respeito à qualidade do serviço e às taxas de transferência de dados. 6 Referências Bibliográficas 1. GSA. 3G/WCDMA-HSPA Launches Worldwide. White Paper, Fevereiro 2010, <http://www.gsacom.com>. 2. 3GPP. Overview of 3GPP <http://www.3gpp.org/Release-8> 3. S. MARTIN. Beyond 3G – Bringing NetworkS, Terminals and the Web Together – LTE, WiMAX, IMS, 4G Devices and the Mobile Web 2.0. John Wiley & Sons; 2009. 4. ERICSSON. LTE – An Introduction. White Paper, Junho 2009, <http://www.ericsson.com>. 5. BARTH, U. 3GPP Long Term Evolution - System Architecture Evolution Overview, 2006. 6. ANRITSU. Future technologies and testing for Fixed Mobile Convergence, SAE and LTE in cellular mobile communications. White Paper, 2008. 7. ROHDE & SCHWARZ. UMTS Long Term Evolution (LTE) Technology Introduction, 2008. 8. KARLSSON, J.; RIBACK. 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Key features of the LTE radio interface, 2008. 7 Glossário 3GPP 8PSK AWGN BCCH BCH CCCH CS dB DCCH DL DL-SCH DSL DTCH E-DCH EDGE EGPRS eNB eNodeB EPC EPS E-UTRAN FDD FDM FEC FFT Gbps GGSN GPRS GSA GSM HARQ HLR HSDPA HS-DSCH HSPA+ HS-PDSCH HSS HSUPA 3rd Generation Partnership Project 8 Phase Shift Keying Additive White Gaussian Noise Broadcast Control Channel Broadcast Channel Common Control Channel Circuit Switch Decibel Dedicated Control Channel Downlink Downlink Shared Channel Digital Subscriber Line Dedicated Traffic Channel Enhanced Dedicated Channel Enhanced Data rates for GSM Evolution Enhanced Data Rates for GPRS Evolution E-UTRAN NodeB E-UTRAN NodeB Evolved Packet Core Evolved Packet System Evolved-Universal Terrestrial Radio Access Network Frequency Division Duplex Frequency Division Multiplexing Forward Error Correction Fast Fourier Transform Gigabit Per Second Gateway GPRS Support Node General Packet Radio Service Global Mobile Suppliers Association Global System for Mobile Hybrid Automatic Repeat Request Home Location Register High-Speed Downlink Packet Access High-Speed Downlink Shared Channel Evolved High Speed Packet Access High-Speed Physical Downlink Shared Channel Home Subscriber Server High-Speed Uplink Packet Access 90 IFFT Kbps KPI LTE MAC Mbps MCCH MCH MCS MIMO MME MTCH NAS OFDMA PAPR PBCH PCCH PCFICH PCH PDCCH PDCP PDN-GW PDSCH PHICH PMCH PRACH PS PSK PUCCH PUSCH QAM QoS QPSK R99 RACH RLC RNC RRC RSCP S1-C S1-U SAE SC-FDMA Serving-GW SGSN SINR Inverse Fast Fourier Transform Kilobit Per Second Key Performance Indicator Long Term Evolution Media Access Control Megabit Per Second Multicast Control Channel Multicast Channel Modulation and Coding Schemes Multiple-Input Multiple-Output Mobility Management Entity Multicast Traffic Channel Non Access Stratum Orthogonal Frequency Division Multiple Access Peak-to-average Power Ratio Physical Broadcast Channel Paging Control Channel Physical Control Format Indicator Channel Paging Channel Physical Downlink Control Channel Packet Data Convergence Protocol Packet Data Network Gateway Physical Downlink Shared Channel Physical Hybrid ARQ Indicator Channel Physical Multicast Channel Physical Random Access Channel Packet Switch Phase Shift – Keying Physical Uplink Control Channel Physical Uplink Shared Channel Quadrature Amplitude Modulation Quality of Service Quadrature Phase Shift Keying Release 99 Random Access Channel Radio Link Control Radio Network Controller Radio Resource Control Received Signal Code Power S1-Control Plane S1-User Plane Service Architecture Evolution Single-Carrier FDMA Serving Gateway Serving GPRS Support Node Signal to Interference + Noise Ratio 91 SNR SUI TCP/IP TDD TTI UL UL-SCH UMTS UTRAN VOiP WCDMA WiMAX Signal to Noise Ratio Stanford University Interin Transmission Control Protocol/Internet Protocol Time Division Duplex Transmit Time Interval Uplink Uplink Shared Channel Universal Mobile Telecommunications System UMTS Terrestrial Radio Access Network Voice Over Internet Protocol Wide-Band Code Division Multiple Access Worldwide Interoperability for Microwave Access